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20 DE MAIO DE 2013

069ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, VANESSA DAMO e DILADOR BORGES

 

Secretária: VANESSA DAMO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Lamenta a assassinato do policial militar Ricardo Monteiro, em Campinas. Comunica que, neste ano, mais de 30 policiais foram mortos. Menciona incidentes de violência ocorridos na Virada Cultural. Afirma que a responsabilidade pela segurança do evento é partilhada pelos governos estadual e municipal. Convida a Polícia para mobilização, em 11/06, no vão livre do Masp. Critica a omissão desta Casa no problema da Segurança Pública.

 

003 - EDSON FERRARINI

Afirma que o problema da Segurança Pública só pode ser resolvido com vontade política da Presidência da República. Argumenta que o artigo 5º da Constituição Federal foi escrito com a ideia de defesa do preso político e que, hoje, é usado para defender criminosos comuns. Defende a redução da maioridade penal. Alega que o Direito é dinâmico e deve ser alterado conforme as necessidades sociais.

 

004 - VANESSA DAMO

Assume a Presidência.

 

005 - RAMALHO DA CONSTRUÇÃO

Alude á votação da MP dos Portos. Critica as emendas feitas à matéria, por não destinarem verbas à Saúde ou à Segurança. Comunica o lançamento, em 07/06, de cartilha de prevenção às drogas. Cita reportagem da "Folha de S. Paulo" sobre o custo da internação de menores. Acusa o governo federal de não trabalhar pela estabilidade econômica. Afirma que a propaganda estatal está distante da realidade do Brasil.

 

006 - JOOJI HATO

Faz alusão aos problemas ocorridos durante a Virada Cultural. Informa que apenas uma arma foi apreendida. Afirma que bebidas alcoólicas e drogas foram vendidas livremente durante o evento. Sugere reflexão sobre a Virada. Ressalta que o investimento em cultura deve ser constante, e não apenas em ocasiões específicas. Argumenta que índices altos de violência afastam investidores estrangeiros do País.

 

007 - DILADOR BORGES

Afirma que é responsabilidade do governo federal impedir a entrada de drogas e armas no Brasil. Defende a realização da Virada Cultural. Lembra que a sociedade não deve ser penalizada por exageros cometidos por poucas pessoas. Acrescenta que evento análogo, realizado no Interior do estado, enfrenta menor número de problemas. Pede maior seriedade no combate à corrupção. Argumenta que o desvio de dinheiro público drena recursos que poderiam ser investidos em Educação e Segurança.

 

008 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

009 - VANESSA DAMO

Comunica audiência com o secretário de Saneamento de Recursos Hídricos, Edson Giriboni, para discutir o sistema de macrodrenagem do estado. Informa que haverá PPPs para a construção de "piscinões" na Região Metropolitana, sob a superintendência do DAEE. Manifesta preocupação com o caso. Afirma que será necessária fiscalização rigorosa. Menciona o processo de limpeza da Lagoa de Carapicuíba, também a cargo de empresas privadas. Ressalta a importância do assunto.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Comunica que a greve dos professores da rede municipal de ensino já dura 20 dias. Elenca reivindicações. Manifesta sua indignação com propaganda, feita pela Prefeitura de São Paulo, e veiculada em órgãos de comunicação de massa, divulgando dados que considera enganosos. Pede que o governo municipal inicie o processo de negociação. Critica a matrícula mista, que junta alunos de diferentes faixas etárias em uma mesma sala de aula.

 

011 - JOSÉ BITTENCOURT

Critica a representação do PSOL que pede a cassação do mandato do vice-governador do Estado, Guilherme Afif Domingos, por acúmulo de cargos, por ter assumido a Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. Afirma que o caso será discutido na Comissão de Constituição, Justiça e Redação deste Legislativo. Argumenta a favor de Guilherme Afif Domingos. Cita artigos da Constituição Estadual que, a seu ver, reforçam sua posição.

 

012 - DILADOR BORGES

Assume a Presidência.

 

013 - OSVALDO VERGINIO

Informa a realização de obras de recapeamento em Osasco. Defende a realização e a importância da Virada Cultural. Enfatiza que é necessário levar cultura à juventude. Afirma que a Polícia Militar fez seu papel. Lamenta a ocorrência de fatalidades. Tece comentários sobre a relação entre a violência na Capital e o tamanho de sua população.

 

GRANDE EXPEDIENTE

014 - EDSON FERRARINI

Para comunicação, lembra de homenagem à Polícia Militar do Estado de São Paulo pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência - Proerd, prestada por esta Casa. Discorre sobre o programa. Sugere a aplicação de projeto, no mesmo sentido, por parte dos governos estadual e federal. Enaltece a iniciativa, por considerar que esta auxilia as crianças a desenvolverem resistência às drogas e à violência.

 

015 - OSVALDO VERGINIO

Para comunicação, enaltece o deputado Edson Ferrarini pela iniciativa da sessão solene. Comenta que o Proerd tem salvado muitas vidas. Discorre sobre a importância do programa. Ressalta a necessidade de fortalecimento das instituições sem fins lucrativos. Clama por investimentos na juventude do País.

 

016 - JOOJI HATO

Manifesta que não é contrário à realização da Virada Cultural. Sugere que o evento seja realizado em locais fechados, para não perturbar o entorno com o barulho. Critica os altos volumes sonoros emitidos por veículos automotores em vias públicas, por considerar que a atitude incita à prática de delitos e ao uso de drogas, além de perturbar a ordem. Elogia o prefeito Fernando Haddad por restringir o evento ao centro da cidade. Ressalta a necessidade de respeito a logradouros públicos por parte da sociedade. Cita e lamenta dados da criminalidade ocorrida na festividade. Menciona que casos de violência degradam a imagem turística do município. Destaca a importância da realização da Virada Esportiva.

 

017 - JOÃO PAULO RILLO

Relata questão da fragilidade do sistema eleitoral no País. Comenta ataques ao PT, em véspera de eleição, principalmente em cidades do Interior. Lamenta os métodos antidemocráticos utilizados na disputa eleitoral, como o abuso do poder econômico e dos meios de comunicação. Discorre sobre calúnias implantadas contra candidato de sua bancada, na última eleição da cidade de Bálsamo. Considera que a atitude comprometeu a legalidade da eleição. Cita que foi feita uma representação, com pedido de cassação da prefeita eleita, e que a decisão será conhecida no dia 21 de maio. Clama por nova eleição na cidade, com supervisão da Justiça.

 

018 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

019 - DILADOR BORGES

Pelo art. 82, pela liderança do PSDB, faz coro às palavras do Deputado João Rillo. Manifesta-se contra a política de reeleição. Comenta que foi vítima de denúncias infundadas por parte de adversários, quando foi candidato a prefeito em Araçatuba. Ressalta a urgência da reforma eleitoral. Mostra-se favorável à instituição do mandato de cinco anos.

 

020 - DILADOR BORGES

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de Lideranças.

 

021 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Parabeniza diversas cidades pelos seus aniversários. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 21/05, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra a realização de sessão solene, em 20/05, às 20 horas, para "Comemorar os 50 anos do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido a Sra. Deputada Vanessa Damo para, como 1ª Secretária “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA - VANESSA DAMO - PMDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra a primeira oradora inscrita, nobre deputada Heroilma Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Olímpio Gomes, pelo tempo regimental.

 

O Sr. olímpio gomes - pdt - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, telespectador da TV Assembleia, gostaria de lamentar e pedir as orações do povo paulista pela morte de mais um policial militar.

Na noite de ontem, em Campinas, o soldado Ricardo Nery Monteiro, de 44 anos, foi baleado com três tiros e veio a óbito, ao intervir para evitar que três marginais cometessem um assalto.

Para alegria do Governo, o soldado faleceu em sua folga, passando a ser somente mais um dado estatístico. Mas para nós, policiais e cidadãos de bem, só nos resta lamentar e fazer nossas orações por mais um guerreiro que a sociedade perde.

Já são mais de 30 policiais mortos este ano, fato que já deixou de ser veiculado pela imprensa. Contudo, os marginais não deixaram de matar policiais. O descontrole na Segurança do Estado é total e absoluto. O que se chamava Virada Cultural em São Paulo, por exemplo, transformou-se em “Virada Criminal”. Nós tivemos uma grande “Virada Criminal” de sábado para domingo em São Paulo, com pessoas sendo executadas com tiro na cabeça, morrendo de overdose de drogas.

A estrutura policial e da Guarda Civil Metropolitana era claramente insuficiente para a demanda de 4 milhões de pessoas, mas parece que tudo está certo, dentro das estatísticas. Não adianta o Estado querer jogar a culpa na prefeitura e a prefeitura querer jogar a culpa no Estado. A responsabilidade, ou melhor, a irresponsabilidade, é de todos.

Já que estamos falando em irresponsabilidade governamental em relação à Segurança Pública, quero aproveitar para dizer que no próximo dia 11 de junho, a partir das 14 horas, no vão-livre do Masp, teremos uma grande mobilização da polícia de São Paulo. Se o governo não atender o que a lei determina quanto à data-base de revisão dos salários da polícia de São Paulo, esse movimento certamente será muito maior do que aquele de 2008, que terminou com o lamentável confronto ao lado do Palácio dos Bandeirantes.

Quero convocar todos os policiais. A Polícia Civil de São Paulo, que é sindicalizada, tem condição de se mobilizar. Os inativos e os familiares da Polícia Militar de São Paulo devem participar efetivamente dessa grande mobilização. O governo não vai dar absolutamente nada para a Polícia de São Paulo. Podem perder a esperança. Alguns líderes sindicais e associativos foram recebidos pelo secretário da Segurança Pública, alguns até pelo governador, em um verdadeiro “me engana que eu gosto”.

Quem gosta de ser enganado, fica tirando fotos e colocando no site da associação ou do sindicato. Quem não gosta de ser enganado, que é a grande maioria das entidades policiais, vai se mobilizar. Ninguém quer comprometer mais ainda a segurança da população. O governo, irresponsável e incompetente, já comprometeu demais, mas não é possível continuarmos dessa forma, com os piores salários do Brasil, as carreiras paradas, os compromissos governamentais esquecidos pelo governo, a Assembleia calada.

Nós votamos o nível universitário de escrivães e investigadores, mas o governo não pagou e criou uma comissão que nunca funcionou. E nós fazemos de conta que concordamos. Temos os delegados de Polícia mais mal pagos do País. Votamos a incorporação do Adicional do Local de Exercício só 50% no padrão e 50% no RETP, “garfando” 50% dos policiais. Deveríamos estar acordados para isso.

Conclamo a família policial. A Assembleia está muda, e o governo, inconsequente, acha que vai nos tratar simplesmente como números no momento da morte e como maltrapilhos no momento do pagamento e da valorização das carreiras. Aqueles que não concordam com isso devem lotar o vão-livre do Masp. Vamos iniciar uma mobilização em todo o estado de São Paulo e marchar, sim, para o Palácio dos Bandeirantes, para dizer: basta, governador, o senhor não nos engana mais!

Será dia 11 de junho, dá tempo de mobilizar as caravanas do interior. Dá tempo de mobilizar os familiares. Dá tempo de os Conselhos Comunitários e de Segurança se reunirem. Vamos dar um grande apoio à polícia de São Paulo e mostrar que esse governador, de forma irresponsável e inconsequente, está provocando o caos social em todo o estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Assembleia, nós temos tido vários problemas, como o da Segurança Pública. A solução existe, mas nós precisamos de vontade política da presidente da República e do ministro. O seu Ministério tem que se mobilizar.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Vanessa Damo.

 

* * *

 

A Constituição Federal foi feita em 1988 e a Estadual em 1989. Nessa época, a Revolução de 1984 tinha terminado há pouco tempo. Quando os deputados federais escreveram a Constituição, muitos haviam sido cassados, alguns torturados, então colocaram vários artigos para defender o preso político. Por exemplo, o Art. 5º, IV, sobre o livre direito à manifestação. Ainda no Art. 5º, LXIII: “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.” Inciso LXIV: “o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial”. LXV: “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”. LXVI: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”, e por aí vai. São 78 itens, todos para defender o preso político. Mas agora essas leis estão sendo usadas para defender os bandidos.

As leis são justas para os presos políticos, que foram presos por questões de consciência e idealismo. É outro caso. O preso político é um homem que acha que vai resolver os problemas do mundo, se a sua teoria vencer. Mas as leis, que foram criadas para defender os presos políticos, continuam existindo para defender os bandidos, que matam, que estupram.

Presidente da República, entenda uma coisa. Ministro da Justiça, isso tem que mudar: hoje em dia no Brasil ninguém vai para a cadeia. Eles engessaram o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - aqui na Constituição, no Art. 228. Imprensa, faça um estudo mostrando o que era a Constituição de 67 e o que é esta, o que mudou para defender o preso político.

Direitos Humanos são válidos. Todos nós queremos direitos humanos, mas aos do bandido nós não somos favoráveis. O Estatuto da Criança e do Adolescente foi feito na Constituição e está marcado e engessado no Art. 228. Ele não pode mudar. Eu acho que pode mudar sim. Se tiver que fazer plebiscito, vamos fazer.

Eu tenho ouvido que a maioridade penal não pode ser diminuída; que o tempo do menor preso não pode ser aumentado. Eles vêm com uma conversa fiada dizendo: “vamos mudar as escolas; vamos mudar a estrutura”. Eles querem que mude somente para prender o filho do pobre. Não é nada disso. Será que o mesmo Estatuto da Criança - que defende o menor abandonado, que merece toda a orientação da sociedade - defende o mesmo menor e o mesmo bandido?

Você é a favor do bandido, esse que queimou a mulher? Eles dizem: “lá na Febem, na Fundação Casa, existe menos de 1% que praticou homicídio”. Não é assim, meu amigo. A sociedade caminha, e o Direito é um conjunto de normas que regula a vida do homem em sociedade. É um conjunto dinâmico, ele tem que ser alterado e mudado à medida que os tempos chegam. Eu sou deputado estadual. Eu não posso mudar. Mas nós podemos, desta tribuna. Eu mando moções ao presidente da República.

Quando eles querem fazer sacanagem com o povo, eles fazem. A Constituição diz que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Mas o precatório, o que é? Você ganhou a ação, ganhou do Estado, ganhou todos os degraus; daí o Estado arrumou uma lei, uma PEC 62, eu vou depois falar sobre ela. Eles dizem que você tem direito, mas não vai receber nada. A sua dívida virou precatório. Daqui a 20 anos, talvez, você receba.

Então, por que não mudar o Estatuto da Criança e do Adolescente para atender os reclamos da sociedade?

Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - VANESSA DAMO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, continuando a lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, tem a palavra nobre deputado Ramalho da Construção.

 

O SR. RAMALHO DA CONSTRUÇÃO - PSDB - Sra. Presidente, deputada Vanessa Damo, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, meus amigos, minhas amigas, colaboradores desta Casa, eu venho ao plenário, nesta tarde, para dizer que estive hoje pela manhã em uma obra com 930 trabalhadores, juntamente com o deputado federal Eli Correa Filho. Discutimos e debatemos as notícias de jornais. Vimos o desespero do povo e dos trabalhadores em um Brasil sem controle, em um Brasil sem segurança, em um Brasil que usou um bilhão de reais em emendas para a aprovação da Medida Provisória dos Portos. Um trabalhador mais esclarecido se pergunta para onde vão tantas emendas.

Durante o final de semana, ficamos analisando estas emendas. Nem um pouco deste dinheiro vai para a Segurança Pública ou para a Saúde, que está falida no Brasil. Fazem-se as negociações, lembrando-nos do tempo do mensalão; só falta agora alguém falar que isso é o mensalão das emendas, para aprovação de projeto.

Os trabalhadores estão muito preocupados com tudo isso. É de se lamentar, e aí quero congratular-me com o grande deputado Edson Ferrarini; aliás, falamos muito dele hoje porque, em 7 de junho, juntamente com ele e outros companheiros, lançaremos uma cartilha de prevenção às drogas. Já temos prontas 200 mil cartilhas. Agora iremos capacitar os formadores de opinião para defender isso.

E por que isso? Porque está aqui na “Folha de S. Paulo” que os acusados de vender droga já são 42% dos internos. Isto custa um absurdo. O nobre deputado Edson Ferrarini acabou de falar de Segurança Pública, dizendo que o governo federal não está nem um pouco preocupado com isso. Parabéns, Edson Ferrarini. Está aqui na “Folha de S. Paulo” o custo mensal de um menor delinqüente: R$ 7.110,00. Não sei quanto custaria para se educar um menor desses, mas pelo menos 20% deste valor daria para investir em Educação, junto à família, para evitar que este menor se transforme num delinquente amanhã.

Está na hora de caminharmos para a redução da maioridade penal. Tenho quatro netos, sendo uma neta e três netos. A minha netinha, com cinco anos, já tem mais conhecimento de informática do que eu. Faz perguntas que eu às vezes tenho dificuldade de responder. E estamos vendo o Brasil a cada dia com o PIB menor, a cada dia com as obras paradas. Teremos dificuldade para realizar a Copa do Mundo no ano que vem.

A cada dia que passa vemos o imposto que acaba com os trabalhadores: a inflação. Ela, infelizmente, caminha para o índice de 7,5 por cento. E onde está o governo federal que deveria criar métodos pelo menos para mantê-la? Lá atrás, ainda no governo Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, nasceu o Plano Real e a estabilidade econômica. O próprio presidente Lula manteve isso por pelo menos quatro anos; quase manteve também em seu segundo mandato. Mas ultimamente o que vemos é o Plano Real indo rio abaixo, fazendo desaparecer aquilo que todos sonhamos - um Brasil sem inflação.

Observamos na imprensa o grande rombo que há no FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador. Para onde foi o dinheiro do FAT? O FAT é para pagar seguro-desemprego. Muito embora tenhamos uma grande quantidade de empregos - empregos ruins, nos quais as pessoas ganham pouco -, nos últimos anos temos sido campeões no pagamento de seguro-desemprego. Há dois discursos aí. Dizem que o Brasil está bem.

Quando vejo a propaganda que o governo federal faz, fico imaginando se é no Brasil mesmo, porque eles vêm às tribunas e dizem que temos os melhores empregos, habitação, Saúde e Educação do mundo.

Hoje pela manhã, depois que o deputado Eli Corrêa Filho e eu entregamos 750 certificados, o povo me perguntava se a propaganda do governo federal é do Brasil. Deve ser de outro país, porque aqui vivemos, lamentavelmente, uma calamidade pública.

Muito obrigado, nobre presidente Vanessa Damo.

 

A SRA. PRESIDENTE - VANESSA DAMO - PMDB - Seguindo a lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, tem a palavra o nobre deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Cláudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Nobre deputada Vanessa Damo, quero cumprimentar V. Exa., os Srs. Deputados e os telespectadores.

Lamento o que aconteceu nessa Virada Cultural. Há poucos instantes, o deputado Olímpio Gomes assomou à tribuna, dizendo que deveria ser chamada de “Virada Criminal”. Eu não chegaria a tal ponto, mas lá aconteceu a morte de duas pessoas - uma delas por overdose.

A outra era Elias Martins, um padeiro de 19 anos, que deixou um filho. Sua mulher conseguiu ligar para o celular que lhe fora furtado e não só recebeu a confirmação de que o assaltante o havia matado, mas também o deboche: o assassino disse que era apenas mais um.

Caros deputados, temos que fazer uma reflexão. Algo está errado. Não é possível estarmos investindo em uma Virada Cultural em que acontecem tantos incidentes. Tivemos, por exemplo, 17 prisões e 12 roubos oficializados, 6 esfaqueados e apenas uma arma apreendida. Acredito que tenham circulado muito mais armas, pela quantidade de roubos e pessoas. Tivemos 1.800 atendimentos do Samu e 260 remoções. Isso mostra que temos que repensar a Virada Cultural.

Se durante o dia não temos policiais em número suficiente para coibir a violência, imaginem de madrugada. Até o senador Eduardo Suplicy foi assaltado. Um senador da República, sendo assaltado na maior cidade do Hemisfério Sul! Que propaganda iremos dar àqueles estrangeiros que querem vir investir aqui? Eles fogem.

Se um senador da República é assaltado na Av. Paulista ou no centro de São Paulo, imaginem o restante, aqueles que não são senadores - o cidadão comum, que não tem segurança e tampouco o privilégio de poder contar com a Daniela Mercury para pedir seus celulares e documentos de volta, fazendo um apelo em seu show. Esse é nosso país, nossa cidade, e precisamos repensar. São muitas ocorrências e muitas circunstâncias que fazem com que todos nós repensemos essa Virada Cultural.

Na Virada Cultural, não tinha água, tampouco refrigerante. Tinha apenas bebida alcoólica e “pó”. Algumas pessoas que lá estiveram queriam tomar água ou refrigerante e não encontravam. Mas “pó” tinha muito. Vendedores - homens, mulheres e até crianças - passavam gritando: “Olha o ‘pó’, a maconha e o ‘lança’!”; “Quem não bafora, não dança, olha o ‘lança’!”. São essas as frases que eles utilizavam para vender “pó”, maconha e tudo aquilo que leva o ser humano para um caminho que ele não deveria tomar.

Cada vidrinho de “lança” era vendido por R$2,50. A trouxinha de maconha custava R$10,00. Inflacionou, pois eu tinha ouvido que a maconha estava custando cinco ou seis reais. Na Virada Cultural, portanto, a maconha inflacionou. Segundo relatos, havia “lança” até de garrafa. Mas era quase impossível achar água ou refrigerante. Esse relato se refere ao palco localizado na Av. Rio Branco, próximo à Rua Santa Efigênia, onde não havia policiamento. Foi nesse local que ocorreu a morte do padeiro Elias, que deixou um filho. Assim caminha nossa cidade, nosso País.

No palco da Av. São João, houve uma homenagem ao cantor Chorão, que morreu há poucos meses, vítima de overdose. Neste local, havia venda livre de crack, além de muitos usuários. Havia policiamento, mas de nada adiantava, uma vez que a venda e o uso não eram coibidos.

Essa é a nossa Virada Cultural. Termino minha fala dizendo que precisamos repensá-la. A difusão da Cultura deve ser diuturna. Temos que pensar na Cultura e no Esporte, mas todos os dias. Não precisamos varar a noite inteira para, no dia seguinte, apenas lamentar cenas horríveis, como as que aconteceram ontem e sábado.

Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - VANESSA DAMO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Dilador Borges.

 

O SR. DILADOR BORGES - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente Vanessa Damo, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, visitantes, funcionários desta Casa, vimos aqui vários oradores tratarem da questão da Virada Cultural. É nesses momentos negativos, de tristeza, que devemos debater a questão da criminalidade, que vem preocupando nosso Estado e nosso País.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

Tenho falado repetidamente, todas as vezes em que venho a esta tribuna, que a questão das drogas e das armas é de responsabilidade do governo federal. Ele é o responsável por cuidar das nossas fronteiras. Mas também não podemos penalizar uma sociedade que gosta de festa e show devido a alguns vândalos e criminosos. É preciso fiscalizar, disponibilizar mais policiamento e analisar em que parte há falhas.

A Virada Cultural se tornou, hoje, uma grande festa. Tenho um neto de seis para sete anos e uma neta de dez anos. Levei-os ao evento, vi muitas crianças e pessoas que gostam de diversão.

É claro que há exagero e grande consumo de bebida. Esses talvez sejam os problemas que o deputado Jooji Hato tanto tem debatido. Mas não podemos crucificar o evento, que já alcançou seu sétimo ano.

A Virada Cultural é considerada uma grande festa no interior do estado, inclusive sendo aguardada pelas pessoas. Na Virada Cultural Paulista, que ocorrerá no próximo fim de semana em cidades do Interior, como Araçatuba, não tem ocorrido tantos problemas quanto na da Capital.

Sabemos da diversidade de uma metrópole como São Paulo, com pessoas vindas de várias regiões. É difícil que Estado e municípios tenham um controle maior, mas isso não justifica os problemas. Temos que cobrar ações para que esses acontecimentos negativos não voltem a ocorrer no próximo ano.

A Virada Cultural deixa um saldo positivo. Milhares e milhares de pessoas passaram por lá, levando seus filhos e netos para se divertirem. Temos que separar o joio do trigo. Há essas fatalidades, para as quais não podemos fechar os olhos, mas há também um saldo positivo: a aprovação da sociedade. Como já disse, neste fim de semana será a vez do Interior. Se Deus quiser, só teremos coisas boas a comentar aqui.

Vimos ontem, no programa “Fantástico”, pessoas que se aposentaram, no Senado Federal, com altos salários. Mudam de Estado e conseguem altos salários novamente. Como eu poderia, como homem público, aceitar esse tipo de coisa? Onde está o poder constituído do povo? Como pode o Senado Federal aceitar tal vergonha? Temos que protestar quanto a isso, não podemos nos calar diante disso. O próprio governador Geraldo Alckmin disse, com muita propriedade, algo sobre o tema.

Hoje, no programa “Bom Dia Brasil”, obras paradas foram exibidas. Trata-se de dinheiro do contribuinte jogado fora e concorrência pública mal feita. Tudo isso traz muita indignação. Esse dinheiro poderia estar sendo investido em Saúde, Educação e Segurança ao invés de ir para o bolso de poucos. Esses mandatários chegam, dizem que nada sabem e nada viram e ainda querem ter a razão.

Não podemos nos calar diante dessas questões. É preciso cortar na carne, doa a quem doer. Quem tiver que pagar, que pague. Temos que combater a corrupção, pois devido a ela falta dinheiro para investir em Segurança, Saúde e Educação. Só assim iremos melhorar. Temos uma grande responsabilidade nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado André do Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Vanessa Damo.

 

A SRA. VANESSA DAMO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, você, que nos acompanha das galerias, nos ouve pelo sistema interno da Casa e nos assiste pela TV Assembleia, hoje estive com o secretário de recursos hídricos do estado de São Paulo, Edson Giriboni, para falar do sistema de macrodrenagem estadual.

Falei dos piscinões, da calha do Tietê e de alguns programas que, no meu entender, precisam de muita atenção, principalmente quanto aos seus executores, para que o êxito seja alcançado. Ninguém deseja que enchentes, responsáveis por tanto afligir a população do estado de São Paulo, voltem a ocorrer.

A limpeza dos piscinões, contratada no ano passado para ser executada pela empresa Delta, em minha opinião, foi muito mal feita. Não bastando isso, o Daee tem realizado uma Parceria Público Privada com o objetivo de conceder a um agente privado essa responsabilidade.

Pedi atenção ao secretário Edson Giriboni quanto a essa questão, para que alguns fatores sejam evitados e a emenda não fique pior que o soneto. É uma questão de grande responsabilidade. Ele me respondeu que quem está conduzindo tudo é o superintendente do Daee e que as expectativas são boas. Espero que sejam. Sou uma agente fiscalizadora e a questão da macrodrenagem no estado de São Paulo me preocupa bastante.

Também falei sobre a limpeza da calha e da lagoa de Carapicuíba. Acredito que precisamos prestar muita atenção no trabalho das empresas contratadas para realizar o serviço, pois, em minha opinião, elas não parecem muito comprometidas com o bem público. Isso me preocupa muito. O secretário disse que deve acionar o superintendente do Daee para a prestação de esclarecimentos quanto ao fato. Disse, também, que me passará, com detalhes, o andamento desses trabalhos.

Sou uma agente fiscalizadora. Tenho o dever de fiscalizar e cuidar de questões como a da macrodrenagem, que têm a ver com o bem estar da população do estado de São Paulo e com o combate às enchentes. Preocupo-me em evitar que elas voltem a afligir a população paulista, como tem acontecido em muitas cidades e regiões. Confio no secretário Edson Giriboni, que foi deputado comigo aqui na Assembleia Legislativa, e tenho certeza de que todos os problemas que hoje relatei a ele serão resolvidos e esclarecidos.

Por isso ocupei a tribuna, para expor o que foi tratado nessa audiência com o secretário Edson Giriboni e para falar desse assunto extremamente importante, tão ligado à qualidade de vida.

Sou da cidade de Mauá, onde ocorrem problemas que afligem, principalmente, a população que mora no entorno de piscinões e córregos. São questões que devem ser fiscalizadas e verificadas de perto.

Sr. Presidente, obrigada pela atenção, cumprimento os deputados presentes e o telespectador da TV Assembleia.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público aqui presente, telespectadores da TV Assembléia, gostaria de voltar ao tema da greve dos professores da rede municipal de ensino.

É uma das maiores paralisações da história do magistério municipal; são quase 20 dias de paralisação. Recentemente nós acompanhamos e apoiamos a greve da rede estadual de ensino, e agora nós estamos acompanhando e apoiando, logicamente, as reivindicações dos profissionais da Educação da rede municipal.

Fiz aqui alguns pronunciamentos falando sobre as dificuldades dos professores e dos profissionais da Educação no ensino municipal, falando da pauta das reivindicações e apelando ao prefeito Fernando Haddad para que atenda, de fato, às reivindicações de uma área tão importante do funcionalismo público municipal.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, quero frisar que fiquei perplexo, nesse final de semana, com a propaganda paga que o prefeito Fernando Haddad do PT fez nos grandes órgãos de comunicação em massa, em horário nobre da TV Globo - na hora do “Fantástico”, no horário da novela das nove - com aquelas inserções o tempo todo, fazendo na verdade o que o governador Geraldo Alckmin costuma fazer, o que os governos do PSDB costumam fazer: propaganda enganosa para a população para desarticular a luta dos professores da rede municipal.

Eu fiquei estarrecido; não esperava isso do governo municipal. Usando dinheiro público para divulgar dados que não são reais, dizendo que a prefeitura está dando um reajuste de 10,13% neste ano de 2013, e para o ano que vem um reajuste de 13, 43%, que é um verdadeiro absurdo. Isso é uma afronta à verdade, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia que está nos assistindo e que também tiveram a oportunidade de assistir a essas propagandas que apareceram, essas inserções que foram financiadas com dinheiro do orçamento público da cidade de São Paulo.

Primeiramente quero frisar que na data-base dos professores e servidores de São Paulo, que foi no dia 1º de maio, o governo apresentou um índice de reajuste de apenas 0,18 por cento. Esse é o índice apresentado hoje para o ano de 2013. Esses percentuais apresentados de 10,13% para 2013 e 13,43% para 2014 representa, na verdade, uma incorporação de um abono complementar de uma lei já aprovada em 2012, fruto da greve dos professores, da conquista dos professores; isso em 2012. Inclusive já foi aprovada a lei em 2012.

Agora o prefeito Fernando Haddad pediu para que uma nova lei fosse aprovada na Câmara Municipal, reproduzindo a mesma lei já aprovada em 2012, para tentar, na verdade, jogar a opinião pública contra os professores da rede municipal.

Os professores da rede municipal estão extremamente revoltados e indignados.

Estamos recebendo centenas de telefonemas aqui no nosso gabinete, de e-mails, de visita de professores da rede municipal que amanhã realizarão mais uma grande assembleia, lá no Viaduto do Chá, na frente do gabinete do prefeito Fernando Haddad, para continuar reivindicando o atendimento da pauta de reivindicações.

Então, apelo, mais uma vez, ao governo municipal para que abra um processo de negociação que atenda às reivindicações do Magistério municipal, que são reivindicações justas, como por exemplo, o respeito à data-base salarial, o fim da superlotação de salas, o fim da violência nas escolas, a transformação dos servidores do quadro de apoio em agentes escolares, a não privatização da educação infantil, porque hoje a proposta da Prefeitura é atender a demanda da educação infantil através das PPPs - Parcerias Público-Privadas - que tanto criticamos em relação ao governo Alckmin. Mas o prefeito Haddad vai utilizar o mesmo instrumento que o governador Alckmin está utilizando, por exemplo, para privatizar o Hospital do Servidor Público Estadual.

 Não posso deixar de registrar, Sr. Presidente, outra reivindicação importante dos profissionais da Educação, é a crítica feita a uma portaria publicada recentemente no Diário Oficial, autorizando a matrícula mista na área da educação infantil, não respeitando mais o estágio de desenvolvimento das crianças. Na ânsia de atender a demanda de matrículas na educação infantil, o governo está topando qualquer coisa, até misturar os alunos de diferentes faixas etárias. É um absurdo o que vem acontecendo. É como se o governo fosse matricular um aluno de 5ª série na sala da 8ª série. É isso que está acontecendo na área da educação infantil!

Os professores da rede municipal não estão sendo atendidos nas suas reivindicações básicas, por isso existe uma greve, longa, pois há quase 20 dias os docentes estão paralisados.

E amanhã estaremos mais uma vez junto com os professores, no Viaduto do Chá, em uma assembleia para ajudar a pressionar o governo Haddad a atender as reivindicações pela valorização do Magistério, pela dignidade e manutenção dos seus direitos.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Luiz Cláudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, o PSOL, através do ilustre deputado Carlos Giannazi, intenta uma demanda contra o nosso vice-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, um homem de conduta ilibada, trajetória política invejável e com uma folha de trabalho prestado à população brasileira inconteste. Os dois fundamentos constitucionais utilizados pelo deputado aqui mencionado, e com fito de tentar cassar o mandato do vice-governador do Estado, são de crime de responsabilidade e de acúmulo na questão funcional, por estar, hoje, o vice-governador Afif Domingos, exercendo o cargo de ministro no âmbito federal.

Srs. Parlamentares, em cinco minutos não abordaremos todas as questões defensivas e de rebate à representação do PSOL. É claro que teremos no palco competente de discussão, que é a Comissão de Constituição, Justiça e Redação, para onde foi encaminhada a representação contra o vice-governador, o debate pertinente e esgotaremos à exaustão toda a discussão utilizando não somente as prerrogativas regimentais, mas as questões jurídicas para rebatermos ponto a ponto essa tresloucada atitude do PSOL nesta Casa, de querer ver o nosso vice-governador cassado.

Quero fazer apenas um breve relato sobre alguns itens, considerando no primeiro ponto que o cargo de vice-governador é um cargo figurativo, pois ‘o vice é uma figura decorativa’, já nos dizia o saudoso Aureliano Chaves. Tanto é que não vemos ruas com nome de vice, porque não tem. Pois o vice exerce uma expectativa de assumir o cargo. Então, o vice não tem cargo. Vice é vice.

A Constituição do Estado aborda com muita propriedade essa matéria. Primeiro, o Art. 37 diz: “O Poder Executivo é exercido pelo Governador do Estado”. Não fala pelo governador e vice-governador. Notem que o governador é o titular que exerce o Poder Executivo.

Gostaria de lembrar, deputado Osvaldo Verginio, que o deputado Edson Ferrarini foi deputado constituinte nesta Casa e fez essa Constituição. Portanto, se no Artigo 37 dessa Constituição especificasse que o Poder Executivo é exercido pelo governador do estado e pelo vice-governador, seria diferente. Então, o pensamento do constituinte originário, em 1989, deixou claro que o governador é quem exerce Poder Executivo.

Continuando, o Art. 38 fala da função do vice-governador descrevendo em duas palavras: substituição e sucessão. Quando diz que substituirá o governador no caso de impedimento e suceder-lhe-á no caso de vacância.

Portanto, são dois relatos extremamente diferentes porque o primeiro fala de substituição em caso de impedimento, por exemplo, por motivo de viagem, ou licença por motivo de doença, enquanto o segundo fala em vacância. Esse artigo, sim é diferente porque fala de sucessão. Portanto, sustento que o vice-governador tem apenas a expectativa de sucessão.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Dilador Borges.

 

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Prosseguindo o meu relato, o Parágrafo Único diz: “O Vice-Governador, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Governador, sempre que por ele convocado para missões especiais.” Ou seja, o vice não exerce nenhum tipo de atribuição executiva de fato e nem diretamente. Portanto, esse será um debate muito alongado, deputado coronel Ferrarini.

Quero dizer ainda que se o vice-governador serve para ser nomeado secretário de Estado, por que não serve para ser ministro da República? Principalmente porque estamos falando de entes federativos diferenciados.

Concordamos que o vice-governador não pode exercer os dois cargos ao mesmo tempo, mas digamos, por exemplo, que o governador e o vice-governador-ministro viajem para o exterior, quem assumirá o comando do Poder Executivo estadual será o presidente da Assembleia Legislativa. Então, trarei mais argumentos para discutirmos na CCJ até à exaustão.

Mas, Sr. Presidente, repito que é desvario da bancada do PSOL querer cassar o mandato do ilustre vice-governador, Afif Domingos.

 

O SR. PRESIDENTE - DILADOR BORGES - PSDB - Tem a palavra o nobre deputado Osvaldo Verginio, pelo tempo remanescente do Pequeno Expediente.

 

O SR. OSVALDO VERGINIO - PSD - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp e internautas, venho à tribuna, mais uma vez, no dia de hoje e quero cumprimentar a população da cidade de Osasco que está recebendo um grande recapeamento com recursos de verbas advindas de Brasília. Essas verbas foram solicitadas por parlamentares e deputados de Brasília, por deputados de Osasco e por deputados desta Casa, que têm enviado recursos. Eu mesmo enviei à cidade de Osasco emenda muito importante para recapeamento das ruas, que estão todas deterioradas.

No que diz respeito à Virada Cultural, todas as pessoas que aqui estiveram criticaram a Virada Cultural. Se o prefeito não a faz, ele não presta. Se não permite realizar a Parada Gay ou a Marcha para Jesus, o prefeito não presta.

Acredito que o ocorrido na Virada Cultural deve-se ao fato de que a mesma envolve muitos jovens, os quais, estando na flor da idade, acabam utilizando drogas, entre outras coisas. A Polícia Militar fez o seu papel, protegendo bem as pessoas.

Essas duas fatalidades - a morte do rapaz que ingeriu drogas e da pessoa que brigou - ocorreram porque São Paulo é uma cidade grande, com muita gente, onde ocorre muita violência. Mas a Virada Cultural é importante e merece ser valorizada.

O ex-prefeito Gilberto Kassab, em seis anos de mandato, conduziu muito bem a Virada Cultural. O prefeito Fernando Haddad está levando adiante este projeto. As cidades do interior estão reproduzindo a Virada Cultural.

Deve-se levar cultura para a juventude, no intuito de amenizar alguns problemas que envolvem os jovens. A Virada Cultural é importante, assim como a Marcha para Jesus e a Parada Gay. Temos de respeitar todos que gostam e querem participar.

O Brasil é um país democrático, onde o povo deve fazer o que gosta, já que paga impostos e tem sofrido em virtude de São Paulo ser uma cidade com a mobilidade urbana muito carregada.

 

O SR. PRESIDENTE - DILADOR BORGES - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. EDSON FERRARINI - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, hoje eu pude solicitar nesta Casa uma sessão solene em homenagem ao Proerd, da Polícia Militar. O programa completará 20 anos e é um trabalho de prevenção às drogas, realizado pelo policial fardado.

Tal projeto é derivado dos Estados Unidos, tendo sido aplicado nos 52 estados americanos. O Proerd é um modelo para o Brasil, motivo pelo qual gostaria que a presidente Dilma Rousseff fizesse algo parecido, que aprendesse com ele. Gostaria também que o governador e o secretário de Educação - que é um verdadeiro fracasso no que diz respeito à prevenção às drogas - aprendessem a aplicá-lo.

 O Proerd é um programa que, nos últimos 20 anos, atingiu sete milhões de crianças. Em apenas dez aulas, ensina a criança a resistir às drogas. O projeto é aplicado, inclusive, em tribos indígenas: um casal de militares dirige-se a tribo e conversa com os jovens na linguagem tupi-guarani, envolvendo até o pajé. Eles orientam as crianças, mesmo aquelas que têm problemas de visão e audição.

Eles têm um programa especial na Apae para crianças com necessidades especiais. São 762 policiais que estão em 436 municípios. Seiscentas mil crianças são abordadas por ano pela Polícia Militar por meio do Proerd. Eu gostaria de cumprimentar o coronel PM Omar Lima Leal, que é o diretor da Polícia Comunitária e de Direitos Humanos, e o major Ulisses Antônio da Cunha Pereira, o executor. Há ainda a capitão Regina Célia de Oliveira Salinero, que é a mais antiga oficial do Proerd.

Isso é para os brasileiros ficarem felizes e os paulistas se orgulharem da sua Polícia Militar. Hoje eu pude homenageá-los aqui, e criei o Dia Estadual do Proerd para valorizar esses soldados, esses policiais e essas mulheres fantásticas. Eles têm um hino, envolvem as crianças e entregam um diploma ao final de dez aulas. Assim, as crianças aprendem a dizer não às drogas e à violência.

Parabéns, Polícia Militar. Eu tive muito orgulho de presidir essa sessão, de criar o Dia Estadual do Proerd e de homenageá-los hoje na Assembleia Legislativa.

 

O SR. PRESIDENTE - DILADOR BORGES - PSDB - Obrigado por suas palavras. Quero dizer que em Araçatuba o Proerd também faz um grande trabalho.

 

O SR. OSVALDO VERGINIO - PSD - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu também quero cumprimentar o nobre deputado Edson Ferrarini por essa sessão que houve hoje pela manhã. Realmente o Proerd é hoje um programa legal para a juventude, pois ensina o que é certo e o que é errado para as crianças nas escolas. As escolas devem se interessar pelo Proerd. Esse programa tem salvado muitas vidas, pois as crianças chegam em casa e falam para os pais o que é certo e o que é errado. Algumas crianças não sabem o que é droga, mas hoje elas sabem e não se aproximam, porque os policiais ensinam a elas o que é bom e o que é ruim.

Aproveitando, gostaria de mencionar também o Conselho Comunitário de Segurança - Conseg, criado pelo então governador André Franco Montoro. É preciso valorizar isso e envolver as pessoas, trazer ideias. É preciso fortalecer essas instituições que não têm fins lucrativos para poder ajudar as Polícias.

Atualmente nós temos grandes problemas com a juventude. Os jovens são os causadores de grandes crimes que estão repercutindo em nosso País. Temos que cuidar da juventude, que é o futuro do Brasil. Por isso pedimos a Presidente Dilma, ao Governo do Estado de São Paulo e aos deputados que olhem pela juventude, pois é ela quem vai nos representar no futuro. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DILADOR BORGES - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra, por permuta de tempo com o nobre deputado Chico Sardelli, o nobre deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, quero agradecer ao nobre deputado Chico Sardelli por essa oportunidade. Quero dizer que não sou contra a Virada Cultural, sou contra quem perturba, em local público, as pessoas que querem descansar, os trabalhadores que querem dormir para trabalhar no dia seguinte, os estudantes que precisam dormir para estudar no dia seguinte, as pessoas da melhor idade que querem repousar, porque a noite foi feita para descansar.

Todo ser humano tem um relógio biológico. Precisamos de três ou quatro noites para recuperar uma noite mal dormida e recompor esse relógio. Não sou contra a Virada Cultural, sou contra as pessoas que ficam tocando música pornográfica, fazendo apologia ao crime, fazendo um barulho ensurdecedor, matando-se, usando drogas e bebida alcoólica.

A via pública é de todos, mas é preciso haver respeito, senão daqui a pouco os indivíduos vão começar a cheirar pó em qualquer lugar, a praticar delitos, dando mau exemplo aos adolescentes. Que será dos herdeiros deste País?

Sei que no interior também vai haver Virada Cultural. Não há estrutura nem no interior, nem na Capital para esses eventos. Os cidadãos não têm em suas casas vidros e janelas à prova de som para que possam repousar e recuperar suas energias.

No interior muitos vêm falar comigo e me parabenizar pelo projeto que aprovamos nesta Casa para o controle da sonorização dos carros de passeio, que parecem um trio elétrico. Os carros encostam na porta da sua casa e ligam o som com músicas pornográficas, de apologia ao crime, deixando os cidadãos arrepiados de horror.

Não sou contra a Virada Cultural, mas sugiro que seja realizada em locais fechados que não perturbem o entorno, como teatros, estádios e ginásios. Ninguém é obrigado a ficar a noite toda acordado por causa desse evento. Quem optar por isso que vá.

Graças a Deus o prefeito Haddad restringiu a Virada Cultural, que era espalhada por toda a cidade. Sua Excelência retirou o evento da periferia e o concentrou no Centro. Parabéns, prefeito Haddad, por esta medida importante. Agora, são apenas dois dias, mas dois dias em que as pessoas não conseguem dormir. Quem quer descansar têm que sair da cidade.

Ninguém tem o direito de ferir o direito do outro. Não sou contra a Virada Cultural, desde que realizada em locais adequados, onde não haja residências, porque as pessoas querem dormir. Os logradouros públicos têm que ser respeitados.

Estive na União Soviética e estava muito frio, cerca de 28ºC negativos. Vi um cidadão cambaleando e perguntei para minha intérprete o que iria acontecer com ele. Ela disse que se ele conseguisse chegar em casa, não haveria problema, mas se caísse na rua iria para a Sibéria. Porque cair na rua é dar mau exemplo aos adolescentes que passam por ali. Ou seja, é um país sério, como a Europa, o Oriente e mesmo os Estados Unidos. Aqui não. O cara enche a cara, cheira o pó, fuma crack nas ruas e não acontece nada. É na porta do colégio, da faculdade, é o vira-vira enchendo a cara com cerveja e outras coisas mais. Ele dá o mau exemplo, faz barulho o dia inteiro, a noite toda e fica por isso.

Esse é o País que quer desenvolver, mas dessa forma não tem jeito. Se houver violência, ninguém virá para cá. O senador Suplicy é assaltado no centro de São Paulo. Quem quer vir para cá? Quem quer ir para a Virada Cultural? Vai atrair algum turista? Pode atrair, talvez, aqueles que queiram cheirar, drogar-se e encher a cara. Tanto é que na Virada Cultural não eram encontrados refrigerantes, tampouco água. Só havia bebida alcoólica. Era uma Virada Cultural regada a álcool e drogas. Nós não concordamos com isso, uma reflexão tem que ser feita.

Por isso, meu caro deputado Dilador Borges, temos que fazer uma reflexão e acredito que o Haddad está no caminho certo ao restringir a Virada Cultural. Não fez como o governo anterior, que alastrou o evento para a cidade inteira, sem policiamento. A polícia não consegue policiar o tempo todo, a madrugada inteira. Não há contingente para isso. Essa reflexão em relação à Virada Cultural é muito importante.

Que nós possamos aumentar, cada vez mais, a virada esportiva. Os nossos jovens precisam muito do esporte. O esporte combate a violência, as drogas e é o melhor caminho para os nossos futuros herdeiros.

Lamento os fatos ocorridos no dia de ontem na cidade de São Paulo. O balanço é preocupante: duas pessoas mortas, assassinadas; 17 prisões; 12 roubos; seis esfaqueamentos; uma arma apreendida; 1.800 atendimentos pelo Samu e 260 remoções, mobilizando médicos e policiais. Estes são os dados oficiais, porém, vimos pela mídia que na prática foi diferente. Havia uma delegacia que não tinha condições de atender a mais ninguém; não havia nem lugar para prender as pessoas. Elas eram detidas dentro das viaturas da polícia. Não havia local apropriado, pois as delegacias estavam abarrotadas.

Na minha forma de ver, estes números são pequenos. Eles irão aumentar, conforme disse o comandante. Nós precisamos repensar, sim. O prefeito Haddad está no caminho correto ao restringir. Eu gostaria que o prefeito Haddad levasse essa Virada Cultural para o Ginásio do Ibirapuera, para o Constâncio Vaz Guimarães, enfim, para onde não perturbasse ninguém.

Não dá para fazer esses eventos em vias públicas e ter essa degradação. Para mim, é uma degradação. Isso não ajuda em nada a nossa imagem no exterior; para aqueles que querem investir; para os turistas que vêm a nosso País. Teremos a Copa do Mundo aqui. O futebol é a paixão do povo brasileiro e temos que diminuir incidentes como o que aconteceu com o nosso senador. Senador da República assaltado em plena Capital paulista, o Estado mais forte da União, a maior cidade do hemisfério sul! Que exemplo damos para aqueles que querem vir ao nosso País assistir à Copa do Mundo? Teremos outros eventos, como as Olimpíadas. E o turismo? Isso afugenta o turista. Temos que repensar.

Meu caro deputado Dilador Borges, sou do interior também. Lá, a gente dormia às 10 horas da noite. Nesse horário, todos já estavam dormindo. Aqui não. Às 10 horas, 11 horas, meia-noite, os nossos jovens estão saindo para as baladas, e temos tantos fatos tristes. Lá em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, tivemos a morte de vários jovens que estavam se divertindo, buscando lazer, e que em circunstância tão dramática perderam suas vidas.

Quero dizer ao nobre deputado Dilador Borges que nasci no interior, sou do interior. Lá queremos sossego, queremos tranquilidade. A polícia de lá se resume a meia-dúzia de policiais, não precisa mais que isso. É uma cidade pequena, mas que nos traz qualidade de vida e possui ordem pública. Da maneira como está a Capital, este tipo de Virada Cultural desserve nossa sociedade e dá mau exemplo aos nossos herdeiros.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DILADOR BORGES - PSDB - Tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo, por permuta com o deputado Luiz Cláudio Marcolino.

 

O SR. JOÃO PAULO RILLO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, aproveito a oportunidade no dia de hoje para relatar uma das questões que considero mais sérias neste País, que é a fragilidade de nosso sistema eleitoral e a forma lenta como são combatidos o abuso do poder econômico, o uso da máquina e a utilização de métodos sórdidos e sujos na disputa de eleições.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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Meu partido, o Partido dos Trabalhadores, há algum tempo sofre ataques violentos, ataques fascistas, ataques literalmente terroristas em véspera de eleições, especialmente em cidades menores do interior do Brasil e do interior de São Paulo. É mais difícil de se conseguir derrotar um candidato com ataques deste nível. Infelizmente isto é frequente em cidades menores do Estado.

Quero fazer um relato e, quem sabe, quero ser ouvido por uma juíza, por uma desembargadora que amanhã dará seu voto em uma representação feita pela coligação “O Futuro é Agora”, da cidade de Bálsamo. A coligação tinha como candidato nosso amigo e companheiro, Carlos Eduardo - o Du - e com o vice Junior, do PMDB, em uma aliança entre PT e PMDB. Enfrentaram a candidatura da máquina e fizeram uma eleição espetacular. Politizaram o processo em Bálsamo, deram àquela cidade a oportunidade de conhecer um programa e de conhecer uma campanha digna e limpa.

Foram ameaçados por terem feito uma boa campanha, uma campanha honesta, com um candidato íntegro, um jovem cheio de entusiasmo, um jovem que irradiou a esperança de Bálsamo conhecer uma administração mais humana e diferenciada. A candidatura da situação partiu para o ataque, partiu para a baixaria. Utilização da máquina, abuso do poder econômico e outras falcatruas foram cometidas pela candidatura da situação, pela candidatura da máquina. Tais acontecimentos foram materializados e foram representados à Justiça pela coligação.

Uma dessas representações diz respeito a um ataque feito de maneira muito baixa, de maneira vil. Durante a madrugada, na calada da noite, houve a distribuição de um jornal. Fiquei envergonhado de trazê-lo a esta tribuna, jornal este que está nos autos do processo. Lá, havia 13 motivos para não votar no nosso candidato, Du, para não votar 13, que é o número do nosso partido. Um jornal baixo, que eu nunca vi igual, em que trazia 13 motivos inventados, para não votar. Esse jornal foi distribuído na madrugada, casa por casa. Todos os eleitores tiveram acesso a ele, numa eleição que estava apertada - como dizemos no interior, a ser decidida “palmo a palmo”, ou seja, voto a voto.

Esse jornal foi confeccionado e distribuído. Entre outras baixarias e mentiras, dizia que Bálsamo levaria o mensalão para lá e que o nosso candidato escravizava os trabalhadores em suas fazendas, em Minas Gerais. Referia-se negativamente ao nosso partido como os “petralhas”.

O jornal foi apreendido. Foi feita uma representação. Depois de muita pressão e desespero daqueles que utilizaram esse método, apareceu um jornalista que assinou a feitura do jornal. Disse que o fez a mando do Sr. José Ferreira Matos, que também admite sua confecção.

O mesmo conteúdo do jornal foi utilizado nas rádios, no programa eleitoral da candidatura da Sra. Cátia. Portanto, ali estava criado o nexo entre o material e a propaganda da candidata a prefeita.

Quando apareceram os autores, a representação ganhou força. Foi descoberto e provado que o mandante da confecção do jornal era membro da coordenação do comando de campanha da candidata da situação e delegado oficial daquela coligação.

Feita a juntada probatória, o promotor do Ministério Público local e o juiz de primeira instância da comarca de Mirassol não tiveram dúvidas. Ele condenou e deixou inelegível por oito anos a prefeita eleita.

Recorreram da decisão ao Tribunal. Ainda assim, o procurador, representante do MP estadual, concordou com a decisão local e manteve a posição de pedido de cassação e inelegibilidade da candidata que teve a vitória nas urnas.

Dois desembargadores de origem seguiram, fundamentaram ainda mais a decisão em primeira instância e mantiveram a decisão contrária, concordando que houve abuso do poder econômico e dos meios de comunicação, numa campanha sórdida. Faço questão de ler o posicionamento:

“Entendeu o juiz de primeiro grau que a distribuição do jornal impresso injurioso e calunioso na calada da noite, na véspera das eleições, em tiragem significativa, foi expediente capaz de subverter e corromper a vontade do eleitor, impedindo que ele se expressasse livre e genuinamente nas urnas, de forma que comprometeu a igualdade da disputa e a legitimidade do processo eleitoral em seu momento agudo e culminante.

Dessa forma, o juiz eleitoral da comarca de Mirassol julgou procedente a representação eleitoral e decretou a inelegibilidade tanto da prefeita eleita como de seu vice para as eleições a se realizarem nos oito anos subsequentes às eleições de 2012, bem como determinou a cassação do registro ou diploma, nos termos da Lei Complementar nº 64/90; e ainda os condenou ao pagamento de multa no valor de 10 mil reais.

Dois desembargadores do TRE também comungaram com a tese do juiz de primeira instância. Contudo, o julgamento foi sobrestado, com um pedido de vista da juíza Clarissa Campos Bernardo.”

Respeitamos, obviamente, a posição dessa juíza, mas ela sequer fundamentou seu pedido, apenas seguindo a orientação do advogado de defesa, alegando que não tinha provas de que tal feito fora comungado, conjugado, junto à candidatura oposta, aquela que foi denunciada. Ora, Sr. Presidente, consta nos autos, há réu confesso, um jornalista; e um cidadão que era do comando da campanha e delegado oficial da coligação assumiu a autoria. E um outro desembargador seguiu este entendimento, também sem fundamentar a posição.

Isso significa que está dois a dois: dois desembargadores a favor da cassação do registro e do diploma da Sra. Cátia, e dois desembargadores contrários, que seguem a posição da defesa. Nem citarei os nomes, para não dar uma conotação de pressão. Apenas estou relatando, e tenho fé que isso chegará a quem deve chegar, a minha mensagem.

Amanhã será decidido, por um desembargador, se a prefeita será cassada, se a coligação terá sua vitória anulada, por utilização de métodos sórdidos, ou não. E aqui, em nome do PT regional, em nome do PT de Bálsamo e do meu grande companheiro, o jovem Du, que disputou a eleição, digo que não queremos ganhar nada no “tapetão”. Queremos, sim, uma eleição limpa. E se a Justiça entender que outra eleição deverá ser feita, nós vibraremos e comemoraremos uma decisão justa. Não queremos vitória no “tapetão”. Queremos o direito de disputar uma nova eleição na cidade de Bálsamo, com fiscalização permanente da Justiça, para que as coisas transcorram de maneira transparente e limpa, assim como foi a campanha do nosso candidato. Queremos um novo pleito para disputar em pé de igualdade, sem sujeira e sem baixaria. É isso que queremos e é isso que cada cidadão de Bálsamo deseja: um novo pleito, de maneira limpa. É o que esperamos da Justiça do estado de São Paulo.

Muito obrigado.

 

O SR. DILADOR BORGES - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, visitantes, funcionários desta Casa, ouvi atentamente as palavras do nobre deputado João Paulo Rillo, e concordo plenamente.

Precisamos fazer um trabalho para acabar com a reeleição. Só assim poderemos desvincular o uso da máquina. Esta questão, às vezes, fica esquecida.

O nobre deputado falou sobre a eleição do ano passado. Esta questão de política suja deve ter sido importada de Araçatuba. Nós lembramos dessas coisas porque também fomos vítimas dessa política suja, de denúncias e falcatruas inventadas pelo nosso adversário. E como se não bastasse isso, houve pesquisas forjadas. Temos que fazer, urgentemente, a reforma eleitoral.

E V.Exa., que faz parte do partido da presidente, por favor, nos ajude. Só assim poderemos nos livrar destes mecanismos sujos e antidemocráticos, como difamação, pesquisas fabricadas e tudo o que há de sujeira para que se possa ganhar uma eleição. Isso é muito triste. Vemos pessoas de bem sendo caluniadas por motivos eleitoreiros, por isso concordo plenamente com V. Exa., deputado João Paulo Rillo.

Precisamos, urgentemente, fazer a reforma eleitoral para termos uma democracia mais leve, mais barata e para que o dinheiro do povo não seja usado para reeleição. Pediremos aos nossos colegas, os deputados federais, que coloquem isso na pauta. Assim, o povo realmente poderá fazer valer o seu direito e a sua vontade, porque, muitas vezes, nas eleições, a vontade da população não tem sido exercida. O dinheiro, as falcatruas e a denúncia infundada é que têm mandado.

Este é o momento. Não vamos deixar para as eleições. O assunto foi muito bem lembrado pelo deputado João Paulo Rillo. Fui vítima, na minha cidade, de denúncias infundadas e pesquisas mentirosas. Talvez V. Exa. tenha sido candidato em seu município, no pleito anterior, e sentido isso na pele.

Cabe ao Congresso mudar isso. Só falta vontade política, vontade essa que cabe a esta Casa, à Câmara Federal e ao Senado. Vamos trabalhar para que a reeleição acabe, mesmo que seja necessário adicionar um ano a mais ao mandato. Sou favorável aos cinco anos de mandato e ao fim da reeleição, pois dessa forma tiraremos essas pessoas que fazem política por dinheiro.

 

O SR. DILADOR BORGES - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão.

Antes, porém, gostaria de parabenizar as cidades de Alambari, Araçariguama, Arapeí, Barra do Chapéu, Bertioga, Cajati, Campina de Monte Alegre, Canitar, Dourado, Emilianópolis, Engenheiro Coelho, Estiva Gerbi, Hortolândia, Novais, Potim, Ribeirão Grande, Saltinho e Tuiuti, que comemoraram seus aniversários ontem; e a cidade de Piedade, que faz aniversário hoje e onde ocorre a “Festa do Kaki Fuyu”. Desejo sucesso e desenvolvimento a todas as cidades aniversariantes.

Esta Presidência convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da 67ª Sessão Ordinária, lembrando-os ainda da realização de sessão solene, hoje, às 20 horas, para “Comemorar os 50 Anos do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo”.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 09 minutos.

 

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