10 DE DEZEMBRO DE 2001

48ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DOS 750 ANOS DO ESCAPULÁRIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO

 

Presidência: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 10/12/2001 - Sessão 48ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

COMEMORAÇÃO DOS 750 ANOS DO ESCAPULÁRIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO

001 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que a Presidência efetiva da Casa convocou a presente sessão, por solicitação do Deputado ora na Presidência, com a finalidade de comemorar os 750 anos do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Convida a todos para ouvirem, de pé, a execução do Hino Nacional Brasileiro pelo Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Anuncia a execução de número musical.

 

002 - LÍDIA PRATA DE AQUINO

Colaboradora da Província Carmelitana de Santo Elias, discorre sobre o Congresso Mariano na cidade de São Paulo e sobre a peregrinação da imagem de Nossa Senhora.

 

003 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia a execução de número musical.

 

004 - ANTÔNIO SILVIO DA COSTA JÚNIOR

Frei, idealizador da imagem peregrina de Nossa Senhora do Carmo, historia a Ordem dos Carmelitas desde sua criação até os dias atuais.

 

005 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia a execução de número musical.

 

006 - PAULO GOLLARTE

Frei, Superior da Província Carmelitana de Santo Elias, fala sobre a vida dos Carmelitas, desde a instalação do primeiro Carmelo em São Paulo no ano de 1594.

 

007 - WALTER FELDMAN

Rende homenagens ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

 

008 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia a execução de número musical. Anuncia a entrega de certificados alusivos à data.

 

009 - LÍDIA PRATA DE AQUINO

Agradece a homenagem.

 

010 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Recorda os fatos históricos do escapulário e sua importância para a fé. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta sessão. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência dá por aprovada a ata da sessão anterior. Srs. Deputados, minhas senhores e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar os 750 anos do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

Agradecemos as presenças dos Srs. Frei Paulo Goulart, Superior da Província Carmelitana de Santo Elias, Frei Nuno Alves Correia; Sra. Lídia Prata de Aquino, colaboradora da Província Carmelitana de Santo Elias; Sr. Dárcio Delavia, colaborador da Província Carmelitana de Santo Elias; Srs. Frei Miguel Coutinho, Frei Pretônio, Frei João Carlos Dias e Frei Antônio Silvio da Costa Júnior.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro cantado pelo Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É cantado o Hino Nacional Brasileiro pelo Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece ao Coral da Polícia Militar. Agradecemos também a presença das crianças do Espaço Gente Jovem Santa Teresa de Jesus.

Teremos agora a apresentação do Cântico Litúrgico pelo Coral da Paróquia Santa Teresa de Jesus, música alusiva à comemoração dos 750 anos do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

 

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- É feita a apresentação do Cântico Litúrgico pelo Coral da Paróquia Santa Teresa de Jesus. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos ao Coral Santa Teresa por essa apresentação. Tem a palavra a Sra. Lídia Prata de Aquino, colaboradora da Província Carmelitana de Santo Elias.

 

A SRA. LÍDIA PRATA DE AQUINO - Sr. Presidente, autoridades presentes, minhas senhoras, meus senhores, meus amigos e minhas amigas, vou falar um pouquinho sobre o significado do Congresso Mariano na cidade de São Paulo e por que São Paulo foi escolhida. Quando fomos chamados para coordenar o Congresso Mariano da Província Carmelitana de Santo Elias, ficamos preocupados e, ao mesmo tempo, aliviados, pois o Congresso seria voltado a Nossa Senhora e, como a amamos tanto, ela é a Mãe de Jesus e nossa também.

Seria bem mais fácil, embora as coisas para Deus, o caminho a percorrer seja mais longo e mais difícil. Daí para a frente, a nossa meta e pensamento único era Nossa Senhora e Nossa Senhora do Carmo, Mãe dos carmelitas, cuja finalidade principal os 750 anos do Escapulário. Foi o momento mais bonito em nossas vidas, prestar honras a Nossa Senhora e aumentar a nossa devoção à mesma, fazendo com que o povo tivesse acesso mais fácil e direto à Virgem do Carmo. Quanta emoção sentimos!

Tivemos a oportunidade de ver e sentir pessoas pobres e ricas pedindo com muita fé e colocando seus pedidos aos pés de Nossa Senhora, para que os mesmos fossem atendidos mais rapidamente por ser ela a maior intercessora junto a seu filho Jesus. Que maravilha! Como nosso povo é piedoso e como veneram Nossa Senhora!

Nesses dois dias do Congresso Mariano, dias 27 e 28 de outubro, o primeiro dia realizado no Santuário do Terço Bizantino e o segundo na Basílica do Carmo, na Bela Vista, tivemos a oportunidade de ver como nosso povo está sedento de Deus e pudemos aprender muita coisa sobre Maria. Nesses dias, tivemos palestras, debates, plenário, painel, testemunhos e muitos cânticos sobre Nossa Senhora. Milhares de pessoas em todo o país receberam a imposição do Escapulário e aprenderam o que ele significa e a importância em usá-lo.

A cidade de São Paulo foi a escolhida para que o Congresso Mariano fosse realizado porque São Paulo é o centro de tudo, é uma cidade mãe que acolhe a todos e é o ponto de trabalho do nosso povo, um povo muito católico, fervoroso e devoto de Nossa Senhora. A peregrinação da imagem continuará até março do ano 2002.

Agradecemos aos Freis Carmelitas a confiança a nós depositada e a todos que colaboraram na realização do evento. Deixo aqui o meu testemunho: receber o Escapulário é estar a serviço; é um sinal de fé, de esperança, de amor e de caridade fraterna. E foi o que aprendi desde 1982, quando o recebi. Aplico até hoje seus ensinamentos em minha vida e na vida em família.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora a apresentação do Canto Litúrgico da Paróquia Santa Teresa de Jesus.

 

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- É feita a apresentação do Canto Litúrgico da Paróquia Santa Teresa de Jesus. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Passaremos a palavra ao Frei Antônio Silvio da Costa Júnior, idealizador da imagem peregrina de Nossa Senhora do Carmo.

 

O SR. ANTÔNIO SILVIO DA COSTA JÚNIOR - Sr. Presidente, meus confrades presentes, senhoras, senhores, minhas irmãs, meus irmãos, a idéia da peregrinação de Nossa Senhora nesses 750 anos do Escapulário foi uma forma encontrada de repetir aquilo que sempre foi na vida dos carmelitas um modo de viver, e seguir aquele que é o Nosso Senhor, aquele a quem nós queremos servir com o coração puro e com a consciência reta, sincera, bem formada. Queremos ser no mundo alguma expressão da bondade, da justiça e da verdade do nosso Deus.

Foi assim que começou a história dos carmelitas, quando um grupo de homens piedosos na Idade Média peregrinou à Terra Santa. E peregrinando à Terra Santa, por volta dos anos 1200, eles acabam-se juntando em torno de uma fonte do profeta Elias. Ali, constróem uma pequena capela em honra de Santa Maria, a mãe de Deus. Não tinha o título de Nossa Senhora do Monte Carmelo nem ao menos essa representação que conhecemos hoje, mas, desde aquele momento, Maria significou para os carmelitas um modelo do seguimento de Jesus, um modelo da peregrina, um modelo de alguém que vai em busca do seu Senhor, em busca da verdade, em busca do mundo sonhado da verdade que Deus coloca em nossos corações.

Os carmelitas foram atravessando as páginas da história, uma após a outra, sempre olhando para esse modelo e sempre encontrando em Maria o apoio. Foi assim que, nesses 750 anos do Escapulário, resolvemos apresentar a idéia de por que não uma nova peregrinação. E foi bem acolhida por todos. E todos se entusiasmaram com ela.

Peregrinar não é caminhar ao léu. Peregrinar é ir em busca de uma meta, e nós sabemos que haveremos de encontrar. Peregrinar é ir em busca dessa meta, superando todas as dificuldades, passando por todos os perigos, com a confiança de que o que encontraremos, ao final do nosso caminho, é muito bom. É o único necessário para nossa vida. É aquilo que dará razão a nossa vida. É aquilo que completará todos os nossos esforços com a coroa do sucesso.

Os peregrinos caminham não sozinhos, mas em grupo pela mesmas estradas, indo sempre, ao longo da história, em busca dessa meta que todos esperam encontrar. Peregrinar com Nossa Senhora do Carmo, aqui na cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo e em todas outras cidades e Estados brasileiros, para os carmelitas, não foi apenas vir fazer um serviço ou povoar o Brasil com a presença de mais uma família religiosa. Foi trazer a cada uma dessas cidades o mesmo sentido de esperança, o mesmo sentido de vida que se constrói a partir de um ideal. E o ideal é um nome, é uma pessoa, é Jesus Cristo. Esse ideal, para nós, é mostrado de maneira excelente pela pessoa da sua Mãe, a Virgem Maria.

Ao longo das páginas históricas do Brasil e da cidade de São Paulo, os carmelitas chegaram aqui em 1594; no Estado, chegaram mais cedo, nos anos de 1585, 1586, na cidade de Santos. Assim, os carmelitas começam a construir, nessa região, que seria depois o Estado de São Paulo, um novo modo de esperar, um novo modo de acreditar, um novo modo de construir; construir com fé, construir com amor, construir com verdade, construir com uma esperança que não se abala.

Peregrinar das terras européias para as terras brasileiras em São Paulo, para aqueles primeiros frades que trouxeram a imagem de Nossa Senhora do Carmo, não foi apenas vir fazer mais um serviço, foi trazer um modelo novo de vida, para todos aqueles que nele continuaram. Esperamos nós, que estamos aqui hoje na presença dos senhores, que ainda haveremos de chegar à família carmelitana. Peregrinar, para nós, ao longo da história do Brasil, ao longo da história de São Paulo, ao longo da história da Igreja desses lugares, e do povo desse lugar, é construir cada vez mais a certeza de que aquele que nos espera, aquele que nos abençoa, aquele que confirma todo bom propósito, está no meio de nós, como está no meio de nós sua Mãe Maria.

Não se reconhecem os peregrinos pela sua dignidade, não são pessoas que vão em cima de carros alegóricos ou de carros triunfais. Os peregrinos são aqueles que caminham no pó da estrada, no dia-a-dia e, ali, então, constróem a estrada pela qual os outros haverão de passar depois.

Também peregrinar, para nós, com Nossa Senhora do Carmo, na cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo, nas várias outras cidades por onde passamos, é mostrar a todos que esses passos que demos, esses espaços que abrimos com nossos pés são caminhos seguros para todos aqueles que vêm ao nosso encontro e que virão depois de nós. Muito obrigado a todos por essa oportunidade de dizer a razão da nossa esperança. Peregrinamos, porque acreditamos. A meta é segura, a meta é a melhor que temos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Continuaremos assistindo à apresentação do Canto Litúrgico da Paróquia Santa Teresa de Jesus.

 

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- É feita a apresentação do Canto Litúrgico da Paróquia Santa Teresa de Jesus. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos agora a palavra do Frei Paulo Gollarte, Superior da Província Carmelitana de Santo Elias. Antes porém, registramos a presença do Sr. Guilherme da Aranha Coelho, representando o Secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Sr. Rui Martins Altenfelder.

 

O SR. PAULO GOLLARTE - Sr. Deputado e amigo José Carlos Stangarlini, Exmas. autoridades, meus queridos confrades carmelitas, minhas irmãs, meus irmãos em Cristo, não posso deixar de dizer, logo de início, como meu coração ficou cheio ao entrar no plenário e vê-los aqui presentes, e reconhecer, como eu havia dito na missa, a vocês numa hora em que se fazem também participantes conosco deste evento.

Mesmo percorrendo longa distância, nossas irmãs e irmãos de Santos, assim como aqueles de mais perto, com certeza, também à custa de algum sacrifício, aqui quiseram comparecer, atendendo ao apelo não do Frei Paulo, mas de Nossa Senhora do Carmo, tão querida ao nosso coração e tão cultuada através do Escapulário.

Vocês estranharão vendo-me usar o papel, porque eu chego até a um esquema. Mais do que isso, eu não vou. Mas hoje, dadas às circunstâncias e para ficar dentro do tempo determinado, usarei do papel escrito.

Há mais de quatro séculos que os frades carmelitas se fixaram no Planalto de Piratininga. Em seu olhar profético, depois das fundações do Carmo de Olinda, do Carmo de Salvador, do Carmo do Rio de Janeiro e do Carmo de Santos, seus olhares perscrutaram horizontes mais amplos. Seu pensamento foi fundar um convento da Ordem na povoação que começava em cima da serra, como era usual chamar-se.

Frei Antônio de São Paulo ergueu o convento e o templo que foram inaugurados em 1594. No cimo do outeiro, estava plantado mais um novo Carmelo. A várzea do Tamanduateí assumiu o nome de Esplanada do Carmo, como que buscando na Virgem do Carmo um abrigo sob o seu manto maternal.

A que vinham aqueles frades? A pergunta mal foi esboçada, pois a prática foi a melhor resposta. Vinham com alma de missionários despojados de sua cultura de origem, sem pretensão de transferir modelos da Europa.

Ide, evangelizai, fazei dos povos meus discípulos, batizai. As missões entre os índios foram sua primeira preocupação, mas a palavra de Deus deveria ser testemunhada pelas obras assistenciais da época. O aldeamento e o agrupamento das suas aldeias em torno das vilas, permitindo-lhes receberem a doutrina e os rudimentos da agricultura com a pecuária e até o artesanato.

A beleza, enquanto respiro da transcendência, não poderia faltar nas suas expressões das músicas, do canto, do desenho e da escultura. Portanto, aqui aportaram eles não apenas com o sonho de fazer novas cristandades, mas com o ideal de cristianizar, humanizando, e humanizar, cristianizando, uma vez que se trata de um binômio inseparável.

Maria Santíssima, chamada pelos carmelitas de Estrela do Mar, esteve sempre presente nas suas atividades como a estrela da evangelização, transmitindo aos recém convertidos o carinho maternal de um Deus, que, no dizer do Papa João Paulo I, é pai e mãe também.

Curioso é notar que, nas expedições do Tibaji-Iguatemi, sempre se manifestou grande confiança na proteção de Nossa Senhora do Carmo. O governador da capitania de São Paulo, o morgado da Casa de Mateus, D. Luiz Antônio de Souza Botelho e Mourão, havia recomendado literalmente: “Também lhes recomendo muito, façam florescer a devoção do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo para cujo efeito lhe faço remeter uma grande quantidade deles já benzidos, para se lançarem às pessoas que ainda não o tiverem.”

Cumpre notar que já no continente europeu a devoção ao Escapulário havia extrapolado os limites de uma simples devoção e se tornou bandeira para a responsabilidade das chamadas obras de misericórdia. Tendo Maria como modelo, pois se a temos como objeto de devoção em razão da sua ação maternal, os carmelitas nela se espelham para o serviço, uma vez que a consideramos irmã, irmã das lutas de cada dia.

Foram as confrarias do Escapulário que se lançaram ao trabalho em favor dos excluídos, em um mundo que fortemente discriminava.

Escolheram as situações de fronteira da vida. Ali estavam os confrades do Carmo, para dar uma sepultura digna aos indigentes que antes eram atirados a uma fossa comum e anônima. Ali estavam os confrades do Carmo junto ao leito dos doentes nos hospitais em uma hora que, pelo risco do contágio da peste, o doente significava alguém fadado à morte. Portanto, um perigo. Prisioneiros eram mobilizados para tratar deles, descarregando sobre pobres indefesos toda a carga de cólera, de quem já vivia num sistema de opressão e condenados à segregação.

Os carmelitas de hoje querem ser dignos herdeiros de nossos antepassados, que foram tão abnegados no trabalho missionário, assim como Eliseu foi herdeiro do manto de Elias, símbolo da transmissão do profetismo. No século passado, os carmelistas missionários, vindos da Holanda a fim de restaurar o Carmelo no Brasil, trouxeram toda sua experiência de magistério.

Ao lado de cada convento, erguiam uma escola para o atendimento dos mais carentes. Assim foram levantados o Ginásio do Carmo no centro, o Colégio Santo Alberto, ao lado da atual Basílica do Carmo, o Colégio do Carmo em Santos e a Escola Santo Alberto, no Largo da Lapa no Rio de Janeiro. Eles acreditavam no valor da escola para educar, formar, promover a cidadania.

Temos certeza de estar colaborando para a consecução do bem comum, numa atitude humilde de suprir as deficiências do aparato do Estado. Suprir, mas com todo empenho e eficiência.

Fico muito agradecido aos ilustres membros desta Assembléia Legislativa de São Paulo, de modo particular, ao Deputado José Carlos Stangarlini, pelo carinhoso acolhimento que hoje nos dispensam, no simbolismo da imagem de Nossa Senhora do Carmo, no transcurso dos 750 anos da entrega do Escapulário. Maria vem como a Virgem peregrina, mas, de modo especial, hoje e neste local, como esperança de todos os carmelitas.

Existem muitas maneiras de esperar. A primeira é de esperar por Godot, conforme o famoso drama de Becket. Esperar Godot como algo que vem libertar e salvar, que vem do alto, sem que nada seja exigido de nós. Portanto, é um esperar que significa dar tempo ao tempo, vivendo, entretanto, o dia presente apenas.

A segunda maneira de esperar é diferente. Espera com paciência, uma espera animada pela crença que resistir dizendo a verdade é uma questão de princípio, sem idéia se amanhã ou nunca tal compromisso dará o seu fruto ou se demonstrará inútil. Como diziam os romanos, “alea jacta est”, a sorte está lançada, e vamos ver o que vai dar. Trata-se de uma espera ética, mesmo não sabendo quais serão os resultados políticos práticos, o que de fato deve ser absolutamente feito.

Finalmente, há um modo de esperar com esperança. É uma espera inspirada pela convicção: o grão semeado lançará raízes e um dia brotará; um dia incerto, talvez para outras gerações. É uma espera atuante, aquela do agricultor que faz e cumpre o seu dever, e confia o resultado à Providência de Deus. É interessante notar que a primeira imagem de Nossa Senhora aportada ao Brasil carregava o título de Nossa Senhora da Esperança.

Desejo concluir tendo em vista o tempo em que vivemos, o tempo litúrgico, o advento, a espera do Natal. Esperamos no Natal um Senhor que vem. Ele vem pelo caminho da aliança, convocando para a colaboração, desde o momento da concepção. Maria Santíssima é associada ao plano de Deus, assim também os Srs. Deputados representados na pessoa do Deputado Stangarlini são mobilizados por Deus em sua consciência, a fim de trabalharem pelo bem comum, pelo bem de todos.

Rogo à Virgem do Carmo que lhes transmita a sua esperança do primeiro Natal, confiantes em que todo ato social, humano, político, honesto, que seja realizado em consciência, sem calculismo, sem segundas intenções, é feito na paciência de quem sabe esperar. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Quero anunciar a presença do Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Walter Feldman, que faz questão de transmitir uma mensagem a todos nós.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Querido Deputado José Carlos Stangarlini, meu amigo, digno representante da coletividade católica e cristã nesta Casa de Leis, Frei Paulo Gollarte, que tive a satisfação de ouvir na sua intervenção, Superior da Província Carmelitana de Santo Elias, autoridades presentes, meus cumprimentos e respeitos.

Senhoras e senhores, particularmente crianças e jovens do Espaço Gente Jovem de Santa Teresa, que ocupam a galerias desta Assembléia, quero, em primeiro lugar cumprimentar o Deputado José Carlos Stangarlini que, de maneira muito nobre e correta, tem representado todo o pensamento católico nesta Assembléia de São Paulo. Tenho vindo a várias manifestações sempre com muita alegria e satisfação, porque elas têm um conteúdo especial. Sempre que essas sessões solenes se encerram, a nossa Casa adquire mais energia, mais convicção e determinação para continuar o seu trabalho em benefício do interesse público e do bem comum.

Acredito que durante um período de sete anos, Deputado Stangarlini, é muito difícil o convívio. Dizem que o casamento se desestabiliza no sétimo ano. Superado esse período, ele se estabiliza. Setenta e cinco anos é quase impossível, poucas instituições têm essa idade. Setecentos e cinqüenta anos do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um evento que caracteriza dois caminhos. O primeiro é a força do acontecimento. É uma tradição que perpassa o tempo e se consolida nos dias de hoje. Segundo, a competência daqueles que absorveram esse fato há 150 anos e transmitiram às novas gerações.

Por isso, a minha alegria em ver essa criançada, essa juventude, do Espaço Gente Jovem do Carmo de Santa Teresa, pois, daqui a 750 anos, seus filhos netos, e bisnetos assegurarão a comemoração dos 1.500 anos desse importante evento de tantos séculos passados.

Eu digo isso, porque acredito na tradição, acredito na convicção da fé, acredito em Deus, e sei que são exatamente com esses princípios norteados por essa história e tradição que construiremos um novo mundo que terá alta tecnologia e uma informatização universalizada, com acesso a todas crianças e jovens, independente das suas origens e classes sociais.

Deveremos preservar sempre a tradição dos bons conceitos, dos bons valores, dos princípios éticos e morais que jamais deverão ser ultrapassados. Em qualquer sociedade são exatamente aqueles descobertos há pelo menos dois mil anos, revigorados no nascimento de Cristo, que devem preservar o futuro das nossas crianças, dos nossos jovens, que serão os adultos mais maduros do século XXI.

Obrigado Deputado Stangarlini, obrigado Frei Paulo, parabéns pela realização desta sessão solene. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Eu que agradeço, Presidente Walter Feldman, meu amigo, pela presença de V.Exa. na nossa sessão solene, dedicada aos 750 anos do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

Teremos agora a apresentação do Cântico Litúrgico pelo Coral da Paróquia Santa Teresa de Jesus.

 

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- É feita a apresentação do Cântico Litúrgico pelo Coral da Paróquia Santa Teresa de Jesus. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos mais uma vez ao Coral da Paróquia de Santa Teresa por essa bela apresentação.

Faremos agora a entrega de certificados aos homenageados.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - O nobre Deputado José Carlos Stangarlini, para registrar esse momento tão marcante na Assembléia, está oferecendo diplomas alusivos à data, e convida, inicialmente, o Frei Paulo Gollarte. Revmo. Superior da Província Carmelitana de Santo Elias para receber o seu. (Palmas.)

A homenagem da Assembléia, nesta Sessão Solene, ao Exmo. Revmo. Prior-Geral da Ordem do Carmo, Frei José Schaumars, que, por estar em Roma, aqui está representado pelo Frei Miguel Guzzo Coutinho. (Palmas.)

Homenagearemos agora Frei Nuno Alves Correia, um dos mais antigos e respeitados Carmelitanos, com 52 anos de sacerdócio. (Palmas.)

O idealizador da imagem peregrina de Nossa Senhora do Carmo, Frei Antônio Silvio da Costa Júnior, é o nosso próximo homenageado. (Palmas.)

Estaremos homenageando em seguida dois colaboradores eméritos dos Carmelitanos de Santo Elias, Dona Lídia Prata de Aquino e Sr. Dárcio Delavia. (Palmas.)

A Ordem Carmelitana de Santo Elias nos indicou duas homenagens póstumas a dois freis que eles entendem merecedores de uma lembrança em um momento tão significativo como o vivido hoje, Frei Antônio Faggiano e Frei Batista Blenke. Frei João Carlos receberá a homenagem póstuma de Frei Antônio Faggiano. (Palmas.) Frei José Petrônio receberá a homenagem de Frei Batista Blenke. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - A Sra. Lídia usará novamente da palavra para fazer uma homenagem.

 

A SRA. LÍDIA PRATA DE AQUINO - A homenagem que eu e o Dárcio recebemos queremos dividir com Ana, Charles, Douglas, Lígia, Cláudia Leonardos, Amarilis, Edilsa e Sr. José Raul. Uma equipe é como um quebra-cabeça, onde cada peça depende das outras para tornar-se completa. Agradecemos a vocês pelo bom resultado e um beijo no coração de cada um. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Passo a ler, para que conste dos Anais, o seguinte documento:

Senhoras e Senhores, a Assembléia Legislativa, representando o povo paulista, junta-se nesta manhã à Ordem do Carmo, de um modo particular à Província Carmelitana de Santo Elias, para comemorar os 750 anos deste maravilhoso sacramental: - o escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

Há 750 anos, Nossa Senhora do Carmo, de quem a história do título e da invocação tiveram início concomitante ao do cristianismo, foi invocada com bastante insistência e força por um de seus filhos, São Simão Stock.

São Simão Stock clamava ajuda para a Ordem Carmelita que estava prestes a ser extinta, e como resposta, a mãe de Jesus exibiu-lhe um sinal, simples aos nossos olhos, mas profundo aos nossos corações: - o escapulário.

A medianeira de todas as graças, Maria Santíssima, jamais deixará de atender a quem a ela recorrer com fé, esperança e humildade.

Temos essa certeza não somente por esse fato que marca o início da veneração do escapulário, mas por tudo o que sabemos e conhecemos da Ordem Carmelitana, e mais, por tudo o que ouvimos nos pronunciamentos desta sessão.

Maria Santíssima foi a pessoa que teve a convivência mais próxima das três pessoas da Santíssima Trindade.

Foi escolhida entre todas as mulheres pelo Pai. Pela força do Espírito Santo concebeu o Filho, a quem amamentou, guiou os primeiros passos e relacionou-se durante sua passagem pela terra.

No calvário, nos instantes finais do sacrifício de Jesus, representados pelo apóstolo João, recebemos Maria Santíssima com nossa mãe, nossa advogada, nossa protetora.

Minhas senhoras e meus senhores, o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, símbolo de profundo significado que manifesta uma dedicação especial do cristão a Nossa Senhora, não é somente um penhor da salvação eterna, é também uma concreta proteção dos perigos pelos quais passamos nesta vida, um forte escudo contra os inimigos do nosso corpo e de nossa alma.

Por isso, temos a alegria de receber neste plenário, local onde se discute importantes temas relacionados à vida do povo paulista, a imagem peregrina de Nossa Senhora do Carmo.

Essa imagem que tem visitado várias cidades e ajudado a divulgar a veneração por Nossa Senhora do Carmo e ao seu escapulário.

Agradeço a presença de todas as senhoras e os senhores que aqui vieram prestigiar essa alegre comemoração.

Registrando, mais uma vez, minha alegria em recebê-los para esta sessão solene, desejo-lhes um feliz Natal, com muita saúde, paz e prosperidade.

Muito obrigado.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida para a cerimônia de imposição do Escapulário que os Freis farão aos convidados neste plenário.

Está encerrada sessão.

 

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-              Encerra-se a sessão às 11 horas e 24 minutos.

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