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28 DE NOVEMBRO DE 2005

65ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO”

 

Presidência: ANA MARTINS e SAID MOURAD

 

Secretário: SAID MOURAD

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 28/11/2005 - Sessão 65ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: ANA MARTINS/SAID MOURAD

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO"

001 - ANA MARTINS

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido da Deputada ora conduzindo os trabalhos e o Deputado Said Mourad, com a finalidade de comemorar o "Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino". Convida todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional. É feito um minuto de silêncio em memória do Presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat.

 

002 - SAID MOURAD

Assume a Presidência.

 

003 - JAMIL MURAD

Deputado Federal, fala que esta é uma data símbolo de solidariedade ao povo palestino para que ele conquiste a sua pátria e a tão necessária paz para se desenvolver, e para que suas famílias possam viver com dignidade.

 

004 - PEDRO TOBIAS

Deputado Estadual, discorre sobre a atual situação dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e que não haverá paz verdadeira sem sacrifício.

 

005 - SOCORRO GOMES

Deputada Federal e Presidente do Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, tece considerações sobre esta homenagem pela admiração e respeito do povo brasileiro, de solidariedade e apoio à luta do povo palestino.

 

006 - PAULO TEIXEIRA

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, declara seu apoio à causa palestina.

 

007 - SAMIR EL HAYED

Diretor do Instituto Educacional Avicena, diz que a luta do povo palestino é o exemplo maior para que todos os povos sigam o mesmo caminho: lutem por liberdade.

 

008 - MOHAMAD SAMI EL KADRI

Presidente da Associação Islâmica de São Paulo, lembra que o povo palestino simboliza, hoje, a resistência da humanidade contra a intolerância.

 

009 - MANOEL ALENCAR

Representante da Executiva Municipal do PSOL de Guarulhos, fala que a resistência do povo palestino é gloriosa acima de tudo porque uma resistência contra o imperialismo e contra as nações que historicamente oprimiram a humanidade.

 

010 - AHMAD ALI SAIFI

Presidente do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina, discorre sobre os problemas dos palestinos que vivem em Israel sem direito de trabalhar, a tirar documento, de estudar, e que vivem abaixo da linha de pobreza.

 

011 - FARID SAWAN

Presidente da Confederação Palestina do Brasil, agradece a todo povo e ao governo brasileiro pelo apoio à causa palestina e à luta do povo palestino.

 

012 - Presidente SAID MOURAD

Comunica a realização da Semana do Povo Árabe, em Guarulhos, de 15 a 20/12. Destaca a legitimidade da causa palestina e tece elogios a abertura da Faixa de Gaza. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Said Mourad para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - SAID MOURAD - PSC - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Para comemorarmos o Dia de Solidariedade Internacional ao Povo Palestino, compondo a Mesa Diretora dos trabalhos quero destacar a presença da Sra. Socorro Gomes, Deputada Federal do PCdoB pelo Pará e Presidente do Cebrapaz, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz; Jamil Murad, Deputado Federal do PCdoB pelo Estado de São Paulo; Dr. Farid Sawan, Presidente da Confederação Palestina do Brasil; Yahya Al Nahlawi, vice-Cônsul da República Árabe da Síria, representando o Cônsul Geral Ghazzi Dib;

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Rodrigo Garcia, atendendo solicitação do nobre Deputado Said Mourad e desta Deputada, com a finalidade de comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É entoado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Convido todos para, em pé, fazermos um minuto de silêncio em memória do Presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat.

 

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- É feito um minuto de silêncio.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Muito obrigada. (Palmas.) Passarei agora a Presidência ao nobre Deputado Said Mourad. Antes, porém, gostaria de deixar simbolicamente esta lembrança que nos trouxeram, que tem a música “Menina da Palestina”; que os demais membros da Mesa também receberam.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Said Mourad.

 

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O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Boa noite a todos, sejam bem-vindos. Esta Presidência concede a palavra ao nosso grande amigo, nosso colega Deputado Jamil Murad.

 

O SR. JAMIL MURAD - PCdoB - Queria neste momento tão importante parabenizar os Presidentes desta sessão, Said Mourad e Ana Martins, por esta tão significativa e indispensável sessão solene em solidariedade e apoio ao povo palestino.

Gostaria de cumprimentar minha colega, Deputada Socorro Gomes, que além de Deputada federal é Presidente do Cebrapaz; o vice-Cônsul da Síria; o Presidente da Confederação Palestina, Dr. Farid; todas as demais autoridades e os senhores do plenário, que também são autoridades.

Hoje, esta sessão solene faz parte de uma resistência que começou o povo palestino contra a expropriação do seu território, contra a sua expulsão de seu território, pela paz e pelo direito de ter uma pátria. Hoje é um dia de solidariedade e de apoio a essa luta. E essa resistência, essa luta heróica do povo palestino se estendeu por uma decisão da ONU para todos os povos do mundo. Esta é uma data símbolo de solidariedade ao povo palestino para que ele conquiste a sua pátria e a tão necessária paz para se desenvolver, e para que suas famílias possam viver com dignidade.

É importante registrar nesse momento que, graças à luta do povo palestino, à sua resistência heróica, a seus líderes, como ao grande Presidente, Yasser Arafat; como a outro líder, Ahmad Yassin, assassinado, e a líderes de outras organizações de resistência palestina, é necessário assinalar que, por mais dolorosa e difícil que tenha sido essa luta até hoje, e que continua sendo, o povo palestino tem arrancado importantes vitórias.

É a primeira vez que fazemos esta Sessão Solene, expulsando o ocupante da Faixa de Gaza. É lógico que poderia imaginar que ainda é pouco porque a Cisjordânia está ocupada, Jerusalém está ocupado. Existe o muro, que é o muro da vergonha. Existem os refugiados que estão fora do território da Palestina. Mas é importante registrar que, em janeiro de 1988, tive a oportunidade de participar, durante vinte dias, da primeira Intifada. A bandeira palestina era proibida, e se um estudante, um aluno ou um cidadão pegasse lápis de cor e desenhasse as cores da bandeira palestina, era preso. Eram massacres, as crianças tinham seus braços quebrados. Isso há pouco tempo, em 1988.

Graças à luta do povo palestino, voltou para o Presidente Yasser Arafat. O povo palestino realizou eleições em janeiro, da qual participamos. Hoje, graças à luta do povo, desocupou Gaza. Vocês viram a resistência contra a desocupação: setores da sociedade israelense não queriam que Gaza fosse desocupada, considerando que aquilo lhes pertencia. Mas ficava impossível ocupar Gaza, como será impossível ocupar a Cisjordânia, Jerusalém, Golan.

Portanto, não existe o presidente eleito da Palestina hoje, em Ramallah, como Brasil tem uma Embaixada em Ramallah. É outra conquista que não dependeu apenas da luta do povo palestino, mas também da luta do povo brasileiro, que conquistou espaços para garantir essa representação. O governo brasileiro tomou a decisão de ter essa representação.

Em outras palavras, amigos, eu quero passar uma idéia. Eu sou otimista porque aqueles que lutam pela paz, e se apóiam na luta de um povo heróico como o povo palestino que, politicamente, procuram se entrelaçar de maneira fraternal com o povo brasileiro e outros povos do mundo para que esses povos também, pela sua voz e pela sua luta apóiem essa luta justa, terão um futuro será vitorioso, não tenho dúvida. Mais de 50 anos de ocupação, sofrimento e guerra também frutificam uma sociedade democrática e organizada, criam uma nova civilização. E olha que os palestinos hoje lutam num período difícil, porque o aliado maior de Israel são os EUA, que ocupam Iraque. Então como é que eles falam “Israel, desocupa a Palestina”? Israel: “Mas vocês estão ocupando Iraque! Respeitem os direitos humanos dos palestinos!” Eles podem voltar para os EUA e falar: “O que vocês estão fazendo em termos de direitos humanos com o povo iraquiano?”

Quero saudar o meu amigo Deputado Pedro Tobias, aqui presente.

Estamos vivendo um período difícil da humanidade. É racismo, é violência, é obscurantismo. O que eu queria dizer, nesse momento de solidariedade ao povo palestino, é que a vitória é certa. O povo palestino é ereto, tem a cabeça erguida, fraterno, consciente, e tem organizações políticas importantes como a ILP e outras organizações. Tem conquistado, passo a passo, vitórias importantes, tem obtido solidariedade, e a causa dos ocupantes é indefensável.

Nesse dia de solidariedade ao povo palestino, eu queria conclamar para que o povo brasileiro, com suas apresentações políticas, suas lideranças populares, continue dando apoio a esse heróico povo, de tal forma que um dia, o mais rápido possível, possamos comemorar uma Palestina liberta.

uma semana, estive na Síria. Fomos às Colinas de Golan, que foram retomadas pela luta também, embora dois terços das Colinas estejam ocupadas. Essa área reconquistada pela Síria tinha destruição de hospital, de igreja e de residências. Tudo no chão. Eles mantiveram aquilo destruído para mostrar a ferocidade do ocupante. Não é que nós temos de acreditar no bom-senso do ocupante. Temos de acreditar na luta e na solidariedade dos povos. Assim, certamente vai prevalecer o espírito de paz e de autodeterminação do povo palestino com a sua pátria.

Esse é o nosso compromisso. O meu partido, PCdoB, está comprometido com essa causa em todas essas décadas. A causa da humanidade e do povo palestino é uma causa nossa, de todos os homens e mulheres de boa-vontade, não do Brasil como do mundo todo, e por isso será vitoriosa. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - É um prazer dividir a Presidência desta sessão solene com a Deputada Ana Martins.

Temos entre nós o grande amigo Deputado Pedro Tobias, a quem convido para dar sua mensagem de solidariedade ao povo palestino e à paz mundial.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Boa noite a todos. Em nome do Presidente Said Mourad cumprimento a Mesa. Ouvi o pronunciamento do Deputado Jamil Murad. Acho que Brasília amansa os Deputados, por isso não quero ir para Brasília.

Há pessoas ligadas a Israel, mas que defendem a causa palestina. Isso é bom. Muitas vezes quando falamos em atrocidade, jogam-se todos os judeus no mar. O Deputado Jamil Murad falou sobre desocupar Gaza. Acho isso uma piada. Até ontem só liberavam a fronteira com o Egito por duas horas. Isso não é liberação. A fronteira com o Egito está fechada, não se pode ir e vir. Imaginem na Cisjordânia. Acho que a ocupação ainda existe. Infelizmente o país árabe está passando por uma fase péssima, pior agora com a ocupação do Iraque.

A imprensa ocidental, inclusive a brasileira, chama de terrorista aquele que no Iraque, num ato de coragem, carrega uma bomba junto do seu corpo e se mata em nome de uma causa. Eu não o chamo de terrorista. Há alguma coisa maior. Hoje tanto os americanos quanto o exército de Israel são os melhores do mundo. Um jovem, uma mulher, um homem que carrega no seu corpo uma bomba para se matar não é terrorista. Se isso for terrorismo, toda a resistência francesa foi terrorista, da mesma forma a resistência russa. Infelizmente hoje somos o lado fraco. A liberdade e a independência nunca foram dadas em negociação na ONU. Quando o exército da Síria estava no Líbano, a ONU foi corajosa, firme contra a Síria, mas quando é Israel, fecha os olhos.

Nasci no Líbano, saí jovem de lá, fui para a França. Tenho muito orgulho dos nossos companheiros no Líbano. Israel saiu do Líbano não porque queria. Havia atentados todos os dias. Vejo as coisas com pessimismo. Não vejo otimismo na nossa região, tanto na Palestina, no Iraque, no Líbano, na Síria. Falta pouco para invadirem a Síria. A nossa situação é péssima. Precisamos lutar e luta não significa só discurso. Muitas pessoas estão morrendo de graça. Na Palestina as pessoas jogam pedra e do outro lado há metralhadoras, aviões, mísseis. Deveríamos ser exemplo para todos os países árabes. Poucos governantes queriam mobilizar a população. A preocupação de cada governo é ficar no poder. Espero que essa luta continue. O mais bem cotado para as eleições legislativas está preso. A luta precisa continuar. Só na ONU não vamos liberar nada. A Faixa de Gaza não está liberada, a Cisjordânia está pior ainda. Nem na 2a Guerra Mundial vi alguém fazer um ato de heroísmo destruindo casas, bloqueando cidades. Infelizmente, para a imprensa mundial, somos extremistas. Somos o lado fraco, estamos na defesa.

Sou médico, profissão que salva vidas, espero que ninguém morra, mas muitas vezes a situação é tão caótica que só salvar vidas não resolve. Nunca houve paz verdadeira. Sempre houve resistência, sacrifícios. Vamos sacrificar muitas pessoas até alcançarmos o direito de ir e vir como todos os cidadãos do mundo. Até na Palestina pessoas de origem árabe são tratadas como gente de segunda classe, não têm liberdade e direitos como qualquer cidadão. Estou muito pessimista sobre a nossa atual situação.

O problema não é só da Palestina, é também do Iraque, do Irã. Israel tem centenas de bombas atômicas e ninguém fala nada. Irã também quer bombas atômicas e o mundo inteiro é contra. São dois pesos, duas medidas. Um pode, o outro não pode. Não sei onde vamos chegar. E os nossos jovens heróis estão sacrificando suas vidas. É a única saída. Fora isso é só discurso, é só blábláblá. Queríamos que Israel fosse igual à Síria na ONU. França, Alemanha, todos entraram na ONU contra a Síria. Deram prazo, senão bloqueariam. Com Israel isso não acontece. Hoje é Israel e Estados Unidos. Espero que um dia surja uma superpotência como a União Soviética, quem sabe a China, para podermos equilibrar as forças internacionais. O povo palestino é oprimido no mundo inteiro. Esse é meu recado. Não há paz verdadeira sem sacrifício. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Agradeço as palavras sábias do meu colega Deputado Pedro Tobias, que inclusive comentou a grande diferença que existe entre heroísmo e terrorismo.

Antes de convidar o próximo orador, esta Presidência quer anunciar mais algumas autoridades presentes: Sr. Paulo Teixeira, Vereador do PT na Câmara Municipal de São Paulo; Sr. Ahmad Dib Yassin, Presidente da Liga Cultural Árabe Brasileira; Sr. Samir El Hayek, Diretor do Instituto Educacional Avicena, da Escola de Enfermagem Avicena; Sr. Riao Arabi, Presidente da Associação Recreativa Islâmica de São Miguel Paulista; Dr. Eduardo Elias, Presidente da Federação de Entidades Árabes de São Paulo; Sr. Samer Farhoun, Presidente do Clube Marjayoun; Sr. Mohamad Al Kaddah, Diretor do Centro Cultural Árabe-Sírio no Brasil; Sr. Ahimad Ali Saifi, Presidente do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina; Sr. Mohamad Sami El Kadri, Associação Islâmica de São Paulo, Região Norte; Professor Lejeune Mato Grosso de Carvalho, sociólogo e vice-Presidente do Sinsesp - Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo; Sra. Raya Mourad, Presidente da Associação Liga das Senhoras Muçulmanas para o Centro Cultural Árabe Islâmico do Brasil; Sr. Kaledel Toom, Presidente da Sociedade Palestina Brasileira; Sr. Henrique Ollitta, representando a corrente “O Trabalho” do PT, seção brasileira da IV Internacional; Sr. Ibrahim Ahmad Hammoud, Diretor da Ujaal, União da Juventude Árabe para América Latina; Padre Ibrahim Mansur, representando o Arcebispo Dom Damaskinus Mansur, que está em Brasília, junto com o nosso Embaixador da Palestina, que está sendo homenageado com um jantar. É a despedida do nosso Embaixador Odeh Musa, o decano de todos os embaixadores árabes no Brasil. Sentiremos muito sua falta no Brasil.

Srs. Imad Monzer e Munir Karame, representantes do Lar Druzo Brasileiro; José Reinaldo Carvalho, representando o PCdoB; Sr. Ali Al Khatif, Superintendente do Instituto Jerusalém do Brasil; Sr. Nathaniel Braia, Editor Internacional da “Hora do Povo”; Sr. Manoel Alencar, Secretário-Geral do PSOL de Guarulhos; Sr. Walter Sorrentino, da Direção Nacional do PCdoB; Sr. Milton Barbosa, Coordenador Estadual do Movimento Negro Unificado.

Com a palavra a Deputada Federal, do PCdoB pelo Pará, Socorro Gomes, também Presidente do Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.

 

A SRA. SOCORRO GOMES - Sr. Presidente, Deputado Said Mourad, um dos requerentes desta homenagem, Deputada Ana Martins, Deputado Jamil Murad, do PCdoB, Dr. Farid Sawan, Presidente da Confederação Palestina do Brasil, Dr. Yahya Al Nahlawi, vice-Cônsul da República Árabe da Síria, representando o Cônsul-Geral, Ghazzi Dib, esta é uma solenidade justa, importante, que tem um grande significado. É o símbolo da admiração, do respeito do povo brasileiro, de solidariedade e apoio à luta do povo palestino. Essa luta transcendeu a sua terra, a própria Palestina, todo o Oriente Médio e hoje ocupa o imaginário, as preocupações, o respeito de todas as pessoas amantes da paz no mundo, particularmente dos brasileiros.

O povo palestino tem vivido um verdadeiro calvário, um verdadeiro martírio. São enormes os sofrimentos impostos a esse povo, que só quer viver em paz, só quer cuidar do seu destino, poder usufruir a vida.

No entanto, esse desígnio tem sido impedido. Esse povo é impedido de viver no seu território há décadas e mais décadas; impedido por uma potência próxima, Israel, hoje dirigida por Ariel Sharon, com grande suporte dos Estados Unidos. Esses dois países têm colocado claro para a humanidade que não vacilam diante de nada, que não há valores que respeitem. Não há humanismo, não há democracia, não há respeito à autodeterminação dos povos. Não respeitam um valor, a não ser o de dominar o mundo, a não ser o de destruir o espírito, de dobrar a têmpera do povo palestino.

O povo palestino, no entanto, transcende na afirmação de valores, no seu heroísmo, na sua fibra, na sua determinação da paz. Mas não a paz dos submissos, não a paz daquele que se submete ao algoz, mas a paz de homens e mulheres que querem ser livres e donos da sua pátria, do seu território e da sua vida. Essa é a paz que o povo palestino quer. É por essa razão que o povo palestino é respeitado no mundo, é por essa razão que o coração dos brasileiros bate forte de admiração por esse povo.

Quem não conhece em qualquer manifestação hoje no Brasil o slogan mais falado? “O povo palestino é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo.” Até os adolescentes cantam esse refrão. O povo palestino tem também uma outra certeza, uma certeza histórica: o imperialismo israelense e o imperialismo estadunidense, por mais armados, por mais fortes que sejam neste momento estão destinados ao mais rotundo fracasso, a uma derrota sem precedentes na história da humanidade. A humanidade não perdoa quem utiliza o terrorismo de Estado para saquear povos e suas riquezas.

Hoje, isso é demonstrado na luta do povo palestino. Ontem foi o povo vietnamita que demonstrou que o imperialismo estadunidense não era invencível; um povo praticamente sem armas mas que derrotou o império. Agora, o povo iraquiano. Da mesma forma o povo palestino, praticamente sem armas - podemos dizer com pedras, com estilingue, contra foguetes, contra mísseis -, vem resistindo heroicamente. Este é um outro valor que o povo palestino, os povos árabes trazem para a humanidade: a certeza de que a paz é conquistada pela luta, pelo espírito forte dos bravos. Quem usa o terrorismo de Estado para oprimir é fraco, é covarde e está destinado a ser enterrado pela história.

Um grande abraço do Cebrapaz, que hoje trava uma luta pela paz, mas a paz sem opressores. É por isso que colocamos como objetivo do Cebrapaz uma campanha pela condenação de Bush como “serial killer”, como o maior criminoso que o mundo já conheceu, que tem de ser condenado. George Bush, Ariel Sharon e o imperialismo que hoje oprimem os povos são fracos, estão destinados ao fracasso. O povo palestino está destinado a ser eterno na sua vida e na memória dos povos. Um grande abraço. Viva a luta do povo palestino.

 

O Sr. Presidente - Said Mourad - PSC - Quero convidar para fazer uso da palavra o Vereador Paulo Teixeira, do PT, da Câmara Municipal de São Paulo. (Palmas.) O Vereador Paulo Teixeira foi Deputado nesta Casa e se sente à vontade neste plenário.

 

O sr. paulo teixeira - Boa noite a todos! Sr. Presidente, Deputado Said Mourad, que juntamente com a Deputada Ana Martins propõe esta Sessão Solene para comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Boa noite, Deputada Socorro Gomes; Deputado Jamil Murad, querido amigo, companheiro de muitas lutas e batalhas, andanças. Cumprimento, também, toda a comunidade palestina presente nesta noite.

Inicialmente, quero dizer da minha honra em poder voltar à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Ocupei uma cadeira aqui por seis anos, depois fui Secretário de Habitação em São Paulo e hoje sou vereador. Fiz trabalhos junto com o Jamil e com o Pedro Tobias. Depois desse tempo todo, volto para usar esta tribuna para comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. É uma honra voltar a esta Casa e participar deste ato.

Em 1993, uma das notícias mais importantes e alvissareiras que tivemos foi a organização do estado palestino. Lembro como aquela notícia foi feliz porque se colocava, novamente, a possibilidade da paz no Oriente Médio, da reconstrução do estado palestino e da sua reorganização. Foi uma notícia que nos deu um enorme horizonte de possibilidade de diálogo entre os povos.

Houve um avanço, mas a eleição do Presidente George Bush, nos Estados Unidos, promoveu um enorme retrocesso no mundo e no Oriente Médio. Em primeiro lugar, a indesculpável invasão do Afeganistão, um país pobre que lutava com todas as forças para vencer o seu processo secular de dependência e subdesenvolvimento.

Depois, a invasão do Iraque, que também foi um desastre do ponto de vista da humanidade: a ilegalidade, o crime contra o direito internacional, a ação da comunidade internacional que foi contra aquele tipo de ato, o desequilíbrio que o Governo Bush promoveu no Oriente Médio, particularmente na relação entre Israel e o povo palestino, as invasões ao território palestino e a violência cometida.

Sou otimista, embora estejamos dentro de uma conjuntura desfavorável. O meu otimismo vem do desgaste profundo que o próprio Presidente Bush está vivendo dentro dos Estados Unidos, provocado pela aventura que ele promoveu no Iraque, no Afeganistão, na Palestina e pela gestão da economia americana. Desnudou-se que a sua política externa era de terrorismo, como disse o Deputado, baseada numa visão de saque às riquezas internacionais. Hoje, os Estados Unidos estão focados em saber como vão dominar e gerenciar o petróleo iraquiano.

Uma situação que ficou evidente, que hoje se discute nos Estados Unidos, é que eram inverídicas as bases de que existiam armas nucleares no Iraque, que levaram ao entendimento que eles deveriam ir à guerra.

A gestão interna feita nos Estados Unidos, que levou ao aprofundamento da desigualdade econômica, e a ocorrência do furacão Katrina evidenciaram uma enorme desigualdade social nos Estados Unidos.

Daí vem a minha esperança de que, com o desgaste do Presidente Bush, seja possível reunir as condições para retomar, em outro patamar, a luta do povo palestino.

Trago a solidariedade do Partido dos Trabalhadores, que sempre esteve presente na defesa da causa palestina. Inclusive, quando o Presidente Yasser Arafat morreu, uma delegação de parlamentares, o então Ministro José Dirceu, representando o Presidente Lula, e o Deputado Jamil Murad estiveram lá.

Enfim, o PT, assim como o PCdoB, têm tido uma forte aliança com a luta do povo palestino pela sua autonomia, independência e capacidade de ser respeitado nos seus direitos, nos seus desígnios e no seu futuro.

Meu renovado apoio à Comunidade Palestina. Tenho uma relação muito próxima com a Mesquita São Miguel, na Região Leste, e também com a Mesquita Brasil, na Zona Norte, onde está o Mohamed. Tive sempre um grande carinho e acolhimento dentro da Comunidade Palestina e, por isso, quero trazer o meu renovado apoio a vocês. Viva a luta do povo palestino! Muito obrigado. (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Said Mourad - PSC - Minhas senhoras e meus senhores, temos mais seis oradores e, por isso, agradecemos a brevidade de cada um. Tenho a satisfação de convidar para fazer uso da palavra o Professor, meu amigo, Samir El Hayek, que, inclusive, é tradutor do Alcorão Sagrado.

 

O SR. SAMIR EL HAYEK - Nobres Deputados, querido Deputado Said Mourad, querido Jamil, meus senhores e minhas senhoras, boa noite!

Festejar e ter solidariedade com o povo palestino tem um único objetivo: o grito de liberdade do povo palestino e de todos os povos oprimidos nesta Terra.

A luta do povo palestino é o exemplo mor para que todos os povos sigam o mesmo caminho: lutem por liberdade.

A Intifada é o grito de liberdade perante o opressor, perante o usurpador, perante aquelas superpotências que querem dominar e usurpar as riquezas de todos os povos do mundo. É o grito de liberdade que nunca será abafado. Nunca, em hipótese alguma poderá ser abafado e ser calado.

O povo palestino é exemplo para todos os povos oprimidos que existem na Terra; é exemplo para o povo iraquiano, hoje oprimido pela superpotência; é exemplo para os povos da Chechênia; é exemplo para os povos africanos, que continuam passando fome, usurpados das suas riquezas pelas grandes potências.

Quero ser muito breve e dedicar um poema do irmão Adalberto Alves ao nosso heróico povo palestino. Ele diz: “Podem pisar-te como a erva ruim e dizer que essa terra não é tua; podem matar os teus, sacrificar-te, pretendendo que o teu reino é o da lua; podem forças obscuras conjurarem-se para roubar o que desde sempre te cabia; podem queimar-te e arrasar-te, mas não negar-te a luz do dia; podem erguer um muro de mentira, podem deter os ventos do deserto, mas eles amam-te e são teus. Sempre voltarão e hão de ficar perto. Teus filhos hão de saber salvar-te. Terra mártir, altiva e beduína, a meiga pomba da paz e da alegria pousará de novo em ti, ó Palestina!” (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Quero anunciar e agradecer a presença do meu amigo, meu irmão, o sempre Vereador Mourad. (Palmas)

Convido agora, para que faça uso da palavra, o Sr. Mohamad Sami El Kadri, Presidente da Associação Islâmica de São Paulo.

 

O SR. MOHAMAD SAMI EL KADRI - Quero cumprimentar os Deputados Said Mourad e Ana Martins pela promoção deste evento que para nós tem um significado muito profundo. Na pessoa do Deputado Jamil Murad cumprimento os demais Deputados federais. Na pessoa do Vereador Paulo Teixeira cumprimento os demais vereadores. Cumprimento o Sr. Farid Sawan, Presidente da Copal - Confederação Palestina do Brasil; o vice-cônsul da Síria e demais entidades aqui presentes.

Senhoras e senhores, mais uma vez estamos aqui para prestar solidariedade. O mundo vai se transformando, a coisa vai se complicando e se dificultando cada vez mais, como disse o Deputado Pedro Tobias. Realmente existe essa preocupação e são justamente essas dificuldades que nos animam a continuar lutando por essa causa. E por que lutar por essa causa? O que ela significa?

Eu lembro que alguns anos atrás, lá pelos idos de 80, nós começamos essa luta aqui no Brasil. Aliás, aproveito para saudar o companheiro Milton Barbosa, Presidente do Movimento Negro Unificado, uma das primeiras entidades que deu apoio a essa causa aqui no Brasil. (Palmas) Eu lembro que discutíamos como é que se dava o chamado ‘sionismo’, como é que se dava o chamado ‘imperialismo’. E hoje, depois de tantos anos, chegamos à conclusão de que é um mecanismo que tem vários tentáculos. É o único mecanismo que tem vários tentáculos e várias formas de atuação. Essa atuação se dá hoje através da ocupação do Afeganistão, da ocupação do Iraque, da repressão, da usurpação e dessa coisa que hoje eu chamo de ‘nazi-sionismo’, que é a ocupação do estado sionista de Israel, uma usurpação nunca vista em toda história.

O que nos leva hoje a falar em paz? A companheira Socorro colocou muito bem: é muito fácil falar em paz. Sharon fala em paz, Bush fala em paz. Mas qual é a paz que eles querem e qual é a paz que nós queremos?

A paz que eles querem é a paz da repressão, da usurpação, da exploração, da ocupação. Para essa paz, nós dizemos: não! E contrapomos a isso a Intifada. A Intifada é um contraponto a essa paz que eles desejam. A Intifada é um contraponto a essa paz de exploração. A Intifada é um contraponto a todas as explorações que o imperialismo vem fazendo por todo o mundo. A Intifada é o símbolo da resistência palestina. A luta palestina hoje é o símbolo de todas as lutas, seja em que circunstância for. (Palmas.)

Quando aqui no Brasil nós lutamos contra a implementação da Alca, é uma luta do povo palestino. Quando nós lutamos contra a intervenção da Venezuela, é uma luta do povo palestino. Quando nós lutamos contra a ocupação e exploração da África, é uma luta do povo palestino. Aqui no Brasil lutamos - e lutaremos com todas as nossas forças - para que nenhum país direcione seus olhos para a Amazônia, porque a Amazônia é nossa e é uma luta do povo palestino.

Hoje, o povo palestino simboliza, mais do que tudo, a resistência da humanidade contra a intolerância, a mesma intolerância que o Sr. Bush tenta divulgar no mundo, chamando os muçulmanos de terroristas. Afinal, quem invadiu o Iraque, o Afeganistão? Fomos nós? Não. Quem ocupa a Palestina? E nós somos os terroristas?!

Nós somos a força de resistência contra esse sistema que está aí. Dizemos ‘não’ para ele. Não aceitaremos. Lutaremos com todas as nossas forças. Viva a luta do povo palestino! Viva a luta do povo iraquiano! Viva a resistência internacional contra a intolerância! Muito obrigado. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Quem vê até pensa que o Sr. Mohamad Sami El Kadri é palestino. Na verdade, ele é brasileiro e descendente de libanês.

Tenho a honra de convidar agora o Sr. Manoel Alencar, da Executiva Municipal do PSOL, de Guarulhos.

 

O SR. MANOEL ALENCAR - Senhoras e senhores, DD. Deputado Pedro Tobias e demais autoridades aqui presentes, boa-noite.

Para nós hoje este ato de solidariedade é um ato simbólico acima de tudo, simbólico porque nós homenageamos aqueles que resistem à opressão dos povos, aqueles que resistem aos opressores e, sobretudo, aqueles que são símbolo hoje da opressão e do imperialismo americano e europeu. Hoje, a Grã-Bretanha faz parte da frente que ocupa o Iraque e o Afeganistão. É líder junto com os EUA. É importante dizer isso com todas as letras porque diferentemente do que nós, às vezes, ouvimos, ou seja, que temos de lamentar a situação que estamos vivendo hoje na Palestina, na Cisjordânia, no Iraque, diferentemente do pessimismo com que alguns vêem isso - desculpem-me a forma de me contrapor - nós, do Partido Socialismo e Liberdade, vemos isso com otimismo, porque está em jogo uma disputa política velada e sutil.

É necessário que nós entendamos que nas últimas décadas, especialmente após o fim do “boom” do crescimento capitalista europeu e norte-americano depois da segunda Guerra Mundial, especialmente em meados dos anos 70, o mundo ocidental imperialista europeu e norte-americano percebeu que a balança pendia contra eles porque eles descobriram que dependiam do petróleo do mundo árabe especialmente - e não só - e por conta disso fazem do Estado de Israel um instrumento de opressão e de intimidação dos povos árabes. E, acima de tudo, para tentar controlar o poder que eles têm sobre o mundo hoje, que é o poder da tecnologia. E os Estados Unidos e a Europa não aceitam ceder o poder de imperialismo que eles têm, de mandar no mundo, de intimidar o mundo e trocar esse poder por quem tem energia.

Porque em mais dez, quinze anos todas as fontes de petróleo que os Estados Unidos têm hoje se esgotarão.E a partir de então eles vão descobrir que as energias do mundo, que movem industria nos Estados Unidos, na Europa, o aquecimento, a mobilização de transportes e tudo mais estará se esgotando e cada vez mais eles enfrentarão o dilema de entrega o poder, fazer alternância de poder, entregar esse poder nas mãos dos árabes ou eles estarão cada vez mais predestinados a oprimir os povos árabes.

Então, para nós, a resistência do povo palestino não é só a resistência do povo palestino, é a resistência do povo árabe que resiste aos algozes dos Estados Unidos em todo o Oriente Médio, que é o Estado de Israel, esse Estado de Israel que no nosso entender é um estelionato político, porque um Estado que se construiu sobre um outro povo, sobre a terra de um outro povo e buscando matar e expulsar esse povo da sua própria terra.

Portanto, para nós do Partido Socialismo e Liberdade, a resistência do povo palestino é gloriosa acima de tudo porque uma resistência contra o imperialismo e contra as nações que historicamente oprimiram a humanidade. E viva a resistência do povo palestino.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Com a palavra o Sr. Ahmad Ali Saifi, Presidente do Centro de Divulgação do Islam para a América Latina.

 

O SR. AHMAD ALI SAIFI - Sr. Presidente Said Mourad, Deputado Jamil Murad Srs. Deputados, queria primeiramente agradecer ao Brasil, ao governo do Brasil e aos Srs. Deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo por ceder este espaço para homenagear o povo palestino. Palmas para os Srs. Deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Depois do que ouvimos do Deputado eu queria dizer o seguinte: o nobre Deputado Pedro Tobias falou muito bem sobre a desocupação de Gaza. Uma desocupação artificial, mentirosa; o espaço aéreo está ocupado, a fronteira está ocupada, a passagem que abriram pelo Egito está ocupada, é controlada pela câmara; não tem desocupação nenhuma.

Queremos falar para a humanidade inteira, para o Presidente Bush, para o Sharon, para o primeiro ministro da Inglaterra que se querem paz, se querem proteger o povo dos Estados Unidos, o povo da Europa do terrorismo que parem de agredir os povos, parem de mexer com a vida dos outros, parem de saquear e de viver em cima da desgraça dos outros povos; parem com isso! Parem com isso porque o terrorismo vai crescer!

Para resolver o problema do terrorismo contra a humanidade precisam parar. E eu queria que a gente mandasse um telegrama agradecendo ao Ministro Celso Amorim pela posição do Brasil na ONU, quanto à questão da Síria. Aquela outra desolação que foi feita. Parabéns ao nosso embaixador que colocou bem, falou bem. Vamos parar, gente! A Na Palestina desde 1948 só vimos desgraça, matança, o povo expulso.

Eu sou libanês e no Líbano há centenas de milhares de palestinos sem direito de trabalhar, sem direito a tirar documento, sem direito de estudar, vivendo abaixo da linha de pobreza e de esmola que a ONU dá. Essa questão se torna uma fábrica de bomba. Fabricaram aquele avião Abate e o homem bomba vai continuar. Se o palestino não tem o avião ele tem a própria vida para usá-la contra o agressor. Por isso eu aconselho o Presidente G.W.Bush a tirar da lista negra o Hammas, tira da lista negra os mártires de al-Kasa, tira da lista negra o Hezbolá, tira da lista negra todas aquelas organizações que lutam para a libertação. A libertação é uma luta magna, sagrada, de todos os povos. Tirem porque vocês não vão vencer. Não tem como continuar assim.

E um outro assunto que é mais grave ainda: Jerusalém. Para que os judeus, os mulçumanos, os cristãos vivam Jerusalém é uma cidade sagrada, já vem desde a história dela, uma terra santa; um trilhão e trezentos milhões de mulçumanos, dois trilhões de cristãos querem que Jerusalém seja uma cidade livre, uma capital livre; tira da cadeia que essa é uma capital de Israel. Eu vejo em alguns encontros que temos com autoridades americanas que em geral eles são encomendados, monitorados pelo sionismo.

Para se ter um final feliz na questão da atualidade, na questão do Harid, o primeiro ministro falecido, eu quero a verdade sobre a morte. Quero a verdade sobre a morte do Presidente Harid, do falecido. Mas nunca, nenhum libanês, nenhum árabe, nenhum ser humano aceita que a Síria se torne outro Iraque nem outra Palestina. Sr. Deputado agradeço e espero que a gente tenha mais sucesso com esses encontros. Muito obrigado pela atenção.

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Quero agradecer pelas sábias palavras ao meu amigo Ahmad Ali Saifi. E, já quase encerrando, tem a palavra o Sr. Farid Sawan, Presidente da Confederação Palestina do Brasil.

 

O SR. FARID SAWAN - Digníssimos Srs. Deputados presentes, Deputado Said Mourad, Deputada Ana Martins, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Vereadores, representantes de partidos políticos, presidentes de entidades, os palestinos hoje não falam; hoje e amanhã, dia 29 de novembro, Dia Internacional do Povo Palestino, recebem solidariedade e apoio de todo o mundo.

Por isso, a minha presença aqui para agradecer a todos, a todo povo brasileiro, ao governo brasileiro, aos partidos políticos, porque existe no Brasil um consenso em apoio à causa palestina, à luta do povo palestino. Todas as forças políticas, em todas as Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional, todos os Deputados estaduais e senadores, também o governo do Brasil e governos anteriores nos deixaram firme apoio nos fóruns internacionais e dentro do Brasil, pela causa e pela luta, pela justiça, pela paz e pela autodeterminação do povo palestino. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SAID MOURAD - PSC - Os senhores podem não ter percebido, mas quem está aqui perto, fica comovido com as lágrimas nos olhos do nosso amigo, irmão, Farid Sawan.

Para encerrarmos, quero agradecer e anunciar a presença de Paulo Henrique Moreira Filho, diretor do Viva o Centro, e Eduardo Luiz Daher, da Confraria da Gastronomia Árabe e diretor da Revista Orient Express.

Quero fazer um comunicado e um convite do Sr. Ahmad Dib Yassin, que está promovendo a semana do povo árabe, que acontecerá em Guarulhos, do dia 15 ao dia 20 de dezembro. Mais informações com nosso irmão Ahmad.

Dr. Farid Sawan, Presidente da Confederação Palestina no Brasil; Sr. Yahya Al Nahlawi, vice-cônsul da República Árabe da Síria, representando o Cônsul-Geral Ghazzi Dib; meu amigo, nobre Deputado Jamil Murad, Deputado Federal do PcdoB por São Paulo; Socorro Gomes, Deputada Federal do PCdoB, pelo Pará; a co-autora desta sessão solene, minha amiga, nobre Deputada Ana Martins; meu grande amigo, nobre Deputado Pedro Tobias; meus grandes amigos, demais autoridades presentes, boa-noite.

A presença de vocês aqui na Assembléia Legislativa, esta noite, é muito importante para o povo palestino. Parabenizo a todos pela vontade e empenho de aqui estarem conosco.

Hoje, celebramos o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, data instituída pela ONU e promulgada em 1984, no Estado de São Paulo, pelo então Sr. Governador Franco Montoro, através de lei do ex-Deputado Estadual Benedito Cintra.

Para mim, presidir esta sessão é uma grande honra. Aliás, fiz o primeiro pronunciamento neste plenário, quando já era Deputado eleito, mas ainda não tinha tomado posse, em novembro de 2202, quando então a sessão solene foi presidida pelo então Deputado Salvador Khuriyeh. E a primeira autoridade que recebi aqui nesta Casa, foi o Embaixador da Palestina, Sr. Odeh. O fato é que o Dia de Solidariedade do Povo Palestino se tornou um fato obrigatório e rotineiro nesta casa do povo, nesta casa de leis.

O nosso mandato é solidário e irrestrito à causa palestina, à causa da verdade, à causa da justiça e à causa da paz. Acima de tudo, defendemos o direito internacional, o respeito entre os povos e o cumprimento das resoluções da ONU. Lutamos também pela tolerância religiosa, étnica e cultural, pelo respeito entre todos os povos e todos os seres humanos.

Desde a ocupação de suas terras, os palestinos vêm resistindo heroicamente, como bem lembrou o meu amigo, nobre Deputado Pedro Tobias. Eles são resistência e não terroristas. Uma grande diferença a ser lembrada pelo nosso amigo imperialista, Jorge Bush. Resistência essa legitimada pelas resoluções da ONU, que asseguram a qualquer povo o direito de lutar contra a ocupação de seus territórios por forças estrangeiras.

A cada passo que os palestinos dão em direção à paz, os governos israelenses caminham em direção à guerra e à discórdia. Eles mesmos estão plantando a guerra com todo esse terrorismo que estão fazendo nos territórios palestinos ocupados. O exemplo mais recente disso tudo é o que eu chamo de muro da vergonha, que eles levantaram para envergonhar o povo palestino e toda a humanidade desse planeta em que vivemos.

Existe hoje cerca de cinco milhões de palestinos morando fora da Palestina. Muitos partiram de lá, devido à violência de Israel. Outros partiriam para trabalhar ou estudar. Quando essas pessoas tentam voltar à sua terra natal, às suas casas e às suas vilas, Israel fecha as fronteiras e nega-lhes a entrada; esta situação permanece até hoje, para que nos pasmemos com isso tudo e continuemos lutando.

Ao mesmo tempo em que condenamos as atitudes contrárias à vida normal dos palestinos, elogiamos a abertura da fronteira de Gaza com o Egito. Como disse o meu colega, é uma abertura de duas horas por dia, mas é um pequeno passo, é uma semente que estamos plantando.

A nossa colega, nobre Deputada Socorro, muito bem disse que o pequeno vence o grande, independe da força do pequeno e do grande, porque quem está com a força é quem está com a verdade. E quem está com a verdade é o povo palestino.

Essa resistência nunca vai morrer, e se Deus quiser, em breve será vitoriosa. Esperamos que logo todas as fronteiras da Palestina sejam abertas a todas as fronteiras do mundo.

Falo em paz todos os dias, peço paz a Deus todos os dias. Agradeço a Ele por tudo o que eu tenho, antes de tudo, e sempre peço paz ao mundo porque como cidadãos, como seres humanos, nós queremos qualidade de vida. Se não há respeito entre as pessoas na nossa casa, no nosso trabalho, aqui na Assembléia Legislativa, entre os povos do mundo, nós nunca vamos ter paz e nunca vamos ter qualidade de vida. Temos que combater essa discriminação com todos os povos através da paz.

Por um Estado Palestino soberano com Jerusalém como Capital, e pela paz no mundo, muito obrigado, e que a paz de Deus esteja com todos vocês. Muito obrigado. (Palmas.)

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, agradece às autoridades, aos queridos amigos funcionários desta Casa, como a Sra. Yeda, da Secretaria Geral Parlamentar, aos amigos da comunicação e equipe de som, aos colegas da TV Assembléia, ao Cerimonial, e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida a todos para um coquetel no Hall Monumental.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 05 minutos.

 

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