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06 DE DEZEMBRO DE 2004

58ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA DO PALHAÇO”

 

Presidência: VICENTE CÂNDIDO

 

Secretário: UBIRATAN GUIMARÃES

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 06/12/2004 - Sessão 58ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: VICENTE CÂNDIDO

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DO PALHAÇO"

001 - VICENTE CÂNDIDO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que a Presidência efetiva da Casa convocou a presente sessão, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o Dia do Palhaço. Convida todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - UBIRATAN GUIMARÃES

Reporta as alegrias que o circo e os palhaços lhe proporcionaram na infância.

 

003 - GERALDO LOPES

Agradece aos palhaços pelo serviço que prestam, especialmente às crianças.

 

004 - ANTONIO MENTOR

Recorda passagens que viveu ao levar os filhos ao circo. Pede ao Governador que destine recursos à promoção cultural no Estado de São Paulo.

 

005 - HUGO POSSOLO

Coordenador Nacional de Circo da Funarte, destaca que hoje o circo está ocupando cada vez mais seu espaço, o que credita a toda a classe circense.

 

006 - SAYONARA POWER

Presidente da Associação Brasileira de Circo, rende homenagens aos palhaços, que muitas vezes para atuarem têm de esconder suas próprias dores e angústias.

 

007 - Presidente VICENTE CÂNDIDO

Conduz a entrega de homenagens a palhaços que se sobressaíram no exercício da profissão.

 

008 - NELSON GARCIA

Conhecido como Palhaço Figurinha, agradece a homenagem recitando um poema.

 

009 - BENEDITO SBANO

Conhecido como Palhaço Picoly, agradece a homenagem também recitando um poema.

 

010 - ROGER AVANZI

Conhecido como Palhaço Picolino, agradece a homenagem igualmente com um poema.

 

011 - Presidente VICENTE CÂNDIDO

Expõe as razões que o levaram a requerer a presente sessão. Critica o preconceito com que muitas vezes as Prefeituras vêem o circo em sua cidade. Enaltece as qualidades do circo como empresa familiar. Anuncia a execução de números musicais. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Ubiratan Guimarães para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - UBIRATAN GUIMARÃES - PTB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Gostaria de registrar a presença de algumas personalidades a esta Sessão Solene, bem como a composição desta Mesa. Estão presentes conosco o nobre Deputado Geraldo Lopes, do PMDB, o nobre Deputado Antonio Mentor, que preferiu ficar ali no camarote, os Vereadores Tita Dias, à direita, e Nabil Bonduki. (Palmas.) À minha esquerda, registro com muita alegria, Hugo Possolo, Coordenador Nacional de Circo da Funarte - aliás, não sei que terno ele vestiu primeiro, se o da sessão agora, ou o de depois, da apresentação que fará como artista. Ele vai talvez confundir os papéis - vamos ver como vai dar isso. Presente a Sra. Sayonara Power, Presidente da Associação Brasileira de Circo. Obrigado pela presença. (Palmas.) E os homenageados da noite: Picolino, Figurinha e Picoly. (Palmas.)

Srs. Deputados, senhores organizadores deste evento, assessoria do gabinete, quero aqui agradecer. Esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente Sidney Beraldo, atendendo à solicitação deste Deputado. Quero convidar todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será executado pelo tecladista Milton Lorenzano de Carvalho.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Esta Presidência agradece ao tecladista Milton Lorenzano de Carvalho pela brilhante apresentação.

Quero convidar agora, para fazer uma saudação, ele, que fez questão de estar aqui presente, e que vem ajudando muito na articulação para aprovação do Fundo Estadual de Arte e Cultura, sendo um dos signatários do Fundo, o nobre Deputado Ubiratan Guimarães, para fazer uma saudação da tribuna da Casa a este dia importante na vida da Assembléia Legislativa.

 

O SR. UBIRATAN GUIMARÃES - PTB - Nobre Deputado Vicente Cândido, que requereu esta Sessão Solene, quero cumprimentá-lo pela ousadia, pelo que o senhor fez, por ter convocado esta sessão. Fiquei até agora para lhe dar meus parabéns e dizer da alegria que tenho em poder, hoje, como Deputado Estadual, cumprimentá-los, os senhores e seus antecessores, que nos deram alegria, que me deram alegrias quando pequeno.

Nascido lá em Itaquera, há sessenta e poucos anos, quando não tínhamos televisão nem videogame: chegava um circo àquele bairro e era uma grande alegria. Eu vibrava e vibro até hoje. Quantas e quantas vezes eu os levei ao circo, por respeitar e por admirar o trabalho dos senhores.

Quando o circo chegava, naquela época, nos anos 50, saía pela cidadezinha, pelo bairro, e íamos atrás. Gritávamos: “O palhaço, o que é? é ladrão de mulher!” e a garotada saía correndo atrás. Aquilo era uma novidade durante a semana, durante o mês inteiro. E existiam aquelas lendas: “Para entrar de graça tem que pegar quatro gatos para dar aos leões.” Ficava aquela conversa de criança, mas todos interessados.

Fiz questão de vir aqui para cumprimentar e para agradecer aos senhores pela alegria que deram para mim e para meus amigos naquela infância, que foi feliz. Foi uma infância pobre, sofrida, mas alegre. Cada vez que os senhores chegavam, a alegria chegava junto. Quantos dos nossos companheiros se apaixonavam pela trapezista, que era a mais bonitinha, pela bailarina; o outro queria fugir com o circo. Essa é a verdade.

Parabéns aos senhores e muito obrigado pela alegria que proporcionaram para mim e para meus amigos! Sejam felizes! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Vicente Cândido - PT -- Com Tem a palavra o Deputado Geraldo Lopes. O Deputado Geraldo Lopes é da Bancada do PMDB e tem nos ajudado muito em relação à aprovação do Fundo de Arte e Cultura.

 

O SR. Geraldo Lopes - PMDB - Boa-noite a todos! primeiramente,, quero parabenizar o Deputado Vicente Cândido pela sua bela iniciativa - de: prestar uma homenagem a esstes que muito serviços têm prestado a este país. Com certeza, trazendo alegrias a muitos lares, a muitas crianças e, por que não dizer, também às crianças e aos adultos que estão em um leito de hospital.

Fico até emocionado porque já presenciei esse trabalho de vocês, estsa capacidade que vocês têm de divertir as pessoas e isto é muito importante. Principalmente as crianças, que ficam realmente deslumbradas com as palhaçadas que vocês fazem.

Quero, do fundo do meu coração, agradecer-lhes e desejar que vocês continuem assim, que façam muito sucesso e que continuem nos fazendo dar risadas porque isso é muito importante.

  Continuem fazendo as crianças sorrirem porque o sorriso de uma criança não tem preço.  que pague.Meu abraço a todos vocês! Nobre Deputado Vicente Cândido, parabéns pela sua iniciativa. Muito obrigado! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Vicente Cândido - PT - Obrigado, Deputado Geraldo Lopes. Vamos agora ouvir as palavras do Deputado Antonio Mentor, que também é outro defensor de que o Parlamento produza políticas públicas de cultura.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - Boa-noite a todos. Quero saudar o Deputado Vicente Cândido, que preside esta sessão e que teve a corajosa iniciativa de convoca-la, organizá-la, de convidar a todos e a todas para estarem hoje aqui conosco.

Nos bastidores eu estava conversando com algumas pessoas e me lembrando da infância no interior 4,03O SR. (?)

... há 68 anos. Temos várias atividades. Há um programa, que é o que mais sensibiliza não só a coletividade politécnica, como toda a coletividade, em geral: o nosso programa de bolsa de estudos. Fazemos uma pesquisa, uma entrevista anuais e verificamos quais os alunos que têm dificuldades financeiras. Para esses alunos, distribuímos um salário-mínimo mensal. Hoje, temos 106 bolsistas recebendo essa graça. Conseguimos manter essa bolsa de estudos não somente com a contribuição dos engenheiros politécnicos, como também com a colaboração de empresas de engenharia, dirigidas por politécnicos. Quero lembrar o Del Nero, com sua firma, em Figueiredo Ferraz, que contribui com essa nossa bolsa. Espero, com isso, que eu consiga aumentar a cota dele.

Sempre procedemos a reuniões e homenagens. Fazemos sempre um jantar, para o qual convidamos todos os membros da família politécnica e onde são homenageados, em especial, aqueles que completam 50 anos de formados, 25 anos de formados e 10 anos de formados. Neste anos, faremos este jantar no dia 30 de outubro e um dos homenageados, com 25 anos de formado, é o Presidente da Mesa, Deputado Jardim.

Temos, também, uma homenagem anual ao professor do ano. Pedimos à diretoria de escola que nos envie uma lista tríplice de professores. Depois, nossa diretoria se reúne e escolhe. Neste ano, será homenageado o professor Valter Borzane, de química, formado em 1947. Essa homenagem está marcada na Escola Politécnica para o dia 10 de novembro. Outra reunião que fazemos é uma em que sempre convidamos os alunos recentemente formados, que se graduaram no ano anterior, para que eles saibam da existência da Escola Politécnica, assim que se formam. Ultimamente, temos tido um grande apoio da diretoria da Escola Politécnica, que sempre nas aulas magnas, ou seja, na primeira aula que o “bicho” recebe, temos o direito de alguns minutos para falar para que eles já saibam da existência da nossa associação, para que não aconteça o que, lamentavelmente, aconteceu comigo. Só depois de muitos anos de formado é que fiquei sabendo da existência dessa associação bendita, que eu presido hoje.

Também temos a intenção de valorizar a qualidade de vida e, para isso, organizamos brincadeiras e competições de, por exemplo, futebol, xadrez, rúgbi, realizadas no acampamento dos engenheiros que o Instituto de Engenharia, graciosamente e gentilmente, sempre nos oferece. Inclusive, com a participação entusiasta feminina. Não neste ano, em que houve um temporal terrível, quase ninguém apareceu, mas no ano passado as moças foram e montaram um time de futebol. Faltavam elementos para completar os onze jogadores e me convidaram para jogar no time das moças. Joguei e marquei um gol de pênalti. Jogamos também golfe, organizado pelo colega (Sokano ?). Promovemos também viagens e visitas técnicas para expansão e conhecimento pessoal e técnico dos nossos colegas.

No ano passado, organizamos um projeto inédito, a (EP Polivapcom?), com o patrocínio de mais uma empresa dirigida por politécnicos. Conseguimos realizar esse projeto mapcon, que é pioneiro no seio universitário. Através de entrevistas e questionários, descobrimos o potencial de cada aluno, as suas qualidades interiores, dando a ele uma chance de melhorar a gestão da sua carreira. Também cria vantagens para a própria

do Estado de São Paulo, da alegria que tomava conta de todos nós ainda muito jovens, quando sabíamos que chegaria à cidade um circo. Promotores da alegria, da felicidade que, afinal é a meta de todo ser humano. Os circos, com todos os seus artistas, alavancam, distribuem e irradiam essa alegria.

Quero recordar aqui algumas passagens que vivi pessoalmente me encarregando de levar meus filhos aos circos. Quando eu morava aqui em São Paulo, a TV Bandeirantes promovia aos domingos de manhã o Circo do Arrelia, e tive oportunidade de levar meus filhos quase todos os domingos pela manhã para assistirem às sessões do Arrelia e do Pimentinha, dois palhaços que marcaram a história da cultura circense no Estado de São Paulo e no Brasil.

Fiquei tomado de uma emoção, de uma felicidade muito grande quando tive oportunidade de saudar, de cumprimentar Picolino, Picoly e Figurinha. Na verdade, são três figurinhas da maior importância que marcaram também época na história do nosso país, da alegria, da felicidade do nosso país.

O Deputado Vicente Cândido, que desde o início do seu mandato vem se empenhando pela aprovação do Fundo de Cultura no Estado de São Paulo, que transferiu essa responsabilidade para todos nós, Deputados e Deputadas desta Casa, partiu da sua iniciativa, que hoje conta com apoio de mais de setenta deputados desta Casa; mas falta convencer uma pessoa, falta convencer o Governador Geraldo Alckmin da importância, da necessidade de se investir, de destinar recursos à promoção cultural no Estado de São Paulo. Que esse ato sirva também para que o governador conheça com um pouco mais de profundidade e dê um pouco mais de atenção e carinho para essa atividade tão importante na formação dos homens e mulheres do Estado de São Paulo e do País.

Parabéns, Deputado Vicente Cândido, e parabéns a todos os artistas do circo do Estado de São Paulo e do Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Obrigado, nobre Deputado Antonio Mentor.

Os Vereadores Tita Dias e Nabil Bonduki não fazem questão de usar a palavra, vieram aqui apenas prestigiar. Eles não foram reeleitos, mas são lutadores em defesa da cultura, da cidadania e agradecemos muito pelas presenças.

Vou passar a palavra agora ao nosso companheiro Hugo, Coordenador Nacional de Circo da Funarte. Eu sempre o admirei muito como ator, já assisti algumas peças suas. Depois que você fez algumas apresentações e a organização que você está fazendo no Ministério da Cultura, estou em dúvida se o admiro mais como ator ou como político.

Mas, como as duas funções são hoje indissociáveis, perguntei ao Mentor: como foi a sessão da tarde convocada pelo Presidente? Ele disse : “Foi uma palhaçada”. Então estamos todos no mesmo barco.

 

O SR. HUGO POSSOLO - Falando aqui hoje, ocupando este espaço público gostaria de falar sobre emoção. Não queria simplesmente agradecer de maneira formal ao Deputado Vicente Cândido pela idéia e empenho em realizar esta sessão solene, a todos os Deputados, Vereadores, à Presidente da ABRACIRCO, e ser somente formal nesse agradecimento.

Porque eu acho que o circo é emoção e o palhaço é a imagem dessa emoção. O palhaço é aquele que acaba simbolizando de uma maneira ou de outra, seja no cartaz, na apresentação ou na propaganda a própria imagem do circo. E para falar de emoção, quero falar de duas absolutamente particulares que para mim significaram muito.

Uma delas foi quando a gente estava produzindo um CD em homenagem ao circo, chamado CD de circo, que os Parlapatões fizeram tempos atrás com uma série de convidados, e que foi o dia em que no estúdio o mestre Roger Avanzi entrou para cantar uma música e começou a falar da partitura, da sua experiência musical, de toda a trajetória. Hoje, felizmente, temos um livro registrado por ele e pela Verônica.

Mas o mais significante foi o momento em que ele, Rogê, lembrou que tocava aquela música. Nunca falei isso para ele e acho que esta é uma ótima oportunidade para dizer quanto esse mestre foi fundo no meu coração, justificando minha paixão pelo circo.

Há um outro momento muito importante. Quando fazíamos a biografia dos palhaços Figurinha, Picoly e Picolino, os Parlapatões tiveram oportunidade de fazer uma homenagem no final do espetáculo, com a presença de sua neta e de toda sua família num abraço, numa grande emoção. Nunca pude lhes dizer o quanto a figura do Piolim é importante para a cidade de São Paulo. É muito emocionante saber que hoje o circo está ocupando cada vez mais espaço.

Agradeço as palavras do Vicente sobre a luta política, mas não é resultado individual. Sinto-me honrado de fazer isso. Foi a classe circense, a luta de cada um que tornou possível ao circo ocupar espaço hoje, seja no Ministério da Cultura, seja aqui na Assembléia.

muito mais a fazer. É importantíssimo sensibilizar o Governador Geraldo Alckmin para a criação do Fundo de Cultura. Isso pode mudar significativamente o panorama. É muito importante estarmos aqui na Assembléia. Através dos Deputados poderemos abrir a mentalidade das cidades para receber bem o circo. Assim, esse símbolo do circo, o palhaço, vai poder ter seu espaço cada vez mais dignificado.

Viva o circo brasileiro! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Passo a palavra à Sra. Sayonara Power, Presidente da ABRACIRCO, Associação Brasileira de Circo, a quem agradecemos pela organização deste evento e pela presença.

 

A SRA. SAYONARA POWER - A emoção toma conta dos corações de todos nós que estamos presentes, pelo nosso futuro, pelo nosso passado e por todas as nossas esperanças.

Como Presidente da ABRACIRCO, estou muito emocionada. Quero homenagear todos os palhaços deste mundo. Sabemos que existe toda uma transformação para o palhaço, mas não estou me referindo a uma transformação de roupas, acessórios, maquiagem. Estou me referindo a uma transformação divina, digna do palhaço, que muitas vezes esconde sua própria dor, suas angústias. Mas é tudo tão mágico, tão divino que, quando o palhaço entra em cena, contagia a platéia, invade o lar de cada um, independentemente da cultura do país. O palhaço faz parte da história da humanidade.

Uma criança deixa de ser criança, um palhaço nunca vai deixar de ser palhaço. Prova disso são os nossos homenageados, que merecem todo o respeito, todo o carinho de todos nós. Independentemente de circo ou de espetáculo circense, onde quer que esteja, ali tem de estar a figura do palhaço.

Obrigada pelos momentos de alegria que vocês nos dão. Obrigada pela felicidade que vocês levaram aos quatro cantos do mundo. Senhoras e senhores, respeitável público, aplausos aos palhaços. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Quero fazer um agradecimento especial aos trabalhadores da TV Assembléia não só por filmar este ato, mas pelo espaço aberto à cultura nesta Casa.

Passaremos à homenagem aos convidados da noite, lembrando que teremos apresentações de vários artistas importantes: Parlapatões, Patifes e Paspalhões, Jogando no Quintal, Lá Mínima e os Palhaços Pingolé, Bicanca, Tonelada, Mexerica, Beijinho e Bossa Nova. O primeiro homenageado da noite é o Palhaço Figurinha. Peço ao Hugo Possolo que faça a entrega de um buquê de flores ao Palhaço Figurinha. (Palmas.)

 

 * * *

 

- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

 * * *

 

O SR. PALHAÇO FIGURINHA - “O circo estava repleto. O que havia de seleto da vila se via. O bilheteiro contente, alegre, sorridente, ao povo todo atendia. E o sino, com voz sonora, toca sem demora, toca pedindo atenção. E os assistentes contentes, nos assentos se endireitam para assistirem à função. Mal a música rompia, o palhaço recebia um telegrama cruel. Leu o lacônico papel, que assim dizia mui simplesmente: ontem morreu, de repente, a nossa mãe. Deus para si chamou. E os seus olhos o pranto inundou. E o povo, de espaço a espaço, gritava: cena, cena, o palhaço, venha ele pandegar. E o pobre salta de seu canto e entra na arena a trabalhar. Mal para dentro ele entrava, de novo o pobre chorava sem poder se consolar. Mãe, pobre velhinha, vê que triste sina é a minha, nem por ti posso chorar. Deu graças a Deus, por fim, quando acabado o festim, pôde no seu quarto entrar. E ali naquela câmara escura, maldizendo a sua desventura, pôde, à vontade, o palhaço chorar.” (Palmas.)

O negócio é o seguinte, dos três, sou o mais velho. Já vou fazer oitenta e quatro anos. Mas não faz mal não, vamos chegar lá um dia. Muito obrigado meus amigos, fiquem com Deus que eu vou com Ele também.

Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Agora vamos chamar o palhaço Picoly, que será homenageado pela Sra. Sayonara Power. (Palmas.)

 

* * *

 

-         É feita a homenagem. (Palmas.)

 

* * *

 

O SR. PALHAÇO PICOLY - Boa-noite a todos. Antes de mais nada, quero dizer muito obrigado ao Digníssimo Deputado Vicente Cândido, o idealizador deste feito memorável. É sempre muito bom a gente ser lembrado de vez em quando. Obrigado ao Alessandro e Juliana que me chamaram, obrigado aos senhores que vieram abrilhantar a festa com suas presenças e um obrigado muito especial a Deus, que fez de mim um palhaço. Se eu tivesse que recomeçar tudo, seria novamente o Picoly.

Agora queria dizer aos senhores, eu e o Figurinha não combinamos. Foi uma surpresa para mim ele falar aquela poesia, porque também já tinha programado uma. Gostaria até de dizer esta poesia, que a digo sempre em momentos oportunos como este. Queria oferecer esta poesia a todos os senhores e em especial aos palhaços que aqui estão maquiados ou não, viu Chuchu? (Palmas.)

Esta poesia intitula-se “O Tédio”. Lamentavelmente não sei o nome do autor. Mas é muito bonita. É simplesmente a estória de um doente que vai ao médico:

“Veio o doutor fazer-me uma consulta.

A doença que me punge a alma e esteriliza a mocidade e o espírito

Resulta de uma chaga que nunca cicatriza,

Sendo embora comum a toda gente,

De que sofro essa atroz hipocondria?

Tanto me torna, doutor, pensativo, doente,

Que eu já não sei o que é paz nem alegria.

Sendo o mais sábio clínico do mundo,

Sois também um filósofo notável.

Do peito humano, auscultador profundo,

Curareis, doutor, curareis este mal inexorável

Que me esmaga o organismo fibra a fibra,

Que me levou o cérebro e o condensa.

Tenho um coração que já não vibra,

Suporto uma cabeça que não pensa.

Refletindo, responde o médico ao paciente:

O amigo tem razão, padece realmente.

Contudo, a enfermidade, o morbis que o devora

É um produto fatal do século de agora.

Uma emoção vibrante, um abalo violento, pode curá-lo.

Creia! Apenas num momento.

Diga-me, alguma vez amou?

Nunca em seu peito estrugiu das paixões o temporal desfeito,

Como as vagas do mar que se agitam em capela

Ao soturno rumor do vento e da procela?

Nunca, bem junto ao seio que de dores se junca,

Bateu um coração apaixonado?

Nunca doutor.

Meu amigo, procure então agitação constante,

Um prazer esquisito, um gozo permutante.

Diga-me: Já visitou a Grécia, o Oriente a Terra Santa?

Os sítios onde tudo fala e tudo canta?

As glórias de uma idade imorredoura e eterna,

Que amesquinha e vislumbra a geração moderna?

Em híbridos festins passei a mocidade,

Percorri viajando o mundo e a humanidade, como o judeu da lenda,

E entre mulheres tontas, cujos lábios beijei em bacanais e bodas,

Mulher nenhuma vi sobre a terra tamanha,

Que para mim não fosse uma visão estranha.

Como parti, voltei,

Sem achar lenitivo, doutor, para este mal que assim me traz cativo.

Espera, o circo. Sim, o circo.

Freqüente o circo amigo.

Talvez que a figura brejeira do famoso Arlequim,

Que desta cidade inteira palmas e aclamações constantemente arranca,

Lhe possa restituir a gargalhada franca.

Vejo agora, doutor, que o meu caso é perdido.

O truão de quem falas, o palhaço querido

Que anda no Coliseu afora, assim tão aclamado,

Que tem um riso de morte, um riso mascarado

E que encobre a dor do tédio e do cansaço,

Sou eu doutor,

Sou eu este palhaço.” (Palmas.)

 

* * *

 

-         É entoada uma marcha circense.

 

* * *

 

O SR. PALHAÇO PICOLY - Respeitável público, muito boa-noite. Hoje tem marmelada? Hoje tem goiabada? Olha a moça com sua cara de panela. Eu sou o Palhaço Picoly, que quando não está lá, está aqui. (Palmas.)

Obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Agora o nosso último homenageado da noite, o Palhaço Picolino, que será homenageado pela Vereadora Tita Dias.

 

* * *

 

-         É feita a homenagem. (Palmas.)

 

* * *

 

O SR. PALHAÇO PICOLINO - Deputado Vicente Cândido, que idéia maravilhosa a sua! Tomara que futuramente isso se renove e renove, e torne a renovar muitas e muitas vezes porque o circo precisa.

Aproveito a oportunidade para agradecer a esta Casa. Quero cumprimentar meus irmãos presentes e irmãos ausentes, os meus colegas de rádio-amadorismo e agradecer as palavras do Hugo, eu não conhecia mesmo isso que você contou. Foi quando cantei aquela musiquinha no seu CD. Vivemos de lembranças em lembranças.

Muito bem, não quero me estender, absolutamente, mas meus colegas fizeram coisas tão bonitas! O Figurinha, que coisa linda que ele falou! O Picoly é a minha metade. Ele contou essa poesia do tédio. Não tem coisa mais linda. Vou aproveitar e falar a minha também. (Palmas.) Obrigado.

Muitos que estão aí já conhecem, porque, de vez em quando, gosto de falar essa poesia pequenininha. Mas como é sobre palhaço, nada melhor do que agora. Quem já ouviu e quem conhece, vai ouvir de novo. Falo sobre o outro lado do palhaço.

“Quero explicar a vocês o que é ser um palhaço.

O que é ser o que sou e fazer isso que eu faço.

Ser palhaço é saber transmitir alegria, bom humor

E, com esforço, contentar o público expectador.

Muita gente diz: ‘palhaço!’, quando quer xingar alguém.

Pronunciam esse nome com escárnio e desdém.

E, ao ouvir essa palavra, outros sentem até pavor,

Como se palhaço fosse uma criatura inferior.

Mas fiquem certos de que para ser um bom palhaço

É preciso ter alma forte e também nervos de aço.

Além de tudo, é preciso ter um grande coração

Para ter isto que eu sinto: um grande amor à profissão.

O palhaço, meus amigos, também tem as suas noites de vigília,

Pois, na sua barraca modesta, ele tem a sua família.

E o palhaço, meu amigo, não é nenhum repelente,

Palhaço não é bicho, palhaço também é gente.

Digo isto em meu nome e em nome de outros palhaços

Que muitas vezes trabalham com a alma em pedaços

E, curtindo suas dores, procuram dar alegria

Para esse povo que traz o seu pão de cada dia.

Ser palhaço é saber disfarçar a própria dor,

É saber sempre esconder que também é sofredor.

Porque se o palhaço está sofrendo ninguém deve perceber,

Pois o palhaço nem tem o direito de sofrer!” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Quero corrigir uma injustiça cometida no panfleto que chamou o evento. Na comissão organizadora, está faltando Camilo Torres, que se empenhou e trabalhou. Quero agradecer ao Camilo pela participação neste evento. O Camilo, que esteve aqui várias vezes durante os atos em defesa do Fundo Estadual de Cultura, foi animador aqui de vários eventos. Obrigado.

Antes de passar às apresentações, gostaria também de externar um pouco do meu sentimento nesta noite. Primeiro, agradecer a todos os que se envolveram, que vieram, que acreditaram, que organizaram este evento, e dizer às senhoras e aos senhores que, nesta Casa, é a segunda homenagem que é feita no meu mandato.

A primeira foi no dia que homenageamos aqui o Samba da Vela, que tem como madrinha a Beth Carvalho. Estavam aqui inclusive alguns organizadores desse evento. Lembro-me da Marlene e do Vladimir. Foi naquele dia que decidimos fazer este evento. Foi lembrado que o dia 10 é o Dia Internacional do Palhaço, e por que não também fazer esta justa homenagem.

Durante seis anos como Vereador na Câmara de São Paulo, lembro de ter feito uma única homenagem, porque sou muito criterioso nessas homenagens. Não que o Parlamento não deva abrir as suas portas, a sua tribuna, o plenário como este que, às vezes, é olhado com muita distância do povo brasileiro e paulista.

Mas acho que o Parlamento tem que cumprir primeiro a sua função precípua, que é produzir políticas públicas, principalmente para aqueles que são alijados nos orçamentos públicos e nas políticas públicas do Poder público. Então, escolho muito, a dedo, as homenagens. Aquele dia em que transformamos este plenário num verdadeiro galpão do samba do Brasil também foi muito marcante para nós.

Um dia, fizemos um ato no saguão da Câmara Municipal - os Vereadores Nabil e Tita ainda não tinham mandato, foi no primeiro mandato de 1997 a 2000, fizemos dez horas de “hip hop”. Para mim, foi um dia que marcou muito a minha vida parlamentar, porque o fato de a galera do “hip hop” ir lá ocupar aquele espaço, que às vezes nunca tinha sido lembrado para sequer aparecer por ali em alguma sessão ou a algum evento da Câmara Municipal, foi o ato mais elevado da cidadania para essa galera, que sabemos o quanto é excluída das políticas públicas do Brasil.

O fato, Hugo, de trazer aqui, hoje, três pessoas, que, em nome de todos os palhaços do Brasil, estão sendo aqui homenageados, é também não só abrir as portas e a tribuna do Parlamento para lembrar que a cultura existe e é importante na vida de um povo, na sua imaginação, na construção de um projeto de nação, mas também é do Parlamento reconhecer o quanto é dura a vida do artista brasileiro. Se a vida do artista brasileiro é dura, imaginem a dos trabalhadores do circo, imaginem a do palhaço.

Já ouvi um relato, na Funarte - e, na oportunidade, estávamos debatendo esta questão no dia em que esteve aqui toda a equipe do Ministério, você foi lá apresentar o Programa Nacional do Circo, organizado por você, e ouvimos, em vários momentos, o quanto há de preconceito e rejeição ao receber um circo nas cidades do Brasil. Infelizmente, há esse preconceito.

Então, estamos aqui iniciando um processo para que vocês, através da ABRACIRCO, hoje do Governo, representado aqui pelo Hugo, possam de dizer, principalmente para os 5.505 prefeitos do Brasil, que ao passar um circo pela sua cidade, ou ao ser abordado por algum organizador do circo, abra as portas, estenda o tapete vermelho, que ali está chegando a alegria, está chegando a empresa familiar, está chegando a microempresa, estão chegando aqueles que nunca tiveram na História do Brasil um tostão sequer do dinheiro público para produzir cultura, estão chegando artes cênicas e todas as modalidades culturais dentro do circo.

Aliás, se quiserem aprender negócios, assistam ao circo. Fico admirado como alguém que doma o leão e o elefante fica na porta vendendo pipoca, refrigerante, ou na bilheteria; é uma verdadeira escola de produção da atividade econômica. Todas as vezes que vou ao circo fico prestando atenção em o quanto é flexível, o quanto é ágil, o quanto produz uma empresa familiar. Uma empresa sem proteção, que está ao verdadeiro relento, que às vezes tem que pagar taxas caras.

Houve um caso em um circo, em São Bernardo de Campo - está aqui o dono do circo, Sr. Toninho, o pai do Márcio, que, há três ou quatro meses enfrentou uma verdadeira guerra para se instalar nessa cidade. Ele precisou entrar na Justiça para garantir uma liminar, por falta de reconhecimento, de preconceito ou de interesses às vezes escusos de não permitir entrar ali uma empresa que está gerando emprego, que está dando alimentação para várias famílias.

Isso, que foi aqui relatado pelos palhaços, eu lembrei, hoje, na entrevista que eu estava dando para a TV Assembléia. Acordar um médico, que acho que é uma profissão também sagrada, que também precisa de muito dom para operar ou atender alguém que esteja precisando ser assistido de madrugada, o máximo que pode acontecer é ele ir de mau-humor. Mas para receber um telegrama da morte da mãe, levar o filho para o hospital, levar a esposa ou o esposo para o hospital, deixar alguém doente em casa e ir lá alegrar o outro é preciso uma técnica imensurável.

Então, acho que o Parlamento abrir as portas para reconhecer o “Dia do Palhaço”, a importância da cultura brasileira, a importância do circo, fazer essa campanha de sensibilização, de que ao chegar o circo a minha cidade se estenda o tapete vermelho, porque ali está chegando a família brasileira, representada com a maior dignidade.

Muito obrigado, até a próxima com muitas vitórias e muita alegria aqui neste palco que hoje se transforma num grande circo do Brasil, do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Vamos assistir agora aos Parlapatões, Patifes e Paspalhões; Jogando no Quintal; Lá Mínima; e os palhaços Pingolé, Bicanca, Tonelada, Mexerica, Beijinho e Bossa-Nova.

 

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-         São feitas as apresentações dos números musicais. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - VICENTE CÂNDIDO - PT - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades aqui presentes, participantes, militantes, ativistas, iluminadores da cultura. Agradecemos especialmente aos funcionários da Casa, em nome da Dona Yeda, pela paciência e apoio, e também aos policiais. Muito obrigado.

Espero aqui uma próxima oportunidade de poder alegrar mais uma vez o plenário desta Casa, os Deputados, os funcionários, os assessores. Que possamos a partir daqui produzir com muita alegria, com muito profissionalismo, como vocês trabalharam aqui hoje, as políticas que o Estado e a cidade esperam de nós.

Obrigado. Parabéns a vocês! Muito bonita esta festa!

 

O SR. PALHAÇO - Respeitável público, senhoras e senhores, vamos dançar, vamos nos abraçar!

 

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-         É apresentado um número musical. (Palmas.)

 

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-         Encerra-se a sessão às 22 horas e 41 minutos.

 

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