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71ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: GILBERTO NASCIMENTO, ALBERTO CALVO,
PEDRO MORI e CELINO CARDOSO
Secretários: ALBERTO CALVO, RODRIGO GARCIA e
ROBERTO MORAIS
Data: 23/05/2002 - Sessão 71ª S. ORDINÁRIA Publ.
DOE:
PEQUENO EXPEDIENTE
001 - GILBERTO NASCIMENTO
Assume
a Presidência e abre a sessão. Convoca os Srs. Deputados para uma sessão
solene, requerida pelo Deputado Edson Aparecido, no dia 24/06, às 11 horas,
para comemorar o Dia do Agente de Crédito do Banco do Povo Paulista.
002 - JOSÉ AUGUSTO
Relata
sua participação, no último dia 20, em Belo Horizonte, num seminário sobre
violência urbana, do ponto de vista da saúde pública.
003 - Presidente GILBERTO
NASCIMENTO
Anuncia
a presença dos alunos e professores da Escola Estadual Elza Peçanha de Godoy,
de Piracaia, a convite do Deputado Edmir Chedid.
004 - LUIZ GONZAGA VIEIRA
Informa
que o Governador estará neste fim de semana no Sudoeste paulista, entregando
veículos, títulos de propriedades de terra e outros benefícios às cidades da
região.
005 - ALBERTO CALVO
Assume
a Presidência.
006 - GILBERTO NASCIMENTO
Lê
e comenta a coluna da jornalista Sonia Racy, publicada pelo "O Estado de
S. Paulo" de hoje, sob o título "Ovo e galinha".
007 - WADIH HELÚ
Avalia
a decisão do Banco Central, que manteve o nível da taxa de juros básica da
economia.
008 - GILBERTO NASCIMENTO
Assume
a Presidência.
009 - ANTONIO MENTOR
Acautela-se
contra as manifestações do Governo e de vários economistas, que dizem temer um
possível "efeito Argentina" no Brasil, dependendo de quem conquistar
a Presidência da República.
010 - EDSON GOMES
Cumprimenta
o grupo de pesquisadores brasileiros que sequenciou o genoma de duas bactérias
prejudiciais à agricultura, conforme artigo publicado na revista científica
"Nature".
GRANDE EXPEDIENTE
011 - VANDERLEI SIRAQUE
Anuncia
a reunião hoje, de Deputados da região do grande ABC, com a Presidência da Casa
e representantes dos setores econômicos sobre PLs que atendem a região. Informa
que esse mesmo grupo de Deputados apresentou, ontem, 32 emendas à LDO 2003,
oriundas de entidades do ABC.
012 - CÂNDIDO VACCAREZZA
Discorre
sobre a importância da participação da população na elaboração da LDO. Defende
que a receita do Estado não seja usada para pagar dívidas e obras
desnecessárias.
013 - WADIH HELÚ
Reafirma
sua posição em defesa de São Paulo. Acusa os Governos do PSDB de dilapidar o
patrimônio do País. Ataca a privatização do Banespa.
014 - Presidente GILBERTO
NASCIMENTO
Anuncia
a visita de professores e alunos da Escola Municipal Pedagogo Paulo Freire, de
Ourinhos, a convite do Deputado Claury Alves Silva.
015 - DUARTE NOGUEIRA
Rebate
críticas à gestão do PSDB no Estado. Ressalta os avanços na área social e
tecnológica do Governo de São Paulo. Elogia a instituição das delegacias
Poupatempo.
016 - RODOLFO COSTA E SILVA
Trata
do problema da contaminação causada pela Shell na Vila Carioca e em Paulínia.
017 - RODOLFO COSTA E SILVA
Pelo
art. 82, analisa a posição da sociedade diante da degradação de terrenos por
empresas que trabalham com pesticidas.
018 - RODOLFO COSTA E SILVA
Para
reclamação, registra presença em reunião com o Secretário da Agricultura sobre
a importância de barracões agroindustriais.
019 - ANTONIO MENTOR
Pelo
art. 82, trata dos poderes das guardas municipais e das restrições a que a
Constituição as submete.
020 - DUARTE NOGUEIRA
Pelo
art. 82, comenta a criação da Agência de Defesa Agropecuária.
021 - PEDRO MORI
Pelo
art. 82, reclama providências urgentes em relação ao valor cobrado por pedágio
na Castelo Branco, região de Alphaville.
022 - LUIS CARLOS GONDIM
Pelo
art. 82, reclama da falta de medicina preventiva por parte do Governo.
023 - PEDRO MORI
Assume
a Presidência. Anuncia a presença do Ex-Deputado Fernando Silveira.
024 - NIVALDO SANTANA
Pelo
art. 82, comenta as campanhas salariais de várias categorias de trabalhadores
com data base em 1º de maio e 1º de junho.
025 - WADIH HELÚ
Pelo
art. 82, aborda o assunto da segurança.
ORDEM DO DIA
026 - Presidente PEDRO MORI
Anuncia
um requerimento de preferência e sete de inversão da Ordem do Dia.
027 - WADIH HELÚ
Solicita
prorrogação da sessão por 2h30min, 2h20min, 2h10min.
028 - Presidente PEDRO MORI
Acolhe
o pedido. Anuncia que o colocará em
votação oportunamente. Passa à consulta ao plenário sobre a admissibilidade de
alteração da Ordem do Dia.
029 - WADIH HELÚ
Para
questão de ordem, contesta a colocação em votação do requerimento de preferência.
030 - Presidente PEDRO MORI
Responde
ao Deputado. Põe em votação e declara rejeitada a possibilidade de alteração da
Ordem do Dia.
031 - WADIH HELÚ
Solicita
verificação de votação.
032 - Presidente PEDRO MORI
Acolhe
o pedido e determina que se proceda à verificação pelo sistema eletrônico.
Anuncia o resultado, que indica quórum insuficiente para deliberar, ficando
inalterada a Ordem do Dia. Põe em discussão o PL 676/00.
033 - EDSON GOMES
Discute
o PL 676/00 (aparteado pelos Deputados Daniel Marins e Carlinhos Almeida).
034 - JORGE CARUSO
Requer
uma verificação de presença.
035 - Presidente PEDRO MORI
Acolhe
o pedido e determina que se proceda à chamada, interrompendo-a ao constatar
quórum regimental.
036 - VANDERLEI MACRIS
Requer
a prorrogação dos trabalhos por 15 minutos.
037 - Presidente PEDRO MORI
Acolhe
o pedido e informa que oportunamente o colocará em votação.
038 - CELINO CARDOSO
Assume
a Presidência. Põe em votação e declara aprovado requerimento de prorrogação da
sessão por 15 minutos, ficando prejudicados os demais requerimentos.
039 - REYNALDO DE BARROS
Requer
verificação de votação.
040 - Presidente CELINO
CARDOSO
Acolhe
o pedido e determina que se proceda à verificação pelo sistema eletrônico.
041 - WADIH HELÚ
Pede
a prorrogação da sessão por 2h30min.
042 - Presidente CELINO
CARDOSO
Registra
o pedido. Anuncia o resultado da verificação de votação, que aponta quórum
insuficiente para deliberar.
043 - WADIH HELÚ
Pede
a retirada de seu pedido de prorrogação.
044 - PEDRO MORI
Citando
entendimento entre as lideranças, requer o levantamento da sessão.
045 - Presidente CELINO
CARDOSO
Acolhe os pedidos. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 24/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Alberto Calvo para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.
O SR. 2º SECRETÁRIO - ALBERTO CALVO - PSB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Convido o Sr. Deputado Rodrigo Garcia para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.
* * *
- Passa-se ao
* * *
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Srs. Deputados, antes de chamar os oradores inscritos para o Pequeno Expediente, esta Presidência faz a seguinte convocação:
“Srs. Deputados, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Edson Aparecido, convoca V.Exas., nos termos do Art. 18, inciso 1º, letra “r” da Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 24 de junho do corrente ano, às 11 horas, com a finalidade de comemorar o Dia do Agente do Crédito do Banco do Povo Paulista.”
Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado José Augusto.
O SR. JOSÉ AUGUSTO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público que nos assiste nas galerias e através da TV Assembléia, no dia 20 do corrente mês tive a honra de representar todos os Deputados desta Casa na cidade de Belo Horizonte, num seminário que tratava a violência urbana como um assunto ligado à saúde pública. Considero esse seminário um dos grandes avanços que poderíamos ter neste momento da vida brasileira. Isto porque provavelmente levaremos muitos anos até começarmos a obter os frutos dessa luta intensa em questões que têm a magnitude, a dimensão da violência urbana.
Há 20 anos, aqueles que se preocupavam com a mortalidade infantil no Brasil, iniciaram uma luta por mais recursos para a saúde pública, por uma política de saúde pública nacional que trabalhasse e acompanhasse os índices de mortalidade infantil e pudesse reduzi-la. Hoje, podemos comemorar esta vitória. O Brasil apresenta índices de mortalidade infantil comparáveis a muitos países de Primeiro Mundo.
A questão da violência urbana é muito grave, primeiro, porque o Brasil vem apresentando um quadro de migração, ou seja, um crescimento desordenado das zonas urbanas, principalmente nas regiões metropolitanas dos grandes centros urbanos. Por exemplo, a região metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro concentram aproximadamente 30% da população brasileira. Com esta situação começamos a ter problemas habitacionais, problemas de desemprego, agressões de pais a crianças, agressões sexuais e também os crimes.
Esta violência urbana vem atingindo principalmente a população jovem, vem provocando uma situação de desequilíbrio, de desconforto, de perdas de vida, de aumento dos gastos com a saúde, ocupação de leitos, permanência de pacientes graves em UTIs, sacrificando, assim, outras patologias e sendo responsáveis, em um processo seqüente, por mortes em outras patologias. A questão da violência urbana torna-se tão grave que hoje representa, no âmbito nacional, um custo equivalente, na área de internações hospitalares de todas as patologias, o custo de 8% dos gastos com outras internações. Esses 8% são o que se gasta com a violência urbana, com o resultado da violência urbana. E esses dados são apresentados apenas pelo setor público. Imaginem, quando se incorpora a esta soma, os gastos, por exemplo, em hospitais particulares.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, este seminário tem a importância de começar a trazer essa preocupação, de fazer com que os serviços públicos também comecem a se preocupar com a violência urbana, que antes era apenas uma preocupação da Secretaria de Segurança, das Delegacias de Trânsito e outros órgãos que se ocupavam dessa parte da violência. Quer dizer, a saúde pública começa hoje a assumir essa dimensão, assim como assumiu o alcoolismo e, na compreensão destes dados, provavelmente vai estar divulgando, para que os governantes possam acompanhar as estatísticas e possam estar justamente apontando medidas interdisciplinares de várias secretarias, de aumento de recursos da Educação, de reciclagem, de estar trabalhando a questão da qualificação de jovens, de estar trabalhando a questão de combate à violência e assim por diante.
Sr. Presidente, Sras. e Srs., estive naquele importante congresso e levei a palavra desta Assembléia. Espero que possamos promover nesta Casa um seminário que possa discutir a violência, até porque o Estado de São Paulo é campeão, uma vez que representa 33, 9% das violências urbanas no Brasil. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Esta Presidência, com muita alegria, anuncia a presença dos ilustres visitantes, alunos da Escola Elsa Peçanha de Godoy, de Piracaia, acompanhados pela vice-Diretora, Sra. Ofélia A. Rubio e pela Sra. Professora Maria Aparecida Modesto da Silva, convidados do nobre Deputado Edmir Chedid, 2º Vice-Presidente desta Casa. Damos os parabéns a vocês por estarem visitando esta Casa hoje, agradecemos sua visita e queremos dizer que esta Casa continua aberta por qualquer uma das portas. Vocês devem ter observado as 4 entradas que a Casa tem. Esta é a Casa do povo, portanto é a Casa de cada um de vocês. E quem sabe, já estejam se preparando, para um dia, quando tiverem a sua maioridade, ocupar uma dessas cadeiras. Portanto, meus parabéns. Recebam os nosso aplausos. (Palmas.)
Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Gonzaga Vieira.
O SR. LUIZ GONZAGA VIEIRA - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, alunos e professores de Piracaia, que nos dão a honra da visita nesta tarde, assomamos à tribuna nesta tarde para fazer o anúncio de que o nosso Governador Gerado Alckmin estará, neste fim de semana, no sudoeste paulista fazendo uma série de entregas de veículos a muitas cidades daquela região. No sábado, às 15:00 horas, o Governador estará na cidade de Apiaí, quando fará a entrega de 800 títulos de propriedade pelo Instituto de Terra do Estado de São Paulo. Entregará também uma patrulha rodoviária agrícola que atenderá os municípios de Apiaí, Barra do Chapéu, Iporanga, Itaoca, Itapirapuã Paulista e Ribeira, além da entrega de um veículo de apoio ao resgate para o município de Itapeva. Para os senhores terem uma idéia, serão entregues 800 de títulos de propriedade pelo nosso Governador aos produtores rurais daquela região de Apiaí.
Às 17:00 horas, no mesmo sábado, o Governador Geraldo Alckmin, estará na cidade de São Miguel Arcanjo, numa grande entrega de veículos para diversas Prefeituras, para diversos municípios daquela região. E gostaria de mencionar que o Governador fará a entrega em São Miguel Arcanjo de cinco ambulâncias convencionais para os municípios de São Miguel Arcanjo, Cerquilho, Cesário Lange, Itapetininga e Quadra. Também vai entregar um veículo para transporte de pacientes para o município de Alambari, que no final de semana que passou completou mais um ano de existência e tem como Prefeito um jovem dinâmico, o Prefeito Hudson. Também em São Miguel Arcanjo, o Governador fará a entrega de 13 microônibus para o transporte escolar, que irão atender os municípios de São Miguel Arcanjo, Alambari, Angatuba, Boituva, Campina do Monte Alegre, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Guareí, Itapetininga, Quadra, Sarapuí e Tatuí. Por aí os senhores têm uma idéia de quantos investimentos o nosso Governo, o nosso Governador Geraldo Alckmin está fazendo em todo o interior de São Paulo. E quando o Governador vai à nossa região é motivo de alegria para os Prefeitos, para a população das cidades do interior de São Paulo, porque em todas as ocasiões em que o Governador Geraldo Alckmin se dirige a uma cidade do interior, S. Exa. costuma, além de fazer essa grande entrega de veículos, para a polícia, ambulâncias, ônibus para o transporte escolar, máquinas agrícolas, máquinas para a recuperação de estradas vicinais, S. Exa. ainda costuma fazer um atendimento especial aos Prefeitos que comparecem nas cidades por onde o Governador tem passado.
Eram essas as minhas considerações nesta tarde. Sr. Presidente, Srs. Deputados, e dizer ao Governador Geraldo Alckmin que S. Exa., como sempre, será muito bem-vindo ao sudoeste paulista. Muito obrigado.
* * *
* * *
O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Camargo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Wilson Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Tripoli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Gouveia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gilberto Nascimento.
O SR. GILBERTO NASCIMENTO -
PSB - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente,
nobres Srs. Deputados, senhoras e senhores, Deputado Paschoal Thomeu, a quem
rendo minhas homenagens pelo grande trabalho que vem desenvolvendo em sua região,
telespectadores da nossa TV Assembléia, vou ler um artigo de Sonia Racy, do
jornal “O Estado de S.Paulo”, que diz o seguinte: “O ex-BC Gustavo Franco
concorda que a dívida pública cresceu muito nos anos do Governo FHC, mas exime
a equipe econômica de culpa por isso,
lamentando, porém, o fracasso na tentativa de fazer um ajuste fiscal maior.
‘Não vou carregar esse erro, tentamos introduzir cortes de gastos e encontramos
resistências tanto no Legislativo como no Executivo’, diz, lembrando que os
mesmos que aplaudem hoje a Lei de Responsabilidade Fiscal tentaram atrapalhar
ao máximo sua aprovação, ‘inclusive o Deputado Delfim Neto, que agora acusa o
Governo de ter feito uma dívida
irresponsável’, ponderou ontem, depois do resultado da reunião do Copom que
manteve a taxa de juros em 18,5%.”
Não são palavras minhas, mas, de Sonia Racy, que é uma pessoa balizada para afirmar isso.
“Um dos fatores que impedem a queda dos juros é a dívida pública.
Franco vai mais longe: ‘Quando acusam o Governo de ter elevado a dívida, a culpa é deles, que não ajudaram a introduzir medidas fiscais saneadoras contribuindo, e muito, para o déficit público; é o resultado de não conseguir viver dentro dos próprios meios.’ Franco lembra o caso do presidente Ronald Reagan e Paul Volcker, do Fed. ‘Para financiar o seu programa armamentista, Reagan determinou maiores gastos, com conseqüente crescimento do déficit público, obrigando Volcker a aumentar a taxa de juros americana, o que elevou o déficit público.’
Mas, afinal, as contas públicas são o único empecilho para que os juros não caiam?”
Ainda ontem falava que tínhamos expectativa de que o Comitê de Política Monetária viesse a reduzir a taxa de juros. Na medida em que se reduz a taxa de juros a 1 ou 2%, não se criariam maiores demandas no mercado, até porque esse é o grande problema do Governo: a partir do momento em que se reduz a taxa de juros, automaticamente se incentiva o crédito e isso gera inflação. Isso não é verdade. É claro que também não seria necessário se reduzir a taxa de juros a zero. Não é nada disso.
Já que se fala tanto da estabilidade da moeda, poderíamos reduzir um pouco a taxa, porque quando se dizia que as taxas seriam reduzidas, o valor do dólar automaticamente baixou e as bolsas reagiram.
Mas, vamos ao artigo de Sonia Racy, no ponto em que indaga se as contas públicas são o único empecilho para que os juros não caiam.
“Não. Para o ex-BC, são três as razões principais. Primeira. A arbitragem de capital internacional. De maneira simplificada, pesam na decomposição dos juros, a taxa do Tesouro americano, mais o risco Brasil.
Para Franco, esse ‘limitador’ estaria hoje em um nível de aproximadamente 15% ao ano, abaixo, portanto, da Selic, fixada em 18,5%. Segunda. As metas de inflação. ‘Ao fixar a meta para este ano entre 3,5% e 5,5%, ao ano, o BC praticou uma autolimitação e por esse sistema de bandas deveria ter aumentado os juros, já que a meta projetada para 2002 está batendo no limite superior’, pondera. E terceira. As já citadas contas públicas.
O fato é que o Brasil pode não levar a Copa do Mundo, mas certamente vai ganhar o troféu, em julho, de maior taxa real de juros do Planeta.”
Vimos um economista dizer
recentemente que existe um banco estrangeiro que tem 0,78% de seu ativo no
Brasil. Portanto, se tem 0,78% aqui, tem 99,22% no resto do mundo,
principalmente nos países da Europa e Estados Unidos.
Porém, 0,78% do seu ativo no Brasil representa 25% do seu lucro no mundo todo. Isto é uma vergonha. Não podemos conviver com uma taxa de juros tão elevada. O Brasil virou o paraíso dos banqueiros. Tenho reclamado isso todos os dias da tribuna. Por isso que o povo está quebrando.
Vamos continuar no artigo de Sonia Racy.
“Para que o Brasil perca esse campeonato, segundo Fernando Ferreira, da Global Invest - consultoria que levanta, há mais de três anos, dados sobre taxa de juro real em 40 países diferentes -, o BC teria de ter cortado mais de 2 pontos porcentuais da Taxa Selic ontem e manter a trajetória de queda até o fim do ano. A Polônia, que hoje está em primeiro lugar, está reduzindo juros há um ano e vai deixar o Brasil passar na sua frente, segundo projeções da consultoria paranaense, em julho. O carro dos juros brasileiros conseguiu passar até a taxa praticada na Argentina. Ou, melhor, com o mercado financeiro paralisado no país vizinho, a taxa ‘não’ praticada por lá.”
Só o Presidente do Banco Central, Dr. Armínio Fraga, acha que não. Isso porque, infelizmente, quer agradar os nossos credores internacionais segurando a moeda. Mas não adianta segurar a moeda se ela não está no bolso do povo. Não adianta continuar praticando essa taxa de juro enquanto o povo estiver passando dificuldades. Pois na medida em que o povo não tem dinheiro para comprar, os produtos não giram no mercado e, consequentemente, as indústrias não produzem. E as indústrias não produzindo, infelizmente, tem desemprego. Portanto, há necessidade de se baixar a taxa de juro.
Sr. Armínio Fraga, até quando teremos esse jogo ruim para o Brasil? Vamos baixar essa Taxa Selic em 2%, como dizem todos os economistas! Não sou economista, mas os grandes economistas dizem que na medida em que baixarmos as taxas de juros, a carga será menor e o país poderá crescer.
O SR. PRESIDENTE - ALBERTO
CALVO - PSB -
Tem a palavra o nobre Deputado Eduardo Soltur. (Pausa.) Tem a palavra o nobre
Deputado Wadih Helú.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, os jornais de hoje dão em manchete que “Dividido, o Banco Central mantém juros em 18,5%”. O pior é que quem paga, como sempre, é a população, principalmente a classe menos favorecida. É bom que o telespectador da TV Assembléia, o jovem e o ancião que nos vêem entendam que essa é a política do PSDB. O Sr. Fernando Henrique Cardoso, se acomoda em qualquer setor, de acordo com suas conveniências, a ponto de vermos - e os jornais de ontem estamparam - S.Exa. no Vaticano, setado ao lado do Papa. O mesmo Fernando Henrique que declarou, durante a campanha em que foi derrotado por Jânio Quadros, que era “ateu”, em resposta à pergunta de Boris Casoy se o mesmo FHC acreditava em Deus, tendo afirmado: “Eu, Fernando Henrique, sou ateu”. Mas como convém sair em todos os jornais do Brasil - a mídia está a seu serviço – não se pejou em fotografar-se com a família, com os convidados, ao lado do Papa Sua Santidade João Paulo II.
Mas o que nos traz aqui é que, dentro de sua linha de Governo, mantém os juros em 18,5%. Ontem, as televisões e as rádios anunciaram que este ano a inflação é baixa: é 0,20%. É uma inflação para aqueles que têm posições outras, e que têm rendas outras, que não têm que trabalhar, que não têm aquela limitação que é imposta a toda a família, que não têm nenhum elemento da sua família desempregado, que está vivendo no auge, na aura do poder. Pura ficção. E vamos ainda querer criticar outros países, em que os juros anuais são de 1,75 a 4% no máximo.
Diante do caos que nos impõe esse Governo do PSDB, lembramos a senhora e ao senhor que teremos eleições em seis de outubro. É necessário mudar, a mudança se impõe para que haja uma esperança de que tenhamos dias melhores com menos miséria e insegurança. Não é possível continuar com um Governo que em oito anos levou nossa economia a um estado falimentar. Comerciantes tradicionais fecharam suas portas, industriais com 30 ou 40 anos de trabalho fecharam ou foram à falência, aumentando o desemprego.
Quando se fala que no Estado de São Paulo temos quatro milhões de desempregados, este Deputado repete sempre esses números para que os senhores tenham consciência, que a senhora dona de casa compreenda, que a senhora que tem dificuldade ao ir à feira que traz o mínimo necessário para o seu almoço ou o seu jantar repudia esse Governo de FHC. Quando olhando para o filho, na sua caminhada diária, atrás de um emprego, ou chefe de família que, por força da falência da empresa onde trabalhava há 20 anos, hoje está na rua da amargura, sem saber a quem recorrer, reajam contra os desatinos dessa gente.
O Banco Central, com o Sr. Armínio Fraga à frente, entende que os juros têm que ser altos para não termos inflação. Mas não se trata de inflação, Sr. Presidente. O povo não tem dinheiro sequer para comer! Grassa a miséria de oito anos para cá, e o seu Governo é o grande responsável. Durante quatro anos, tinha a paridade do nosso real, com o dólar. Graças a Deus, o Brasil teve felicidade porque a sociedade pressionou e essa paridade cessou. É um Governo que engana, tanto em Brasília como no Estado de São Paulo. Por via de conseqüência, dentro da filosofia política e ideológica desses Governos do PSDB. Hoje nos falta segurança, está aí um seqüestro banalizado, em que uma criança, um menino de 14 anos, é apanhado e maltratado num seqüestrado de 43 dias, e a polícia fica de braços amarrados. O policial não pode trabalhar porque o Governo Alckmin, hoje com Covas ontem, não permita que a Polícia trabalhe.
Não é possível! Temos que reagir. Seis de outubro está aí, temos que bani-los da vida pública nacional! Não têm condições, nem competência para comandar nosso País e nosso Estado. É necessária uma reação democrática, nas urnas, para a melhora da vida de todos nós. Hoje, quer em São Paulo, quer em Brasília, os Governos nos abandonam à própria sorte !
* * *
* * *
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Edir Sales. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Emídio de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Carlos Stangarlini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Garcia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor.
O SR. ANTONIO MENTOR - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público que nos assiste na TV Assembléia, nós estamos observando com muita atenção e muita cautela noticiário nos jornais, nas televisões, nos editoriais das rádios e as entrevistas relativamente ao processo eleitoral do ano de 2002, mais especificamente às eleições presidenciais. O que nós temos notado é que há em curso um movimento, uma orquestra tocando uma única música: a música que soa aos ouvidos do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do candidato oficial, do candidato chapa branca, o candidato José Serra, como uma verdadeira sinfonia, música que está sendo veiculada a pedido do Governo, com certeza absoluta, Deputado Nivaldo Santana, a pedido do Governo. A música que prevê o caos na alternância do poder, que prevê o efeito Argentina no Brasil com o advento da oposição na Presidência da República. Economistas de várias origens são contratados para discursar nas rádios, escrever nos jornais, prevendo o caos, disseminando o medo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta orquestra começou a tocar há pouco mais de 15 dias, com a ascensão do candidato Luís Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais, atingindo índices que dão conta da insatisfação do povo brasileiro com esse Governo que tem trazido, só na Grande São Paulo, índices alarmantes de desemprego e de fome, de miséria nunca antes observados na principal região do Brasil, a principal região do ponto de vista econômico social e político: quase dois milhões de desempregados apenas na Grande São Paulo; queda na produção industrial. Este é o resultado da política econômica do Governo Fernando Henrique Cardoso, e que pode levar ao caos esse País.
O que se observa é que, nesses discursos encomendados pelo Palácio do Planalto, nessas manifestações feitas a pedido do PSDB e dos seus aliados, usando como boneco de ventríloquo vários editorialistas de jornais, de rádio e de televisão, uma eventual ascensão ao poder da oposição, traria resultados desastrosos ao nosso País.
Ora,
desastre já está instalado no Brasil. São 54 milhões de brasileiros de todas as
idades que vivem na miséria, que passam fome; há dois milhões de desempregados
apenas na Grande São Paulo; são todos os setores da economia, todos os setores
da produção industrial, todos os setores da produção pecuária e agrícola e
todos os setores de prestação de serviços deste País que vêm murchando, que vêm
sendo destruídos, atacados por taxas de juros exorbitantes. Já dissemos aqui
anteriormente que temos a maior taxa de juros real do mundo, o que impede, cria
obstáculos intransponíveis ao desenvolvimento econômico do nosso País.
Isso
não é política da oposição que vai ganhar as eleições e vai assumir o Governo
em 1º de janeiro de 2003, é política desse Governo tucano de Fernando Henrique
Cardoso, que está levando o País à catástrofe.
E
vêm falar em base sólida para preparar o futuro. Que futuro é esse, se há quase
oito anos esse Governo tem levado o País para esse destino catastrófico? Que
bases sólidas para o futuro são essas, que estão sendo colocadas sob os nossos
pés, para que atolemos até o pescoço? Vamos ter dificuldades, sim, para
governar este País, em função do desastre ocorrido nos oito anos de PSDB de
Fernando Henrique e Geraldo Alckmin no comando do Brasil e do Estado de São
Paulo !
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO
NASCIMENTO - PSB - Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Tem a palavra o
nobre Deputado Ramiro Meves. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Mariângela
Duarte. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marquinho Tortorello. (Pausa.)
Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o
nobre Deputado Edson Gomes, pelo tempo regimental de cinco minutos.
O SR. EDSON GOMES - PPB - Sr. Presidente, nobres colegas, funcionários e
pessoas que nos assistem, quero hoje cumprimentar o grupo de 65 pesquisadores
brasileiros que publicou hoje na revista “Nature” o seqüenciamento e comparação
do genoma de duas bactérias aparentadas. Uma é a bactéria Xanthomonas citri,
que causa o cancro cítrico, e a Xanthomonas campestri, que ataca o repolho, o
brócolis e outros vegetais.
Queria cumprimentar
esses cientistas porque a economia de São Paulo e de vários estados do Brasil
vive esse flagelo do cancro cítrico. Há regiões em que aproximadamente 90% da
sua atividade econômica está plantada na citricultura; vários municípios pequenos
da região Noroeste. Essa é uma situação realmente preocupante. Há 25 anos
tivemos naquela região o café como principal cultura e depois foi substituído
pelos extensos laranjais. Mas o cancro cítrico vem devastando de maneira
assustadora.
Então, essa pesquisa do
seqüenciamento do genoma do Xanthomonas citri vem abrir uma nova esperança de
encontrarmos uma solução para esse problema., por isso cumprimento esses
pesquisadores que estão realizando esse trabalho, há vários anos, com esse
objetivo. Quero cumprimentar também a USP, Unesp e a Unicamp que participam
desse importante projeto.
Já participamos de
vários movimentos em prol da citricultura e a cada dia passamos por situações
realmente constrangedoras. Às vezes o proprietário tem apenas aquela cultura para
a sua subsistência. E já houve momentos em que presenciamos, ao vivo, uma
máquina erradicar e arrancar todos os laranjais desses citricultores, colocando
em desespero a esposa, os filhos e o proprietário, que ficam sem saber o que
fazer; ficam sem o pomar e com a dívida no banco. Essa é realmente uma questão
muito séria.
Já debatemos esse
assunto em várias reuniões. Acho que o Governo precisa criar urgentemente uma
linha de financiamento a custo baratíssimo - menor que os juros cobrados pelo
Feap, que é de 4% ao ano - uma linha de financiamento que permita a todos os
proprietários terem acesso ao equipamento de prevenção.
Precisamos ter na saída
de cada cidade e municípios um rodolúvel, para que os tratores, os caminhões e
os carrinhos puxados por animal possam passar por ali e serem desinfetados.
Porque atualmente são poucas as cidades e municípios citricultores que possuem
esses equipamentos. E, se encontrarmos 0,5% de cada talhão contaminado, ou
seja, cada cinco pés de mil pés de laranja contaminados, cada talhão será
erradicado, não importando se esses cinco pés estejam situados bem no canto,
todo o pomar será sacrificado.
Por que esses 0,5%? É
porque os pesquisadores e a Secretaria da Agricultura fizeram uma experiência
com quinze equipes fazendo a vistoria. Hoje passa uma equipe, amanhã passa
outra, cada uma fazendo um relatório distintamente. E para tornar as vistorias
prática no estado inteiro, a Fundrecítri dispõe de duas equipes. E a eficiência
dessas duas equipes, que passam em cada pomar, significa 25% das 15 equipes.
Então, registrando 0,5%, isso tem uma equivalência de 2%. Ficando um
questionamento muito sério, pois às vezes aquelas duas equipes que passam lá
vistoriando o pomar, acharam, por exemplo, cinco pés contaminados, em mil pés;
por ali poderiam passar mais treze equipes, totalizando quinze e achariam
somente cinco pés. Então, não teria indicação para a erradicação.
Com isto, muitos pomares
certamente foram arrancados, erradicados, sem que essa comprovação rigorosa
fosse realizada. Às vezes um pomar é arrancado sem a real necessidade.
Finalizando, Sr.
Presidente, quero mais uma vez deixar aqui meus agradecimentos a essa equipe de
pesquisadores que está batalhando. Vamos pedir a Deus que em pouco tempo haja
uma solução preventiva e curativa com produtos químicos para a Xanthomonas
citri. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Esgotado e tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.
* * *
-
Passa-se ao
GRANDE EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim, por 4 minutos e 15 segundos, tempo remanescente do dia de ontem. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.)
O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, na qualidade de vice-líder em exercício, vou usar o tempo do nobre Deputado José Zico Prado.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Tem a palavra V.Exa. pelo tempo regimental de 15 minutos.
O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV Assembléia, hoje, na Assembléia Legislativa, nós, os Deputados da região do grande ABC, realizamos um encontro com o Sr. Presidente da Casa, juntamente com representantes de setores econômicos da região do grande ABC, para que possamos analisar alguns projetos que estão tramitando na Casa: Projeto 085, especialmente as Emendas 11 e 12, do Sr. Governador do Estado; projeto 118, do Deputado Donisete Braga e o Projeto 213, de 2002, do nobre Deputado José Augusto.
Eu vou ser o relator de um desses projetos, para que possamos verificar e garantir a manutenção e a extensão do Polo Químico e Petroquímico na região do grande ABC, que é responsável, por exemplo, por 36% da arrecadação do ICMS na cidade de Santo André, e por 64% da arrecadação de ICMS na cidade de Mauá.
Portanto, para aumentar a competitividade, com os pólos da cidade de Triunfo, no Rio Grande do Sul, e da cidade de Camaçari, na Bahia, estamos vendo o que é possível fazer através da Assembléia Legislativa.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, solicitamos que esses projetos sejam tratados com muito carinho. Evidentemente, que vamos ouvir todas as partes interessadas: moradores do entorno do Polo Químico e Petroquímico, Prefeitos, Vereadores e sindicatos dos trabalhadores, para que possamos chegar a um consenso referente a esse projeto, que é de suma importância para a nossa região.
Ontem, os oito Deputados, da região do grande ABC: Marquinho Tortorello, José Augusto, Donisete Braga, Newton Brandão, Ramiro Meves, Wagner Lino, Daniel Marins e este Deputado estivemos em reunião com o presidente desta Casa, para apresentar emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias, também de interesse da região do grande ABC.
Nós, Deputados da região, assinamos 32 emendas em conjunto, as quais também foram assinadas pelo presidente da Casa. As emendas que apresentamos não são individuais, elas foram construídas através de consensos realizados na Câmara de Desenvolvimento Econômico e Social do ABC, no Consórcio de Prefeitos e em outras entidades da região.
Nós, Deputados, assinamos em conjunto, porque somos os porta-vozes da nossa região, aqui na Assembléia Legislativa. Também queremos agradecer aos técnicos da Câmara do ABC e do consórcio, que ontem estiveram presentes aqui na Assembléia Legislativa acompanhando os trabalhos.
As emendas tratam da área cultural, por exemplo, o complexo Estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, o qual precisa ser recuperado, porque é um monumento histórico, não só da cidade de São Bernardo do Campo ou da região do grande ABC, mas também do nosso país, e o Brasil precisa aprender a valorizar a sua indústria cinematográfica e valorizar a sua história.
Na área das enchentes, apresentamos algumas emendas para a construção de reservatórios de contenção de águas pluviais, popularmente conhecidos como piscinões, através do planejamento estratégico contra enchentes, que foram construídos na região do grande ABC em conjunto com o Governo do estado.
Na área do desenvolvimento econômico-social, apresentamos algumas emendas para a construção do Centro Tecnológico da região do grande ABC. Aliás, a região do grande ABC não tem nenhuma universidade pública, não tem nenhum centro tecnológico para fomentar as micro e pequenas empresas, e fomentar o desenvolvimento industrial e geral na nossa região.
Na área da segurança pública, apresentamos algumas emendas, especialmente para aumentar os efetivos das Polícias Civil e Militar, que estão defasados tanto em número de homens quanto em número de mulheres na nossa região, o atual efetivo não corresponde à nossa realidade, não corresponde aos índices de criminalidade da região, nem ao número de habitantes, que chega a quase dois milhões e meio de pessoas.
Outra emenda na área da segurança pública, é referente à troca e modernização dos equipamentos das Polícias Civil e Militar da região.
Na área da educação, tivemos uma grande preocupação com o combate à violência que ocorre hoje na grande maioria das escolas públicas do grande ABC, embora não seja um problema restrito à nossa região, já que uma pesquisa da Udemo afirmou que 81% das escolas públicas do Estado de São Paulo sofreram algum tipo de violência no ano de 2000.
Outras emendas são referentes à proteção de mananciais, que são de fundamental importância para o equilíbrio ecológico e ambiental da nossa região. Também não poderíamos esquecer da duplicação da Rodovia Índio Tibiriçá; melhorar os acostamentos e os acessos, especialmente às cidades de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra é algo importante para a diminuição de acidentes nessas estradas com vítimas fatais. Em segundo lugar, para contribuir com o escoamento da nossa produção e com o desenvolvimento econômico e social da região do grande ABC, inclusive para a fomentação do turismo, já que as cidades de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Santo André têm projetos para o desenvolvimento do turismo, áreas pouco exploradas na região do ABC. É importante aí a Rodovia Índio Tibiriçá para a nossa região.
Outra emenda importante é a ligação da cidade de Mauá com a Via Anchieta e também a construção do trecho sul do Rodoanel, que vai colaborar também com a região do Grande ABC. Foram estas algumas propostas para a nossa região, que apresentamos em conjunto com os Deputados da região do Grande ABC.
Cedo o restante do meu tempo ao nobre Deputado Cândido Vaccarezza.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Cândido Vaccarezza, por cessão de tempo do Deputado Vanderlei Siraque.
O SR. CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Deputado Vanderlei Siraque que me antecedeu, apresentou uma iniciativa importante da bancada no ABC, quando estamos hoje discutindo a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Esta lei, para a população entender, são as diretrizes gerais que o Governo apresenta para a Assembléia para ela discutir como vai ser elaborado o futuro orçamento.
É importante destacarmos algumas questões fundamentais, na visão do PT, para elaborar o orçamento. Deveríamos ter implantado no Estado o orçamento participativo quando a população, através de seus representantes ou diretamente aquele cidadão que quisesse, junto com os Prefeitos, com os vereadores, pudesse discutir em cada região como o Governo vai gastar o dinheiro.
Muitas vezes, a idéia do governante ou mesmo de nós políticos, sobre uma determinada obra, sobre um determinado gasto, olhando de fora podemos ter uma visão e a população, na sua vida cotidiana, pode dar uma sugestão importante de como deve ser gasto esse dinheiro. Infelizmente, o Governo do Estado não compreende essa necessidade, mas queremos que isso seja feito no próximo Governo.
Uma das metas importantes do Deputado Genuíno, candidato a Governador do PT, é a implantação do orçamento participativo no Estado de São Paulo. Mas essa Lei de Diretrizes Orçamentárias tem outros problemas. No ano passado, na Lei de Diretrizes Orçamentária, o Governo previa um crescimento de 4,5% e o crescimento foi de apenas 1,5 a 2%; e previa uma inflação de menos de 3%, uma inflação de 2,7, 2,8 e a inflação passou dos 7%. Isso traz um prejuízo grande no planejamento, porque mesmo com inflação galopante, quase como estamos tendo como resultado desse final de Governo, eles dizem que não há inflação. Só para eles a arrecadação aumenta, não a arrecadação real, mas a nominal, e o Governo fica com o dinheiro para gastar onde quiser.
Queremos aproximar a Lei de Diretrizes Orçamentárias à realidade. E é isso que a bancada do PT está fazendo nesta Casa. É importante porque é com base nesse orçamento que a população vai ter o resultado dos investimentos do Governo. Nessa discussão de orçamento, está embutida a concepção de Governo. Queremos os gastos do Governo para criar desenvolvimento, distribuir renda e gerar emprego. Não queremos os gastos apenas para pagar dívidas com juros altíssimos, porque isso não é o Governo do Estado que controla, quem controla é o Governo Federal, do mesmo partido do PSDB, que cada vez mais aumenta os juros. Não queremos os gastos do Governo em obras desnecessárias ou equivocados que têm gerado, nesses oito anos, um desequilíbrio imenso nas contas.
Para se ter uma idéia, o Brasil teve sua dívida quadruplicada, São Paulo teve sua dívida triplicada e o Brasil perdeu importância política e econômica frente aos outros países. O Estado de São Paulo andou para trás, fruto de uma má administração que elevou a dívida de 34 bilhões para 93 bilhões, que gerou o maior desemprego da história do Estado de São Paulo, como temos o maior desemprego da história do Brasil. Então, é fundamental que tenhamos, na discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, não apenas uma discussão técnica, isolada das questões importantes e a bancada do PT tem se orientado como objetivo o desenvolvimento, a distribuição de renda e a criação de emprego.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Há sobre a mesa o seguinte requerimento:
“Sr. Presidente, comunicamos a V.Exa., nos termos do Art. 116, Parágrafo II da Consolidação do Regimento Interno, que permutamos a ordem das nossas inscrições para falar no Grande Expediente.” Assina o Deputado Afanasio Jazadji.
Portanto, tem a palavra o nobre Deputado Wadih Helú, pelo prazo regimental de 15 minutos.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, meus caros telespectadores, jovens que nos prestigiam neste plenário e leitor do Diário Oficial. Comentamos, na parte da manhã, com diversos colegas sobre a forma como São Paulo vem sendo administrado pelo Governo Alckmin. Nossa posição é conhecida de todos aqueles que nos prestigiam, assistindo a TV Assembléia. Nossa posição é sempre em defesa de São Paulo, do nosso Estado, da nossa população trazendo, quando usamos da tribuna, os problemas que afligem o povo paulista e, por que não dizer, o povo brasileiro.
Ainda hoje, no Pequeno Expediente, falávamos da loucura de manter o percentual dos juros em 18,5% ao mês. É bom que a população saiba que esse percentual é quanto o Governo paga sobre os valores dos títulos que vem emitindo desde o primeiro dia do Governo do PSDB. Desde quando Fernando Henrique assumiu, não faz outra coisa senão aumentar a dívida interna e externa do nosso país. Todos aqueles que nos acompanham, e tiveram a oportunidade de nos ouvir, de forma até contundente, na análise do Governo pelo crime praticado contra São Paulo, com a privatização do Banespa.
A respeito recebemos um trabalho feito pelo Deputado Federal Marcelo Barbieri, membro da Comissão Parlamentar de Inquérito, que está investigando o crime praticado contra São Paulo pelo Governo Mário Covas, coadjuvado com o Governador de hoje, Geraldo Alckmin, mancomunado com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, todos do PSDB. Depois que assumiram, nada mais fizeram do que dilapidar o patrimônio público, quer do Estado de São Paulo quer do Brasil, com privatizações mais do que suspeitas.
Passam-se os tempos, aparecem casos como este do Ricardo Sérgio, dos 15 milhões que a ele prometidos quando da privatização da Vale do Rio Doce. Foi notícia para cinco dias. Anunciaram que ele ia ser ouvido na CPI, mas foi cancelada a oitiva pela maioria do PSDB, ou seja do Governo Fernando Henrique, com seus acólitos, tal qual acontece aqui na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em que o PSDB tem o domínio total da Casa, transformando esta Casa numa caixa de ressonância da vontade do Governador Geraldo Alckmin hoje, como ontem de Mário Covas. Em Brasília o PSDB do Sr. Fernando Henrique Cardoso conseguiu cancelar a convocação do Sérgio Ricardo, em que teria de explicar os quinze milhões que teria pedido, segundo denúncia de Benjamin Steinbruch, quando da privatização da Vale do Rio Doce conforme denúncia da revista "Veja". Esse o retrato dos governantes da PSDB.
Em se tratando do Banespa, temos de comentar a CPI da Câmara dos Deputados, que nos termos da manifestação do nobre Deputado Federal, Marcelo Barbieri, vem comprovando a fraude ocorrida com a sua venda a terceiros, com evidentes prejuízos causados ao nosso Estado de São Paulo, aos funcionários demitidos desse Banco do Estado de São Paulo, aumentando o número dos desempregados.
Vou ler o que foi exposto pelo nobre Deputado Marcelo Barbieri, do PMDB de São Paulo, membro titular da CPI do Banespa naquele Parlamento: "Foi uma fatídica reunião na sede paulista do Banco Central do Brasil, em 1995, que selou o destino do Banespa. Naquele encontro, a diretoria do Banco Central forçou a comissão de inquérito nomeada pelo próprio banco a transformar um balanço positivo em negativo." Ou seja, o Banco do Estado tinha condições de continuar trabalhando. Seu balanço era positivo. Não se justificava a intervenção determinada a pedido do Sr. Mário Covas.
"O objetivo das autoridades econômicas era claro: tornar insolvente o segundo maior banco do setor público, manter a intervenção, prepará-lo para a privatização e atribuir ao ex-Governador Quércia toda a responsabilidade pela grave situação financeira da instituição." É o agir do PSDB. Fernando Henrique Cardoso, 36 horas antes de assumir, conseguiu que fosse determinada a intervenção no Banespa. E o Sr. Mário Covas, que assumiu 36 horas depois, e veio a público dizer que não se conformava com a intervenção, que não aceitava, e que iria a Brasília reclamar. Mera encenação! Objetivo único: enganar a população de São Paulo, como vem enganando desde 1º de janeiro de 1995.
"Fazia parte da armação política desencadeada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso desqualificar Governos anteriores e os administradores do Banespa, adulterando o balanço para tentar incriminá-los com o propósito de abrir caminho para que o banco fosse entregue aos banqueiros internacionais, o que de fato acabou acontecendo." Hoje o Banespa pertence a um grupo espanhol, Banco Santander.
Para que esses espanhóis para cá viessem, graças àquele grampo feito da conversa entre o Presidente Fernando Henrique Cardoso com o então Ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, comprovou-se que essa privatização e essa venda ao Santander fora acertada na Espanha. Rememoremos a conversa. Fernando Henrique pergunta a Luiz Carlos Mendonça de Barros: "Como é que está a privatização do Banespa?" Responde o ministro: "Tudo bem." Pergunta o Presidente: "Os italianos vêm?" Responde o ministro: "Não, vêm os espanhóis." Fala o Presidente: "É a mesma coisa?" Responde o ministro: "É a mesma coisa. Concluam os senhores qual o objetivo desse diálogo.
Não bastasse isso, a nossa Constituição determina de forma expressa que as finanças do Governo municipal, estadual ou federal só podem ser movimentadas em bancos oficiais. Muito bem. O que fez o Sr. Fernando Henrique Cardoso? Através de medida provisória, determina que, com a privatização do Banespa - e isso foi condição do edital - durante sete anos o Governo do Estado continuaria a fazer os seus depósitos no Banco do Estado, hoje Banco Santander. Contrariando a Constituição, nós Deputados recebemos nossos salários, depositados pela Fazenda do Estado na antiga agência do Banespa nesta Casa. Isso acontece com todo dinheiro do Estado de São Paulo, que é depositado no Banco Santander, contrariando disposição expressa da Constituição Brasileira.
Esse o agir do PSDB. As senhoras e os senhores lembrem-se: temos eleições dia 6 de outubro. O senhor e a senhora que estão há oito anos sem receber aumento, se quiserem ficar mais quatro anos sem reajuste: basta o PSDB continuar no Governo. Nesses oito anos não se deu aumento algum - ao contrário, pressionou todo e qualquer trabalhador. E quando não pôde colocá-lo para fora, tirar-lhe o emprego, criou mil dificuldades para o funcionário - removendo, perseguindo, suspendendo. Repito : é o retrato do Governo PSDB em São Paulo e em Brasília. Prossegue o Deputado Barbieri :
"Nessa ocasião, o anterior Governador Quércia ingressou diversas vezes na Justiça para que o balanço negativo não fosse publicado, já que os diretores do Banco Central manobravam para a contabilização de toda a dívida do Estado para com o Banespa na conta de créditos em liqüidação, o que na prática seria o mesmo que responsabilizar os administradores do banco por contratos que ainda iam vencer. Todo o plano foi arquitetado pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, que tinha pressa em desmoralizar os bancos estaduais para serem vendidos a preço vil, atendendo às pressões do FMI."
Mas não havia pressão nenhuma do FMI. O Sr. Fernando Henrique Cardoso tornou público que fazia essa intervenção para atender o FMI, o que, na verdade, não era realidade. Eles, que anteriormente combatiam o Fundo Monetário Internacional, desde há oito anos vêm governando e justificando todos os desequilíbrios causados no Brasil com base em determinações do Fundo Monetário Internacional. Mentira. Eles não se pejam em valer-se dessa inverdade, ainda que desmoralizando o próprio País, já que o Fundo Monetário Internacional é quem dita as normas do Governo de FHC.
Já se demonstrou que o banco deu lucro. Durante os três primeiros anos deu quase três bilhões de lucro. O Governo Federal, recebeu o banco do Sr. Mário Covas por dois bilhões de reais. Na verdade não poderia vender o Banco do Estado por esse valor, pois nos três primeiros anos o Banco dera um lucro de três bilhões. Que fez o Sr. Fernando Henrique Cardoso, mancomunado com o Sr. Mário Covas e com a aquiescência do Sr. Geraldo Alckmin, comparsa nesse negócio? Mandou a Receita Federal constatar que os balanços de 1995, 1996 e 1997 não foram publicados. Explique-se : não foram publicados, porque se publicassem tais balanços iriam apresentar lucro e cairia a intervenção.
0 A Receita Federal constatou que os três balanços realmente não foram publicados aplicando uma multa de dois bilhões e oitocentos milhões de reais e com isso o Banespa foi entregue ao Governo Federal por dois bilhões, prejudicando o nosso Estado e a nossa população, porque se trata de dinheiro do erário público, dinheiro do povo. Somos nós que pagamos impostos, hoje escorchantes e extorsivos. A conta de luz tem uma cobrança de ICMS de 35%, acrescido de mais 4% de PIS e Cofins, perfazendo um total de 39%. Retrata o Governo do PSDB. Os prejuízos com a venda do Banespa são incalculáveis. O banco teve uma responsabilidade vital nas atividades agrícolas, comerciais e industriais de São Paulo, constituindo-se em uma instituição de desenvolvimento em nosso Estado.
A CPI instaurada na Câmara dos Deputados, da qual faz parte o Deputado Marcelo Barbieri, presidida pelo ex-Governador de São Paulo Luis Antônio Fleury, pelas investigações já realizadas denunciará a sórdida trama perpetrada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso para a privatização do Banespa e a orquestração política para incriminar indevidamente os Governadores anteriores, com a conivência do Sr. Mário Covas, Governador de São Paulo à época e do co-responsável por essa venda o hoje Governador Geraldo Alckmin.
O Deputado Marcelo Barbieri também enviou o trabalho que vem sendo feito na CPI e que faz parte do livro ‘Um crime contra São Paulo e o Brasil’, do qual pedimos vênia para destacar : “Em dezembro de 1994 o Estado de São Paulo, o maior devedor do Banespa, tinha apenas uma pequena parcela de 25 milhões, vencida desde o dia 15, diante de um total de nove bilhões e 400 milhões. A regra adotada pelo Banco Central, em todos os outros casos semelhantes, era de aguardar sessenta dias após o vencimento para mandar inscrever o que não havia sido pago na conta de Créditos em Liquidação, destino dos empréstimos sem esperança de recebimento.”
Não era o caso do Estado de São Paulo, porque esses 25 milhões o Governo do Estado, tinha 60 dias para efetuar o pagamento. A comissão nomeada para consumar a liquidação do banco concluiu, depois de seis meses, que não era caso de intervenção. A mesma deveria ser suspensa e a administração do Banco deveria ser devolvida ao Estado.
Outro que não conseguiu esconder os reais propósitos do Governo Federal em relação ao Banespa foi o ex-Presidente do Banco Central Gustavo Loyola, quando afirmou que estava fora de cogitação devolver o banco ao Governo do Estado. A comissão nomeada pelo Banco Central concluiu que a situação do Banespa era de estabilidade, não havendo razão para ser decretada a intervenção, votou pela sua cessação e pela devolução do banco ao nosso Estado.
Mas a tramóia entre Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin fez com que São Paulo perdesse o banco, entregue ao Governo Federal, por dois bilhões de reais que o vendeu-o por sete bilhões e 50 milhões de reais, fora outras vantagens ao Banco Santander. Como conseqüência, houve o agravamento do desemprego, pois 70% dos funcionários do Banespa foram despedidos e encontram-se hoje desempregados.
É contra isso que protestamos. Não aceitamos este Governo de forma alguma, porque é anti-São Paulo, porque trouxe desgraça à nossa população, retratada em quatro milhões de desempregados. Cito esses números para que os senhores tomem consciência do mal que vem sendo feito a São Paulo, à nossa população, ao nosso patrimônio.
Temos obrigação de protestar, denunciar e repudiar a obra do PSDB. Mas seis de outubro está aí. Está nas mãos dos senhores a resposta. Essa gente tem de ser banida do poder em São Paulo e na República. Sejamos paulistas e brasileiros! Tenhamos amor à nossa terra!
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos alunos da Escola Municipal Pedagogo Paulo Freire, da cidade de Ourinhos, acompanhados da Sra. Diretora Vanda Maria de Freitas Guedes, dos Professores Dalva Davanzzo e Flávio Serrano e dos pais Marcos, Rosane, Aparecida e Maria Aparecida. Todos são convidados do Deputado Claury Alves Silva. Recebam as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas).
Há sobre a mesa requerimento de permuta de tempo do nobre Deputado Faria Júnior com o nobre Deputado Duarte Nogueira. Portanto, tem a palavra o nobre Deputado Duarte Nogueira.
O SR. DUARTE NOGUEIRA - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, jovens estudantes, senhores professores, telespectadores da nossa TV Assembléia, na tarde de hoje abordarei uma questão que considero importante e interessante. Ela tem relação direta com o Poder Público e a sociedade. Antes, porém, quero me reportar ao Deputado que me antecedeu, pois me encontrava no plenário nos minutos finais do seu pronunciamento quando se incumbiu de fazer críticas a coisas que foram feitas no Estado de São Paulo, sobretudo na questão do Banespa e do realinhamento das dívidas que o Estado equacionou ao longo destes últimos anos, com muito sacrifício, sim, mas à luz de muito esforço, pois não se contraiu uma dívida a mais no nosso estado. As dívidas contraídas nos Governos anteriores estão sendo todas pagas.
Infelizmente, nas 48 horas antes de o Governador Mário Covas assumir em 1º de janeiro de l995, houve a intervenção no Banespa, diferente do que foi possível fazer com a Nossa Caixa, onde a escolha de uma diretoria profissional e o empenho pessoal do Governador Mário Covas transformaram a Nossa Caixa, hoje a instituição bancária do nosso Estado, no décimo maior banco brasileiro, na maior instituição financeira pública do nosso país, com o reconhecimento dos seus correntistas, dos seus clientes e dos seus funcionários.
Ninguém vem a esta tribuna para lembrar a enxurrada de dívidas que o Governador Mário Covas recebeu. Na sua primeira semana de Governo, o Governador tinha 35 milhões de reais em caixa para fazer frente a uma folha de pagamento - no quinto dia útil, dia 6 de janeiro de 1995 - de mais de 700 milhões de reais. Foi preciso reescalonar o pagamento dos servidores do Estado - eu era Secretário da Habitação naquela época - e, se não me falha a memória, primeiro foram pagos os que recebiam até 350 reais, depois, até 500 ou 600 reais, e, finalmente, os servidores que tinham vencimentos superiores.
O Banespa, de fato, foi federalizado e, em seguida, privatizado, em decorrência de ter sido solapado por Governos anteriores. Não foi porque o Governador Mário Covas não quis, é que não dava mais. O grande devedor do Banespa era o seu acionista principal, o Estado de São Paulo, que “levou para o buraco” o seu banco. E o Governador Mário Covas fez a renegociação da dívida, recebendo os cumprimentos daqueles que compreendiam a sua enorme dificuldade para solucioná-la. Tivemos de abrir mão de 20% dessa dívida por meio dos nossos ativos, entre eles, o próprio Banespa - o Estado de São Paulo pagava a taxa de juros Selic, uma taxa de juros alta -, para renegociar a nossa dívida em 30 anos, pagando juros de 6%. Portanto, em condições muito mais razoáveis para o povo de São Paulo, que foi obrigado a contrair essa dívida, pagando do seu próprio bolso, pela irresponsabilidade de Governos anteriores.
É engraçado que sobem a esta tribuna como se essas coisas não tivessem sentido para serem consideradas com maior critério. A verdade deve ser dita sem hipocrisia, que, infelizmente, paira na vida pública. A hipocrisia, na verdade, é uma espécie de concessão que o vício faz à virtude. Mas o processo democrático é assim, cabe ao eleitor escolher. Falaram aqui em banir determinado partido do poder. Eu me orgulho muito do meu partido, eu me orgulho muito de ser do PSDB, um partido fundado em 25 de julho de 1988 por lideranças políticas que lutaram por esta Nação e por este Estado. Muitos aqui estão e outros já partiram, como o Governador Mário Covas, o ex-Governador Franco Montoro, e tantas outras figuras vivas ou falecidas que continuam merecendo o respeito da população, inclusive dos seus adversários, porque foram pessoas decentes, que não solaparam o dinheiro público, pessoas responsáveis pelo compromisso que assumiram com seus eleitores e cidadãos.
Era importante fazer esse registro para que não passasse em branco. E, mais ainda, quem bane alguém do poder ou de qualquer cargo público não é a vontade pessoal de quem quer voltar ao poder. Quem bane ou quem mantém é o eleitor. Esse, sim, é o elemento principal que legitima o processo democrático. E legitima a vitória, como legitimou, por duas vezes, a vitória de Mário Covas e Geraldo Alckmin para o Governo do Estado, nas urnas, democraticamente. Outros foram banidos, pelo menos por enquanto, da vida pública.
Quero fazer esses registros antes de entrar em um assunto muito interessante. Hoje, encontram-se, nas nossas galerias, jovens estudantes, e não há democracia e Nação que almejem seu desenvolvimento sem considerar fatores fundamentais para que esse desenvolvimento possa acontecer. O primeiro, sem sombra de dúvida, é a educação. Temos hoje 97% das nossas crianças, de 7 a 14 anos, em sala de aula, em todo nosso País. Aqui em São Paulo são quase 99%. Esse foi um passo fundamental que o Governo do PSDB, do qual nos orgulhamos muito, realizou. E não realizou sozinho. Isso foi feito com muitos parceiros, inclusive com outros partidos, com a sociedade civil organizada, com o Magistério, com técnicos da área, enfim, com quem ama este País.
Não podemos só pensar na presença quase que universalizada dos jovens na sala de aula. É preciso aumentar a qualidade de ensino, tão devotada pelos nossos docentes, que, cada vez mais, necessitam não só de apoio para o melhor desempenho da sua atividade educacional, mas também de melhores condições de qualificação, de novos cursos, de novas formas de pedagogia, do cumprimento da LDB, Lei de Diretrizes e Bases, para que todo esse arcabouço legal, debatido com especialistas e técnicos, possa sair do papel e tomar corpo na sociedade brasileira.
Esse binômio, educação e melhores condições sociais, tem de estar acompanhado de tecnologia, que nada mais é do que a somatória do conhecimento, da pesquisa, dos estudos, frutos do próprio processo educacional e dos seus elementos positivos para toda a nossa sociedade. Existe ainda um elemento a mais que o Poder Público não pode esquecer: a questão do atendimento do cidadão, quando necessita do apoio dos poderes públicos e dos serviços por eles prestados. Não é apenas a questão da saúde pública, da educação, da justiça, da segurança e de outras ações na promoção humana, na implementação de programas sociais, mas também a maneira como se atende o público.
O Governo do Estado reconhece que estamos muito longe de um padrão de atendimento, seja nas nossas unidades de saúde, nos locais de prestação de serviço à população, como uma Delegacia de Polícia, os logradouros públicos, onde se tem o atendimento direto prestado no guichê. Outra coisa é a luta pela diminuição das filas para, com o uso da informática, de padrões de atendimento mais adequados, dar às pessoas um bom atendimento com espaços cidadãos e maior rapidez nas demandas exigidas, seja para se protocolar o pedido de um documento, seja para se buscar uma segunda via da sua carteira de identidade, seja para marcar uma consulta com um clínico geral ou mesmo uma clínica especializada, como ginecologia e obstetrícia, para as mulheres, pediatria para as crianças, geriatria para as pessoas mais idosas. Enfim, todo um conjunto de especialidades.
Portanto, há a questão de cada vez mais demandarmos por um serviço de boa qualidade, rápido, eficiente e, naquilo que for público, sem nenhum ônus para o cidadão que já recolhe seus impostos e cumpre suas obrigações. É em cima disso que o Governo do Estado implantou o Poupatempo, um local onde se encontra uma série de setores públicos, que possibilita, por exemplo, fazer o cadastramento na Secretaria de Emprego, a solicitação de segunda via, de certidão negativa, a abertura de conta na Nossa Caixa, a regularização, documentação ou licenciamento de veículos.
Hoje, os Poupatempos do Estado de São Paulo, na capital e no interior, atendem diariamente oito mil pessoas, e dessas oito mil pessoas, na entrevista que é feita rotineiramente, 98% aprovam com louvor a qualidade do serviço prestado. O nome já diz: Poupatempo. Ou seja, não tomar o tempo das pessoas e ao mesmo tempo prestar um serviço de boa qualidade. Com esse objetivo o Governo está implantando as delegacias Poupatempo para que possamos alterar para melhor os atendimentos dos Distritos Policiais. Havendo necessidade do registro de um Boletim de Ocorrência ou de atendimento policial, que haja um espaço cidadão, onde a pessoa possa ser bem tratada, onde as pessoas possam trabalhar em condições razoáveis e adequadas para prestar um bom serviço e a sociedade possa ser atendida nas suas demandas.
Até o final de maio o Governo do Estado de São Paulo vai entregar mais três distritos totalmente reformados nos bairros do Itaim Bibi, Brooklin e Ermelino Matarazzo seguindo esse novo conceito de atendimento público de qualidade, com eficiência e rapidez. Até julho serão beneficiadas as delegacias de Cambuci, Perdizes, Paraíso, Butantã, Parque Novo Mundo e, na seqüência, na medida em que forem ficando prontas estas, a idéia é ir estendendo para todo o conjunto das nossas delegacias, capital e interior, esse tipo de padrão melhor de atendimento para poder fazer jus aos critérios e às condições cada vez mais exigentes da sociedade.
Nessas delegacias Poupatempo não haverá carceragem; os prédios serão reformados e terão duas entradas, uma para casos mais leves e outra para casos mais graves que necessitem de atendimento especial. As pessoas emocionalmente abaladas, vítimas de seqüestros ou violência sexual terão atendimento especializado. As dependências internas receberão móveis novos, mais confortáveis, muitos deles doados por empresas da iniciativa privada que serão parceiras do programa de delegacias Poupatempo. Nesse ambiente mais agradável os usuários vão dispor de revistas e livros doados semanalmente pelo Instituto Brasil Leitor, que é um outro parceiro do programa.
O principal objetivo dessas novas delegacias, obviamente, é agilizar o atendimento, reduzir o tempo de espera, as filas reconhecendo que o cidadão merece um atendimento de qualidade e respeito pelo seu direito de exercer a cidadania. Assim, os usuários vão receber uma senha eletrônica que vai garantir a ordem de chegada. Já na entrada vai ser feita uma triagem dos casos através de estagiários de Direito e de Serviço Social e um agente de telecomunicação vai fazer os registros das ocorrências através de um sistema computadorizado.
Na medida em que esse programa for sendo implantado, estaremos atendendo as exigências de um cidadão cada vez mais ciente dos seus direitos, cada vez mais consciente de que recolhe os seus tributos, de que paga os seus impostos e portanto merece ter o respeito por parte do poder público. Desta maneira o Governador Geraldo Alckmin reconhece o cidadão como co-partícipe do êxito do desenvolvimento do seu estado, da melhoria dos indicadores na área da educação, da redução do índice de mortalidade infantil na abertura de 6.601 novos leitos nos nossos hospitais.
O Banco do Povo já liberou mais de 40 milhões de reais, até o final do ano serão 80 milhões de reais em 160 agências; até o final do ano 235 agências do Banco do Povo, com juros de apenas 1% ao mês para o pequeno empreendedor o capital de 200 a 5.000 reais e “n” programas que atuam diretamente na melhoria das condições de atendimento e de promoção da vida humana. Na direção do desenvolvimento do nosso estado, isso vem sendo paulatinamente implantado no nosso estado em benefício de São Paulo e dos seus cidadãos paulistas.
Acredito que é através do trabalho, do esforço, da discussão, do debate e sobretudo do respeito ao contraditório que nós do PSDB estamos ajudando a construir um novo Estado de São Paulo e um novo país. Nessa direção que vamos continuar persistentemente perseguindo a democracia, respeitando os nossos adversários e reconhecendo que muito foi feito, mas temos um longo desafio pela frente, porque há enormes tarefas para serem realizadas na construção de um país mais justo, mais humano e mais solidário. Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO NASCIMENTO - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Rodolfo Costa e Silva pelo tempo de cinco minutos.
O SR. RODOLFO COSTA E SILVA - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, funcionários desta Casa, ocupo esta tribuna para abordar uma questão que tem pautado os jornais do estado, ou seja, a contaminação em Paulínia, na Vila Carioca, e no Bairro da Mooca, aqui em São Paulo, além de mais de 250 casos de áreas contaminadas no estado.
Mas especificamente a questão que envolve a empresa Shell, com contaminante por borra de fundo de tanques armazenados no solo no passado, a presença de pesticidas no município de Paulínia e também, por último, na Vila Carioca, ligando o caso de Paulínia, de forma lamentável, a um caso de contaminação no município de São Paulo. Nós, através da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, temos feito esforço, haja vista que foi esta instituição, a Assembléia Legislativa, a primeira instituição a se alinhar aos moradores de Recanto dos Pássaros através da Comissão de Meio Ambiente na luta para punir a empresa Shell no município de Paulínia.
Assim também em audiência pública, a pedido do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Combustíveis, a Comissão de Meio Ambiente denunciou a contaminação do Bairro da Mooca e de Vila Carioca. A partir daí, várias entidades passaram a se apresentar como responsáveis por definir estratégias, por fazer levantamentos, por promover controle e permissão de funcionamento da empresa, que vimos, depois da nossa denúncia, a apresentação de um relatório mostrando a contaminação, relatório esse encomendado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Depois de nove anos de inquéritos esse laudo passou a exercer papel para que a questão fosse à justiça e a empresa pudesse ter responsabilidade de resolver o problema ambiental, indenizar as pessoas que possam ser prejudicadas e tomar as medidas cabíveis para a proteção da saúde pública.
A
partir daí o caso avançou demasiadamente para a imprensa e isto é muito bom
porque se criou um contraditório, a transparência para que pudéssemos
investigar o caso aqui em São Paulo. Chegamos, por fim, ao fato grave da
ligação da presença do pesticida Aldrin, que se transforma em Deidrin, no
terreno da Vila Carioca, ligando os dois casos de contaminação por produtos
cancerígenos com alto risco para a população.
Sr.
Presidente, este é um caso emblemático. Esta Assembléia tem feito todo esforço
para dar as respostas que a sociedade exige desta instituição. Temos utilizado
audiências públicas e diligências, para poder responder o anseio da sociedade,
fazendo controle, promovendo debates, fazendo com que a imprensa tenha
informações, buscando novos fatos, como os que trouxemos com a denúncia do Dr.
Yung, na última audiência pública. Esta Assembléia tem utilizado o instrumento
das comissões para poder dar os resultados que precisamos e que a sociedade
exige.
O SR. PRESIDENTE - GILBERTO
NASCIMENTO - PSB - Srs. Deputados, está encerrado o tempo destinado ao Grande
Expediente.
O SR. RODOLFO COSTA E SILVA
- PSDB - PELO
ART. 82 - Sr. Presidente, como dizia, a Assembléia Legislativa tem cumprido o
seu papel de vanguarda na sociedade; temos cumprido um papel obstinado. Na verdade,
temos levantado problemas emblemáticos para a sociedade. Consideramos esta uma
questão muito importante, porque diz respeito a nossa instituição. Sabemos que
temos vigilantes no controle da área ambiental e das contaminações no Estado de
São Paulo, mas precisamos avançar mais. A sociedade nos exige mais, nos exige
firmeza neste momento, exige que utilizemos todos os recursos necessários na
investigação deste caso.
Não
sou defensor de CPIs, não acho que se deve criar CPIs para tudo, não acho que
se deve criar CPI permanente, mas trata-se de um caso complexo e para poder
promover a investigação e o aprofundamento necessários sobre a contaminação do
solo, da água e do ar, os dois casos se conectam com a problemática da
utilização de pesticidas no nosso Estado, um caso que precisa de um instrumento
mais forte a ser utilizado por esta Assembléia.
Sr.
Presidente, precisamos urgentemente instalar a CPI da Shell nesta Assembléia
Legislativa. Neste momento não podemos ser vacilantes, quando a sociedade exige
que façamos um maior esforço, para não deixarmos impune este tipo de caso da
Shell Paulínia. Dei entrada no pedido de CPI da Shell para analisar os casos
dos pesticidas naquele município. Levantamos um conjunto de assinaturas com
mais de 70 Deputados desta Casa favoráveis à instalação da CPI, sensibilizados
de que o nosso pedido tinha persistência, fundamento, densidade e
responsabilidade, representando esta Casa com uma investigação da maior
importância para a sociedade. Sabemos das dificuldades desta Casa com o
conjunto de CPIs que temos na pauta, como também sabemos da possibilidade e da
unanimidade hoje dos líderes desta Casa para implantar esta CPI e da
responsabilidade que esta Assembléia Legislativa tem em ajudar a sociedade
neste momento.
É
possível que possamos colocar como a próxima CPI ou até como exceção, como uma
CPI a mais nesta Casa, para que não percamos o fio da história e possamos
utilizar um instrumento que possa dar contribuição aos organismos que estão
levantando o caso, dar uma contribuição para que se possa trazer as informações
à tona, informações complexas que a população precisa receber de forma
decodificada e transparente, nas áreas técnica, judiciária e saúde, visando
resultados concretos para que a população possa ter confiança nas suas
instituições.
Avançamos
bastante no caso de Paulínia. Conseguimos a indenização e a compra de quase
todas as chácaras, a retirada de quase todos os moradores do Recanto dos
Pássaros. Mas sabemos que isso é insuficiente, sabemos que a sociedade exige
mais, sabemos que a sociedade quer que as pessoas de Paulínia sejam tratadas, a
sociedade quer que um plano sério de mediação da área do ponto de vista
ambiental seja feito, que a indenização pelo Estado de São Paulo seja levada a
cabo.
A
sociedade exige uma postura dos Deputados desta Casa. Tenho certeza de que esta
Assembléia não vai negar isso para a sociedade porque esta Assembléia
Legislativa tem sido a vanguarda, queiram ou não, na investigação dos casos de
área contaminada, como instituição política capaz de garantir o contraditório e
o debate de uma proposta. Precisamos desta CPI, precisamos garantir o poder de
investigação, para que possamos dar os resultados que a sociedade exige.
Hoje,
vemos na Vila Carioca uma população carente de resultados. Hoje os postos foram
fechados pela vigilância sanitária. Ontem ou anteontem a Prefeitura interditou
e já sabíamos que ia ter uma liminar e que iria continuar o funcionamento da
fábrica. Na audiência pública, a população reclamou da contaminação do ar, que
avança para dentro das suas casas, com vazamento dos tanques de forma dispersa
e extremamente perigosa. Tomamos consciência de que não há um estudo do ar na
região que possa dar garantias àquela população.
A
Assembléia trouxe tudo isso à tona e à consideração da sociedade, expondo as
feridas de um caso que há décadas estava engavetado no Estado de São Paulo. É
preciso que possamos cumprir e utilizar o nosso instrumento maior de
inquirição, o nosso instrumento maior para produzir um inquérito que seja capaz
de dar os avanços para a sociedade.
Sr.
Presidente, clamamos mais uma vez para que possamos nos unir na Assembléia
Legislativa de São Paulo e instalar imediatamente a CPI da Shell, para que
possamos garantir os resultados que a sociedade exige. Muito obrigado.
O SR. RODOLFO COSTA E SILVA
- PSDB - PARA
RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, estava
tratando da questão das águas contaminadas. Vejo o nobre Deputado Duarte
Nogueira, a quem queria dizer algo muito importante. Estive esta semana em uma
reunião em que o Secretário da Agricultura estava liberando 250 barracões
agroindustriais do Estado, para a geração de emprego e renda.
Tem
sido imenso o esforço que esta Casa tem feito para garantir que projetos da
área da agricultura possam produzir a modernidade e resultados efetivos para
esse setor tão importante da nossa economia, para poder transformar o
agronegócio em São Paulo.
Penso
que todos podemos nos congratular por um programa extremamente bonito como esse
dos barracões agroindustriais, que certamente vai ser um sucesso e vai dar
muita alegria à população de São Paulo, porque podemos ali, principalmente nos
pequenos e médios municípios, através da agricultura local e regional, ter
produtos agrícolas beneficiados, agregando valor a eles. Por exemplo, em relação
à produção de banana, podemos criar a banana-passa, gerando um processo simples
de industrialização, com assistência técnica e financiamento do Governo em
parceria com as Prefeituras. De forma que é muito importante este projeto.
Lembro, mais uma vez, que uma agricultura sadia é muito importante e para ela
temos que ter um ambiente bem cuidado. Muito obrigado.
O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PELO ART. 82 - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, todos sabemos da tramitação
nesta Casa de emendas à Constituição do Estado de São Paulo que tratam da
segurança pública, especialmente que diz respeito aos poderes das Guardas
Municipais, que estão instaladas em mais de duzentos municípios no nosso Estado
e que têm um contingente de homens e mulheres da ordem de vinte e cinco mil
trabalhadores.
A
Constituição do nosso Estado, restringe a operação das Guardas Municipais à
proteção dos bens públicos e dos serviços municipais. Fomos, também, autores de
uma emenda que amplia os poderes das Guardas Municipais, garantindo a elas o
direito e o dever de proteger aquele que é o fundamento básico de uma
sociedade, aquele que é o fundamento básico de um município, aquele que é o
valor mais importante da nossa organização política, econômica e social, ou
seja, devem proteger prioritariamente o cidadão. E, na qualidade de autor da
emenda, tenho debatido esta questão.
Fizemos
um seminário muito concorrido há um mês, nesta Casa, com a participação de
Prefeitos e representantes de Guardas Municipais de dezenas de cidades do
Estado de São Paulo e há um consenso de que elas devem proteger o cidadão. E de
que maneira as Guardas Municipais farão esse trabalho? Com uma qualidade acima
daquela que é observada no trabalho das Policia Civil e Militar, não por
desconsideração a essas corporações, mas porque as Guardas Municipais têm
características próprias: guardam vínculos muito estreitos com os municípios e
com os seus cidadãos. Elas são originárias do município, formada basicamente
por homens e mulheres que vivem e que sempre viveram e têm suas famílias nos
municípios, conhecem cada um dos municípios do ponto de vista geográfico, do
ponto de vista dos hábitos, dos usos e costumes, dos horários, das atividades
da juventude, guardam uma relação muito íntima com a sociedade daqueles
municípios. Por esta razão, elas podem exercer esse poder com muito maior
qualidade.
Na
discussão sobre a emenda que trata do poder de polícia para as Guardas
Municipais, aparece uma objeção importante que precisa ser debatida nesta Casa:
o temor de que essas Guardas Municipais possam se transformar em milícias dos
Prefeitos. Ora, vivemos hoje num estado de direito, onde a sociedade civil
organizada não admite, não suporta e não aceita excesso de nenhuma instituição,
onde a sociedade civil se rebela, se indigna contra qualquer exorbitância ou
qualquer atividade que extrapole os limites da sua função principal. Temos um
estado de direito: o trabalho exercido pelos órgãos de comunicação, pelo
Ministério Público, pelos parlamentos municipais, estaduais e federal, temos a
observação contínua da sociedade em relação ao trabalho das suas instituições e
não será diferente em relação a Guardas Municipais. Mas, para que se possa
prevenir do ponto de vista institucional, eventuais desvios na atividade das
Guardas Municipais, a proposta é que se discuta, em seguida à aprovação desta
PEC, desta emenda à Constituição, um estatuto para as Guardas Municipais que
vierem a ser formadas também no Estado de São Paulo.
Recebemos,
com muita satisfação, uma manifestação do Conselho da Região Metropolitana de
Campinas, no sentido de que fosse garantido às Guardas Municipais o poder de
polícia. É uma manifestação extremamente importante, porque a região
metropolitana de Campinas congrega dezenove cidades da maior importância no nosso
Estado e a grande maioria dela já contam com Guardas Municipais exercendo
tarefas importantes na segurança pública desses municípios.
Sr.
Presidente, Srs. Deputados, assomo a esta tribuna hoje no sentido de que seja
solicitado a todos os Srs. Deputados, à Mesa coordenadora dos trabalhos desta
Casa, a votação, o mais rapidamente possível, da proposta da emenda à
Constituição, que altera o trabalho das Guardas Municipais, garantindo-lhes o
poder de polícia de forma autônoma, porém articulada e harmoniosa, com a demais
instituições de segurança no Estado. Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs.
Deputados.
O SR. DUARTE NOGUEIRA - PSDB
- PELO ART.
82 - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Srs. Deputados, no dia de hoje, pela manhã, no Palácio dos Bandeirantes,
o Governador Geraldo Alckmin sancionou a lei que cria a Agência de Defesa
Agropecuária no Estado de São Paulo. O Poder Legislativo de São Paulo, há duas
semanas, aprovou, por unanimidade, o projeto do Governador Geraldo Alckmin, que
cria essa nova instrumentalização do setor da defesa agropecuária do nosso
Estado que deixa de ser a coordenadoria de defesa agropecuária, criada em 1998,
para cumprir esse papel de defesa das fronteiras agrícolas do nosso Estado, dos
segmentos da pecuária e das nossas lavouras.
Com
a criação dessa agência, passamos a ter, a partir de hoje, a primeira Agência
de Defesa Agropecuária da América Latina, num arcabouço institucional moderno,
mais leve, mais ágil, portanto mais eficiente para garantir a inexistência
permanente de agentes patógenos ou de qualquer natureza de agentes patogênicos,
ou de qualquer natureza que possa comprometer os nossos rebanhos ou a nossa
produção agrícola. Há seis anos consecutivos, o Estado de São Paulo é zona
livre da doença “Newcastle” que cresce nos criadouros de aves; no ano passado o
Brasil exportou carne de frango no valor de um bilhão e 300 milhões de dólares.
É zona livre da febre aftosa no nosso rebanho bovino, que no ano passado o Brasil exportou um bilhão e 80 milhões de dólares, dos quais 650 milhões de dólares foram exportados pelo Estado de São Paulo. É também zona livre de uma série de outras doenças que, ao longo desses últimos anos, tem permitido certificar com maior qualidade a sua produção e garantir o conceito de excelente produtor de produtos, não só para mercados internos, mas também para o mercado externo. Na área de carne suína também o Brasil exportou, no ano passado, 370 milhões de dólares, e o Estado de São Paulo tem grande fatia desse componente superavitário da nossa balança do setor de agronegócios que engloba as cadeias de produção.
Portanto, no ano passado teve 19 bilhões de dólares de diferença entre aquilo que se importou e aquilo que se garantiu em mercados de exportação. E a Agência da Defesa da Agropecuária vai ainda assegurar melhores fronteiras na garantia de que nós continuemos a certificar e manter isento de doenças e de problemas de contágios de outros agentes patológicos, tanto na parte da pecuária quanto na área vegetal.
No dia de hoje a imprensa noticia o seqüenciamento genético de uma grave doença que atinge o nosso pomar paulista e brasileiro, que é o seqüenciamento genético da bactéria Xanthomonas citri, que causa o cancro cítrico e que não tem cura, e que obriga a queimar os pés de laranja contaminados para que não haja proliferação da doença, e ainda colabora com a queda vertiginosa da nossa produção de laranja, de citros, comprometendo as nossas divisas, a geração de empregos e a qualidade de produtos de São Paulo.
Nós temos o maior pomar de produção de laranjas do mundo, e somos um dos maiores exportadores de laranja do mundo. E para garantir esse mercado, temos que fazê-lo com produtos de qualidade. Ao garantir aos nossos colegas da Secretaria da Agricultura, em especial agora os colegas da Agência de Defesa Agropecuária, não só todo esse conjunto moderno e eficiente, esse arcabouço institucional, mas ágil, a eles também serárecompensado com melhores vencimentos. Eles vão poder ser mais reconhecidos e, ao mesmo tempo, motivados individualmente por melhores vencimentos e fazer jus a esse ganho total - precisam fazê-lo coletivamente através das suas unidades de trabalho.
Portanto, motiva-se individualmente, e ao mesmo tempo cria-se uma teia de relação cooperativa para que todos possam trabalhar em benefício da instituição e em benefício do Estado de São Paulo. Eu acredito que a sanção do Governador Geraldo Alckmin, no projeto de sua autoria, que por esta Casa foi aprovado, e hoje, lá no Palácio dos Bandeirantes, representando a Assembléia Legislativa, além deste Deputado estava o nosso Presidente, o Deputado Walter Feldman, o Deputado Sidney Beraldo, o Deputado Edson Aparecido, o Deputado Claury Alves Silva e o Deputado Roque Barbieri, representando os partidos, com assento, aqui na Assembléia Legislativa, em nome de todos os parlamentares.
Portanto, Sr. Presidente, foi uma verdadeira festa, com a presença de milhares de pessoas prestigiando essa solenidade, o que faz com que o São Paulo dê mais um passo firme na direção do seu desenvolvimento, na geração de mais postos de trabalho e na garantia de uma produção de qualidade. E ao mesmo tempo, divisas para que nós possamos continuar na promoção de nosso desenvolvimento. Muito obrigado.
O SR. PEDRO MORI - PSB - PELO ART. 82 - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, senhores que nos assistem pela TV Assembléia, senhores públicos da galeria e os queridos assessores, funcionários desta Casa, meu querido Presidente em exercício Deputado Gilberto Nascimento, meus companheiros, evidentemente eu quero ao mesmo tempo parabenizar e agradecer ao povo do meu município de Santana de Parnaíba, aos meus amigos que participaram, ontem, de um jantar conosco, na Churrascaria Paiol. Eu quero agradecer a todos que ali estiveram presentes, prestigiando o nosso evento, onde estava presente também o Deputado Gilberto Nascimento e todos os meus amigos da minha região.
Meu caro Deputado Gilberto Nascimento, Presidente em exercício, eu vim aqui, na realidade, reclamar da demora da atitude do Governo com relação aos pedágios. Precisamos de um rápido entendimento para que as irregularidades encontradas com relação aos pedágios, no Estado de São Paulo, tenham um caminho para a solução destes. O pedágio da Castelo Branco custa hoje R$ 3,50 para andar aproximadamente seis quilômetros. E a sociedade continua pagando por isso, sofrendo por isso, mesmo com a denúncia do Estado de São Paulo de que a Caixa Econômica foi omissa com relação a algumas empresas prestadoras de serviços. Nós precisamos, neste instante eleitoral, momento em que este debate e os programas de Governo dos partidos verifiquem aqueles que realmente cumpriram a sua tarefa ao deter o poder, ao estar no poder.
Eu vim, portanto, reclamar novamente deste pedágio da região oeste que vem atravancando o crescimento da nossa região, segurando o desenvolvimento da região oeste. A região de Alphaville - Santana de Parnaíba especialmente, Barueri, Pirapora do Bom Jesus, cidade de Cajamar, Jandira, Itapevi, Osasco e Carapicuiba - está parando o seu crescimento, e foram municípios que mais cresceram nos últimos anos. O município de Santana de Parnaíba tinha os piores índices de qualidade de vida do Estado de São Paulo, e hoje pontua em primeiro lugar porque houve um trabalho.
Agora esses trabalhos vêm voltando para trás, ou seja, nós estamos andando de marcha à ré em relação ao pedágio. As pessoas não querem mais investir na região em razão dos pedágios. Não se pode dizer que R$ 3,50, ou seja, R$ 7,00 ida e volta é barato num carro de passeio, meu caro Deputado Gondim, e quando se fala de um caminhão, que tem vários eixos, o seu preço é aumentado.
Portanto, nós viemos aqui para reclamar e continuaremos reclamando. O meu amigo Deputado Emídio do PT, da nossa região, também tem reclamado por isso. Precisamos cobrar para que o Governador Geraldo Alckmin - que já posicionou ser favorável - diminua o valor do pedágio. Ninguém é contra o pedágio em si, mas sim, contra o valor cobrado. Nós não podemos, de forma nenhuma, continuar aceitando isso. É uma região que contribui, eu acredito, na região oeste, com 40% da receita do Estado de São Paulo. Não é possível que nós iremos permitir isso.
Então eu quero me somar aos Deputados que brigam por isso e trazer aos outros Deputados, sejam eles de que partido for. O Governador Geraldo Alckmin é do PSDB e tem dito que realmente é um absurdo esse valor do pedágio e que a Viaoeste deve entrar em entendimento. Ninguém é contra o pedágio, mas se vê por exemplo que os investimentos à Raposo Tavares continuam parado. Nós precisamos analisar os contratos de privatizações, os contratos de concessões da via pública do Estado de São Paulo, porque não é possível. Quando se vai diminuir o preço da gasolina o Governo divulga em todos os órgãos governamentais e a toda hora que vai baixar o preço da gasolina, mas quando vai aumentar o preço da gasolina eles se calam, ninguém mais fala nada.
Pergunto:
quando o Sr. Fernando Henrique Cardoso ganhou a eleição, quanto custava um
bujão de gás e quanto custa hoje? Quanto custava um quilo de carne e quanto
custa hoje? Depois dizem que a inflação é de 0,6%. O trabalhador está sofrendo!
Finalizando,
Sr. Presidente, quero fazer um protesto à General Motors do Brasil, que demitiu
alguns funcionários por estarem vendo programas sexuais na internet. Se for
assim, o Governo também deveria tomar alguma atitude em relação à televisão,
que apresenta cenas de sexo em canal aberto e em horário impróprio. Então é
necessário que o Governo estabeleça regras para que isso não venha a acontecer
com outros trabalhadores. Espero que o sindicato dos trabalhadores da General
Motors lute em favor desses funcionários e que se criem regras para isso, para
que amanhã nenhum pai de família, que tanto precisa do emprego, venha a ser
demitido a pretexto desse mesmo argumento.
O SR. LUIS CARLOS GONDIM -
PV - PELO
ART. 82 - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, senhoras e
senhores, comentávamos ontem sobre o Encontro Paulista de Ginecologia e
Obstetrícia que ocorreu em Águas de Lindóia.
Recebemos
um documento da equipe organizadora desse encontro, em nome do prof. Laurival
de Lucca, de Botucatu - dentre outros professores de Ginecologia e Obstetrícia
das universidades estaduais e federais em São Paulo - relatando o descaso em
relação à medicina preventiva no Estado de São Paulo, o mesmo ocorrendo com
relação ao planejamento familiar, que a igreja taxa como paternidade
responsável, ao não se fazer um planejamento familiar correto e sério no nosso
Estado.
Se
formos à periferia, veremos famílias não digo nem pobres, mas paupérrimas, com cinco,
seis ou oito filhos, morando em casas com três ou quatro cômodos: um banheiro,
uma sala e dois quartos para abrigar oito a dez pessoas. Também observamos
nessas famílias a ocorrência de doenças epidemiológicas. Essas mulheres, em
fase de amamentação, quando vão a uma Unidade Básica de Saúde não encontram o
anticoncepcional adequado e não sabem qual o medicamento que devem tomar. Isso
é observado em muitas mulheres que estão amamentando e que não desejam
engravidar durante o tempo de amamentação.
Eles
sugerem que deveria existir a padronização de mais produtos nas Unidades
Básicas de Saúde pela Secretaria de Saúde. Aliás, gostaria de fazer um
parêntese aqui para falar do projeto sobre planejamento familiar do Deputado
Antônio Salim Curiati, que está parado na Casa e para o qual deveríamos dar uma
atenção especial.
Então,
não se tem medicamento para essa população de baixa renda. “Ah, mas existe uma
cesta básica de medicamentos, do programa Dose Certa.” Existe. Mas ela não
chega a ser ideal para fazermos o que precisamos, que seria um planejamento
familiar adequado.
Se
buscarmos nas periferias, nas cidades que têm uma renda per capita baixíssima,
encontraremos famílias que só conhecem como contraceptivo o anticoncepcional e
a ligadura de trompa ou a vasectomia, no caso do homem. E as outras
alternativas? Por isso, o programa de planejamento familiar, com médicos
visitando e orientando essas famílias, seria ideal para que o casal que
desejasse ter apenas dois ou três filhos não viesse a ter uma prole enorme, já
que não tem condições de dar educação, saúde, alimentação e carinho.
Falou-se
também da falta de mamógrafos para a prevenção do câncer de mama. Na região do
Alto Tietê há um ou dois mamógrafos para um milhão e quatrocentos mil
habitantes. Dia desses, lendo a “Folha de S.Paulo”, soube que para as cidades
de São Paulo existem dois mamógrafos para um milhão e quatrocentos mil
habitantes. Então é preciso que nessa LDO busquemos recursos para a compra e
aquisição de aparelhagem adequada. Outra coisa é votarmos esse projeto do
Deputado Antônio Salim Curiati proporcionado uma assistência melhor à população
de São Paulo e fazendo uma medicina preventiva adequada para o nosso Estado.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Pedro Mori.
* * *
O SR. PRESIDENTE - PEDRO
MORI - PSB - Esta
Presidência tem a honra de anunciar a presença do ex-Deputado Fernando
Silveira, a quem cumprimentamos. (Palmas.)
O SR. NIVALDO SANTANA - PCdoB - PELO ART. 82
- Sr. Presidente, Srs. Deputados, estamos acompanhando a campanha salarial
unificada organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, que representa os trabalhadores da Sabesp,
Cetesb, Fundação Florestal, Saned e Ciágua; pelo Sindicato dos Metroviários,
que representa os trabalhadores do Metrô; pelo Sindicato dos Eletricitários de
São Paulo, que representa os trabalhadores do setor energético, a Cesp,
remanescente, ainda não privatizada, a Eletropaulo Metropolitana e Bandeirante,
que foi privatizada e outras empresas como a Emae e Epte; as empresas de
saneamento e meio ambiente, com data-base em 1º de maio, e as empresas do setor
energético em data-base no dia 1º de junho. Esse conjunto de trabalhadores luta
por reivindicações básicas, quais sejam, a reposição das perdas salariais, com
a conseqüente incorporação dessa reposição aos benefícios, a manutenção dos
seus direitos e a manutenção do seu nível de emprego.
Estivemos na assembléia
dos trabalhadores da Cetesb, em frente à porta da empresa, em Pinheiros, na Rua
Frederico Hermann Júnior, e ontem à noite estivemos na assembléia dos
trabalhadores da Sabesp, realizada na Rua Bela Cintra, onde fica o Secretário
de Energia, Mauro Arce, que também hoje incorpora o setor de recursos hídricos
e saneamento.
As negociações estão se
desenvolvendo em ritmo desigual. Algumas empresas como a Cetesb não
apresentaram uma proposta efetiva, a Sabesp e o Metrô apresentaram um reajuste
em torno de 6,45% no salário, sem a incorporação desse percentual aos
benefícios, e, no caso do Metrô, existe a ameaça de compensar o reajuste
salarial com a retirada de outros benefícios. E as outras empresas estão ainda
num processo embrionário de negociação.
Estamos acompanhando
essa campanha até por estarmos vinculados a essa área do movimento sindical, e
consideramos importante que as secretarias envolvidas e o próprio Governo do
estado apresente contrapropostas aos sindicatos, a esses trabalhadores, numa
proporção compatível com as perdas salariais e com a importância desses
trabalhadores em serviços essenciais.
O fato de o Governo não
apresentar uma proposta pode desencadear uma série de greves nessas diversas
áreas, que, sem dúvida nenhuma, vão gerar grandes transtornos para a população.
Tenho conversado com a liderança sindical dessas categorias, a propósito de
aprofundar e persistir na negociação, mas para que essas negociações sejam
frutíferas e cheguem a bom termo é fundamental que o Governo flexibilize na
mesa de negociação, não seja duro, intolerante, e os parâmetros de negociação
estabelecidos pelo Codec sejam mais flexíveis e mais amplos.
Não podemos concordar
com essa política permanente, continuada, de arrochar salário, cortar
benefício, e apresentar isso como modernidade, como medidas importantes na
busca, parece que interminável, da chamada estabilidade fiscal. Nós dizemos
tudo isso - em outra oportunidade, vamos abordar com mais profundidade o debate
a respeito da Lei de Diretrizes Orçamentárias em curso nesta Casa - porque o
Sr. Governador Geraldo Alckmin afirma que a estabilidade fiscal no Estado de
São Paulo é mantida à custa de uma dura política de privatização, de programa
de demissão voluntária, de exoneração de trabalhadores em cargo de comissão, e
da alienação de imóveis, dentre outras coisas.
Vai chegar um momento em
que o estado não vai ter mais imóvel para alienar, não vai ter mais empresa
estatal para privatizar, não vai ter mais condições de continuar com a política
de demissão de funcionários. E a política de arrocho salarial também tem um
certo limite, o que significa que a propalada austeridade fiscal, saneamento
financeiro ou reengenharia do estado, com que o Governo procura dar publicidade
aos seus atos, na verdade é uma política que segue o mesmo caminho, a mesma
cartilha do Governo federal. Essas políticas fracassaram e não é por outra
razão que o povo brasileiro, o povo de São Paulo, reclamam novos rumos para o
nosso país e para o nosso estado.
A política de arrocho, de privatização, de desmonte do patrimônio, de arrochos fiscais sucessivos, tem prejudicado o povo, prejudicado os trabalhadores, e tem inviabilizado o crescimento da economia do nosso país. Não é por outra razão que vivemos numa situação de verdadeiro caos estrutural nas finanças públicas, e a economia está há mais de 20 anos sem conseguir ter um crescimento sustentável e gerador de emprego. Muito obrigado.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV Assembléia, novamente volto à tribuna para falar daquilo que traz para nós preocupação permanente - a segurança.
Ainda há pouco recebemos em nosso gabinete uma senhora que nos ouve pela televisão, no programa da TV Assembléia, e recorria a nós porque mora no bairro da Lapa e nas proximidades da Rua 12 de Outubro, e na própria rua, as pessoas não têm condições sequer de ir às lojas, tal a insegurança que reina no local.
Disse à mesma : a senhora nos traz um fato concreto. Foi assaltada por dois rapazes na Rua 12 de Outubro quando se dirigia a uma casa comercial. Um bateu no ombro dela, e quando ela olhou para o lado esquerdo, o outro levou-lhe a bolsa. Toda chorosa, recorreu ao Deputado que tem se manifestado contra a desídia do Governo Geraldo Alckmin, como foi a conivência com o crime do Governo Mário Covas. Este Deputado disse a ela que a nossa manifestação é contínua, juntamente com o Deputado do nosso partido - PPB -, o nobre Deputado Conte Lopes, capitão da Polícia Militar, que serviu à nossa população e que, ao tempo em que Paulo Maluf era Governador do nosso estado, fazia parte da Rota - Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar. Como policial militar ele tem grande experiência. Àquele tempo a Rota tinha comando, àquele tempo a Rota era prestigiada pelo Governador Paulo Maluf, como era prestigiada toda a Polícia Civil e toda a Polícia Militar. Mas hoje não há como atender a população, porque o Governo Geraldo Alckmin proíbe o policial de trabalhar.
A senhora tem nossa solidariedade. Mas, afirmamos a que enquanto perdurar o PSDB no Governo do Estado - hoje Geraldo Alckmin e ontem Mário Covas - e no Governo federal em Brasília, com Fernando Henrique Cardoso, a polícia não tem como trabalhar. A polícia quer trabalhar, mas ela fica manietada. As rebeliões acontecem nas delegacias. Os bandidos vêm da rua, invadem a Delegacia, ameaçam o delegado, amarram o investigador e, por que não dizer, entram na cela, libertam presos, seqüestram o carcereiro e saem nos seus automóveis ou a pé pelas ruas, sem que a polícia possa sequer reagir, porque se o policial sacar do revolver, der um tiro, e acertar o bandido, o policial é recolhido e processado.
Essas
histórias de ouvidor geral da polícia civil, ou da própria polícia militar, em
que coronel responsável pelas relações humanas é o primeiro a vir a público
para dizer que o policial que tiver embate com o bandido e acertar o bandido,
será recolhido para um tratamento psicológico. Veja bem a senhora as
dificuldades que enfrentamos. Não há segurança em São Paulo. O Governador diz
com o maior cinismo que agora teremos 1500 membros da Policia Militar fazendo o
policiamento. Respondi : “minha senhora, estou no Centro de São Paulo há mais
de cinqüenta anos. Neste Governo, nestes últimos oito anos, se a senhora sair
para passear, se formos ao Centro, verificaremos que não há polícia alguma e os
assaltos são contínuos”. A todo instante você vê alguém ser assaltado no Centro
e não acha nenhum policial a quem possa pedir socorro. Se quiser ter socorro
tem que ir até a Praça da Sé, onde há um centro de atendimento, onde o policial
serve-se do rádio e comunica à sede da corporação que houve um assalto na rua Quintino Bocaiúva, ou na rua 15 de
Novembro.
A
senhora esteja certa de que banido esse Governo, ou os homens que estão nesse
Governo, teremos esperança de que voltaremos a ter a polícia como era no
período de 79 a 83, em que o Governo do Estado era o Dr. Paulo Salim Maluf.
Desde 83, quando assumiu o Governo o Sr. Montoro, que é do mesmo grupo que hoje
domina São Paulo e o Brasil, a segurança desapareceu das ruas de São Paulo e do
Estado de São Paulo. Hoje São Paulo é a capital do crime. O bandido vem do Rio
de Janeiro, vem de outros Estados porque aqui ele tem a proteção do Governador
Geraldo Alckmin, do Governo do PSDB, do atual Secretário da Segurança que disse
que com ele iriam acabar os seqüestro e agora os seqüestros tornaram-se a coisa
mais banal para nossa infelicidade.
É
a menina que foi seqüestrada ali na rua Rio de Janeiro, em Higienópolis e
depois que os seqüestradores verificaram que a menina que seqüestraram era
filha do zelador do prédio devolveram a menina, traumatizada, onze horas
depois. Decorridos dez dias, nessa mesma rua Rio de Janeiro, quase na esquina
da avenida Higienópolis, próximo da delegacia anti-seqüestro, outro menino foi
seqüestrado. Ficou moda o sequestro de menores, com a complacência do Governador
Alckmin. Os jornais noticiaram ontem que um menino de quatorze anos ficou
quarenta e três dias seqüestrado. Não há segurança. É a linha do PSDB, é a
linha do Governador Geraldo Alckmin, de proteger o criminoso em detrimento da
população.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente, vamos passar à Ordem do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Há sobre a Mesa oito requerimentos, um requerimento de preferência e sete de inversão.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, requeiro a prorrogação dos nossos trabalhos por duas horas e trinta minutos, por duas horas e vinte minutos, por duas horas dez minutos.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - É regimental o pedido de V. Exa. e colocarmos em votação oportunamente.
De acordo com o art. 224, consulto o Plenário se admite a modificação da Ordem do Dia.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, já debatemos esse assunto ontem. Se V. Exa. se der ao trabalho de ler por inteiro o art. 224 verá que fala em preferência. Se houver mais de cinco preferências, diz o 223, aí sim, cabe consulta. Em não havendo cinco pedidos de preferência, não cabe consulta. Eu indagaria de V. Exa. quantos pedidos de preferência existem.
O SR. CARLINHOS ALMEIDA - PT - Sr. Presidente, indago de V. Exa. se o requerimento de preferência tem que ser escrito ou pode ser feito verbalmente.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Nobre Deputado, tem que ser necessariamente por escrito.
Caro Deputado Wadih Helú, há um requerimento de preferência e sete requerimentos de inversão.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - V. Exa. verificará que a consulta só caberia, de acordo com o próprio Regimento Interno, quando há cinco pedidos de preferência. Se não houver cinco ou mais pedidos não cabe.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Nobre Deputado, segundo nossa assessoria, o artigo 219 diz que os requerimentos de inversão são também de preferência.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - V. Exa. poderia nos ler o artigo 219?
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Preferência é primazia da discussão ou votação de uma proposição sobre a outra. Portanto, a inversão desse requerimento requer que uma proposição se sobreponha à outra. Por esta razão, entende a Presidência...
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, se há um pedido de preferência, um só, ela é automática. V. Exa. poderá consultar, mas ela é automática, porque se ela tem o pedido de preferência, V. Exa. não tem necessidade de consultar o plenário. O Regimento diz que poderá haver a consulta quando há cinco pedidos ou mais.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Meu caro Deputado Wadih Helú, na realidade o pedido de preferência, o primeiro requer, o segundo já prejudica o primeiro.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, existe apenas um.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - É porque o primeiro requerimento já tem a preferência cronológica.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Então, se tem a preferência cronológica, é somente colocar em discussão ou pelo menos ao encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Pelo entendimento, como o primeiro requerimento já é de preferência, de acordo com o Artigo 224 entende que mais de cinco... O tumulto que se diz, não é o tumulto do plenário, é tumulto na discussão dos requerimentos em pauta, porque se verificarmos que cada requerimento desse tenha tempo de discussão e encaminhamento, ficaria prejudicado e tumultuado o procedimento dos trabalhos.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, não nos conformamos com essa interpretação; ontem contestamos esse entendimento e vamos continuar contestando. V. Exa. T5em o poder de determinar o que entender, mas na verdade será uma decisão anti-regimental.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Nobre Deputado Wadih Helú, gostaria de rever o fundamento disso no resumo, que diz o seguinte: “Incorrer-se-á em tumulto processual e burla à natureza da Ordem do Dia, se permitir que todo o tempo da sessão sirva para se decidir sobre inversão ou não dos itens da Ordem do Dia, sendo que o Plenário, consultado, não quis decidir na oportunidade, por ausência de quorum. ”
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, já que V.Exa. leu, é só quando tem mais de cinco pedidos de preferência.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Na realidade são sete pedidos nobre Deputado.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Então, V. Exa. continuará dentro da linha determinada pelo PSDB nessa Assembléia Legislativa, com a qual não concordo, mas não tenho elementos para impedir que V. Exa. assim o faça.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Caro Deputado Wadih Helú, em que pese os seus argumentos, este Deputado está interinamente na Presidência e seguiremos aqui a orientação da Presidência efetiva desta Casa. Nesse sentido estamos consultando o Plenário se admite a modificação da Ordem do Dia.
Em votação. Os Srs. Deputados que admitirem queiram conservar-se como se encontram. Rejeitada.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, solicito uma verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - O pedido de V.Exa. é regimental. Vamos proceder à verificação pelo sistema eletrônico. Os Srs. Deputados que forem favoráveis registrarão “Sim”, os que forem contrários registrarão ”Não”.
* * *
- É feita a verificação de votação pelo sistema eletrônico.
* * *
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Srs. Deputados, participaram do processo de votação 29 Srs. Deputados; 26 responderam “sim”, dois responderam “não”, 16 se abstiveram e este Deputado na Presidência. Portanto, quorum insuficiente para a deliberação, ficando inalterada a disposição da Ordem do Dia.
Srs. Deputados, - Proposições em regime de urgência - 1 - Discussão e votação adiada - Projeto de lei nº 676, de 2000, de autoria do Sr. Governador. Dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos do domínio do Estado. Com 29 emendas. Parecer nº 153, de 2001, de relator especial pela Comissão de Justiça, favorável ao projeto, às emendas de nºs 4 a 29, e contrário às demais. Pareceres nºs 154 e 155, de 2001, de relatores especiais, respectivamente, pelas Comissões de Meio Ambiente e de Finanças, favoráveis ao projeto, às emendas de nºs 8, 20, 21, 22, 25 e 29, e contrários às demais. Com 29 emendas apresentadas nos termos do inciso II do artigo 175 da X Consolidação do Regimento Interno. (Artigo 26 da Constituição do Estado).
Para discutir contra, tem a palavra o nobre Deputado Edson Gomes, por 29 minutos.
O SR. EDSON GOMES - PPB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, estamos aqui
neste debate do PL 676 /2000, que trata da cobrança das águas. Fizemos uma
consulta em vários estados e verificamos que o único que cobra a taxa é o
Estado do Ceará, que levou vários anos para que fossem estabelecidas normas de
cobrança. Atualmente, está cobrando uma taxa no consumo urbano, na agricultura
será cobrado somente o custo do bombeamento.
Agora, aqui, em São
Paulo, quero ressaltar que somos favoráveis à cobrança das indústrias. Há
muitas indústrias que buscam água na superfície e também no subsolo e as
devolvem extremamente poluídas; então, tem que cobrar mesmo. Agora, não se deve
cobrar essa taxa da agricultura, que utiliza as águas para a irrigação e não
tem poluição.
O SR. JORGE CARUSO -
PMDB - Sr. Presidente, peço uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Rodrigo Garcia e Roberto Morais, para auxiliarem esta Presidência na verificação ora requerida.
* * *
- É iniciada a chamada.
* * *
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - Srs. Deputados, a Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo qual dá por interrompido o processo de verificação de presença e agradece a colaboração dos nobres Deputados Rodrigo Garcia e Roberto Morais.
Continua com a palavra o nobre Deputado Edson Gomes.
O SR. EDSON GOMES - PPB - Sr. Presidente, estávamos falando a respeito do
consumo de água. Nos Estados Unidos, por sinal, é feita a cobrança da água. Los
Angeles, região oeste dos Estados Unidos, é uma cidade seca, uma vez que, nos
Estados Unidos, tem pouca água, por isso, é preciso cobrar mesmo. Para
abastecer a cidade de Los Angeles, tem uma adutora que transporta água por 800
quilômetros.
Nós estamos vivendo uma
situação extremamente discriminatória. O agricultor brasileiro, o agricultor
paulista, está com uma pedra de 100 quilos na sua cabeça e, a cada hora, é
colocado um peso extremamente grande. Os países ricos dão subsídios para seus
agricultores, e os Estados Unidos estão despejando uma quantia vultosa - isso
representa, mais ou menos, 180 dólares por hectare.
Meu prezado amigo, nobre
Deputado Daniel Marins, V.Exa. que é um brilhante Deputado da capital, tem uma
idéia do que é um subsídio de 180 dólares por hectare? Na região de Jales, uma
região desenvolvida que V.Exa. conhece bem, assim como vários Deputados, em
Fernandópolis, Andradina, a receita por hectare, quando vem, no máximo, é
aquele valor. Se o agricultor americano ficar numa rede, às margens dos Grandes
Lagos, vai ter uma receita bruta do mesmo valor que o nosso agricultor que
trabalha o dia todo, de madrugada, com sol e chuva. Vir cobrar água do
agricultor de São Paulo, do agricultor brasileiro, é a maior injustiça que pode
acontecer.
Cedo um aparte ao nobre
Deputado Daniel Marins.
O SR. DANIEL MARINS - PPB - Nobre Deputado Edson Gomes, V.Exa. tem toda razão já que seria mais um imposto, como o imposto do cheque, da saúde. Querem cobrar o imposto da água, agora, só falta cobrar o do oxigênio. Esse Governo, de fato, está caminhando nesse sentido.
Gostaria de aproveitar a oportunidade para abordar um assunto sobre a nota do “Diário de S. Paulo”, que recebemos semana passada: “Governo se cala no caso dos pedágios.” Na noite de ontem, conseguimos 37 assinaturas, dando entrada em uma CPI dos Pedágios Irregulares, para apurar denúncia de irregularidades na contratação de empresas prestadoras de serviços em 14 praças de pedágio de cinco rodovias paulistas. O pedido dessa CPI, nobre Deputado, foi baseado em ação civil promovida pelo Ministério Público, que solicita a anulação dos contratos firmados em licitação de 1996 e requer 10 milhões aos cofres públicos.
O Tribunal de Contas do Estado também atestou irregularidades e constatou que as empresas beneficiadas não tinham experiência comprovada para realizar os serviços de arrecadação em pedágios. Também estamos convocando, por essa CPI, o presidente da Caixa, o DER, as empresas envolvidas - Tejofran, Sanitec Higienização, Brasinitas, Faísca, Empresa de Saneamento Limpadora Centro e Progel Engenharia. O Governo do PSDB tem falado em transparência, e nós gostaríamos que fosse dada maior rapidez nessa CPI para demonstrar que, de fato, existe essa transparência. Assim, foi dada entrada nessa CPI, com 37 assinaturas, cinco além do número normal, e gostaríamos que o Presidente desta Casa providenciasse para que ela fosse instalada no mais curto espaço de tempo possível.
O SR. VANDERLEI MACRIS - PSDB - Sr. Presidente, gostaria de solicitar a prorrogação dos trabalhos por 15 minutos.
O SR. PRESIDENTE - PEDRO MORI - PSB - O pedido de V.Exa. é regimental. Oportunamente, colocaremos em votação.
O SR. EDSON GOMES - PPB - Continuando, Sr. Presidente, quero citar um dado
extremamente importante. Esse é um trabalho realizado com 85 pivôs centrais.
Estou vendo o nobre Líder do Governo, Deputado Duarte Nogueira, agrônomo
competente, e digo que a média dos pivôs no Brasil é na ordem de 75 hectares.
Cedo um aparte ao nobre
Deputado Carlinhos Almeida.
O SR. CARLINHOS ALMEIDA - PT - Nobre Deputado Edson Gomes, primeiro, queria cumprimentá-lo pelo pronunciamento. V.Exa., evidentemente, defende o seu setor que conhece bem, e, respeitosamente, gostaria de fazer algumas ponderações. Como a cobrança do uso da água já está definida no plano federal, em muitas bacias hidrográficas, os comitês já estão iniciando a cobrança pela legislação federal. Na legislação federal o teto é bem maior que o teto da legislação proposta aqui no estado, que inclusive pode permitir que algum comitê estabeleça valor acima de um centavo o metro cúbico. Além disso, no caso deste projeto, o setor da agricultura terá cinco anos de isenção dessa cobrança, o que também não está garantido na legislação federal.
E por último, como ultima ponderação que eu gostaria que V.Exa. refletisse, coloco o seguinte: no caso de o comitê cobrar com base na legislação federal, o dinheiro da cobrança vai para Brasília e em Brasília não temos garantia nenhuma, a não ser que votem o projeto do Deputado Fernando Gabeira, de que esse dinheiro vai retornar para ser investido no Rio Paraíba e no Rio Piracicaba. Estou dando dois exemplos em que comitês já estão definindo cobranças pela legislação federal através da Agência Nacional de Água. Em que pese a justeza da defesa de V.Exa., acho que poderíamos buscar um entendimento em torno deste projeto porque ele é melhor que a legislação federal, que já está sendo aplicada por pelo menos dos comitês no Estado de São Paulo: o da Bacia do Paraíba e o da Bacia do Piracicaba.
O SR. EDSON GOMES - PPB - Agradeço a participação do nobre Deputado
Carlinhos Almeida,que fez uma exposição muito competente.
Eu queria dizer ao nobre
Deputado que ainda guardamos na memória o trabalho que o então Ministro da
Saúde Adib Jatene fez para que esse imposto da CPMF fosse aprovado. Foi um
trabalho realmente de gigante, como é o Professor Adib Jatene, uma das expressões
mais respeitadas no mundo. Mas o que nós vimos? Não tivemos esse recurso 100%
destinado para a área da Saúde e ainda mais: todos os dias manchetes em jornais
e revistas do apelo para que o Congresso Nacional aprovasse a CPMF, porque se o
Governo não tiver os quatro bilhões de reais/ano correspondente à CPMF o país
ficará em situação comprometedora. Então aquele imposto que seria temporário e
destinado exclusivamente à Saúde, não ficou temporário e muito menos foi
destinado à Saúde.
Quero dizer que tenho um
pivô central. Sou imigrante do Estado de Mato Grosso do Sul e em conversa com
um agricultor de São Gabriel D’Oeste, um município extremamente agrícola, onde
a produção de soja é pioneira, superando inclusive a produtividade dos Estados
Unidos, falava da cobrança da água. A região de Guaíra é a região que mais tem
equipamentos para irrigação no Estado de São Paulo, juntamente com o Município
de Miguelópolis. Esses agricultores estão extremamente aborrecidos e vão se
mudar para Minas Gerais e Mato Grosso. A nossa preocupação é que esses comitês
de bacias vão ficar cada vez mais ávidos com a cobrança dessa taxa de água e
inviabilizar alguns projetos. Concordo com V.Exa. quando diz que o Rio Paraíba
e o Rio Piracicaba precisam de atenção, que as indústrias que jogam suas águas
poluídas nos rios precisam ter sanções, mas a agricultura não polui, utiliza
água e a devolve para a terra sem nenhuma poluição. Na área da agricultura isso
vai significar a desaceleração de investimentos no Estado de São Paulo.
Eu mesmo estava com
vontade de colocar um pivô no Estado de São Paulo, mas o que vamos fazer é
colocar mais um pivô central no Mato Grosso do Sul. Eu acho, nobre Deputado
Carlinhos Almeida, que o Mato Grosso do Sul não vai permitir a cobrança nem
pela área federal. Então para lá está indo uma grande parte dos migrantes de
São Paulo.
Tenho um dado
comparativo extremamente interessante: um pivô de 75 hectares com 2000
horas/ano consumiria 562.500 m3, gastaria R$ 21.118,00 em energia
elétrica e praticamente 23% com o custo da água. É um custo extremamente alto.
Aquilo que imaginávamos não fosse onerar os produtos agrícolas, não é verdade,
pois vai onerar em praticamente 25% o custo da água em relação ao custo da
energia elétrica, de tal maneira que o custo da energia seria de R$ 281,60 e o
custo da água R$ 80,00. Portanto, estamos na contramão da política de subsídios
que os países ricos vêm desenvolvendo, porque não temos subsídios e ainda vão
nos cobrar pelo uso da água.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Celino Cardoso.
* * *
O SR. DANIEL MARINS - PPB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Nobre Deputado, fizemos uma pesquisa no grande ABC e constatamos que a população é completamente contrária. Lamento que o PT esteja apoiando este projeto. Na região do Grande ABC a classe trabalhadora é contra esta cobrança, porque queiram ou não será mais um imposto. Na França, essa mesma discussão durou aproximadamente 20 anos e aqui as coisas acontecem a toque de caixa, porque estamos à mercê do Poder Executivo.
O SR. PRESIDENTE - CELINO CARDOSO - PSDB - Nobre Deputado Edson Gomes, esta Presidência pede vênia a V.Exa. para colocar em votação o pedido de prorrogação dos nossos trabalhos por 15 minutos, de autoria do nobre Deputado Vanderlei Macris.
Esta Presidência esclarece que deixa de colocar em votação os pedidos de prorrogação de autoria do nobre Deputado Wadih Helú, por se tratar de pedidos verbais e por S. Exa. não estar presente em plenário. Então, neste momento, entra em votação o pedido de prorrogação dos nossos trabalhos por 15 minutos, de autoria do nobre Deputado Vanderlei Macris. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
O SR. REYNALDO DE BARROS -
PPB - Sr.
Presidente, solicito uma verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE - CELINO CARDOSO - PSDB - O pedido de V.Exa. é regimental. Esta Presidência vai proceder à verificação de votação pelo sistema eletrônico. Os Srs. Deputados que forem favoráveis deverão registrar o seu voto como “sim”, os que forem contrários deverão registrar o seu voto como “não”.
* * *
- É feita a verificação de votação pelo sistema eletrônico.
* * *
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, solicito a prorrogação dos nossos trabalhos por duas horas e trinta minutos.
Srs. Deputados, participaram do processo de votação 29 Srs. Deputados: 10 responderam “sim”, 18 responderam “não” e este Deputado na Presidência, registrando-se ainda 19 abstenções, quorum insuficiente para deliberação, porém, suficiente para a continuidade dos nossos trabalhos.
O SR. WADIH HELÚ - PPB - Sr. Presidente, solicito a retirada do pedido de prorrogação.
O SR. PEDRO MORI - PSB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.
O SR. PRESIDENTE - CELINO CARDOSO - PSDB - Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V.Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
* * *
* * *