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26 DE NOVEMBRO DE 2004

55ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO INSTITUTO DO CORAÇÃO - INCOR

 

Presidência: CÂNDIDO VACCAREZZA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 26/11/2004 - Sessão 55ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: CÂNDIDO VACCAREZZA

 

HOMENAGEM AO INSTITUTO DO CORAÇÃO - INCOR

001 - CÂNDIDO VACCAREZZA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que a Presidência efetiva da Casa convocou a presente sessão, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de homenagear o Instituto do Coração - Incor. Convida todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - FAUSTO FIGUEIRA

Declara que o papel que o Incor faz e que a Fundação Zerbini exerce na sua manutenção tem de ser usado como referência quando se discute a parceria público-privada. Defende a retomada de programa de atendimento integrado envolvendo unidades do Estado de São Paulo e da Prefeitura Municipal.

 

003 - SÉRGIO ALMEIDA DE OLIVEIRA

Professor Titular da disciplina de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da Faculdade de Medicina da USP e Diretor de Cirurgia do Instituto do Coração, recorda a criação do Incor e o papel exercido pela Assembléia na ocasião. Aponta que a ação da entidade, além de ser educativa e de prestação de serviço, expandiu-se irradiando princípios e conhecimentos não só no Brasil, mas fora dele.

 

004 - JOSÉ CARLOS SEIXAS

Assessor Técnico, neste ato representando o Secretário de Estado da Saúde, Dr. Luiz Roberto Barradas, destaca a coragem dos que criaram o Incor e seu exemplo como associação estatal-privada.

 

005 - JOSÉ ANTÔNIO FRANCHINI RAMIRES

Presidente do Conselho e Diretor Geral do Instituto do Coração, afirma que o Incor busca a excelência que resulta em assistência junto à população. Ressalta a integração e o treinamento de médicos de outros estados e países, que aumentam o potencial de melhor atendimento.

 

006 - Presidente CÂNDIDO VACCAREZZA

Manifesta o compromisso de sustentar, desenvolver e fortalecer o Incor. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Para compor a mesa, indicamos o Professor Doutor José Antônio Franchini Ramires, Presidente do Conselho e Diretor do Instituto do Coração; Doutor Sérgio Almeida de Oliveira, Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Diretor da Divisão de Cirurgia do Instituto do Coração; José Carlos Seixas, Assessor Técnico, neste ato representando o Secretário de Estado da Saúde, Exmo. Sr. Dr. Luiz Roberto Barradas; Mário Gorla, Presidente da Fundação Zerbini; Dr. Eduardo Moacyr Krieger, Presidente da Academia Brasileira de Ciências; Dr. José Manuel de Camargo Teixeira, Superintendente do Hospital das Clínicas; Professor Dr. Aldo Junqueira Rodrigues Júnior, Diretor da Unidade de Cirurgia Geral do Instituto do Coração; Professor Dr. David Everson Uip, Diretor-Executivo do Instituto do Coração; Dr. Protásio L. da Luz, Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Diretor da Unidade de Aterosclerose; Doutor George Washington, Diretor Técnico do Serviço de Farmácia do Instituto do Coração; Dr. Mário Saggia, Gerente de Desenvolvimento de Mercado da Fundação Zerbini; Dr. Geraldo Verginelli, membro do Conselho Diretor do Incor; Dr. Luiz Cintra, da área de Projetos Especiais da Fundação Zerbini; Dr. Eurípedes Carvalho, Diretor, representando o Dr. José Erivalder Guimarães Oliveira, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo.

Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de homenagear o Instituto do Coração, instituto de pesquisa, ensino, atendimento médico, formação da Medicina e de criação de novos parâmetros do atendimento médico no Brasil.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro 2º Tenente Músico PM David Cirino da Cruz.

 

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- É entoado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Esta Presidência agradece ao 2º Tenente Músico PM David Cirino da Cruz, regente da Banda da Polícia Militar.

A Presidência concede a palavra ao nobre Deputado Fausto Figueira, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, para fazer o discurso de homenagem ao Incor.

 

O SR. FAUSTO FIGUEIRA -PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, meus professores da Faculdade de Medicina, eu, como ex-aluno da 55ª turma da Faculdade de Medicina, hoje exercendo o cargo de Deputado nesta Casa, com muita honra assomo à tribuna para homenagear o Instituto do Coração. Quero saudar as autoridades já nomeadas e, na figura do meu companheiro, colega de turma, Professor Ramires, saúdo a todos.

Eu não vou contar a minha vida pregressa e a do Ramires quando moramos juntos na cidade de Santos, nas repúblicas estudantis, sob pena de o Professor Ramires ser demitido do cargo de Presidente do Incor e eu possivelmente por falta de decoro parlamentar.

Mas assomo à tribuna com muita honra porque acho que o Instituto do Coração é um patrimônio da sociedade brasileira e nós, que somos detentores de mandato popular, vivemos momentos extremamente gratificantes. Exercer o nosso mandato é fazer as coisas que as pessoas nos mandam fazer, e seguramente a iniciativa do nobre Deputado Cândido Vaccarezza  - ao propor esta sessão solene de homenagem ao Instituto do Coração - responde a um desejo das pessoas que moram no Estado de São Paulo, que moram na cidade de São Paulo, que moram no Brasil, porque a abrangência da atuação do Instituto do Coração é muito maior do que o Estado de São Paulo. A sua vocação, a sua atuação não atinge só os estados do país. Vemos, com freqüência, pacientes de outros países da América Latina sendo atendidos no Instituto do Coração. Portanto, é um privilégio nós, como Deputados, homenagearmos o Instituto do Coração nesta sessão solene.

O papel que o Incor faz e que a Fundação Zerbini exerce na manutenção do Instituto do Coração é algo que tem de ser usado como uma referência, quando o País, de alguma maneira, discute a parceria público-privada, pois de uma maneira concreta vivenciamos, com a experiência da Fundação Zerbini, essa parceria entre o público e o privado de uma maneira extremamente salutar. Já de longa data, nessa parceria público-privada, com ênfase no atendimento público do paciente, se realiza o atendimento no Instituto do Coração.

Acho que o papel da universidade não pode ser, nem é - e sob esse aspecto, particularmente o Instituto do Coração tem se notabilizado - um mero reprodutor de ensinamento. Muito mais do que reproduzir ensinamento, acho que a produção científica do Instituto do Coração é algo que deve ser ressaltado como a ilha de excelência que ali temos.

A produção científica e de ensino do Incor duplicou nos últimos sete anos. As pessoas não estão acomodadas. É um fervilhar de pesquisa e que tem como objetivo fundamentalmente o atendimento do paciente e o compromisso com as pessoas que são atendidas lá. Essa característica, que diferencia o atendimento de outras entidades, é o compromisso que o Instituto do Coração tem fundamentalmente com as pessoas.

Quero enfatizar essa abertura que a universidade tem como formuladora de políticas, que o Instituto do Coração tem exercido dentro do ensino médico, dentro do País. O Instituto do Coração tem muito mais que cuidado do coração das pessoas, tem sido um formulador de políticas públicas na área do ensino e da saúde de maneira absolutamente notável.

A relação que o Instituto do Coração tem com outras instituições de dentro do próprio Estado, como o Instituto Dante Pazzanese, também é notável. O fato de a área de pós-graduação do Instituto Pazzanese se realizar no próprio Instituto do Coração mostra essa integração com outras unidades.

Há um dado absolutamente notável, Sr. Presidente, nobre Deputado e médico Cândido Vaccarezza: o número de doutores no Rio de Janeiro formados pelo Instituto do Coração é muito maior do que aqueles formados nas universidades cariocas, mostrando a importância da irradiação dessa unidade de ensino. As novas unidades do Instituto do Coração que estão sendo abertas e funcionando em Brasília e no exterior mostram o compromisso desse instituto, que sai de seu próprio núcleo e irradia a assistência e a sabedoria para outros centros.

Mas eu gostaria de ressaltar particularmente um programa que, a rigor mostra o compromisso que o Instituto do Coração tem com a qualidade da prestação do serviço médico, que é de integração com a comunidade. Foi um programa de desenvolvimento pioneiro, um sistema totalmente integrado, desde o atendimento primário até o terciário, envolvendo unidades do Estado de São Paulo e da Prefeitura Municipal.

Nós lutamos por um Sistema Único de Saúde, que tenha como base a descentralização, a hierarquização do atendimento e o controle social. Vemos a importância da atitude do Instituto do Coração, que implanta pioneiramente, da maneira corajosa, um programa de atendimento que tem como premissas exatamente descentralização e hierarquização do atendimento, passando a atender, nos Hospitais Ipiranga e Heliópolis, um número de pacientes maior do que a soma dos pacientes atendidos na Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal, no Instituto Dante Pazzanese e na Santa Casa de São Paulo.

Quero aproveitar a presença do Dr. Seixas - que foi amigo do meu pai, e com quem tive a honra de trabalhar no Governo Montoro, quando fui diretor do Hospital do Estado, e depois da DIR da Baixada Santista, para clamar à Secretaria da Saúde para que esse sistema não seja interrompido. Lamentavelmente, hoje ele está interrompido. Esse sistema, mais do que atendimento, faz uma reciclagem dos médicos, do corpo de enfermagem de dos paramédicos, e lamentavelmente está interrompido. Isso é inadmissível.

Esse serviço faz com que um paciente atendido numa unidade de periferia entre num sistema de atendimento cardiológico, sem que isso tenha que ser uma conquista do paciente, que antes perambulava com um papel na mão, na busca de exames subsidiários, muitas vezes pedidos de maneira desnecessária. A racionalização, a hierarquização do atendimento, faz com que o pedido de um ecocardiograma seja discutido pela equipe do Hospital do Ipiranga.

Tem como referência terciária a realização de exames ou de procedimentos de tratamento cirúrgico no Instituto do Coração, onde isso não passa a ser uma conquista do paciente, nem um favor de qualquer político que arranja uma vaga no Instituto do Coração. Isso é um direito do cidadão. Esse sistema garantia a prestação de serviços, e lamentavelmente foi interrompido porque os médicos foram retirados dessas unidades.

O discurso do Sistema Único de Saúde tem que ser implementado na prática e o Instituto do Coração, de maneira corajosa, tem pontuado essas questões de forma tão importante que hoje o Ministério da Saúde está usando esse modelo que foi implantado no Hospital do Ipiranga e no Hospital Heliópolis. Esse sistema está servindo de modelo para o Ministério da Saúde, para que possa ser implantado no Brasil.

A pressão da indústria de equipamentos médicos faz com que a gente tenha um volume de equipamentos de tomografia, de ressonância magnética, só no espigão da Avenida Paulista, maior do que o existente em todo o Canadá. E a demanda que passa a se estabelecer, por pressão muitas vezes dessas empresas que querem vender os seus aparelhos, faz com que muitas vezes os médicos e os pacientes passem a querer a utilização desses exames de uma maneira descontrolada.

Qual é o valor desse sistema que estava implantado? O exame pedido é aquele absolutamente necessário? E, mais do que isso, o médico que está trabalhando na periferia tem a oportunidade de uma reciclagem constante, passa a ser um médico do Instituto do Coração, e, lamentavelmente, isso foi interrompido.

Quero aproveitar este momento de homenagem, para celebrarmos efetivamente a importância do Instituto do Coração para todos nós. Seguramente esse patrimônio é pago fundamentalmente com recurso público, tem parceria com a iniciativa privada de uma maneira bastante competente, mas prioriza o atendimento público, o ensino, multiplicando o saber. Quero ressaltar a postura do Professor Ramires, que questiona quando se tem uma proliferação descabida de faculdades de medicina, colocando na pauta de discussão a avaliação da formação dos nossos médicos.

Acho que esse papel da universidade, do Instituto do Coração, de não ser meramente um reprodutor de ensinamento, mas sim formulador de políticas públicas, faz com que hoje a Assembléia Legislativa, por convocação do Sr. Presidente e por iniciativa do nobre Deputado Cândido Vaccarezza, abra solenemente esta Casa, para prestarmos homenagem ao Instituto do Coração. Seguramente somos amigos de coração desse Instituto de Cardiologia. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Esta Presidência anuncia a presença aqui do nobre Deputado Gilson de Souza, franqueando a palavra à hora que S. Exa. solicitar.

O nobre Deputado Fausto Figueira fez uma homenagem ao Incor, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em nome da Casa e do Presidente Sidney Beraldo, e manifesta na sua fala toda a nossa homenagem à comunidade científica, aos profissionais da saúde, aos demais funcionários, aos pacientes, à sociedade paulista e à sociedade brasileira, e o reconhecimento desta Casa pela importância do Incor para todos nós.

Esta Presidência passa a palavra ao Dr. Sérgio Almeida de Oliveira, Professor titular da disciplina de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da Faculdade de Medicina da USP, e Diretor de Cirurgia do Instituto do Coração.

 

O SR. SÉRGIO ALMEIDA DE OLIVEIRA - Nobre Deputado Cândido Vaccarezza, representando o Sr. Presidente, promotor desta Sessão Solene, nobre Deputado Fausto Figueira, que acaba de nos homenagear com suas palavras - e isso nos deixa estimulados, demais autoridades aqui presentes, gostaria de, como um dos mais velhos representantes aqui da direção, lembrar que o Instituto do Coração começou na idéia há muito mais tempo

Após o primeiro transplante do coração, em 68, o Prof. Zerbine sentiu que a cardiologia e a cirurgia cardíaca ganhavam o público brasileiro naquele momento. Então era a hora de dar início ao sonho de construir o Instituto e esta Casa teve um papel importantíssimo na sua fundação, porque o terreno onde hoje está instalado o Instituto pertencia ao Hospital Emílio Ribas. Foi preciso que o Governo estabelecesse medidas para doar essa área ao futuro Instituto.

Aí começou tudo. Esta Casa autorizou essa transferência acreditando naquela idéia que depois cresceu e cresceu bastante, como foi dito pelo Deputado Fausto. A ação, além de ser educativa e de prestação de serviço, expandiu-se muito mais, irradiando idéias, princípios, conhecimentos não só no Brasil, mas fora dele.

Hoje temos uma limitação para recebimento de médicos do exterior que vêm aqui se formar em função da própria necessidade brasileira, mas é gratificante andar pelo continente latino-americano e mesmo fora, mas especialmente aqui na América Latina, e encontrar pessoas que hoje são líderes nos seus países e que aqui se formaram. São membros, são representantes da escola brasileira. Isso é que dá prestígio ao país. É o prestígio científico, mais do que aquele que podemos às vezes citar em números.

Quero agradecer a todos os membros da Assembléia, especialmente ao Deputado Cândido Vaccarezza por esta iniciativa, e dizer que o Departamento de Cirurgia que represento hoje e que é aquele que foi no início presidido pelo Prof. Zerbine, que teve a força, a idéia e o entusiasmo para dar início a essa Instituição, está presente em todos nós. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE -CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Tem a palavra o Dr. José Carlos Seixas, representando neste ato o Secretário Luiz Roberto Barradas.

 

O SR. JOSÉ CARLOS SEIXAS - Deputado Cândido Vaccarezza, que preside esta sessão com muita pertinência e honra, faço uso da palavra numa situação embaraçosa: representar alguém. O ideal seria que o representado aqui estivesse, porque o faria com mais competência. Mas ao mesmo tempo em que a substituição entristece, traz a mim um grande prazer porque represento alguém digno e sério, falando de uma coisa que me é muito do coração, tanto por utilização quanto por conhecimento técnico-científico de administrador em Saúde.

Poderia falar horas, mas venho com uma mensagem do Secretário: primeiro de ratificar e se ladear na homenagem ao Incor como instituição ímpar de ensino, de pesquisa, de assistência e de revolução administrativa pública neste País. Mas também especialmente para cumprimentar homens públicos da envergadura do Deputado Cândido Vaccarezza, que fazem do seu cargo um instrumento importante de satisfação da população. Porque fazendo a divulgação de um órgão público eficaz devolvem ao nosso povo a esperança de um mundo melhor. Manifestações como essa do Deputado e de toda Assembléia Legislativa são especialmente dignas de menção e de louvor. Certamente o nosso povo reconhecerá esse valor.

Quero rapidamente dizer que vejo no Incor uma originalidade fantástica, que era preciso relembrar. As instituições não são nada pelos seus termos estatutários, mas pelo valor das pessoas que contém e o concretizam. Essa instituição nasce num ato de coragem, no transplante cardíaco do Dr. Zerbini. Eu já estava na Secretaria quando isto ocorreu. Coragem que não é uma ação impensada; coragem de alguém que se preparou, se convenceu e que, embora não fosse dos usos e costumes, arriscou. Essa coragem só foi possível e redundou no Incor porque ela veio acompanhada de duas qualidades fantásticas, presentes maravilhosamente no Prof. Zerbini e continuadas por todos os seus diretores e funcionários, que é uma associação de liberdade para criar, mas associada à generosidade.

Quando analisamos a evolução do Incor, os comportamentos dos seus diretores e as atitudes marcantes do início do Incor, pelo Prof. Zerbini, dizemos: está aí a boa semente. Seguramente foi a generosidade, a liberdade de pensamento e ação corajosa dos seus iniciantes, acompanhados pelos seus seguidores, que fazem do Incor essa peça fantástica e iluminadora, que é o Instituto do Coração. Falo muito particularmente não da ciência cardiológica, mas da ciência administrativa.

O Deputado Fausto Figueira, com muita propriedade, ressaltou que uma das coisas criativas da maior importância desenvolvidas pelo Incor foi a associação estatal-privada, criando-se uma coisa que hoje vemos o empenho do Governo Lula de tornar uma realidade permanente neste País, sem o que não venceremos as necessidades da nossa população. A fusão inteligente, corajosa e revolucionária da administração direta do IncorIncor/HCFMUSP, junto com a Fundação Zerbini, é, seguramente, é uma criatividade de excepcional generosidade, que vale a pena ressaltar, reafirmar e, se possível, copiar.

Muito obrigado, Deputado Cândido Vaccarezza. Que consigamos ter sempre homens públicos da sua envergadura para fazer divulgar e intensificar as coisas boas que são realizadasse realizam  neste país.

Muito obrigado! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Cândido Vaccarezza - PT - obrigado, Dr. Seixas. Com a palavra, o Professor Doutor José Antônio Franchini Ramires, Presidente do Conselho e Diretor Geral do Instituto do Coração.

 

O SR. JOSÉ ANTÔNIO FRANCHINI RAMIRES - Deputado Cândido Vaccarezza, representando o Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Sidney Beraldo, Srs. Deputados presentes, colegas, senhoras e senhores, é um prazer muito grande estar nesta sessão, representando uma instituição como o Instituto do Coração.

Como definir, como resumir o que é o IncorIncor? Algumas condições são extremamente importantes a serem colocadas. Em primeiro lugar, quatro fundamentos que regem o IncorIncor, fundamentos que dependem até das condições da própria natureza e das imaginações do ser humano: não há gigante que impeça a nossa luta; não há montanha que seja barreira para a nossa progressão; não há deserto que vá impedir a nossa busca de água e; não há inferno que impeça a nossa vida no paraíso. Esses são lemas que, ao longo desses quase 28 anos, têm trazido o IncorIncor permanentemente na busca dos seus seus ideais, plantados pelo Professor Zerbini.

Em 1963, saiu o decreto da criação do Instituto. Em 1968, é lançada a pedra fundamental. Em 1977, iniciam-se os trabalhos no Instituto do Coração e, até hoje, esses trabalhos sempre demonstraram um crescimento progressivo, que envolvem a força de trabalho de todos que ali estão desenvolvendo a sua atividade profissional, como os ideais da instituição da busca da excelência sempre. N

  Mas não a excelência oculta na reclusão decontida na reclusão de suas muralhas,; a excelência do escondido; a excelência da busca do próprio, do seu. Não, amas a excelência que transpõetem que transbordar as muralhas do IncorIncor na busca da assistência junto à população,; na busca do ensino integrado com diferentes instituições e; na busca do desenvolvimento de profissionais para outras instituições, para outras regiões do país e até para outros países.

Isso nos tem motivado a levantar a bandeira paulista, com o espírito dos bandeirantes. Não só bandeirantes formados por paulistas, mas bandeirantes agora, dentro do IncorIncor, que albergam mineiros, cariocas, gaúchos, que estão lá trabalhando com uma atuação constante que depende, e muito, de tudo o que gira em torno do país e possa se refletir no IncorIncor, mirando quebrar barreiras, quebrar fronteiras;, devolvendo, numa analogia com o que ocorreu na história dos bandeirantes, não na busca dos diamantes ou do ouro, mas devolvendo os brilhantes que nós temos que recolocar nesses lugares - profissionais da saúde, treinados num nível de competência que possam exercer nesses novos lugares uma continuidade da filosofia do Incor; médicos treinados com uma ampla visão da cardiologia, levando a esses lugares uma nova visão, uma nova filosofia de trabalho; professores universitários lapidados dentro do Incor, que levam aos seus centros de pesquisa ou a suas universidades em outros estados aquilo que é a forma de pensar do Incor.

Esta é a nossa obrigação. É para isso que o dinheiro público foi investido no Instituto do Coração. É exatamente por isso que, seguindo os ideais do Prof. Zerbini, na sua dupla com o Prof. Decour, ao criarem a Fundação Zerbini como uma fundação de apoio ao Instituto do Coração, que pudesse trazer ao serviço público um apoio complementar de recursos que somente o Estado não teria condições de ter e de manter a instituição.

Para manter o Incor sozinho, na sua plenitude, seguramente vários pequenos hospitais ou unidades de saúde deixariam de ter a sua atividade mantida e permanente. Não há sentido. Um setor de alta complexidade precisa de recursos de diferentes proveniências. E, mesmo sendo uma instituição pública, esses recursos de diferentes proveniências vão permitir que a atividade pública seja mantida para todos os cidadãos.

Cidadão não tem na testa nenhum carimbo. Ele tem o direito, como um filho deste País, ou um residente neste País, de caminhar e buscar aquilo que seja de melhor excelência em busca da sua assistência e da sua necessidade da saúde. E cabe ao Incor entregar, levar a ele aquilo o que pode ter de melhor, não diferenciar pacientes municipais ou pacientes estaduais. Todos somos brasileiros. A integração do Incor com o sistema de saúde é para tentar mostrar que ele está em cada um desses novos hospitais ou desses hospitais da Secretaria da Saúde, seja Estado ou município, como nós somos eles dentro do Incor.

Dentro do critério de hierarquia, nós estamos referindo ou sendo referidos. Estamos funcionando como retaguarda e estamos funcionando também como distribuidores, devolvendo o cidadão ao seu local de origem para manter a mesma qualidade de assistência que ele poderia ter dentro do Instituto do Coração. Médicos do Estado ou médicos da Prefeitura, irmanados e trabalhando em conjunto conosco, seguramente aumentam o seu potencial, como aumentam o nosso potencial de melhor atendimento à população.

Sr. Presidente, 28 anos se passam no Instituto do Coração como hospital do Estado e integrado ao complexo Hospital das Clínicas, ligado à Faculdade de Medicina e à USP. Seguramente ele tem tentado demonstrar que a vida acadêmica se relaciona perfeitamente com a capacidade de prestar assistência em busca de novas fronteiras, em busca de mostrar que aquilo que se faz aqui pode ser feito em outros lugares, mantendo-se uma filosofia de trabalho muito bem definida, o que nos levou a aceitar, há alguns anos, a criação do Incor-Brasília.

Um filho que nasce com uma filosofia semelhante àquela que existiu na criação do Incor-São Paulo. Um filho que tem uma semana de vida de funcionamento e já quebra recordes na Região Centro-Oeste na busca de pessoas que querem ser atendidas no Incor. Foram 23 mil ligações telefônicas só nesse período, com exames já marcados até final de dezembro, com todos os horários tomados. Isso demonstra o quê? Falta de condições de atendimento? Não. A busca pelo reconhecimento do nome de uma instituição que, ao longo dos 28 anos, soube trabalhar, passo a passo, mostrando junto a seus pacientes que existe ciência, mas também muito humanismo junto com a ciência para ser levado a cada cidadão, a contribuir com o crescimento de um País que está em desenvolvimento mas precisa sair dessa fase de desenvolvimento.

Se cada um de nós cumprir a nossa obrigação, estaremos engrandecendo cada vez mais o Incor. E o Incor, com certeza, também estará contribuindo cada vez mais com o crescimento da nossa cidade, do nosso Estado e, por que não, do nosso País.

Agradecemos ao Deputado Cândido Vaccarezza e à Assembléia Legislativa por esta homenagem. Estou certo - e posso falar em nome de todos nossos colegas do Instituto do Coração - de que retornaremos aqui talvez daqui a 28 anos trazendo novamente uma palavra do Incor, dizendo: “Estamos trabalhando para tentar manter aquilo que é nossa obrigação e retribuição a todos os cidadãos deste Estado, mostrando que somos capazes. Todos têm condições de realizar o seu papel em uma sociedade que sempre busca o melhor.”

 

O SR. PRESIDENTE - CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Esta sessão em homenagem ao Incor dignifica esta Casa, assim como os Deputados que dela participaram, em particular, este Deputado, que está presidindo esta solenidade. As palavras do Deputado Fausto Figueira expressam o sentimento e a análise que fazemos do Incor, que representa um orgulho para todos.

Cumprimento o Dr. Ramirez, Presidente do Conselho do Incor, e encerro esta sessão com a declaração de gratidão, simpatia e amor pelo Instituto do Coração. Quero dizer a todos os senhores que estiveram aqui representando o Incor, às pessoas que participaram desta sessão e à população que está nos assistindo pela televisão, que aquilo que estiver ao nosso alcance será feito para sustentar, desenvolver e fortalecer o Incor.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade. Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 13 minutos.

 

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