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13 DE AGOSTO DE 2012

045ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO ao “DIA DA COMUNIDADE ALEMÔ

 

Presidente: CÉLIA LEÃO

 

RESUMO

001 - CÉLIA LEÃO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que o Presidente Barros Munhoz convocara a presente sessão solene, a requerimento do Deputado Roberto Engler, com a finalidade de "Comemorar o Dia da Comunidade Alemã". Dá conhecimento das razões que impossibilitaram a presença do Deputado Roberto Engler a esta solenidade. Convida o público para, de pé, ouvir o "Hino Nacional da Alemanha" e o "Hino Nacional Brasileiro". Destaca a importância da miscigenação existente no Brasil. Fala sobre a grandeza do Estado de São Paulo. Ressalta a importância dos imigrantes alemães para o crescimento do País.

 

002 - STEFAN GRAF VON GALEN

Presidente do Colégio Benjamin Constant, agradece ao Deputado Roberto Engler pela convocação desta solenidade. Fala sobre as razões que levaram os primeiros imigrantes alemães a virem ao Brasil. Lamenta a diminuição no número de descendentes que dominam o idioma alemão. Destaca a necessidade da preservação da cultura alemã no País.

 

003 - KLAUS-WILHELM LEGE

Presidente da Corporação Alemã da Cidade de São Paulo, fala sobre a ajuda prestada por associações de língua alemã na preservação da cultura deste país no Brasil. Informa que, este mês, deve ser lançado o Instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha. Faz agradecimentos gerais.

 

004 - Presidente CÉLIA LEÃO

Informa que a solenidade será transmitida pela TV Assembleia em data oportuna.

 

005 - ROLF WIEGEL

Presidente do Clube Transatlântico, reflete acerca do início da imigração alemã para o Brasil. Fala sobre a importância da Imperatriz Maria Leopoldina no processo migratório. Dá conhecimento das vantagens oferecidas pelo Governo brasileiro aos alemães interessados em vir ao País. Lê poema, em alemão, sobre a vinda dos primeiros imigrantes germânicos ao Brasil.

 

006 - Presidente CÉLIA LEÃO

Faz convite para exposição, realizada no Hall Monumental deste Legislativo, sobre a imigração alemã ao Brasil.

 

007 - RAINER MÜLLER

Vice-Cônsul da República Federativa da Alemanha, fala sobre as dificuldades encontradas na Alemanha quando da vinda dos primeiros imigrantes desse país ao Brasil. Destaca o estreitamento nas relações entre os dois países. Fala sobre a importância do Estado de São Paulo para esta aproximação. Comenta a realização do ano Brasil-Alemanha, que deve ser realizado entre 2013 e 2014.

 

008 - Presidente CÉLIA LEÃO

Relata a chegada do primeiro alemão ao Brasil, na nau de Pedro Álvares Cabral. Explica que a imigração em maior escala começou apenas no século XIX. Destaca a ajuda prestada pelo povo alemão no crescimento do Brasil. Dá conhecimento de suas vivências com o povo alemão. Cita a poetisa Cora Coralina. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Célia Leão.  

 

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  A SRA. PRESIDENTE – CÉLIA LEÃO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Quero, agora, compor a nossa Mesa, aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Com muita honra, muita alegria, quero convidar o Sr. Rainer Müller, vice-Cônsul da República Federativa da Alemanha. Por favor, uma salva de palmas ao Sr. Rainer Müller. (Palmas.)

Quero também convidar, com a mesma honra, com a mesma alegria, o Sr. Stefan Grafg Von Galen, Presidente do Colégio Benjamin Constant, por favor, uma salva de palmas ao nosso convidado. (Palmas.)

Com a mesma alegria, com o carinho, que essa Casa recebe o Sr. Klaus Wilhelm Lege, Presidente da Corporação Alemã da Cidade de São Paulo. (Palmas.)

Chamando nosso último convidado para compor essa Mesa, o Sr. Rolf Wiegel, Presidente do Clube Transatlântico. Por gentileza, uma salva de palmas ao Sr. Rolf. (Palmas.)

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Senhoras convidadas, Senhores convidados, essa Sessão Solene foi convocada pelo Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Barros Munhoz, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Alemã.

Antes de entoarmos os nossos Hinos, da Alemanha e Nacional, eu quero pedir licença aos Srs., para aqui fazer com muito carinho a saudação além do Presidente Deputado Barros Munhoz, que abriria essa Sessão Solene como de praxe, e depois passaria a Presidente àquele Deputado que fez a convocação e o convite, que seria na ordem, o Deputado Barros Munhoz e Deputado Roberto Engler; ambos, por uma questão de trabalho, de agenda, não puderam estar presentes. Mas o Presidente dessa Casa pediu que eu transmitisse a todos os Senhores e Senhoras um abraço fraterno, o agradecimento por estarem nesse Parlamento para uma noite festiva, de comemoração, de homenagens. Onde nós, da Assembleia Legislativa, rendemos a toda comunidade alemã. Recebam, portanto, o carinho e apreço do Deputado Barros Munhoz, e mais do que isso e junto com isso, alguém muito especial. Especial para a comunidade que já o conhece, especial para essa Casa, onde tem feito um trabalho diferenciado enquanto representante da sociedade do Estado de São Paulo nesse Parlamento, e alguém muito especial, muito amigo, muito querido da nossa parte; Deputado Roberto Engler, que tem a sua atividade da vida pública, mestre e Doutor em matemática na Universidade Estadual, homem que tem um currículo ilibado; alguém, que já escreveu a história do Estado de São Paulo, que chamou os Senhores e Senhoras para estarem aqui hoje, que recebeu um chamado de um grupo e não pôde se furtar, tal a grandeza e o compromisso que ele tem na vida pública e, portanto, me delegou que eu pudesse, não a altura dele, mas fazer e levar a cabo essa Sessão Solene. Confesso às Sras. e aos Srs., que me senti muito honrada por ter sido a elegida, a escolhida pelo Deputado Roberto Engler.

Certamente ele faria com a maior competência, mas tenham a certeza de que coloquei a minha melhor roupa, passei um batom (que eu gosto) e passei o meu melhor perfume para atender o que todos os senhores, minimamente, merecem nessa noite. Portanto, venho aqui com muita alegria, venho aqui para aplaudi-los, conduzir essa sessão e ouvir esses grandes homens, que tem muito a historiar nessa Sessão Solene, da vida, da comunidade, da Alemanha, vivendo e morando aqui no Brasil. Portanto, essas considerações iniciais que pedi licença para fazê-lo, e faço com muita alegria. E por favor, sejam todos bem vindos; uma salva de palmas à nossa comunidade alemã nesse início dos trabalhos. (Palmas.)

Agora convido todos os presentes para ouvirmos os Hinos Nacionais da Alemanha e do Brasil, executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Subtenente PM Emerson Pereira. Por gentileza.

 

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- São executados o Hino Nacional Alemão e Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Obrigada. Podemos aplaudir a nossa Banda da Polícia Militar, sob a regência do Subtenente PM Emerson Pereira. Muito obrigada pela participação dos senhores. E como se diz em alemão, Dankeschön. Dando sequência a nossa Sessão Solene, gostaríamos de agradecer e registrar a presença do Capitão PM Antonio Carlos Luz Magalhães, representando o Coronel da Polícia Militar José Luiz Martins Navarro, que é Chefe da Assessoria Policial Militar da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Agradecemos com muita alegria a presença do Sr. Cláudio Pieroni, Presidente do CONSCRE. Queremos, agora, dar continuidade à nossa Sessão Solene, dizer que aqui de cima nós temos o privilégio de poder olhar o todo do Plenário, e agradecer pela beleza do Plenário, as senhoras e os senhores participando, um Plenário muito significativo, com a importância de reconhecermos os trabalhos das comunidades que vivem e não são poucas, imagino talvez todas, do mundo aqui no nosso Brasil e em especial nossa São Paulo. São Paulo, Estado, capital, só somos o que somos e somos grandes, e falamos isso com humildade, mas com o reconhecimento de um Estado que é pujante, que é o carro chefe dessa nação e que é reconhecido em toda América Latina. Mas somos o que somos porque somos uma miscigenação de raças, credos e religiões, mas de um brasileiro que não é só ele, é um brasileiro misturado, bem mesclado, com diversas raças e populações do mundo, entre as quais os senhores são mais de cinco milhões de alemães que nos ensinam a cada dia.

E os senhores sabem que tem feito isso a nós, brasileiros. Por isso sempre uma eterna palavra de gratidão à coragem, ao compromisso e à responsabilidade de sair de uma terra tão pujante, tão bonita, tão bem preparada e tão bem cuidada para vir aqui no nosso Brasil, também lindo, maravilhoso. Mas certamente um Brasil ainda a ser construído, um Brasil que precisa de muito apoio, precisa de muitas mentes brilhantes, as quais sem sombra de dúvida são os senhores e senhoras, que tem esse potencial de nos trazer dentro das mentes brilhantes informações, ajuda, sugestões, educação, desenvolvimento, geração de emprego e renda. Tenham a certeza de que nós, brasileiros, sabemos reconhecer isso de forma singela, muito pequena em termos de tamanho ao que nós gostaríamos de agradecer. É por isso que fazemos essa Sessão Solene, é por isso que o Deputado Roberto Engler sempre se preocupa e tem o carinho de passar mesmo que por poucas horas, mas são as horas que mostram o carinho do Parlamento e a história dos brasileiros. Dando continuidade à nossa Sessão Solene, essa Presidência convida o Sr. Stefan Graf Von Galen, Presidente do Colégio Benjamin Constant. Por favor, Presidente.

 

O SR. STEFAN GRAF VON GALEN - Exma. Deputada Célia Leão; prezado Cônsul Adjunto da República Federal da Alemanha em São Paulo, Sr. Rainer Müller; prezado Presidente do Clube Transatlântico, Sr. Rolf Wiegel; prezado Presidente da Corporação Alemã, Dr. Wilhelm Lege; prezados amigos do CONSCRE; prezadas senhoras e senhores.

Pelo oitavo ano consecutivo, estamos nos reunindo nessa Casa para comemorar o Dia da Comunidade Alemã, que na realidade é dia 25/07, mas devido ao recesso parlamentar sempre é comemorado em agosto.

Nobre Deputado Roberto Engler, mesmo ausente, uma vez mais os nossos agradecimentos por ter abraçado essa causa e também o nosso obrigado pelo apoio que sua equipe nos tem dado para que esse evento se concretizasse novamente. Muitos dos presentes talvez se perguntem por que esse ato solene se repete anualmente, se todos os anos se fala sobre o mesmo tema, a imigração alemã no Brasil, a língua, cultura e tradição alemã.

Precisamos voltar ao passado, em 1825, quando os primeiros imigrantes aportaram no Brasil. Com certeza a grande maioria não imigrou porque queria, mas sim por necessidade, pois ninguém abandona sua pátria se não houver um motivo. E neste havia dificuldades que se passava a Alemanha, os nossos antepassados vieram ao Brasil para oferecer aos seus familiares uma perspectiva de vida melhor do que a Alemanha poderia lhes dar. Foram anos e anos de sacrifício e trabalho, mas conseguiram superar todas essas adversidades e ajudaram a construir o Brasil.

É nesse exemplo que nós devemos nos espelhar e com gratidão preservar o que de mais valioso os nossos antepassados nos deixaram, ou seja, a língua, cultura e a tradição alemã. Mas porque estou enfocando nisto? Porque estou percebendo que esses valores estão se perdendo com o tempo. A geração jovem de hoje não dá a devida importância a esses valores; e com o desaparecimento das gerações mais velhas, a transmissão para as gerações futuras não acontecerá. Temos exemplos concretos principalmente nos dois estados do sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde a colonização alemã é grande. Em praticamente todas as localidades e cidades há festas tradicionais, festas alemãs, mas a maioria da população não fala mais alemão. Isso quer dizer, mantém-se uma tradição, uma cultura, mas não se cultua uma língua. Mas por quê? Porque na maioria das escolas, sejam elas públicas ou privadas, não selecionam o idioma alemão, mesmo as crianças sendo predominantemente descendentes de alemães. Sejam elas de qual geração forem. O exemplo da não importância ao descrito acima foi citado no jornal alemão “Brasil Post” dessa semana. Uma região do sul de colonização alemã, o dia 25/07 é comemorado como dia do motorista ou dia do amigo, e não mais como dia da emigração alemã.

Precisamos de alguma forma nos engajar para que essa situação se reverta. As grandes escolas alemãs que lecionam alemão já fazem sua parte. Apesar de que um percentual grande dos alunos não tem descendência alemã. O que precisará ser atingido são as escolas do interior dos dois estados citados anteriormente. Precisamos trabalhar junto aos estados, principalmente junto aos municípios, para que o ensino da língua alemã, nessas pequenas localidades, volte a ser lecionados. Desta forma a cultura e a tradição alemã também serão mantidas. Precisamos também contar com o apoio do Governo alemão, através da embaixada e dos respectivos consulados, para podermos atingir esse objetivo.

Temos aqui em São Paulo inúmeras pessoas que sempre lutam por esses objetivos, quero citar dois nomes que o fizeram e respectivamente ainda o fazem. O Sr. Ingo Renaux, que infelizmente não está mais entre nós e que durante muitos anos foi o Presidente da Corporação Alemã e a sucessora, a Sra. Ursula Dormien, que ainda hoje luta através do jornal “Brasil Post”, para que esse tripé, essa chama, que são a língua, cultura e tradição alemã, não morra.

O nosso muito obrigado a eles.

Por todos esses motivos que acho importante a comemoração anual do Dia da Comunidade Alemã, para que façamos a nossa parte e que essa chama fique acesa e não se apague lentamente. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada. Nós agradecemos a palavra do Sr. Stefan. Antes de começarmos essa sessão, conversávamos um pouquinho e descobrimos que para qualquer evento sempre existe algum culpado. E o Sr. Stefan é essa pessoa, a qual essa Casa agradece imensamente por ter a oportunidade, pelo oitavo ano consecutivo, de poder homenagear a comunidade alemã. Muito obrigado e parabéns.

Queremos agora, dando sequência, convidar com o mesmo entusiasmo, o Sr. Klaus Wilhelm Lege, Presidente da Corporação Alemã da cidade de São Paulo. Por gentileza, Dr. Klaus.

 

O SR. KLAUS WILHELM LEGE - Exma. Deputada Célia Leão, autoridades aqui presentes, a contribuição alemã para o desenvolvimento do Brasil consiste em uma história de conhecidos homens e mulheres originários de países de língua alemã, ou desbravaram regiões até então desconhecidas, agindo com diligência e
perseverança, colonizaram e pesquisaram fazendo-o ainda, e certamente continuarão a fazê-lo no futuro. Estes homens e mulheres, brasileiros em sua grande maioria, foram e ainda estão envolvidos de alguma forma em instituições de língua alemã ou desta
origem, como escolas, clubes esportivos, institutos culturais, congregações, etc.

As instituições de língua alemã e desta origem realizam projetos com recursos muito limitados e com grande dedicação pessoal de seus associados. Longe dos seus países de origem, eles têm conservado as suas características positivas, as que são geralmente peculiares aos “alemães no sentido mais amplo”, tais como confiabilidade, meticulosidade e pontualidade, bem como capacidade de organização, consciência da qualidade e disciplina.

Estas instituições de língua alemã e de origem alemã, unidas na “Aliança das Instituições de Língua Alemã”, baseiam-se no trabalho voluntário ou honorário de seus dirigentes, independentemente do país de origem e da religião. Elas vivem da criatividade e iniciativa dos seus associados e exercem as suas atividades com um grande gasto de tempo e significativos aportes financeiros de seus associados. Seu trabalho é absolutamente transparente, No futuro, a contribuição decisiva da “Aliança das Instituições de Língua Alemã” em São Paulo será, internamente, a promoção de jovens brasileiros e a preparação de executivos para os postos voluntários. Externamente, espera-se que estas instituições de língua alemã e desta origem
 colaborem na responsabilidade social, junto com os empresários associados às Câmaras da Alemanha, da Áustria e da Suíça, bem como junto às respectivas missões diplomáticas.

Esse compromisso de responsabilidade social dos integrantes da “Aliança das Instituições de Língua Alemã” é também uma contribuição para uma simpatia maior em favor de seus países de origem. Em última análise, isso promove, apesar de exportações de investimento e de turismo com estes países de origem, também competições esportivas, eventos culturais e trabalhos sociais. Através de projetos nestas áreas intimamente ligadas, as instituições de língua alemã e de origem alemã fecham o círculo de responsabilidade social das instituições da Aliança. Para fomentar a criação de projetos esportivos, culturais e sociais, o instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha foi recentemente ativado pela Câmara Brasil-Alemanha. Renasceu com o objetivo de atender e de suprir as necessidades de interessados em beneficiar-se por mais projetos fiscalmente incentivados. O ato de lançamento se realizará no dia 28 de agosto de 2012; os convites já estão em suas mãos.

A divulgação através do Site da Aliança também vai começar nestes dias. Todos os dirigentes da “Aliança das Instituições de Língua Alemã” em São Paulo são convocados para beneficiar-se de mais desta ferramenta para promover as suas instituições. Deixem-me terminar agradecendo a todos os dirigentes das instituições unidas na Aliança pelo seu trabalho no último ano. Quero incluir expressamente nestes agradecimentos à Editora, Redatora Chefe e Diretora Responsável do Semanário “Brasil Post”, Ursula Dormien, minha antecessora no cargo de Porta Voz da “Aliança das Instituições de Língua Alemã”.

Nosso muito obrigado também à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo na pessoa da Exma. Deputada Célia Leão. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Nós que agradecemos. Uma salva de palmas ao Presidente da Corporação Alemã, Dr. Klaus Lege. Muito obrigado pelas palavras que o senhor nos proferiu.

Antes de dar continuidade e chamar nosso próximo convidado, quero comunicar aos presentes que essa Sessão Solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 18 de agosto, às 21 horas, nos canais, NET canal 13, TVA canal 66, TVA Digital canal 185 e TV Digital Aberta canal 61.2. Portanto, é uma forma também não só dessa Casa e os presentes poderem apreciar essa Sessão Solene e participar dela, mas como também dezenas, centenas, milhares de pessoas que, através da TV Web e nos outros canais no próximo sábado, dia 18 de agosto às 21 horas, poderão ter oportunidade de apreciar a Sessão Solene.

Dando continuidade, agora teremos o privilégio de ouvirmos as palavras do Sr. Rolf Wiegel, Presidente do Clube Transatlântico. Por favor, Sr. Rolf. Muito obrigado.

 

O SR. ROLF WIEGEL - Exma. Sra. Deputada Estadual Célia Leão; prezado Sr. Rainer Müller, Cônsul Geral Adjunto da República Federativa Alemã; caro amigo Klaus Wilhelm Lege, porta-voz das instituições alemãs aqui em São Paulo; caro amigo Stefan Graf Von Galen, Presidente do Colégio Benjamin Constant.

Ao ser convidado para dar uma palestra frente a essa importante Casa, me perguntei o que eu poderia acrescentar a esse tema já tão comentado no decorrer de tantos anos. O que restaria para mim. Finalmente lembrei-me das minhas próprias raízes, minha terra natal, em Boppard, na beira do rio Reno, aos pés do Hunsrück. E não é que foi justamente desta região, que tantas famílias iniciaram o difícil caminho para o Brasil? Assim nasceu meu titulo para hoje, Fernweh, para o Brasil, Nostalgia para o Hunsrüok. Com o primeiro problema, pois a palavra Fernweh não existe em português. Eu gostaria de traduzir a palavra Fernweh como paixão de explorar países distantes. Primeiramente eu me perguntei, como estas famílias planejaram sua viagem para o Brasil?  Não existia um trem de Hunsrück para Frankfurt para lá pegar um avião da Lufthansa e voar ao Rio ou São Paulo. E mais ainda, como essas pessoas podiam saber se no Brasil encontrariam a sua felicidade, a sua sorte? Bem, vamos relembrar a história.

O início da emigração ao Brasil originou-se devido ao casamento da
Arquiduquesa Leopoldina, da família Habsburg, com o jovem Imperador Pedro I, no dia 13 de março de 1817. Nessa época, no Brasil, havia guerras e invasões nas fronteiras brasileiras. A Imperatriz Leopoldina estava ciente que a sua tia, a Imperatriz Maria Theresia, havia mandado colonizar a região ao longo do Rio Danúbio, para enfrentar o avanço dos turcos que ameaçavam o território austríaco em direção à Europa central. Neste sentido, ela achava que uma colonização mais intensa no sul do Brasil poderia ajudar a fortalecer a situação geopolítica. A descendência alemã da Imperatriz influenciou, portanto, o recrutamento de alemães como colonizadores. Portanto, solicitaram à Embaixada na Alemanha, através do Major Anton von Schäfer, que lá estava à serviço do Brasil, de organizarem uma missão de preparar pessoas voluntárias e interessadas em assentamentos em terra brasileira. Foi elaborado um bonito formulário impresso de emigração, que em uma primeira etapa era colocado nas mãos dos interessados em sair do país. As seguintes ofertas e privilégios podiam ser lidos neste formulário, doação de cerca de 50 hectares de terra; cavalos, gado, ovelhas, porcos e galinhas, de acordo com o tamanho da família; sustento no primeiro ano, um Franco por cabeça, no segundo ano a metade disso; 10 anos de isenção de impostos, após este período 10% da produção; além de passagem gratuita para o Brasil, a concessão de direitos civis e de se naturalizar. Essas ofertas eram tão atraentes, que muitas pessoas viam nelas uma melhoria em sua situação. Entretanto, o caminho até a emigração era bastante duro. Existia um longo e dispendioso caminho até as autoridades, que os interessados tinham que enfrentar para conseguir a autorização de emigração.

Além disso, havia despesas de viagem até o porto de saída e as taxas de pedágio, caso tivessem que atravessar outros Estados. Acrescentando ainda as despesas durante a espera no porto de partida, já que um navio de transporte nem sempre chegava à data prevista, fazendo com que as pessoas tivessem que aguardar semanas para poderem finalmente embarcar. Para cobrir essas despesas, as famílias tinham vendido praticamente tudo que possuíam em sua terra natal e mesmo assim, para uma ou outra não era o suficiente, e elas tinham que viajar de volta ao Hunsrück, mais pobre ainda. Naturalmente esses fatores também levantaram vozes críticas, que eram contra a emigração. Em muitos lugares não se gostava desses aliciadores, já que as guerras napoleônicas trouxeram muita miséria e angústia sobre a Alemanha, tendo dizimado o número dos agricultores e trabalhadores rurais que ainda tinham saúde, e os que ainda podiam prestar o serviço militar. Devido a isso, em alguns lugares, os recrutadores também eram perseguidos pelas autoridades. O Senado de Hamburgo, pelo contrário, encarava este recrutamento como algo muito bem-vindo, pois desta forma podiam se livrar de uma boa parte dos vagabundos e vigaristas, simplesmente enviando-os ao Brasil. baderneiros condenados à prisão, que então tinham que prometer que não voltariam mais à cidade de Hamburgo. Outros Estados tomavam medidas imediatistas contra Schäfer e seus ajudantes, proibindo o recrutamento de emigração.

Em uma advertência aos Distritos Policiais consta o seguinte, “Caso este indivíduo entre em seu distrito, ele deverá ser observado atentamente durante a sua permanência e, caso necessário, devera ser advertido. Caso essa advertência não for levada a sério e o mesmo tentar aliciar pessoas para emigração, o mesmo deverá
ser preso e levado a julgamento para ser punido”. Mesmo assim, muitos se decidiram pela emigração, seduzidos pelos privilégios oferecidos aos colonizadores interessados. Especialmente devido à situação dramática no Hunsrück, onde aconteceu uma grande explosão populacional, em alguns lugares de 15% a 20% ao ano, que
levou a um grande desemprego e trouxe problemas no abastecimento do povo rural. Para onde o agricultor e seus filhos poderiam ir, se a herança recebida depois de uma divisão real, não era o suficiente para se alimentar? Em todos os lugares existiam pessoas demais. Finalmente as autoridades perceberam isso e até incentivavam os interessados em sair.

Agora eu quero apresentar uns trechos da história da emigração de Johann Nikolaus Mallmann e sua esposa, Magaretha Ketzer. Tirei essas informações de uma pequena brochura genealógica, criada pelo Padre Augusto Mallmann, do Rio Grande do Sul. Infelizmente ele faleceu no inicio deste ano. Mas até uma idade avançada ele organizava encontros, tanto no Brasil como em Hunsrück, entre pessoas do clã Mallmann. Johann Nikolaus Mallmann nasceu em Halsenbacn Hunsrück, de família católica. Aprendeu a profissão de ferreiro. Casou-se no dia 31de janeiro de 1815, com Maria Margaretha Ketzer, natural de Perscheid, aldeia situada a 15 km ao sul de Halsenbach. Em 1826, Johann Nikolaus tomou a decisão que mudaria os destinos de sua família e de suas descendências.

No livro, onde foi registrado o casamento, acrescentou o pároco de Perscheid, em latim, o seguinte: imigrou em 1826 para o Brasil. Na despedida comparecia em peso a comunidade. Juntos iam ao cemitério e depois à igreja. Seguiam-se os abraços, os beijos e as lágrimas. Neste mundo já não haveria reencontro. Logo começaram o difícil caminho para um porto marítimo e ali esperavam a vinda de veleiro. Em tais viagens não faltaram perigos, sofrimentos e doenças. Muitos morrerem em alto mar. As vítimas foram principalmente as crianças.

Comemora-se a chegada de Johann Nikolaus e família com quatro filhos em Leopoldo no dia 16 de dezembro de 1827. Daqui subiram a Dois Irmãos. A vida em Dois Irmãos não foi fácil. Tiveram de enfrentar a solidão, o medo dos animais ferozes, das onças, das cobras e dos silvícolas, que raptaram e mataram vários imigrantes. Perceberam logo que não podiam contar com as autoridades brasileiras. Eles mesmos, para educar seus filhos e os outros quatro filhos que nasceram no Brasil, construíram as escolas, formaram e pagaram os professores. Era natural que, nessas circunstâncias, a alfabetização fosse feita na língua de origem. Em 1835, sete anos após a chegada a Dois Irmãos, começou a Revolução Farroupilha. Johann Nikolaus Mallmann foi arbitrariamente obrigado a prestar serviço militar. Foi uma crueldade. Visitou a família sem licença e por isso foi preso e considerado desertor. As autoridades, a duras penas, concederam-lhe a anistia. Alegaram que Johann Nikolaus Mallmann se fez digno de perdão, por ser idoso e legalista desde o principio da Revolução, e por ser a primeira vez que deu um passo tão inconsiderado. O perdão para Mallmann foi concedido e logo ele se retirou para Dois Irmãos. Johann Nikolaus findou a sua peregrinação mais ou menos aos 56 anos de idade, por volta de 1848. Sua esposa, Maria Magaretha Kotzer, morreu 11 anos depois.

Minhas Sras. e meus Srs., ao se interessar por este tema, descobre-se que ainda hoje o histórico da emigração daquela época continua a ter um lugar de grande importância nos arquivos dos Estados, cidades e povoados nas diversas regiões da Alemanha.

Todos os anos existem, justamente em Hunsrück, muitos encontros entre pessoas que querem conhecer a sua terra natal e suas origens familiares. E não se trata aqui apenas de música, trajes típicos ou grupos de dança. Há algum tempo atrás um brasileiro fez uma apresentação no Instituto de História de Palatinado, em um dialeto de Hunsrück perfeito, ‘jemand hat mehr gesacht ich soll zu dir gehe du kennest mer helfe. Mei Leit sinn vor Hunnert un Fuffziger Johr aus'm Hunsrick no Brasilie kumme awwar ma wisse net vun weller Stodt’, “Alguém me disse que eu devo ir até você, que você poderia me ajudar. Nossa gente veio há 150 anos do Hunsrück, mas não sabemos de qual cidade”. De fato puderam ajudar esta pessoa e o colocaram em contato com seus parentes distantes. Isso não é incrível? Processamento e preservação da nossa história. Todos nós devemos ajudar para que a história das nossas raízes não desapareça. O diretor de cinema Edgar Reiz mostra como este tema ainda hoje tem um papel importante. Bem, talvez seja também a magia que o Brasil sempre exerceu sobre nós,
alemães. Ele está dirigindo em Hunsrück o seu quarto filme da Série “Heimat”, Terra Natal. Desta vez com o título “Os Imigrantes”, que conta os destinos das pessoas que há algum tempo deixaram o Hunsrück, no início do século 19, e fizeram a viagem incerta para o Brasil. Deixem-me terminar a minha apresentação com uma canção. Não tenham medo, eu não vou cantar, que eu encurtei um pouco, era cantado pelos imigrantes no caminho ao porto de embarque. Eu gostaria de ler o poema em alemão e explicar o conteúdo dele em português.

Wir treten jetzt die Reise, Zum Land Brasilien na, Sei bei uns Herr und Weise, Ja mache selbst die Bahn Durch Gott sind Wir berufen, Sollst käm's uns nie in Sinn, So glauben Wir und Wandern, Auf sein Geheib dahin”.

Tradução: Agora estamos iniciando a nossa viagem para a Terra Brasil. Esteja ao nosso lado Senhor e nos indique. Sim, trace pessoalmente o nosso caminho. Fomos chamados por Deus. Senão nunca pensaríamos nisso. Assim acreditamos e caminhamos de acordo com a sua indicação.

Jetzt geht das Schiff ins Meere, Bald ist es voll im Lauf, So falten wir die Hände, Zu Gott seh'n wir hinauf. Sei bei uns auf dem Meere, Mit gnadenreicher Hand, So kommen Wir ganz sicher, In das Brasilien Land”.

Tradução: Agora o navio vai para o mar. Logo estará navegando a todo vapor. Assim juntamos as nossas mãos, olhamos para Deus nas alturas. Esteja conosco no alto mar com sua mão cheia de graças, Chegaremos assim com certeza na Terra do Brasil.

Willkommen spricht der Kaiser, Willkommen seid ihr mir, Ihr sollt Anteil bekommen, An meines Lands Revier Ich Will euch wohl beschützen, Mit gnadenreicher Hand, Ihr meine Untertanen in dem Brasilien Land”.

Tradução: Sejam bem-vindos, diz o Imperador. Bem-vindos por mim são vocês. Vocês devem receber parte das terras de minha área. Eu os protegerei muito bem com a mão cheia de graças, vocês, meus subordinados, aqui na Terra do Brasil.

“Ach majestät'scher Kaiser, Zu Füben fallen wir, Wir huId'gen ew'ge Treue, Solange wir Ieben hier, Sind jetzt mit euch verbunden, Und nehmen gern die Hand, Damit sie uns geleite, Durch das Brasilien Land”.

Tradução: Ó, Imperador majestoso; caímos aos seus pés e juramos fidelidade infinita enquanto vivermos aqui. Estamos agora ligados à tecnologia da informação e aceitamos com prazer a sua mão para que ela nos guie por esta terra, Brasil.

Gott höre unser flehen, Sei bei-uns in der Not Verlass uns nicht in Leiden, Verlass uns nicht im Tod, Erieil uns deinen Segen, Mit deiner Vaterhand, Dann fühI'n wir uns geborgen, In dem Brasilien Land”.

Tradução: Deus ouviu as nossas preces. Esteja conosco na angústia. Não nos abandone no sofrimento. Não nos abandone na morte. Dê-nos a sua benção com a sua mão de pai, e então nos sentiremos seguros aqui na terra do Brasil.

Minhas senhoras e meus senhores, desejo a todos um dia muito agradável em memória ao Dia da Comunidade Alemã, aqui nesta Assembleia Legislativa no dia 13 de agosto de 2012. Muito obrigado pela atenção. 

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Nós é que agradecemos, Sr. Rolf Wiegel, Presidente do Clube Transatlântico. Obrigada por sua participação e sua fala. Estamos muito gratos por isso.

Quero, ainda nessa Sessão Solene, além de lembrar, convidar a todos os presentes, à possibilidade de cada um, para que conheçam de perto a exposição que está sendo realizada no Hall Monumental da Casa, da Assembleia Legislativa de São Paulo, que trata da imigração pelo sistema de parceria voltada para o atendimento das necessidades de mão de obra no Brasil colonial. Na verdade, essa exposição trata-se de um resgate à experiência migratória baseada no sistema de parceria promovido pelo Senador Nicolau Pereira Vergueiro, do século XIX, era uma forma de contratação da mão de obra baseada na parceria. Ou seja, no chamamento de imigrantes europeus para substituírem, em parte, o uso de mão de obra escrava.

Os imigrantes buscam no Brasil melhores condições de vida. Essa modalidade de emigração teve início na Fazenda Ibicaba em Limeira, Cordeirópolis, Estado de São Paulo, a partir de 1841. Em um período de dez anos, aproximadamente 50 mil imigrantes foram contratados por fazendeiros da então Província de São Paulo para trabalhar na cultura do café. A empresa Vergueiro & Cia. mantinha um escritório em Hamburgo e agentes de emigração em Portugal, na Suíça e na Alemanha. A mostra ainda retrata o cotidiano de imigrantes alemães e suíços, assim como a revolta dos colonos na Fazenda Ibicaba, fato que registra a decadência do sistema de parceria, culminando com a contratação dos italianos por jornada de trabalho. Trata-se de interessante reunião de fatos históricos, que apontam algumas das origens da construção do Estado de São Paulo nos moldes em que conhecemos hoje.

Feita inicialmente para ser instalada no Ballinstadt Auswanderermuseum Hamburg, Museu da Emigração de Hamburgo, agora foi traduzida ao português. Este museu é um dos mais importantes da Alemanha no que tange à emigração europeia. Patrocinada pelo Instituto Robert Bosch e pela Fundação Visconde de Porto Seguro, a exposição abriga 26 painéis. A pesquisa empreendida por José Eduardo Heflinger Júnior em arquivos europeus contou com o apoio da Swiss International Air Lines, da Köhler Stiftung, de Munique, do professor Gilberto Calcagnotto (Hamburgo) e de João Luis Scholl.

Convidamos todos para visitar, na medida do possível, essa exposição que acontece aqui na Assembleia Legislativa, e agradecemos pela exposição.

Dando continuidade, chamaremos com muita emoção, com muita alegria, o nosso Cônsul Sr. Matthias Von Kummer não pôde estar conosco, está em um trabalho cumprindo o compromisso de uma agenda, mas está conosco aqui o Sr. Rainer Müller, vice-Cônsul da República Federativa da Alemanha. Sr. Rainer, é uma alegria, uma honra recebê-lo nesse Parlamento representando também o nosso Cônsul da República Federativa da Alemanha. Muito obrigada por aceitar o nosso convite. Por gentileza uma salva de palmas ao nosso vice-Cônsul.

 

O SR. RAINER MÜLLER - Exma. Deputada Célia Leão, prezado Von Galen, prezado Sr. Lege, prezado Sr. Wiegel, o prazer e a honra de poder falar nessa importante cerimônia é toda minha. Hoje nós estamos aqui reunidos para celebrar uma coisa que é muito importante, tanto para o Brasil quanto para a Alemanha. A emigração alemã no Brasil.

Como vimos nas palestras, é uma imigração que já acontece há cerca de 190 anos. Alemães vieram ao Brasil porque, na época, fugiram da pobreza na Alemanha, porque fugiram da opressão política na Alemanha também mais tarde, e o Brasil tanto para os imigrantes alemães quanto para outros imigrantes provindos de outros países, sempre foi um país muito acolhedor. O Brasil permitia que os imigrantes se estabelecessem aqui, trabalhassem aqui e vivessem aqui em paz.

O Brasil merece a nossa gratidão por isso. Mas hoje não quero falar só do passado, também quero dirigir o olhar um pouco para o futuro, pois hoje em dia as relações entre o Brasil e a Alemanha estão mais estreitas do que nunca antes. Posso lhe assegurar de que o Governo alemão é muito consciente de que o Brasil é um parceiro importante, um parceiro confiante, um país amigo que partilha dos mesmos valores que nós.

E no quadro de estreitas relações entre Brasil e Alemanha hoje em dia, o Estado de São Paulo tem um papel de destaque. Aqui em São Paulo há mais de 900 empresas de origem alemã. Isso faz do Estado de São Paulo o maior parque industrial alemão no mundo fora da Alemanha. Mas além da indústria e do comércio, nós também temos relações culturais vibrantes. Temos relações na área da ciência.

Em fevereiro deste ano o Ministro Alemão dos Negócios Estrangeiros abriu aqui em São Paulo o Centro Alemão de Pesquisa. Isso mostra a importância de São Paulo. Também tem a cultura, também há as associações alemãs aqui e todos contribuem para fazer dessa relação entre os nossos povos e nossos países algo que podemos considerar valioso e importante. Também quero aproveitar esta ocasião para falar um pouco sobre o ano Brasil-Alemanha, que está projetado para os anos 2013 e 2014. Durante 12 meses, a Alemanha vai se apresentar em todas as suas facetas aqui no Brasil. A ideia do Governo alemão é aproximar ainda mais a cultura alemã, a indústria alemã, a arte alemã dos brasileiros. E eu acho que isso é um projeto muito importante e ficaria muito grato à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e também aos Srs. descendentes de alemães, se as partes pudessem contribuir para fazer desse ano, Brasil e Alemanha, um sucesso.

Para terminar, quero agradecer a Assembleia Legislativa de São Paulo por ter feito deste Dia da Imigração Alemã e desta linda cerimônia, uma tradição. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Nós é que agradecemos ao Sr. Rainer Müller pelas suas palavras, pela sua exposição e, sobretudo, pela sua presença. Leve o nosso abraço e o nosso apreço ao nosso Cônsul também.

Indo para o término dessa sessão e com a emoção e alegria de estar com todos os presentes aqui, nós queríamos somente depois das falas, que nos traz de forma sucinta toda uma história, toda uma luta e muitas vitórias da comunidade alemã junto com os brasileiros, fazendo a história do Brasil, em acrescentar algo para me sentir copartícipe dessa festa. Quero ainda acrescentar que o primeiro alemão a chegar ao Brasil foi o astrônomo e cosmógrafo Meister Johann. Foi ele que acompanhou Pedro Álvares Cabral e forneceu a certidão de nascimento do Brasil, e logo o Brasil nasceu com certa paternidade alemã. Nos primeiros anos do Brasil, ainda tivemos o prazer de receber outro alemão que contribuiu para nossa história. São de Hans Staden alguns dos principais textos da nossa literatura quinhentista, com descrições pormenorizadas dos primeiros momentos do Brasil. Mas a imigração em maior escala se intensificou somente nas primeiras décadas do século XIX, como todos sabem.

O Rio de Janeiro, o Sul do Brasil e São Paulo, nossa São Paulo, receberam aqueles que com certeza foram os ancestrais de muitos aqui. A corrente imigratória foi compassada e se estendeu até meados do século passado. Em sua maioria, os alemães brasileiros eram camponeses, artesãos, em busca de novas oportunidades. Entre outros fatos, o fim da 1ª Guerra Mundial intensificou a imigração. Na década de 20 do século XX, mais de 75 mil alemães chegaram ao Brasil. E grande parte deles se dirigiu a São Paulo. Mas a característica principal dos alemães, e não só dos que vieram ao Brasil, é o empreendedorismo. O perfil de quem chegava era de construir, adicionar, colaborar. Um perfil que contribui sobremaneira para o desenvolvimento do nosso país
Importantíssimos sobrenomes, difíceis de pronunciar, são de pessoas reconhecidamente importantes na trajetória brasileira. Todos teuto-brasileiros com atuação destacada em suas áreas. Esportes, cultura, economia, religião, artes, ciências. Render homenagens, reconhecer, louvar, preservar. Ações necessárias, ações meritórias, ações que hoje aqui
executamos, juntos. Que a originalidade alemã seja sempre cultuada e mantida nesta união absolutamente bem sucedida entre Alemanha e Brasil!

E se eu posso ainda usar desse tempo sagrado que os Srs. dispõem e dispuseram ao estarem conosco nessa augusta Casa de Leis, uma Casa bonita, uma Casa bela, uma Casa saudável, que tem, entre outras obrigações, render e fazer valer os valores dessa sociedade. Sociedade, como disse no início, miscigenada, que se mistura e faz esse Brasil crescer através de São Paulo.

Acredito em um Deus presente em nossa vida, mas não acredito que as coisas aconteçam por acaso. Elas sempre têm uma razão para acontecer, e quando o Deputado Roberto Engler me convidou e me passou essa linda tarefa, esse privilégio de dirigir essa Sessão Solene em nome dele, penso que as coisas entram na nossa frente de forma especial. Eu, que tenho uma história, sou filha de baiano, portanto, com uma forma muito brasileira de viver. E fui conhecer ao longo da minha história e trajetória um moço bom, e ao longo desses 31 anos que nos conhecemos, dos quais, 27 somos casados, pais, ele e eu, de três filhos, Rodrigo, de 24, Diogo, de 22 e Estefani Vitória, de 17. Daniel me ensinou muito porque sua família o ensinou muito. E quis, não sei se destino ou não, que eu me casasse com filho de alemães. Meu marido, o Sr. seu pai é de Frankfurt, e minha sogra é de Hanover. Aprendi um pouco com eles ao longo dessas três décadas. Claro que bem pouco perto da história da Alemanha. Como é a cultura alemã, a família alemã, a educação alemã, os princípios alemães, a postura alemã e a vida em família. Meu nome é Célia Leão, o que é de verdade. Mas com o sobrenome de casada, meu nome é Célia Leão Edelmuth. Um nome que carrego com muita honra, com muita alegria, com muita felicidade no matrimônio Brasil e Alemanha que deu certo.

Criamos nossos filhos, aprendi e pude ensinar também. Quero dizer que a Alemanha é diferenciada. Reconhecendo os valores de todos os países da Europa e reconhecendo os valores de todos os países dos cinco continentes; reconhecendo o valor da minha pátria, Brasil, que como foi dito aqui, Sr. vice-Cônsul, é um país bonito, diferenciado, acolhedor, um país de boa gente. E é verdade. Mas eu tenho que antes de encerrar as minhas palavras e essa Sessão Solene, dizer aos Srs. e Sras., e é conhecido e reconhecido isso mundialmente, não sou eu quem falo, eu só traduzo em palavras aquilo que é verdade.

Essa história começa quando meu marido em um feito, muito mais jovem do que é hoje, foi procurar emprego em uma empresa alemã, com diversos pretendentes, e ao final quando foi se afunilando entre os pretendentes, em uma prova em que ficaram duas pessoas, ele foi o escolhido. Certamente o currículo do outro concorrente também era bom, mas ele foi escolhido porque dominava o idioma alemão. Nesta empresa ele ficou vários anos, o que foi bom para todos nós. Com isso reconhecer o quanto vale o idioma alemão. Certamente o espanhol, até porque ele é argentino, certamente o inglês, porque é a língua mundial. Mas sem sombra de dúvida, o alemão é diferenciado, começando pelo idioma.

Com a 2ª Guerra Mundial, se eu posso usar esse termo talvez correto, posso me equivocar, uma terra arrasada pela guerra.

Há pouco a chefe me disse que em maio desse ano teve o privilégio de ter visitado a Alemanha; e o sorriso aumentou quando ela quis dizer da beleza daquele país.  Um país que foi reconstruído em 50 anos, com tudo. Certamente teve orçamento, tiveram recursos financeiros, nós sabemos disso. Mas mais do que recurso financeiro, mais do que orçamento, são as mentes brilhantes, são os alemães, homens e mulheres, pessoas aguerridas, obstinadas, que sabem como fazer e o que fazer. E acreditam sempre na reconstrução. E a palavra derrota, para os senhores não existe. Por isso a Alemanha é o que é. A terra não é por si só. A terra não é pela terra. A terra é pelas pessoas que vivem nela. Um país, uma pátria é pelas pessoas que vivem nela. A nação é o seu povo, e o povo alemão fez a história da Alemanha para todo um planeta.

Quero ainda acrescentar como verdade absoluta. Conto isso como um fato sem nenhuma tristeza, muito pelo contrário. A vida sempre vale, a vida vale muito, a vida vale tudo. Não importa se somos brancos ou negros, ricos ou pobres, homens ou mulheres, se andamos ou não andamos, mas muito jovem eu parei de andar por um acidente de automóvel. Situação essa que já está resolvida na minha vida há 37 anos. Casei-me, tive filhos, tenho o privilegio de representar o Estado de São Paulo, sou uma pessoa feliz. E trabalho por essa felicidade para a comunidade, junto com o Deputado Roberto Engler, mas estou contando isso só para acrescentar que quando fui buscar ou procurar uma cadeira de rodas, que a partir de então seria parte do meu corpo, um equipamento que me ajudaria novamente a conquistar a liberdade e a poder viver, mesmo que sentada, com todos os privilégios que a vida nos dá, fui buscar qual equipamento eu poderia, dentro das possibilidades que cada um tem, buscar para me ajudar a ter uma vida comum, se eu posso chamar assim.

E eu não vou dizer: pasmem-se; porque os senhores sabem obviamente que há 37 anos a minha cadeira é alemã, como tantos outros equipamentos que ajudam na tecnologia a superar dificuldades ou deficiências que a sociedade precisa encontrar novos caminhos.

Com isso eu quero dizer que na Alemanha nós encontramos sempre tudo do bom e do melhor, Deus existe e Deus abençoa, mas ele sozinho não vai fazer. É a ação da mão humana que faz. É a ação da mão humana que constrói, é a ação da mão humana que realiza. E nesse quesito, os que estão no Brasil, os que estão em outra parte do planeta e aqueles que estão na Alemanha, sabem fazer mais e sabem fazer melhor. Com grandeza, respeito e humildade.

Portanto, Dr. Jota, o senhor que é a assessoria direta do Deputado Engler, que pediu essa Sessão Solene, transmita a ele a honra e alegria de podermos presidir essa Sessão Solene e conhecer o talento de cada um, daqueles que chegaram, daqueles que procuraram um trabalho como já foi relatado aqui, da parte mais simples, da forma mais simples, mas que hoje são grandiosos. Constroem e reconstroem. Além de construir e reconstruir a nação dos Srs., ajudam a construir diversos países. Dentre eles o Brasil.

Aqui foi dito pelo nosso Cônsul que grandes empresas alemãs, e a maior comunidade do berço industrial da Alemanha depois da Alemanha é o Brasil, e é São Paulo. Portanto, hoje nós sabemos por que o Brasil cresce e porque São Paulo dá certo. É porque nós temos muitos alemães. Que se misturam aos baianos, misturam-se aos gaúchos, misturam-se aos goianos, mineiros, pernambucanos; mas os alemães estão aqui.

Eu quero encerrar essa Sessão Solene agradecendo sobremaneira cada um dos presentes. Essa Sessão Solene só tem razão de ser com os Srs. aqui presentes nessa Sessão Solene, senão ela não aconteceria. E termino dizendo que, para os nossos filhos, independente de quantos e quem são eles, nós sempre queremos o melhor. E o melhor não tem limite, melhor é melhor. E quando se trata de pai e mãe e se trata de filhos, nós temos um lema lá em casa, o possível nós fazemos, o impossível nós tentamos. E foi assim que nós colocamos nossos filhos no Colégio Visconde de Porto Seguro, porque tinha esse viés alemão. E nossos filhos, uns mais outros menos, mas de qualquer forma os três, dominam o idioma alemão. Eu não estou contando isso para engrandecer a minha família, que já é grande por natureza, mas eu estou falando isso para os Srs. entenderem o quanto essa comunidade alemã, o idioma alemão, a história alemã e o país Alemanha são importantes para que nós também cresçamos.

Quero agradecer ao Sr. Rainer Müller, é uma honra recebê-lo nessa Casa; ao Sr. Stefan, que é o responsável mais uma vez por essa noite memorável e para mim de forma especial e inesquecível; ao Sr. Klaus Lege, Presidente da Corporação Alemã aqui da cidade de São Paulo; e ao Sr. Rolf Wiegel.

Dizer que imagino, penso, que nossa grande poetiza Cora Coralina pensou nos alemães, além dos grandes poemas que fez, competência, carinho e amor com a literatura, mas uma frase que eu penso que ela fez, ou balbuciou, pensando na Alemanha. Quando ela disse: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Os Srs. são verdadeiros mestres. São Professores, são Doutores. Quanto mais os Srs. nos ensinam, mais aprendem. E quanto mais os Senhores aprendem, mais grandiosos ficam. E é isso que o mundo precisa.

Portanto, eu quero agradecer muito. Lembrando que com toda essa grandeza, a comunidade alemã me lembra um velho ditado que diz que a grandeza de um homem está na sua simplicidade, e foi e é exatamente assim. Os Srs. são grandes porque são simples. Sabem do tamanho que tem e sabem ajudar aqueles que precisam.

Por isso esta Assembleia Legislativa, Deputado Roberto Engler, V. Exa. que não está aqui fisicamente, mas está aqui de alma e coração recebendo nossos agradecimentos e recebendo a salva de palmas da comunidade alemã. Muito obrigada. Está encerrada a Sessão Solene. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 40 minutos.

 

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