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07 DE NOVEMBRO DE 2003

51ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO "DIA DO LÍDER COMUNITÁRIO"

 

Presidência: JOÃO CARAMEZ

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 07/11/2003 - Sessão 51ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: JOÃO CARAMEZ

 

HOMENAGEM AO "DIA DO LÍDER COMUNITÁRIO"

001 - JOÃO CARAMEZ

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente efetivo, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o "Dia do Líder Comunitário". Convida todos para ouvirem de pé, a execução do Hino Nacional pela Banda da Polícia Militar. Solidariza-se com a Polícia Militar, que perdeu membros da corporação em ataques criminosos. Refere-se à ameaça de bomba contra este Poder hoje. Conclama os presentes a observarem um minuto de silêncio em respeito aos policiais vítimas de ataques. Anuncia a apresentação de audiovisual sobre as realizações da Comunidade Dom Bosco. Justifica a iniciativa desta homenagem aos Líderes Comunitários e às obras sociais da Comunidade Dom Bosco.

 

002 - PADRE ROSALVINO MORAN

Fundador das Obras Sociais Dom Bosco de Itaquera, agradece a iniciativa da homenagem e à comunidade que participa da entidade.

 

003 - Presidente JOÃO CARAMEZ

Passa à homenagem ao Padre Rosalvino Moran.

 

004 - ANSELMO JOSÉ ALMEIDA

Conhecido por Ney Favela, Presidente da Fagesp - Federação das Favelas do Estado de São Paulo, saúda os colaboradores da entidade presentes. Agradece e elogia a iniciativa da homenagem.

 

005 - Presidente JOÃO CARAMEZ

Anuncia a apresentação de número musical. Homenageia os Líderes Comunitários. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Quero desejar uma boa-noite a todos, agradecer pela presença, particularmente do Coral Municipal de Itapevi, nossa cidade. Quero me congratular com o meu companheiro e amigo Anselmo José Almeida, o Ney Favela, Presidente da Fagesp, Federação das Favelas do Estado de São Paulo. Quero, com muita honra, me congratular com o Padre Rosalvino Moran, fundador das Obras Sociais Dom Bosco de Itaquera.

Quero anunciar a presença do Wagner Boarini, Presidente do Lions Clube de São Paulo/Barra Funda, representando Maria Ivone Bezerra da Silva, da Sociedade Vila Antonieta; de Erivaldo Alves Freire, Presidente da Associação dos Moradores de Pinheiros e Presidente do PMDB de Pinheiros; de Jair Orífice, Coordenador Central de Regulação da Saúde-Leste; do Vereador Ratinho, de Ferraz de Vasconcelos; de Juscelino Gadelha, representando o Centro Universitário Nove de Julho; de José Maria Del Bello, representando o Sindicato das Empresas de Guincho do Estado de São Paulo- Segresp; de Valéria Vieira Teodório, gerente da Ação Regional da CDHU da Capital; de Juraci Pereira de Melo, Diretora da Fagesp-Zona Norte e de Alexandre Almeida, Diretor da Fagesp.

Minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar o Dia do Líder Comunitário. Convido a todos para, em pé, ouvirem o Hino Nacional Brasileiro, executado pela gloriosa Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, regida pelo Maestro 1º Tenente PM Elias Batista do Nascimento.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Agradeço à Banda da Polícia Militar, na pessoa do Tenente Elias. Antes, de darmos prosseguimento à nossa sessão, Tenente, caríssimos PMs, quero dizer algumas palavras.

Temos assistido a algo que, sem sombra de dúvida, nos tem chocado muito: em apenas cinco dias foram 29 ataques aos laboriosos e corajosos homens da Polícia Militar. Em todas as oportunidades procuro enfatizar a grande polícia que temos no Estado de São Paulo. Temos aqui a melhor polícia do Brasil. (Palmas.)

Desses ataques, o resultado foi a morte de três soldados e mais dez feridos, homens que estavam cumprindo com o seu dever, homens que estavam cumprindo com a sua obrigação. Não era troca de tiros. Estavam cumprindo o seu horário de trabalho nas bases comunitárias, muitas delas construídas com a ajuda da sociedade civil organizada, pelo povo de São Paulo e covardemente alvejadas por esse bando, por essa quadrilha organizada.

Hoje mesmo, esta Assembléia Legislativa, que é a Casa do Povo, foi vítima desses bandidos. Às 15 horas, a Associação dos Funcionários da Assembléia recebeu um telefonema dando conta de que existiam duas bombas no interior do prédio e que explodiriam dentro de 30 minutos. Num primeiro momento você imagina que seja um blefe. Mas diante da situação que estamos vivendo, todo cuidado é pouco. E a direção desta Casa, agindo como qualquer cidadão de bom senso agiria, mandou evacuar o prédio para a polícia fazer o rastreamento. As bombas não foram encontradas. Mas até aí, a imprensa toda estava noticiando o acontecimento.

É óbvio que isso atrapalhou a nossa grande festa, ou melhor, diminuiu o número de participantes. Mas, com toda razão, qualquer um ficaria assustado e preocupado. Se eles acham que vão fazer no Estado de São Paulo, o que fazem no Rio de Janeiro, estão completamente enganados, porque aqui, além de ter uma polícia corajosa e eficiente, tem um Governador corajoso e eficiente também. (Palmas.)

Estamos vivendo uma guerra e esses homens, por mais coragem que tenham, às vezes ficam inferiorizados, porque os equipamentos que eles têm são aqueles determinados por lei, ao contrário dos bandidos, que por meio do tráfico conseguem um armamento mais poderoso. Mas nós dispomos de uma grande arma: é a arma do povo. A famosa frase “O povo unido jamais será vencido” acho que nunca caiu tão bem quanto agora. Alguém poderá perguntar: “Mas de que forma eu posso ajudar a combater o crime?” Aliando-se à coragem desses grandes policiais, denunciando qualquer foco que vocês verifiquem perto de suas casas.

O Estado de São Paulo foi o primeiro estado a implantar o Disque-Denúncia 0800-156315. Lá, você não tem nome. Lá você tem um número. Então, não se intimidem. Qualquer manifestação suspeita, façam a denúncia, porque dessa forma estaremos colaborando e contribuindo para combater o crime organizado e quem sabe com isso poupando a vida de mais policiais, alguns são chefes de família, outros são jovens, outros são pais, alguns são avós, alguns morreram faltando poucos meses para se aposentar. Então, gente, vocês que são nossos amigos, nossos companheiros, que representam as verdadeiras lideranças, levem essa mensagem para casa. Vamos levar essa mensagem para os nossos bairros. Vamos nos associar a essa grande cruzada, a essa grande luta contra o crime organizado. Denuncie!

Tenente, a única homenagem que nós podemos prestar neste momento é prestar toda nossa solidariedade, o nosso reconhecimento pelo trabalho e pela coragem daqueles que partiram. Nesse sentido, eu gostaria de pedir a todos que fizéssemos um minuto de silêncio em memória daqueles que nos deixaram cumprindo com o seu dever.

 

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- É feito um minuto de silêncio.

 

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Uma salva de palmas para a Polícia Militar de São Paulo. (Palmas.)

Para mostrar que esse povo é muito bom, que esse povo é prestativo, e, sem sombra de dúvida, é aquele que faz a gente acreditar no amanhã e no futuro para provar que esse povo pensa no ser humano, pensa no irmão, pensa nas crianças, pensa no idoso. Enfim, para provar que esse povo faz parte integrante de uma sociedade que vive constantemente lutando para que as adversidades sejam vencidas. Por falar em adversidades, lembro-me da famosa frase do nosso saudoso Mário Covas, quem dizia que diante das adversidades só existem três alternativas: combater, lutar e vencer.

Para provar que vocês realmente combatem, lutam e vencem é que mostraremos um ‘data-show’ de nove minutos.

 

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-              É feita a apresentação de audiovisual.

 

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O SR. JOÃO CARAMEZ - PSDB - Gostaria de dar uma explicação: a iniciativa de se comemorar o Dia do Líder Comunitário partiu da Fagesp um tempo atrás. Tive o prazer de conhecer o Ney Favela numa luta na região dos mananciais, um frio danado que estava, chovendo, ele parecia Al Capone com capote preto. A partir daí começou uma amizade e passei a conhecer um pouco o trabalho da federação, até que em 2001 reunimos mais de 10 mil pessoas no Ginásio de Esportes do Ibirapuera onde participavam 450 líderes comunitários.

Ali o vi entregar um diploma para o líder comunitário. Eu disse para ele o seguinte: “Olha, se eu for reeleito, quero compartilhar com você esse trabalho, porque afinal de contas a minha vida pública não começou na política partidária; começou na política comunitária dentro da igreja, sendo coroinha, da Cruzada, depois na minha juventude na Comunidade Jovens Cristãos. Quero partilhar com você esse trabalho. Se eu for reeleito vamos levar para a Assembléia essa homenagem, porque se há um lugar mais adequado, mais justo para se homenagear os líderes comunitários esse é a Casa do Povo”.

Fizemos ano passado aqui, fizemos este ano e enquanto Deus nos der saúde, vida e o povo estiver nos reelegendo vamos trazendo para cá a comemoração. E se Deus quiser no ano que vem vamos ter novamente essa homenagem aqui.

Gostaria de anunciar a presença do vice-Prefeito de Itaquá, João Seleção. (Palmas.)

E todo ano vamos tentar homenagear uma entidade. Neste ano tínhamos que homenagear essas entidades, uma pela iniciativa, pelo trabalho que vêm realizando, e outra, as obras sociais de Dom Bosco, onde tive o prazer de conhecer o Padre Rosalvino, um homem de luta, perseverante, que não mede esforços para ajudar as pessoas. Não sei onde ele vai buscar tanta energia, tanta saúde para poder fazer o que faz.

Tenho acompanhado de longe mas quando posso vou lá próximo. Vocês viram aí pelas imagens o programa de habitação que ele faz, os mutirões, os ensinos profissionalizantes, enfim, ele cuida da criança que nasce até aquele que já viveu muitos anos.

Então nada mais justo do que fazer essa homenagem às obras sociais de Dom Bosco. Então, Padre, receba aqui as nossas homenagens e eu gostaria agora que o senhor usasse a palavra.

 

O SR. PADRE ROSALVINO MORAN - Boa noite a todos. Sabem que mesmo não sendo tímido nem acanhado, tem horas que a gente se intimida e se acanha. Mas como aqui estamos entre amigos, João, você como Deputado desta Casa e amigo nosso de tempos idos já, desde o nosso grande amigo Mário Covas, quantas vezes nós encaminhamos conversas, programas e projetos, então ousamos dizer alguma mensagem para vocês.

Acho que ninguém faz nada sozinho. A importância de tudo é quando tudo se faz na comunidade. Você mesmo disse nesse refrão que é velho, está gasto, que o povo unido não é vencido mesmo. Parece até brincadeira. Essas ameaças que foram feitas à corporação, por incrível que pareça, a Dom Bosco em Itaquera também passou por esse tipo de fala, que veio de um rapaz que com os olhos lacrimejando disse assim: “Padre não pode acontecer. Eu amo o que aprendi com vocês. Você não pode deixar ninguém invadir e levar os nossos computadores. Olha a palavra do menino “os nossos computadores”. “Padre, tem um planejamento, tudo acertado para entrar na tua entidade”. Então você começou bem a sua fala João, que realmente estamos vivendo algo muito esquisito, algo muito difícil, algo muito complicado.

Hoje nós gravávamos ali no Páteo do Colégio, vim de lá para cá, amanhã a Globo lança um desafio, o que fazermos para que esta cidade seja mais bonita, mais agradável, mais acolhedora. Eu dizia assim: É acho que ainda tem jeito, porque quando a gente põe a criança no centro, quando a gente põe o jovem, no centro eu vou dizendo para minha consciência que essa cidade tem jeito, que a sociedade mais adulta tem jeito. Porque a criança é sorriso, a criança é simplicidade, a criança é esperança. Mas não uma esperança longínqua, remota, não. É o já, é o agora. Este já e este agora, acho que esta tua iniciativa bonita e simples de dar o mimo àqueles que talvez lhes tomamos a dianteira, empurramos a carroça com maior energia, com mais força, acho que isso ajuda. Isso entusiasma. Isso faz a gente continuar a acreditar e a confiar nas pessoas.

Gente, digo com toda a minha simplicidade, alguém já disse: quem veio para ser servido e não para servir nem gente devia ser, e nem pessoa devia nascer. Porque aquele que é muito mais do que todos nós já disse: eu não vim para ser servido, eu vim para servir. Jesus Cristo nosso Deus e nosso Senhor. Ali está minha comunidade. Esconde a faixa, pela amor de Deus, porque senão o povo vai pensar que só o Padre que trabalha lá em Itaquera.

Mas ali, carinhosamente, acho que tem umas setenta pessoas lá de Itaquera, a quem quero dedicar esta homenagem, Deputado João Caramez. Quero dizer que tudo aquilo que está aí tão bem feito acho que foi a primeira amostragem da obra social Dom Bosco desde a sua fundação, feita com arte e com maestria e com capacidade. Peço uma salva de palmas para o casal, a Magali que preparou isso.

Peço que você nos dê uma cópia porque esta cópia com certeza vai ser, não digo modelo, mas quem sabe possa inspirar outras obras, outras entidades, outras ONGs, para a nossa juventude, gente querida, falo agora com o coração, aqui tenho grandes amigos, está o presidente do Fórum aí, está o Eduardo com a esposa, está o Adilson aqui a meu lado que é uma figura. Se esse homem não tivesse insistido em Itaquera, acho que a Dom Bosco não teria chegado aonde chegou, porque todas as plantas que a Alemanha acabou aprovando e financiando passaram pelo “ok” desse homem. Como agora está comigo lá ajudando, para a tarefa da semana da Globo, está também nos dando uma força.

Como é importante a gente se unir, como é importante a gente somar, como é importante, gente querida, estender a mão e fazer um mutirão que não seja sonho mas que seja realidade. Que a cidade de São Paulo, que comemora 450 anos, seja a minha cidade, seja a tua cidade, seja a nossa cidade. Ali estão meus irmãos. Todos eles dessa raça brava. Gente querida, nós emigrantes chegamos aqui. Nunca pensei estar numa tribuna, numa casa desse porte, ter os amigos que tenho, as amizades que tenho no Estado todo, como todos vocês sabem. Nunca pensei chegar aonde nós chegamos.

Espero que tudo isso sirva para servirmos melhor, para ajudarmos aquele que precisa - seja criança, seja jovem, seja adulto -, quem seja; quem chora, deixe de chorar; quem não sorri, comece a sorrir. No dia em que isso acontecer, esta cidade não será jamais dirigida nem empurrada por nenhum bandido e sim por gente de bem como você, meu querido irmão, como nós que estamos aqui, não para nos aplaudir, mas para dizermos que, ao sairmos desta Casa, a responsabilidade a partir desta hora, deste momento, se multiplica, aumenta, cresce, como é o coração de Deus, o coração de Jesus. Muito obrigado, que Deus abençoe todos, e obrigado a você, de modo especial! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - João Caramez - PSDB -- Padre, a, espere um pouquinho só. O Senhor vai ser homenageado pela comunidade. Umas flores para o Senhor. A Comunidade Dom Bosco irá homenageá-lo com floreso homenageia.

(Palmas.)

           

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- É feita a entrega de flores. (Palmas.)

 

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O Sr. Presidente - João Caramez - PSDB - O padre, na hora em que me abraçou, cochichou em meu ouvido: “Muito obrigado, João.” Padre, somos nós que agradecemos a possibilidade, a bênção que Deus nos deus de tê-lo como amigo; somos nós que agradecemos de tê-lo como irmão. E o povo, sem sombra de dúvida, principalmente o povo da Dom Bosco, o povo de Itaquera, é que agradece a mão divina de ter encaminhado e levado o Senhor até aquele bairro, que tem, que sabemos que é um bairro constituído de um povo laborioso, lutador, perseverante, apesar decom todos os problemas que os bairros de São Paulo têm. Então, somos nós que agradecemos. (Palmas.)

Quero anunciar a presença de Augusto Morales, ex-Administrador Regional de Itaquera e Guaianazzes; Nancy Alemany, Diretora de Indústria e Comércio de Cotia; Solange Fonseca Freitasl, Psicóloga do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros e avaliadora do Ministério da Saúde do Hospital Amigo da Criança; enfim.

Passo a palavra ao meu amigo e companheiro, às vezes, até polêmico, brigador. Quem conhece bem o Ney sabe porque estou falando isso. Com a palavra Anselmo José Almeida, conhecido como Ney Favela, que foi o idealizador da comemoração do Dia do Líder Comunitário. (Palmas.)

 

O sr. ANSELMO JOSÉ ALMEIDA (NEY FAVELA) - Boa noite a todos! Quero marcar a presença dos colaboradores e diretores da Fagesp. Alguns estão aqui no plenário. Se não me engano, está também o vice-Presidente, Gil. Comecei como pPresidente do Conselho Regional da Favela de Santo Amaro, depois fui pPresidente da União de Favelas da Zona Sul e depois, por dois mandatos, fui vice-pPresidente do Conselho Coordenador de Favelas de São Paulo. Hoje, sou pPresidente da Federação das Favelas do Estado de São Paulo. Espero que saia daqui um futuro pPresidente porque já estou me aposentando.

Quero fazer uma extensão do minuto de silêncio para um companheiro, Valdo, do Cantinho do Céu, que trabalhou durante a campanha eleitoral. Valdo faleceu, vítima da violência urbana. A ele, qQuero estender aquele minuto de silêncio.

Tem um companheiro que não posso deixar de citar, o Elias, que está ali sentado. O Eliasque foi a pessoa que quando falamos em fundar a federação e não tínhamos como ir às favelas, falou: “O quê? Vamos a pé mesmo!” E foram, pelas Águas Espraiadas, quando tinha a favela Buraco Quente, chamar o pessoal para fundar a Federação de Favelas no Centro de Convenções Rebouças. São essas pessoas que fazem história no movimento popular.

Parabenizo o coral da cidade do nosso Deputado, o Coral de Itapevi, que sei que vai fazer uma brilhante apresentação. Agradeço ao grupo de assessores do DDeputado que participaram da produção deste evento, e que irão produzi-lo nos próximos anos, através de Valdir Ferreira. Agradeço também à minha companheira, Valéria; à Socorro, que foi colaboradora da federação; àa Vavá.

O que o Deputado está fazendo é uma coisa muito importante. Ele está mostrando que quem tem que homenagear os líderes comunitários é a instituição, é a Casa das leis, são os Deputados, que são eleitos para trabalhar pelo povo. Já que eles trabalham pelo povo, nada mais justo que façam uma homenagem, todos os anos, para uma entidade, como a que foi feita hoje ao Padre Rosalvino.

Para finalizar, quero deixar uma coisa bem clara. Em nosso dia, em nossa homenagem, quero pedir licença para vocês, para passar para a minha esposa, que está aqui, meus filhos e os filhos de todos vocês, porque eles são os frutos desta Nação. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Agora teremos o prazer de ouvir este maravilhoso coral por professores e diretores de escola. Fico muito orgulhoso com todos, por várias razões. Em primeiro lugar, pela dedicação que eles têm pelas nossas crianças e pela nossa cidade. Noventa e cinco por cento deles trabalham na administração desde a época em que eu era Prefeito. Hoje a Prefeita é a minha esposa.

Além de professores e diretores, temos também pessoas da comunidade participando. Isso porque a partir do momento em que a Dalvani assumiu o governo daquele município, fez questão de fazer com que todos os programas da Prefeitura fossem integrados à comunidade também. Então, temos filhos, pais de alunos etc. Enfim, melhor passarmos para a apresentação para que vocês vejam.

A nossa maestrina é a Professora Januária. Eles vão cantar três músicas. A primeira é “Canon”, de Mozart, tradução da versão espanhola; a segunda é “Estão voltando as flores” e a terceira é “Pompa e circunstância”. (Palmas.)

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO CARAMEZ - PSDB - Agradeço imensamente ao coral. Ouviríamos muito mais se tivéssemos tempo. Dá vontade de tocar mais, não dá? Mas, padre, preciso chegar no aeroporto até as 9 horas se não perco o vôo para Rio Preto. Tenho uma reunião amanhã às 8h30 em Santa Fé do Sul, divisa com Mato Grosso, e não há nenhum outro Deputado aqui para me substituir. Prometo a vocês que brevemente estarão se apresentando novamente. Está bom? (Palmas.)

Estão me lembrando que depois que encerrar a sessão a Casa permanecerá aberta e o Coral pode se apresentar. Aproveito a oportunidade para dizer para que vocês peguem seus diplomas na saída. Há uma relação com os nomes, cada nome tem um número, é só ir na caixinha direto, com o número correspondente. Mas se vocês quiserem mais uma apresentação eles ficam aqui para cantar e tocar para vocês. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

Estou aqui agoniado! Alguém vai perguntar: “Mas se você tinha esse compromisso, por que marcou esse vôo?” Mas não fui eu quem marquei; são 67 Prefeitos que representam as estâncias do estado e estão promovendo um encontro em Santa Fé do Sul. Eu tenho um projeto de lei nesta Casa que trata exatamente da regulamentação e da regulação das estâncias turísticas. Então, preciso estar lá e infelizmente só tem esse vôo das 21 horas e 15 minutos e eu preciso chegar no aeroporto às 21 horas. A bomba e o trânsito nos atrapalharam, mas não tem problema.

Pelo cerimonial eu tinha que fazer um discurso agora, confesso que tentei me preparar para esse discurso, tentei refletir, pensei, busquei algumas opiniões com amigos, companheiros e conhecidos, olhei livros e dicionário. Mas confesso que não encontrei, em nenhum momento, palavras para dizer aqui e homenageá-los, mostrar o que vocês realmente representam.

Mas de repente, lendo o jornal me deparei com um artigo intitulado Lição de Vida. Acho que esse artigo vem a propósito desta noite, exatamente dentro daquilo que vocês fazem e passo a ler: “O avião era grande, desses que tem esquinas, escadas internas e segundos andares. Tive dificuldade de localizar o assento; no cartão de embarque o seis parecia um oito ou vice-versa. A comissária de bordo veio me ajudar, indicou-me a poltrona, sorriu, e antes que eu agradecesse ela disse obrigada. Fiz a cara de sempre, a de quem nada entende de nada. É que me lembrara que nada fizera para que merecesse o agradecimento de quem quer que fosse. Ela compreendeu e acrescentou: li uma historinha sua no livro de minha filha e aprendi uma grande lição de vida.

Outros passageiros engarrafaram o corredor e a conversa parou ali mesmo. Ela foi fazer a sua parte, eu fiz a minha amarrando-me no assento e invocando meus santos preferidos para que me protegessem. Só depois fiquei pensando que historinha teria sido essa, uma lição de vida. Eu que nada aprendi da vida, que tanto quebro a cara e a cada dia e que sempre que posso - e mesmo quando não posso nem devo, procuro justamente nada ensinar do que nada que não me canso de aprender.

Bem, o avião decolou. A viagem demoraria mais de onze horas. Se houvesse oportunidade eu tomaria satisfações com a moça; mas não foi preciso. Serviram o jantar naquela hora em que todos procuram dormir. Num avacalhado território que costuma ser vendido como o mais espaçoso e confortável, a comissária veio com um caderninho que me parecia de endereços. Ela mesma acendeu a luz individual que me iluminaria e mostrou uma anotação feita com tinta vermelha: ‘A melhor forma de se encontrar é quando tudo está perdido’.

Não me lembro de ter escrito essa frase, que tem um leve bafio acaciano, mas estava cansado e com sono. Fiz um gesto vago, como se desdenhasse o que havia escrito. E como eu parecia sentir frio ela abriu a coberta azul e me agasalhou como se agasalha um menino.”

É exatamente isso. A melhor forma de homenagear a todos vocês é dizer que a gente se encontra quando parece que tudo está perdido. Vocês, sempre que podem, estão agasalhando alguém e estão sempre ajudando alguém. É disso que o mundo precisa, de pessoas que se encontram quando tudo parece estar perdido.

Parabéns a vocês. Muito obrigado pela presença de todos. Obrigado às entidades de outros municípios. Como Presidente da sessão só tenho a dizer que esgotado o objeto da presente sessão agradeço do fundo do coração por tudo aquilo que vocês têm feito por todos nós.

Está encerrada a sessão. Gostaria de descer e dar um abraço em cada um mas, me perdoem, preciso sair. Muito obrigado.

 

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-              Encerra-se a sessão às 20 horas e 35 minutos.

 

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