29 DE NOVEMBRO DE 2002

55ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À ENTIDADE MISSIONÁRIA FRATERNIDADE DA ESPERANÇA PELO SEU 40ª ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO

 

Presidência: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 29/11/2002 - Sessão 55ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

HOMENAGEM Á ENTIDADE MISSIONÁRIA FRATERNIDADE DA ESPERANÇA PELO SEU 40º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO.

001 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência, por solicitação do Deputado ora à frente dos trabalhos, com a finalidade de homenagear a "Fraternidade da Esperança" pelo quadragésimo aniversário de sua fundação e seu Presidente Ernesto Olivero. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Arcebispo da Arquidiocese de Mariana, MG, homenageia Ernesto Olivero.

 

003 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia a apresentação do vídeo: "Caminhei tanto".

 

004 - MARTA TEREZINHA GODINHO

Saúda Ernesto Olivero e recorda sua ajuda para a reconstrução da Casa do Imigrante, em São Paulo.

 

005 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

006 - LUIZ FRANCISCO LIMA FILHO

Na qualidade de ex-hóspede do "Arsenal da Esperança" dá seu testemunho sobre essa instituição.

 

007 - RENATO AZEVEDO FARIAS

Como integrante do "Movimento Jovem da Paz do Brasil" e voluntário do "Arsenal da Esperança", relata como começou o trabalho do jovem Ernesto Olivero, em 1964, na Itália, em prol de países que sofrem diversas injustiças e cuja ação hoje se estende a cerca de 70 nações. Dedica-lhes a canção "O futuro somos nós".

 

008 - GIANLUCA CORTESE

Como Cônsul-Geral da Itália, em São Paulo, saúda Ernesto Olivero e recorda a visita ao "Arsenal da Paz", em Turim, na Itália.

 

009 - CLÁUDIO HUMMES

Na qualidade de arcebispo metropolitano de São Paulo saúda todos os que vieram à justa homenagem prestada a Ernesto Olivero. Saúda-o e o homenageia.

 

010 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

011 - ERNESTO OLIVERO

Agradece a homenagem. Fala dos primórdios do "Sernic", em 1964, em Turim, Itália.

 

012 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia a entrega de uma placa a Ernesto Olivero das mãos de Cláudio Pazilli. Homenageia Ernesto Olivero e também lhe entrega uma placa comemorativa. Anuncia um número musical. Após o qual agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Sob a proteção de Deus iniciamos os nosso trabalhos.

A Presidência dá como aprovada a Ata da sessão anterior.

Queremos agradecer as presenças de S. Eminência Dom Cláudio Cardeal Hummes, Arcebispo Metropolitano de São Paulo; o Sr. Ernesto Olivero, fundador da Fraternidade da Esperança; Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, Arcebispo da Arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais; Sr. Gianluca Cortese, Cônsul-Geral da Itália, em São Paulo; Sra. Maria Serrato, esposa do Sr. Ernesto Olivero; Sra. Marta Terezinha Godinho, ex-Secretária da Assistência e Desenvolvimento Social; Sr. Cláudio Pezilli, Presidente da Federação das Associações Piamontese no Brasil; Giovani Manassero, Presidente da Associação Piamontese Del Mondo; Padre Elísio de Araújo Vale, Secretário Executivo da CNBB; senhores membros da Fraternidade de Esperança de Turim, Itália; Sr. Joaquim de Oliveira Nogueira, da Associação Internacional para o Desenvolvimento, Bahia e Sergipe; Francisco Lima Filho, ex-hóspede do Arsenal da Esperança; Gianfranco Melini, Presidente da Associação Internacional para o Desenvolvimento de São Paulo; Dom Pedro Luiz Stringuini, Bispo auxiliar da Diocese de São Paulo, região episcopal Belém; Sr. Renato Azevedo Farias, integrante do Movimento Jovem da Paz do Brasil e voluntário da Arsenal da Esperança; Sr. Francisco Benetti Filho, representando o Secretário Nelson Proença, de Assistência e Desenvolvimento Social, também a presença do Dom Décio Pereira, Bispo diocesano de Santo André; Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo a solicitação deste Deputado com a finalidade de homenagear a “Fraternidade da Esperança”, pelo quadragésimo aniversário da sua fundação e seu Presidente Ernesto Olivero, ora em visita ao Brasil.

Esta Presidência convida a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que vai ser executado pela Banda da Polícia Militar.

 

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-É executado o Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - A Presidência agradece a Banda da Polícia Militar na pessoa do 2º Tenente músico Sérgio Rodrigues.

Muito obrigado.

Dando continuidade aos nossos trabalhos, vamos dar a palavra ao Dom Luciano Mendes de Almeida, Arcebispo da Arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais.

           

O SR. LUCIANO MENDES DE ALMEIDA - Sr. Deputado José Carlos Stangarlini, Presidente desta nossa Sessão tão amiga, desejada e misteriosa, porque até este momento, Ernesto Olivero não sabia absolutamente nada. Eu fiquei andando com ele até me cansar aqui pelos arredores, chegamos a rezar um terço. Ele só dizia: “Onde nós vamos?” Eu dizia: “Olhe estou procurando um lugar aqui, não sei o que é”, de modo que ele não sabia e isso é para ele hoje uma grande surpresa. Ernesto, quando nós nos encontramos, então pudemos nos falar por telefone, começando assim: “Ti voglio bene”. Podemos dizer isso para ele: Ernesto, “ti voglio bene”. “Ernesto, ti voglio bene!” É questo senso. Este é o sentido dessa nossa homenagem. Ele tem feito tanto e por tanta gente. Por nós também. A maior parte dos que estás aqui já recebeu a experiência da amizade, os benefícios que esta amizade os trouxe. Por isso, nós também hoje temos esta alegria de dizer: “Ernesto, ti voglio bene, Ernesto.” Queremos pedir a Deus que te dê um grande conforto na vida pelo bem que tem feito. Como sabem irmãos, não aparece muito esse bem, mas ele tem circulado pelo mundo inteiro. É só para quem conhece de perto a sua vida, temos a alegria de ter a sua esposa, Dona Maria, conosco sentada, a primeira desta fila, mais perto da parte do muro, enfim ela conhece a vida de Ernesto e sabe que a vida é um pouco maravilhosa. Como é que uma pessoa consegue fazer tanto bem para tanta gente! É um mistério. Ainda hoje conversava com Ernesto e dizia: “Ernesto, há uma coisa em sua vida que me impressiona: é que você parece que você parece que tem sempre mais força, mais energia, está sempre criando campos novos de trabalho! Por que será que isso acontece? Creio, meus irmãos, e nós que temos fé, e sabemos que Deus tem se servido deste homem simples e bom, para fazer este bem - e bem às crianças. Uma das coisas que mais enterneceu o Ernesto na visita ao Brasil, foi saber que havia crianças na rua. Daí ele veio se interessando muito, começou seu trabalho no Norte do Brasil, no Nordeste em várias dioceses da Bahia. Depois esse trabalho se estendeu e veio também para o Rio, para São Paulo, para Minas e foi alargando assim os seus tentáculos para levar a expressão do seu coração a mais gente: casas populares, obras para crianças, a Casa Vida, a qual ele tanto colaborou para crianças portadoras do vírus HIV.

Depois foi nascendo a descoberta de outros campos. Aqui muitos foram testemunhas. Uma coisa simples que impressionou tanto Ernesto, a criança da rua, ele foi ver que não eram só crianças; eram homens, mulheres, que chamamos de população da rua. Daí ele sempre teve vontade de fazer também no Brasil a obra inicial em Turim, chamada “Arsenal da Paz”, que tem múltiplas aplicações, mas especialmente essa de acolher as pessoas, de tratá-las bem. Uma das máximas da vida de Ernesto: “é preciso fazer o bem e fazê-lo bem”. Quer dizer, que seja bem feito o bem e não de qualquer jeito. Então, há um capricho, há uma técnica, há perseverança que realmente é marcante tudo isso na vida de Ernesto. Assim nasceu aqui em São Paulo, com a colaboração de tantas pessoas, lembramos Dom Paulo porque foi o primeiro a falar com o Ernesto, hoje esse presença tão querida de Dom Cláudio, dos bispos da região Belém, especialmente aqui conosco, Dom Décio, Dom Pedro Luiz, que sempre fizeram tudo para que ele sentisse Ernesto o apoio nesta obra realmente tão bonita e que ainda hoje nos deixa assim agradecidos a Deus, que tanta gente encontra ali a voz do coração, o abraço, uma experiência de verdadeira amizade. Por isso, estão aqui conosco, vários membros de fraternidade de Turim. Eles viajaram anteontem para cá. Alguns deles pela primeira vez. Doze deles vieram da Itália e hoje estão aqui conosco. Quem sabe, poderíamos dar uma salva de palmas para eles. (Palmas.)

Realmente, é para lhes dizer que quando falamos de Ernesto, falamos da pessoa, falamos da família, e aqui está Dona Maria, mas falamos também dessa família maior, que é feita de muita gente, que consagra a vida para caminhar com ele fazendo o bem pelo mundo. Assim nasceu a sigla Serviço Missionário Jovem que hoje nós conhecemos aqui no Brasil Associação Internacional de Desenvolvimento.

Estão conosco membros desta associação. Quero saldar a todos, especialmente o Presidente que hoje é o Sr. Gianfranco e o Paladino que levou isso a frente, o Basco, enfim, todos fazem parte desta família de Ernesto no Brasil. Então, Ernesto, sei que você prefere quando falo pouco, e faz muito bem. Hoje quero lhe dizer, que embora falando pouco, que nós queremos muito bem a você, agradecemos a Deus o exemplo de vida que nos dá e pedimos a Deus que conserve a sua vida. Particularmente, Sr. Presidente, Sr. Deputado ficamos muito reconhecidos por esta homenagem, que só nesta Casa poderia ser prestada, a uma pessoa que trabalhou muito no “escondimento”. Vocês imaginem o número de viagens que ele fez para manter esse contato com o Brasil, sem pensar na Jordânia, na África, por exemplo, em Ruanda, naquelas guerras da parte da Iugoslávia, na Polônia, em tantos lugares ele levou a sua presença e a sua ação de bem.

Hoje estamos aqui homenagear todo esse trabalho. Queremos dizer Ernesto, e sei que você entende bem os nossos sentimentos, porque ficamos felizes porque Deus o enviou também para o Brasil e queremos continuar assim, aprendendo, levando à frente as suas lições de vida e pedindo a Deus realmente que sempre o abençoe.

Ernesto, entre tantas qualidades, escreve livros, pensamentos. Recentemente, ele escreveu no coração de 100 mil jovens uma mensagem de vida em Turim, no dia cinco de outubro, mostrando à juventude da sua pátria e de outros lugares, inclusive do Brasil, que lá compareceram, que é possível pensar num mundo diferente, num mundo marcado pela iniciativa dos jovens, naturalmente com os demais, mas que tem por proposta, essa que é a bandeira de sua vida, a paz. Aqui nós víamos a flutuação dessas bandeiras. Imaginem o que foi na Praça de San Carlo aquelas centenas de bandeiras agitadas ao vento durante o dia inteiro, levantando a esperança de toda uma geração jovem na Itália.

            Então, agradecemos a Deus a presença de Ernesto e o bem que Ernesto nos faz, em nome de Deus! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece a palavra tão sensível de Dom Luciano Mendes de Almeida.

Assistiremos agora uma apresentação do Vídeo “Caminhei tanto”.

 

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- É feita a apresentação do vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Registramos também a presença do Dr. João Carlos Schmidt, Diretor de Assuntos da Comunidade da Universidade Anhembi Morumbi.

Ouviremos agora a Sra. Marta Terezinha Godinho, ex-Secretária de Assistência e de Desenvolvimento Social.

 

A SRA. MARTA TEREZINHA GODINHO - Boa noite a todos, quero saudar inicialmente o nosso Presidente desta Sessão Solene nesta Assembléia, nobre Deputado José Carlos Stangarlini, que teve a inspirada idéia desta homenagem. Acho que foi uma coisa que só Deus poderia ter colocado no seu coração e nada mais justo do que homenagear o Ernesto. Quero saudar também Dom Cláudio, nosso Cardeal Arcebispo Metropolitano de São Paulo, saudar Dom Luciano Mendes de Almeida, saudar os outros bispos aqui presentes, saudar especialmente o nosso Ernesto Olivero, sua esposa Dona Maria e a todos os presentes nesta Mesa e nesta platéia.

Quero dizer aos senhores, que fui uma privilegiada com a vinda do Ernesto para o Brasil. A vinda do Ernesto para o Brasil foi uma luz que se acendeu neste País em vários Estados e uma luz especial para o Estado de São Paulo. Não posso me esquecer do dia em que estava na Secretaria da Assistência de Desenvolvimento Social, com problemas muito sérios, no começo do Governo, no primeiro mandato do Governador Mário Covas, onde ele fazia a gigantesca obra de restabelecer as finanças do Estado e, portanto, passávamos as maiores amarguras, especialmente na área social, onde os problemas eram muito sérios e os recursos eram muito diminutos. Uma das nossas dependências era a hospedaria dos imigrantes, completamente decadente, nem um prédio tinha condições de funcionar. A alvenaria, a parte elétrica, a parte hidráulica não funcionavam. Então, não tínhamos como fazer daquilo realmente um abrigo, um acolhimento para os homens de rua e que era sua finalidade. De repente, trazido pela mão de Dom Luciano Mendes de Almeida entra em minha sala o Ernesto com sua costumeira Bíblia debaixo do braço, com sua sempre presente humildade e me disse das suas intenções, das suas preocupações com as crianças e sobretudo, com o povo de rua. Então, eu disse: “Olha Ernesto, você caiu do céu, porque estamos precisando de alguém que nos ajude exatamente nesse mister. Temos aqui um local que está absolutamente deteriorado, mas que tem essa finalidade. Um local que pode receber mil pessoas, estava conseguindo abrigar apenas cento e poucas pessoas, tal era a falta de condições que tínhamos para ampliar a sua ação.

Pedi ao Ernesto com muita sinceridade, com muita seriedade que ele assumisse aquilo. Quando tratamos com pessoas generosas, graças a Deus nunca recebemos um “não”. Então, foi uma coisa maravilhosa, que o Ernesto generosamente com o coração aberto, como ele sempre se mostrou, se prontificou a assumir com os voluntários que ele trazia da obra da Itália, com a experiência tinha que nos contou do “Arsenal da Paz”, de Turim, e mais com os voluntários que ele tinha em São Paulo, da filial que ele tinha praticamente instalado aqui, da Sindes, enfim esse grupo se juntou, os jovens italianos e os voluntários paulistas, e formaram uma super elite para cuidar daquilo. Não levou muito tempo, aquilo lá se tornou completamente irreconhecível, pois da tralha que era se transformou quase que um monumento. Começamos, então, a acertar nossos entendimentos com muita alegria e vemos que aquilo se transformou hoje num centro de referência. Aquilo não é mais só um abrigo. Aquilo realmente é um centro de cidadania, hoje aberto para a colaboração de duas universidades, para várias outras instituições que colaboram com eles; eles formam aqueles homens e aquelas mulheres, para uma vida, para terem condições de viver a sua própria vida para poder ter a sua dignidade restabelecida e respeitada.

Mas o mais importante não são essas tarefas físicas, nem as pedagógicas. O mais importante é o conceito de amor que se criou ali dentro. É muito bonito ver certos trabalhos feitos. Mas, quando eles não têm esse timbre, parece que, como se diz, não é de São Paulo. Realmente, acho que só o amor que o Ernesto imprimiu a essa obra, é que faz com que aquilo tenha se tornado hoje uma referência para São Paulo, para o Brasil, para vários outros países, que querem visitar, que querem conhecer a grandeza da obra que está prestada ali.

Nos idos de 96, começamos com uma pressão muito grande minha para que eles atendessem logo 500 pessoas. Logo depois, começamos a exigir que eles atendessem mil. Hoje eles atendem cerca de mil e 300 pessoas ou mais, porque realmente fizeram os recursos se multiplicaram. Isso foi uma obra que, realmente, transformou o trabalho de atendimento ao pessoal de rua. Hoje serve de exemplo para muita gente. Podemos sentir nas várias passagens que o Ernesto teve pelo Brasil, quando ele nos trouxe, e nos levou de presente também, a chamada “Bandeira da Paz”, esta que vocês agitaram aqui hoje, lá está a marca do Brasil, com um pedacinho da nossa bandeira e colocamos na nossa sala na secretaria e, no dia seguinte, o Ernesto levou uma cópia ao Governador Mário Covas lá no Palácio dos Bandeirantes, que ficou edificado, e ele me disse: “Marta, este homem realmente é extraordinário!” É, ele realmente é extraordinário” Isso foi muito louvável. Realmente foi um trabalho que se entrosou, que encontrou eco, porque encontramos corações abertos e dedicados a fazer o bem. Quando a gente sabe, e o pouco que a gente sabe da história do Ernesto, a gente pode dizer que ele realmente não é um homem da Itália. Ele hoje é um cidadão do mundo, sobretudo um cidadão do bem.

Na época em que vivemos, em que só se fala de guerra, em que só se fala de violência, em que só se fala de drogas, em que só se falam descalabros, ver alguém que traz o testemunho vivo pelo mundo todo do bem, e quando eu queria que apressassem as ações lá do Arsenal da Esperança, o Ernesto me dizia: “Calma, porque é importante que se faça o bem, e bem feito”. Isso ele faz muita questão que a coisa seja feita. Ele imprimiu isto. Então, aprendemos muito com ele. Acho que ele tem uma lição a dar ao mundo inteiro, a todos nós, que o bem tem que ser feito bem feito e muito bem.

Hoje a gente quer prestar esta homenagem a um cidadão do bem, é realmente um momento histórico da nossa vida. Quero agradecer, portanto, a presença de todos, e agradecer mais uma vez o nosso prezado Ernesto e te dizer como o Dom Luciano Falou: “Ernesto ti voglio bene!” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Assistiremos agora, pelo Coral da Esperança, formado pelos Hóspedes da Esperança a música “Amigo”, de Roberto e Erasmo Carlos.

 

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- É apresentada a canção pelo Coral. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos agora o Sr. Luiz Francisco Lima Filho, ex-Hóspede do “Arsenal da Esperança”.

 

O SR. LUIZ FRANCISCO LIMA FILHO - Boa noite. Diria para vocês que é muito importante estar aqui, homenageando o Ernesto, os diretores do “Arsenal da Esperança”, três pessoas fundamentalmente importantes: Sr. Lorenzo, Sr. Gianfranco, Sr. Alberto, pessoas fundamentais no funcionamento do sonho do Ernesto. Tive uma dificuldade e encontrei ali todo o apoio que precisei, para poder seguir um caminho, seguir aquilo que eu precisava. Preparei um texto, mas acho que não funciona, porque o trabalho que tem sido feito ali no “Arsenal da Esperança”, foi importante para mim e é importante para muitas pessoas que ainda estão ali, que dependem desta força, esse caminho, deste guia que é o “Arsenal da Esperança”. Então, falar dele é muito difícil, porque viver ali, todos os dias, onde nós convivemos com pessoas que se dão de alguma forma: funcionários, voluntários, enfim, um grupo de pessoas que consegue dar uma força maior para aquelas pessoas que efetivamente precisam de uma ajuda mínima; mostrar um caminho. Não é simplesmente um acolhimento, que é o fundamental da casa, pois ela recolhe as pessoas de rua. Então, hoje nesta homenagem ao Ernesto, quero dizer que esta é a vida dele, aquilo que ele sempre sonhou. Particularmente, hoje me encontro numa situação confortável, mas não quero ficar longe da família do “Arsenal da Esperança”, a qual eu agradeço muito na pessoa do Ernesto. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra o Sr. Renato Azevedo Farias, integrante do “Movimento Jovem da Paz do Brasil”, voluntário do “Arsenal da Esperança”.

 

O SR. RENATO AZEVEDO FARIAS - Represento o grupo “Jovem da Paz da Esperança”. Em 1964, o então jovem Ernesto Olivero fundou o Cerp com a intenção de auxiliar países que sofrem diversas injustiças. Hoje, após 40 anos já são mais de mil e 400 missões espalhadas pelo mundo, cerca de 70 países já foram auxiliados sendo 100 dessas missões em países flagelados pela guerra. Um dia jovens se doaram a outros jovens, esperando um futuro melhor, esperando a paz. Sabemos que essa paz está presente no coração de cada um; basta mostrá-lo. Queremos a igualdade, o poder de dizer sim àquilo que realmente queremos. Nosso objetivo, mais do que nunca, nesse momento, é dizer que quando se fala em guerra, não se pode falar em guerra, para combater a própria guerra. A guerra se combate com gesto dado pelo Ernesto, um gesto que já está se espalhando pelo mundo. Não é somente na Itália que é conhecido esse trabalho. Diversas partes do mundo já o conhecem, em torno de 70 países.

Estamos na filosofia Cerning algum tempo e no trabalho desempenhado pelo “Arsenal da Esperança” nos espelhamos. Gostamos desse trabalho, nos dedicamos a ele, porque sabemos que este é o caminho, é o caminho da paz.

Gostaria de dar um forte abraço no Ernesto pelo trabalho que vem desempenhando. Se fosse possível, abraçar todos que contribuem com este trabalho, todos que acreditam nesse trabalho, como 1150 homens que são acolhidos diariamente; isto tem um sentido. Todos nós podemos fazer algo e alguns de nós estamos fazendo. Chamamos outros para fazer conosco.

Gostaria de dedicar a música “O futuro somos nós” a você, Ernesto, e a todos aqueles que contribuem com nosso trabalho. Obrigado. (Palmas.)

 

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- É apresentada a canção pelo Coral. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos agora, o Sr. Cônsul-Geral da Itália em São Paulo, Sr. Gianluca Cortese.

 

O SR. GIANLUCA CORTESE - Quero agradecer o Sr. Deputado José Carlos Stangarlini por poder participar deste tão importante evento em homenagem a um caro amigo que todos conhecemos e amamos. É também uma grande honra estar aqui acompanhando Dom Cláudio, Arcebispo de São Paulo.

Quero dizer que, há algumas semanas, com o 1º Ministro da Itália, visitamos o “Arsenal da Paz”, em Turim, na Itália, quando pudemos ligar e conversar com ele. Ficamos todos entusiasmados com o que pudemos ver. O “Arsenal da Paz” é uma experiência única, onde mil e 800 pessoas são diariamente assistidas, com amor e disciplina e todos são ajudados a ajudar-se. Todos têm que participar ativamente deste programa de resgate da condição de marginalidade.

Esse é o grande mérito, é um grande ensinamento, uma grande e estimulante experiência. Isso representa também uma expressão da personalidade de Ernesto, que é uma pessoa humilde, mas também dotado de uma poderosa força de vontade, de uma extraordinária capacidade organizadora. Ernesto é uma pessoa animada constantemente com sentimentos de solidariedade cristã. É uma pessoa capaz de transformar seu sonho em realidade. Ele é uma pessoa única; não é uma coisa normal, comum. Enfim, Ernesto é uma pessoa extraordinária; humilde, mas extraordinária.

Entendo o entusiasmo de todas as pessoas, de todos os jovens, que decidiram a colaborar com ele, de compartilhar com ele esta grande experiência humana. É, para mim, um grande privilégio de poder ser amigo de Ernesto e esperamos que nosso consulado daqui de São Paulo de alguma forma, possa participar das atividades que a Arsenal da Esperança está desenvolvendo aqui neta cidade. Obrigado pelo convite para participar desta homenagem a esta grande personalidade. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos agora Sua Eminência Reverendíssima Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.

 

O SR. DOM CLÁUDIO HUMMES - Sr. Presidente, amigo Deputado Stangarlini, quero saudar também a todos que aqui vieram a esta justa homenagem que estamos prestando ao Ernesto Olivero, através da Assembléia Legislativa, entre os quais quero destacar, claro, Dom Luciano, que é certamente uma das figuras principais na história do “Arsenal da Esperança”, que é a obra do Ernesto aqui na Arquidiocese de São Paulo. Também Dom Pedro, Dom Décio que vieram também a esta homenagem. Quero saudar também os italianos, as italianas que vieram e, sobretudo, aqueles que, pela primeira vez, conhecem esta maravilhosa megalópole São Paulo e este nosso querido Brasil tão esperançoso, certamente com um grande futuro pela frente. Saudar a todos aqui os que eventualmente são membros desta Assembléia Legislativa, os deputados saudá-los em nome do Deputado José Carlos Stangarlini, enfim a todos.

Ernesto, quero cumprimentá-lo de coração, hoje me sentindo muito feliz, me sentindo muito contente, por esta homenagem que o senhor está recebendo do povo paulista, através da sua Assembléia Legislativa, que nos representa a todos. Esta homenagem muito justa que como Igreja também, como parceiros aqui hoje nesta noite, assinamos e queremos reforçar. Todos que passaram por este microfone já o tem dito de muitos modos. Eu conheço o Ernesto desde que vim aqui a São Paulo como arcebispo. Já existia o “Arsenal da Esperança”. Um dia levaram o Ernesto para minha casa e me convidaram, portanto, também mais de perto o “Arsenal da Esperança”. Foi assim que fui conhecendo em primeiro lugar, esta grande personalidade que é o Ernesto, mas depois também esta obra tão significativa e tão grande que é o “Arsenal da Esperança”. Quem ainda não conhece o “Arsenal da Esperança” deve ir lá e conhecer de perto. Uma das coisas que logo me impressionou muito na personalidade deste grande homem, foi seu espírito cristão, o seu espírito sempre ligado à palavra de Deus, a sua devoção à Nossa Senhora. Ele me trouxe uma imagem estampada e, à força, quis levar uma imagem lá de casa, para que representasse, lá em Turim, São Paulo, arquidiocese de São Paulo. Acabou levando a minha imagem de Nossa Senhora Aparecida da minha capela. Fiquei por um bom tempo sem a imagem, mas depois consegui uma outra em Aparecida. Também a sua grande devoção ao Papa que sempre manifesta. Traz sempre abraços, saudações e eu acabo com certo ciúme pensando que ele se encontra com o Papa muito mais vezes do que eu. Isso mostra como o Papa escuta muito os leigos. O Papa realmente é maravilhoso nesse sentido. Nem todos sabem, mas o Papa, realmente acolhe os leigos, sobretudo os leigos exponenciais, que são fundadores de grandes obras de grandes movimentos e assim por diante. O Papa abre a sua mesa, abre horas e horas em conversas com eles, constantemente o Papa tem feito isso. Admiramos muito esse Papa. Ele escuta muito os leigos e gosta, mas gosta mesmo, de receber e de ouvir os leigos.

O que mais me maravilhava, é claro, mesmo era a obra do “Arsenal da Esperança”, onde como já foi dito se faz o bem, fazendo o bem; o bem, bem feito. Os pobres são ali acolhidos dentro de toda uma estrutura que quer acolhê-los bem e os acolhe bem, humanamente, cristianamente, mas também a própria estrutura é cada vez melhorada para que seja mais digna das pessoas que ali têm necessidade de ali serem acolhidas por um tempo e, às vezes, por mais tempo.

Esse “Arsenal da Esperança”, nos faz, a nós da Igreja de São Paulo, recordar constantemente da população de rua. É uma das coisas que desde o começo quando cheguei aqui eu levei muito a peito e continuo levando muito a peito, porque o interessante é que foi o primeiro grupo de pessoas - e como grupo - que veio me saudar como arcebispo, o grupo da população de rua. Vieram a Itaici, onde eu estava na reunião dos bispos, era logo no começo quando havia chegado aqui, ninguém havia vindo me saudar e eles vieram me saudar, um grupo da população de rua. Eu fiquei muito comovido e aquilo para mim foi um sinal. Vindo, portanto, aqui a São Paulo eles sempre fazem parte das prioridades da gente e da arquidiocese, hoje de modo todo especial.

Vimos que isto é uma realidade muito complexa, a realidade da população de rua, que precisa de muitas iniciativas que vão se conjugando para que de fato possa se resgatar essas pessoas completamente. Certamente acolhê-las, como são acolhidas no “Arsenal da Esperança” é básico ali e será, portanto, digamos assim, o constante ponto de partida e ponto firme, onde eles estão e a partir e onde se pode, portanto, trabalhar com eles, para que eles possam aos poucos eles mesmos sair desta situação. Uma das coisas que vemos fundamental para esse trabalho, é conseguir trabalho para essas pessoas, porque todo ser humano quer trabalhar, porque é através do trabalho que ele se torna digno, que ele sente dignidade, que ele ganha o sustento para si mesmo, enfim, resolve uma grande parte da sua vida. É claro que nem todos podem trabalhar. Aqueles que têm idade, condições de trabalhar, devem receber trabalho e, por isso, nós devemos recorrer ao poder público para as frentes de trabalho. Temos conseguido bastante, sobretudo com o atual governo, tanto do município, quando do Estado, frentes de trabalho que já atendem a uma boa parte, mas ainda nem a metade, mas uma boa parte da população de rua. No entanto, essas frentes de trabalho duram, no máximo, nove meses, porque ali entra a própria lei que impede que se faça mais, porque a partir dos nove meses eles deveriam ser contratados, segundo as leis trabalhistas do Brasil. Não pode ultrapassar nove meses. Então, deveriam ser contratados pelo Estado e pelo município. Para isso, deveriam fazer concurso público. Enfim, obviamente impossível. Então, o que acontece para essas pessoas? Terminado esse tempo de trabalho, que foi para eles muito bom, como alguém disse: “Quando eu tive trabalho, aí sim, não precisava esmolar um copo d'água no bar, mas eu ia tomar café porque eu tinha meu dinheiro. Quando eu tinha trabalho, eu mesmo comprava minhas coisas e não precisava esmolar.” Depois de nove meses havia um retrocesso. As pessoas voltam, vão para traz e, com isso, se instala uma grande decepção nessas pessoas muitas vezes.

Então, estamos agora negociando com o Governo Municipal de São Paulo. Ainda ontem, o Padre Júlio Lancellotti e eu estivemos com o secretário que se ocupa dessa área, conversando longamente sobre que outras iniciativas legais se poderia criar e fazer passar, é claro, pela lei através da Câmara dos Vereadores, para que outras iniciativas que fossem inerentes a outros secretariados, por exemplo: habitação. Essas pessoas não têm casa. Elas precisam de casas para morar. Precisam de educação, escola, etc., enfim, uma série de providências que deveriam ser tomadas, para que essas pessoas além de trabalhar, pudessem também realmente resolver o seu problema e sair definitivamente e estar portanto pronta a enfrentar a vida. Portanto, políticas resolutivas que dessem, de fato, uma solução e não voltassem cada vez que se acabasse o programa. Terminou o programa, voltava tudo.

Então, é isso que de fato São Paulo está querendo ser criativa e fomos muito bem recebido. Achamos que São Paulo pode dar exemplo para o mundo, porque hoje em dia ainda não se tem realmente programa bem feitos pelo mundo a fora que resgatem resolutivamente, quer dizer, dando solução de verdade, à população de rua. Então, queremos, de fato, fazer isso e sabemos o quanto o senhor está interessado sempre de novo, por isso estou lhe contando isso, porque isso é a continuidade de seu trabalho e certamente o “Arsenal da Paz” deverá entrar em tudo isso e certamente deverá entrar de uma outra forma em toda essa programação para que vá até o fim e que faça com que a maioria das pessoas, a maior parte possível dessas pessoas possam voltar à vida normal na sociedade.

Então, eu lhe conto isso em toda homenagem ao seu trabalho e, mais uma vez, dizendo o quanto apreciamos isso e quanto tem sido para nós em São Paulo, um exemplo e um estímulo.

Obrigado, Ernesto. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Obrigado Dom Cláudio, por sua participação e sua mensagem aqui neste momento, nesta Sessão Solene.

Assistiremos agora pelo “Coral da Esperança” a música “Povertá”.

 

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- É apresentada a canção “Povertá”, pelo “Coral da Esperança”. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos agora o homenageado, Sr. Ernesto Olivero, fundador da “Fraternidade da Esperança”.

 

O SR. ERNESTO OLIVERO - (Discurso pronunciado em língua estrangeira com tradução simultânea) - Eu não sabia o que ia acontecer, fiquei admirado por caminhar com ele durante uma hora e meia. Os amigos que viam ele caminhando comigo iam pensar que nós estávamos precisando de um momento assim de solidão, tanto mais que fomos rezando um terço pelo caminho. Ainda não entendi tudo, mas provavelmente alguma coisa já entendi. Penso que só o silêncio poderia realmente resumir e enfeixar um momento tão bonito. Diz que contou quantos os que estão aqui. Somos aproximadamente 230 pessoas. Faço assim para poder agradecer a cada pessoa, uma a uma, do meu coração. Neste meu agradecimento, gostaria de sublinhar alguma coisa especial. Antes de tudo, Dom Cláudio e Mário Covas que depositou a confiança primeiro no Ernesto, o Cardeal Dom Evaristo Arns, Dona Marta e naturalmente Dom Luciano, é claro. O Brasil, para nós, tem uma razão especial. Dom Helder Câmara. Eu ficaria feliz se o Santo Padre, o Papa, dissesse que ele é um Santo. Há, no Brasil, também um outro nome: o de Daniel Santini que morreu com cerca de 11 anos de idade e morreu na casa vida. O olhar de Daniel permanece sempre no meu coração e na minha memória. Lembro que antes dele morrer, sabia que estava no fim. Então, naquele momento, ele disse que tanto ele, como Daniel estavam livres para sempre.

Quero agradecer o nobre Deputado José Carlos Stangarlini por esta belíssima surpresa, assim como também o Sr. Cônsul-Geral da Itália em São Paulo por sua presença e os amigos da associação Piomontese no mundo.

Sempre que devo receber alguma coisa, alguma homenagem, eu não aceito, porque não estou me lembrando do nome daqueles que desde o começo estão a meu lado, como Eliza, Alberto, Gianfranco, Lorenzo e milhares de jovens que o ajudaram a pensar diversamente do que ele pensava. Eu não gostaria de fazer aquilo que estou fazendo. Em 1964, quando fundei o “Sernic”, o fiz para ter uma vida tranqüila, quis ajudar os pobres longe de Turim, porque assim não teria que encontrá-los face a face, porque me considerava e ainda me considero muito tímido e não sentia que pudesse encontrar os pobres assim de tu a tu.

Quando fundei este grupo em 1964, a minha admiração foi ver quantos jovens quiseram trabalhar com ele. Então, eu disse no meu coração: nunca trairei os jovens. Compreendi, então, que eu precisava mudar o meu caráter para merecer essa confiança. Compreendi também que não podia pensar só com a minha cabeça. Teria que pensar com o coração. Desde aquele momento a minha ficou facílima, muito facílima. Quando ele me conheceu, disse que eu deveria ir ao Líbano numa missão de paz. Havia um rapaz que tinha, segundo parecer médico, só 15 dias de vida. E me pediram que o acolhesse. Pensei que teria que preparar um caixão e um funeral, mas o amamos com todo o coração. Esse rapaz vive ainda e já se passaram aproximadamente 15 anos. Procurei não mais pensar com a cabeça, mas com o coração. Quando João Paulo II tornou-se Papa, quando vi pela televisão, causou em mim grande ternura. Não se a pessoa da Polônia teria encontrado em Roma um amigo sincero. E aí no meu coração disse: vou me tornar amigo do Papa. Eu trabalhava como bancário e, então, pedi dois dias de férias. Tomando o trem, fui até Roma sem marcar nada e fui até o Papa. Deus existe! Também Roma! E naquela tarde encontrei o Papa, mas ele dava impressão de cansado. Aliás ele dava impressão de cansado mesmo quando era jovem. Então, falei com o Papa, só eu falava, por 40 minutos, para aquecer o seu coração. Depois de 40 minutos o Papa estava vivo como uma rosa. Daí, o Papa disse-me: “Ernesto, de vez em quando, você vem aqui me encontrar.” Por isto nesta tarde, nesta noite também estou aqui em nome do Papa, que está tão ligado a mim que fui 53 vezes visitá-lo. Isto não está no texto não. Obrigado de coração. Agora vou dizer uma coisa que nunca disse a ninguém: “ti voglio bene”. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Neste momento, o Sr. Cláudio Pazilli fará a entrega de uma placa, ao Sr. Ernesto Olivero, em nome da região Piemonti, na Itália.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)                                    

           

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O SR. CLÁUDIO PAZILLI - Quero agradecer o nobre Deputado José Carlos Stangarlini por esta iniciativa muito justa, muito bela. A sua caminhada me lembrou uma frase do nosso grande Santo Piemontes Dom Bosco: “Eu pus um pé em cima da barca do vangelo e o vangelo foi para frente, pegou o mar.” Então, Ernesto, você fez muita caminhada, continua fazendo essa caminhada e nós todos agradecemos esta sua caminhada e esperamos fazê-la juntos espiritualmente, como sempre, pois você merece caminhar ainda mais. “Ti vogliamo bene!”

Tchau. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, imprensa, Rede Vida aqui presente, autoridades já mencionadas, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, representando o povo paulista, evoca nesta Sessão Solene os 40 anos de luta de Ernesto Olivero, a favor da promoção da justiça e da superação da fome. Embora já tenha estado com Ernesto Olivero por duas vezes, o nosso maior contato se deu através de alguns dos seus livros e do carisma presente, na obra existencial do “Arsenal da Esperança”, a Ação da Fraternidade da Esperança presente no Brasil. Ernesto inicia o livro “O Sonho de Deus” com a seguinte menção: “Deus vê a Igreja, vê nós homens da forma como somos, mas ele sonha com um mundo habitado por homens que saibam querer-se um pouco melhor, um mundo habitado por homens que saibam sonharem união com seu próprio Deus.”

Uma das formas de alcançarmos a felicidade é realizarmos os nossos sonhos. Se esses sonhos nasceram no coração de Deus, nossa felicidade é completa.

Pelas ocasiões em que estive no “Arsenal da Esperança”, posso testemunhar o carinho e a vontade de todos em caminhar juntos com a Igreja e realizar o plano que está no coração de Deus. Acolhendo o pobre, o desfavorecido e acreditando na capacidade de que, em muitos deles, podem estar escondidos poetas, operários, artistas e pais de família.

Ernesto tem esse carisma caracterizado pela ousadia cristã, com que enfrenta os desafios, indo ao socorro dos mais necessitados, com a fé inabalável de que Deus quer o bem de todos, seja qual for a raça, a cor, a religião, a cultura ou a condição social e moral.            Por termos uma profunda admiração pelo trabalho de Ernesto, é que todos estamos felizes em poder homenageá-lo. Não quero me alongar demasiadamente, mas quero finalizar reportando-me a mais um trecho do livro “Sonho de Deus”, com o qual Ernesto conclui o capítulo sobre a comunhão dos santos, a comunhão entre os irmãos “a igreja com a qual eu sonho, vive e ensina esta comunhão este dom incrível de Deus tão difícil de ser explicado, só vivendo-o é possível explicá-lo”.

Obrigado, Ernesto Olivero, por tão belo exemplo de que é possível no pleno amor de Deus encontrar a felicidade junto aos irmãos. Parabéns e que Deus o abençoe sempre e continue derramando sobre você, suas mais preciosas bênçãos. “Te voglio bene.” (Palmas.)

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Aproximando-se do encerramento desta Sessão Solene, o nobre Deputado José Carlos Stangarlini, fará a entrega da placa em homenagem a Ernesto Olivero que, neste momento, passaremos a ler, para conhecimento de todos os presentes:

“Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Sessão Solene em homenagem a Ernesto Olivero.

O Deputado José Carlos Stangarlini, em nome do Parlamento Paulista, confere esta placa a Ernesto Olivero, como homenagem pelos 40 anos de intensa luta em favor da promoção da justiça e da superação da fome.

Plenário Juscelino Kubitschek de Oliveira, 29 de novembro de 2002. José Carlos Stangarlini.” (Palmas.)        

           

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece as autoridades e aqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para o coquetel no Hall Monumental, onde haverá apresentação da dança típica italiana.

Antes, porém, ouviremos o “Coral da Esperança” com a música “Amigos para sempre”.

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- É apresentada a canção “Amigos para Sempre”, pelo “Coral da Esperança”. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 57 minutos.

 

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