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19 DE SETEMBRO DE 2005

046ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS “30 ANOS DA Embrapa - PECUÁRIA SUDESTE”

 

Presidência: BETH SAHÃO e ÍTALO CARDOSO

 

Secretário: EDSON GOMES

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 19/09/2005 - Sessão 46ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: BETH SAHÃO/ÍTALO CARDOSO

 

HOMENAGEM AOS "30 ANOS DA EMBRAPA - PECUÁRIA SUDESTE"

001 - BETH SAHÃO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido desta Deputada e dos Deputados Ítalo Cardoso e Edson Gomes, com a finalidade de homenagear  os 30 anos da Embrapa Pecuária Sudeste. Convida todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

002 - ÍTALO CARDOSO

Assume a Presidência.

 

003 - JOSÉ CARLOS ROSSETTI

Coordenador da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - Cati, aponta a importância que teve o agronegócio para manter a economia do Brasil de pé. Fala do trabalho que feito em conjunto com a Embrapa por demanda dos produtores rurais.

 

004 - ARTUR CHINELATO DE CAMARGO

Pesquisador da Embrapa, agradece às entidades e pessoas que trabalham em conjunto com a instituição, com quem divide a homenagem desta sessão.

 

005 - CARLOS PAGANI NETTO

Diretor Regional da Cati de Catanduva, detalha a parceria Cati/Embrapa em projeto cujo objetivo é promover o desenvolvimento sustentável da atividade leiteira.

 

006 - EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA

Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, recorda o contexto histórico da agricultura e pecuária no Brasil, onde se insere a empresa.

 

007 - LADISLAU MARTIN NETO

Chefe-Geral da Instrumentação Agropecuária da Embrapa, destaca a tecnologia como um fator decisivo para o desenvolvimento da nossa agropecuária. Afirma que temos hoje a melhor pesquisa agrícola da região tropical. Vislumbra o futuro brilhante que podemos ter com a produção de energia sustentável, sendo necessárias para isso a pesquisa e a inovação.

 

008 - LIBERATO ROCHA CALDEIRA

Prefeito da cidade de Valentim Gentil, fala da importância que a Embrapa tem para o nosso país, responsabilizando-a pelo sucesso do agronegócio.

 

009 - NELSON JOSÉ NOVAES

Chefe-Geral da Embrapa Pecuária Sudeste, representando o Diretor-Presidente da Embrapa, Dr. Sílvio Crestana, elenca as parcerias vitoriosas entre a Embrapa e o Estado de São Paulo, como o Projeto de Viabilidade de Produção de Leite em Pequenas Propriedades, o trabalho sobre a produtividade e qualidade de carne em raças e cruzamentos diversos, pesquisas em biotecnologia, pesquisas sobre nutrição animal e um projeto de produção de carne ovina no Estado. Menciona que o Estado de São Paulo abriga sete unidades da Embrapa.

 

010 - EDSON GOMES

Comemora o aumento de produtividade obtido pela tecnologia, exemplificando com os casos do leite e da soja. Parabeniza o Sr. Artur, reconhecido em toda parte por seu trabalho, a Embrapa e a Cati.

 

011 - Presidente ÍTALO CARDOSO

Conduz a entrega de placas alusivas à comemoração dos 30 anos da Embrapa Pecuária Sudeste.

 

012 - BETH SAHÃO

Elogia a Embrapa e suas parceiras porque têm ajudado não só o agronegócio, mas os pequenos proprietários e a agricultura familiar. Assevera que a instituição prova que uma empresa pública no Brasil pode dar certo, sendo lucrativa e tendo responsabilidade social.

 

013 - Presidente ÍTALO CARDOSO

Enaltece a Embrapa por trabalhar com alma e dedicação a sua missão. Defende o incremento dos investimentos na empresa e na agricultura por parte dos governos federal e estadual. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Edson Gomes para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - EDSON GOMES - PFL - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada..

 

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A SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Gostaria de nomear as autoridades presentes: Deputado Ítalo Cardoso, proponente desta Sessão; Deputado Edson Gomes; Dr. Nelson José Novaes, Chefe-Geral da Embrapa Pecuária Sudeste, representando o Diretor-Presidente da Embrapa, Dr. Sílvio Crestana; Sr. José Carlos Rossetti, Coordenador da Cati - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Rodrigo Garcia, atendendo solicitação desta Deputada e dos Deputados Ítalo Cardoso e Edson Gomes, com a finalidade de homenagear os 30 anos da Embrapa Pecuária Sudeste.

Convido todos os presentes para em pé ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro 2º Tenente Músico PM Luís Ricardo Gomes.

 

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-              É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA PRESIDENTE BETH SAHÃO - PT - Esta Presidência agradece à Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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-              Assume a Presidência o Sr. Ítalo Cardoso.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Boa noite. Saúdo a todos e agradeço ao nobre Deputado Edson Gomes e à nobre Deputada Beth Sahão, Presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária desta Casa, que aceitaram realizar e organizar este evento, necessário e importante para que a Assembléia Legislativa possa também homenagear a Embrapa na figura de todos os seus funcionários e técnicos pelos brilhantes trabalhos que este Estado e este país devem ao trabalho dessas pessoas maravilhosas, que não poupam esforços para que o seu saber chegue desde ao grande produtor rural até o mais humilde agricultor nos cantos do Estado e do país.

Gostaria de anunciar e também agradecer pela presença: o Sr. Liberato Rocha Caldeira, prefeito de Valentim Gentil; Sr. Fábio Quadros, neste ato representando o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Desembargador Álvaro Lazzarini; o Sr. Leny Pereira Sant’ana, Diretor da Faesp, neste ato representando o Dr. Fábio Meirelles, Presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo; o Sr. José Benedito Sacomano, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Carlos, neste ato representando o prefeito da cidade, Newton Lima Neto; o Sr. Carlos Pagani Neto, Diretor Regional da Cati - Catanduva; Sra. Maria Olímpia de Oliveira Resende, neste ato representando o Diretor do Instituto de Química de São Carlos, o Sr. Douglas Wagner Franco; o Sr. Evaristo Eduardo de Miranda, Chefe-geral da Embrapa de Monitoramento por Satélite; o Sr. Alfredo Ribeiro de Freitas, Chefe de Pesquisas e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste; o Sr. Airton Manzano, Chefe-adjunto de Administração da Embrapa Pecuária Sudeste; a Sra. Maria Amélia Lofrano, neste ato representando o Vereador da Câmara Municipal de São Paulo Attila Russomanno; o Sr. Artur Chinelato de Camargo, pesquisador da Embrapa; o Sr. Ladislau Martin Neto, Chefe-geral da Instrumentação Agropecuária da Embrapa.

Esta Presidência convida o Sr. José Carlos Rossetti, Coordenador da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral para fazer uso da palavra.

 

O SR. JOSÉ CARLOS ROSSETTI - Boa noite a todos. Cumprimento o Presidente da Sessão, Deputado Ítalo Cardoso, a Deputada Beth Sahão, o Deputado Edson Gomes, os nossos companheiros da Embrapa aí representados, e cumprimentando o Nelson gostaria de estender esse cumprimento a todos os funcionários da Embrapa que estão aqui presentes, Liberato; Poder Público municipal presente, nossos colegas e companheiros de trabalho que estão aqui, da Cati, produtores rurais.

Inicialmente gostaria de demonstrar o contentamento da instituição Cati. Digo isso não apenas do corpo técnico e administrativo, dos funcionários, mas dos produtores, que são nossos parceiros, que são nossos companheiros do dia-a-dia e motivo principal de todo o nosso trabalho. Parabéns à Assembléia pela sensibilidade deste evento.

Tínhamos até há pouco tempo a agricultura como uma coisa caipira, meio jeca. Não era muito convencional você homenagear alguma coisa relacionada à agricultura. Quando viramos agronegócio melhorou um pouco. O termo já ficou mais bonitinho e as pessoas começaram a prestar um pouco mais de atenção àquilo que era do dia-a-dia e nem percebíamos sua importância.

Mesmo hoje - tenho conversado com alguns jornalistas - preferem mais aquela notícia estrondosa, porque aquela do dia-a-dia é tão normal que não vira notícia. Por isso que pessoas ligadas a esse setor têm trabalhado muito. E a resposta está aí nos jornais.

Hoje todos dizem da importância que teve o agronegócio para manter a economia do Brasil de pé. Hoje somos, graças a Deus, motivo de orgulho. Não temos mais vergonha de assinar um documento e escrever que era um estudante ou era outra coisa, para não falar que era agricultor. Quando se recebia uma proposta ruim dizia-se “Você quer me mandar para roça?” Isso caiu em desuso e hoje me sinto companheiro não apenas da Embrapa Sudeste, mas de todos as unidades existentes no Estado de São Paulo. A instituição tem tido o apoio dessas unidades de extensão rural.

Fico extremamente satisfeito por participar de uma sessão que até pouco tempo atrás não era nem pensada. Portanto, parabenizo os Srs. Deputados pela sensibilidade em homenagear a Embrapa Pecuária Sudeste. Todos nós nos sentimos homenageados, todos os produtores do Estado de São Paulo.

Estava me lembrando de uma frase de Goethe que dizia que a alegria não está nas coisas. Ela está em nós. Então falar simplesmente do órgão Embrapa seria muito pouco, porque quem fez a Embrapa foram as pessoas. As pessoas é que determinaram o rumo, o sentido, a direção que se devia caminhar. Se o projeto deu certo é porque alguém pensou direito, porque temos aí grandes instituições e infelizmente ficam estagnadas no tempo porque as pessoas não se preocuparam.

Quero ainda dizer do trabalho que temos feito em conjunto por demanda dos produtores rurais. Estamos vendo que não é mais conversar com boi, nem mais fazer carinho em pé de capim, porque isso não adianta mais. Você dar assessoria para o pé de capim ensinar como planta capim, como é que vacina o boi, como é que anda com o boi para lá e para cá, o boi esquece, a vaca esquece; o capim é comido, rebrota e ele segue o ciclo dele. Quando trabalhamos com as pessoas com quem cuida, aí resolvemos realmente.

Portanto, a pesquisa é importantíssima para se determinar qual a tecnologia, qual a melhor forma de se trabalhar, como é que você deve proceder para ganhar dinheiro. Isso é importantíssimo. Mas a forma de você colocar essa pesquisa no campo é que faz a diferença.

Hoje todo mundo sabe, das pessoas que conhecem alguma coisa do projeto, que estamos cuidando é de gente. Esse projeto não trabalha com vaca, nem com pé de capim, porque isso inclusive é a parte mais democrática do projeto. Dentro da ditadura imposta pelo nosso amigo Artur, vocês podem ter certeza de que é uma ditadura brava mesmo. Ele chega e vai fazendo as recomendações. É uma ditadura terrível.

A parte mais democrática é essa. Você escolha a vaca que quiser. Nós estamos recomendando “você precisa fazer isso”. Eu já ouvi perguntarem muitas vezes: “Qual o capim que eu uso?” “Usa qual você quiser.” E depois a velha crítica: “Ah, o Artur não gosta muito de ração, ele gosta mais de capim.” “Espera aí, eu não. Eu gosto é de carne, quem gosta de capim é vaca. Eu estou dizendo que ele é mais barato.” Então isso fica nas costas do produtor. E me parece que eles gostaram de ter a responsabilidade de dirigir a própria vida, porque é muito fácil fazer uma pesquisa, estabelecer uma tecnologia e depois dizer: “É essa daqui. Faça.”

Não. Você é produtor rural, você é proprietário não apenas da sua terra. Você precisa ser dono da sua vida. É isso que estamos precisando um pouco mais nas pessoas que ditam o destino das coisas. É transferir a responsabilidade para quem de direito.

“Eu não quero mais trabalhar com esse negócio, vou montar uma farmácia.” Vai montar uma farmácia. Você é dono da sua vida. Se você quiser fazer, nós o apoiamos. É essa a diferença da condução. Por isso eu disse que é melhor falar das pessoas do que da instituição.

Falar da Embrapa é chover no molhado porque sabemos a importância que teve essa instituição para o desenvolvimento do país. E isso se traduz naquilo que eu disse: quando você respeita as pessoas para ser respeitado, não é aquela parceria com a qual as pessoas estão acostumadas, a parceria do bife à cavalo, que entra a galinha com o ovo gloriosamente, o boi com o bife e alguém entra só com o nome. Não adianta porque essa parceria é de cacunda. A parceria que estamos dizendo é ombro a ombro e é isto que estamos fazendo dentro do projeto de pecuária de leite, aquele convênio que temos com a Embrapa Pecuária Sudeste.

Recompondo mais de dez milhões de hectares que tem o Estado de São Paulo com a lotação de 0,7 unidades de animais por hectare, são animais de trezentos quilos. Isso não é lotação, isso não é pastagem. E o Estado de São Paulo, o maior estado da Federação, não pode simplesmente ignorar esse fato. Por isso a tecnologia vem para devolver a dignidade daquelas pessoas que estão trabalhando no campo, do mais humilde por sinal.

Estava conversando agora pouco de uma produtora que tem um hectare e meio de morro. Achou que tinha muita terra e doou um pedacinho para fazer a igreja. Tem a casa e o curral. Já está com cinco ou sete cabeças de gado e vai aumentar para poder sobreviver daquela propriedade. E está sobrevivendo e numa alegria incomum, segundo o Artur me disse. Isso é que dá um soco na boca do estômago, como disse o Artur, nas pessoas, essa demonstração de qualidade de vida que as pessoas estão procurando, essa obrigação de o Poder Público devolver esse apoio para as pessoas trabalharem.

Estou dizendo do projeto pecuário de leite como exemplo, mas vale para qualquer atividade que a pessoa estiver conduzindo. Você respeite e dê oportunidade para aquelas pessoas gerenciarem a própria vida, decidirem o rumo que vão tomar.

Estava em Dracena conversando com um produtor, dentro do programa de micro-bacias hidrográficas, um programa com essa concepção de apenas apoiar na infra-estrutura e as pessoas decidirem, porque o diagnóstico é participativo e os projetos são adequados de acordo com a orientação do próprio produtor. Ele participa ativamente de todas atividades que forem executadas no programa.

Um senhor era proprietário de uma terra. Foi feita uma bacia d’ouro comunitário - graças a Deus a Assembléia aprovou em junho deste ano a lei de alteração do uso do solo retomando os incentivos do programa. Esse senhor já estava procurando emprego para o filho e, segundo testemunho dele, na varanda da casa dele, eu levantava, me sentava nesta cadeira e não sabia o que ia fazer naquele dia.

A área totalmente degradada. Para estragar é rapidinho, mas para devolver é muito caro. O produtor não pode jogar nas costas dele simplesmente a obrigação dele recuperar essa área. E uma bacia d’ouro foi feita para o vizinho, que queria entrar no projeto de leite e ele precisava de água, porque ele precisava irrigar o pastinho dele. Precisou de mais companheiros. E ele entrou no projeto exatamente para isso, para dar o apoio para o outro. Ele já tinha recuperado a área dele.

E o que me deixou mais contente foi ver nas costas da camiseta do filho o nome da faculdade de Zootecnia que ele estava cursando em Dracena. Além de recuperarmos, seguramos mais uma pessoa no campo, mostrando que é importante isso.

Para citar um autor nacional, mais precisamente Chico Xavier, eu guardei uma frase e acho que ela se adequava muito bem a esse projeto. Chico Xavier disse que ninguém é tão infeliz que não possa produzir alguns pensamentos de bondade, nem tão pobre que não possa distribuir alguns sorrisos e boas palavras ao seu companheiro de luta cotidiana. Psicografado de Emmanuel por Chico Xavier. Não vejo nenhuma frase tão feliz para esse projeto.

Quando você vê produtores de um hectare, de dois hectares, felizes, gerando emprego e renda, nós vemos que realmente temos de acreditar na humanidade, temos de acreditar nas pessoas.

Acho de uma felicidade ímpar este evento homenageando a Embrapa e não me sinto nem um pouco diminuído, porque me considero participante desta homenagem feita para os técnicos que trabalham em agronegócio, para os produtores e para os dirigentes de órgãos públicos que têm de ditar o rumo. Parabéns Assembléia Legislativa. Parabéns Embrapa pelo seu aniversário.

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Passo a palavra ao Sr. Artur Chinelato de Camargo, pesquisador da Embrapa.

 

O SR. ARTUR CHINELATO DE CAMARGO - Boa-noite, senhoras e senhores. É uma emoção muito grande estar na Assembléia Legislativa e agradeço por essa homenagem aos Deputados Ítalo Cardoso, Edson Gomes e Beth Sahão. Quero agradecer a outras entidades presentes e que fazem parte desse trabalho em conjunto com a Embrapa, como bem disse o Dr. José Carlos Rossetti, da Cati, que fazem com que aquelas pesquisas que desenvolvemos na Embrapa sejam efetivamente utilizadas pelo produtor para benefício dele, da sua família, do município, do Estado e do Brasil.

Como entidades que trabalham conjuntamente, cito a Cati, principalmente; o programa sai do Sebrae-; o Sindicato Rural de Guaratinguetá; a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo; a Federação dos trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo; a Cooperativa Conai, de Ribeirão Preto e Franca; a CLG, Cooperativa de Laticínios de Guaratinguetá; o Itesp.

São muitas as entidades, as associações e as empresas privadas, como a DeLaval que tem nos auxiliado bastante nesse trabalho do campo, resgatando a auto-estima e a dignidade do produtor. São muitas as pessoas, como os empregados da Embrapa, que têm nos apoiado de forma direta ou indireta.

Agradeço também a algumas pessoas por quem tenho muita consideração: o Profº Vidal Pedroso de Faria, da Esalq, o meu pai do ponto de vista profissional; os meus amigos André Luiz Monteiro Novo, da Embrapa, e Edson Gonçalves, que também labuta nessa área de desenvolvimento da pecuária; aos produtores de uma forma geral, mas principalmente à minha família. Tenho a satisfação de ver no plenário a minha mãe, que veio junto com as minhas primas e a minha irmã para prestigiar esse evento, e representando a minha esposa e o meu filho que não puderam estar presentes, mas que dão total apoio a esse trabalho. Sem esse respaldo lá em casa eu não poderia me ausentar de casa toda a semana para levar alguma mensagem a esses produtores.

Uma vez, um produtor disse: “Você tem uma missão muito especial, que é a de trazer um pouco de esperança para nós porque já estamos desestimulados. Estava para abandonar a minha propriedade, ir embora para cidade e engordar a fila do êxodo rural. Hoje estou ganhando dinheiro, isso é muito importante, mas o mais importante que você trouxe para mim e a minha família foi paz, a união da minha família. E isso não há preço que pague. Deus o abençoe e que dê saúde para você continuar levando essa mensagem de esperança para mais e mais famílias, não só no Estado de São Paulo, mas a outros estados também.”

Já estamos trabalhando no Rio de Janeiro, com a Senar, e no Paraná, com a Confepar.

É isso que nos move a continuar, e espero ter saúde para prosseguir esse trabalho nos próximos vinte e poucos anos. Depois, vamos cuidar do nosso sitiozinho. Obrigado pela homenagem à Embrapa. Agradecemos muito, mas quero dividir com todas essas pessoas que têm nos ajudado a construir esses 30 anos de Embrapa. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Aproveito também para informar de alguns telegramas que recebemos, de pessoas importantes que foram convidadas, mas que não puderam comparecer e enviaram as suas mensagens: do Presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Dr. Antonio Carlos Caruso; do Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Deputado Duarte Nogueira; do Secretário de Estado da Cultura, Sr. João Batista de Andrade; do Gabinete do Sr. Governador Geraldo Alckmin; do Reitor José Tadeu Jorge; do Dr. Sílvio Crestana, representado pelo Dr. Nelson; do Deputado Estadual Carlos Neder; da Primeira-Dama do Estado, Sra. Maria Lúcia Alckmin; do Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Rodrigo César Rebello Pinho; do Deputado Marcelo Bueno. Todos enviam saudações a todos os presentes nesta homenagem.

Passo a palavra para o Sr. Carlos Pagani Netto, Diretor Regional da Cati de Catanduva.

 

O SR. CARLOS PAGANI NETTO - Boa-noite a todos. Gostaria inicialmente de dizer que hoje é um dia muito feliz. Quero repartir essa felicidade com todos os técnicos envolvidos nesse projeto, com todos que trabalham conosco juntamente com a Embrapa.

Cumprimento o Presidente da sessão, Deputado Ítalo Cardoso, a Deputada Beth Sahão, minha amiga de Catanduva, e o Deputado Edson Gomes, que propuseram essa homenagem, e agradeço o respeito e a consideração pelo nosso trabalho.

Agradeço também à Embrapa na pessoa do nosso amigo Nelson, que proporcionou a realização dessa parceria. Não poderia deixar de agradecer ao nosso amigo, Coordenador da Cati, José Carlos Rossetti, que lutou muito para que essa parceria se viabilizasse, e que hoje se tornou realidade.

Hoje estamos trabalhando, Cati/Embrapa, em mais de cem municípios paulistas. Estão sendo treinados pela Embrapa aproximadamente 250 técnicos, incluindo veterinários, agrônomos, zootecnistas, técnicos agrícolas. Embora seja um processo bastante dinâmico, podemos dizer que cerca de mil propriedades estão sendo trabalhadas com essa tecnologia.

Essa parceria é extremamente vitoriosa, como foi dito pelo Dr. José Carlos Rossetti. Ela trabalha com o indivíduo e não com a produção. O objetivo do projeto, inicialmente, é promover o desenvolvimento sustentável da atividade leiteira, resgatando ao produtor aquela vontade de trabalhar, a dignidade que ele havia perdido em função de não conhecer a tecnologia adequada.

E hoje a Embrapa nos proporcionou essa parceria juntamente com a Cati, passando praticamente esses 30 anos realizando pesquisa agropecuária. Nós temos mais de 30 anos de experiência na área de extensão rural e assistência técnica. Por isso, essa parceria é muito vitoriosa.

Para que consigamos motivar o produtor, também temos de estar muito motivados e treinados. Temos recebido esse treinamento de maneira muito inteligente pelos pesquisadores da Embrapa. Gostaria de, neste momento, fazer um agradecimento especial ao meu amigo Artur Chinelato, em nome de quem agradeço a toda equipe técnica da Embrapa, que muito tem feito pelos nossos produtores. Sabemos o quanto Artur conhece esses programas. Ele tem consciência dessa importância, do que ele representa, usando muito bem essa experiência para nos motivar e nos dar segurança para conseguir realizar esse trabalho.

Agradeço muito a todos, à Assembléia. Parabéns, Embrapa, pelos seus 30 anos. Como o Artur disse lá na festa da Embrapa, no dia 26, podíamos contar com a Embrapa, digo que podem contar conosco. Muito obrigado, que Deus nos ilumine! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Convido para fazer uso da palavra o Sr. Evaristo Eduardo de Miranda, Chefe Geral da Embrapa em monitoramento por satélite.

 

O SR. EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA - Boa noite a todos. Nobres Deputados Ítalo Cardoso, Beth Sahão e Edson Gomes; Prefeito Liberato Rocha Caldeira; em nome dos colegas do Embrapa cumprimento o nosso amigo Nelson e todas as autoridades presentes.

Sou Chefe-Geral da Embrapa - Monitoramento por Satélite, que fica em Campinas e é uma outra unidade da Embrapa. Considerando o que já foi dito, farei uma pequena consideração sobre o simbolismo do que está acontecendo aqui, hoje à noite.

Não creio que vocês vieram aqui por acaso. Ninguém está aqui por acaso. Existem razões. Algumas pessoas que poderiam ter vindo não vieram. Alguns que gostariam de ter vindo não puderam vir. E outras pessoas não quiseram vir. Vocês quiseram vir. Vocês estão aqui e nós estamos aqui.

A história da agricultura da Região Sudeste e do Brasil começa por volta de 1530, quando aqui chegou Martim Afonso de Souza, com 1.500 pessoas. Instalaram-se em São Vicente para desenvolver a agricultura. Mandaram que eles desenvolvessem a agricultura no Brasil. Ele não pediu cesta básica durante dois anos. Ele não pediu apoio para a comercialização. Ele não pediu verba, nem crédito, nada. Eles vieram daquele jeito, sem garantia de compra da safra, nada.

Pois bem, esses 1.500 homens desembarcaram em São Vicente e a primeira providência que tomaram foi derrubar as árvores para conseguir madeira, e construíram dois prédios: a capela e a câmara. Eles votaram, elegeram os vereadores e Martim Afonso passou para a câmara, na época - poderíamos chamar de Câmara Municipal, mas era como se fosse o congresso do Brasil, o poder civil, religioso, militar e penal. E esses homens começaram a governar. Nós estamos aqui numa câmara e não é gratuito.

Ali também começou a agricultura do Brasil. Chegaram os primeiros bois ao Brasil. Chegou a pecuária e a tentativa da cana-de-açúcar no litoral.

Vejo um grande simbolismo que estejamos aqui hoje, porque isso tem a ver com uma longa história. Estamos aqui não gratuitamente. Estamos inseridos numa longa história. Quando o Rossetti falou da qualidade humana, do relacionamento, da maneira de estar junto aos produtores, isso vem de longe, não podemos perder isso. Quando o colega Artur evocou as famílias, a genealogia, isso também está na nossa tradição. Nós nos inseridos nessa tradição.

A Embrapa Pecuária Sudeste, que tem 30 anos, conta com pessoas que têm mais de 30 anos de experiência em pesquisa e em administração. É verdade que se a Embrapa tem mais de 30 anos, a pesquisa agropecuária no Brasil, no sentido moderno do termo, tem mais de um século. Temos aqui instituições representadas no Estado de São Paulo com essa tradição. Temos também, no sentido amplo, mais de 200 anos de história de pesquisa agropecuária.

Portanto, se estamos hoje aqui, nos inserimos numa história marcada por perseverança e por uma certa confiança nas lideranças. A Pecuária Sudeste já teve uma grande contribuição da liderança do Nelson e de todos aqueles que têm funções lá. A nossa câmara continua com seus líderes. Essa mesma história que estamos reproduzindo. É muito provável que talvez nos reunamos daqui a meio século aqui e de novo vão se encontrar o Poder Legislativo, os que fazem a base da sociedade, a confiança em Deus, enfim, são traços da nossa história.

Em nome dos pesquisadores, dos técnicos, dos funcionários administrativos da Embrapa Monitoramento por Satélite, gostaria de cumprimentar realmente os colegas por este dia e particularmente vocês, da área administrativa, que aqui vieram. Acho que o cotidiano que vocês fazem é fundamental. Nós que somos da Embrapa conhecemos esse cotidiano e sabemos que não é fácil de ser levado atualmente, diante das dificuldades que temos na empresa e no país.

Não podemos desistir. Temos uma longa história, uma história de civilidade, de civilização marcada pela perseverança. Se a cana-de-açúcar não deu certo aqui no início, hoje ela deu certo no Estado de São Paulo. A pecuária se desenvolveu no nosso estado. Fizeram experimentos, ensaios e coisas impressionantes ao longo desses séculos e estamos inseridos nessa corrente.

É uma alegria estar participando de uma coisa que lida com a vida. Se estamos vivos aqui é porque comemos, nos vestimos e tudo isso é fruto do trabalho da agricultura.

Parabéns a todos por esta data, por essa feliz iniciativa do Poder Legislativo de fazer esta cerimônia. Parabéns a todos! Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Obrigado, Evaristo. Convido para fazer uso da palavra o Sr. Ladislau Martin Neto, chefe da Embrapa de Instrumentação.

 

O SR. LADISLAU MARTIN NETO - Boa-noite a todos. É uma grande honra estar nesta Casa. Quero cumprimentar o Deputado Ítalo Cardoso, que preside esta sessão, a Deputada Beth Sahão, o Deputado Edson Gomes, o meu amigo Nelson Novaes, o Dr. Carlos Rossetti e todos os presentes.

É uma honra muito grande para nós que somos da Embrapa homenagear a nossa co-irmã Embrapa Pecuária Sudeste. Nós da Embrapa Instrumentação, de São Carlos, também nos sentimos homenageados.

O início da nossa unidade está totalmente vinculado à história da pecuária. Os fundadores, os primeiros pesquisadores estiveram na pecuária e iniciaram suas atividades. Em função das peculiaridades das funções, temos trabalhado com eletrônica, com a agricultura de precisão. E pelo perfil desses pesquisadores, optou-se por criar um novo centro de pesquisas da Embrapa. Hoje somos uma rede de 37 unidades descentralizadas. Como todos sabem, São Carlos é a capital da tecnologia, abrigando duas universidades: USP - temos aqui a nossa amiga Professora Maria Olímpia, da USP, e a Universidade Federal de São Carlos.

Ao longo desse período temos trabalhado conjuntamente. Portanto, é uma alegria poder estar participando desta homenagem.

Quero reiterar aquilo que alguns colegas já colocaram, no que se refere à importância daquilo que se realizou e como se insere o agronegócio brasileiro, a agricultura brasileira na geração de empregos, na geração de renda. Isso se faz, como já foi colocado aqui, com pessoas com capacitação.

Além do papel preponderante dos empreendedores e dos produtores, a tecnologia foi um fator decisivo. Hoje podemos afirmar com tranqüilidade que temos a melhor pesquisa agrícola da região tropical. Isso tem esforço, comprometimento e dedicação de muitas pessoas. E nós da Embrapa temos a honra de ter participado desse esforço e a responsabilidade da continuidade.

Neste momento em que olhamos o que ocorreu e o que está acontecendo, temos muita expectativa pelo que está por vir. E o agronegócio tem um papel extremamente relevante - e aí estamos falando de bioenergia, do uso sustentável da biodiversidade. Quando falamos em bioenergia estamos falando da produção de veículos flex fuel.

Hoje participei de uma reunião da Única aqui de São Paulo, que sinalizou o futuro brilhante que podemos ter com a produção de energia sustentável. E para isso precisa pesquisa e inovação. E o Brasil tem um papel fantástico nessa possibilidade, basta acreditarmos em nós mesmos. Basta acreditarmos no nosso povo e na nossa competência.

Por isso quero render as minhas homenagens àqueles que tiveram coragem, àqueles que criaram o gado canchin, enfim àqueles que foram fortes para gerar resultados de importância, como o programa de leite, que está sendo reconhecido por outras instituições de pesquisa, de extensão e a população do estado.

Quero agradecer também à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, que criou essa possibilidade. Temos de estar juntos com os legítimos representantes da população, com quem decide grande parte do nosso destino, apoiando a Embrapa, o agronegócio. Isso faz muita diferença e esperamos ter uma agenda de futuro conjunta. Agradeço mais uma vez e parabenizo a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Convido para fazer uso da palavra o Sr. Liberato Rocha Caldeira, Prefeito da cidade de Valentim Gentil.

 

O SR. LIBERATO ROCHA CALDEIRA - Boa noite a todos. Quero saudar o Deputado Ítalo Cardoso, que preside esta sessão, a Deputada Beth Sahão, o Deputado Edson Gomes, o nosso parceiro Rossetti, da Cati, o nosso companheiro Nelson, representando todos os companheiros neste evento.

É uma alegria poder estar aqui falando em nome dos municípios do Estado de São Paulo. Falo aqui em nome da AMA, a Associação dos Municípios Araraquarenses e também como prefeito de Valentim Gentil. A AMA conta com 121 municípios.

Gostaria de falar da importância que a Embrapa tem para o nosso país, para o nosso estado e também para os municípios. Foi graças a Embrapa que este país conseguiu saltar, apenas em 10 anos, de 80 milhões de toneladas de grãos para 120 milhões. Infelizmente, neste ano tivemos uma queda em função do problema de câmbio e também de problemas climáticos.

Se o agronegócio deu certo até agora os grandes responsáveis foram vocês da Embrapa, que ajudaram e incentivaram as pesquisas. A Embrapa bancou o Plano Real, na época do outro Presidente, e até agora quem tem sido a responsável pelo sucesso da economia é a agricultura.

Infelizmente agora, em 2005, estamos enfrentando uma grande dificuldade. Estamos enfrentando coisas que há muito o Brasil não via. Vimos um tratoraço em Brasília, vimos produtores enfrentando dificuldades na renegociação de suas dívidas.

Mas acreditamos e temos fé no povo brasileiro e no povo paulista, e acreditamos muito na Embrapa. Se Deus quiser, juntos, unidos com a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, com os prefeitos do país inteiro que estão preocupados, e vocês da Embrapa e da Cati, haveremos de achar um caminho e resolver em definitivo o problema da agricultura, pois os produtores querem continuar produzindo, querem continuar gerando emprego e renda. Sabemos que o produtor rural é o verdadeiro pagador de imposto e gerador de emprego e renda neste país. Um abraço e foi um prazer e uma alegria muito grande estar aqui. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Vou passar a palavra ao Dr. Nelson José Novaes, Chefe-Geral da Embrapa Pecuária Sudeste, que também fala em nome do Diretor-Presidente da Embrapa, o Dr. Sílvio Crestana. Em nome também do Dr. Nelson, entendemos que estamos saudando e homenageando todos os técnicos da Embrapa.

 

O sr. NELSON JOSÉ NOVAES - Boa-noite a todos. Senhora Presidente da Comissão da Agricultura e Pecuária da Assembléia Legislativa, Deputada Beth Sahão; Sr. Presidente desta sessão solene, Deputado Ítalo Cardoso; Deputado Edson Gomes; Dr. José Carlos Rossetti; Sr. Secretário de Ciências e Tecnologia de São Carlos, José Benedito Sacomano, neste ato representando o Prefeito de São Carlos; Sr. Prefeito de Valentim Gentil, Liberato Rocha Caldeira; Evaristo Miranda, Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite; Ladislau Martin Neto, Chefe-Geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária; Sr. Leny Pereira Sant’ana, representando aqui o Dr. Fábio Meirelles, da Faesp; amigo Tadeu Guimarães, Presidente do Sindicato Rural de Guaratinguetá; Eduardo de Freitas, Presidente da Conai, nosso parceiro na Região de Ribeirão Preto e Franca; Marcelo Avelar, Superintendente da Conai; senhores produtores rurais; senhores colegas da Embrapa; senhores da Cati, nossa importante parceira no Estado de São Paulo; demais autoridades, pessoas presentes, trinta anos se passaram desde o dia 26 de agosto de 1975.

Nesse dia, já trabalhava na então Fazenda de Criação de São Carlos, mais conhecida como Fazenda Canchim, ocasião em que esse centro de pesquisa foi transferido da administração direta do Ministério da Agricultura para a então recém-criada Embrapa.

Esse centro, hoje Embrapa Pecuária Sudeste, sempre caminhou junto com o Estado de São Paulo, com a sua população e em especial com os seus pecuaristas, deputados, prefeitos, vereadores, técnicos da instituição, institutos de pesquisa e extensão rural deste Estado, universidades e faculdades.

Esse intenso trabalho conjunto com os paulistas não aconteceu apenas por uma fatalidade geográfica. A Fazenda de Criação de São Carlos logo se destacou na pesquisa pecuária, pois aqui, no Estado de São Paulo, foi criada e desenvolvida a raça Canchim, uma raça bovina brasileira, adaptada às nossas condições, que se tornou referência nacional e também referência junto a alguns círculos de outros países. Hoje, São Paulo tem o maior rebanho da raça Canchim do Brasil e é sede da Associação Brasileira dos Criadores de Canchim, nesta capital.

A colaboração e as parcerias entre a Embrapa Pecuária Sudeste e o Estado de São Paulo prosseguiram depois disso. Um trabalho muito ligado a São Paulo é o Projeto de Viabilidade de Produção de Leite em Pequenas Propriedades, já tão comentado pelas pessoas que aqui falaram. Esse trabalho foi desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, pela Cati, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com a participação, em alguns municípios, do Itesp, Instituto de Terras do Estado de São Paulo.

Trata-se de um programa de transferência de tecnologia mais inovador e eficiente, realizado junto a técnicos da extensão e a pequenos produtores de leite que estavam a ponto de abandonar a atividade e até mesmo vender seu pequeno pedaço de terra. Pequenos produtores que, embora proprietários, tinham renda inferior a um salário mínimo, sendo que alguns deles se encontravam em extrema miséria.

Com métodos inovadores, a Embrapa Pecuária Sudeste repassa a técnicos e produtores tecnologias e gerenciamento de maneira gradativa, sem paternalismo e sem assistencialismo. Aos poucos, eles melhoram a situação, passam do prejuízo para o lucro e deixam a pobreza. Eles não vão ficar ricos, mas passam a ter uma vida digna e confortável, como um pequeno e eficiente empresário inserido no mercado.

Esse projeto promoveu a fixação do homem no campo, mais do que isso: conseguimos fazer com que alguns ex-produtores que haviam se mudado para a cidade voltassem à atividade rural.

A propriedade no campo torna-se a sala de aula e já temos propriedades demonstrativas em mais de 120 municípios paulistas. Hoje, de acordo com informações da Cati, há mais de mil unidades demonstrativas espalhadas pelo Estado.

Os conhecimentos e tecnologias propostos pelo projeto já foram adotados em mil estabelecimentos familiares.

Tamanho foi o sucesso desse programa em São Paulo, que diversos estados e municípios já nos solicitaram trabalho semelhante. Já realizado em Minas Gerais, o projeto agora está em andamento também no Paraná e no Rio de Janeiro. Recebemos, inclusive, sondagens preliminares de dois países amigos do continente africano, mas no momento não podemos atender a novas demandas, pois somos um centro enxuto, com poucos funcionários.

Muitos dos Deputados desta Casa conhecem esse projeto e têm dado-lhe inestimável apoio. Muitos dos Deputados foram ao campo ver os seus resultados e se tornaram entusiastas, divulgadores desse trabalho conjunto entre a Cati e a Embrapa Pecuária Sudeste. Cito, entre outros, a Deputada Beth Sahão, Presidente da Comissão de Agricultura desta Casa, e os Deputados Edson Gomes e Ítalo Cardoso.

Nossos projetos em outros segmentos da pecuária também têm como parceiro o Estado de São Paulo. é o caso do trabalho sobre a produtividade e qualidade de carne em raças e cruzamentos diversos, pesquisas em biotecnologia, pesquisas sobre nutrição animal, principalmente variedades de cana-de-açúcar mais indicadas para a alimentação de bovinos, além de um projeto que está em fase inicial, voltado aos ovinos deslanados para a produção de carne no Estado.

Esses trabalhos são feitos em parceria com o Instituto Agronômico, com o Instituto de Zootecnia, com o Instituto de Tecnologia de Alimentos, com o Instituto de Economia Agrícola, com as universidades de São Paulo - Unesp, Universidade Estadual Júlio de Mesquita; Unicamp, Universidade Estadual de Campinas - e com as demais unidades da Embrapa que são nossas grandes parceiras no Estado de São Paulo, e com a Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa neste Estado.

Hoje, o Estado de São Paulo abriga sete unidades da Embrapa. Além da Embrapa Pecuária Sudeste, temos em São Carlos a Embrapa Instrumentação Agropecuária. Em Campinas, funcionam a Embrapa Informática Agropecuária, a Embrapa Monitoramento por Satélite e um escritório regional da Embrapa Informação Tecnológica. No município de Jaguariúna, localiza-se a Embrapa Meio Ambiente e em Jales fica uma estação experimental que trabalha com uva como campo experimental da Embrapa Uva e Vinho, situada no Rio Grande do Sul.

Tenho muito orgulho de nestes 30 anos ter trabalhado numa instituição como a Embrapa e no Estado de São Paulo. Acredito que os esforços de todos os empregados da Embrapa se transformaram em grandes benefícios para o Brasil e para o Estado. Entretanto, há muito a ser feito. As demandas da agropecuária nunca têm fim, pois são permanentemente dinâmicas. Por isso, desejo longa vida e sucesso à geração de pesquisadores e de empregados que começam a nos suceder, sempre colocando a Embrapa Agropecuária à disposição do Brasil e de São Paulo.

Em nome do Diretor-Presidente da Embrapa, Dr. Sílvio Crestana, e em nome de todos os empregados da Embrapa Pecuária Sudeste, o nosso muito obrigado a esta Casa, a todos os Deputados e a todos os funcionários da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Continuaremos a trabalhar juntos por um São Paulo e por um Brasil maiores.

Finalizando, agradeço mais uma vez esta homenagem à nossa unidade, o que aumenta ainda mais a nossa responsabilidade de servir São Paulo e o Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Ítalo Cardoso - PT - Passo a palavra ao nobre Deputado Edson Gomes.

 

O sr. Edson Gomes - PFL - Sr. Presidente, nobre Deputado Ítalo Cardoso, quero cumprimentá-lo pela iniciativa desta homenagem; cumprimento a Deputada Beth Sahão, Presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária, que vem fazendo um trabalho digno de menção honrosa; cumprimento o Dr. Nelson Novaes, Diretor da Embrapa Sul-Sudeste de São Carlos; o Dr. Ladislau, Diretor da Embrapa Instrumentação; o Dr. Evaristo, Diretor da Embrapa Monitoramento por Satélite, sediada em Campinas; saúdo os demais membros da Mesa; saúdo o Dr. José Carlos Rossetti, Superintendente da Cati em São Paulo pelo trabalho extraordinário; cumprimento o Prefeito Liberato, de Valentim Gentil, também Presidente da AMA; foi Presidente da Frente Nacional de Produção, um dos responsáveis pelo caminhonaço em 94 e também pelo tratoraço, recentemente. Quero saudar todos os funcionários da Embrapa aqui presentes, as senhores e os senhores. Quero saudar os funcionários da Casa na pessoa da Dona Yeda, essa pessoa muito simpática, e também da Sra. Adriana Spernega.

Prezado Presidente, sou entusiasta da Embrapa. Nós somos da região noroeste, e a nossa vida, desde criança, sempre foi ligada ao agronegócio. Sempre vivemos na região próxima a Rio Grande. Então, conhecemos todas as atividades. Achávamos que conhecíamos.

Recentemente, na região de Jales, visitávamos algumas propriedades e ouvíamos dizer que estava acontecendo algo extraordinário. Pequenas propriedades, de três hectares, dois hectares e pouco, o cidadão produzindo 200 litros de leite por dia. Contei isso a minha mãe e ela falou: isso é impossível. Estamos acostumados a tirar 70 litros, 80 litros. Disse à minha mãe: a coisa mudou. Eu tenho visitado algumas propriedades e é uma coisa surpreendente.

Eu fiquei imaginando, Sr. Presidente, como foi a evolução. Chegava a essas propriedades, e ouvíamos falar de um tal de Dr. Artur. A princípio, fiquei imaginando como que um cidadão vinha com esse propósito. Eu visitava outras propriedades e também era uma coisa espantosa.

Numa visita com o Sr. Governador na região do Pontal, eu já estava assim meio tarimbado desse trabalho e falei: Sr. Governador, esse negócio de tirar 30 litros por propriedade por dia está meio ultrapassado. Acho que temos uma solução. Eu me proponho a visitar essas propriedades, vou fazer um trabalho.

Em parceira com o Dr. José Carlos Rossetti - e quero render as minhas homenagens e também a Embrapa - fiz uma visita à Embrapa em São Carlos, e fui recebido de maneira extraordinária pelo Dr. Nelson e pelo Dr. Airton, que estão aqui. Naquele mesmo dia, visitamos mais de 50 pequenas propriedades, fizemos o vídeo, uma apostila e um grupo de slides, com que presenteei o Dr. Nelson, o Dr. José Carlos Rossetti e vários proprietários.

Uma coisa extraordinária. Tivemos algumas evoluções no agronegócio no Brasil. Tivemos principalmente o avanço na região do cerrado, no Centro-Oeste, e acompanhávamos aquilo no dia-a-dia, quando passávamos indo para Cuiabá, ou indo para a região de Goiás, que tinha cerrado, que não servia para nada, só para criar calango, para criar formiga. E de repente, vem a produção, a soja invadindo o cerrado roxo, com uma produção extraordinária, superando a produção dos Estados Unidos, e de repente, vem a braquiária, e foi mudando a pecuária.

Recentemente, outra evolução: soja também no cerrado arenoso. E agora essa revolução que vai ser uma coisa extraordinária. E quero render uma homenagem a todos os técnicos da Embrapa, da Cati, que é a evolução das pequenas propriedades.

São Paulo tem 104 mil pequenas propriedades, e vamos nos surpreender por esse trabalho extraordinário que a Embrapa vem fazendo, pelas mãos de todos os técnicos e pesquisadores. Uma maravilha. E precisamos, Dr. Nelson, levar isso para os quatro cantos. Ver o trabalho que o Dr. Artur faz nessa região. Eu vivo no meio do agronegócio, e temos visto que esse homem que é adorado por todo mundo, o Dr. Artur.

Eu tinha vontade de conhecer o Dr. Artur. Recentemente, num dia de campo, em Andiara, estava presente também o Dr. José Carlos Rossetti, os técnicos da Cati, tive o prazer de conhecê-lo e fiquei maravilhado com o seu trabalho. Eu falei com ele agora mesmo.

Nós precisamos, numa de suas palestras, pedir licença a ele para gravar um CD. Também quero cumprimentar os seus familiares, sua mãe aqui presente, pela dedicação que tem. Este é o espírito dessa empresa, Embrapa, e de seus pesquisadores. É extremamente confortante vermos um cidadão, como o Sr. José do Gorro, em Palmeira D’Oeste, que se tornou um símbolo; o Sr. José Cardoso e a Dona Nicéia; fui lá com José Carlos Rossetti. O cidadão, em dois hectares, produz 230 litros de leite por dia.

Eles me receberam muito bem, têm um padrão de vida extraordinário, têm casa, carro. Tinha um caminhão descarregando ração e o pagamento foi à vista. Fui à casa do Sr. José Cardoso. Cheguei lá às 19 horas, o homem estava trabalhando para valer. Tem nove hectares, tira 700 litros de leite por dia. Ele e a mulher, só.

Isso é uma coisa fantástica. Só quem presencia sabe aquilatar, avaliar o grande progresso. Fiquei maravilhado com as colocações do Dr. Evaristo, que falou da vida de Martim Afonso de Souza, que eu desconhecia. Foi uma aula de história e de sabedoria como os demais, e não precisamos de benesse nenhuma. Só esse trabalho, essa pesquisa que a Embrapa faz juntamente com a Cati. Precisamos clonar o Dr. Artur e tantos outros. Fazer dez, vinte clones, e colocar em várias regiões, porque ele vai com entusiasmo, vai com vontade. Faz uma palestra que deixa a todos maravilhados. E ele faz com entusiasmo, faz porque gosta. E o povo também o adora.

Vou a Lusolândia, vou à casa do Hélio, eles falam de você, falam da Cati, falam da Embrapa. Então, Dr. Nelson, estão aqui os três diretores, Dr. Ladislau, o Evaristo, precisamos levar isso para os quatro cantos. O Brasil, em 30 anos, aumentou em quatro vezes a produção de grãos. Saiu de 30 milhões de toneladas, seguiu a fronteira de 120 milhões de grãos. Aumentou a produção de carnes.

E eu, como minha mãe, da beira do Rio Grande, sempre fizemos um trabalho arcaico no nosso dia a dia. Pensávamos que sabíamos, mas nós não sabíamos fazer coisa nenhuma. Eu adquiri um sítio em Jales, e o pessoal da Cati e da Embrapa também já estão intimados a ir lá.

Quero reproduzir aquilo que presenciei, essa maravilha. Hoje de manhã já passei lá. Quero, na medida do possível, ver essa maravilha que é a produção. Vemos o cidadão pensando no seu rebanho, aquela vaca que produzia três litros de leite passando a produzir mais. Aumentando a produção de grãos de 15, 20 quilos por dia.

Sou entusiasta, sou apaixonado pelo trabalho, pela revolução que a Embrapa faz com seus técnicos, com seus pesquisadores, através da Cati.

Houve uma comemoração em São Carlos. Fui convidado pelo Dr. Nelson e acabei não indo. O maior fiasco do mundo, porque estava ali pertinho de São Carlos. Mas, hoje, quero render as minhas mais respeitosas e profundas homenagens, meus agradecimentos, a essa instituição que é brilhante, que leva riquezas aos senhores produtores, que leva o bem-estar, e leva também a felicidade, porque o cidadão, como disse o Dr. Nelson, tinha os seus dois alqueires, tinha cinco, seis hectares, produzia o quê? Hoje, é uma fonte de renda, hoje gera emprego, hoje segura o seu filho na propriedade, porque vai fazer um curso técnico em agricultura, como disse o José Carlos Rossetti. Então, é uma maravilha.

Eu tive o prazer de conhecer o Dr. Ladislau hoje à noite, e ele já me falava da maravilha da nanotecnologia, que passei a ter noção pelas palavras dele sobre monitoramento por satélite. São coisas que vêm ao encontro da produção, vêm beneficiar os produtores.

Quero agradecer ao nobre Deputado Ítalo Cardoso pela iniciativa, assim como à nobre Beth Sahão, dois grandes Deputados. É um trabalho extraordinário. O agricultor não precisa de muita coisa, assim como não precisaram os 1.500 trabalhadores que Martim Afonso de Sousa trouxe. É ter a possibilidade, no mundo em que vivemos agora, de se beneficiar desse trabalho que vocês realizam de uma maneira extraordinária.

Peço a Deus que ilumine sempre seus caminhos, suas mentes, suas famílias e que possamos levar essa maravilha às pequenas e também grandes propriedades de São Paulo e do Brasil. Vamos dar um salto de qualidade de 120 milhões de toneladas daqui a pouco tempo, como aconteceu em trinta anos, aumentando quatro vezes.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Muito obrigado, Deputado Edson Gomes, um batalhador nesta Casa. Foi programada para a noite de hoje a entrega de algumas placas alusivas à comemoração dos 30 anos da Embrapa. Vou dividir essa responsabilidade com os parceiros da Mesa.

Peço à Deputada Beth Sahão que entregue esta placa ao Dr. Carlos Pagani Neto, Diretor Regional da Cati de Catanduva.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Da mesma forma, convido o Deputado Edson Gomes para entregar a placa ao Dr. José Carlos Rossetti, coordenador da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.

 

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-              É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Um dos homenageados lembrado pela equipe coordenadora deste evento é o Sr. Newton Lima Netto, pela parceria como professor, como educador na área. Convido o Sr. José Benedito Sacamano para receber das mãos da Deputada Beth Sahão esta placa, a ser entregue ao Sr. Newton Lima Netto.

 

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- É feita a entrega da placa.

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Vamos fazer uma homenagem à Deputada Beth Sahão por tanto ter dedicado do seu mandato nesta Casa a que tanto o homem do campo como os técnicos tenham melhores condições de trabalho. Peço ao Dr. Nelson que faça a entrega da placa à Deputada Beth Sahão.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Peço ajuda ao Dr. Carlos Pagani Neto, Diretor Regional da Cati de Catanduva, para que entregue ao Deputado Edson Gomes a placa de homenagem.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Não estava no roteiro, mas vou pedir ao Deputado Edson Gomes que entregue à D. Ieda a placa que reservamos ao Presidente desta Casa, Deputado Rodrigo Garcia. É também uma homenagem à D. Ieda, essa incansável assessora que cuida de tudo para que as nossas sessões sejam perfeitas.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Esta solenidade também lembrou de homenagear um outro parceiro da região, que tem estado presente em todas as atividades da Embrapa, o Deputado Federal Lobbe Neto. Peço à Beth Sahão que entregue ao Nelson, para que leve ao Deputado Lobbe Neto a homenagem pelos trabalhos prestados, pela melhoria de toda a região.

 

A SRA. BETH SAHÃO - PT - Quero aproveitar a oportunidade para homenagear o nosso companheiro Presidente desta sessão e proponente desta homenagem, Deputado Ítalo Cardoso, pelos serviços prestados à pesquisa agropecuária.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Passo a palavra à Deputada Beth Sahão. Temos aprendido muito com o trabalho que S. Exa. tem desenvolvido, com o debate que tem proporcionado sobre a agricultura, principalmente na defesa do homem do campo.

 

A SRA. BETH SAHÃO - PT - SEM REVISÃO DA ORADORA - Boa-noite a todos, cumprimento o Deputado Ítalo Cardoso, que está presidindo esta Sessão Solene, autor da propositura para esta homenagem; cumprimento o Deputado Edson Gomes, um batalhador. Vocês acabaram de ouvir seu amor e entusiasmo pela agricultura e pecuária; cumprimento o Sr. José Carlos Rossetti, coordenador da Cati, com a qual temos tido uma relação bastante próxima; cumprimento o Sr. Nelson Novaes, o responsável hoje por toda essa empresa; cumprimento o Pagani, meu conterrâneo de Catanduva, através de quem cumprimento todas as autoridades e pesquisadores presentes, e a todos vocês que participam desta noite de homenagens a essa empresa tão respeitada e de tanta credibilidade como é a Embrapa.

Não tenho com a Embrapa uma relação de profundo conhecimento como o Deputado Edson Gomes tem, até porque sou psicóloga, tenho mestrado em sociologia, não tenho propriedade rural, mas venho de uma região onde um dos pilares da economia é a agricultura, a pecuária. Por isso me envolvi com a Comissão de Agricultura nesta Casa e acabei assumindo sua presidência nesse último biênio. Temos trabalhado pelo desenvolvimento da agricultura no Estado de São Paulo.

Quando vejo a Embrapa com suas parcerias inteligentes, com a Cati, com universidades públicas, com a iniciativa privada, com institutos de pesquisa - com os quais tivemos na semana passada uma audiência pública bastante produtiva, já que eles estão correndo risco de serem terceirizados, vejo como vocês têm trabalhado e ajudado não só o agronegócio, mas os pequenos proprietários, a agricultura familiar. Gostaria muito que essa Embrapa fosse multiplicada e reproduzida para atuar em todo o Estado de São Paulo.

Ontem, a "Folha de S. Paulo" trouxe uma matéria da qual eu já tinha ouvido falar, sobre trabalhadores rurais que estão morrendo. Há uma suspeita muito forte da ONU de que esses trabalhadores estejam morrendo na região de Ribeirão Preto por excesso de trabalho no corte de cana. Já tinha tido conhecimento, inclusive através de uma professora da cidade de São Carlos, orientadora da minha tese. Ontem a Folha trouxe uma matéria de página inteira retratando isso. Hoje, em alguns lugares do Estado de São Paulo, o corte de cana chega a ser pior do que o trabalho escravo.

Quando vejo o trabalho da Embrapa, que recupera, resgata e possibilita que o agricultor familiar permaneça na terra, com altas tecnologias inseridas no seu processo produtivo, fico pensando que a Embrapa deveria estar hoje atuando em todos os segmentos da agricultura paulistana, não só na Pecuária Sudeste, que hoje está sendo homenageada. Com certeza, não teríamos esse tipo de exploração. Essas denúncias trazidas ontem pelo jornal “Folha de S.Paulo”, se forem realmente verdadeiras, nos entristecem e nos envergonham muito. É uma contradição.

A Embrapa é uma empresa que muito nos orgulha. Agradeceram-nos - aos Deputados Ítalo Cardoso, Deputado Edson Gomes e a mim - por esta sessão. Na verdade, nós é que temos de agradecer aos senhores pela oportunidade de homenagearmos uma empresa tão importante. Isso prova que uma empresa pública neste país pode dar certo, pode ser lucrativa; que uma empresa pública aplica no desenvolvimento, na pesquisa, na inovação tecnológica e, ao mesmo tempo, tem responsabilidade social, como é o caso da Embrapa. É uma responsabilidade social que não está permeada nas questões assistencialistas e paternalistas, mas que promove a cidadania.

É de grande importância o trabalho fantástico feito em relação aos agricultores familiares também, que precisam tanto desse suporte e desse apoio. O Rossetti sabe disso. Infelizmente, não se consegue atingir todos os milhares de agricultores familiares e pequenos produtores hoje no Estado de São Paulo, que acabam abandonando as suas terras, arrendando, às vezes, para o plantio de cana. E, uma vez arrendado, dificilmente eles retornam a suas propriedades. E isso é muito ruim.

O Rossetti coloca o preconceito que existe ainda em relação à agricultura, que hoje é menor, concordo plenamente com ele. Muitos candidatos a prefeito de pequenos municípios dizem: aqui nós temos de industrializar, vamos trazer grandes indústrias. Vejo que esse movimento é muito difícil na economia, porque a vocação dos pequenos municípios ou dos médios municípios está muito voltada para a agricultura, para a pecuária, junto ao pequeno, ao médio produtor, ao agricultor familiar.

É preciso mostrar à essa comunidade paulista que a agricultura também é uma atividade econômica extremamente nobre, que produz renda, que gera empregos importantes para esses municípios. Eles têm uma relação de dependência econômica com essa atividade muito grande, que precisa ser incentivada.

A possibilidade dessas parcerias - importantíssimas para fixar esses homens em suas propriedades - é fundamental, porque dará um avanço na economia dos municípios, que às vezes não têm como sobreviver. Às vezes têm um Orçamento tão exíguo que não conseguem cumprir as suas obrigações.

É fundamental dar condições para que a Embrapa se torne cada vez mais abrangente e aprofunde suas parcerias, sobretudo com a Cati; fazer com que o Governo do Estado também dê condições para que haja mais técnicos; que volte a promover e a destinar recursos para a agricultura, que são tão parcos ainda no Estado de São Paulo. O Orçamento do Estado destina 0,8% para a agricultura. É muito pouco. Precisamos de mais. Esse trabalho será cada vez mais frutífero e os resultados cada vez mais positivos à medida que houver essa parceria entre a Embrapa, a Cati e as universidades.

É preciso haver sensibilidade por parte das autoridades competentes, por parte do Governo do Estado para que a agricultura cresça cada vez mais. Aqui há técnicos, diretores, gerentes, chefes, com essa noção, que se dedicam e desenvolvem o trabalho com muito empenho, com muito rigor, com muita seriedade. Isso é muito importante.

É assim que iremos conseguir preservar a agricultura no Estado de São Paulo. Quando falamos em preservar, falamos em preservar essa diversidade agrícola, os pequenos produtores, os agricultores familiares, sem fazer nenhuma guerra entre o agronegócio e os pequenos produtores. Muito pelo contrário. Os dois têm espaço no Estado de São Paulo para caminhar juntos. A Embrapa é uma empresa que pode incentivar isso.

Tenho convicção de que a Embrapa continuará sendo precursora da pesquisa na agropecuária, nas inovações tecnológicas, contribuindo enormemente para o desenvolvimento da agropecuária do Estado de São Paulo.

Parabéns aos seus dirigentes, aos seus pesquisadores, aos seus técnicos. A Assembléia Legislativa, em nosso nome, se sente honrada em promover esta homenagem no dia de hoje. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ÍTALO CARDOSO - PT - Estamos caminhando para o encerramento da nossa sessão solene e queria, na pessoa de Nelson Novaes, mais uma vez, saudar a todos.

Não vou me atrever a falar da profundidade e importância dos projetos que os senhores desenvolvem com seu saber, com a pesquisa, com a paciência, muitas vezes, tendo de suportar cortes de verbas; às vezes, esperando por uma oportunidade para desenvolver determinado projeto, mas tenho muita convicção de que a Embrapa trabalha também com a realização dos sonhos.

Maior prova que tive disso foi a possibilidade - assim como a Deputada Beth Sahão e o Deputado Edson Gomes - de estar presente no ato que comemorou os 30 anos de trabalho do Artur, foi ver a forma como o Artur foi recebido por todos que estavam ali. Sei que ali havia funcionários, mas também havia pequenos sitiantes, representantes da agricultura familiar. Sem nenhum menosprezo às autoridades que falaram, aquele ato mostrou, de forma muito clara, como chega à pequena propriedade a idéia da Embrapa.

Isso é mais importante do que muitos projetos, porque é a demonstração clara de que ali também está colocada a alma, o coração, a dedicação, a militância. Muitas vezes, confundem pensando que militância é só em partido político. Não. Militância, como ele falou, é chegar até a pessoa, é ter paciência para ouvir. Isso é um gesto de grandeza. Muitos políticos que não tiveram essa oportunidade deveriam assistir e participar de um ato desse, para entender por que deu tão certo, por que esse projeto hoje é orgulho para muita gente, inclusive para quem não faz parte do dia-a-dia de vocês.

Esta sessão na Assembléia Legislativa, é muito mais que um reconhecimento dos Deputados, é também uma tentativa desta Casa de fazer chegar aos ouvidos do Governador, dos Secretários, que têm de entender a situação. Como disse a Deputada Beth Sahão, 0,8% é pouco.

O Governo Federal, para continuar colocando a Embrapa nos seus grandes feitos, tem de também reconhecer o trabalho dos senhores, dando condições para que cresçam cada vez mais e continuem seus inventos, suas experiências. Isso poderá traduzir-se em melhor condição de trabalho e de vida não só para o grande agricultor, mas também para o pequeno agricultor. Os senhores são responsáveis pela sua permanência na terra, para que continuem produzindo alimentos de qualidade para o povo brasileiro.

É muito prazeroso poder participar de uma sessão como a de hoje. Meus parabéns e muito obrigado pelo trabalho que os senhores desenvolvem neste País.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade. Está encerrada a sessão.

 

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-              Encerra-se a sessão às 22 horas e 15 minutos.

 

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