051ª SESSÃO
SOLENE
Presidente: SIMÃO PEDRO
RESUMO
001 - SIMÃO PEDRO
Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes.
Informa que o Presidente Barros Munhoz convocara esta sessão solene, a
requerimento do Deputado Simão Pedro, na direção dos trabalhos, para
"Homenagear os 60 anos dos Missionários Combonianos no Brasil".
Convida o público para, de pé, ouvir o
"Hino Nacional Brasileiro".
002 - VANDERLEI BERVIAN
Mestre de Cerimônias, anuncia a apresentação de vídeo institucional sobre
os missionários combonianos.
003 - ADRIANO ZERBINI
Padre, membro do Conselho Provincial Brasil Sul, representando os padres e
irmãos combonianos, dá conhecimento do trabalho desenvolvido na Paróquia de São
Sebastião, no bairro do Sapopemba, no final dos anos 70. Recorda a adaptação da
Igreja às determinações do Concílio Vaticano II. Fala das atividades
implantadas na periferia, com as comunidades eclesiais de base.
004 - FABIANA TIBÚRCIO
Representante do Instituto Daniel Comboni, informa que é herdeira do
trabalho comboniano feito na Fazenda da Juta, especialmente na luta pela
moradia. Recorda os cursos de datilografia. Dá conhecimento de projetos e do
atendimento feito pela entidade. Recorda o lema "pela construção de um
mundo melhor" e o princípio comboniano "salvar o Brasil com o
Brasil". Destaca o respeito pela pessoa humana.
005 - FRANCISCO DIONÍSIO DA SILVA
Representante dos leigos e leigas que atuam nas Comunidades Eclesiais de
Base, enaltece a alegria dos combonianos no trabalho levado a efeito na
Paróquia São Sebastião. Reflete sobre a valorização dos leigos e das atividades
feitas
006 - PEDRO AGBE AKPENE
Seminarista do Togo, representante dos missionários combonianos, informa que integra o grupo de 139
seminaristas estrangeiros. Fala dos cursos de Teologia da PUC - Pontifícia
Universidade Católica. Enaltece a nova visão de ser da Igreja, pregada pelos combonianos. Destaca o crescimento pessoal e mútuo dos
vários grupos da entidade. Enaltece o respeito pela diversidade, pelas
diferenças, culturas e raças. Louva o trabalho de solidariedade, voltado para
os humildes e necessitados.
007 - APARECIDA JOSEFA
DIAS DA SILVA
Psicopedagoga do Cantinho da Esperança, explica a estrutura da entidade,
criada em 1982, inicialmente sem a ajuda do poder público. Informa suas
conquistas na entidade, mesmo com suas limitações físicas. Fala do atendimento
a 200 pessoas com deficiência e a 60 jovens em estado de risco, e o propósito
de dar-lhes independência. Lembra a doação de terreno, herança de padre da
comunidade, no qual foi construída a sede da entidade.
008 - CATERINA INGELIDO
Irmã, diretora do Instituto Daniel Comboni, em nome das irmãs
missionárias, informa a fundação da congregação, em 1872, voltada para o
atendimento de necessitados e excluídos. Dá conhecimento das atividades
voltadas para as crianças, adolescentes e jovens, nos princípios da
catolicidade. Recorda os mais de 55 anos de trabalho da pastoral feminina,
seguindo as "mulheres do Evangelho", que lhes servem de inspiração,
assim como os ideais do fundador Daniel Comboni.
009 - PAULO LOMAR
Representante do Bairro da Previdência, onde está instalada a Casa
Provincial dos Missionários Combonianos, dá conhecimento de suas ligações, bem
como do trabalho de evangelização dos ativistas combonianos na região Oeste da
Capital. Recorda as mudanças implementadas pela Arquidiocese de São Paulo, após
o Concílio Vaticano II. Comunica a venda do Palácio Episcopal, pelo Cardeal
Arns, cuja renda foi revertida para os necessitados. Enaltece as diretrizes
pela busca de um diálogo entre as religiões. Ressalta a força e a persistência
na fé incentivada pelos combonianos.
010 - VANDERLEI BERVIAN
Mestre de Cerimônias, apresenta votos de melhoras à saúde do Sr. Mariano
Baraghia, que encontra-se enfermo.
011 - CHEILA OLLALA
Do Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Cedeca - Centro de Defesa da
Criança e do Adolescente, de Sapopemba, dá conhecimento da realidade social do
bairro do Sapopemba, que enfrenta problemas de violência de toda natureza.
Repudia a violação dos direitos humanos. Lembra a visão equivocada sobre esses
direitos. Fala do trabalho das duas entidades que representa. Agradece aos
combonianos pelos incentivos e por seu ânimo.
012 - Presidente SIMÃO PEDRO
Entrega uma bandeira do Brasil e uma camiseta da Seleção Brasileira de
Futebol ao Provincial Padre Alcides Costa.
013 - ALCIDES COSTA
Provincial Padre, informa que conhecera o Deputado Simão Pedro em
Rondônia, nos anos 80. Recorda o propósito de Daniel Comboni de trabalhar com
pessoas de vários países num mesmo projeto. Informa que os combonianos chegaram
ao Brasil no dia 23/07/52, no município de Serra, no Espírito Santo e,
posteriormente, no Maranhão. Afirma que os combonianos refletiram as mudanças
instituídas pelo Concílio Vaticano II. Enaltece a militância em favor dos
pobres. Fala do movimento migratório para Rondônia, nos anos 70. Recorda e
lamenta o martírio do Padre Ezequiel Ramin, assassinado no Mato Grosso, há 25
anos. Dá conhecimento das atividades da instituição, voltadas para os
indígenas, os afro-americanos, a população das periferias das grandes cidades e
a atuação missionária, composta por 95 homens e 45 mulheres, além dos leigos.
014 - Presidente SIMÃO PEDRO
Anuncia a apresentação de canto africano, feita pelos seminaristas.
Discorre sobre a importância do trabalho dos 1.600 combonianos no mundo.
Enaltece a identidade de sua atuação política com a desses religiosos. Informa
a migração de sua família para Rondônia, quando conheceu os combonianos. Louva
o trabalho desenvolvido pelos missionários na selva amazônica. Recorda o
martírio do padre Ezequiel Ramin. Destaca as atividades dos combonianos em
vários continentes, especialmente na África. Reflete sobre a preocupação com a
preservação das áreas de quilombos, a juventude, os indígenas e os pequenos
agricultores. Enfatiza sua luta contra os agrotóxicos. Faz agradecimentos
gerais, lembra a convocação para a sessão solene de 27/08, às 10 horas, em
"Homenagem ao Exército Brasileiro e seu Patrono, Duque de Caxias".
Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Simão Pedro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura
da Ata da sessão anterior. Quero convidar para compor a Mesa a Missionária Comboniana,
que nesse momento completa 60 anos de vida Missionária, dos quais 45
anos aqui no Brasil, a Irmã Elide Sorio. (Palmas.)
Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
minhas Senhoras e meus Senhores, essa Sessão Solene foi convocada pelo
Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo,
Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste Deputado, Simão Pedro, com
a finalidade de homenagear os 60 anos dos Missionários Combonianos
no Brasil.
Quero convidar a todos os
presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pelos
jovens do Vivarte, Projeto Cultural Vivarte Daniel Comboni.
* * *
- É executado o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Quero registrar aqui algumas comunicações que
nós recebemos, cumprimentando a Assembleia
Legislativa e os Missionários Combonianos por esse
evento. Do Cerimonial do Gabinete do Prefeito Gilberto Kassab,
Assessoria do Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Vereador José Police
Neto, agradecendo e desejando sucesso ao evento; a Sra. Lu
Alckmin, Primeira Dama do Estado de São Paulo; o Sr. Davi Zaia,
Secretário do Estado de Gestão Pública; o Secretário da Casa
Militar do Governo do Estado de São Paulo, Coronel Benedito Roberto
Meira; o Sr. Carlos Andrew Ortiz, Secretário de Emprego e Relações do Trabalho;
a Sra. Dra. Linamara Rizzo Battistella,
Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência no Estado de São
Paulo; o Sr. Rodrigo Garcia, Secretário de Desenvolvimento Social; a Sra. Monika Bergamaschi, Secretária de
Agricultura e Abastecimento; o Deputado João Caramez,
agradecendo o convite e justificando a impossibilidade de participar, mas
desejando pleno sucesso ao nosso evento; e o Sr. Newton de Lucca,
Desembargador Federal, Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Só para registrar, os jovens do Vivarte, o Projeto Cultural Vivarte
Daniel Comboni atende a 250 crianças e adolescentes
com idade entre seis e 15 anos, nas modalidades artísticas de
dança, música, teatro, línguas, coral, formação humana e cidadania.
O projeto objetiva acolher a
criança, o adolescente e o jovem, socialmente vulneráveis envolvendo a família
e compartilhando conhecimentos através de atividades educacionais, artísticas,
sócio culturais, capacitação profissional e valores cristãos, promovendo a
cidadania e a dignidade humana, tornando-os protagonistas de uma sociedade mais
justa.
E estão aqui conosco para animar
o nosso encontro. Muito obrigado pela presença de vocês. (Palmas.)
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Antes de passar a palavra ao Professor e
Padre Vanderlei Bervian para dirigir os trabalhos
daqui para frente, eu quero agradecer também as presenças do Professor Paulo Fiorelo, da zona leste; da Sra. Cheila
Ollala, membro do Conselho de Defesa da Pessoa
Humana, o CONDEPE; a Irmã Caterina Ingelido, Superiora da Comunidade de Sapopemba
e Diretora do Instituto Daniel Comboni; Padre Adriano
Zerbini, Pároco da Paróquia São Sebastião; Sr. Francisco Dionísio da Silva,
representando todos os leigos que atuam nas várias comunidades eclesiásticas de
base e paróquias; o Sr. Paulo Lomar, representando os
amigos Combonianos da região do Bairro da Previdência;
Seminarista Pedro Agbe Akpene,
representando os Missionários Combonianos; a Sra.
Aparecida Josefa Dias da Silva, Psicopedagoga; e também a representação do
Gabinete da Vereadora, Juliana Cardoso.
Padre Vanderlei.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Pois bem, boa noite,
Senhores e Senhoras. Vocês percebem que os Combonianos
não conseguem ser solenes nem nas solenidades. Esse é o espírito Comboniano, o espírito da família Comboniana,
o espírito de Irmãos e Irmãs.
Quando nós preparávamos esse
momento nós tínhamos duas opções. Vamos dar espaço a poucas pessoas falar muito
ou dar pouco espaço para muitas pessoas falarem um pouco. E mais do que falar,
nós queremos mostrar, porque a festa não é do Comboniano,
não é dos Padres Combonianos, é do carisma Comboniano. E na ausência de filhos carnais, nós queremos
mostrar aqui os nossos filhos verdadeiros, os filhos espirituais. A caminhada
dos Combonianos no mundo, mas em especial nessa noite
queremos sublinhar a presença do carisma Comboniano.
Padres, Irmãos e Irmãs, leigos e leigas, jovens e não
tão jovens, que trilham e comungam desse carisma de São Daniel Comboni.
Para introduzir vocês já viram o Vivarte, é uma pequena amostra daquilo que os Missionários Combonianos já fizeram e que estão fazendo. Muito mais está
por vir. Mas antes disso, como aperitivo para esquentar as turbinas, nós vamos
ver um pequeno filme. É uma síntese do trabalho Comboniano
resgatando a origem do nosso Instituto com São Daniel Comboni.
Então, agora vos convido para assistir um filme, de apenas 10 minutos, sobre a
presença dos Missionários Combonianos no Brasil.
(Palmas.)
* * *
- É exibido o vídeo.
* * *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI BERVIAN
- Todos vocês sabem como é difícil
em poucos minutos retratar um trabalho de tantos Missionários por tanto tempo.
Mas o filme teve o seu objetivo de sublinhar alguns aspectos, nos quais somos
muito orgulhosos e queremos partilhar e agradecer a Deus pelo nosso futuro,
sobretudo, olhando o passado com a perspectiva de muitos e muitos dias felizes.
Agora, queremos também ouvir pequenos relatos de pessoas que representam a
atividade da nossa família Comboniana.
Começo chamando um Padre Comboniano. Entre todos eles foi escolhido, o Padre Adriano
Zerbini. Ele é italiano, foi ordenado Sacerdote em 1999, trabalhou cinco anos
como Missionário em Moçambique; e desde o ano de 2007 ele é o Pároco da
Paróquia São Sebastião, setor leste, em Sapopemba. O
nosso Pároco. Além disso, ele é membro do Conselho Provincial da Província
Brasil Sul.
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Padre Adriano, só para um registro. Quero
comunicar a todos vocês, que se vocês quiserem tweetar,
mandar torpedo, essa Sessão Solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web,
que é a TV aqui da Assembleia Legislativa. Esta
Sessão Solene será retransmitida pela TV Assembleia
no próximo domingo, dia 26 de agosto, às 23 horas, pelo canal 13 da NET, 66 da
TVA, 185 da TVA Digital e 61.2 da TV Digital Aberta. Por que esse horário?
Porque nós dividimos o tempo com a Câmara Municipal de São Paulo. Então, para
quem quiser transmitir aos amigos, quem não pôde vir aqui se quiser acompanhar
pela TV Web da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Obrigado.
O SR. ADRIANO ZERBINI - Muito bem, obrigado. Dizem que muitos são os chamados e poucos são os escolhidos. Eu fui escolhido. Boa noite a todos, as minhas saudações ao Deputado Simão Pedro, às outras autoridades presentes, aos confrades, às Irmãs e a todos os amigos e amigas dos Combonianos que vieram nos prestigiar.
A minha breve fala vai verter sobre a nossa presença na Região de Sapopemba e sobre o trabalho por lá desenvolvido.
Chegamos a Sapopemba, exatamente no Parque Santa Madalena, no final dos anos 70. No ano de 1977, quando os Combonianos decidiram de abrir uma comunidade internacional de jovens provindos de vários lugares do mundo, para completar os seus estudos de teologia e fazer uma experiência inserida de trabalho pastoral. Logo em seguida veio o compromisso mais direto, com o acompanhamento pastoral da então Paróquia da Reconciliação, hoje Paróquia Santa Maria Madalena. Entregue esta ao clero diocesano, assumimos pastoralmente a Área Pastoral São Sebastião, desde 2003 é a Paróquia São Sebastião que abrange os bairros Mascarenhas de Moraes, Juta Velha e Juta Nova.
Por que os Combonianos decidiram de se mudar para a periferia? Na década de 70, depois de ter acontecido o Concílio Vaticano II, que encerrou seus trabalhos em 1965, traduzido aqui na América Latina pela Conferência de Medellín em 1968 com sua opção preferencial pelos pobres e 1ibertação, muitas Congregações Religiosas elegeram o trabalho nas periferias das grandes cidades como prioridade pastoral. Eram os anos também dos surgimentos das CEB's, consagradas, depois, pela Conferência de Puebla em 1979, que falou em participação, assunção e comunidades de base, como o novo jeito de ser igreja. Uma igreja família, constituída por pequenas comunidades alicerçadas na Palavra de Deus e no contexto sociocultural de inserção.
Desde então, a nossa presença acompanhou e assessorou todo o caminho de alegria e de sofrimento do povo da Juta. Caminho concreto em busca de moradia, trabalho, saúde, direitos, em parceria com os muitos e muitas que trabalharam e ainda trabalham por lá. Muitos foram os Combonianos que se revezaram nesses 35 anos, acompanharam de perto e trabalhando concretamente na construção do sonho da Juta por uma vida melhor. Não dá nesse momento para lembrar o nome de todos, mas eles estão inscritos na história de Deus e das comunidades formadas por eles. A partir de leitura popular da Bíblia, na luta pelos direitos humanos e sociais, em parceria com as Irmãs Combonianas aqui presentes também, com os movimentos sociais e com leigos que estão hoje aqui conosco.
O que dizer mais senão agradecer a todos que se doaram nessa longa caminhada. Ninguém de nós é uma ilha, precisamos uns dos outros. Sobretudo agradecer a Deus, porque ele é a fonte de nossa vida, do nosso existir e trabalhar, para que todos tenham vida e tenham-na em abundância.
Estamos em um tempo de grandes mudanças, tempo de resistência ativa, sobretudo pelas pequenas comunidades de famílias de base. Tempos que alguns estão tentados a desistir, e esta é a hora de continuarmos a semear. Talvez não recolhamos os frutos, mas com certeza outros o farão. Portanto, quero pedir a Deus que nos dê força e coragem para nunca desistirmos, e juntos continuarmos a lutar na certeza de que, com Cristo, outro mundo é possível. Esse é o carisma e o legado que o nosso fundador, São Daniel Comboni, nos deixou.
Concluo agradecendo a todos que nesses anos brindaram com sua amizade, a todos que se fizeram presentes nessa noite, a quem organizou esse momento e a todos os amigos que com muito carinho nos acompanham desde sempre. Muito obrigado.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Agradecemos ao Padre
Adriano, representando os Padres, Seminaristas e os Irmãos. Uma das iniciativas
dos Combonianos é o Instituto Daniel Comboni. Criado pelas Irmãs Combonianas
em 1992, na zona leste em Sapopemba. Esse instituto,
essa entidade, abrange hoje uma creche, quatro centros sócio-educativos para
crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, dois centros de cursos para jovens. Nesse
momento nós convidamos a Dra. Fabiana Tiburcio,
funcionária atuante nessa entidade, que irá nos falar algumas palavras. Bem
vinda, Dra. Fabiana. (Palmas.)
A SRA. FABIANA TIBÚRCIO -
Boa noite a todos. Boa noite, Deputado Simão, e a todos os presentes. Quero
iniciar a minha fala falando que é uma alegria muito grande estar aqui, porque
eu sou um fruto desse trabalho, dessa Congregação dos Combonianos
e das Combonianas.
Como o Padre Wanderlei citou em
sua fala, o Instituto iniciou os trabalhos no ano de 92 na Fazenda da Juta, um
bairro marcado, sobretudo, pela luta pela moradia. Quando o Instituto iniciou
os seus trabalhos em uma das salas na Comunidade Santo Antonio, em parceria com
a Cáritas, da Arquidiocesana de São Paulo, com seis
máquinas de datilografia, era o curso que estava no auge e que era oferecido àquela
comunidade que não tinha nada.
Foi assim que nós começamos os
nossos trabalhos. O Instituto hoje conta com nove projetos, vários
atendimentos, hoje estamos com mil atendidos, crianças e adolescentes que são o
nosso carisma. O lema hoje é: “Para construção de um mundo melhor”. Acreditando
que vamos construir um mundo melhor quando mudamos as pessoas, na medida em que
elas possam ser protagonistas de suas próprias vidas. E é nesse sentido que eu,
em 2001, iniciei o curso no Instituto Daniel Comboni,
iniciei como aluna. Logo na iniciação tinha uma das educadoras que se
apresentou como ex-aluna da associação. E eu, em meu coração, desejei
ardentemente que aquilo acontecesse comigo também. E assim foi. Eu fui aluna do
Instituto, comecei como estagiária, dei aula, depois assumi a coordenação. Formei-me
e hoje eu sou advogada e coordeno um dos espaços do Instituto Daniel Comboni. É um prazer muito grande integrar essa entidade,
fazer parte da equipe de coordenação, ao qual nós vamos sempre aprendendo,
estar na região de Sapopemba, participar do projeto
também enquanto região, porque enquanto entidade nós integramos o fórum das
entidades da região de Sapopemba, e ali lutamos para
que a nossa região possa ser uma região que respeite e que se promova, sobretudo a pessoa humana.
Esse é o objetivo de São Daniel Comboni, que tinha como lema salvar a África com a África,
e as Irmãs adaptaram em salvar o Brasil com o Brasil, a Fazenda da Juta com a
Fazenda da Juta, o jovem com o jovem e a criança com a criança.
Orgulho-me com muito prazer em
falar que nós temos ex-alunos em todos os nossos projetos hoje. Muitos formados
e alguns em processo de formação. Nós acreditamos que podemos, por meio dessa
iniciativa, ser um exemplo para nossa garotada que carece de boa referência no
bairro onde estamos localizados. Repletos nas reportagens por lideranças na
violência, tráfico de drogas muito forte, mas consegui vir aqui na Assembleia Legislativa e trazer um exemplo, um resultado
concreto como o Projeto Cultural Vivarte Daniel Comboni, que traz esses jovens para que eles possam
promover a própria vida e nos alegrar trazendo o exemplo e o resultado dos
nossos trabalhos.
Então, muito obrigado a todos.
Quero registrar e agradecer, em todos os lugares aonde eu vou, minha alegria é
dizer que eu sou do Instituto Daniel Comboni e que eu
faço parte dessa grande família, que são os Combonianos
e as Combonianas. Eu sou um resultado concreto do
trabalho de vocês aqui no Brasil. obrigada. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Essa menina é excelente.
Imagina quando ela crescer. Nota 10. Então, agora vamos passando de campo de
atuação. Nós vamos agora escolher, foi difícil porque tantas paróquias que os Combonianos trabalham, assistem, vamos escolher. Tivemos
que fazer essa opção e escolhemos um leigo que vai falar em nome de todos os
leigos de nossas paróquias Combonianas. Que caminham
conosco e que trabalham conosco. Por isso eu chamo aqui na frente agora o Sr.
Francisco Dionísio da Silva. Ele também é um leigo da Paróquia São Sebastião lá
da zona leste. Bem vindo.
O SR. FRANCISCO DIONÍSIO DA SILVA - Boa noite a todos. É um prazer muito grande estar aqui hoje falando em nome da Paróquia São Sebastião, em nome de todos os companheiros e companheiras leigos Combonianos. Quero cumprimentar a todos os presentes nesta Mesa, em especial ao Deputado do PT, Simão Pedro, em oferecer esta merecida homenagem pelos 60 anos de presença, de trabalho, de evangelização e de luta dos Combonianos em nosso Brasil.
É uma alegria muito grande estar aqui representando a minha Paróquia, a São Sebastião, quero testemunhar a vocês que nestes 31 anos de convivência com os Combonianos, nas pessoas dos Padres, Irmãs e dos seminaristas, que sempre desenvolveram um trabalho em grupo sem divisão, valorizando sempre todos nós, leigos, valorizando sempre o nosso trabalho e deixando que nós possamos trabalhar juntos. Não só na evangelização, mas também nas lutas sociais como moradia, saúde, sindicatos e política. Então, para nós é uma alegria muito grande. É este trabalho de conjunto, baseado nos anos 80, tempo das Comunidades Eclesiais de Base, que me traz aqui hoje inspirado em Dom Luciano Mendes de Almeida e Dom Evaristo Arns, bispos que não só se preocupavam em proclamar o evangelho, mas mais do que isso, enxergavam nos marginalizados, moradores de ruas, nos sem tetos, o verdadeiro rosto de Cristo, assim também como São Daniel Comboni. A Congregação Comboniana chegou tão forte em defesa dos mais pobres que São Daniel Comboni escolheu a África e ele disse, “Salvar a África com a África".
São Daniel Comboni, quando percebeu o trabalho das Irmãs Combonianas, olhava em um canto que tinha uma Irmã limpando as feridas dos leprosos, olhava em um outro canto uma Irmã fazendo parto, ele disse, “Estas Irmãs equivalem a seis Padres”. (Palmas.)
E mais ainda quando eu, ouvindo estas histórias, pensei comigo, é uma pena que São Daniel não conheceu a nossa querida Irmã Elide, com seus 60 anos de consagração, senão seriam 12 Padres. Portanto, meus amigos, é com toda convicção que eu afirmo, São Daniel Comboni trouxe para junto de si homens e mulheres de bem para que suas obras não morram. Salve São Daniel Comboni. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - A família que acredita
nos seus valores, a família que tem orgulho de ser família é aquela que também
pensa no seu futuro. Crescei e multiplicai-vos. Foi essa desde o início uma das
prioridades dos Combonianos, porque nós acreditávamos
que a missão está apenas começando, e que precisamos, sim, de mais mão de obra.
E mão de obra qualificada, jovens, meninos e meninas que se preparam com
qualidade para assumir o ministério, dar continuidade.
Foi nessa perspectiva que, em
1978, há 34 anos, os Missionários Combonianos decidiram
abrir aqui em São Paulo o seminário teológico. Nesses 34 anos 139 estudantes já
passaram por aqui, de três continentes, Europa, América e África. Em 25 países
diferentes. Em nome deles, em nome desses seminaristas, eu vou convidar um.
Pedro Agbe Akpene. É um dos
nossos seminaristas, um dos oito que hoje estão aqui em São Paulo. E ele, em
nome de todos, vai expressar as suas palavras. (Palmas.)
O SR. PEDRO AGBE AKPENE -
Boa noite a todos. Antes de tudo eu quero dizer que me sinto muito feliz por
estar aqui nesse momento, nessa festa bonita, participando da homenagem da
presença dos Combonianos no Brasil. Sinto-me também
feliz, honrado, mas ao mesmo tempo indigno e incompetente por representar os
139 seminaristas que por aqui passaram para estudar aqui. E diante disso eu me pergunto, o que eu posso dizer? O que podemos dizer nessa
noite? Acho oportuno agradecer a Deus, que sempre esteve ao nosso lado durante
esses anos, nos acompanhando, nos guiando e nos fortalecendo. Em segundo lugar,
agradecer ao Instituto dos Missionários Combonianos
pela escolha de São Paulo, precisamente Sapopemba,
para formar os seus futuros sacerdotes dentro da realidade latino-americana.
Aqui em São Paulo vocês sabem
bem, nos formamos intelectualmente na Faculdade de Teologia, agora PUC, nos
preparando para assumir o nosso futuro ministério em qualquer lugar do mundo.
Queremos agradecer particularmente aos Professores, aos líderes de comunidade e
a qualquer pessoa que nos acolheu carinhosamente, nos ensinando a nova língua,
a nova cultura, os novos costumes, o novo jeito de ser igreja e também a nova
maneira de lutar pela causa social.
Agradecimento de coração a todas
as pessoas que nos fizeram sentir em casa e também nos fizeram crescer. Muito
obrigado por todas essas coisas que aprendemos de vocês e não podemos aqui
elencar. Achamos e cremos que esse crescimento e enriquecimento sejam mútuos.
Nós nos enriquecemos ao nos aproximarmos de vocês, mas também vocês ganharam
experiências, novas visões do mundo e muitas outras coisas. Nessa perspectiva
pensamos que pelo nosso testemunho de vida comunitário internacional, portanto,
intercultural, pelo nosso viver, unidos nas diferenças,
ensinamos a vocês o respeito pelo diferente. O viver unido na
diversidade. Achamos que a nossa presença no meio de vocês vos abriu outros
horizontes e vos ajudou a conhecer as realidades, outras riquezas além das
fronteiras brasileiras.
Sim, é isso que faz com que essa
festa seja bonita, seja linda, porque é rica em culturas, raças e cores. Por
outro lado, queremos reconhecer que o nosso caminho não foi permeado somente de
rosas, também foi permeado de espinhos. A nossa convivência não foi somente de
alegrias e de sorrisos, mas permeado pelas incompreensões e dificuldades.
Queremos, por nossa parte, pedir perdão por nossas falhas, muito embora
saibamos que elas fazem parte do nosso caminho formativo, portanto, do processo
de enriquecimento e crescimento.
Enfim, pensamos e cremos que o
carisma Comboniano tem ainda a dar a igreja do
Brasil, ao povo brasileiro, especialmente aos povos onde nós estamos
trabalhando.
Acreditamos que a presença do
carisma Comboniano nos ajudará a crescer na
solidariedade com as pessoas que mais precisam, a crescermos juntos na partilha
dos nossos valores humanos, culturais e religiosos, a crescermos juntos na
convivência harmoniosa, na valorização e respeito de diferente. Ele nos ajudará
a superar os preconceitos raciais, aperfeiçoar a nossa acolhida das pessoas
humildes, que não tem nem voz, nem vez.
Concluindo, queremos afirmar que
nessa abençoada terra brasileira é possível realizarmos o sonho tão almejado
por Daniel Comboni, nosso fundador, que é formar
Missionários cristãos, homens e mulheres, santos e capazes. Muito obrigado.
(Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Para quem não conhece, o
Pedro completa um ano de Brasil. São meninos que vem da África, tem o Jorge,
que é da Colômbia, chegou um do México, Xavier, e temos seis africanos.
Eu trabalhei na África, e como
não posso mais estar na África, eu resolvi trazer-la à minha casa. Então, vocês
viram o arco-íris da presença Comboniana. Mas não
paramos por aí, há outros. Outra atividade que os Combonianos
participaram, bonita. Vamos escutar agora o depoimento da Aparecida Josefa Dias
da Silva, dizendo que os Missionários Combonianos,
ouvindo as necessidades de mães com crianças incapacitadas na Paróquia Santa
Madalena, acompanharam de corpo e alma o nascimento e crescimento no Cantinho
da Esperança, instituição na periferia de São Paulo, que atende mais de 200
famílias. Aparecida, que é psicopedagoga e trabalha há 20 anos no Cantinho da
Esperança, vai nos falar sobre essa iniciativa.
A SRA. APARECIDA JOSEFA DIAS DA SILVA - Boa noite a todos. O Cantinho da Esperança, na verdade, é uma
instituição que atende pessoas com deficiência, no intuito de promover as
potencialidades e dar autonomia social. O Cantinho da Esperança surgiu em 1982,
através de uma iniciativa de um grupo de mães da comunidade e com o suporte de
um Padre Comboniano que estava na igreja local na
época. Até 1993, o Cantinho da Esperança só se mantinha através da ajuda da
comunidade com o suporte dos Missionários Combonianos.
Não havia nenhuma ajuda do Poder Público, então, sempre com o suporte da
comunidade e dos Missionários Combonianos. O Cantinho
da Esperança sempre trouxe agregado a ele essa marca que os Combonianos
deixaram valorizar, a pessoa independente das suas limitações, quer seja pela
pobreza, quer seja pela incapacidade. E isso nós trazemos até hoje dos
Missionários Combonianos.
Atualmente o Cantinho da
Esperança atende 200 pessoas com deficiência, dando suporte para essas
famílias, e atende também 60 jovens da comunidade que não são portadores de
deficiência. O trabalho do Cantinho da Esperança começou com a ajuda dos
Missionários Combonianos, e nossa sede só foi
construída porque nós tivemos a doação voluntária do Padre Franco Pelegrini.
Ele conseguiu a herança da família dele, e doou parte da herança para que nós
comprássemos o terreno que hoje é nossa sede. A construção foi feita através de
doações que os Padres Combonianos conseguiam da
Itália.
Então, toda estrutura que o
Cantinho da Esperança mantém tem muito do que os Combonianos
apregoam por aí, que é a ajuda ao outro independente de sua condição. Nós
gostaríamos muito de agradecer, e queríamos também que essa semente que eles trazem, que seja distribuída não só pelo Brasil mas por toda
parte, porque é uma semente muito produtiva. Eu também sou um fruto do Cantinho
da Esperança, porque eu sofri um acidente, foi o Padre Comboniano
que me levou ao Cantinho da Esperança como voluntária para que eu pudesse
florir novamente, ver que tem uma perspectiva de vida. E através dali eu
estudei, me formei, e hoje sou uma profissional e isso eu devo também aos Combonianos. Então, como a Fabiana, eu também sou fruto da
missão dos Padres Combonianos.
Quero agradecer a iniciativa do
Deputado Simão Pedro nessa homenagem aos 60 anos, e quero que todos dessem um aplauso em gratidão a eles. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Agradecemos à Cida. É uma
lutadora. Não se desanimou, concluiu e com o exemplo dela consegue levantar a autoestima de tantos que precisam. Muito obrigado, Cida.
E agora chegou a vez das Irmãs.
Família que só tem homem não tem graça; passarinho só voa com duas asas. Então,
em nome das Irmãs Combonianas, muitas delas, o
orgulho nosso brasileiro, a Irmã superiora geral. Nós, padres, não conseguimos,
elas conseguiram. Em nome de todas as Irmãs Combonianas,
a Irmã Caterina Ingelido.
Ela é italiana e é a superiora da comunidade das Irmãs de Sapopemba,
e também entre outras coisas, ela é a diretora do Instituto Daniel Comboni. Bem vinda.
A SRA. CATERINA INGELIDO - Boa noite a todos. É uma grande alegria estar aqui. Agradeço ao Deputado Simão Pedro pela iniciativa, mas, sobretudo agradeço aos Combonianos e a todos os leigos, que permitem hoje que nós trabalhemos aqui. Comboni fundou a congregação das Irmãs Missionárias Combonianas em 1872, com a ideia clara sobre o ministério evangélico delas. Queria que fossem mulheres santas e capazes. Capazes de lidar com todas as pessoas, capazes de fazer causa comum com os mais necessitados e excluídos. Ele acreditava na missão insubstituível da mulher, na obra da evangelização da Igreja, chegando a afirmar que o ministério da Irmã é um sacerdócio. Onde há as Irmãs a missão é sólida.
A missão das Irmãs é a promoção da pessoa, a dignidade da pessoa humana. E de forma mais específica da mulher, tornando-a protagonista da própria história por meio da educação, artes, formações e saúde. Aqui em São Paulo trabalhamos com crianças, adolescentes e jovens por meio do sistema sócio-educativo na obra Instituto Daniel Comboni, do qual já foi falado.
Comboni teve ainda um forte sentido de catolicidade, exortou para que tivesse colaboração de Padres, Irmãs, igreja local e leigos. No Brasil, nós, Irmãs, chegamos há mais de 55 anos e sempre onde foi possível atuamos juntos com os Combonianos e leigos, concretamente aqui em São Paulo como já foi lembrado e dito, lá na Comunidade São Sebastião, na Fazenda da Juta, o trabalho sempre foi em conjunto, sobretudo na pastoral e na ação Missionária da igreja local. Esta colaboração, por nós, é motivo de agradecimento a Deus, porque sentimos que é sinal de pertença à mesma família religiosa fundada por Daniel Comboni, e se toma testemunho de comunhão para o povo.
As nossas constituições lembram-nos de que somos chamadas a sermos mulheres do evangelho e, portanto, ter as mesmas atitudes delas de escuta, de compaixão, atentas aos sinais dos tempos e expressar os sentimentos de mãe nos momentos que precisarem. Somos cientes que a nossa missão é árdua, às vezes com muitos desafios, mas cremos que hoje o mundo, mais do que nunca, necessita de testemunhas, de mulheres de reconciliação e de diálogo. Por isso que, respondendo ao chamado de Deus, continuamos felizes e firmes, a fim de que sempre seja a vida na sua totalidade e plenitude o centro da nossa missão. Parabenizamos hoje os nossos Irmãos Combonianos pelos 60 anos de sua chegada ao Brasil. Desejamos poder festejar ainda muitos anos juntos nessa maravilhosa terra do Brasil, partilhando e testemunhando ao povo o mesmo ideal do nosso fundador, São Daniel Comboni.
Parabéns a todos os Combonianos, para todos vocês que participaram nesse momento, e que Deus nos dê muitos outros momentos como esse. Boa noite.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Já estou percebendo uma
inquietação geográfica. Parece que o pêndulo está puxando muito para a zona
leste. Antes de ser criticado publicamente, eu me defendo. Estou usando
palavras de Jesus Cristo. O vinho bom no final. É um consolo para zona sul.
Pois bem, queremos agradecer. Nós temos duas frentes fortes, a zona leste e a
zona do Morumbi, bairro da Previdência, Caxingui,
dois grupos bons, que trabalham juntos, unidos.
Agora, representando um membro
desse grupo do Santuário Santa Cruz, eu convido o Dr. Paulo Vilela Lomar. Ele é advogado, consultor urbanístico, professor na
área de direito urbanístico e ambiental, e membro da Comissão de Justiça e Paz
da Arquidiocese de São Paulo. Bem vindo.
O SR. PAULO LOMAR - Boa
noite a todos. E quero inicialmente cumprimentar o Deputado Simão Pedro pela
iniciativa, cumprimentar o Padre Alcides, provincial dos Combonianos,
a Irmã Elide. Quero iniciar dizendo da minha alegria, da minha satisfação de
estar aqui representando a comunidade da Santa Cruz da Reconciliação, que está
associada à Casa Provincial, que durante todo o período em que, dos anos 70 se
instalaram na região, há essa convivência com a vizinhança, com o pessoal do
bairro.
Em 1973 vim morar no bairro Previdência com minha mulher, Maria Silvia, onde ainda resido. Nós viemos do Estado de Minas Gerais, Juiz de Fora, e desde então passamos a frequentar a sede Paroquial do Caxingui e a Capela que foi praticamente construída e iniciada pelos Padres Combonianos desde 1955. Portanto, quando chegamos já encontramos os Missionários Combonianos. Naquela época a Paróquia ainda estava vinculada à Arquidiocese de São Paulo e nós vivíamos o período conduzido pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que procurava aplicar as diretrizes do Concílio Vaticano II e se posicionando claramente nas questões relacionadas com direitos humanos, a luta contra a ditadura, apoiando os trabalhadores. Enfim, iniciou toda uma nova fase na Arquidiocese de São Paulo, inclusive um processo de descentralização. Quero lembrar que Dom Paulo Evaristo vendeu o Palácio Episcopal, próximo à Avenida Paulista, e com os recursos financeiros passou a adquirir terrenos na periferia de São Paulo para instalar novas comunidades e futuras paróquias.
E nesse processo de descentralização foi criada também a região episcopal de Itapecerica da Serra, que abrangia a Paróquia do Caxingui. Nesse período a cidade era diferente de hoje, a cidade era diferente. Não existiam shoppings como hoje, o transporte público era escasso, era outro ambiente, de um certo desbravamento naquela época. Lembro-me que uma das coisas que me chamou a atenção quando eu cheguei ao bairro foi o fato de que a noite a neblina era muito intensa e impedia a visibilidade. Coisa que hoje é raríssimo acontecer. Acho que para mim isso é um aspecto que mostra claramente a diferença de ambiente que vivemos lá hoje. Quero me lembrar de alguns Combonianos que atuaram muito naquela época; lembro-me dos Padres Guido Piccoli, Élio Savoia, Aldo Lampetti. O Padre Guido, particularmente, teve uma atuação bastante intensa até inovando em alguns aspectos, permitindo que alguns casais recebessem os noivos em suas casas, como uma forma de preparação menos formal para o casamento, por exemplo, incentivou muito a leitura da Sagrada Escritura.
Então, toda a presença dos Combonianos naquela região foi muito intensa e ativa naquele período. Lembro-me também do saudoso Padre Ângelo, que não perdia uma oportunidade para conversar com os vigias das ruas próximas, em um trabalho bastante informal e típico do carisma Comboniano. Naquele período constatamos a presença das Irmãs Combonianas que tiveram uma atuação muito ativa e muito grande nas visitas às famílias, no convívio da catequese. Quero lembrar aqui as Irmãs Carmela, Cecília, Rosalva, dentre outras que trabalharam lá naquele período. A festa hoje não é só dos Padres Combonianos, mas também das Irmãs Combonianas.
Em 1983 os Combonianos decidiram retirar-se da condução da Paróquia do Caxingui, permanecendo apenas com a então Capeia Santa Cruz, que posteriormente teve seu nome alterado para Santuário da Santa Cruz da Reconciliação. O testemunho dos Padres Combonianos em todo esse período foi bastante intenso, uma atividade Missionária bastante comprometida com os pobres, os excluídos, as diretrizes do Vaticano II, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso. A presença dos Combonianos ao longo de todos esses anos e ainda hoje é uma presença que anima de modo muito forte a comunidade dentro de uma perspectiva de amadurecimento na fé.
Em 1999 houve um desmembramento da Arquidiocese de São Paulo e sobreveio a Diocese do Campo Limpo. A partir de então, a Capela da Santa Cruz, os Combonianos se tornaram um refúgio para aqueles cristãos que pretendiam viver a sua fé de modo amadurecido, não uma fé que se limitasse a participação nos sacramentos, portanto, como se dizia antigamente, a igreja era uma igreja de presença na sacristia. Ela é indiferente à realidade da população. E houve uma mudança, todos aqueles que pretendiam uma presença mais ativa dos cristãos na realidade da nossa sociedade se refugiaram aqui na Capela Santa Cruz da Reconciliação.
Não poderíamos esquecer também nesse momento de algumas pessoas, eu diria alguns leigos Combonianos, não orgânicos, mas que sempre participaram da comunidade. Citaria por exemplo, a D. Lurdes, catequista já falecida, D. Virginia, D. Itália, também já falecida. O Eduardo e a Sarita, um casal bastante atuante naquela região. A Bete, Midori, Neiko, Neide, Jose, Ivone, Nilton e Hebe, também a Vera e o Pádua, que são assessores do Deputado.
E dentre os que estão atuando lá atualmente, eu quero ressaltar e lembrar aqui a atuação do Padre Afonso Tebaldini, que teve uma atuação muito intensa também como dirigindo o Santuário por um bom período, com uma grande capacidade de acolhimento às pessoas. O Padre Alcides que está aqui presente, que desde que veio para São Paulo também passou a coordenar a ação do Santuário, temos também à presença dos Irmãos Combonianos. Irmão Matias, Irmão Antonio, chegou há pouco tempo o Padre Mário, temos também a presença do Padre José Estela, que comparece periodicamente.
A comunidade tem sido bastante ativa e a presença dos Combonianos tem sido fundamental. Por tudo isso eu quero agradecer, de coração, a presença dos Combonianos no nosso bairro, na pessoa do Padre Alcides, que é o provincial Comboniano; e repetir o que o Padre Wanderlei disse, que muito ainda está por vir. Ainda existe muito trabalho a ser feito, é hora de avançar, é hora de dar sequência ao que foi feito até agora.
Então, são essas as minhas palavras nesse momento. Mais uma vez, muito obrigado aos Padres e às Irmãs Combonianas. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Agradecemos ao Dr. Paulo.
Agora, uma pequena menção. Não gosto de citar nomes porque acabo esquecendo
alguém, mas ele merece. Ele estaria aqui com toda certeza e alegria, é o
Mariano, nosso amigo, nosso pai, nosso Irmão. Então, abraço ao Mariano.
Estamos terminando, que pena. Mas
depois tem mais.
O último
depoimento, para encerrar com a cerejinha de ouro, vamos convidar a Cheila Ollala. Ela vai falar em nome do Centro de Direitos
Humanos. É mais uma iniciativa, um trabalho que os Combonianos
atuam em todas as partes do Brasil e também aqui em São Paulo. Esse é o último
depoimento. Por gentileza, Dra. Cheila.
A SRA. CHEILA OLLALA - Boa
noite a todos. Estávamos ali sentadas e desses 60 anos nós pensamos, pelo menos
metade desses 60 anos também fizemos parte em Sapopemba,
e acho que muita gente aqui. E então eu fiquei pensando, com certeza o Simão
Pedro também faz parte desses anos, não sei quantos, mas pelo menos a metade
também. E eu queria dizer que desde que os Combonianos
chegaram a Sapopemba, vocês sabem que a realidade de Sapopemba hoje não é boa nessa questão de violação dos
direitos humanos, só que era pior ainda, tanto na questão de habitação,
moradia, saúde, educação e principalmente na questão da violência em todos os
sentidos. Tanto violência policial quanto violência que nossa garotada acaba se
envolvendo no dia a dia.
Foi fundamental a vinda da
família Comboniana para Sapopemba,
que nos deu coragem para denunciarmos essas violações de direito, nos animou
sobre a importância de nos engajarmos nessa questão dos direitos humanos. Até
porque hoje ser um defensor de direitos humanos é muito difícil. As pessoas acham
de uma forma muito equivocada que um defensor de direitos humanos só defende
bandido e por aí afora. Mas os Combonianos vindos de Sapopemba, com toda essa caminhada e esse carisma, nos
ensinaram que violação de direitos humanos começa desde o nascimento. E aqui vimos
muitas histórias sendo retratadas.
Hoje estou representando duas
entidades que fazem a diferença em Sapopemba, são
dois centros de defesa que só existem por conta da família Comboniana,
da presença da família Comboniana em Sapopemba. Que é o CEDECA, Centro de Defesa da Criança e do
Adolescente, que já existia pelo menos desde esses 30 anos; e o Centro de
Defesa dos Direitos Humanos de Sapopemba, que tem
aqui algumas pessoas que fazem parte. Inclusive o centro de defesa está
completando 10 anos e isso só aconteceu por conta dessa animação toda que acaba
nos animando na nossa comunidade e na luta do dia a dia.
Quero agradecer à família Comboniana e dizer que eu também estou na luta dos direitos
humanos do Estado de São Paulo. Hoje eu represento Sapopemba
no Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana, o CONDEPE, e também sou
coordenadora do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, e sei que eu só consegui
chegar onde eu estou por conta desses companheiros que nos incentivaram, nos
animaram, e por isso estamos aí.
Portanto, agradeço a todos,
agradeço ao Simão Pedro por essa iniciativa, porque eu acho fundamental.
Reconhecer esse trabalho no Estado de São Paulo é muito importante para todos
nós. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - De forma breve,
conseguimos dar uma pequena panorâmica dos Missionários Combonianos,
e é bom salientar que Combonianos somos todos. Aqueles
que comungam desse carisma, dessa intuição de salvar, de estar do lado dos mais
fracos, daqueles que mais precisam.
Também quero registrar aqui a
presença da nossa amiga Vereadora Juliana Cardoso e tantos amigos que
participam conosco. Agora eu passo a bola de novo para o nosso Presidente da
Sessão Solene, Deputado Simão Pedro.
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Obrigado, Padre Wanderlei Brevian, por esse trabalho de coordenar a Sessão Solene até
agora. E é um pedido Padre Alcides, de que o Sr.
pudesse antes de usar a palavra para nos passar o seu recado, que o Sr. pudesse
abrir esse presente que o Sr. recebeu aqui. Recebeu um presente e guardou aqui,
mas a turma do Projeto Vivarte gostaria que o Sr. pudesse abrir e mostrar. Deve ter um símbolo muito
especial. (Palmas.)
Padre Alcides Costa, que é o
Provincial dos Combonianos aqui no brasil.
O SR. ALCIDES COSTA - Boa
noite a todos. Em primeiro lugar, meus agradecimentos ao Presidente da Assembleia Legislativa, o Barros Munhoz, e especialmente ao
Simão Pedro, deputado. Eu quero registrar aqui a minha alegria de ter o
encontrado depois de muito tempo.
Eu o conheci em Jarui, Rondônia, há muitos anos, nos anos 80, e me lembro
muito bem da comunidade São Benedito, onde a família dele participava,
especialmente a D. Rosa, a mãe do Simão Pedro. Gente muito comprometida que
trabalhava lá e com muita alegria.
Também quero agradecer as demais
autoridades aqui presentes, as Missionárias Combonianas,
o pessoal da Paróquia São Sebastião na zona leste, do Parque Santa Madalena no Sapopemba, também os que vieram do Santuário Santa Cruz da
Reconciliação. Agradecer a todos os amigos, gente que trabalha conosco, gente
que partilha conosco esses sonhos, essas esperanças.
Eu digo que Comboni
era meio louco, porque tentar juntar pessoas de várias culturas, de vários
países, para trabalharem juntos e ser esse sinal de comunhão, de solidariedade,
eu acho que é um milagre o sonho dele de ter gente de vários países dentro de
um único projeto. Salvar a África com a África, e depois nós aqui o traduzimos
para cá, salvar o Brasil com o Brasil.
Então, obrigado a todos vocês que
participam desse projeto, desse sonho que Comboni
iniciou e que hoje a família Comboniana dá
continuidade do mundo.
Os primeiros Missionários Combonianos chegaram aqui no Brasil, da Província Brasil
Sul, praticamente no dia 23 de julho de 1952, no Município da Serra, no
Espírito Santo. A partir de então o projeto tinha como base o Espírito Santo e
o sul do Maranhão. Mas com o decorrer do tempo teve as necessidades da presença
de Padres no norte do Espírito Santo, os Missionários Combonianos
também foram para lá e como vocês viram nos vídeos, trabalharam por muitos
anos.
O primeiro trabalho aqui foi no
sul do Maranhão, na Diocese de Balsas hoje, e também no norte do Espírito
Santo, mas de implantar a igreja. Estava carente de pastorais, de organização
de estruturas. Depois, com o passar do tempo, e o que já foi explicado aqui à
realização do Concílio do Vaticano II, os Combonianos
se destacaram por essa capacidade de refletir essas mudanças que estavam
acontecendo dentro da igreja e também na sociedade, e pelo desejo de intervir
de forma positiva, contribuindo como processo de toda renovação. Como já foi
colocado, era o tempo das militâncias, da opção evangélica pelos pobres, das
comunidades de base.
Depois dos anos 70, um gesto
bonito dos Combonianos foi acompanhar o movimento
migratório para Rondônia, e nos anos 70 fomos convidados a trabalhar na Diocese
de Ji Paraná e também na Diocese de Porto Velho.
Nesse caminhar que foi bastante comprometido com as causas da situação da
terra, de muitas coisas que aconteceram em Rondônia, nesse caminhar tivemos
também a causa do martírio do assassinato do Padre Ezequiel Ramin,
assassinado em 1985 no Município de Rondolândia, no
Mato Grosso, porque defendia pessoas que buscavam os seus direitos, a terra, a
questão indígena.
Atualmente, como nós estamos?
Nesse caminhar todo, no ano de 2007, os provinciais reunidos em São Paulo do
continente americano fizeram algumas escolhas dentro dessa
mudança sócio, política e religiosa que o continente aqui vive, aonde
nós deveríamos estar presentes como Combonianos.
Então, a nossa presença foi orientada em quatro áreas de trabalho. O nosso
trabalho com a questão indígena. Já tínhamos começado um trabalho em Rondônia e
quero lembrar aqui a presença do Irmão Antonio, que está presente nessa noite,
e que muito dedicou a sua vida nessa causa em Rondônia, e em muitos outros anos
em Roraima a partir da cidade de Boa Vista. Também o nosso trabalho com essa
causa dos afro-americanos e principalmente todo o trabalho que foi feito a
partir de Salvador, a Baixada Fluminense, e em vários lugares onde estamos. E
de modo especial, o Padre Heitor Frizotti, pelo apoio
e acompanhamento dos APN, Agentes de Pastoral Negro. E também a terceira
escolha, as periferias das grandes cidades como já foi colocado aqui essa
presença nesses lugares onde a vida é ameaçada em todos os sentidos.
Queremos lembrar aqui o trabalho
que fazemos como Combonianos em Carapina, na
periferia de Vitória no Espírito Santo, como os adolescentes em situação de
risco com o Padre Xavier, que também trabalhou muito tempo na paróquia de São
Sebastião. Também a nossa outra área de atuação, a animação Missionária da
igreja local que queira ajudar essa igreja para ter as situações Missionárias
eternas, e também esse olhar para fora diante dos grandes desafios que a
sociedade e o mundo vivem hoje.
Todo esse trabalho tem um eixo
que nos orienta, que é a justiça, a paz e a
integridade da criação. Então, todo esse nosso trabalho tem um pouco da marca
do compromisso com a causa da vida, porque a missão é missão em favor da vida.
Hoje somos mais ou menos 95 Combonianos aqui no
brasil. As Missionárias Combonianas são aproximadamente
45; temos também um grupo de leigos, e essa família Comboniana
alargada onde nós estamos e com todos vocês.
Por isso a celebração dos 60 anos
é um momento importante para agradecermos todas essas maravilhas que
continuamos realizando, é um trabalho importante que Deus
continua realizando através de outras pessoas, de Missionárias, Missionários e
leigos que acreditam nesse projeto e sonham conosco para que de verdade,
o reino da vida, da justiça, do direito e da paz, aconteça no meio de nós. Queremos
ser o sinal dessa igreja que tem a coragem de propor essa vocação a jovens
brasileiros para irem também a outros lugares. Nós temos tantos Missionários Combonianos trabalhando na África, na Ásia e em outros
países da America Latina.
Então, é um sinal bonito de que o
carisma de Comboni não é propriedade privada da
família Comboniana. Ele é um dom na igreja e no mundo
para que o reino da vida aconteça de verdade. Que esses 60 anos de presença sejam
um momento celebrativo para nos animarmos. Para
animar essa igreja e propor esse projeto de vida, de missão, para que todos
tenham vida e a tenham em abundância. Que São Daniel Comboni
continue intercedendo por nós, e ajudando a ser essa família que anima, que é sinal desse amor de Deus em realidade e
situações onde, às vezes, há muito sofrimento e dor.
Meu muito obrigado ao Deputado
Simão Pedro e a todos vocês que participam conosco nessa noite.
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Vamos ver agora o Canto Africano, com a
presença de todos os Combonianos.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VANDERLEI
BERVIAN - Enquanto os artistas se
aproximam, como falei no começo, nós teremos um grupo de seis seminaristas
africanos, nativos. Cinco deles chegaram no ano
passado e um chegou na semana passada. O Robert é do Kenia,
o Pedro e o Bernardino do Togo, depois o Vicente da Uganda, o Maximiliano da
Zâmbia, o Conrado da Malawi, é um zoológico. Essa
beleza e essa riqueza. E junto tem o mexicano que é o Xavier e mais o
colombiano; todos estrangeiros. O carisma internacional. Mas agora em outubro,
graças a Deus, vai chegar também um brasileiro, o Eder. E eles querem partilhar
com vocês um pouco dessa cultura. Nada melhor do que dançar e cantar, é o que eles sabem fazer em excelência, além de comer,
trabalhar, estudar e dormir. Com vocês, os nossos jovens escolásticos.
* * *
- É feita a apresentação musical.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Senhoras e Senhores, Padre Alcides, Irmã
Elide, eu também tinha escrito um longo discurso, mas eu vou poupá-los. Eu ia
dizer da importância do tamanho dos missionários Combonianos
no mundo, mil e 600 Missionários, entre Padres e Irmãs, um número muito
expressivo aqui no Brasil, 100 Missionários Combonianos
atuando aqui no Brasil, 60 anos desde 1652, quando aqui chegou à primeira
missão.
Falar da identidade da nossa
atuação aqui enquanto Deputado com o trabalho Missionário dos Combonianos. Eu fiquei muito feliz com as palavras do Paulo
Lomar, quando ele citou as palavras da minha
assessora Vera e o Machado, que são militantes de uma comunidade Comboniana aqui no Butantã. Falar também que conheci e
fiquei muito surpreso quando o Edgar Amaral, que é meu assessor, Agente
Pastoral Negro, me falou dessa proximidade, fiquei sabendo da atuação nessa
região do Jardim Elba, aqui muitos amigos, militantes do PT, do nosso Partido,
das comunidades de bairro, tinham uma relação com a comunidade Comboniana aqui no Brasil principalmente aqui na zona
leste.
Mas quero ao invés de fazer esse
discurso, dar um depoimento. Eu não sei se vocês sabem, minha família é uma família
de imigrantes. Meus pais são paulistas, migraram para o Paraná e lá se casaram,
onde nós nascemos. Depois viemos aqui para São Paulo morar no Jardim Iguatemi, Guaianases, Itaquera, e depois minha família, em 1985,
migrou para o Estado de Rondônia, onde durante um período de 10 anos, um milhão
e meio de paranaenses migraram para lá. E eu não fui morar lá, Padre Alcides,
mas minha família inteira foi. Eu ia, mas como eu fiquei aqui para estudar,
trabalhava com projeto de evangelização nas COHABS aqui nas periferias, um
projeto de evangelização idealizado por Dom Paulo Evaristo Arns, trabalhava
como leigo, mas eu ia lá de vez em quando, de seis em seis meses passar um
tempo, 15 ou 20 dias.
E na cidade onde minha mãe mora
até hoje com minhas Irmãs, Jaú, eu pude conhecer o trabalho Missionário dos Combonianos de perto.
Lembro-me de
duas figuras muito queridas, que era o Padre Ambrosio e o Padre Franco, Padre
Franco não está mais lá, mas o Padre Ambrosio é o Prefeito do PT da cidade de
Cacoal, mas eu me lembro de que em 86 eu fui com um amigo aqui de São Paulo que
queria conhecer Rondônia, e minha mãe morava ali na cidade. E nós queríamos conhecer o trabalho dos
Padres, conhecer as comunidades. Às vezes eles saiam, depois o Padre Alcides chegou lá, mas eles saiam com
o jipinho Gurgel que eles tinham, e saiam 50, 60 quilômetros para dentro
daquelas comunidades no interior do Estado, dentro da selva mesmo. E um dia nós
falamos, vamos pegar uma carona com esses Padres, e no dia que eles forem para
os sítios, para o interior, nós vamos junto. E aí foi o Padre Franco. Pedimos
para ele e ele falou, vocês vão comigo e me ajudem. E
se embrenhou por aquelas estradas, eu lembro que um
dia nós passamos, ele não podia perder tempo porque era tão distante, tanto
trabalho que tinha que fazer, visitar tantas comunidades, mas um dia ele passou
na frente de um sítio e uma galinha começou a correr na frente do carro e ele
atropelou. E eu falei, mas Padre, você atropelou a galinha. E ele falou, calma que depois eles vão fazer um caldo.
E depois era época de chuva,
janeiro chovia muito lá, e o jipe atolou, e eu e o Marcelo ficamos olhando para
o Padre Franco e ele falou, desçam. Aí nós ficamos olhando e ele falou, o que vocês estão olhando? Ajudem a empurrar. Então
nós chegamos na primeira comunidade marrons de barro.
Mas eles tinham esse espírito de não perder tempo, de animar as comunidades, e
disso nós éramos testemunha. Depois fiquei muito chocado com a morte do Padre
Ezequiel Ramin, assassinado brutalmente com mais de
60 tiros por defender os índios, defender os pequenos camponeses.
Tudo isso vai criando uma
identidade. Fiquei muito feliz quando tivemos essa oportunidade de fazer essa
Sessão Solene. Fiquei muito honrado, fiquei muito feliz,
sabendo desse trabalho importante que vocês fazem no mundo inteiro,
principalmente na África, aonde o primeiro Bispo católico na África Central,
Daniel Comboni, chegou como Missionário desde o
século XVIII, atravessando o século XIX e aqui no Brasil, na América Latina tem
uma identidade muito grande com o trabalho de vocês, e fiquei muito feliz em
encontrá-los na periferia da zona leste, atuando nas comunidades. E mais
feliz ainda por saber de algumas linhas de trabalho, por exemplo, com as
comunidades quilombolas que o nosso mandato tem apoiado. Aqui no Estado de São
Paulo, não sei se vocês sabem, nós temos mais de 50 comunidades de
remanescentes de quilombos; a grande maioria, apesar de as Constituições do
Estado e a Constituição Federal determinarem que o Estado tem
que, reconhecendo aquelas comunidades titular e garantir a posse da terra para
que não sofram problemas. Até porque preservaram.
Aqui no Vale do Ribeira, que é
uma região de grandes parques, de grandes reservas de mata atlântica, nós
devemos preservar próximo daquela região as comunidades quilombolas que estão
ali a 250, 500 anos. Esse trabalho de vocês com a juventude, com os índios,
comunidades tradicionais com os pequenos agricultores. Nosso mandato também tem
um trabalho muito grande de combater os agrotóxicos aqui no Estado. Eu estou
lutando para tirar de circulação 12 princípios ativos presentes em 12
agrotóxicos, pois causam câncer, deformação fetal e doenças como depressão. Infelizmente
aqui no Brasil, encontraram um campo aberto para proliferação desses venenos,
temos lutado para combatê-los e defender a agroecologia.
Defender novas formas de produção de alimentos, formas
mais sadias para garantir a qualidade de vida não só dos trabalhadores e dos
agricultores, mas também a qualidade de vida de nós, que moramos na cidade e
somos consumidores. Então, essa identidade de vocês, com as causas de vocês, os
trabalhos de vocês, as causas que vocês defendem e onde vocês atuam, me fizeram ficar muito feliz, aceitar essa
solicitação e propor a realização dessa Sessão Solene.
Quero parabenizar em nome da Assembleia Legislativa e dos deputados, o trabalho que
vocês fazem, reconhecer em nome do Estado, que essa
Sessão Solene tem esse significado, o importante trabalho que essa instituição
chamada Missionários Combonianos realizam aqui para o
povo do Estado de São Paulo, principalmente ao povo mais pobre. Aqueles que
precisam da ação do Estado, aqueles que precisam do apoio solidário e cristão
de todos nós.
Então, parabéns aos 60 anos, que
possamos comemorar muitas e muitas novas datas da bela e importante presença de
vocês, Missionários Combonianos no nosso país e em
todo o mundo.
Quero, para finalizar, agradecer
aos assessores do meu gabinete, aos assessores da Assembleia
Legislativa, aos funcionários da TV, ao pessoal do cerimonial, que nos ajudaram
a organizar essa Sessão Solene. Um agradecimento especial ao Padre Wanderlei
que esteve aqui e ajudou a organizar essa cerimônia e agradecer a presença de
vocês, porque sem vocês aqui não teríamos essa tão bela e histórica Sessão
Solene aqui na Assembleia Legislativa.
Nada mais havendo a tratar,
esgotado o objeto da presente sessão, essa Presidência agradece as autoridades
e todos que com sua presença colaboraram para o êxito dessa solenidade, e
convidamos para um coquetel aqui no Salão dos Espelhos logo atrás do nosso
plenário, onde podemos conversar mais e nos confraternizarmos também.
Muito obrigado, boa noite e viva
os Missionários Combonianos aqui no Brasil pelos seus
60 anos! (Palmas.)
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 22 horas
e 15 minutos.
* * *