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28 DE NOVEMBRO DE 2012

054ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidentes: BARROS MUNHOZ e ULYSSES TASSINARI

 

Secretários: CARLÃO PIGNATARI, GILMACI SANTOS, REINALDO ALGUZ, CARLOS BEZERRA JR., CARLOS CEZAR e ULYSSES TASSINARI

 

RESUMO

ORDEM DO DIA

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão. Coloca em discussão o PL 533/12.

 

002 - JOSÉ ZICO PRADO

Discute o PL 533/12 (aparteado pelos Deputados Hamilton Pereira e Samuel Moreira).

 

003 - JOSÉ ZICO PRADO

Requer verificação de presença.

 

004 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

005 - MARCO AURÉLIO

Para comunicação, faz sugestão quanto ao andamento dos trabalhos.

 

006 - RAFAEL SILVA

Discute o PL 533/12.

 

007 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, considera baixo o salário dos médicos do Estado de São Paulo. Faz questionamento sobre o andamento dos trabalhos no que diz respeito a votação de projeto sobre reajustes salariais aos médicos.

 

008 - Presidente BARROS MUNHOZ

Questiona a possibilidade de que a sessão seja suspensa.

 

009 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, sugere novas discussões dos Deputados desta Casa no Congresso de Comissões.

 

010 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Para comunicação, declara que a bancada do PT é favorável tanto a projeto que concede bônus aos funcionários do Banco do Povo quanto a projeto que reajusta o salário de médicos do Estado. Lembra que este foi encaminhado a esta Casa no ano passado. Defende o prosseguimento da discussão do projeto em tela.

 

011 - CARLOS BEZERRA JR.

Para comunicação, destaca a importância de projeto que estabelece novos parâmetros para a carreira dos médicos. Questiona a bancada do PT sobre obstrução à matéria. Informa que se o projeto não for votado esta semana os médicos de todo o Estado só receberão o benefício no ano que vem.

 

012 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Para comunicação, questiona o tempo que o Governo Estadual levou para solicitar urgência a projeto de reajuste salarial dos médicos do Estado de São Paulo. Dá conhecimento de emenda, da bancada do PT, que torna o projeto retroativo a novembro.

 

013 - OLÍMPIO GOMES

Para comunicação, tece comentários acerca de dificuldades enfrentadas pelos servidores públicos do Estado de São Paulo. Considera lenta a tramitação de projetos nesta Casa. Sugere entendimento entre as lideranças em plenário.

 

014 - Presidente BARROS MUNHOZ

Sugere a continuidade da discussão acerca do PL 533/12.

 

015 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PL 533/12.

 

016 - ANTONIO MENTOR

Discute o PL 533/12.

 

017 - CAUÊ MACRIS

Discute o PL 533/12.

 

018 - ULYSSES TASSINARI

Assume a Presidência.

 

019 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Solicita verificação de presença.

 

020 - Presidente ULYSSES TASSINARI

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença.

 

021 - CAUÊ MACRIS

Para comunicação, questiona a necessidade de que o Deputado que requereu a verificação de presença esteja em plenário.

 

022 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Informa que a presença do Deputado que requer a verificação de presença não é necessária.

 

023 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, faz questionamento quanto a necessidade de que o Deputado que requereu a verificação de presença esteja no plenário.

 

024 - Presidente BARROS MUNHOZ

Reafirma sua resposta anterior. Informa o resultado da verificação de presença, que constata quorum regimental.

 

025 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Para comunicação, pergunta o nome dos Deputados inscritos para discutir o projeto. Questiona o número de Deputados do PSDB inscritos para debatê-lo.

 

026 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PL 533/12.

 

027 - JOÃO ANTONIO

Requer verificação de presença.

 

028 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe pelo encerramento do tempo da presente sessão. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Proposição em Regime de Urgência:

- Discussão e votação - Projeto de lei nº 533, de 2012, de autoria do Sr. Governador. Autoriza o Poder Executivo a instituir Bônus por Participação nos Resultados - BPR. Parecer nº 1446, de 2012, do Congresso das Comissões de Justiça e Redação, de Administração Pública e de Finanças, favorável.

Para continuar a discussão, para falar a favor, o nobre Deputado Antonio Mentor. (Ausente.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Ausente.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Ausente.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Ausente.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Ausente.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Ausente.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado, pelo tempo regimental.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, eu me inscrevi para abrirmos um debate sobre o Projeto de lei do Sr. Governador, que autoriza instituir o Bônus por Participação nos Resultados, do Banco do Povo.

Sr. Presidente, como vou começar a discutir, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Carlão Pignatari e Gilmaci Santos, para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência constata existência de quorum, e devolve a palavra ao nobre Deputado José Zico Prado.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, a Bancada do PT não é, de forma nenhuma, contra o Governador dar bônus para os funcionários do Poupatempo, que trabalham no município. Mas o que está acontecendo sempre é que a política do Governador é de dar bônus, mas ele não tem uma política salarial para o Estado de São Paulo. Nós já votamos aqui nesta Casa uma política salarial para o funcionalismo público, mas ele não cumpriu e não cumpre.

Como o Governador não tem uma política para fazer jus aos funcionários que trabalham no Poupatempo, o Governador começa a distribuir bônus, porque a maioria desses funcionários é da prefeitura. E o Governador é que vem dar uma gratificação para esses funcionários.

Essa política de bônus não serve para os trabalhadores nem das prefeituras, e muito menos para o funcionalismo público do Estado. Nós discutimos aqui, na semana passada, o Projeto de lei do Governador, da Segurança Pública, em que ele cria a guarda compartilhada. Nós votamos contra, discutimos, fizemos voto em separado, e o Governo continua com uma política de dar bônus para o funcionalismo público. Isso não é correto. Essa não pode ser a política de um governante.

O Governo do Estado de São Paulo, quando quer fazer alguma benesse, faz com a mão dos outros. Por que ele não assume todos os funcionários do Poupatempo no Estado de São Paulo? É um programa do Governo do Estado de São Paulo. Por que ele tem que usar mais funcionários das prefeituras, que está, a maioria, com dificuldade.

E o Governador não faz só isso com a questão do Poupatempo. Na Segurança Pública a maioria dos prédios das prefeituras é bancada pelas próprias prefeituras. A maioria dá a gasolina que é usada nos carros da polícia. Há vários comerciantes e prefeitos que bancam isso. Então, esse Governo serve para quê? Se não tem uma política salarial, não tem uma política de Segurança Pública, e estamos vendo agora a situação que vive o Estado de São Paulo. Quem mora na periferia sabe que isso é falta de uma política de Segurança Pública. O PSDB, que já está no governo de São Paulo há, no mínimo, 22 anos, não criou uma política de Segurança Pública para o Estado de São Paulo.

Como é que podemos ficar discutindo e votando projeto aqui, todo fatiado como salame? Queremos discutir uma política salarial para o Estado de São Paulo que discuta o salário do funcionalismo da Segurança Pública, daqueles que trabalham no Poupatempo.

Essa é a política que gostaríamos de debater aqui. E o Governo faz projetos de lei envergonhados. Para mim, esse é um projeto de lei envergonhado. Por que não assume esses funcionários no Estado de São Paulo?

A mesma coisa com o projeto de lei da Secretaria da Agricultura. Hoje, tivemos uma audiência pública e só ficamos sabendo desse projeto de lei graças à “radio peão” que existe na Secretaria, que foi informada que havia um projeto de lei em que estavam entregando para a iniciativa privada todo aquele complexo. Aí, eu tinha uma audiência com a Secretária. Pedi para que ela fosse junto comigo para receber os funcionários da Secretaria. Foi aí que a Secretária comunicou aos funcionários que, realmente, existia um projeto de lei. Não levou oito dias, chegou o projeto na Assembleia Legislativa.

Esse jeito de fazer política, às escondidas, por trás das portas, tem que acabar. Os tucanos têm que entender que a realidade brasileira hoje é outra, que eles precisam debater com a sociedade, que eles precisam conversar com o funcionalismo público, que eles precisam conversar com o pessoal que mora no entorno daquele patrimônio público do Estado de São Paulo. Esta era a reclamação de hoje na audiência pública: ninguém foi ouvido!

Aqueles funcionários que começam a se rebelar e a fazer questionamentos são perseguidos. Foi por isso que este Deputado, na discussão, propôs para o Secretário Júlio Semeghini que a comissão dos funcionários tenha o acompanhamento da Assembleia Legislativa. Sei o que é ser perseguido nos locais de trabalho. Fui metalúrgico durante 22 anos, e num tempo muito difícil da ditadura militar. Sei o que é ir trabalhar e correr o risco de ser mandado embora porque alguém vai entregá-lo ou porque o patrão, que é o caso da Secretaria da Agricultura, põe espião no meio dos trabalhadores para entregar aqueles que estão questionando o projeto de lei.

É por isso que fizemos um debate hoje, na audiência pública, e propusemos que uma comissão formada na Assembleia Legislativa acompanhe todo o processo, e que o Governador ponha a mão na consciência. Primeiramente, somos a favor da retirada do projeto. Segundo, se ele acha que tem que manter o projeto, não o faça a toque de caixa. Por que não se debate com os moradores do entorno, com os funcionários? Isso demora meses. É inadmissível mandar projeto de lei para a Assembleia que ficamos sabendo por meio de relator especial, com prazo para votação. Somos tratados como se fôssemos um apêndice do Palácio dos Bandeirantes.

A Bancada do PT não se curva perante isso! Vamos debater, vamos obstruir. Essa forma de fazer política está ultrapassada; não podemos mais aceitá-la. Se outros deputados aceitam, a nossa bancada está rebelada. Não vamos aceitar esse tipo de política do Governador.

 

O SR. Hamilton Pereira - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Quero congratular-me com V. Exa. pelo seu pronunciamento. Entendo, Deputado José Zico Prado, que V. Exa. abrilhanta o seu passado de trabalhador, que, dentro das fábricas, sempre foi extremamente solidário com os seus companheiros de trabalho. Mais do que isso: dedicou parte substancial da sua vida ao movimento sindical, em defesa da classe trabalhadora.

O fato de ter se tornado deputado eleito pelos trabalhadores, notadamente do Estado de São Paulo, da Região Metropolitana de São Paulo, não fez de V. Exa. alguém indiferente aos direitos da classe trabalhadora e às condições de trabalho que se proporcionam aos trabalhadores de todos os níveis e meios da produção, quer seja na iniciativa privada, quer sejam trabalhadores do Estado e, portanto, para o público, para a população do nosso Estado.

Vossa Excelência está defendendo aqui os trabalhadores da agricultura. Se não fosse assim, chegaríamos à situação que verificamos na semana passada, quando veio a voto neste plenário um projeto que sacrifica as horas de folga dos policiais militares porque o Estado paga mal e não contrata mais policiais, a segurança está um caos, a violência tomou conta das ruas do Estado de São Paulo, os policiais estavam sendo caçados nas ruas. Aí, a receita do Governador é: suprimir os horários de folga dos policiais militares e arrumar para eles o bico institucionalizado em convênio com as prefeituras. Em vez de pagar melhores salários, proporcionar melhores condições de trabalho, garantir o direito sagrado do descanso semanal remunerado para que eles possam conviver com os familiares.

Vossa Excelência, com muita propriedade, defende os trabalhadores da agricultura, como é de praxe nesta Casa cada vez que ocupa a tribuna. Parabéns por sua autenticidade, por esse compromisso com a classe trabalhadora.

 

O SR. José Zico Prado - PT - Muito obrigado, Deputado Hamilton Pereira. Este Deputado ia tocar nesse assunto, que é uma forma tucanês de dar aumento: dar um bônus, tirar as horas de folga dos policiais. Essa é a forma que os tucanos inventaram de dar aumento para trabalhador. E não é disso que a classe trabalhadora precisa. Queremos fazer discussão. Se o Governo tem problema de caixa, abra a discussão com o funcionalismo público, coloque as coisas às claras. Os trabalhadores não são burros. Foi isso que apresentamos quando éramos sindicalistas. Quando o patrão falava que não dava, vamos conversar: Quanto está faturando a empresa? Qual é o destino desse salário?

É por isso que ficamos revoltados cada vez que chega um projeto de lei a esta Casa para fazer remendo no salário do funcionalismo.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado José Zico Prado, obrigado pelo aparte. Tenho ouvido alguns argumentos e algumas frases até prontas no sentido de que os policiais têm que trabalhar fora do horário. Alguns até dizem que o Governo está obrigando o policial a trabalhar fora do horário.

Quero esclarecer e também fazer uma pergunta ao Deputado. Vejam, qual é a realidade que se constata? O policial hoje é proibido de trabalhar como policial na sua hora de folga. O projeto só permitiu que, caso ele queira, possa trabalhar na sua hora de folga. É só isso que o projeto diz. O projeto não obriga. Pelo contrário, passa a permitir, caso o policial queira e caso o município queira.

Queria só colocar isso no seu devido lugar. Não sei se alguém tem alguma coisa contra, caso o policial queira.

 

O SR. José Zico Prado - PT - Quero dizer que essa forma de ser bonzinho “se ele quiser, se ele quiser, se ele quiser...” Dando um salário miserável para o coitado, ele é obrigado a ir! Quando vai ao supermercado, o policial sabe do que precisa para casa e onde tem que buscar esse dinheiro. Se não for, aí vai faltar...

Acho que V. Exa. nunca passou por isso. Quando era obrigado a fazer hora extra porque o meu salário era baixo, eu fazia com muita raiva! Por não ter um salário digno, eu tinha que fazer hora extra para complementar.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Mas o senhor não era proibido de fazer, se quisesse.

 

O SR. José Zico Prado - PT - Mas eu era obrigado porque tinha filhos...

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Não podemos proibir o policial, se ele quiser.

 

O SR. José Zico Prado - PT - Dê um salário decente para o policial e quero ver um policial fazendo isso!

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Tudo bem, mas não o proíba. Não quero polemizar, só queria esclarecer.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Estou dizendo que V. Exa. não sabe.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Da mesma forma que estamos proibindo o funcionário do Banco do Povo de ter um bônus.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu gostaria que o Líder do Governo se inscrevesse para fazer uso da tribuna. Estou ouvindo as argumentações do nobre Deputado José Zico Prado e me sinto prejudicado.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Se V. Exa. não me permitir o aparte eu paro.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Eu gostaria que V. Exa. terminasse o raciocínio, com anuência da Presidência.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Seja breve, por favor, porque o tempo do nobre Deputado já se esgotou.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - É mais para esclarecer que nós não podemos, enquanto Assembleia, proibir que o funcionário do Banco do Povo possa ter um bônus. Não podemos proibir que o policial, caso ele queira, trabalhe nas suas horas de folga. Foi só isso. Os projetos autorizam isso.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Como são bonzinhos os tucanos. Se ele quiser... São uns amores de pessoas. É só não dar salário que o cara vai ter de fazer hora extra. Eu passei por isso. O Deputado Samuel Moreira nunca viveu isso. Fui obrigado a fazer hora extra porque o meu salário era baixo. Não é questão de ser bonzinho. O patrão ganhava, e muito, com as horas extras, assim como o Governador está ganhando com o bico do policial, e agora vamos quebrar o galho do funcionário público, do Poupatempo, dando uma miséria de um bônus.

Muito obrigado. Acho que foi importante o aparte do Deputado Samuel Moreira, Líder do Governo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para falar contra, o nobre Deputado Rafael Silva, pelo prazo regimental.

 

O SR. RAFAEL SILVA - PDT - Sr. Presidente, nobres colegas, falar contra ou a favor - ficamos até meio confusos. Contra o quê? A favor do quê? Contra o bônus, a favor do bônus? Quero até discordar de alguns companheiros. Existe uma realidade e ela está posta. O funcionário do Poupatempo é do Município. Seria bom se fosse do Estado se ganhasse bem mais? Seria. Seria bom se o policial militar ganhasse muito mais? Seria. Mas onde é que o policial militar brasileiro ganha mais que o policial do Estado de São Paulo? Será que lá ele pode fazer bico, fazer alguma coisa para aumentar o seu salário? Será que nós devemos, ou podemos, determinar para o servidor: “Olha, você vai ganhar quatro ou cinco mil e não pode fazer hora extra”? O professor pode ter vários empregos, o médico também, e tudo isso é legalizado. Fica aquela questão: será que podemos proibir o médico de ter mais de um emprego? “Não, você ganha o suficiente. O trabalhador brasileiro ganha menos que você.” Isso tudo é muito complicado porque quem sabe se ganha bem, ou não, é o sujeito. Quer dizer, o julgamento dele é subjetivo. Ele entende se é suficiente ou não. Tem gente que ganha 10 mil reais por mês, ou 15, 20 mil, e acha que deveria ganhar mais. Existem pessoas que ganham um salário mínimo, ou dois, e acham que é suficiente. A cabeça de cada um determina o que precisa ou não.

Quero levantar uma questão importante a respeito de vetos. Apresentei um projeto, muitos anos atrás, instituindo a obrigatoriedade do exame de acuidade auditivo e visual nas escolas públicas. Este exame é feito por um monitor, um funcionário da escola treinado para isso. O tempo de treinamento é de duas, três horas no máximo, e ele já está preparado para entender se o camarada ouve bem, ou se enxerga bem. Não precisa mais do que isso.

Temos nesta Casa alguns médicos. Uma vez, um médico cancerologista, inclusive cirurgião, me falou: “Se treinarem um atendente de enfermagem para fazer um exame interno numa mulher, esta atendente tem condições de saber se ela tem uma situação normal ou anormal. E quando está tudo em ordem, ela pode liberar a pessoa. Se tiver alguma coisa diferente, aí sim, passa por uma perícia, por um exame mais profundo.” E este próprio médico falou “Se você falar sobre esse assunto, meus colegas não vão gostar. Acho que é exclusividade deles fazer esse exame, mas uma triagem pode ser feita por uma funcionária treinada. Com poucas horas de treinamento, ela vai entender se a textura é normal, se a coloração é normal, se tem alguma coisa diferente.”

O exame de acuidade auditivo e visual pode ser feito por um funcionário simples da escola. E, se houver algum problema, aí sim o aluno será encaminhado. Fiz palestra numa entidade em São Paulo e estava lá uma brilhante advogada, inteligente e grande oradora. Até 17, 18 anos ela era tida como pessoa de inteligência inferior, anormal. Por quê? Ela tinha problema de audição e não sabia disso. Era apenas uma pessoa que ouvia daquela forma e ela não sabia que as outras pessoas ouviam de forma diferente. Mas um dia alguém alertou a mãe dessa senhora, que era uma adolescente: “Ela pode ter algum problema auditivo.” Fez o exame e tinha problema auditivo. Resolveu a questão com o aparelho e passou a ser uma pessoa brilhante em termos de facilidade para aprender, para se desenvolver.

Muitas crianças são tidas como de inteligência inferior porque não enxergam bem, ou não ouvem bem. Este meu projeto foi vetado pelo Governador há muito tempo. Eu não sei por que foi vetado. Será porque o político entende que, se ele tiver uma criança com problema auditivo e visual, pode pagar por exame apurado? E a criança pobre que estuda na escola pública não tem o direito? Qual é o custo para o Estado? Todas as nações do mundo, ou quase todas, dão oportunidade para que a criança passe por exame de acuidade auditiva e visual. Muitos municípios brasileiros já realizam este exame. E nós, da Assembleia Legislativa, temos o direito de condenar uma criança a viver na ignorância porque não enxerga ou não ouve bem? Talvez nós entendamos que foi um castigo de Deus, ou dos deuses. Na época antiga, quando havia muitos deuses - eram politeístas - eles entendiam que todos os problemas vinham dos deuses, nasciam de acordo com a vontade dos deuses. E nós da Assembleia entendemos que a criança pobre que tem um problema de visão, ou de audição, foi uma determinação divina. E então o Governador pode vetar, e a Assembleia cruza os braços.

Muito bom, Srs. Deputados. Os senhores têm filhos ou netos com problema de visão, ou de audição? Os senhores gostariam que seus filhos fossem tidos como inferiores em termos de capacidade de aprendizado? Ah, não entendem dessa forma? Por que é que não colocamos em votação o veto?

Gostaria de saber da consciência de cada um se podemos condenar uma criança porque é pobre. Através da educação, uma criança tem a oportunidade de crescer e de se desenvolver. Mas a Assembleia Legislativa do principal Estado brasileiro condena a criança pobre a viver na ignorância, se ela tiver problema de audição ou de visão.

Nós condenados em nome dos deuses. É isso? Hoje, falei aqui das castas da Índia: brâmanes, que representa a cabeça do Brahma, que é o criador do Universo; chakras, os braços do Brahma, os guerreiros. Os brâmanes são os sacerdotes, os nobres; vaisyas, as pernas do Brahma, do Deus; sudras, os pés; párias ou dalit, os intocáveis, aqueles excluídos que não têm direitos.

Em que situação nós colocamos essas crianças pobres, com problema de visão ou de audição como párias, como dalit? Como inferiores? Podemos fazer isso? Ou será que a Assembleia tem independência para falar: “Governador, o senhor está equivocado.” Será que esta Casa tem independência para falar que devemos defender pessoas deste Estado, principalmente as pessoas mais simples? Não sei. Aí, está na consciência de cada um. O Brasil tem um problema sério no Parlamento, porque não é Parlamento independente. Fomos eleitos pelo povo para defendermos o povo. Não é para fazermos um grupo para dizer: “Sou contra o governo ou a favor do governo”. Não. Nada disso.

O deputado, o vereador, o senador, ou seja, o Poder legislativo deveria, em tese, ser um Poder mais importante. Mas, não é. Por quê? Porque fica de joelhos, porque se curva. Então, quero deixar uma pergunta: por que Sócrates entendia que a pergunta era mais importante do que a resposta e afirmação? Vou deixar várias perguntas: será que essas crianças pobres, que têm problema de visão ou de audição devem ser obrigadas a viver na ignorância? Será que nós, políticos, temos o direito de negar a elas uma condição de aprendizado, de desenvolvimento? Será que nós, deputados, estamos sendo independentes ao ponto de afirmamos que a Assembleia Legislativa deve legislar em favor do povo, principalmente em favor das pessoas que mais precisam? Será que podemos seguir ordens superiores do Executivo, traindo a nossa consciência e traindo os direitos das crianças que estão em escolas públicas e que precisam de uma oportunidade?

São várias perguntas. Cada um que responda de acordo com a sua consciência. Mas, para responder, é bom pensar no neto ou no filho como sendo aluno de uma escola pública e tendo um problema desse tipo. Quem sabe, através dessa comparação dos direitos da criança deficiente com os nossos filhos, poderemos ter uma luz de entendimento.

Sr. Presidente, nobres colegas, este projeto foi vetado pelo governador. Há alguns assessores lá, doutos? Tem um filósofo italiano que fala: a douta ignorância, a sábia ignorância. Será que esses senhores doutos que deram ao governador a informação: “Governador, vamos vetar este projeto”? Será que essas pessoas pensaram ou será que essas pessoas não têm a capacidade de pensar? Porque muitas vezes alguém ocupa o cargo público não pela capacidade, é pela amizade, proteção, e o governador deixou passar frouxo. Passou despercebido.

Agora, aqui, temos muita gente que tem contacto direto e constante com o governador. O governador é médico, ele entende desse assunto? Agora, se o governador afirmar: “Olha, vamos ter que ter médicos.” Não. Sr. Governador, não.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu falei que um cancerologista, muito competente, me falou: “Rafael, um auxiliar de enfermagem tem condições, num exame interno, de saber se a paciente tem alguma anomalia ou não”. É muito mais sério esse exame que a acuidade auditiva e visual. Qualquer funcionário da escola, treinado por duas ou três horas, tem condições de saber se a criança vê de forma normal ou ouve também de forma normal. Aí, quem tem problema, depois dessa triagem, é encaminhado a um profissional para o devido acompanhamento. Sr. Presidente, espero que V. Exa pense neste assunto. Muito obrigado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB – PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, a Deputada Maria Lúcia Amary tem suspendido os trabalhos do Congresso de Comissões por 30 minutos, tendo em vista a importância do projeto referente ao salário dos médicos, já que o médico ganha apenas três mil reais para trabalhar em Guaianases, Cidade Tiradentes, Capela do Socorro, São Miguel.

Ninguém mais quer ser médico público. Sr. Presidente, quero indagar de V. Exa. se efetivamente ainda teremos esse Congresso de Comissões para pelo menos adiantar a votação ou que V. Exa. esclareça a este humilde parlamentar por que razão não estamos caminhando para fazer justiça a uma carreira sofrida.

Veja, Sr. Presidente, com devido respeito às pessoas que aqui se encontram à minha direita, o Deputado Carlão e o Deputado Cauê, o Sindicato dos Médicos, uma entidade historicamente ligado ao PT, chega ao meu gabinete e encontra mais um ofício reiterando a necessidade urgente da votação dos projetos. Indago de V. Exa. se ainda teremos hoje a continuidade dos trabalhos de Congresso de Comissões ou simplesmente estaremos atirando para a frente a votação deste projeto que pode retirar um mês dos salários dos médicos deste Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado Campos Machado, só havendo a suspensão desta sessão é que poderá ser reconvocada a reunião do congresso de comissões.

Indago se há concordância dos senhores líderes.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, faço um apelo aos líderes de bancada em plenário: que possamos voltar ao congresso de comissões e votar, pelo menos hoje, as emendas e pareceres para que o projeto fique pronto para ser votado o mais rápido possível.

Gostaria que os líderes de bancada presentes em plenário manifestassem publicamente o que pretendem, o que desejam, se querem aprovar este projeto que atende à sofrida categoria dos médicos do Estado de São Paulo.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, a Bancada do Partido dos Trabalhadores se posiciona favoravelmente tanto em relação ao bônus dos funcionários do Banco do Povo como ao plano de carreira dos médicos, inclusive um debate que já deveria ter sido feito desde o ano passado. Havia o compromisso desta Casa, junto ao Secretário Júlio Semeghini, de realizar um debate na Assembleia Legislativa para que esse projeto da carreira dos médicos pudesse ser votado em dezembro do ano passado. Acabou não dando certo e ficou para o primeiro semestre de 2012. Também não aconteceu. Se não me engano, o projeto entrou em pauta em outubro deste ano. Inclusive uma das emendas da Bancada do Partido dos Trabalhadores pede que o reajuste aos médicos seja retroativo justamente para garantir a perda que tiveram pela demora no envio do projeto para a Assembleia Legislativa.

Somos favoráveis ao projeto da carreira dos médicos, ao projeto do bônus para o Banco do Povo, mas gostaríamos que o debate continuasse porque é importante que a população saiba o que está em pauta.

Portanto, gostaria que se mantivessem as inscrições para o debate do projeto que trata do bônus para o Banco do Povo.

 

O SR. CARLOS BEZERRA JR. - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, ouvi atentamente a fala do Deputado Marcolino e dos deputados do PT e fica para mim uma dúvida. Por isso gostaria de dialogar com o Deputado Alencar Santana Braga, Líder do Partido dos Trabalhadores nesta Casa.

Vossas Excelências sabem da importância de votarmos o projeto que estabelece novos parâmetros para a carreira dos médicos. Vossas Excelências sabem - é consenso - do grande avanço que representa esse projeto, da importância que tem esse projeto. A Saúde tem de ser tratada como prioritária, mas não pode ser tratada como prioritária única e exclusivamente no discurso e aí reside a minha dúvida: V. Exas. seguirão obstruindo a votação do projeto ou vamos trabalhar e caminhar para um entendimento a fim de que o projeto possa ser votado? É importante a gente ressaltar uma coisa: que dia é hoje? Hoje é 28 de novembro. Isso é importante até para quem está acompanhando este debate para saber do quê estamos falando.

O Deputado Gondim, que é médico como eu, sabe da importância de votarmos esse projeto. Deputado Gondim, se não votarmos esse projeto entre hoje ou amanhã os médicos de todo o Estado de São Paulo serão prejudicados e só receberão esse beneficio em janeiro.

Não tem o menor sentido esse tipo de coisa e aí venho aqui humildemente fazer um apelo à Bancada do Partido dos Trabalhadores, que segue obstruindo, que segue numa tática, numa estratégia de oposição, mas de oposição por oposição. Aquilo que é bom para a população, aquilo que é bom para os médicos, aquilo que é um avanço na área da Saúde no Estado está sendo ignorado.

Por favor, ouçam o clamor da população e nos ajudem na aprovação desse projeto. Deputado Mentor, V. Exa. talvez não seja tão sensível a esta questão, mas eu faço o apelo.

O fato de a galeria não estar lotada não quer dizer que a matéria não tenha importância. É importante que V. Exa. se manifeste dizendo que se não há clamor popular é contra a que os médicos recebam o aumento. É importante que V. Exas. coloquem isso claramente por isso venho fazer esse apelo, o apelo ao bom senso, o apelo ao entendimento, o apelo ao consenso nesta Casa.

Deputado Alencar Santana Braga, sei que V. Exa. é uma pessoa sensata e nesse sentido apelo para que V. Exa., em nome do bom senso e dos avanços na área da Saúde tão debatidos nesta Casa por meio das audiências públicas, concorde em votar esse projeto.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Agradeço as palavras do Deputado Carlos Bezerra Jr. e faço uma outra proposta de consenso. Tenho certeza de que o a Liderança do PDSB e a Liderança do Governo, tão sensíveis e preocupados com a questão da Saúde, vão aceitar.

Este projeto chegou à Casa no dia 20 de outubro. Seria oportuno que V. Exa. falasse da tramitação do projeto: por onde passou, em que comissão ficou, qual o deputado que deu o parecer, em que momento o Governo pediu a urgência, afinal de contas quando o Governo quer, ele pede urgência e o projeto tramita numa velocidade muito grande.

Mas quero aproveitar este momento de debate e reflexão para dizer que a Bancada do PT tem uma história antiga em defesa do SUS, em defesa de uma Saúde de qualidade, de uma Saúde que possa de fato atender bem ao cidadão e aqui no Estado de São Paulo é importante que a gente tenha um serviço cada vez melhor, tanto é que quando deu entrada nesta Casa o projeto que permitia que o Hospital das Clínicas, dentre outros, atendesse planos de saúde, a Bancada do PT se posicionou contrariamente por entender que deveria atender apenas o Sistema Único de Saúde. Mas quero fazer uma proposta ao Deputado Carlos Bezerra Jr., que disse da importância de se fazer um acordo.

A Bancada do PT quer fazer o debate sobre a Saúde, sobre a crise que vivemos na Segurança Pública e tantos outros problemas que infelizmente assolam o nosso Estado, mas com certeza é de conhecimento de V. Exa., Deputado Carlos Bezerra Jr., uma emenda da nossa bancada que prevê que esse projeto seja retroativo a 1º de novembro. Portanto, não importa se vamos votar hoje ou na terça, não importa se vamos votar amanhã ou na terça.

Se de fato houver sensibilidade, se de fato houver compromisso com o plano de carreira dos médicos, com a Saúde do nosso Estado, quem faz o apelo a V. Exa. agora é a Bancada do PT: vote a nossa emenda para que esse aumento seja retroativo a novembro.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, como Líder da Bancada do PDT, encareceria a todos os líderes para que refletissem neste momento em relação à tragédia dos servidores públicos.

Temos um projeto que estabelece um ganho a mais para aqueles que trabalham no Banco do Povo e outro que trata do plano de carreira dos médicos. Podemos fazer o digladio. Sou talvez o mais contundente crítico do sistema de Segurança Pública do Estado de São Paulo ou da insegurança pública, mas tradicionalmente quando se trata de servidores públicos em qualquer instância, o consenso ou o bom senso tem levado a que possamos atender o pleito das categorias. É certo que é possível a retroatividade, é certo que seria possível o avanço em algumas emendas e votarei favorável às emendas, como temos feito - algumas das bancadas - em todas as situações. Mas eu encareço que não protelemos mais.

O Deputado Alencar Santana falou com muita propriedade sobre o rito de projetos nesta Casa. Este projeto ele entrou aqui, ele vai com regime de urgência, ele vai com relator especial, não tem relator nenhum de comissão nenhuma, e precisa fazer o congresso de comissões. É isso, é o rito do projeto do Governo, é sempre o rolo compressor. Mas, nesse instante, para minimizar a perda, ou possibilitar que se faça um pouco mais de justiça em relação à carreira dos médicos. Faço um apelo: vejo os médicos de todas as bancadas, Sr. Presidente, falando nesse momento, do benefício com os médicos. Todas as associações de sindicatos das categorias nos procuraram, e estão pedindo o seguinte: “pelo amor de Deus, isso está atrasado 50 anos, não deixe que fique por mais cinco horas”.

Portanto, eu encareço que possamos eventualmente ter uma rápida suspensão dos trabalhos, haver um consenso entre as bancadas e que possamos seguir num rumo que atenda o interesse público, e atenda, principalmente, nesse momento, essas sofridas categorias profissionais, lembrando também da categoria mais sofrida que não está como alvo de discussão neste momento, que são aqueles dentro da Secretaria do Trabalho e Emprego, que aprestam serviços no Banco do Povo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência faz um apelo aos Srs. Deputados, no sentido de que continuemos a discussão do projeto que está em pauta, porque entramos numa discussão que já está encerrada; o Líder do PT, Deputado Alencar Santana, já se manifestou; consequentemente, eu pediria ao Deputado Luiz Carlos Gondim, que compreendesse porque caso contrário vamos ficar nesta discussão que não é a discussão do projeto que está na pauta da Ordem do Dia.

Eu peço que cumpramos, do melhor modo, o regimento interno no andamento da sessão; peço a compreensão de todos.

Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, é importante que o Líder do PT, Deputado Alencar Santana faz uma proposta não só ao Líder do PSDB, mas aos demais líderes, para que possa ser construído um acordo onde se vote na terça-feira o projeto dos médicos, já com o compromisso de garantir a antecipação para o mês de novembro. Seria importante que durante as falas, que esse acordo pudesse ser construído para garantir o Plano de Carreira para os médicos.

Em relação à questão do Banco do Povo é importante que os projetos que vão sendo estruturados nesta Casa que se vá construindo as referências. O projeto hora em debate, é Projeto 94/12, e é importante nobre Deputada Ana Perugini, que voltemos um pouco no tempo e construamos as referências em relação a esse projeto. Primeiro que a Bancada do Partido dos Trabalhadores vai se posicionar favorável, ma é importante que façamos alguns questionamentos.

Primeiro, quanto ao Banco do Povo. Até a privatização da Nossa Caixa em que nós tínhamos no Estado de São Paulo 555 agências da Nossa Caixa, e o Banco do Povo funcionava justamente dentro das agências da Nossa Caixa, numa perspectiva de potencializar o microcrédito, o crédito para as micro e pequenas empresas no Estado de São Paulo. Tinha uma proposta de desenvolvimento, tinha uma proposta de fortalecimento do Estado, tinha uma proposta de diálogo com os micros e pequenos empresários no Estado de São Paulo para fortalecer o nosso Estado. Só que com a privatização da Nossa Caixa e que foi feito inclusive durante as diversas gestões do PSDB, primeiro privatizando o Banco Banespa, depois privatizando a Nossa Caixa. Com isso, o Banco do Povo que anteriormente funcionava dentro das agências da Nossa Caixa, como eu disse. 555 agências da Nossa Caixa no Estado de São Paulo. Nas 555 agências da Nossa Caixa no Estado de São Paulo funcionava o Banco do Povo.

Depois da privatização, Deputado Hamilton Pereira, desmontou-se aquela política que tinha de microcrédito a partir de um banco público, um banco do Estado, no nosso Estado. Daí foi começando estruturar o outro Banco do Povo; um Banco do Povo que não era mais atendido pelos funcionários da Nossa Caixa. Era um Banco do Povo que começou a ser estruturado a partir do Governo do Estado de São Paulo, usando a mão-de-obra dos municípios. Hoje só se pode estruturar o Banco do Povo desde que o município coloque à disposição do Estado funcionários para fazer esse atendimento, além do espaço, energia elétrica, enfim, toda a despesa para estruturação hoje do Banco do Povo, hoje depende 1também de uma intervenção do município.

Vamos um pouco além. Mesmo hoje o Banco do Povo, na maioria dos locais que estão estruturados, eles tem percebido isso, que é uma tônica do Governo do Estado, está sendo feito e estruturado também dentro das associações comerciais. E muitas vezes a associação comercial tem uma preocupação com as médias empresas, com as grandes empresas e as micro e pequenas empresas que, de fato precisam do MPO, Microcrédito Orientado Produtivo, muitas vezes acabam não sendo atendidos.

Então, é importante a reflexão desse próprio, é importante esse tempo de debate, inclusive para as pessoas entenderem as estruturas da gestão pública no Estado de São Paulo e algumas medidas que muitos acabam vendendo como positivas, é importante que conheçamos o histórico de todo o processo que aconteceu em relação ao Banco do Povo, para inclusive entender o debate que queremos fazer nesta Casa de leis.

Outro debate importante ainda é o debate em relação ao microcrédito. Nós tivemos a partir de 2002, outro Presidente da Republico de 2003 até 2006, nobre Deputado José Zico Prado, um presidente que foi mudando a cara do nosso País, um presidente que tinha uma preocupação com o trabalhador, com a micro e pequena empresa, enfim, com as pessoas que de fato mais necessitam do Governo do Estado no nosso País.

Então foi um Governo que gerou mais de 15 milhões de empregos, um Governo que investiu na criação e estruturações de Universidades Federais em todo o País, em escolas técnicas, investiu em portos e aeroportos, um Governo que tinha de fato uma preocupação com o desenvolvimento do nosso País.

E tinha um debate colocado no Governo Federal, com o Governo Lula durante o primeiro Governo, e no segundo Governo e agora continua com o Governo da Presidenta Dilma Rousseff, que era um debate em relação ao crédito. O crédito no Brasil é um dos mais caros que existe no mundo. E o Presidente Lula, num primeiro momento, trabalhou com o crédito consignado, fez todo o movimento para criar o Estatuto da Micro e Pequena Empresa, criou o Simples Nacional, foi criando alguns mecanismos e algumas estruturas, inclusive o microempreendedor individual, o MEI, que hoje já formaliza milhões de pessoas em todo o País.

Quero demonstrar que há toda uma estruturação e toda uma organização, e foi pensada pelo Partido dos Trabalhadores, pelo Presidente Lula, que era de valorizar as pessoas que de fato precisavam do crédito. E se hoje estamos aqui na Assembleia Legislativa debatendo a bonificação, debatendo o Banco do Povo é porque foi política acertada do Presidente Lula de investir no microcrédito, na micro e pequena empresa. O Banco do Povo foi desmontado no Estado de São Paulo, desestruturado com a venda da Nossa Caixa. Para o Banco do Povo, a Presidenta Dilma liberou até o final de seu mandato, 2014, mais de três bilhões de reais para a área do microcrédito, e nos Governos anteriores sequer chegava a um bilhão de reais. É um compromisso da Presidenta Dilma que todos os bancos federais invistam no microcrédito.

É importante que falemos não só aqui para os deputados, mas para a população: vocês sabem de onde vem o crédito para o Banco do Povo? Vem do Banco do Brasil. Havia o Banco Nossa Caixa, e em 555 agências havia o Banco do Povo para atender a micro e pequena empresa. Esse banco foi privatizado pelo PSDB, o banco foi desmontado, aí veio o Presidente Lula, a Presidenta Dilma e investiram em toda uma estrutura, o microcrédito no nosso País, e o Banco do Brasil é um dos atores, um dos agentes. O microcrédito orientado produtivo é uma política, hoje, de Estado; é uma política de Governo, do mesmo jeito que foi a ampliação do crédito no nosso País: para a micro e pequena empresa, para as médias empresas, para as grandes empresas a partir do BNDES. E o MPO é a partir do Banco do Brasil, o Banco do Brasil que comprou a Nossa Caixa, que foi colocada à venda pelo Governo do Estado de São Paulo, Governo do PSDB.

Então é importante que este debate seja feito na Assembleia Legislativa. E esse é o momento em que muitas vezes os projetos são aprovados e não há o tempo necessário para que essa reflexão seja feita aqui na Assembleia Legislativa. Então é importante deixar claro que estamos aprovando um projeto, mas já poderia estar muito melhor a estrutura do microcrédito orientado produtivo no Estado de São Paulo, se não fosse a venda da Nossa Caixa, se não fosse a desestruturação do Banco do Povo alguns anos atrás.

Outro ponto que temos trabalhado bastante aqui nesta Casa é o Orçamento do Estado. Fiz questão de buscar os investimentos regionalizados - o Secretário do Planejamento encaminhou aqui para a nossa Casa - e fiz questão de olhar região por região, ação por ação, e o debate do Banco do Povo não aparece em nenhuma das ações apresentadas aqui nesses investimentos regionalizados. E quando debatemos aqui na Assembleia Legislativa o Orçamento regionalizado, queríamos que as ações aprovadas, como a Região Metropolitana da Grande São Paulo, a Região Metropolitana da Região de Campinas, a Região Metropolitana do Vale do Paraíba, o Aglomerado Urbano de Jundiaí, a Região Metropolitana de Sorocaba, que vai ser constituída e tem que ser debatida nesta Casa de Leis, gostaríamos que todo o debate dos recursos do Estado fosse feito, mas não só para valorizar o trabalho dos deputados, mas o trabalho da Comissão e o trabalho desta Casa.

A nobre Deputada Regina Gonçalves foi relatora do Orçamento esta semana no Palácio dos Bandeirantes. O Governo foi apresentar e chamou mais de 300 municípios para fazer uma apresentação de emendas que seriam aprovadas, e convênios aprovados para mais de 300 municípios. Mas fiquei abismado: uma solenidade com milhares de prefeitos, vereadores, entidades organizadas do nosso Estado para liberar 200 milhões de reais! Duzentos milhões de reais: emendas de 30, de 50, de 60 mil reais. O Orçamento do Estado de São Paulo, que vamos debater nesta Casa nos próximos dias, será de 173 bilhões de reais! E o Governador faz uma solenidade para autorizar 200 milhões de reais, uma festa cheia de pompas. Duzentos milhões de reais foi o quanto foi liberado de convênios nesta semana. Quanto de recurso vai ser destinado dos investimentos propostos para o ano que vem? Tem que ser mais de 21 bilhões, porque no primeiro ano de Governo só se utilizou 13 bilhões de reais de investimento previsto. Deveriam ter sido gastos no mínimo 21. E esse recurso não foi gasto no ano passado, não será gasto este ano, e quando será gasto o investimento total no Estado de São Paulo?

Temos que olhar sempre as referências que temos, inclusive em outros estados, e nós debatemos muito a questão da regionalização no Estado de São Paulo. Olhando para o Vale do Paraíba, para a Alta Paulista, para a Região Mogiana, para várias regiões do Estado de São Paulo, o Secretário vem e diz que não temos como fazer a regionalização do Orçamento para o exercício de 2013, mesmo aprovado na LDO. Aprovamos na LDO este ano que o Orçamento seria regionalizado por região metropolitana, aglomerado urbano e regiões administrativas. Aí vamos olhar aqui do nosso lado o Estado de Minas. Temos aqui um Orçamento apresentado para a área de Educação. Temos a região de Minas Gerais, Comercinho. Vai ser feito em Comercinho um projeto de reforma da Escola Estadual Fernando A. C. Amaral Comecan; vai ser construída outra escola na Cidade de Teófilo Otoni; na região de Almenara, um projeto de construção e ampliação de uma escola; na região do Vale do Rio Doce vai ser construído o prédio da Escola Estadual Germano Pedro de Souza; na região de Governador Valadares, vai ser feita uma reforma de um prédio; ainda em Governador Valadares, a construção de mais uma escola estadual. Mas não é só na área de Educação.

Vamos ver a área de aeroportos: na região da Zona da Mata, na Cidade de Ponte Nova, vai ser feita a reforma e o melhoramento do aeroporto da cidade de Ponte Nova; para o sul de Minas, na região de Caxambu, a reforma e melhoramento do aeroporto. Aí temos Itajubá, Patos de Minas, noroeste de Minas, Paracatu, norte de Minas, em Januário, e por aí vai.

No Orçamento do Estado de São Paulo a regionalização na área de Educação está assim: Grande São Paulo, não define nem quanto nem qual cidade; Campinas, não fala qual a cidade, nem o valor e nem a obra que vai ser feita. Então o que queremos, Sr. Presidente, é aprofundar cada um dos debates que vêm para esta Casa de Leis, porque vamos ter tempo suficiente para fazer o debate, a discussão e aprovar os projetos de lei que de fato vão melhorar a vida da população do nosso Estado de São Paulo. Vamos debater muito o Orçamento ainda nas próximas semanas, mas estamos demonstrando aqui que o Estado de Minas já consegue, hoje, fazer um Orçamento regionalizado. O Estado de São Paulo também teria capacidade técnica de fazer um Orçamento regionalizado como o de Minas Gerais. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, para discutir contra, o nobre Deputado Antonio Mentor.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, o que vem acontecendo nos últimos dias nesta Assembleia Legislativa expõe a população do Estado de São Paulo, aqueles que nos assistem e nos acompanham pelo Diário Oficial, pela TV Assembleia, às diferenças de compreensão, de conceito, diferenças programáticas que existem entre as bancadas que compõem esta Casa de Leis.

Estamos debatendo fundamentalmente essa questão relativa ao comportamento que esse Governo tem adotado, ao transferir para os municípios responsabilidades que não são próprias dos municípios. Tem feito isso seguidamente. Não oferece à Polícia Civil e à Polícia Militar a estrutura necessária, de maneira que as prefeituras municipais são obrigadas a compensar a falta de estrutura, para que as polícias possam funcionar adequadamente. Não oferece a servidores da Saúde, da Educação, condições adequadas, e muitas vezes transfere essa responsabilidade também para o município complementar os salários.

O trânsito, a organização dos veículos, o licenciamento feito pelas Ciretrans dos municípios, que são responsabilidade do Estado, só se viabilizam por conta do município, que assume quase que integralmente a responsabilidade com funcionários, com imóvel, com telefone, Internet, enfim, com a estrutura necessária para a prestação dos serviços.

Mais uma vez o Banco do Povo, um bom projeto, um projeto do microcrédito, um projeto que atende necessidades básicas para os pequenos, os microempreendedores, também padece mesmo mal.

Hoje estamos discutindo o bônus para os funcionários que trabalham no Banco do Povo. Quem são esses funcionários? São funcionários públicos municipais, que vão receber uma quirelinha do Estado, que deveria pagar integralmente o seu salário, que deveria se responsabilizar integralmente pelo seu salário, pelo vínculo funcional. Mas, não. Deixe, vamos ficar com o bônus, e deixe o ônus para o município.

E assim, sucessivamente acontecem no Estado de São Paulo inúmeros episódios como esse também; na pauta desta noite, o debate a respeito dessa remuneração de cerca de um mil reais a mais para essa categoria tão importante, que cuida daquilo que é mais valioso para cada um de nós, que é a nossa vida, a saúde.

Os médicos, funcionários do Estado de São Paulo, vêm pedindo isso não há 20 ou 40 dias, com esse projeto que chegou, mas há 20 anos, que esse governo vira as costas para os médicos, como de resto vira as costas para o funcionalismo público de uma forma geral. Ganham mal os médicos? Ganham mal. Ganham mal os professores? Ganham mal. Ganham mal os policiais civis? Também ganham mal. Ganham mal os policiais militares? Também ganham mal.

E por falar nas polícias, não podemos abandonar aqui o tema mais importante, que mais aflige o povo do Estado de São Paulo. Somos 42 milhões de brasileiros que vivemos no Estado de São Paulo, e hoje estamos à mercê do crime organizado, do tráfico de drogas, por falta de uma política de Segurança Pública adequada, por falta de um projeto que possa oferecer ao povo paulista o mínimo de segurança, e por relações espúrias também entre parte do Poder e esses grupos organizados, que têm aterrorizado o Estado de São Paulo, o povo paulista.

É difícil tomar uma decisão sobre essa matéria, eu sei, é claro. Mas não pode demorar tanto tempo quanto demorou o Governador Geraldo Alckmin para perceber a necessidade imperiosa de uma mudança não apenas nos nomes que comandam a Segurança Pública do nosso Estado, não apenas do Secretário da Segurança Pública, não apenas do Delegado-Geral, não apenas do Comandante da Polícia Militar. A mudança que se requer é uma mudança conceitual, é uma mudança estrutural na política de Segurança Pública em nosso Estado.

O Governo Federal, através do Ministério da Justiça, tem oferecido para os Estados e para os municípios não apenas condições materiais para que as polícias dos Estados, as Guardas Municipais possam se estruturar. Não apenas isso. Tem oferecido também um acúmulo, fundamentando um projeto moderno, com uma nova visão a respeito da Segurança Pública, que foi implantada no Rio de Janeiro, com o nome de Unidade de Polícia Pacificadora, uma forma diferente de abordar as comunidades, de conquistar a confiança da comunidade, que se vê compelida pelo tráfico, pelo crime organizado, pela violência, de modo a se submeter ao comando, às ordens, às determinações dessas organizações criminosas, que agem também aqui no Estado de São Paulo, de maneira muito sistematizada, e que precisam ser enfrentadas com o apoio da população.

A polícia, os órgãos de Segurança precisam conquistar o apoio da população, a confiança da população, que tem medo hoje de se manifestar, tem medo hoje de mostrar onde é que está a biqueira, onde é que mora o traficante. Tem medo hoje de demonstrar quais são os riscos pelas quais a população vem passando.

E tem medo com justiça, porque sabe que está à mercê daqueles elementos. Se não houver uma mudança na mentalidade, no conceito, uma mudança programática, uma mudança nos métodos de ação dos organismos de Segurança, não haverá presídio suficiente para penalizar o crime no Estado de São Paulo.

A proposta do Governador é construir mais presídios na nossa região, na região onde moro - Americana, Santa Bárbara D’Oeste, Limeira, Iracemápolis, ao lado de Hortolândia, para onde foi transferido o Carandiru, que tinha cinco ou seis mil presos... Agora, no Carandiru Caipira, em Hortolândia, há 13 mil presos, mais do que o dobro do que tinha no Carandiru na Cidade de São Paulo! Em Americana tem presídio; em Limeira tem presídio; em Piracicaba tem presídio. E vão construir outro presídio lá, muito próximo do centro urbano de Santa Bárbara, de Americana, de Iracemápolis, mas no território de Limeira. Longe do centro urbano de Limeira, mas encostado no centro urbano de Santa Bárbara, de Americana e de Iracemápolis. Há uma indignação generalizada nessas cidades, que têm se mobilizado contra a instalação de mais uma unidade carcerária naquele trecho.

Mas quero retomar o raciocínio que tenho defendido incessantemente. Essa proposta denominada UPP, Unidade de Polícia Pacificadora, nasceu na Secretaria Nacional de Segurança Pública, nasceu no Ministério da Justiça do Governo do Presidente Lula. Foi um projeto apresentado para o Governador Sérgio Cabral, que o abraçou, ao lado do seu Secretário de Segurança Pública, e implantou de maneira planejada, sustentada, com resultados extraordinariamente positivos em defesa do povo carioca.

E o Estado de São Paulo ainda se mantém com os olhos vendados às possibilidades de inovação, aos novos métodos, ao novo momento que o Brasil vive, que é um momento de mudanças, de avanços, de revisão de métodos, de novos objetivos e de novas formas de tratar os novos problemas. As organizações criminosas se instalaram nos grandes centros e permanecem vigorosamente bem organizadas, atuando de forma a aterrorizar o povo paulista. Precisam ser combatidas, quero repetir, com o apoio da população.

Daí a importância do trabalho da polícia comunitária; da polícia que é reconhecida pela comunidade como sua defensora, sua protetora; da polícia que tem uma relação de respeito com o cidadão; da polícia que é vista pela sociedade como o elemento que garante a sua segurança. Não ao contrário disso, como muitos dizem da existência no Estado de São Paulo de esquadrões paramilitares executando civis de maneira brutal, covarde, nas noites dos grandes centros.

Mas isso não é exclusividade apenas dos grandes centros. Essas atitudes já estão sendo vistas também no interior do Estado: mortes nas ruas, ônibus incendiados, a violência imperando nas pequenas e médias cidades do Estado. E fica a questão: se não tomarmos uma atitude importante, se não tomarmos uma decisão segura, forte, porém inteligente e moderna, vamos ver o Estado de São Paulo submetido às garras da violência, da brutalidade, que banaliza a vida e que deixa a nossa sociedade à mercê dos bandidos.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, para falar a favor, tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris.

 

O SR. CAUÊ MACRIS - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, depois de algum tempo, venho à tribuna não para discutir alguns projetos que têm sido debatidos nesta Casa, preferindo apenas ouvir os oradores e aqueles que debatem a respeito das ações e dos rumos que queremos dar ao nosso Estado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Ulysses Tassinari.

 

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Venho aqui por uma ocasião diferenciada. Hoje, presenciei algumas ações e condutas que precisam ser divididas com aquele cidadão que está nos acompanhando na TV Alesp, nas galerias; com aquele cidadão que irá depois entrar no site da Assembleia para assistir aos debates.

No Colégio de Líderes, presenciei uma atuação por parte do Líder do PT, Deputado Alencar Santana Braga, pensando simplesmente em ação partidária. Porque não foram pautados alguns projetos do Partido dos Trabalhadores na Ordem do Dia de hoje, deixa de ser votado um projeto fundamental para a Saúde Pública do Estado, que é o aumento salarial dos médicos em São Paulo, por conta única de uma percepção, por parte do PT, de que os projetos dele não foram votados.

Aí venho à tribuna desta Casa, ouvir os meus colegas deputados...

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Reynaldo Alguz e Carlos Bezerra Jr. para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. CAUÊ MACRIS - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, foi colocado pelo Presidente Barros Munhoz que o autor do pedido do requerimento de verificação de presença não necessariamente deveria constar e ficar no plenário. Porém, a sua presença seria computada para o efeito de quorum, mesmo o autor não estando no plenário. Gostaria de indagar a V. Exa. qual é o procedimento que deve ser adotado neste caso.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Não é o fato de o deputado não estar presente que não seja possível dar o quorum necessário. São necessários 24 Srs. Deputados, é o quorum constitucional.

 

O SR. CAUÊ MACRIS - PSDB - Foi indagado ao Presidente Barros Munhoz a mesma questão - que respondeu ao Deputado Campos Machado inclusive - que, para efeito de quorum, o deputado que fizesse a solicitação da presença seria também computado como presente no plenário. Não é possível um deputado que não esteja presente no plenário fazer o requerimento de verificação de presença. Indago a V. Exa. novamente a respeito dessa matéria, porque fico preocupado quando um deputado sai do plenário para obstruir a votação. Como é que podemos proceder num caso como este?

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado Cauê Macris, na verdade o deputado não é obrigado a continuar no plenário tendo pedido verificação de presença, o que não invalida a necessidade de 24 deputados para que seja cumprido o quorum constitucional. Esta é a resposta à questão de ordem.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, se eu entendi bem as colocações do Deputado Cauê Macris, o que me indagou também é se a presença do deputado que requer verificação de presença é computada ou não.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Ele não estando no plenário não é computado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, desculpe, quero colocar aqui a impossibilidade material. É impossível. Tenho então de mudar o Regimento, porque venho aqui, peço verificação de presença - e o verbo correto é este mesmo - e fujo pelos cantos. Não é possível, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado, a Assessoria da Mesa informa, até para a surpresa do Presidente. Eu, sinceramente, tenho a impressão de que na 1ª Legislatura não era assim, na qual participei. Em alguma reforma do Regimento deve ter alterado, mas a posição é esta: ele não é obrigado a continuar. Mesmo sem a presença dele, há a necessidade 24 deputados. Esta é a informação da Assessoria da Mesa.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, eu gostaria que, se possível, a Assessoria informasse o dispositivo regimental que esclarece este ponto da ausência, de quem requer a verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nós vamos dar continuidade aos trabalhos, e eu, oportunamente, darei este esclarecimento a V. Exa., nobre Deputado. Por favor, nobre Deputado Carlos Bezerra, dê prosseguimento à chamada.

 

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- É feita a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência verifica número regimental de Srs. Deputados em plenário pelo que devolve a palavra ao Sr. Cauê Macris.

 

O SR. CAUÊ MACRIS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu não acho correto no momento de uma fala de um deputado, no momento de discussão de um projeto ser solicitado a verificação de presença, apesar de regimental. Acho que isso é, no mínimo, indelicado.

Eu falava a respeito do que vi no dia de hoje. Vi, hoje, que, por conta de um desejo talvez pessoal ou até coletivo por parte do PT por não ter tido pautado os seus projeto, por não ter aberto o diálogo, os médicos de toda carreira do nosso Estado perderão esse aumento do salário durante um mês.

Vi a figura indignada da Deputada Leci Brandão quando me perguntava o porquê isso está acontecendo a um projeto de lei bom para a população, bom para os médicos do nosso Estado. Confesso que fiquei sem resposta.

Vejo, nesta tribuna, oradores do PT assomarem à tribuna para criticar a maneira como o PSDB, como o Governador Geraldo Alckmin, tem atuado com o funcionalismo público, esquecendo que neste mandato ainda votamos 27% de aumento das Polícias Militar e Civil. Esqueceram que votamos 42% de aumento ao funcionalismo, aos professores que tanto mereceram, esqueceram o que aconteceu recentemente no nosso País a respeito das greves.

Vamos assistir ao vídeo a respeito das greves, para refrescar a memória do PT de como ele tem tratado o funcionalismo público em nosso País.

 

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- É feita a apresentação do vídeo.

 

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Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, vale lembrar que isso aconteceu também no Estado de São Paulo.

O Deputado Antonio Mentor também assomou a esta tribuna e falou como o PSDB trata a polícia. Como está sendo tratada a polícia? Vamos ver a matéria do Jornal Nacional.

 

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- É feita a apresentação do vídeo.

 

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Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero dizer a todos os Srs. Deputados da minha indignação porque, por uma vontade política, a classe médica do Estado de São Paulo vai ficar um mês sem aumento.

Simplesmente eles nos bastidores, não falam aqui na tribuna, dizem que o Governo do Estado de São Paulo não tem pago as suas emendas. Espera aí, meu pai, Vanderlei Macris, é deputado federal, também. Deputado Barros Munhoz, de 15 milhões e meio não foi pago um milhão de emenda do Governo Federal. O Governo do Estado de São Paulo tem cumprido com suas obrigações.

Tenho conversado com diversos deputados estaduais do Brasil todo. Temos relacionamentos e os conhecemos. Nenhum estado da Federação paga emenda a todos os deputados. Aqui, no Estado de São Paulo, se paga. Então, se tem alguém obstruindo hoje, está obstruindo deixando a vontade popular de lado, deixando a vontade social de lado, simplesmente pelo fato de obstruir.

Concordo que a obstrução é um instrumento da democracia. Ela tem que ser feita. A oposição sempre é importante. Mas, hoje, estou indignado porque não existe motivo para obstrução. O motivo que está sendo utilizado é totalmente político, deixando os médicos de lado. Isso nos preocupa muito porque somos cobrados pela sociedade. Se não tem médico aqui, neste plenário lotado, é porque muitas vezes ele está trabalhando. Como sair do seu horário de serviço para vir a este plenário?

O fato de não ter pessoas aqui assistindo à nossa sessão, pressionando a Assembleia Legislativa, não dá ao deputado o direito de obstruir por obstruir, obstruir por vontade política.

Faço questão de ir atrás de cada um dos médicos do nosso Estado para contar exatamente o que estou assistindo na noite de hoje, que é uma noite catastrófica que me preocupa porque, se nós assistimos continuamente esse tipo de ação na Assembleia, começo a duvidar se realmente o Parlamento é um local aonde se vem para discutir as melhorias da sociedade e deixa de lado os seus interesses partidários de políticos quando se coloca na frente os interesses sociais, os interesses daqueles que mais precisam, e por questões políticas não vamos votar?

Deputado Campos Machado, gostaria que V. Exa., um deputado experiente, me explicasse. Talvez eu não esteja compreendendo pelo fato de ter apenas 29 anos de idade. Talvez o motivo da minha indignação no dia de hoje seja porque estou ainda no meu primeiro mandato de deputado estadual e isso talvez seja uma coisa comum. Só que se for uma coisa comum nós não podemos aceitar. Nós não podemos aceitar esse tipo de prerrogativa porque o discurso é bonito.

Quando se sobe à tribuna, fala-se o que quer, mas não se quer ouvir a realidade. E a realidade é esta: servidores públicos federais em greve, todas as universidades federais entraram em greve, os alunos vão ter de repor as aulas num momento em que seria de descanso causando prejuízos às vezes à família, que gostaria de conciliar as férias escolares com as férias do trabalho. Só que por conta desse tipo de transtorno as coisas serão diferentes este ano. Por conta desse tipo de transtorno, quantas pessoas não foram prejudicadas e aí na Comissão de Finanças e Orçamento o Deputado Marcolino - que na tribuna fala bonito porque tem uma boa oratória - diz ‘por que comparar o Governo do Estado com o Governo Federal?’ Ou seja, nós temos de aceitar as críticas calados, sem vir à tribuna e dizer que o projeto que se quer votar beneficia, sim, todos os médicos, beneficia, sim, funcionários do Banco do Povo, só que está sendo obstruído por vontade política e vou ter de explicar a cada um dos médicos do Estado de São Paulo que vier me cobrar o real motivo do que está acontecendo. Fico num dilema, fico com uma preocupação porque isso é uma coisa que não podemos mais permitir dentro da política. A população e a sociedade esperam de nós respostas e elas estão acontecendo no Estado de São Paulo.

Temos 173 bilhões de reais para investimentos e um Governador que tem fechado a torneira dos cofres públicos na área do custeio para aumentar os investimentos. Não é à toa que são quase 15% do orçamento e poucas cidades têm condições de receber investimentos como esses. Um Governo que se preocupa com o funcionalismo público. Para os professores, são 42% de aumento ao longo desta gestão; para os policiais, são 27% de aumento ao longo desta gestão. Vi o Deputado Gondim apelar aos deputados no Colégio de Líderes mostrando o holerite de um médico, que muitas vezes passa dificuldades, que estuda muito para ganhar um salário baixo e vi também, infelizmente, por parte do PT má vontade em votar. Não foi falta de conciliação.

Quero cumprimentá-lo, Presidente Barros Munhoz, pela austeridade no trabalho, cumprindo com a sua função de Presidente, mesmo não tendo havido acordo entre os líderes, em pautar este projeto.

Nós vamos continuar aqui no plenário, eles obstruindo ou não.

Quando estão na tribuna, não aceitam apartes, mas quando nós vimos ao microfone, de maneira deselegante eles pedem verificação de presença para cercear a nossa palavra. Isso me preocupa e não quero ter de contar a meus filhos exemplos como este no Parlamento.

Ações positivas nos fazem construir uma sociedade mais justa, que é o que queremos para os nossos filhos e netos. Mas ações como as de hoje são lamentáveis.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, V. Exa. poderia dar o nome dos deputados inscritos para discutir contra e a favor ao projeto ora em debate, por favor?

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Estão inscritos para falar contra os Deputados Carlão Pignatari e Carlos Giannazi e para falar a favor os Deputados Carlos Bezerra, Samuel Moreira, Marco Aurélio, Regina Gonçalves e Edinho Silva.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - O orador que deixou a tribuna falou que nós estávamos obstruindo a votação do projeto.

Ele acabou de falar por 15 minutos, como lhe é de direito, assim como os deputados do PT, porque entendemos que questões importantes devem ser discutidas. Mas parece que vários deputados da situação, inclusive o Líder do Governo e o Líder do PSDB, também usarão da palavra e o Deputado Cauê Macris entende que apenas o PT está obstruindo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, público presente, venho à tribuna na noite de hoje debater o PL 533/12 que institui o bônus de participação para os servidores do Banco do Povo, servidores que são do Estado, porém, emprestados para os municípios onde estão instaladas as unidades do Banco do Povo.

Primeiramente gostaria de dizer que nós do PSOL não comungamos com esse modelo de política salarial implantado pelo PSDB nos últimos anos aqui no Estado de São Paulo, um modelo salarial fundamentado na bonificação, na gratificação, em bônus por resultado. Isso tem destruído os salários, sobretudo, as carreiras dos nossos servidores. Tem sido assim para o magistério estadual, tem sido assim para os profissionais da Saúde, tem sido assim para os servidores da Segurança Pública, para os servidores do sistema prisional. Esta tem sido a política do PSDB para o Estado de São Paulo, na verdade de arrocho e compressão salarial. Esta é a marca do PSDB no Estado de São Paulo: arrocho salarial, desvalorização dos salários e essa política nefasta e danosa de gratificação e bonificação.

E por que criticamos? Não porque sejamos contra o bônus ou a gratificação. Mas porque esses valores não são incorporados ao salário-base dos servidores. Isso prejudica a carreira de todos os servidores, sobretudo aposentados e pensionistas.

Um servidor que tenha uma bonificação, ao aposentar ele perde essa bonificação.

Temos vários casos de servidores que se aposentaram recentemente e tiveram a redução dos seus salários pela metade.

Outro dia conversamos com um professor da rede estadual que passou por esta experiência. O salário cai literalmente pela metade. Por isso somos críticos dessa política.

Nós queremos bons salários. Nós queremos um plano de carreira, nós queremos formação permanente e continuada para todos os servidores porque essa política perversa de bonificação tem levado à compressão e arrocho salarial dos nossos servidores.

Quero contestar todas as afirmações feitas pelo Deputado Cauê Macris. Não concordo em nada do que falou em relação aos aumentos dados aos servidores da Educação. Disse que os professores tiveram um aumento salarial de 42 por cento. Um absurdo. Isso não procede. Disse que os policiais militares tiveram um aumento de 27 por cento.

Pegando esse caso da Polícia Militar, o Governador Geraldo Alckmin acabou de ganhar uma ação no Supremo Tribunal Federal retirando mais de 20% dos salários dos servidores da Polícia Militar; um verdadeiro escândalo. A maior crise da Segurança Pública jamais vista no Estado de São Paulo. Há ocorrência de chacinas, policiais sendo mortos fora do serviço. Temos uma crise na Segurança Pública - ou da insegurança pública - que eu diria até que já tem repercussão internacional.

E no meio dessa crise o Governador mobiliza todo o seu aparelho jurídico do Estado e ganha uma ação no Supremo Tribunal Federal reduzindo na média em 20% os salários de mais de 80 mil PMs, servidores da Polícia Militar. Então, aqueles 27% de um suposto reajuste aprovado aqui na Assembleia Legislativa - quero deixar claro aqui que ele foi parcelado - contra nossa vontade, porque nós apresentamos emendas aqui para que ele fosse pago aqui integralmente já no ano passado; mas não, ele foi parcelado em dois anos. Só que eles perderam - aqueles 27% praticamente não existem mais - porque os servidores da Polícia Militar tiveram agora um desconto já no seu holerite, na sua folha de pagamento de 20 por cento. Então, essa colocação do Deputado Cauê Macris, do PSDB já cai por terra.

Em relação de Educação, como professor, acabei de chegar agora de uma conferência dos professores e das professoras Apeoesp - está havendo uma conferência de três dias em Serra Negra - e a questão mais grave é a questão salarial que estávamos debatendo nessa conferência, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.

Esse suposto reajuste oferecido pelo Governador Geraldo Alckmin, foi parcelado em quatro anos. Esse reajuste não repõe nem a inflação de cada ano; um absurdo! Não houve reajuste algum, sendo que uma gratificação foi incorporada nesse suposto reajuste.

Então, estamos vivendo uma verdadeira farsa dos reajustes salariais dos servidores públicos em geral, no Estado de São Paulo. Não investimento algum nos servidores, os servidores do Estado de São Paulo continuam com os salários arrochados, Sr. Presidente.

Portanto, o que diz aqui o Deputado Cauê Macris não procede, não corresponde com a realidade dos fatos. Esse é o Governo do PSDB. É um Governo que desvaloriza as carreiras dos servidores.

Faço aqui um desafio: Deputado Cauê Macris qual é o valor hoje se o Governo Alckmin valoriza tanto os servidores, por que é que pagam um vale refeição de apenas R$8,00, para os servidores públicos estaduais, para os professores, para os policiais militares e civis, para os servidores do sistema prisional? Um governo sério jamais pagaria um vale refeição de R$8,00, que até ontem era de R$4,00.

Esse vale refeição no funcionalismo público estadual é conhecido como o famoso “vale coxinha”, porque não dá nem para comprar uma coxinha e um refrigerante e um suco. Esse é o Governo Alckmin; esse é o Governo do PSDB, que ataca sistematicamente os nossos servidores.

No debate da Apeoesp que participei hoje, a situação é muito mais grave ainda, porque além dos baixíssimos salários dos professores, dos profissionais da Educação - são salários aviltantes - temos ainda uma situação funcional extremamente precarizada, principalmente dos professores categoria “O”, que foram criados por uma perversa lei aprovada pela Assembleia Legislativa em 2009, lei essa aprovada apela base do governo, pelos deputados que sustentam o Governo do PSDB no nosso Estado. Falo da Lei nº 1093, que criou a quarentena para os professores, que é um verdadeiro absurdo; o professor após o vencimento do seu contrato fica afastado, durante 40 dias, da sala de aula e os alunos ficam perdendo as aulas daquela disciplina. Logo quando a lei foi aprovada pela base do Governo nós apresentamos um projeto de lei revogando essa perversa Lei 1093 e acionamos a Justiça. Essa lei é inconstitucional. É uma lei que prejudica, não só os professores, mas também toda Educação, prejudica a todos os alunos matriculados na rede estadual de ensino.

Essa lei também criou a famigerada figura do provão para os professores ACTs, que é uma aberração, é uma anomalia. O professor tem que fazer prova para ingressar num concurso público; nós defendemos concurso público de provas e títulos para o ingresso do Magistério. Essas provinhas, esses provões, que não provam nada, que foram elaborados pela Secretaria da Educação apenas para tentar desmoralizar os professores OFAs, ACTs; elas não têm validade alguma do ponto de vista educacional, do ponto de vista do investimento, na formação dos professores, mas foi uma figura também criada por essa lei do PSDB, a Lei 1093.

Acrescento ainda, nesse debate sobre a legislação, sobre a política do PSDB para os servidores, a Lei 1097, também uma lei perversa, aprovada aqui pela base do governo em 2009, também pelo PSDB, criando a falsa meritocracia. Se isso virar moda aqui no Estado de São Paulo, todos os servidores só poderão ter reajuste salarial se fizerem provas anualmente; é o que estabeleceu a lei 1097 do PSDB e da sua base de sustentação, na época o Governo Serra, que é uma lei mantida pelo Governo Alckmin, que institui o que para nós é uma falsa meritocracia. Essa lei é muito perigosa porque abre caminho para prejudicar, além dos professores que estão sendo penalizados e vivendo uma grande contradição, e injustiça em relação a essa falsa meritocracia, mas essa lei abre caminho para prejudicar as outras categorias profissionais: os policiais militares, os policiais civis, os servidores do sistema prisional, os servidores da Saúde, que estão totalmente marginalizados, também, excluídos de uma política salarial minimamente descente, que possa atender às suas necessidades; essa é a nossa grande preocupação.

E sabemos que essa vai ser a política do PSDB aqui. O PSDB não vai investir em salários, não vai valorizar as carreiras; tem sido assim historicamente. Desde que o PSDB assumiu o Governo Estadual, com Mário Covas, tem sido isso: há uma desvalorização sistemática gradativa e linear, do funcionalismo público como um todo.

Todos conhecem essa história do PSDB: privatizações, terceirizações e arrocho salarial para os servidores; essa é uma situação gravíssima.

Esse Projeto de Lei nº 533, logicamente que nós vamos, de uma forma até constrangedora, votar a favor porque, infelizmente, não temos aqui outra saída; não vamos negar o bônus, a gratificação para nenhum servidor do Estado de São Paulo. Porém nós temos aqui um voto crítico, um voto de denúncia.

Fazemos aqui uma intervenção que tem que denunciar. Acho que cada Deputado tem que fazer a denúncia do que significa o Governo do PSDB para os servidores. É um Governo que retira direitos trabalhistas, previdenciários, faz isso com os professores categoria “O”, que numa crise monstruosa e tenebrosa, como a que estamos vivendo em relação à Segurança Pública, o Governo Alckmin retira 20% dos salários dos PMs, dos servidores da Polícia Militar; isso é inconcebível; isso é um crime!

E diz ainda que não irá investir em salários, quando ele aprova um projeto de lei conhecido como operação delegada, que foi aprovada aqui novamente pela base do Governo.

A justificativa do Governo coloca claramente que ele está legalizando o “bico” e legitimando que aqui não vai investir nos salários; o policial que quiser ganhar mais vai ter que trabalhar mais: não vai ter hora de folga, não vai ter hora para recompor as suas energias, para estar com a sua família; ele vai ter que trabalhar, e o Governo vai legalizar o bico através da Operação Delegada. Então cada vez mais o PSDB, cada vez mais o Governo Alckmin sinaliza que não fará nenhum tipo de investimento nas carreiras, principalmente nos salários dos servidores.

Por isso que nós aqui ocupamos a tribuna, não para votar contra este projeto, mas para denunciar essa política nefasta e danosa de ataque aos servidores do Estado de São Paulo de todas as categorias. Lembro-me de que o atual Secretário de Governo, Sidney Beraldo, agora eleito pela Assembleia Legislativa, não com o meu voto, que votei contrariamente à indicação dele para o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, em 2007 escreveu, quando era ainda Secretário de Gestão Pública, um artigo na "Folha de S.Paulo", na coluna “Tendências e Debates”, que depois eu rebati em outro artigo mostrando as contradições. Ali já anunciava que a partir daquele momento não haveria mais aumento linear de salários para os servidores, que a política do PSDB, a partir daquele momento, seria a de meritocracia. É a isso que estamos assistindo; este projeto que está sendo apresentado aqui, que somos forçados a votar a favor, vem nessa linha já anunciada pelo Sidney Beraldo em 2007. Depois instituiu a meritocracia para os professores, que chamo de falsa meritocracia, já debatemos exaustivamente esse projeto de lei aqui e apresentamos todas as contradições de como ele iria prejudicar os professores da Rede Estadual, mas mesmo assim a base do Governo votou a favor.

Então o PSDB tem dado várias provas e sinalizado, sistematicamente, que odeia os servidores públicos do Estado de São Paulo; odeia os serviços públicos e não vai investir em qualidade, porque para investir em qualidade na área dos serviços públicos tem que investir no servidor público. Quem de fato efetiva as políticas do Governo, as políticas públicas e sociais são os servidores. Se não houver investimento no servidor da Educação, não vamos ter educação de qualidade. Se não houver investimento no servidor da Segurança Pública. não vamos ter segurança pública no Estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Mas antes disso, Deputado João Antonio, esta Presidência faz questão de parabenizá-lo e de parabenizar o Prefeito eleito Fernando Haddad pela feliz escolha do nome de V. Exa. para compor seu secretariado.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - Obrigado, Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Convido os nobres Deputados Carlos Cezar e Ulysses Tassinari para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas.

 

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