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27 DE NOVEMBRO DE 2000

45ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO “DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO”

 

Presidência: SALVADOR KHURIYEH

 

Secretário: JOSÉ ZICO PRADO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 27/11/2000 - Sessão 45ª S. Solene Publ. DOE:

Presidente: SALVADOR KHURIYEH

 

COMEMORAÇÃO DO DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO.

001 - SALVADOR KHURIYEH

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pelo Presidente Vanderlei Macris, atendendo solicitação dos Deputados Jamil Murad, Pedro Tobias e do Deputado ora na Presidência, com a finalidade de comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Convida todos a ouvirem a execução dos hinos nacionais do Brasil e da Palestina.

 

002 - JOSÉ ZICO PRADO

Como líder do PT, em nome dos Deputados que convocaram a sessão e do Deputado Zuza Abdul, cumprimenta os presentes. Em nome da bancada do PT, deseja aos palestinos que o dia 27/11 seja o Dia da Paz Mundial.

 

003 - NIVALDO SANTANA

Em nome da bancada do PC do B, cumprimenta o Presidente Salvador Khuriyeh e as demais autoridades presentes. Justifica a ausência do Deputado Jamil Murad. Relembra que o ex-Deputado do PC do B, Benedito Cintra, foi o autor da lei 4.439 de 7/12/84, que instituiu o "Dia da Solidariedade com o Povo Palestino". Discorre sobre a luta dos palestinos para terem reconhecidos seus direitos territoriais e nacionais.

 

004 - PEDRO TOBIAS

Em nome da bancada do PDT, saúda o Presidente Salvador Khuriyeh e todos os presentes. Homenageia o Dr. João Amazonas por sua luta internacional pela paz. Defende a guerra como condição para a independência do povo palestino, já que as decisões da ONU não são obedecidas por Israel.

 

005 - MÁRCIO ARAÚJO

Em nome da bancada do PL, saúda os presentes. Solidariza-se com a causa palestina e engrandece a legitimidade de seus ideais de emancipação.

 

006 - ALDO REBELO

Como Deputado do PC do B, cumprimenta o Deputado Salvador Khuriyeh e demais autoridades. Demonstra o sentido da dupla solidariedade ao povo palestino. Solidariedade à data aprovada pela Casa e solidariedade pela circunstância e pelo momento vivido no Oriente Médio.

 

007 - Presidente SALVADOR KHURIYEH

Anuncia a apresentação de um vídeo sobre a Palestina.

 

008 - ANTÔNIO NETO

Na qualidade de vice-Presidente da Federação Sindical Mundial, saúda o Presidente Salvador Khuriyeh e aos demais membros da Mesa. Historia a Federação Sindical Mundial, desde seu nascimento, em 1945, na luta contra o fascismo e contra o nazismo

 

009 - HASSAN EL EMELHE

Como representante da OLP, no Brasil, cumprimenta o Presidente Salvador Khuriyeh e os demais presentes. Anuncia que o povo palestino está precisando do apoio de todos os amigos e de todos os povos que acreditam na justiça e na paz. Critica a imprensa que está transformando a vítima em agressor e o agressor em vítima.

 

010 - DAMASKINOS MANSUR

Arcebispo Metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina no Brasil, saúda a todos. Critica a guerra entre um povo com armas sofisticadas e os palestinos desarmados. Faz um apelo para a cessação das hostilidades.

 

011 - MOHAMAD SAID MOURAD

Vereador da Câmara Municipal de São Paulo, discursa em nome dos vereadores presentes. Saúda o Presidente Salvador Khuriyeh e as demais autoridades. Manifesta sua solidariedade ao povo palestino; repudia as agressões à população civil praticadas pelos judeus.

 

012 - RESKALA TUMA

Na qualidade de vice-Presidente da Confederação das Federações Árabes da América Latina e do Caribe, cumprimenta os componentes da Mesa. Defende a tese de que Israel é um estado teocrático, não um estado de direito nem político.

 

013 - Presidente SALVADOR KHURIYEH

Homenageia o Sr. Antônio Neto e o Deputado Aldo Rebelo.

 

014 - MUSA AMER ODEH

Disserta sobre o significado desta comemoração do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, devido ao enfrentamento que está ocorrendo no Oriente Médio.

 

015 - Presidente SALVADOR KHURIYEH

Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado José Zico Prado para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

            O SR. 2º SECRETÁRIO - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

*   *   *

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Esta Presidência passará a anunciar as autoridades presentes nesta sessão solene: Exmo. Sr. Musa Amer Odeh, Embaixador da Palestina; Exmo. Sr. Deputado Federal Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil; Sr. Hassan El Emelhe, representante da Organização para Libertação da Palestina - OLP -, no Brasil; Dom Damasquinos Mansur, Arcebispo Metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina no Brasil, Exmo. Sr. Deputado José Zico Prado, líder do Partido dos Trabalhadores; Exmo. Sr. Deputado Pedro Tobias; Exmo. Sr. Deputado Zuza Abdul Massih; Exmo. Sr. Deputado Nivaldo Santana; Exmo. Sr. Deputado Márcio Araújo; Exmo. Sr. Deputado Conte Lopes; Sr. Olírio Saletti Lobo, representando neste ato o Exmo. Sr. Deputado Arnaldo Jardim; Exmo. Sr. João Amazonas, Presidente Nacional do PC do B -, Partido Comunista do Brasil; Exmo. Sr. Rafael Soares Tavares, Cônsul-Geral de Cuba; Exmo. Sr. Freddy Balsan, Cônsul-Geral da República Bolivariana da Venezuela; Exmo. Sr. Igor Fedochenko, Cônsul-Geral da Federação da Rússia; Sr. Dr. Eduardo Elias, Presidente da Fearabe; Sr. Elias Barah, vice-Cônsul da Síria; Sr. Mauro Boccatelli Jr., representando o Sr. Marcos Arbaitmann, Secretário de Estado de Esportes e Turismo; Sr. Mohamed Salem Jappar, representante da Juventude Palestina; Sr. Ali Al Katib, Diretor da Net do Basil; Sr. Vereador Mohamed Said Mourad, da Câmara Municipal de São Paulo; Sra. Vereadora Ana Martins, da Câmara Municipal de São Paulo; Sra. Vereadora Myriam Athie, da Câmara Municipal de São Paulo; Sr. Vereador Eliseu Gabriel, da Câmara Municipal de São Paulo; Sr. Valter Sorrentino, Presidente Estadual do PC do B -, Partido Comunista do Brasil; Sra. Terezinha Zerbini, representante do Diretório Nacional do PDT -, Partido Democrático Trabalhista; Dr. Dagoberto Loureiro, da Comissão de Ética do PDT; Sr. Abdel Karim, Presidente do Centro Cultural Sírio; Professor Luís Charbel, Professor membro-fundador e Presidente da Academia de Artes Árabe-Brasileira; Sr. Ibrahim Salman, Presidente da Liga Árabe-Brasileira de Letras; Sr. Hamon Semin, Vice-Presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, representando o Presidente da Câmara de Comércio; Sr. Cesário Silva, Presidente Nacional do Movimento Evangélico Progressista; Sra. Melita Rocha Vidal, Presidente Municipal do PHS, São Paulo; Sra. Eunice Melhado de Lima, Presidente Regional do PHS, São Paulo; Sr. Marcelo Rinaudi, representante do Secretário Municipal de Educação; Sr. João Gualberto Carvalho de Menezes; Sr. Antônio Neto, Presidente da Central Geral dos Trabalhadores. 

Gostaríamos de, neste ato, agradecer à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que abrilhantará o início desta solenidade, na pessoa do Sargento Evilásio. Gostaríamos ainda de agradecer às demais autoridades aqui presentes ou representadas.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Vanderlei Macris, atendendo solicitação dos nobres Deputados Jamil Murad, Pedro Tobias e por mim, também, com a finalidade de comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Neste instante, convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos os hinos nacionais do Brasil e da Palestina, que serão executados pela Banda da Polícia Militar.

 

* * *

 

-                     São executados os hinos nacionais pela Banda da Polícia Militar.

 

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O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Antes de dar início às manifestações, gostaria de anunciar a presença entre nós do Dr. Reskala Tuma, vice- Presidente da Confederação Latino-americana para o Caribe, da comunidade árabe; Exmo. Sr. Hédi Picquart, Cônsul-Geral Adjunto da França; Exmos Srs. Vereadores Carlos Alves dos Santos e Célio Francisco de Oliveira, do Município de Roseiras, no Vale do Paraíba; dos representantes da Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz da ONU/São Paulo, que carinhosamente chamamos de “Boinas Azuis’, na presença do Sr. Walter de Melo Vargas; Sr. Gerado Pereira do Amaral; Sr. Sérgio Antônio de Souza; Dr. Brás Cavali; Sr. Antônio César; Sr. Jorge Luiz Vicente Vargas de Souza; Sr. Osvaldo Moreira e Sr. Virgino Parede Palácios, que participaram da Força de Paz da ONU em território árabe. Nesse instante gostaria de convidar para fazer uso da palavra o nobre Deputado José Zico Prado, líder do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, Deputado Salvador Khuriyeh, em nome dos Deputados Jamil Murad, Pedro Tobias e Zuza Abdul, proponentes desta sessão solene, cumprimento as autoridades e todos os presentes.

Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores assomo à tribuna para desejar que realmente o dia 27 de novembro seja o dia da paz mundial aos palestinos. (Palmas.) Sabemos da luta árdua dos povos que têm lutado pela independência, pela conquista de terra, pela conquista de uma nação. Os senhores que são radicados no Brasil sabem da luta do povo brasileiro para conquistar a democracia, para conquistar a dignidade humana. Assistimos a uma guerra surda nas ruas onde milhares de brasileiros tombam porque são excluídos da sociedade brasileira. Portanto, temos muito em comum. Quero desejar-lhes sucesso na luta e contem com a Bancada do Partido dos Trabalhadores, porque estaremos sempre juntos na luta para a conquista da paz para todos os povos.

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Antes de passar a palavra ao próximo orador, gostaria de anunciar a presença do Sr. Sami Elali, Presidente da Associação Palestino-brasileira do Rio Grande do Norte.

Gostaríamos também de nomear as autoridades que enviaram mensagens cumprimentando a realização desta sessão solene: Dr. José Gregori, Exmo. Sr. Ministro de Estado da Justiça; Dr. Geraldo Magela da Cruz Quintão, Exmo. Sr. Ministro de Estado da Defesa; Dr. Gilmar Ferreira Mendes, Exmo. Sr. Advogado Geral da União; Dra. Wanda Engel Aduan, Secretária de Estado de Assistência do Ministério da Previdência e Assistência Social; Sr. Ministro Nilson Naves, vice-Presidente em exercício da Presidência do Superior Tribunal da Justiça; Dr. Francisco Antônio de Oliveira, Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, da 2ª região; Sra. Lila Covas, Presidente do Fundo Social da Solidariedade; Dr. Osvaldo Martins, Secretário de Comunicação de Governo do Estado de São Paulo; Dr. Nagashi Furukawa, Secretário de Estado da Administração Penitenciária; Dr. Walter Barelli, Secretário de Estado do Emprego e das Relações do Trabalho; Dr. José da Silva Guedes, Secretário de Estado da Saúde; Dr. Michael Paul Zeitlin, Secretário de Estado dos Transportes; Deputado Estadual Lobbe Neto, 2º vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Deputado Estadual Carlinhos Almeida; Deputado Estadual Celino Cardoso; Deputado Estadual Geraldo Vinholi; Deputado Federal Marcelo Barbieri; Dr. Celso Pitta, Exmo. Prefeito do Município de São Paulo; Dr. Régis Fernandes de Oliveira, Exmo. vice-Prefeito do Município de São Paulo; Dr. Edvaldo Brito, Secretário dos Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo; Dr. Armando Mellão Neto, Presidente da Câmara Municipal de São Paulo; Dr. Paulo Roberto Roitberg, Prefeito de Caçapava; Dr. José Rodrigues Feital Filho, Prefeito do Município de Salesópolis; Vereador Antônio Sidnei Reis, Presidente da Câmara Municipal de Canas; Vereadora Maria Aparecida Regorão da Cunha, Presidente da Câmara Municipal de Louveira; Vereador Eduardo Simões Valente, Presidente da Câmara Municipal de São Sebastião, Sra. Violeta Zarzur Fakhoury, Presidente da Associação Beneficente Nossa Senhora do Paraíso; Sr. Iskandar Rachid Jaboor, Presidente da Associação Beneficente Rachaia Al Fokhar; Sr. Rubens Elias Haddad, Presidente do Clube Atlético Monte Líbano.

Gostaria de convidar para fazer uso da palavra, o nobre Deputado Nivaldo Santana, pelo Partido Comunista do Brasil. Enquanto o nobre Deputado Nivaldo Santana se encaminha para fazer uso da palavra gostaria de, como Presidente desta sessão, expressar o mais profundo agradecimento ao nobre Deputado Jamil Murad que, juntamente conosco e o nobre Deputado Pedro Tobias, formulou o convite para esta solenidade.

O nobre Deputado Jamil Murad está em uma missão representando seu partido em Cuba, por isso, infelizmente, a honrosa presença de S. Exa. não será  possível. Mas temos aqui o nobre Deputado Nivaldo Santana que fará uso da palavra em nome da bancada do PC do B.

Nobre Deputado Nivaldo Santana, meu agradecimento sincero. Transmita ao nobre Deputado Jamil Murad o nosso agradecimento ao seu empenho e de toda a equipe por auxiliar na convocação deste ato de solidariedade ao povo palestino.

Muito obrigado.

 

O SR. NIVALDO SANTANA - PC do B - Sr. Presidente, nobre Deputado Salvador Khuriyeh, Srs. Deputados, autoridades presentes, senhoras e senhores, preliminarmente, gostaria de informar a todos que o nosso companheiro, Deputado Jamil Murad, um dos subscritores do requerimento que ensejou a convocação da presente sessão solene, encontra‑se em missão oficial de nosso Partido fora do país, em Cuba, razão pela qual coube‑me a honra e a responsabilidade de falar em nome da nossa bancada para homenagear o povo palestino.

Gostaríamos, também, de dizer que o ex‑deputado do PC do B nesta Casa, nosso companheiro Benedito Cintra, é o autor da lei estadual número 4.439, de 07 de dezembro de 1984, que institui o "Dia da Solidariedade com o Povo Palestino", a ser comemorado anualmente. A proposição da Assembléia Legislativa buscou repercutir, em nosso Estado, idêntica medida adotada pela Resolução da Assembléia Geral da Onu, nos marcos do movimento internacional em defesa do direito inalienável dos palestinos terem sua nação e seu Estado soberano .

A realização da presente sessão solene, portanto, se enquadra dentro do espírito da lei aprovada. Pretende incorporar este Parlamento na batalha para solucionar um dos mais graves impasses da atualidade que é a soberania e auto‑determinação dos palestinos.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores, é longa a luta dos palestino pela conquista de seu Estado independente. É uma luta que tem cobrado a vida de milhares de mártires

A intransigência de Israel e de países como os EUA, que sustentam a política belicista israelense, tem provocado a justa indignação dos povos amantes da paz.

As dramáticas cenas diariamente exibidas pela televisão em todo o mundo, mostram, de um lado, um exército poderoso massacrando um povo, jovens em sua maioria, que com pedras na mão enfrentam armas de grosso calibre, bombas, mísseis, numa desproporção de forças que transforma a intifada numa das mais heróicas lutas dos dias de hoje.

A superioridade militar de Israel, destituída de razão, encontra forte e crescente resistência entre todos aqueles que defendem uma paz justa e duradoura. A solidariedade internacional isola progressivamente os governantes israelenses e demonstram que o velho colonialismo sionista é uma excrescência que não pode perdurar.

Até mesmo os precários acordos de paz e os limitados recuos de posições de Israel são permanentemente desrespeitados. A população palestina moradora na Faixa do Gaza ou na Cisjordânia é obrigada a conviver com a violência do Exército de Israel e a provocação de grupos reacionários nas colônias.

Esta situação é insustentável e o prolongamento do conflito pode engolfar toda aquela região na guerra. A única saída possível é o pleno reconhecimento dos direitos territoriais e nacionais dos palestinos, a aceitação de Jerusalém como sua Capital e o fim de todas as violências.

Animada com este propósito, a bancada do PC do B se associa com todos quantos, no mundo, desfraldam a bandeira de solidariedade ao povo palestino.

Esta luta encontra solo fértil para se desenvolver aqui em nosso país. O Brasil é um país hospitaleiro, que acolhe gente das mais diversas regiões do mundo. Aqui mesmo em São Paulo, temos um grande contigente de descendentes de árabes e de palestinos. A convivência harmoniosa nos torna ainda mais solidários com a causa palestina.

Por isto a bancada do PC do B, em todos os momentos, está ao lado da povo palestino, expressa sua solidariedade, denuncia as atrocidades de que são vítimas, procura, enfim, dar sua contribuição para deter a mão assassina e colonialista do sionismo e reafirmando o seu mais resoluto apoio à causa palestina. A própria descontinuidade territorial das áreas sobre administração da Autoridade Palestina, os cerceamentos econômicos e os crescentes desrespeitos mesmo aos precários acordos de paz, indicam que só a solidariedade militante e a luta do povo palestino construirão a estrada que levará ao Estado Palestino, condição indispensável para resolução dos conflitos na região.

Em nome da Bancada do PC do B, cumprimentamos a todos e saudamos efusivamente o Dia de Solidariedade com o Povo Palestino.

Muito Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Muito obrigado ao nobre Deputado Nivaldo Santana.

Antes de passar a palavra ao próximo orador, gostaria de anunciar a presença entre nós de representantes do Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino, da PUC - Pontifícia Faculdade Católica de São Paulo, que aprovou em ata, no dia 17 de novembro, uma Moção de Solidariedade à luta do povo palestino. (Palmas.)

Quero anunciar também as presenças entre nós do Sr. Ianaam Aziz Golmieh, Presidente do Clube Marjayoum do Brasil; do Sr. Alexandre Leme, da direção Municipal do PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados; Sr. Renan Adolfo Morales Jacque, Presidente da Associação Brasileiro-Chilena de Amizade e do Sr. Salem Abdel Jabbar (Palmas.)

Gostaria de passar neste instante a palavra ao nobre Deputado e companheiro Pedro Tobias, que falará em nome da Bancada do PDT. (Palmas.)

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PDT - Sr. Presidente Salvador Khuriyeh, companheiro de partido, saúdo Vossa Excelência e todos os presentes, em nome do nosso companheiro João Amazonas, por sua luta internacional. A sua luta é em favor do povo oprimido, onde estiver, independente de ser na América, Europa ou no Oriente. Por isso, o Dr. João Amazonas é hoje para nós um símbolo, porque já está há bastante tempo nessa luta. Deveria ser um exemplo para nós, mais jovens, para continuarmos a luta contra essa agressão no Oriente, na Palestina, em todos os lugares onde existe agressão. Lá está morrendo gente pelas armas; aqui ou na África há gente morrendo de fome. Isto significa que a luta deveria acontecer  em todos os lugares.

Sou parcial também, falando hoje, aqui, nesta Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, pois nasci perto de um campo palestino, no Norte do Líbano. A quase dois quilômetros do lugar onde eu morava eu já via, nessa época, bombardeios dentro do campo palestino. Algumas vezes jogavam bombas poderosas e, como era beira-mar, saía água do buraco. Infelizmente, após a guerra de 67 ocuparam mais uma área. As Nações Unidas decidiram que Israel deveria sair da região ocupada, mas infelizmente, até hoje não se cumpriu essa decisão.

Os americanos e os europeus sempre lutaram pelos direitos humanos. Foram ao Iraque, à Tchecoslováquia, para exigir que a decisão da ONU fosse cumprida. Mas para o caso da Palestina não existe ONU. (Palmas)

Para mim não existe paz sem guerra. Não existe independência verdadeira sem uma guerra sangrenta, sem morte. Mas hoje lamento o que está acontecendo - e dirijo a palavra ao embaixador -, porque estão matando crianças. Precisam treinar as crianças a usarem armas, sim. Minha irmã morre, mas mata alguém. Desse jeito estão morrendo de graça os jovens, adolescentes jogando apenas pedras contra um exército poderoso.

Em experiência recente no meu país de origem, no Sul do Líbano, um pequeno grupo de Osbalo lutava, morriam muitas pessoas (mas matavam também) até que chegou num ponto em que o maior exército do mundo foi obrigado a fugir à noite. Deixou muito material no sul do Líbano. Não adianta deixar esses jovens morrerem sem reação. Eles lançam pedra contra helicóptero, contra blindado. Isso é um sacrifício e um suicídio para esses jovens. Eles são treinados, armados e vão lutar porque não há paz, ou  independência, sem luta armada. Como estudei na França, fui um dos médicos sem fronteira. Na década de 60 fui ao Vietnã e fiquei um mês; em 74 fui para a guerra na frente Síria contra Israel. Com conflito, guerra, infelizmente vai haver morte.

Infelizmente, na história recente ou antiga não existe independência. Essa guerra foi forçada e o povo é que está pagando muito caro. Toda vez que num país cresce uma figura pouco nacionalista, o imperialismo americano vem para liquidar.

Quando veio o Presidente Hugo Chavez, pode ser que tenha sido um erro, no mínimo nacionalista, começarem a malhá-lo até derrubá-lo. No Brasil não estamos longe. Nos Estados Unidos, dois candidatos, dos quais não sabemos quem vai ser eleito, estão reivindicando a Amazônia. Acham que a Amazônia precisa ser internacionalizada. Por isso essa luta de João Amazonas deveria ser um exemplo para nós, de dedicação de toda uma vida, para mostrar que é possível e que não devemos desistir.

Muita gente viu a fotografia que toda a imprensa publicou, do menino palestino assassinado ao lado do pai, mas que, infelizmente, logo será esquecida. Deveria ser exemplo de injustiça, de abuso contra uma criança desarmada, faminta, cercada. O que hoje acontece na Palestina é pior do que aconteceu na época do nazismo e dos conflitos na África do Sul. E agora, que a imprensa é democrática e independente, ninguém abre o bico, o que é lamentável.

Temos mesmo de radicalizar. É preciso a guerra. É condição de independência. Essa fotografia, com essa pomba símbolo da paz, deveria vir junto com o símbolo de uma metralhadora. Esse é o meu recado: junte-se paz com metralhadora, porque paz sem metralhadora nunca existiu. O resto é conversa e enganação. Há 30 anos ouço esse discurso das Nações Unidas. Mas o Vietnã não expulsou os americanos pelo papo das Nações Unidas, mas pelas armas, pela guerra, pela morte. A história recente do sul do Líbano mostra. Esse é o meu recado: que conseguiremos tirar a ocupação de Israel também com armas, mortes e exagero. Desculpem-me. Não fiz discurso político, mas de coração, de alguém que pode ser parcial, mas que conhece a causa, que já viveu, que já teve parentes que morreram em bombardeio. Todos estão quietos no mundo inteiro. Se esse jovem palestino amanhã matar alguém, o outro lado no dia seguinte vai ocupar sua casa e vai-nos acusar de extremistas. Nós, extremistas? Que seja feita a justiça. E justiça, a meu ver, na situação em que estamos, só com guerra.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Muito obrigado, nobre Deputado companheiro Pedro Tobias. Antes de passar a palavra ao próximo orador gostaria de anunciar a presença entre nós do Sr. Ibrahim Abdel Latif, Presidente da Sociedade Árabe-Palestina de Americana. (Palmas.) Também gostaria de registrar os cumprimentos que nos foram enviados por telegrama pelo Dr. Carlos Miguel Aidar, eleito recentemente Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo. (Palmas.) Gostaríamos também de anunciar que acabou de chegar a esta Casa, honrando-nos com sua presença, o Exmo. Sr. Mustafah Abdoni, Cônsul Honorário da Jordânia. (Palmas.)

Gostaria de ler aqui uma breve carta que nos foi enviada: “Servimo-nos da presente para apresentar a V. Exa. nossos cumprimentos e a permanente solidariedade da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e da União Nacional dos Estudantes à causa do povo palestino, oprimido e massacrado. Um grande abraço dos estudantes brasileiros Henrique Matiense, Vice-Presidente da Executiva Nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.” (Palmas.)

Gostaria de, neste instante, convidar para fazer uso da palavra o nobre Deputado Márcio Araújo, da Bancada do PL, Partido Liberal.

 

O SR. MÁRCIO ARAÚJO - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, autoridades presentes já nomeadas, meus senhores, minhas senhoras convidadas, na qualidade de vice-líder do PL é com muita satisfação que ocupo esta tribuna, amigo que sou do povo palestino, para me solidarizar com sua causa e engrandecer diante de todo Parlamento paulista a legitimidade de seus ideais de emancipação. Legitimidade essa acatada pela Organização das Nações Unidas - ONU - que, ao aprovar resolução considerando o dia 29 de novembro como Dia Internacional do Povo Palestino, reconheceu perante o mundo seu direito inalienável de viver em sua própria nação politicamente independente. Entretanto, muito há que fazer. Enquanto não se aplicarem integralmente as resoluções aprovadas ao longo desses anos, o desrespeito não cessará ao povo palestino, que vive refugiado em sua própria pátria ou como imigrante em exílios longínquos, não gozando da totalidade de seus direitos.

Cada um de nós tem deveres para com o processo de emancipação palestina. Assim como o brasileiro Osvaldo Aranha contribuiu para o reconhecimento do povo judeu, não nos privaremos de lutar em prol dos objetivos desse bravo povo palestino.

No decorrer do século 20, os palestinos assistiram à libertação de muitas nações, sem esmorecer na luta pela conquista de sua soberania. A indefinição de sua causa se desenvolve entre dois povos que brotaram da mesma terra e possuem profundas raízes históricas. Observamos na Bíblia Sagrada que Isaac, filho do pai Abraão, foi acolhido por Abimelec, rei dos filisteus, hoje povo palestino, na terra de Gerar, próxima a Gaza, onde prosperou - está no livro de Gênesis, capítulo 26, versículo 13.

Entendemos então que a paz fez parte da história dos palestinos e do povo hebreu. Em São Paulo, há uma numerosas parcelas do povo judaico e palestino que vivem pacificamente, trazendo prosperidade e convivendo em perfeita harmonia. Ambos têm recebido anualmente turistas do mundo inteiro em sua terra, admiradores da Terra Santa, que visitam-na para receber bênçãos decorrentes da sua fé, assumem importante papel perante a economia mundial e refletem suas convicções em todas as localidades do planeta.

Vamos, então, levantar a bandeira dessa paz. É preciso que a comunidade internacional assegure ao povo palestino o direito ao regresso à sua pátria para a conclusão do seu processo de libertação.

Eu, como um dos intérpretes do povo de São Paulo, tenho o dever de alertar as autoridades federais para que o processo de independência do povo palestino seja instalado com a maior urgência possível. Somente após a fixação das bases da sua independência é que teremos um mundo menos violento, pois a almejada emancipação é um requerimento justo.

Passaram-se 53 anos desde a divisão da Palestina em dois estados. Na próxima quarta-feira, dia 29, comemoraremos 24 anos da declaração da Solidariedade ao Povo Palestino.

Parabenizo os nobres Deputados Salvador Khuriyeh, Pedro Tobias e Jamil Murad pela feliz iniciativa nesta Casa de dedicar esta sessão ao povo palestino.

No final deste ano, milhares de pessoas de todo o mundo deixarão de visitar Israel, se as coisas por lá não melhorarem. Aquelas terras, berço das três maiores religiões do mundo, reduto sagrado da humanidade não será visitada devido a acontecimentos terríveis que lá se desenrolam. Por isso, apelamos mais uma vez às autoridades brasileiras e, para isso, fiz uma moção séria, antes mesmo que houvesse essa antifada, quase que como profetizando às autoridades brasileiras. Esta Assembléia aprovou essa moção e ela foi para o Presidente da República, para que ele tomasse providências urgentes junto à comunidade internacional e à ONU e fosse logo instalada a independência do povo palestino. Então, estamos aqui unidos, nesta noite, num só ideal para que esse povo tão laborioso, tão trabalhador, tão amigo do povo brasileiro, finalmente venha a conquistar a sua paz legítima e o poder de sua terra valer um princípio sagrado, que é o da soberania nacional.

 Muito obrigado a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Antes de passar a palavra ao próximo orador, gostaria de anunciar também a presença entre nós do Sr. Rada Smaile, da Sociedade Islâmica de Guarulhos; Sr. Alli Ahmed Majaoub, da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica; Sr. Ali Ahmad Said Yassin, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo; Sr. Abmad Yassine, presidente da Liga Cultural Árabe Brasileira.

Gostaria também de anunciar a presença entre nós do Sheik Ahmad Ali Abdelchafi, da Mesquita de São Paulo, e registrar o telegrama do Vereador Paulo Frange de São Paulo, que apresenta os cumprimentos, impossibilitado de comparecer neste ato.

Gostaria de agradecer a presença dos deputados Zuza Abdul, Cesar Callegari e Conte Lopes.

Nesse instante, gostaria de passar a palavra ao Deputado federal Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil.

 

O SR. ALDO REBELO - Prezado amigo e companheiro Deputado Salvador Khuriyeh, que juntamente com os Deputados Pedro Tobias e Jamil Murad são os autores da proposta da sessão solene da noite de hoje na Assembléia Legislativa de São Paulo; Sr. Embaixador e autoridades palestinas; autoridades diplomáticas; Srs. Deputados Estaduais; companheiro João Amazonas, Presidente Nacional do PC do B; minhas senhoras e meus senhores, a realização desta sessão solene significa a solidariedade desta Casa ao povo palestino quando se comprometeu a aprovar a iniciativa do Deputado Benedito Cintra em tornar oficial a comemoração no Estado de São Paulo da solidariedade à luta do povo palestino, como também pela circunstância, pelo momento vivido no Oriente Médio nos territórios ocupados, onde a humanidade acompanha preocupada - e sob protesto - a violência com que se tenta sufocar a aspiração legítima de um povo ao querer resgatar a sua nacionalidade e o seu território.

O massacre a que é submetido o povo palestino não é apenas a imposição da violência militar, da superioridade militar dos oponentes e dos opressores, mas se revela também nas limitações da vida material e da vida espiritual do povo palestino naquela região do planeta. Não é demais lembrar que essa onda mais recente de violência e de conflito iniciou-se com um ato de provocação daquele que liderou o massacre de Sabra e Shatila. O mesmo Ariel Sharon, que em 1982 promoveu um dos mais brutais massacres perpetrados não apenas contra os palestinos, mas contra a humanidade, promoveu um desfile militar na Esplanada das Mesquitas, cujo ato de provocação fez com que o presidente da República francesa cobrasse das autoridades de Israel a punição e a condenação aberta do ato de provocação promovida pelo chefe do Licud. No entanto, as autoridades israelenses omitiram-se e resolveram enfrentar o justo protesto dos árabes e do povo palestino, da mesma forma que têm procurado reprimir a aspiração de liberdade e de independência do povo árabe e do povo palestino nas últimas décadas.

Companheiros, convivemos num país onde árabes e judeus remanescentes de várias nacionalidades procuram superar as diferenças sociais que são gritantes em nosso país, das desigualdades que também não deixa de ser uma forma de violência em nosso país, mas não vamos extrapolar a violência social, a violência dos desequilíbrios, a violência das desigualdades, não vamos fomentar o desentendimento ou a violência por razões religiosas, por negar a uma parcela de nossa população o justo e legítimo direito a sua identidade, a sua religião ou a qualquer forma de expressão cultural. O tratamento que é dado ao povo palestino naquela região é uma experiência que repugna o povo brasileiro, a nossa tradição, a nossa formação.

Israel desrespeitou dezenas de resoluções da ONU. A mais importante foi a que criou o território e o Estado Palestino. As outras resoluções condenam a ocupação, condenam a tortura, a prática de violência, a limitação da liberdade religiosa, a limitação da liberdade de trânsito, a limitação da liberdade de organização. (Palmas.) Todas essas resoluções têm sido desrespeitadas diante da omissão da própria Organização das Nações Unidas. Portanto, Sr. Embaixador, neste momento o povo palestino recebe a solidariedade da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. E creio que a expressão da solidariedade do mais populoso e importante estado do nosso país é também a expressão do sentimento de nosso povo, que V. Exa. tem recebido em Brasília pela manifestação de parlamentares das mais diversas correntes políticas e dos mais diversos partidos com assento no Congresso Nacional.

Em nome do PC do B, portanto, reafirmamos nosso compromisso de manter viva a solidariedade e o apoio à luta do povo palestino pela liberdade, independência e constituição física da sua pátria que é a manifestação da independência nacional. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Gostaríamos de anunciar, neste instante, a presença do Prof. Lejeune Mato Grosso de Carvalho, Presidente da Federação Nacional dos Sociólogos e Diretor da Confederação Nacional das Profissões Liberais.

Antes de passar a palavra aos próximos oradores, faremos a apresentação de um vídeo sobre a Palestina.

* * *

É feita a apresentação do vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Eu sei que especialmente aqueles que acompanharam a sessão solene que realizamos aqui no ano passado devem ter percebido uma diferença substancial entre o filme que apresentamos há um ano atrás e o filme que apresentamos hoje.

Naquele instante, quando se anunciava o ano 2000, tivemos a oportunidade de apresentar aqui sobre Belém, o outro lado da Palestina: o lado da esperança, o lado da fé, o lado da perspectiva concreta de paz, no momento em que tudo levava o mundo a acreditar que a paz estava próxima. Quando chegamos ao ano 2000, em que comemoramos os dois mil anos do nascimento de Cristo, infelizmente, para tristeza nossa e de todos os irmãos árabes, para tristeza dos palestinos e tenho certeza que para tristeza de todos no mundo, no instante em que deveríamos ver solidificada a paz, por um ato de loucura de um radical, Ariel Sharon, vemos resgatada toda indignação, toda tristeza, toda revolta do povo palestino e do povo árabe.

É com muita tristeza que, quando apresentamos esse filme, ainda que muita gente em todo o mundo possa ter a impressão de que isso é apenas um filme, nós que sabemos qual a realidade palestina, sabemos que essa é a verdadeira Palestina. Infelizmente. Sei que isso choca, que isso é triste, mas essa é a pura verdade. Muitos órgãos de imprensa, alimentados pelo poderio do imperialismo econômico norte-americano, do império sionista, tem procurado passar ao mundo outra imagem, a de que os árabes são terroristas, de que os árabes usam as crianças à frente da guerra, de que os árabes provocam.

Tive hoje oportunidade, desde a manhã, de acompanhar o Embaixador Musa em uma série de atividades, uma entrevista aqui na Casa à TV Assembléia bem como a outros órgãos de imprensa, depois um outro compromisso de almoço. Depois tive o prazer e a honra de acompanhar o Embaixador a uma entrevista à Rádio Eldorado. Quero confessar aqui uma coisa e pedir desculpas ao Embaixador, pois não sei se estou cometendo um ato falho com relação à diplomacia internacional, mas o coração me obriga a dizer isto: tive o desprazer de conhecer o Cônsul de Israel.

Peço perdão aos senhores por neste instante estar comprometendo o protocolo da sessão. Sou brasileiro, filho de palestino - meu pai está ali, minha mãe é brasileira. Por ser filho de palestino, naturalmente fico mais sensível e sinto com mais profundidade aquilo que vem acontecendo no território palestino. Infelizmente ainda não tive oportunidade de conhecer meus familiares que moram lá. Por mais próximo, empenhados e enfronhados que estejamos com a questão, vivemos no Brasil, país que vive na paz, com liberdade, onde os povos se unem e se respeitam, e acabamos com certa facilidade pensando que os conflitos sejam fáceis de se resolver. Tenho certeza de que muitos brasileiros bem como pessoas de outras nacionalidades que aqui estão, cônsules, autoridades e amigos, perguntam-se qual a dificuldade de se chegar a um processo de paz. Por que não se chega à paz na terra de Jesus?

Quero dizer às senhoras e senhores que senti revolta quando ouvi a manifestação do Cônsul de Israel. Senti revolta na primeira palavra que ele pronunciou e aí comecei a entender por que não se chega à paz lá. Eu que sempre disse ao meu colega, irmão e companheiro, que veio aqui falar de como se conquista a paz, eu que sempre critiquei e questionei que não poderíamos caminhar desse modo, que teríamos de caminhar pela via democrática, pela via do entendimento, por um instante questionei no fundo do meu coração e da minha razão se isso que o nobre Deputado Pedro Tobias falou aqui não é a verdade, se a paz infelizmente só será conquistada com sangue e a duras penas.Fui obrigado a ouvir o Cônsul de Israel perguntar ao nosso Embaixador e a outras pessoas que nos acompanhavam que paz que pretendíamos, o que estávamos querendo, se só falávamos de ocupação. Ele perguntou para nós que ocupação é essa que estamos questionando, o que queremos. Ele até não falou com as palavras que digo aqui, mas ele disse, e eu ouvi, que estão fazendo um favor para nós, que o que eles estão dando para nós, palestinos, é muito mais do que merecemos e temos direito. “Vocês vêm discutir conosco que querem a paz. Cumpram a parte de vocês que vamos discutir a paz”.Ouvi isso do Cônsul de Israel. Confesso, e o Embaixador percebeu isso, que houve um instante em que perdi minha razão e fui obrigado - impulsionado pelo coração - a descumprir o protocolo, por ser eu um deputado e por estar ali diante de um diplomata, e chamá-lo de cínico. Não resisti.  (Palmas.) E disse a ele que naquele instante passava a compreender por que a paz não era conquistada, tamanho o cinismo de um diplomata, que levava ao provo brasileiro as mentiras que ele disse ali. Cínico. Não posso de deixar de registrar aqui os meus sentimentos. Aqueles que são árabes e que conhecem a realidade, sei que sabem o que estou sentindo, mas aqueles amigos brasileiros imaginam que talvez a nossa distância, a nossa liberdade e talvez a nossa frieza, permitem-nos ver com mais facilidade a paz lá.

Depois de um filme desses, para mim, que tenho lá meus familiares, meus tios, meus primos enfrentando essa realidade, vejo que de um lado da cerca há a riqueza, o luxo e o poder, do outro lado, a fome, a miséria e a opressão.

Pergunto aos senhores e às senhoras aqui presentes se é possível que um cidadão, qualquer que seja, em qualquer lugar do mundo, possa aceitar, de modo tranqüilo e pacífico, o que vem acontecendo no território palestino?

Não posso aceitar isso. Por força de formação política, jamais fui alguém que aprovasse qualquer modo de opressão, qualquer modo de ocupação, qualquer modo de direito de um em detrimento de outro. Por ser palestino - especialmente depois de conhecer a realidade da Palestina assistindo a um filme desse -, aqui, diante de Deus e dos senhores e das senhoras, reafirmo a minha posição: não podemos nos dar por tranqüilos, por sossegados, por acomodados, enquanto houver um só povo que sofra opressão que o povo palestino vem sofrendo hoje diante do povo de Israel. Como filho de palestinos e como brasileiro, digo aqui que, se já tinha essa convicção, a partir de hoje não vou lutar apenas para que o povo palestino conquiste a sua paz e a sua estabilidade. A minha alegria, a minha felicidade, a minha paz e a minha tranqüilidade não serão conquistadas apenas com a paz e a tranqüilidade do povo palestino.

Na semana passada, tivemos a oportunidade, por ocasião do dia 22, de estar comemorando o Dia da Independência do Líbano -, 57 anos de independência do Líbano. Pergunto aqui para os meus irmãos árabes e para os meus irmãos libaneses:‘que independência é essa no momento em que Israel desocupa a faixa no Sul do Líbano, mas continua sobrevoando diariamente o território do Líbano com seus caças, com suas armas, vigiando os nossos irmãos libaneses’ ?

Para nós, palestinos, a paz só será conquistada quando for conquistada para todos os povos árabes e em qualquer canto do mundo. Esta é a realidade do povo palestino.

Peço desculpas ao embaixador e demais autoridades, por ter quebrado o protocolo, mas, até pelas imagens que vimos ai, não poderia deixar de fazer um apelo para a unidade dos povos árabes, e um apelo muito maior aos povos de outras nações, no sentido de que nos unamos para poder exigir da ONU e dos Estados Unidos, como potência que é, que façam cumprir as suas resoluções e procedam com imparcialidade. Nós, palestinos, não queremos ser tratados melhor do que o povo de Israel; queremos, sim, que os Estados Unidos nos tratem com igualdade; queremos, sim, do mesmo modo que qualquer povo e em qualquer lugar do mundo, o direito de conquistar a liberdade, construir o desenvolvimento, a prosperidade. Peço a todos aqui presentes para, de pé, rendermos um minuto de silêncio, em homenagem aos nossos heróis mortos na Palestina e em todo o território árabe.

 

* * *

 

- É feito um minuto de silêncio.

 

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O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Muito obrigado. Passo a palavra ao Sr. Antônio Neto, vice-Presidente da Federação Sindical Mundial.

 

O SR. ANTÔNIO NETO - Sr. Presidente, Deputado Salvador Khuriyeh e demais membros da Mesa, quero dizer que é de profunda emoção ser chamado logo após a intervenção do presidente e após esse filme. Nós, da Federação Sindical Mundial, temos uma história desde o nascimento em outubro de 1945, na luta contra o fascismo e contra o nazismo.

Reunidos, agora, no dia 26 de outubro, no Kuwait, a Federação Sindical Mundial, compara o momento, hoje, na Palestina, como se fosse o irmão gêmeo do nazismo que lá está. Preocupados com isso, denunciamos ao mundo todas essa atrocidades porque a imprensa mundial, como bem disse o deputado, bancada financeiramente pelo império, coloca aquelas crianças, mulheres e jovens como os grandes terroristas, e aquelas pedras como se fossem as armas mais potentes do mundo. Dizem ao mundo que os palestinos não querem a paz. É bom que se deixe claro que esse absurdo não é uma coisa deste ano. Theodoro Hertz, o ideólogo do sionismo, já dizia, no século XIX, que não vamos nos converter em palestinos só porque construiremos lá o nosso país. Devemos fazer no Oriente Médio o que os ingleses fizeram na Índia. Estava definido o caráter nazista, racista, expansionista, colonialista que o sionismo estava querendo implementar.

Menaheen Begin, em palestra para estudantes, dizia: “Não vamos ter a geografia do nosso país meramente o que está definido nos mapas, mas, sim, teremos a geografia que quisermos e só seremos um estado quando submetermos o povo árabe a mais profunda obediência”. Como conviver com isso ? Não podemos deixar de denunciar o caráter nazista e racista desse sionismo e a FSM tomou algumas deliberações nesse momento, além de condenar todas essas ameaças, todas essas provocações, toda a ocupação das forças militares israelenses na fronteira da Síria e do Líbano, a destruição do processo de paz e a renúncia das suas obrigações na implementação da paz justa e verdadeira.

A FSM, A CGTB, os trabalhadores e os povos de todo mundo estão muito preocupados com esses acontecimentos ‑ com as forças políticas de Israel, com as ações provocativas de Sharon e com a última provocação na mesquita Aksaa ‑responsável pelo massacre, matança e ferimento de centenas de pessoas. Essas ações causaram tensões e violência nos territórios Palestinos e na região dos países do Levante. Especialmente depois da ameaça do início de uma agressiva guerra contra Líbano e Síria, o medo de que esse conflito se espalhe em nível regional fere os sentimentos nacionais e religiosos de milhares de Árabes e Islâmicos no mundo todo.

A FSM e A CGTB clamam para que a comunidade internacional tome uma posição firme e que intervenha imediatamente em relação à agressão Israelense, que forneça apoio concreto político e material, que reforce a completa retirada de todos os territórios árabes ocupados na Palestina, nas Montanhas de Golã ‑ que até 4 de junho de 1967 pertenciam à Síria ‑ e a retirada de Israel dos territórios libaneses ainda ocupados. Pedimos que a comunidade internacional garanta ao povo Palestino o direito de retornar ao seu país, de retomar a sua auto determinação, e de estabelecer um Estado nacional independente e que sua capital seja Jerusalém.

A FSM E A CGTB exigem o estabelecimento de uma Comissão Internacional de Investigação, para o julgamento de crimes de guerra de todos os responsáveis pela violação dos direitos humanos, para que se cumpra o acordo da Quarta Convenção de Genebra, que trata dos direitos da população civil que vive sob ocupação, e ainda exige a punição para os ocupantes Israelenses pelas agressões, prisões, torturas, confiscos, destruição de propriedade e imposições de bloqueios econômicos ao povo Palestino.

A FSM e a CGTB convocam suas organizações filiadas, o movimento sindical internacional, as ONGs e a opinião pública, para que condenem as ações e posições agressivas de natureza racista das autoridades Israelenses. A FSM e a CGTB pedem apoio para o povo Palestino, que forneçam assistência material para as vítimas da guerra e que lutem contra o extermínio de crianças pelas forças Israelenses. A FSM e a CGTB chamam as Nações Unidas e os membros do seu Conselho de Segurança, especialmente os E.U.A, aliados de Israel, para que abandonem essa política de duplo critério e que forcem Israel a parar com as agressões, que acabe com a ocupação e que acate as decisões do Conselho de Segurança da ONU, em especial as de No. 338 e 242, e a decisão No.194, que dá direito aos refugiados Palestinos retornarem às suas casas, além de outros acordos relacionados ao conflito Árabe ‑ Israelense.

A FSM e a CGTB pedem a todos os Membros da OIT, todas as três partes constituintes, e especialmente os Trabalhadores da OIT e organizações sindicais regionais e internacionais, que apoiem a justa causa dos trabalhadores Palestinos e outros de territórios Árabes ocupados, que estão enfrentando graves violações aos seus direitos sindicais, aos seus direitos econômicos e sociais, e vêm sendo roubados pelas autoridades de ocupação, com o confisco e bloqueio da produção agrícola, o que resulta em miséria e privação.

A FSM e a CGTB pedem que a OIT convoque urgentemente uma sessão especial na Conferência Internacional do Trabalho, em solidariedade aos trabalhadores e povo Palestino e a todos os territórios Árabes ocupados, e que apoie a justa causa do povo Palestino e condene a violação de Israel aos direitos humanos, aos direitos sindicais e à liberdade democrática. A FSM e a CGTB clamam para que todas as instituições internacionais façam alguma coisa urgentemente.

A FSM E A CGTB orientam todas as suas organizações filiadas, que comecem uma campanha de protesto em frente às embaixadas de Israel, organizem uma reunião de trabalhadores ou qualquer outro tipo de protesto no dia 29 de novembro ‑ DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO ‑ e façamos um abaixo assinado com milhares de assinaturas para denunciar a repressão Israelense, que será enviado às Nações Unidas, suas agencias especializadas e instituições humanitárias.

A FSM e a CGTB prestam homenagem aos mártires do Movimento Palestino, aos Mártires Árabes e reitera sua solidariedade e apoio na luta do povo Árabe Palestino, na resistência Libanesa, na firme posição Síria. Pelo direito de estabelecer um estado Palestino com Jerusalém como sua capital e assegurar o retorno aos territórios Árabes ocupados e de alcançar a paz.

O povo sempre vencerá sua luta por liberdade, independência, soberania, progresso e paz.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Quero anunciar a presença do Sr. Mohamed Almad Saifi, representando o Sr. Ahmed Ali Saifi, Presidente do Centro de Divulgações do Islã, para a América Latina; do Sr. Hassan Gharib, Diretor da Mesquita Xiita do Brás e do Sr. vice-Presidente da Mesquita Brasil Atef Fater.

Gostaria neste instante de convidar para fazer uso da palavra o Sr. Hassan El Emelhe, representante da OLP, no Brasil.

 

O SR. HASSAN  EL EMELHE - Exmo. Deputado Salvador Khuryeh, amigos presentes, é desta solidariedade que o povo palestino está precisando de todos os amigos  e de todos os povos que acreditam na justiça e na paz.

Deputado Salvador Khuriyeh, o senhor ficou chocado hoje ao ouvir o Cônsul de Israel dizer que está dando uma esmola aos palestinos e que eles têm de aceitar. A imprensa, grande parte da mídia quer transformar a vítima em agressor e o agressor em vítima. O seu povo está precisando do apoio de todo mundo, porque está sofrendo um ataque brutal e selvagem. O governo de Israel está tirando a máscara que sempre escondeu o seu cinismo, a sua hipocrisia, quando dizia que queria a paz.

Quero lembrar ao Deputado que alguns meses atrás um grande rabino de Israel, um religioso - sei que é um homem político, que dirige um partido, que participa no governo de Israel - declarou textualmente que os palestinos são animais, víboras, cobras venenosas. Esta declaração foi publicada em toda a imprensa falada e escrita. Palavras de quem? Palavras de um grande rabino.

Disse mais: que Deus está arrependido por ter criado o povo palestino. Será que Deus está arrependido de criar uma criança, o que de mais lindo existe?

As palavras desse grande rabino são as exatas palavras de um nazista. O pior é que no mesmo dia em que este grã rabino disse que os palestinos são víboras, um palestino jovem, casado, pai de dois filhos tinha saudades da Palestina ocupada por Israel e queria visitar os seus pais, avôs. Pediu uma licença para entrar em Israel, foi negada, mesmo assim ele foi e só Deus sabe o que se passou pela sua cabeça, qual o sentimento que teve.

Queria voltar mas acabou o dia e não tinha onde dormir e foi dormir na Praia do Mar da Galiléia. Na manhã seguinte ouviu gritos de socorro, uma criança judia estava se afogando no Mar da Galiléia. Essa notícia foi publicada em todos os jornais. Ele não pensou duas vezes, não se preocupou se a criança era judia, árabe, palestina, cristã. Não sabia nada, atirou-se ao mar, salvou a criança e gritava que se preocupassem com a criança e não com ele. Salvou a criança mas morreu, deixou viúva e duas crianças. O palestino deu a sua vida para salvar a vida da criança, na mesma hora em que o grã rabino religioso, que acredita em Deus, falava que somos víboras.

Meus amigos, somos palestino. Minha família é palestina, uma família unida, oriental, sentimental e gosta dos filhos, não sacrifica os filhos. Não existe um pai ou mãe que sacrifique um filho, que não goste dos seus filhos. Ele deu a vida por uma criança.

Pergunto a todos os amigos: O que precisa uma criança? A criança precisa sonhar alto e tem direito, precisa ser feliz, brincar, estudar, ter uma bicicleta, uma bola de futebol. Asseguro aos senhores que muitas crianças palestinas nunca tocaram numa bola porque não têm onde brincar, jogar. A criança palestina precisa ter uma rua para brincar e não tem. Então essa criança perdeu a esperança de sonhar como os outros, não tem com o que sonhar. Essa criança sonha em acordar de manhã e encontrar a rua vazia, sem tanques, sem armas apontadas para sua cabeça. Ela sonha que a sua mãe possa sair à rua, ter liberdade para comprar remédio, para ele, quando está com febre alta ou comprar pão quando está com fome. O que se passa com essa criança? A criança que perdeu a esperança de sonhar então é uma criança semimorta viva, porque a única esperança que ficou para essa criança é a liberdade, a esperança de ver um dia a Palestina independente e livre.

Dizem que na Palestina não choram. Existe alguma mãe ou um pai que não chora quando vê seu filho adolescente morrer?  Muitos dizem que a mãe palestina não chora quando vê seu filho morto. Ela não tem forças para chorar, porque não tem mais lágrimas para chorar. Já perdeu tantos entes queridos, filhos, irmãos e parentes que não tem mais lágrimas.  Talvez tenham até mais forças para dar um grito de dor quando levam seu filho para ser enterrado. Essa mulher, que dizem não estar preocupada com seu filho, tem um canto, que é o canto mais sagrado da vida, o canto de qualquer povo, o canto de qualquer geração, que se chama o canto da liberdade. É o único canto que ela tem. Ela sofreu muito. Foi perseguida, foi humilhada. Vi várias vezes essa mulher implorar que os soldados a deixassem comprar pão e remédio para seu filho. Uma casa pequena, palestina, cheia de crianças, cheia de família. Onde brinca essa criança? Por isso essa mãe perdeu até as lágrimas para chorar, até o grito de dor. Mas ela tem o grito da liberdade que um dia há de chegar para o nosso povo.

Obrigado pelo apoio, obrigado por acreditarem em nós, obrigado em nome desses adolescentes que estão dando sua vida pela independência da Palestina e pela liberdade.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Gostaria neste instante de conceder a palavra ao Dom Damasquinos Mansur, Arcebispo Metropolitano da Igreja Ortodoxa Antioquina do Brasil.

 

O SR. DOM DAMASKINOS MANSUR/ TRADUÇÃO - Prezados senhores aqui reunidos, não me preparei para poder falar-lhes nesta ocasião muito querida a todos nós. Foi-me pedido para que falasse hoje, aqui, e então preferi usar aquela língua falada por aquele povo ao qual prestamos hoje nossa solidariedade.

Vimos aquelas cenas horríveis, que fazem com que nossos corações sangrem. Aqueles que vimos desarmados sendo mortos por armas sofisticadas são criaturas, sim, criadas à imagem e semelhança de Deus. Agora pergunto: será que quem mata desse jeito é um ser humano? Trata-se de uma pergunta muito grave, na qual deveríamos pensar calmamente e com cuidado. Por que estamos matando nosso semelhante? Para roubar-lhe sua pátria, sua família, seu dinheiro, sua honra?

Que tipo de atitude é essa? Nem os animais de uma floresta cometem tal desatino. Realmente a coisa é muito dolorosa e quem faz isso não é um ser humano, mas Satanás. Esse Satanás, que em um de meus discursos religiosos abordei, é o Satanás do século 20, é o sionismo que acabará por matar não apenas cristãos e muçulmanos, mas irão matar os próprios judeus. (Palmas.)

É bastante natural que esse Satanás é inimigo de tudo aquilo que é bom, de tudo aquilo que é virtude, de tudo aquilo que traz bem para a humanidade. Lamentavelmente, esse Satanás está dando as cartas não só em nossa terra, mas no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil. (Palmas.) Meus amigos, abram bem os olhos, porque mesmo agora, provisoriamente, pode ser que o mal esteja vencendo. Mas haverá de chegar o dia em que o bem vencerá definitivamente. (Palmas.) Não quero me alongar mas gostaria de mandar uma  mensagem, por intermédio do embaixador aqui presente, para todos os oprimidos, para todos aqueles que sofrem na Palestina e em todos os lugares. Vou terminar com um verso de uma poesia muito famosa que diz: “Se o povo quiser procurar liberdade, o destino terá que lhe obedecer. Sem dúvida alguma, a escuridão terá que se dissipar e os grilhões serão rompidos.”

Que a paz esteja convosco.

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Gostaria de anunciar entre nós a presença do Sr. Jamel Ali El Bacha, presidente da Sociedade Beneficente Islâmica.

Tem a palavra o Exmo. Sr. Mohamad Said Mourad, vereador da Câmara Municipal de São Paulo .

 

O SR. MOHAMAD SAID MOURAD - Boa noite, deputado Salvador Khuriyeh, presidente desta sessão solene. Saúdo também os deputados Jamil Murad e Pedro Tobias propositores, também, desta sessão solene; cumprimento-os e a todos os deputados e parlamentares aqui presentes; Sr. Embaixador da Palestina, Musa Amer Odeh, em nome de quem saúdo todas as autoridades diplomáticas aqui presentes; Exmo. Sr Damaskinos Mansur, em nome de quem saúdo todas as autoridades religiosas aqui presentes; senhoras e senhores, que a Paz de Deus esteja com todos.

Estamos aqui reunidos para manifestar o nosso apoio ao heróico povo da Palestina, ocupada, neste dia que é o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Mas prefiro dirigir-me aos amigos nesta solenidade dizendo que nós, brasileiros de todas as crenças, classes e origens, amantes da paz, manifestamos a nossa solidariedade ao povo palestino; repudiamos as agressões intoleráveis à população civil em sua maioria muçulmana, praticadas por judeus contaminados pela doença do ódio e da matança.

Como defensores da democracia, dos direitos humanos e de outras causas nobres, deploramos o fato de que haja um povo sob ocupação militar e privado de seus direitos elementares.

Manifestamos ainda nosso integral apoio para que Jerusalém, cidade da paz, seja desocupada pelo exército de ocupação. Jerusalém deve ser de seus verdadeiros habitantes palestinos. Desejamos que o povo americano entenda que em vez de financiar a máquina de guerra de Israel, através de seus impostos, poderia financiar a paz e ajudar as crianças palestinas a terem seu Estado nacional com direito à cidadania, educação e cultura. Solicitamos, em nome da dignidade humana, que parem já a matança. Não se pode aceitar que às portas do terceiro milênio as barbáries continuem a existir. Não é possível admitir que todo um povo, justamente às portas do terceiro milênio, sofra todo tipo de agressão e violência. Em nome da dignidade, da solidariedade e da crença de que o ser humano é um só, fazemos um apelo à Consciência Internacional para que use seu poder para que os sionistas parem com essa matança .

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Convido, para fazer o uso da palavra, o Dr. Reskala Tuma, vice-presidente da Confederação das Federações Árabes da América Latina e do Caribe.

 

O SR. RESKALA TUMA -  “Não roubarás”. “Jamais levantará o seu nome em falso testemunho”. “Dá pão àqueles que têm fome, e dá água àqueles que têm sede”. “Respeita a liberdade do teu próximo”. “Protege o teu semelhante com o teu próprio agasalho”. Creio que todos os componentes desta mesa sabem que este é o refrão, as regras seguidas por Khuriyeh, pelo meu grande amigo Aldo Rebelo, pelo meu mestre de espírito Damaskinos Mansur e pelo nosso embaixador. Isto está escrito no livro sagrado dos judeus. Israel é um estado teocrático, não é um estado de direito e nem político. Como estado teocrático reza uma cartilha e age pela outra. Não podemos confundir o judaísmo com o sionismo. Muhmad disse: “jamais chegarão ao Islã se não passarem por Mussa Ahissa”, quer dizer, o respeito e a fidelidade aos livros sagrados se compõem numa linha reta entre Moisés, Jesus e Maomé.

Meus amigos, por que Israel - a primeira mentira -, nada justifica a denominação ? Por que judeu, só se tornaram judeus, quando chegaram na Judéia ? Os que seguiam Moisés eram mosistas, e quem ensinou a Moisés o Deus único foi um faraó egípcio. Moisés era um príncipe egípcio.

Todas essas inverdades são aclamadas. Que culpa tem o povo palestino, se o nazismo criou o castigo judeu ? Será que as perseguições na Europa, que culminaram na violência do nazismo contra o ser humano, imputa essa culpa a um povo que nada tem a ver com toda essa desgraça da humanidade, praticando com muito mais violência o ato que sofreram?

Hoje, não se sabe mais a diferença entre um sionista e um nazista. Hoje, sabemos que a Terra prometida foi vilipendiada, prometida por quem ? Alguns dos senhores ouviram dizer que Deus deu um certificado de propriedade, ou que nominou um povo como o seu povo ? Existe alguma declaração em algum canto do mundo, em qualquer era, em qualquer época que disse que esse era o território prometido para alguém ? Para quem ? Por quê ? Sabemos que viviam nessa terra bendita cananeus e filisteus - e filistine, nome árabe, trouxe o nome ao próprio país: Filistine Palestina.

Esta é a tradição, é uma verdade histórica. Todos os profetas fizeram de Jerusalém uma cidade santa. Ouvimos - desculpem-me a expressão porque não é a minha forma de dizer - esse maldito Cônsul de Israel ofender meu irmão com as palavras obscenas de que os palestinos é que invadiram a terra prometida.

Meus amigos, isso é um crime. Na última reunião no Peru  da Feraba América, fiz uma proposição que foi aceita. E lá estavam os representantes do Shira, a maior comunidade palestina na América Latina, da Bolívia, do Brasil, que éramos nós e outros companheiros de todos os países do Pacífico e da América Central, todos os palestinos que tiveram suas terras roubadas - não existe outra expressão. Lembrem-se de Dariassin. A violência praticada em Dariassin foi para assustar os palestinos que não poderiam carregar nem um canivete além de três dedos e os judeus recém chegados, que nada têm a ver com aquela terra, carregavam armas de fogo.

Que reivindiquem no Fórum Internacional de Haia suas propriedades, que documentem que foram roubados e vilipendiados. Não esqueçam que, pela lei internacional, se ocuparem por mais de 50 anos seguidos, sem que haja reivindicação, corre-se o direito do que no Brasil chamamos de usucapião. Não queremos que os palestinos percam seus direitos. Não é pela força que vão vilipendiar esse povo sofrido, não é pela violência das armas contra mulheres indefesas e crianças que a justiça não vai agir.

Vamos receber, dentro em breve, na Presidência da corte de Haia, um patrício nosso, que peço perdão de não mencionar seu nome porquanto não sei seu pensamento. Ele receberá as denúncias. Já estamos preparando e o Hassan, companheiro meu de longos anos, 40 anos dessa nossa batalha. Temos mais de 40 mil petições solicitadas. Se aqui, neste plenário, há irmãos, irmãs e companheiros que passaram pelo vilipêndio de suas terras, de suas propriedades e de suas colheitas, por favor, façam uma petição porque a Feraba América fará chegar à Corte de Haia. Não vamos permitir que se banalize a violência, que matar crianças, ofender mulheres indefesas, atingir homens que lutam por suas famílias sejam um ato vulgar e comum e que nos habituemos com as cenas e digamos: ‘o que vamos fazer? Nada há a fazer’. Há 15 dias, tivemos uma reunião, no Rio de Janeiro, convocada por lideranças judaicas que queriam firmar, com as lideranças árabes, um pacto de paz. Impusemos algumas condições porque só um louco não quer a paz. Duvido que haja algum judeu consciente - se é que há algum - e que os árabes conscientes neguem a paz. Não. A paz tem que ser verdadeira, há que se reconhecer a divisão de Jerusalém, há que se dar aos palestinos o direito de regresso, o direito de receber em valores pecuniários ou qualquer outro valor os bens que lhes foram vilipendiados. Há de se reconhecer o direito de a criança ter uma vida serena, cortês, uma vida cultural e ligada a Deus.

Como bem disse meu arcebispo e guia espiritual: ‘Satanás que vestiu o uniforme de soldado israelense’. É triste vermos as propagandas internacionais e as estações de televisão. Passei todo o domingo vendo a televisão palestina projetando cenas violentas. Dizem que os palestinos são violentos, que os palestinos fazem toda a série de escaramuças. Temos que reagir. Quem são os asquenazins, minha gente? São pessoas que cultuaram o judaísmo depois do ano 900. Não têm tradição nenhuma. Os sefaradins, que criaram a sociedade no sul da Espanha com os árabes, fizeram a revolução cultural do mundo, transformaram o sul da Espanha em um grande centro cultural deste mundo. Os judeus conscientes sabem disto, sabem que os palestinos estão sendo vilipendiados, porque não existe Terra Prometida, esse é um argumento de Teodor Hels.       

Os senhores se lembram da luta dos judeus não-sionistas nos Estados Unidos? A violência que sofreram dos sionistas! Isso é histórico e está registrado. O pai de Rudemenoin, o grande violinista, dotava 40% da sua receita para Israel. Seu pai foi vilipendiado e barbaramente espancado nas ruas de Nova York simplesmente por ter dito que o sionismo seria a ruína do judaísmo. Foi dito aqui que o sionismo pretende acabar com os cristãos, os muçulmanos e o judaísmo.

Todo aquele que pratica a barbárie de o príncipe de Maquiavel, de destruir os bons costumes sociais da sociedade, que usam a bebida como diletantismo de quem tem que se distrair; que praticam o amor livre, a disfunção da família unida, o desrespeito aos mandamentos do seu próprio profeta, que não dá direitos humanos assegurado por todo o seu histórico, eles que sempre se julgaram vilipendiados, que foram tratados como escravos, hoje respondem com uma moeda muito mais violenta.

Será que este é o prêmio que eles esperavam? Será que eles terão a liberdade da consciência dos seus soldados ao colocarem as suas cabeças nos travesseiros e se lembrarem das crianças que mataram durante o dia? Será que esta é a paz almejada? Ou a violência que eles praticaram ao tomar pela força o território de um povo que ali já vivia há milênios? Não se esqueçam que lá não é um estado laico, é um estado religioso, cujo nome é discutido até hoje entre eles mesmos.

Recentemente, no Parlamento deles foi discutido o por quê do nome de Israel e não de Judéia. Eles não sabem as suas origens, os senhores acreditam?! Levy, grande escritor da Argentina, me procurou para saber se eles eram do Egito ou do Iraque. Respondi que de qualquer uma das fontes, são árabes. Os senhores são originários de Ur, da Babilônia, que os senhores condenaram. Foi da religião de Ur, que no Egito eles se transformaram em adoradores do deus uno. Esse mesmo deus que é o nosso Deus, sem diferença nenhuma. Mas as práticas humanas quando Satanás assalta um homem, deus nos livre!

Só uma coisa vou lhes pedir: não vamos deixar que essas cenas sejam banais perante os nossos olhos. Não vamos permitir que as terras roubadas e usurpadas sejam esquecidas, não vamos permitir que aqueles que foram ao desterro, obrigados pelas circunstâncias, possam um dia voltar aos seus lares, ver os seus familiares regozijarem de alegria ao ver sua terra natal. Porque Belém, que já se chamou Terra de Davi, que já se chamou a Cidade do Pão, que foi a homenagem a Lahamo, o grande deus nabateu, por isso chamava-se Bethlam, a cidade de Lahamo, o deus da fertilidade.

Foi lá que nasceu Jesus, foi lá que Raquel deu à luz aos grandes Profetas Benjamim José. Foi nesse local, quando Mohamad ia de sua terra natal para decretar as cidades como Jerusalém, que o Arcanjo Gabriel disse-lhe: “Mohamad, como você está indo a Jerusalém sem agradecer a Deus o envio de Issa e Raquel?” Ele parou a caravana, desceu, ajoelhou-se entre o túmulo de Raquel e a igreja da natividade para agradecer a Deus o envio de Moisés e Jesus.

E dizem que nós, sejamos islâmicos ou ortodoxos, praticamos as diferenciações religiosas. Nunca! Não sabemos direito como foi escrita a Bíblia, o Livro Sagrado, como foi escrito o livro deles. O alcorão, Moisés recebeu de Deus e conseguimos ler perfeitamente. Por que eles lêem seus livros, batem suas cabeças no muro da lamentação pedindo perdão pelos pecados e dois segundos depois estão praticando o mesmo pecado? (Palmas.) Eles teriam obrigação, de no dia do arrependimento saberem que é a virtude do exemplo e não a virtude diabólica do homem que cria perjúrio contra outro homem, do homem que não sabe amar a humanidade, que não entendeu as verdadeiras mensagens que os profetas nos trouxeram de Deus. Deus é altíssimo, vive nos nossos corações.

Recentemente falávamos no Congresso Internacional Islâmico sobre direitos islâmicos dentro dos direitos humanos. Direitos humanos no Islã é algo sagrado, porque o homem não pode ser escravo de outro homem. Eu respeito uma igreja judaica, uma igreja católica, uma igreja protestante, todas são casas de Deus. Mas jamais li que Deus mandou roubar, vilipendiar, matar crianças e explorar o povo sofredor. Por isso, temos de seguir com a nossa luta. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Gostaria de prestar duas homenagens neste momento. Convido o Sr. Mohamed Salem Jappar, da Juventude Palestina, para entregar ao Sr. Antônio Neto, vice-Presidente da Federação Sindical Mundial pelo seu empenho na causa palestina, a “hatta”, símbolo do povo palestino.

 

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-         É feita a entrega do símbolo ao Sr. Antônio Neto.

 

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O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT -  Convido o nobre Deputado Aldo Rebelo para receber das mãos do nosso Embaixador Sr. Musa Amer Odeh, a “hatta”, símbolo do povo palestino.

 

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É feita a entrega do símbolo ao Sr. Aldo Rebelo.

 

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O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT -  Tem a palavra o Sr. Musa Amer Odeh, Exmo. Embaixador da Palestina.

 

O SR. MUSA AMER ODEH - Sr. Presidente, grande amigo Dom Damaskinos Mansur, amigos da Mesa, senhoras e senhores, estamos reunidos hoje para realizar mais uma comemoração do dia internacional de solidariedade ao povo palestino. Esta comemoração adquire um significado todo especial devido ao enfrentamento que está ocorrendo, quando o povo palestino está sendo liqüidado pelas tropas de Israel. O povo palestino está pagando o preço pela sua recusa em aceitar assinar a ocupação definitiva de Israel sobre ele. O que nos foi oferecido, caros irmãos, foi nada mais, nada menos do que aquilo que ofereceram na África do Sul, no apartheid, aos negros. Esse sistema racial, que não deu certo na África do Sul, garanto-lhes que não dará certo na Palestina. Mas não estamos pedindo nada mais do que o cumprimento da legitimidade internacional, que mandou que Israel se retirasse de todos os territórios ocupados em 67- da Síria, do Líbano e da Palestina. Queremos uma paz geral, irrestrita, duradoura e justa. Não podemos imaginar que isso seja possível com uma ocupação. Não podemos imaginar que poderá haver paz a menos que haja justiça. Não podemos imaginar que possa haver paz enquanto existir essa soberba das tropas de ocupação.

Estamos procurando uma paz justa, ampla e duradoura.  Essa paz é justamente a mensagem que saiu do nazareno palestino, Nosso Senhor Jesus Cristo, que saiu de Belém, na Palestina, para toda a humanidade. Solicitamos encarecidamente da comunidade internacional que intervenha no tempo certo, quanto o mais rápido possível, para evitar o grande genocídio que ainda está por vir. Chamamos a atenção para que essa intervenção não ocorra tarde demais. Infelizmente a comunidade internacional só agiu em Ruanda quando já era tarde demais e também na Bósnia, no Kosovo e no Timor Leste.

A mentalidade dos generais de Israel é de impor o desejo deles sobre o povo palestino e a nossa capacidade de poder defender nosso povo. Não vamos nos entregar a essa arrogância israelense. Continuaremos a carregar a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo até que seja concretizada a independência, a liberdade e a paz, e seja estabelecido o Estado Palestino Independente, cuja capital é Jerusalém, porque Jerusalém foi construída pelos árabes cananeus há cinco mil anos atrás. Não quero me alongar, caros amigos. Gostaria de agradecer do fundo do meu coração pela sua solidariedade e pelo seu apoio muito nobres, e digo-lhes que ainda estamos precisando desse apoio para, juntos, podermos conseguir a paz justa, ampla e duradoura em que todos possam viver com segurança e tranqüilidade como vivem todos os povos do mundo.

Novamente agradeço-lhes a todos. Espero que nessa ocasião, no ano que vem, estejamos comemorando com a paz já estabelecida e o encerramento da ocupação israelense para sempre de todos os territórios ocupados. Nossos povos não esquecerão seu apoio nobre e altruísta.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PDT - Quero aqui fazer um agradecimento todo especial ao Sr. Ibrahim Salman, que é um poeta, e recitaria um poema mas, pelo adiantado da hora, o Sr. Ibrahim Salman, bem como aos nobres Deputados César Callegari, Conte Lopes, Zuza Abdul, Mohamed Salem Jappar, representante da Juventude Palestina, Hussein Abdalah, Presidente da Juventude Palestina, Eduardo Elias, Presidente da Fearabe e os demais vereadores que abriram mão da palavra para que pudéssemos abreviar nosso ato, nossa sessão solene .Nosso agradecimento pela compreensão, pela sensibilidade e pelo apoio.

Gostaria neste instante de fazer alguns agradecimentos especiais: ao Roberto Gamen, artista plástico, que nos ajudou nesta sessão também, ao Professor Charmel, ao Ailid Chukair, ao Mehir Chukair, ao Mohammed Salem, ao Hussein Abdalah, aos colegas de assessoria dos gabinetes, do meu gabinete, do nobre Deputado Jamil Murad, do gabinete do nobre Deputado Pedro Tobias, do nobre Deputado Zuza Abdul. Gostaria de agradecer aos assessores da Presidência da Assembléia, ao Cerimonial da Assembléia que muito contribui para o êxito desta solenidade.

Gostaria de agradecer a presença dos colegas da Força de Paz das forças internacionais - os boinas azuis. Gostaria de agradecer ao Lúcio Maluf, Presidente da Associação de Estudos Sociológicos e Políticos, Fundação Alberto Pasqualini, ao Henrique Matiense, Presidente da Juventude Socialista do PDT.

Gostaria de agradecer a presença do pessoal de Roseiras, de Jacareí, de Lorena, de Taubaté, de Tremembé, de Americana, de Bauru e as outras delegações de outras cidades também aqui presentes. Gostaria de agradecer ao Sr. Abdala Mansur pela tradução aqui feita, gostaria de agradecer a honrosa presença do Sr. João Amazonas, presidente nacional do PC do B e que tem em toda a sua vida se empenhado pela causa dos palestinos. Gostaria de agradecer à presidência efetiva desta Casa por nos ter permitido realizar esta sessão solene. Gostaríamos de agradecer aos cônsules, ao Dom Damaskinos, aos xeiques, às demais autoridades aqui presentes, a todos os amigos aqui presentes.

Antes de encerrar esta sessão, gostaria de apenas dizer, muito rapidamente, que o povo palestino e o povo árabe condenaram e condenam Hitler pelo holocausto que promoveu sobre o povo judeu. E hoje o povo judeu, cego e surdo para com a defesa que o povo palestino e o povo árabe fazem dos seus direitos, infelizmente dirigidos por alguns radicais sionistas, acabam promovendo o holocausto sobre o povo palestino. Não podemos, em hipótese alguma, aceitar isso. Queremos a paz a todo custo e queremos aqui, ao encerrar a nossa sessão solene, agradecendo a presença de todos, mais uma vez fazer um apelo às autoridades, aos amigos que estão aqui presentes no sentido de que nos manifestemos pela paz, pelo direito do povo palestino de ter a sua terra, a sua pátria, direito de construir as suas famílias, direito de construir a sua nação.

Pela solidariedade ao povo palestino, muito obrigado. Está encerrada a presente sessão.

                                                          

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- Encerra-se a sessão às 23 horas e 12 minutos.