1

 

12 DE NOVEMBRO DE 2004

53ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À “OSCIP - Zulu Nation Brasil”

 

Presidência: MÁRIO REALI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 12/11/2004 - Sessão 53ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: MÁRIO REALI

 

HOMENAGEM À "OSCIP - ZULU NATION BRASIL"

001 - MÁRIO REALI

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Sidney Beraldo, atendo à solicitação do Deputado na Presidência e também dos Deputados Vicente Cândido e Roberto Felício, com a finalidade de homenagear a OSCIP, Organização Social Zulu Nation do Brasil. Convida todos para ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Saúda a direção da Organização Social Zulu Nation pelo trabalho que tem desenvolvido de desenvolvimento de uma cultura que expressa na juventude e na construção de uma sociedade mais justa.

 

002 - WILSON ROBERTO LEVI

Gestor de Projetos da "Zulu Nation Brasil", fala da criação, em 1973, da Zulu Nation Universal, e do trabalho desenvolvido pela OSCIP em Diadema, que se espalha pelo País.

 

003 - OSVALDO FAUSTINO

Coordenador de Comunicação e Acervo da "Zulu Nation Brasil", fala da inserção social da criança negra, um dos objetivos da entidade, e que utiliza o hip hop como forma de expressão.

 

004 - NELSON TRIUNFO

Primeiro Secretário da "Zulu Nation Brasil", fala das da inserção social dos negros da periferia através da música.

 

005 - JOAQUIM DE OLIVEIRA FERREIRA

Presidente da "Zulu Nation Brasil", comemora os 30 anos de hip hop e 30 anos de Zulu, pregando a união. Agradece a iniciativa da homenagem.

 

006 - Presidente MÁRIO REALI

Anuncia a exibição de vídeo  sobre a "Casa do Hip Hop", em Diadema. Fala da importância de se discutir  nesta Casa a cultura hip-hop, que aproxima o jovem da construção da identidade e da cidadania. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - MÁRIO REALI - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Declaro lida a Ata da sessão anterior.

Esta Presidência passa a nomear as autoridades presentes: Sr. Joaquim de Oliveira Ferreira, Presidente da Zulu Nation. (Palmas.); Sr. Nelson Triunfo, 1º Secretário da Zulu Nation. (Palmas.); Sr. Osvaldo Faustino, Coordenador de Comunicação e Acervo da Zulu Nation. (Palmas.); Sr. Wilson Roberto Levi, Gestor de Projetos da Zulu Nation. (Palmas.). Gostaria também de registrar a presença de Thayde M.C., Conselheiro Artístico da Zulu Nation. (Palmas.), que teve que se ausentar neste momento; Sr. Rogério Dias da Silva, DJ e Coordenador da Arte de Educar. (Palmas.); Sr. Marcelo Francisco do Nascimento, vice-Presidente da Zulu Nation. (Palmas.); Cosme Alves, diretor Cultural da CPD - Oscip. (Palmas.)

Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, telespectadores da TV Assembléia, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Sidney Beraldo, atendo à solicitação deste Deputado e também dos Deputados Vicente Cândido e Roberto Felício, com a finalidade de homenagear a Oscip, Organização Social Zulu Nation do Brasil.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro PM-Músico, sub-tenente Evilásio.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - MÁRIO REALI - PT - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Inicialmente gostaria de saudar todos os presentes, a direção da Organização Social Zulu Nation pelo trabalho que tem desenvolvido e por isso inclusive é objeto desta sessão solene, pelo trabalho de desenvolvimento de uma cultura que expressa na juventude, em todos os participantes, nos diversos segmentos como no break, no mestre-de-cerimônias, no rap, no grafite, no hip hop, no DJ a expressão de inclusão e o quinto elemento obviamente que é a integração da cidadania, a cultura e a participação de todos os segmentos na transformação por uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais solidária, que é objeto de tanta luta dos povos, pela igualdade racial, pelo combate à discriminação.

E, com certeza, todos vocês que estão aqui são jovens que se integraram através da cultura hip hop nesse trabalho de transformação social. Queria saudar e agradecer a todos pela presença e passar a palavra ao primeiro orador da noite, Sr. Wilson Roberto Levi, gestor de projetos da Zulu Nation do Brasil.

 

O SR. WILSON ROBERTO LEVI - Boa-noite a toda rapaziada que veio de vários locais, em especial da cidade de Diadema, de Jandira, do ABC, do interior do Estado e capital.

Gostaria de fazer uma breve explanação sobre o trabalho que a Zulu Nation vem desenvolvendo em especial nos últimos três anos. Mas essa atividade tem um histórico que vai além das atividades da Zulu Nation Brasil. O surgimento da Zulu Nation Universal, o contato com ela pela primeira vez feito por nós aqui no Brasil foi pelo nosso presidente king Nino Brown, que é a forma como nós o chamamos, que é a forma como a Zulu faz a sua referência e essa homenagem ao povo da África do Sul, ao povo Zulu.

E essa homenagem tem a ver com a questão étnica , com a questão racial, com a questão do povo negro no Brasil e em toda diáspora africana. E a Zulu Nation Universal, tem que pessoas aqui que tem contato há muito mais tempo, como o próprio Nelson Triunfo, que vai falar com vocês. Em 1973, quando unificou-se a cultura hip hop através dos quatro elementos e em seguida a Afrika Bambaataa criou a Zulu Nation Universal, deu uma referência e um norte de atividade de lazer, recreação, consciência, identidade, atitude, auto-estima à juventude do mundo inteiro, em especial à juventude negra.

Nós em Diadema, a partir de 1993, realizamos uma atividade que fazia uma ligação entre, movimento negro e o movimento hip hop. E essa atividade trouxe Nelson Triunfo, Marcelinho, e a nossa querida Sueli Shan, que não está conosco hoje, mas a Sueli quem criou o projeto em São Paulo, o projeto Hapensando e nós todos juntos fomos a Diadema organizar esse trabalho e lá já havia um movimento hip hop organizado. Pessoas como o Renato, como o Pesão que faz parte daquela região, como Dandan que está lá conosco, lá no Rio de Janeiro, com o Hutúz, já realizava a atividade hip hop desde 89, desde 90 na cidade de Diadema. Estão aqui pessoas do Rua Brack, do Diadema Sul, estão os jovens agora da nova escola do pessoal do Funk Style Crew, que são da dança de rua. E é protagonista dessa ação. Ela que realiza, ela que faz acontecer.

Nós viemos para organizar essa atividade, juntamente com o anseio da comunidade que queria num primeiro momento, realizar ensaios, fazer os seus eventos, fazer o evento da Rua da Capela e trouxemos para eles o conhecimento de Nelson, de Marcelo, o conhecimento teórico da questão racial por mim e pela Sueli, e através desse contato com a juventude nós criamos um trabalho que já existe há quatorze anos na cidade, que são as oficinas culturais de hip hop de Diadema de informação e difusão.

Através desse projeto também tivemos contato com a cultura de rua. O pessoal do Rua Brack e do Diadema Sul que estão hoje conosco, continuaram a fazer seu trabalho na rua, cultura de rua, dança na rua, que é a verdadeira força dessa organização, através das Crews, através dos grupos, através dos eventos de rua, através de movimentos de rua e que fez crescer inclusive o nome da nossa cidade, o nome de Diadema, que hoje tem reconhecimento internacional.

Recebemos constantemente a presença já nesse ano e no ano passado, do pai do hip hop mundial, o DJ Afrika Bambaataa. Recebemos também em nossa cidade recentemente o DJ Pogo, da Inglaterra. Recebemos também o pessoal da França do grupo Demorichá. E aí dessa globalização da cultura hip hop, nos centros culturais, e num movimento vivo que tem cada bairro da cidade, de Diadema ao Taboão, da Zona Sul do Eldorado, passando pelo Jardim União, por toda a cidade e esses contatos interagindo com todas as cidades do ABC e também do Estado de São Paulo.

Essa história faz com que a gente lembre o seguinte: mais uma vez o Brasil passou a se organizar enquanto Oscip em 1996, teve a atividade “Se Liga Mano” - olha eu trocando as datas das coisas, mas na verdade essa data foi junho de 2002 - de lá para cá aconteceu a formalização da nossa instituição pela possibilidade desse protagonismo, através dos seus produtos, das suas músicas, das suas coreografias, das Crews, das equipes, dos produtos transformarem essa rapaziada e essa moçada para poderem gerar trabalho e renda para si. A atividade cultural gerou vários multiplicadores e hoje eles são arte-educadores. Fizeram um trabalho não só em Diadema, mas em várias cidades do Estado de São Paulo.

Além disso, também é inédito que uma atividade de cultura de rua possa inclusive estabelecer convênios, ter o seu CNPJ, ter documentação para que possa estar constituída como instituição organizada e através dessa organização possibilitar a disseminação dessa cultura por todo o Estado e por todo o Brasil.

Através dessas duas bandeiras vocês podem observar: a bandeira da Zulu Nation Brasil, as duas marcas: o mapa da África e a outra que tem aqui embaixo é um pequeno mapa, uma cara que na verdade é a máscara de um guerreiro Zulu. E nós todos nos consideramos guerreiros urbanos - para trazer a auto-estima da população da juventude negra, para trazer para essa juventude a sua identidade, que também pode formar uma consciência étnica, pois a maioria do povo brasileiro é negra ou afrodescendente. A cidade de Diadema, a quarta cidade do País em contingente de negros, teria de ter refletido nessa organização.

O nosso convênio trouxe para a Zulu Nation Brasil a possibilidade de ligação com outro órgão: a Câmara Municipal da cidade. A aprovação dos Vereadores possibilitou que pudéssemos chegar a lugares mais distantes, a outros estados. A Zulu Nation, por intermédio da figura de Nino Brown, chegou aos Estados de Pernambuco, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, para citar alguns, disseminando esse trabalho de 14 anos por todo o Brasil.

Quero agradecer, de uma forma especial, àqueles que não fazem parte de forma direta da organização Zulu Nation Brasil, que hoje estão aqui, como Rua Break, Diadema Sul. A Zulu não é uma organização fechada. Ela está voltada para a organização da cultura hip hop como um todo.

É uma grande satisfação estar aqui falando como gestor do projeto. Nossos projetos estão abertos a todos vocês, aliás, não posso deixar de mencionar que o nosso Projeto “Diadema, a cidade hip hop” está sendo gestado, preparado e organizado com a participação de todos os setores do movimento hip hop, dos setores organizados de Diadema, com a Câmara Municipal e com a Prefeitura e esperamos, a partir de 2005, ampliar ainda mais nossa organização e a força do movimento hip hop.

Encerrando, quero dizer que mesmo falando daqui, recebo aquela energia de sempre. É essa energia conjunta que faz com que transformemos a sociedade. Eu digo “hip” e quero ouvir o “hop”. Viva o hip hop!

 

O SR. PRESIDENTE - MÁRIO REALI - PT - Esta Presidência quer também registrar a presença de Adriano Ferreira, da Art Foo. Com a palavra o Sr. Osvaldo Faustino, coordenador de Comunicação e Acervo da Zulu Nation Brasil.

 

O SR. OSVALDO FAUSTINO - Não tenho a eloqüência do Levi, mas quero comentar o significado de estarmos nesta Casa no dia de hoje.

Para quem é jovem demais como eu, não sabe que esta Casa é onde se pensam as leis para o Estado de São Paulo, é onde se reúnem os homens eleitos por nós para pensar como o nosso Estado deve funcionar. O hip hop estar nesta Casa, na Casa do Povo - esses senhores que aqui estão são nossos representantes e foram eleitos por nós - significa que, pelo menos, eles se deram conta da nossa existência.

Costumo dizer que a criança negra, e vou um pouco além, a criança da periferia, a criança pobre, quando nasce e começa a dizer que ela está sendo educada e vai para a escola, não se vê refletida nos livros escolares, não se vê na fala dos professores, não se vê refletida em toda aquela fórmula que dão o nome de Educação. A criança é invisível. Essa criança, se ela olha no espelho da Educação, não se reflete e é invisível.

O maior problema é que ela cresce, torna-se adolescente e passa imediatamente do estado de invisibilidade para o estado de suspeito. Ele é um suspeito crônico. Ele passa na rua e é olhado com suspeição. Esse é o adolescente que começa a ouvir o rap, a se empolgar com a dança de rua, a fazer o seu grafite. Esse jovem, que era invisível e se tornou suspeito, começa a se manifestar através dessa linguagem, que é a linguagem com a qual ele se identifica.

Muita gente reclama que às vezes uma letra de rap tem muito palavrão, fala muito de violência, mas pergunto: para que esse cara se manifeste e diga as coisas que vão no seu coração, se o que plantaram em seu coração é só isso? Hoje, ouvimos os trovadores, uma letra digna de um compêndio escolar, de uma biblioteca. A letra produzida pelos trovadores é maravilhosa. São os jovens que já passaram do estágio de apenas colocar para fora suas mágoas e suas carências, e, vão além, produzem uma arte elaborada, uma arte rica que é hip hop. Não deixou de ser hip hop.

Vamos para a academia, vamos para a universidade e não precisamos deixar de ser hip hop, porque ele é a nossa manifestação mais direta, mais pura, mais rica. Quando vemos, por exemplo, esses grupos todos que foram mencionados aqui pelo Levi, percebemos que aquela cultura de reciclagem vimos lá no começo, e hoje o Nelson Triunfo falou que o que incrementa cabe em qualquer lugar. Mas a dança também cabe em qualquer lugar, a poesia cabe em qualquer lugar, o hip também cabe em qualquer lugar.

Não é exclusividade do hip hop nenhuma dessas linguagens, mas a forma de dançar, a forma de expressar e a forma de adquirir conhecimento e transformar esse conhecimento em cidadania, isto, sim, é uma fórmula nossa. É uma fórmula que estamos desenvolvendo junto com esses jovens.

Não é à toa que um grande número de jovens que partiram das nossas oficinas já são arte-educadores, já passam para a frente, já são multiplicadores desse conhecimento e dessa cultura. Estar neste espaço é muito maior do que possamos imaginar. Ser reconhecido, perder a invisibilidade, perder o caráter de suspeito é muito maior, se não soubermos aproveitar, azar nosso. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - MÁRIO REALI - PT - Tem a palavra o Sr. Nélson Triunfo, 1o-Secretário da Zulu Nation.

 

O SR. NELSON TRIUNFO - Boa noite a todos. Colocaram-me como Secretário, isso é meio estranho para mim, acho que na verdade sou mais um embaixador, pois ando pelo Brasil afora. Hoje ligamos uma televisão, um rádio, o que mais se ouve é hip hop, todos querem ser hip hop. Houve uma época que a pessoa escondia que era hip hop para não tomar porrada. Mas a nossa vida é feita de lutas, lutamos para terminar o colégio, o ginásio, para sobreviver, para comer. Se o hip hop fosse fácil não teria a característica do hip hop de verdade.

Todos os que moram na periferia sabem o que é sofrer, o que é dificuldade, o que é opressão. Vim da grande opressão, vim do Nordeste. Com 12 anos eu era um dos melhores na enxada, plantava, colhia. Ser matuto, caipira, favelado não quer dizer que não tem dignidade de crescer, sobreviver e ser uma grande pessoa que chegue a mudar um pouco o país. Tudo depende do que escolher. Muitas vezes não há opção.

Tentei lutar para estudar. Mas a Educação no nosso país não é feita para nós, veio da Europa. Gostaria de ter uma Educação mais tropical, mais brasileira. Quem escreve os nossos livros muitas vezes não está presente nas nossas periferias, nas nossas favelas, muitas vezes mora lá fora e só manda recado para cá. Temos de começar a escrever os nossos livros, para isso precisamos estudar, formar-nos.

Desde quando saí de Triunfo, Pernambuco e fui para Paulo Afonso começar o ginásio, achei que deveria estudar. Já estava no começo do “black power”. Na terra do forró comecei a dançar o “black power, com o Toni Tornado. Onde tinha informação, lia. Naquela época, fui a Brasília e, lá, também começaram a ter os grandes bailes blacks, quando comecei a dançar. Trabalhava como topógrafo. Marquei muitas coisas em Brasília, por dentro e por fora, mas o meu objetivo era chegar a São Paulo e começar a sobreviver da dança black. E foi isso o que fiz.

Em 1977, comecei com as equipes blacks de São Paulo e, daí, Pau-Brasil. na virada dos aAnos 80, já começou uma nova informação que seria o hip -hop que hoje está em todo o Brasil. Tivemos, agora, na Casa do Hip- Hop, uma homenagem aos meus 50 anos. Achei melhor fazer meio século, acho que é mais. Ou não tem nada a ver? Cinqüenta anos ou meio século: o que você acha que é mais?

No Rio de Janeiro, também, teve uma homenagem muito grande no Canecão. Fizeram-me uma homenagem pelos 50 anos. Meu filho, de doze anos, rimou muito e foi aplaudido de pé. Como falava o Thomas( ? ), talvez eu seja o mais velho e o mais adolescente de todos porque estou sempre propondo mudanças e estou na luta.

Na Casa de Diadema e em outros Centros Culturais de lá, quando começamos os trabalhos sociais, tínhamos o objetivo de passar informação e criar para , naqueles cidadãos , uma alternativa de vida. Muitos deles conseguiram trabalhar em outros lugares no Brasil e estão espalhando a sabedoria, através do hip -hop.

Podemos ser não apenas o hip -hop, mas podemos passar informações para o futebol, para outras coisas, inclusive para a capoeira, que tem muita cultura, mas muitas vezes não tem uma pessoa que passe a informação que o hip--hop tem: buscar a mesma consciência e sabedoria através da África, local de sua origem, dos primeiros blacks que vieram para os quilombos.

Assim, vamos transformando. Acredito muito no hip--hop com quatro elementos, no caso em que vamos ver são cinco. Às vezes, há um debate, mas não quero por isso em polêmica. O Srs. Levi e Osvaldo Faustino vão me pegar lá fora, então, vou ficar na manha. Quero dar um abraço em todos vocês. Com 50 anos de idade, sinto-me muito jovem. Tive apenas um choque porque, vou falar a verdade, nunca tinha feito 50 anos. Essa foi a primeira vez. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Mário Reali - PT - Agora, com a palavra, o Sr. Joaquim de Oliveira Ferreira, Presidente da Zulu Nation no Brasil. (Palmas.)

 

O SR. JOAQUIM DE OLIVEIRA FERREIRA - falar depois dessas três pessoas é embaçado, não? Queria ter o dom do Levi, do Osvaldinho, do Nélson Triunfo. Quero dar uma boa noite a todos e lhes agradecer a presença!

Quero falar dregistrar a ausêncianão-presença de uma grande pessoa, que também batalhou para que este dia acontecesse, que é a Sueli Chan. ( ? ) tomara que ela se recupere brevemente.

Hoje é dia 12doze de novembro. H; hoje é o aniversário da cultura hip--hop e da Universal Zulu Nation. São 30 anos de hip--hop e 30 anos de Zulu. O sonho do Afrikca Bambaataa está sendo realizado aqui no Brasil. cada um de nós, sendo Zulu ou não, seremos sempre uma família unida. É disso que precisamos.

Não me estenderei muito porque precisamos conversar um pouco mais e daqui a pouco teremos uma festa. O hip hop é a nossa vida. Não filosofarei muito porque não costumo falar demais. Às vezes, quem fala demais não faz. É melhor você falar menos e fazer, assim as ações aparecem.

Em 94, quando mandei aquela cartinha simples, não achava que isso iria acontecer dessa forma. E agora a coisa é séria. Cada um aqui precisa ser guerreiro para não deixar essa cultura morrer. O Zulu faz o seguinte: mantém o hip hop vivo. Como diz o Benx, o verdadeiro zulu está presente no mundo inteiro. O Osvaldo Faustino diz também que é muito bom estar aqui. Nem eu quero sair daqui porque estou gostando dessa cadeira e dos tapetes vermelhos.

Encerrando a minha participação eu quero registrar a presença de uma pessoa que veio de longe, que é a minha irmã Maria José e o meu cunhado Virgílio. (Palmas.) Quero registrar também a presença do Adriano, da Art Foo, do Tatu e da Neusa. Agradeço a todos os Deputados presentes que possibilitaram essa homenagem. A luta continua. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - MÁRIO REALI - PT - Agora vamos assistir a um vídeo.

 

* * *

 

- É feita a exibição de vídeo.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - MÁRIO REALI - PT - Gostaria de chamar o Levi, o Joaquim e o Nino para subir a fim de fazermos o encerramento.

Vou fazer minhas considerações finais. Acho que é muito importante o que foi falado a respeito da cultura hip hop. Gostaria de ressaltar o que o Osvaldo Faustino falou, enfatizando a importância de fazer um evento como este na Casa. Esta é uma de Casa de Leis, é aqui que se produz toda a legislação para o Estado de São Paulo e discutirmos a cultura hip hop neste espaço é algo muito significativo.

Vocês ocuparam este espaço com estes bonitos tapetes vermelhos, o Hall Monumental com uma acústica muito diferente para a discotecagem, para a poesia do repente e também para dançar. É importante vocês saberem que tudo será transcrito e posteriormente publicado no “Diário Oficial”, além das imagens gravadas pela TV Assembléia, ou seja, estamos discutindo a cultura hip hop num espaço institucional.

Esta é uma linguagem que precisa ser difundida porque como falou o Faustino, muitas vezes olha-se no espelho e não se vê a imagem do outro lado porque não há identidade com os problemas que vivemos, com a exclusão, seja pela discriminação racial, seja pela violência, seja pelo uso das drogas. Seja pela linguagem do grafite, seja pela dança do break, a cultura hip hop aproxima o jovem da construção da identidade e da cidadania.

Vocês estão num recinto em que se discutem as leis que vão reger o Estado de São Paulo e muitas vezes este espaço é de exclusão, que diferencia e isola as pessoas. Então o povo da periferia estar sentado nestas cadeiras significa que vamos avançar muito na transformação do nosso País e no nosso Estado. (Palmas.)

Quero saudar todos vocês e dizer que estamos cravando a bandeira hip hop aqui na Assembléia. Hip, hop! Hip, hop! Vamos ao Hall Monumental para fazer uma roda.

Está encerrada a sessão.

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 21 horas e 04 minutos.

 

* * *