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23 DE MAIO DE 2013

072ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO e ULYSSES TASSINARI

 

Secretário: JOSÉ BITTENCOURT

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão. Registra a presença dos alunos do Curso de Gestão Pública da Unicamp, de Rio Claro, acompanhados pelo Prof. Hudson Pacífico da Silva, a convite do deputado Aldo Demarchi.

 

002 - JOSÉ BITTENCOURT

Discorre sobre os acontecimentos, ontem, na CCJR. Informa que a presidente da comissão não seguiu os procedimentos indicados pelo presidente Samuel Moreira, na discussão sobre a dupla função do vice-governador de São Paulo. Ressalta que o colegiado não foi ouvido, sendo nomeado o deputado Cauê Macris como relator da matéria. Destaca a falta de lei e da ausência no regimento para a orientação da questão. Menciona a necessidade de cumprimento do juízo de admissibilidade e discussão do procedimento da matéria. Cita questão de ordem sobre a matéria, apresentada ontem à Presidência.

 

003 - Presidente JOOJI HATO

Saúda a cidade de Bocaina pelo seu respectivo aniversário.

 

004 - LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO

Discorre sobre a greve dos alunos da Unesp, em seus diversos campus. Lista problemas ocorridos na gestão da universidade. Menciona a posição das três universidades estaduais de São Paulo em relação ao Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp). Cita a falta de diálogo entre alunos e a reitoria da Unesp. Afirma que o governo não se preocupa com o ensino público universitário. Lembra debate, realizado ontem, sobre a greve dos trabalhadores da Saúde, que resultou na retomada das negociações.

 

005 - Presidente JOOJI HATO

Informa o cancelamento da sessão solene, que seria realizada no dia 14 de junho, às 10 horas, para "Homenagear os 250 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da independência", solicitada pela deputada Telma de Souza.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Informa que participará novamente de manifestação dos professores da rede municipal de ensino. Afirma que não houve atendimento das reivindicações. Ressalta a valorização da carreira do Magistério e a garantia das conquistas anteriores. Cita a pauta de reivindicações da categoria. Critica o prefeito Fernando Haddad pelo veto do aumento de referências na carreira do Magistério e reposição salarial de 0,18%. Pede a intervenção da bancada do PT junto ao prefeito, que determinou a suspensão dos salários dos professores em greve. Exibe matéria do STF sobre o impedimento deste desconto.

 

007 - Presidente JOOJI HATO

Convoca sessão solene, a ser realizada dia 17 de junho, às 10 horas, para "Proceder à abertura do III Seminário Esporte, Atividade Física e Saúde", a requerimento do deputado Leandro KLB.

 

008 - ANTONIO MENTOR

Questiona as constantes críticas do deputado Carlos Giannazi em relação ao PT. Critica a matéria exibida por esse deputado em seu discurso. Repudia o pedido de cassação do vice-governador Guilherme Afif Domingos, requerido pelo líder do PSOL. Defende o direito de escolha política do vice-governador, por apoiar o partido que considera responsável por grandes avanços sociais do Brasil. Discorre sobre os avanços promovidos pelos governos Lula e Dilma Rousseff no Brasil nos últimos 10 anos.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Para reclamação, manifesta perplexidade com a intervenção do deputado Antonio Mentor. Questiona a conversão do vice-governador, antes crítico da administração do PT, e agora aliado deste partido. Afirma que houve negociação de cargos e tempo de televisão na nomeação do político. Menciona o corte de benefícios dos professores, pelo prefeito Fernando Haddad.

 

010 - ANTONIO MENTOR

Para reclamação, combate o posicionamento do deputado Carlos Giannazi. Discorre sobre a sua militância política na esquerda há mais de 45 anos. Diz estar surpreso por ver esse deputado criticar o PT, do qual já fez parte, e prestar serviços a direita do País.

 

011 - MARCOS MARTINS

Informa sua visita, hoje, ao Hospital do Servidor, onde ocorreu manifestação dos servidores da Saúde. Destaca a reforma a ser realizada em diversos setores do hospital. Demonstra preocupação com o local no qual as pessoas serão atendidas e quanto tempo a mesma irá demorar. Comenta projeto de lei sobre a concessão onerosa para empresas privadas por 30 anos de três parques estaduais de São Paulo, com área próxima de 20 mil hectares. Faz leitura de parte do projeto.

 

012 - ULYSSES TASSINARI

Assume a Presidência.

 

013 - JOOJI HATO

Informa a aprovação, pela Câmara Federal, de projeto de internação involuntária de dependentes químicos e de aumento da pena mínima de cinco para oito anos de prisão para traficantes e chefes de organizações criminosas. Pede a aprovação do projeto pelo Senado Federal e sanção pela presidente Dilma Rousseff. Ressalta a gravidade do consumo de crack e oxi. Parabeniza a Câmara Federal. Menciona a lei seca, de sua autoria. Afirma que as autoridades competentes não tomam providências a respeito do aumento do consumo de drogas.

 

014 - LUIZ CARLOS GONDIM

Comenta reunião com o prefeito de Conchas sobre a instalação de porto intermodal na cidade. Cita estudo sobre a Hidrovia Tietê-Paraná. Discorre sobre a economia no uso de barcaças ao invés de caminhões de grãos. Ressalta a necessidade de mais um porto em São Paulo. Lembra o congestionamento de Santos e São Sebastião, na chegada ao porto de Santos. Parabeniza o governador Geraldo Alckmin pelo apoio. Destaca a necessidade da construção de viaduto, ou instalação de sonorizadores e radares na Rodovia Feliciano Sales da Cunha, próximo a entrada de Auriflama, em função do alto número de mortes na região.

 

GRANDE EXPEDIENTE

015 - FERNANDO CAPEZ

Apresenta a relação de proposições em regime de urgência para a Ordem do Dia desta Casa. Lamenta que existam projetos que aguardam apreciação há muitos anos. Comemora a aprovação do regime de urgência do PLC 09/13. Apresenta vídeo que mostra partida de futebol entre Corinthians e Boca Júniors, no Pacaembu. Considera que houve um equívoco intencional por parte do árbitro da partida. Informa que deverá realizar ato público com a presença de autoridades responsáveis pela defesa do consumidor para tomar providências a fim de ressarcir os torcedores que assistiram a esta partida. Defende a eliminação da figura do "relator especial" nas comissões temáticas desta Casa.

 

016 - JOOJI HATO

Elogia o pronunciamento do deputado Fernando Capez sobre a má fé de árbitro no jogo de futebol entre Corinthians e Boca Júniors, ocorrido no Pacaembu. Defende a prática de "tolerância zero" a fim de combater a violência no estado de São Paulo. Lamenta que recursos públicos sejam consumidos na guerra à criminalidade e não possam ser investidos na Saúde. Critica a prática de ouvir música alta em locais públicos. Associa esse hábito à violência. Lamenta vetos do governador a projetos de lei de sua autoria que visam ao bem-estar e à segurança da população (aparteado pelo Deputado Fernando Capez).

 

017 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

018 - ANTONIO MENTOR

Anuncia que a revista "Forbes" indicou a presidenta Dilma Rousseff como a segunda mulher mais importante do planeta. Lê correspondência da embaixada australiana agradecendo o socorro médico prestado pela Santa Casa de Misericórdia ao turista australiano Dr. Kalil Rocha Abdala, que sofreu atropelamento enquanto visitava o Brasil. Elogia a atuação petista no governo federal desde 2002.

 

019 - JOSÉ BITTENCOURT

Para comunicação, lê e comenta síntese do parecer da Advocacia Geral da União, que opta pela continuidade do ex-vice governador Guilherme Afif Domingos no cargo de ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Considera que não há incompatibilidade de função entre ambos os cargos.

 

020 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Agradece assinaturas à PEC estadual que visa assegurar ao jovem os mesmos direitos sociais e oportunidades oferecidas às crianças, ao idoso e aos portadores de deficiência. Defende que a juventude, especialmente na periferia, tenha espaço de convívio, para o lazer e a prática de esportes. Pede a expansão do ensino superior no estado de São Paulo. Manifesta-se favoravelmente à política de cotas para o ingresso à universidade pública. Considera que o PSDB no Governo do Estado não tem políticas sociais suficientes para a juventude, mas apenas medidas punitivas.

 

021 - ORLANDO BOLÇONE

Informa que deverá ocorrer processo de informatização e modernização do Poder Judiciário estadual. Considera que esta medida deverá proporcionar maior celeridade na apreciação dos processos judiciais. Anuncia construção de novo fórum na cidade de São José do Rio Preto. Lista as vantagens desta obra para o sistema judiciário local.

 

022 - FRANCISCO CAMPOS TITO

Pelo Art. 82, lê o voto em separado do PT sobre o PL 249/13, apreciado pela Comissão de Meio Ambiente.

 

023 - OSVALDO VERGINIO

Pelo art. 82, repudia as cooperativas habitacionais que enganam a população e vendem apartamentos que não são entregues. Explica que os supostos imóveis estariam em terrenos dos quais os proprietários pedem reintegração de posse, gerando ordens de despejo. Pede investigação sobre o assunto por parte deste Legislativo. Cita condomínios nessa situação. Fala da repercussão de assuntos trazidos à tribuna, tendo em vistas as mensagens de internautas. Cita indicação, de sua autoria, na qual sugere critérios para incluir porcentagem de moradias populares aos que pagam aluguel. Fala de lei sobre a redução sonora em veículos, implantada em Osasco. Recorda a sua atuação como presidente da edilidade local. Lamenta o veto a projeto, do Deputado Jooji Hato, com o mesmo motivo.

 

024 - Presidente JOOJI HATO

Agradece as palavras do deputado Osvaldo Verginio. Acrescenta que os seus esforços foram em vão, por não conseguir sensibilizar o governador. Pede a derrubada do veto a seu projeto.

 

025 - OSVALDO VERGINIO

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

026 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 24/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado José Bittencourt para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - JOSÉ BITTENCOURT - PSD - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado José Bittencourt.

Antes, porém, esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos alunos e dos professores do curso de Gestão Pública, da Unicamp da cidade de Rio Claro, interior do Estado, acompanhados pelo professor responsável Hudson Pacífico da Silva, a convite do nobre deputado Aldo Demarchi. A S. Exas. as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, telespectadores da TV Assembleia, imprensa presente, funcionários desta Casa, quero cumprimentar, inicialmente, o professor e os alunos da bonita cidade de Rio Claro, que estão neste Parlamento. É o maior Parlamento estadual da América Latina. Todos são bem-vindos.

Ontem, na Comissão de Constituição e Justiça e Redação, deparamo-nos com uma situação inusitada. A ilustre deputada Maria Lúcia Amary, ao receber o processo RGL com um número x, não cumpriu o que o presidente efetivo desta Casa, deputado Samuel Moreira, desejava. Ele encaminhou a indicação para avaliação e análise da possibilidade de acolhimento ou não.

Portanto, em um juízo de admissibilidade - para discutir também a questão procedimental e, depois de superadas essas duas discussões insuperáveis e necessárias ao debate e encaminhamento da sessão a respeito da dupla função do vice-governador Afif Domingos, hoje também ministro da República de nosso País -, ela atropelou essas questões básicas.

 Ela não ouviu os parlamentares e a argumentação daquele colegiado, sem estar incluso na pauta, e o Art. 46 do Regimento desta Casa é muito claro: não estava incluso na pauta aquele item.

Ela, simplesmente, atropela essas questões básicas a que me refiro, e já nomeia “ex officio”: o deputado Cauê Macris para relatar essa matéria. Não é caso ainda de indicação de relator para emitir parecer, mas para ver a possibilidade de admissão. Em primeiro lugar, teria de discutir juízo de admissibilidade, visto que em relação a essa matéria não existe lei que orienta e regra a questão. No Regimento desta Casa não há nenhum tipo de recomendação a respeito. É uma matéria inédita e inusitada, e a Constituição do Estado não traz nenhum tipo de orientação a respeito, de tal modo que não houve por parte da ilustre parlamentar o cumprimento do juízo da admissibilidade, e também a discussão da escolha de como se proceder. Atropelou sem dó aquele colegiado e, finalmente, chegamos a esta conclusão.

Tivemos de, conjuntamente com a bancada do PT, elaborar uma Questão de Ordem que apresentamos ontem. Esperamos que o presidente efetivo desta Casa, com serenidade, justiça e equilíbrio, dê resposta à altura para nos posicionarmos não somente lá na CCJ, mas também em relação a toda essa discussão, e, finalmente, aqui no plenário soberano para decidirmos a questão.

Sr. Presidente, quero dizer que há alguma coisa de politização, interesses políticos mesquinhos envolvendo a condução desta questão. No momento oportuno, estaremos aqui clareando mais o que significa “interesse político mesquinho”. A questão se restringe ao debate jurídico, técnico, legal e constitucional, e não pode, de forma alguma, entrar pela seara de interesses políticos partidários e interesses menores.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência tem a grata satisfação de cumprimentar a todos os cidadãos da cidade de Bocaina, que aniversaria no dia de hoje. Desejamos sucesso, desenvolvimento e qualidade de vida a todos os seus munícipes. Contem sempre com a Assembleia Legislativa e seus deputados, inclusive com este deputado.

Tem a palavra a nobre deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Cláudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, alunos da Unicamp que nos acompanham nas galerias, aproveito a presença desses alunos para falar da Unesp. Há alguns dias os alunos da Unesp têm nos procurado falando do problema da greve que vem se arrastando. É uma greve que está ocorrendo em vários campi - Assis, Marília, Ourinhos, Araraquara, Bauru, Jaboticabal - por causa dos sérios problemas que têm acontecido na gestão da Unesp.

Como exemplos, ressalto o sucateamento da educação, o corte de bolsas em quase todos os campi e a criação e reforma de alguns cursos que estavam previstos e não foram realizados até o momento.

Há a questão da alimentação, que já deveria ter sido resolvida: a criação de restaurantes nas universidades ainda não foi executada. O valor da bolsa, que estava sendo debatido entre a reitoria e os alunos, acabou sendo inadequado.

É importante trazer esse debate à Assembleia. Em diálogo com o Governo do Estado, a Unicamp, a USP e a Unesp têm se posicionado contrárias à instituição do Pimesp - que é um programa de cotas que o governo estadual vem tentando apresentar a partir da Unesp para as demais universidades públicas de São Paulo.

Na Assembleia Legislativa, outros programas são debatidos. Apresentamos alguns projetos de cotas para que alunos afrodescendentes e de escolas públicas tenham acesso a universidades públicas. Contudo, o governador surgiu com essa proposta - que não é um programa de cotas - o que levou os alunos da Unesp a entrarem em greve, questionando a implementação do Pimesp.

O processo de diálogo da Reitoria da Unesp com seu alunos tem sido difícil. Quando eles são recebidos, não conseguem obter uma ação conclusiva da universidade. Por isso, os alunos estão em greve há algum tempo - três meses em alguns campi. De qualquer forma, a greve na Unesp cresce e a reitoria vem se mostrando incapaz de solucionar os problemas.

Isso demonstra que o Governo não tem se preocupado com o ensino universitário público do estado de São Paulo. Há pouco tempo, tivemos a informação de que, apenas de ICMS, essas três universidades públicas recebem quase nove bilhões por ano para investimento.

O Orçamento estadual para investimento no estado inteiro é de 21 bilhões. Considerando que as universidades recebem nove bilhões, a Unesp não poderia estar sucateada dessa forma.

A previsão de ampliação de campi e a criação de outros cursos já deveriam ter acontecido. Não poderia haver redução das bolsas de estudo. A adoção de critérios mais transparentes para a seleção das mesmas deveria resolver tal problema. O mesmo pode ser dito no que tange à questão da alimentação.

Quando falamos em universidades públicas, o problema não é só o acesso, mas sim a garantia de que o aluno consiga concluir efetivamente seu curso durante o período pré- estabelecido.

É necessário que a reitoria da Unesp atenda aos alunos nos campi o mais rápido possível. Estamos dialogando com as comissões e cobraremos da reitoria e do Governo uma solução célere. Há muitas ações que já deveriam estar resolvidas, que foram anunciadas, mas não executadas.

Assim, considero justa a greve dos alunos da Unesp, uma vez que, além das condições da educação, questionam o Pimesp - que é um programa que não colabora para a inclusão na universidade pública.

Assim, no dia de hoje, cobramos publicamente essa questão. Afinal, trata-se de um debate que não se restringe aos alunos, sendo do interesse da Assembleia, do Movimento Negro e de toda a sociedade de São Paulo.

Pela oportunidade, quero dizer que fizemos um debate da necessidade de uma solução para a greve dos trabalhadores da Saúde no estado de São Paulo - vários hospitais estão em greve no estado - e conseguimos, junto com o Sindisaúde no dia de ontem, retomar o processo de negociação.

Teve início agora, às 14 horas, uma negociação entre o Sindisaúde e as Secretarias de Saúde e de Gestão Pública e esperamos que hoje - o Sindisaúde esteve na Assembleia Legislativa conversando com o Colégio de Líderes, com os partidos pedindo a sensibilização do governo - se possa chegar a um acordo e assim encerrar esta greve que já se arrasta por um bom tempo.

É preciso deixar claro que os trabalhadores da Saúde deflagraram a greve porque além da demora desse processo de negociação, boa parte das justas reivindicações apresentadas pelos trabalhadores não está sendo atendida; deixando claro que eles entraram em greve porque o Governo não conseguiu chegar a bom termo numa proposta que atendesse os trabalhadores da Saúde.

Como pode ser que saia uma solução no dia de hoje, é importante também que o estado busque uma solução para a greve da Unesp no estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência, atendendo solicitação da nobre deputada Telma de Souza, cancela sessão solene convocada para o dia 14 de junho de 2013, às 10 horas, com a finalidade de prestar homenagem aos 250 anos do nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência. Sua Excelência comunica que será realizado ato solene com a mesma finalidade e na mesma data na cidade de Santos em conjunto com a Câmara Municipal daquele município.

Tem a palavra o nobre deputado Dilador Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, público presente, estudantes, professores, venho mais uma vez à tribuna dizer que amanhã estaremos participando da manifestação, que tem o nosso apoio e solidariedade, dos professores da Rede Municipal de Ensino que estão em greve praticamente há 20 dias. A greve teve início no dia 3 de maio e prossegue porque não há o atendimento das reivindicações dos servidores da Educação. Temos acompanhado todas as manifestações, todo o processo de mobilização dos professores, que fazem reivindicações justas em defesa de uma Educação pública gratuita e de qualidade e em defesa da valorização do Magistério. É uma luta que procura valorizar a carreira do Magistério e, sobretudo, garantir conquistas alcançadas já há algum tempo, como o aumento de duas referências na carreira, o atendimento à Educação Infantil através da rede direta das escolas em CEIs e Emeis, uma luta que tem sido travada hoje pelos educadores porque há um projeto da Prefeitura de São Paulo que quer privatizar o atendimento da demanda da área da Educação Infantil; é uma luta dos professores contra a superlotação de salas; é uma luta dos servidores da Educação contra a violência nas escolas, há uma pauta imensa com várias reivindicações, além das reivindicações salariais.

Um dos pontos cruciais da paralisação é que o prefeito Haddad vetou uma conquista já consolidada numa votação anterior na Câmara Municipal que teve o apoio inclusive da própria bancada do PT, qual seja, o aumento de duas referências na carreira do Magistério.

Outro ponto é que a Prefeitura está oferecendo na data-base salarial de reposição das perdas deste ano, 2013, apenas 0,18%, uma situação muito grave que tem revoltado a categoria dos professores da rede municipal.

A pior situação ainda não é essa. Inclusive gostaria de apelar à bancada do PT aqui na Assembleia Legislativa, aos deputados e deputadas, à liderança do PT, para que façam gestões junto ao prefeito Fernando Haddad para que ele atenda às reivindicações dos profissionais da Educação, e que, sobretudo, pare de ameaçar os servidores.

O prefeito Haddad está fazendo ameaças e já determinou a suspensão dos salários dos professores, agredindo o direito de greve. Há uma decisão, do ano passado, do Supremo Tribunal Federal, que proíbe que os salários sejam descontados enquanto os trabalhadores estiverem em greve. Mas o prefeito Haddad, do Partido dos Trabalhadores, está cortando os salários, negando o direito de greve dos professores da rede municipal de ensino.

Gostaria de pedir que fosse exibida uma matéria do Supremo Tribunal Federal, para que os telespectadores acompanhassem, junto com as deputadas e os deputados, o que estou falando aqui.

A matéria noticia um acórdão do Supremo Tribunal Federal, do ano passado, que determina a proibição do corte de salários de trabalhadores em greve. Peço que a transmissão seja feita também para os telespectadores que estão nos assistindo.

 

* * *

 

- É feita a exibição da matéria.

 

* * *

 

“Supremo Tribunal Federal decide que governos não podem descontar dias parados de funcionários grevistas.”

A decisão do Supremo Tribunal Federal está sendo desrespeitada na cidade de São Paulo. O prefeito Haddad está descontando os salários, fazendo terrorismo psicológico. Ao descontar os dias parados, o governo municipal retira dos servidores o seu meio de subsistência. Essa atitude não combina com o Partido dos Trabalhadores. Fui do PT durante 25 anos e o partido sempre apoiou os movimentos grevistas no Brasil. Agora o PT muda de lado e fica contra os trabalhadores da educação, punindo os professores da rede municipal.

Além dessa violação à decisão do Supremo e da agressividade do governo municipal contra os trabalhadores da Educação, o governo vem utilizando dinheiro público do orçamento da cidade de São Paulo para fazer propaganda enganosa na televisão. Está sendo utilizado o horário nobre - o intervalo do Fantástico, da novela das nove, do Faustão - para veicular um informativo enganando a população. A propaganda diz que está sendo feito um reajuste salarial de 10,13% neste ano e de 13,42% no ano que vem. Na verdade, esses percentuais são uma incorporação de um abono complementar de uma conquista dos servidores da Educação de 2012, inclusive de uma greve também, mas feita no governo Kassab. Os professores fizeram greve em 2010 e 2012 para obter essas conquistas, pressionando a prefeitura a investir no magistério.

Os professores estão fazendo várias denúncias: não há investimento no salário, as condições de trabalho são precárias, existe superlotação de salas, há um processo em andamento de privatização do atendimento da educação infantil, e agora, ainda por cima, a suspensão do pagamento, essa triste e autoritária atitude do prefeito Haddad.

É inconcebível que isso esteja acontecendo. Deixo aqui o meu apelo à bancada do PT e aos deputados comprometidos com a luta em defesa dos trabalhadores para que pressionem e façam gestões junto ao prefeito Haddad para que ele atenda às reivindicações dos professores e não suspenda o pagamento dos servidores da Educação.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, atendendo solicitação do Deputado Leandro KLB, esta Presidência convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIV Consolidação do Regimento Interno, para uma sessão solene a realizar-se no dia 17 de junho de 2013, às 10 horas, com a finalidade de proceder à abertura do 3º Seminário de Esporte, Atividade Física e Saúde.

Tem a palavra o nobre deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Ramalho da Construção. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Alexandre da Farmácia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Mentor.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, a minha intervenção neste momento tem dois aspectos para serem debatidos. O primeiro deles é deixar aqui um questionamento sobre a posição do nobre deputado Carlos Giannazi.

Evidentemente que como deputados estaduais devemos nos preocupar com todas as questões que envolvem o estado de São Paulo, as municipais e as estaduais. No entanto, o deputado Giannazi tem manifestado aqui uma grande mágoa, uma tristeza imensa, certo rancor em relação ao Partido dos Trabalhadores, direcionando suas críticas quase que exclusivamente ao PT. Não fala a respeito das questões do governo do estado de São Paulo, as atitudes que esse governo do PSDB tem adotado no seu relacionamento com os servidores públicos. E ao contrário disso, mostra no telão fotos mal acabadas de lideranças do Partido dos Trabalhadores. Não questiona, não debate, não discute que razões levaram esses gestores a tomar essa ou aquela atitude. Analisa apenas o verniz e a aparência, prestando um grande serviço ao setor mais reacionário, mais atrasado, mais conservador da política do nosso País.

E ainda, não fosse isso suficiente, ao questionar a indicação e o convite feito pela presidenta Dilma ao vice-governador do Estado, Afif Domingos, para que ele emprestasse sua experiência, seu conhecimento ao interesse nacional, dirigindo o Ministério da Pequena e Micro Empresa, o faz de maneira a pedir a cassação do mandato de vice-governador. Incrível, inacreditável que alguém não tenha o direito de, fazendo uma autocrítica, como fez o vice-governador Afif Domingos faça uma escolha política por um campo que tem sido responsável pelos grandes avanços sociais do nosso País. Esse campo liderado hoje pela presidenta Dilma, pelo Partido dos Trabalhadores e pelos nossos aliados, que se compõe de maneira ampla na defesa do interesse nacional; e o estado de São Paulo também faz parte dessa federação.

O vice-governador, revendo sua posição política, escolhe um novo campo político para contribuir, exercendo sua liberdade de opção partidária, política. Ele percebeu que esse governo, que está comandando o País há quase 11 anos, tem trazido benefícios incalculáveis a 190 milhões de brasileiros, e foi essa a razão que levou o vice-governador Afif Domingos a fazer uma autocrítica e mudar suas posições. Ele, que foi eleito vice-governador do Estado de São Paulo em uma chapa junto com o PSDB, percebeu que o governo do PSDB não atende às necessidades do povo paulista. Também percebeu que, ao contrário, o governo liderado pela presidenta Dilma - do Partido dos Trabalhos e de seus aliados -, vem trazendo avanços significativos em uma revolução silenciosa por este País afora.

Esse governo levou mais de 40 milhões de brasileiros a uma condição de vida digna, gerou 18 milhões de novos empregos com carteira assinada e colocou na universidade mais de 1 milhão e 300 mil estudantes trabalhadores e filhos de trabalhadores, os quais não teriam condições de pagar uma mensalidade de mil ou mil quinhentos reais para poder continuar seus estudos. O Prouni ofereceu essa oportunidade a esses mais de 1 milhão e 300 mil jovens, todos vindos da escola pública.

Foi essa mudança nacional que levou o vice-governador Afif Domingos a mudar de campo, e é isso que estão tentando esconder ao tratar de filigranas jurídicas, regimentais, como se esse fosse um problema jurídico. Querem judicializar novamente a política, e não é isso o que importa neste momento. O que importa neste momento é que um homem com a tradição política de Afif Domingos reconhece no governo da presidenta Dilma Rousseff, no governo do Partido dos Trabalhadores e de seus aliados, os importantes avanços conquistados nestes últimos dez anos.

Ao lado do seu PMDB, nobre deputado Jooji Hato, que tem prestado um apoio enorme a essa evolução positiva da Nação brasileira, o vice-governador do Estado percebeu que o caminho adotado pelo Brasil do PT e dos aliados da presidenta Dilma, pelo Brasil do Lula, trouxe ao povo um novo horizonte, uma nova possibilidade, um novo caminho.

Na nossa vida, 10 ou 11 anos são muita coisa. Para a história de um país, 10 anos é um intervalo muito curto de tempo. As pessoas teriam que ver uma foto do Brasil de 2002 e uma foto do Brasil de 2012 para sentir o que de fato aconteceu neste País nesses 10 anos. Foram mudanças estruturantes, mudanças sociais profundas que levaram dignidade a milhões e milhões de brasileiros.

Foi por reconhecer essas mudanças que o vice-governador Afif Domingos reviu suas posições e decidiu aceitar o convite da presidenta Dilma para assumir o Ministério da Micro e Pequena Empresa, emprestando sua experiência nessa área, que não é pouca para que o Brasil possa avançar ainda mais, gerar empregos, distribuir renda e garantir a dignidade do povo brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado João Caramez. (Pausa.)

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, quero manifestar a minha perplexidade com a intervenção do nobre deputado Antonio Mentor, a quem respeito muito - um deputado combativo -, mas estou perplexo com essa intervenção do nobre deputado, acreditando que o Afif Domingos se converteu agora.

Afif Domingos, vice-governador do Geraldo Alckmin, um radical crítico da administração do PT, recentemente disse que a presidente Dilma não tinha biografia para ser presidente do Brasil. Sempre fez críticas ferozes ao PT e às administrações do PT, ao governo Lula e governo Dilma.

Isso até ontem. Agora, ele disse que se converteu e virou aliado. Ninguém acredita nisso, logicamente, só o deputado Antonio Mentor. Sabemos o que está por detrás. É uma grande negociação por cargos, por espaços políticos, por tempo de televisão. O Brasil inteiro sabe. É uma troca explícita, uma negociata feita em praça pública. O Brasil inteiro sabe o que está por detrás da nomeação do Afif, ministro da presidente Dilma.

O deputado ainda disse que, ao pedir a cassação, ao pedir que a Assembleia Legislativa cumpra o seu papel constitucional decretando a perda do mandato do vice-governador, estaria prestando um serviço às forças conservadoras do País. O PT está aliado ao Collor de Mello, ao Sarney, ao Maluf, ao Jader Barbalho. Então, quero saber quem está prestando, aqui, um serviço às forças conservadoras do Brasil.

Em São Paulo, o prefeito Haddad, em aliança com o Maluf, está reprimindo a greve dos professores da rede municipal, está cortando os salários. Um absurdo! Ele foi ministro da Educação durante seis anos, levantou a bandeira da Educação e agora, como prefeito, na primeira oportunidade, está prejudicando, está cortando os salários.

Não é qualquer coisa. Aqui em São Paulo, a última vez que isso aconteceu foi em 1995, na administração do Maluf. De lá para cá, tivemos muitas greves da rede municipal, e nunca houve um comportamento político de uma administração como essa.

Vamos continuar apoiando os professores da rede municipal, como nós apoiamos os professores da rede estadual na recente greve. Enfrentamos a Tropa de Choque e os governos autoritários do PSDB. Agora Fernando Haddad está se igualando ao PSDB, cortando o ponto e massacrando os professores da rede municipal de ensino.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, o que me é mais incrível do que a eventual revisão das suas posições, da parte do vice-governador Afif Domingos, ao aceitar o convite para participar dessa grande empreitada nacional, a retomada do desenvolvimento econômico e social, com distribuição de renda e geração de emrprego, como ele fez, ao aceitar o convite da presidenta Dilma para assumir o Ministério da Pequena e Micro Empresa, mais inacreditável do que isso é ver uma figura humana com a biografia que o deputado Carlos Giannazi tem, respeitável biografia, a respeitável história de vida do professor Carlos Giannazi, e com quem tenho uma convivência pacífica, harmoniosa.

Eu me surpreendo ao vê-lo prestar um serviço à direita mais empedernida do estado de São Paulo e do Brasil. Isso, sim, é surpreendente. Isso, sim, é chocante, e deixa qualquer um, que tem a militância política na esquerda, e eu tenho a minha vida inteira, desde os 16 anos de idade, e lá se vão mais de 45 anos que tenho a posição que adoto hoje, sem nunca ter sequer bambeado minhas pernas. Portanto, surpreso, pasmo, perplexo fiquei eu, ao ver o deputado Carlos Giannazi com a decisão incrível de tecer críticas continuadas às administrações do PT e, mais do que isso, de prestar um serviço de tamanha envergadura aos interesses da direita do estado de São Paulo e do Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado André do Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público que nos acompanha pelas galerias, estivemos hoje no Hospital do Servidor. Lá havia uma manifestação dos servidores da Saúde com relação ao Iamspe, porque está em curso o fechamento de diversos setores daquele hospital - pediatria, maternidade, centro obstétrico, neonatologia, UTI de ponta e os queimados, referência na América Latina - sob o argumento de uma reforma. A reforma se junta àquele projeto de PPP.

Nesta reforma, não se sabe onde as pessoas serão atendidas. As pessoas vêm de vários lugares, e não se sabe onde serão atendidas e por quanto tempo demorará essa reforma. A reforma do Hospital Regional de Osasco levou três anos. Todos os andares estiveram em reforma, junto a paciente, médicos, servidores e enfermeiros. Havia uma poeira enorme, havia até pedaços de telhas de amianto em um canto.

Em um hospital desse tamanho, imaginem o que acontecerá com os servidores da Saúde e com a desativação de aproximadamente trezentos leitos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Ulysses Tassinari.

 

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Gostaria também de fazer uma ponderação com relação à Comissão do Meio Ambiente. Quero cumprimentar o deputado Beto Trícoli, que nos convidou e chamou à reunião. Já estava em curso com um relator especial. Tratava-se de um requerimento, sobre o uso de áreas públicas inseridas em unidades de conservação da natureza específicas, bem como imóveis localizados nos municípios de Itirapina e Cajuru.

O projeto de lei do governador objetiva fazer concessão onerosa para empresas privadas, pelo prazo de 30 anos, de três parques estaduais principais de São Paulo: Parque Estadual da Cantareira, Parque Estadual do Jaraguá e Parque Estadual de Campos do Jordão, além da Estação Experimental de Itirapina e da Floresta Estadual de Cajuru. Estas unidades de conservação totalizam uma área superior a 20 mil hectares.

Não houve quórum. Aparentemente, houve um boicote, porque era uma reunião extraordinária, para impedir que se designasse um relator especial, mas acho que a base do governo, em especial o PSDB, não compareceu. Não houve quórum na comissão, mas nós já havíamos protocolado, por parte da nossa bancada, um relatório paralelo para que fosse lido e apreciado.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Moura. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Orlando Morando. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas e telespectadores, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeira votação, a internação involuntária de dependentes químicos, o que considero extremamente importante.

Aprovou ainda o aumento da pena mínima, que passaria de cinco para oito anos, para prisões de traficantes e chefes de organizações criminais. Esse projeto, obviamente, irá ao Senado antes de voltar à Câmara dos Deputados, porém espero que todo o procedimento ocorra o mais rápido possível.

Há nesta Casa uma discussão sobre as internações voluntária e involuntária. Se tivermos a autorização ou o pedido de um familiar, assistente social ou autoridade da área, a Justiça acatará com certeza, principalmente se for um pedido médico.

As drogas estão invadindo o País e pode-se considerar que há uma epidemia nacional, talvez até mesmo internacional. No Brasil todo existe o consumo de crack.

Como médico, sei da gravidade proporcionada pelo consumo do crack e do oxi, que é o último degrau da escala das drogas ilícitas. Tenho a consciência da gravidade dessa situação e por isso parabenizo a Câmara dos Deputados.

Espero que a Presidente Dilma Rousseff sancione o projeto o quanto antes. Assim, será possível controlar o tráfico e o consumo de drogas, práticas tão maléficas à sociedade. Os jovens estão no caminho das drogas, cujo início começa com o consumo de bebidas alcoólicas.

Durante o meu mandato como vereador do Município de São Paulo, tive a oportunidade de elaborar projeto conhecido como a “lei do silêncio”, “lei seca”, “lei do fecha bar”.

A bebida alcoólica, droga oficializada, é a porta de entrada para as ilícitas, principalmente o crack. Se antes as principais drogas consumidas eram a maconha e o crack, agora são as bebidas alcoólicas e o crack, cujo consumo é feito nas portas de escolas, faculdades, nas calçadas e nos logradouros públicos.

Vejo, com muito tristeza, que as autoridades competentes não tomam providências para diminuir a exposição dos jovens às bebidas alcoólicas. Embora haja até na propaganda mensagens dizendo ser um produto nocivo à saúde, na prática, nas ruas, acontece esta exposição aos adolescentes, que cada vez mais estão adentrando no consumo da bebida alcoólica e, posteriormente, do crack e das drogas ilícitas.

Gostaria de dizer, meus caríssimos deputados aqui presentes, que esta luta é contínua, diuturna. É uma guerra que precisamos travar. Fazendo uma reflexão, em certos momentos, ficamos com o pensamento de que estamos sendo derrotados pelo tráfico e pelo consumo de drogas. Sentimo-nos impotentes ao ver nossos adolescentes integrando-se a esse mundo e desintegrando as famílias. A coisa mais triste que podemos acompanhar é a dor que sente um pai ou uma mãe ao verem um filho consumindo entorpecentes, bebidas alcoólicas e drogas ilícitas.

Acho que a Câmara dos Deputados está no caminho certo. E certamente nós faremos, como já fizemos, várias leis para buscar qualidade de vida. Encontraremos, ao lado dos colegas deputados, o caminho para combater o crack e as drogas que tantos malefícios trazem à sociedade. Elas consomem os recursos do SUS e, ao causarem acidentes, infestam os prontos-socorros dos hospitais.

Termino minha fala aqui para que o nobre colega Luiz Carlos Gondim possa fazer uso da tribuna ainda no Pequeno Expediente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Tem a palavra o nobre deputado Osvaldo Verginio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Luiz Carlos Gondim.

 

O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, acho muito importante que cada deputado utilize, no Pequeno Expediente, apenas os cinco minutos regimentais, para que um maior número de colegas possa se manifestar.

Ontem, juntamente com o prefeito de Conchas, estive conversando, na Secretaria de Transportes, com o superintendente do Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Logística e dos Transportes, Dr. Casemiro Tércio.

O prefeito de Conchas, Odirlei Reis, veio tentar negociar um porto intermodal para a sua cidade. Sabemos que o último que foi feito na Hidrovia Tietê está na cidade de Anhembi. Agora, existe interesse do governador em fazer também em Conchas, Jumirim e Salto.

Esta hidrovia é muito importante e o conhecimento que possui o Dr. Casemiro, em relação ao estudo e ao trabalho desenvolvido dentro da Hidrovia Tietê-Paraná, impressionou os engenheiros que estavam conosco.

A economia que se faz com cada barcaça é muito grande. Uma barcaça transporta, em grãos, o equivalente a 40 caminhões. E essas barcaças podem chegar, atualmente, até a cidade de Conchas. Futuramente, chegarão a Jumirim, onde teremos o local mais próximo à ferrovia. Assim, chegaremos a Santos com mais rapidez.

Outro problema que temos em São Paulo é a necessidade de mais um porto. Há um grande congestionamento em Santos e, principalmente, em São Sebastião, que ainda receberá melhorias em seu entorno. Assim, precisamos de mais um porto. Isso ninguém pode discutir. E o que acontecerá? Contando com ferrovias e hidrovias, completaríamos o escoamento de toda a produção de grãos que parte do Mato Grosso, de Goiás, de Minas Gerais e de São Paulo. Precisamos, urgentemente, dar apoio ao governo, que já está investindo, e muito, na hidrovia.Parabenizo o governador, porque esta é uma obra necessária. Os produtores clamam por isso. Precisamos urgentemente de mais um porto, seja ele privado ou realizado por meio de PPP. Eles precisam entrar em contato com a presidente Dilma para que se possa ter mais um porto de escoamento no estado de São Paulo.

Quero parabenizar o secretário Saulo de Castro e o Clodoaldo pelo empenho na hidrovia. Parabenizo, também, o Dr. Casemiro, pelo trabalho desenvolvido.

Agora, eu gostaria de fazer um apelo ao Dr. Clodoaldo. Ontem perdemos um médico na passagem de nível que existe na Rodovia Feliciano Sales da Cunha, a São Paulo-310, justamente na entrada de Auriflama. Existe um declive muito grande no quilômetro 566 da São Paulo-310, o que faz com que os caminhões que passam por ali tenham sua velocidade aumentada justamente quando passam pela entrada da cidade. Dessa forma, eles têm dificuldade em frear.

Então, se não for possível fazer um viaduto na entrada de Auriflama, que se coloque um radar, que se faça sonorização, o que não podemos é aceitar seis mortes de novembro ao dia de hoje. Ontem perdemos um médico que vinha do seu trabalho, em Jales, iria fazer plantão em Auriflama e faleceu por um descuido de minutos. Semana passada foi uma mãe que levava uma criança para a escola.

O DER precisa resolver esse problema na rodovia Feliciano Sales da Cunha o mais rápido possível. Presto minhas condolências à família do doutor Lira. A prefeita está muito empenhada na questão.

Ontem a população já estava cogitando uma revolta, queimar pneus para mostrar o erro da estrada no trevo de Auriflama.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o nobre deputado Fernando Capez, por permuta com o nobre deputado Aldo Demarchi.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, estou com a relação de proposições em regime de urgência da Ordem do Dia desta sessão e vejo que se encontram, em regime de urgência, 702 itens, entre vetos e projetos. Sendo, a maioria deles, vetos.

Está aqui, em regime de urgência, o Projeto de lei Complementar, vetado, do deputado José Zico Prado, nº 09, de 2000. Também tramita em regime acelerado de urgência o Projeto de lei Complementar nº 014, de 2000. Existem projetos tramitando 13 anos em regime de urgência. Esperamos que, com esse regime acelerado, logo sejam votados e apreciados.

Quando existe um veto, de acordo com a Constituição, cabe à Assembleia Legislativa deliberar a respeito, derrubando-o ou mantendo-o. Tivemos, ontem, a aprovação do regime de urgência ao PLC nº 09, de 2013, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que estava para ser aprovado pela CCJR. Com a aprovação do regime de urgência, não sei se tramitará mais rápido, porque tenho alguns há 13 anos nesta situação. Mesmo que não tramite mais rápido, terá produzido um grande efeito: retirar o projeto da discussão na Comissão de Constituição e Justiça e entregá-lo a uma só pessoa, como relator especial. Se o relator apresentar o projeto, ele estará automaticamente aprovado.

Tenho mais de 200 projetos importantes para serem apreciados, rejeitados ou aprovados. Vou parar de apresentar projetos de lei, porque não são votados - no máximo, vota-se um por ano.

Como não se votam projetos de deputados e ficamos apenas debatendo no plenário, tratarei de um assunto para, pelo menos, não “deixar barato” o que aconteceu. Não falarei de futebol, mas sobre seriedade no cumprimento da profissão. Por favor, passem o vídeo.

 

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- É feita a apresentação de um vídeo.

 

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Há uma questão importante aqui. Quarenta mil torcedores foram ao estádio e pagaram o ingresso para assistir a uma disputa normal de uma competição, em que o acaso pode tomar conta. O que não está correto é um árbitro entrar, premeditadamente intencionado, para alterar artificialmente o resultado.

Consultei três árbitros profissionais e os três me disseram que, na posição em que o árbitro se encontrava no primeiro lance, é impossível errar. Houve dolo. Vamos fazer um ato de repúdio, porque isso tem que acabar no futebol.

Gostaria que fossem repetidos só os dois primeiros lances, já que o último não consta do vídeo.

 

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- É feita a apresentação do vídeo.

 

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No primeiro lance, percebam a posição do árbitro e sua proximidade com o lance. Na sequência, vejam a mão do jogador. O árbitro não viu ou não quis ver? No lance seguinte, olhem a posição do bandeirinha. O “espantador de corvos” está na mesma linha, segurando uma bandeira, provavelmente, com as cores do adversário, do time argentino.

Trabalhei durante dez anos combatendo a violência no futebol. Violência de torcida organizada, violência de torcedores, violência de rivalidades no futebol. Ingressamos com ações de extinção de torcidas, conseguimos manter as torcidas afastadas por quase dez anos, só retornaram por uma própria recomendação do Comando da Polícia Militar, que percebeu que estavam se organizando em pequenas células, em pequenos grupos que eram muito mais perigosos. E eu sei o que uma atitude irresponsável dentro do gramado pode ocasionar. Uma provocação de um atleta, uma palavra infeliz, ou um erro premeditado, ou seja, um equívoco intencional - entenderam o eufemismo - o que isso pode ocasionar.

O Sr. Carlos Amarilla, juiz paraguaio, é considerado o melhor árbitro do continente americano, um dos mais experientes, está às vésperas de se aposentar. Ele armou esse resultado.

Vamos, então, convocar aqui na Assembleia Legislativa um ato público com a presença do diretor do Procon, e eventualmente de autoridades responsáveis pela defesa do consumidor, para estudarmos providências no sentido de pelo menos ressarcir os torcedores que foram assistir a um espetáculo de futebol e acabaram sendo protagonistas de uma farsa, protagonistas de uma fraude que foi aplicada.

 Sr. Presidente, quero usar esse tempo aqui na tribuna para comunicar que será feito um ato público - em breve vamos comunicar e informar essa data.

 Acho importante mostrar isso, considero importante fazer esse protesto, considero importante não deixar o Sr. Carlos Amarilla achar que está tudo bem - e dando risada agora que já se deu bem - não deixar por isso mesmo. Porém, considero mais importante que nós estivéssemos aqui, hoje, na Ordem do Dia, discutindo e debatendo projetos de deputados, discutindo iniciativas de deputados, projetos na área da Segurança Pública, próprios na área do consumidor, projetos na área de defesa ambiental, projetos importantes que visem aprimorar o funcionamento da Justiça, dentro do âmbito de competência desta Casa e pararmos com isso.

Que esta seja uma Casa de debate, não uma Casa de acordo. Uma Casa onde que se coloque o projeto e se debata esse projeto; eu concordo, outro não concorda; vamos rejeitar; vamos ter o veto, vamos derrubar o veto. Vamos valorizar as comissões, vamos parar com essa coisa do relator especial.

Eu estou agora integrando uma comissão, com os demais deputados desta Casa, de reforma do Regimento Interno. Vamos acabar com essa excrescência autoritária do relator especial e vamos discutir e debater nesta Casa. Se nós tivermos 94 deputados fortes, 94 deputados que falem pela Casa, 94 deputados exercendo as suas prerrogativas constitucionais em respeito ao mandato popular que lhes foi outorgado, nós teremos aí verdadeiramente o poder e não arremedo de poder. O que não podemos é ficar criticando o ministro Joaquim Barbosa, ainda que na sua posição ele devesse tomar cuidado, quando nós mesmos não nos afirmamos como poder autônomo e independente.

Portanto, vamos zelar pelas nossas prerrogativas e fazer com que o Poder Legislativo cumpra a sua função típica que é legislar; é isso que temos que fazer e não desviarmos a nossa atenção para outros temas que são funções atípicas desta Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Tem a palavra por cessão de tempo o nobre deputado Itamar Borges, o nobre deputado Jooji Hato, pelo tempo regimental.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre deputado Ulysses Tassinari, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, quero dizer ao nobre deputado Fernando Capez, que esse jogo envergonha o esporte. Esse jogo entre Corinthians e Boca Juniors - eu estava lá no estádio - nos envergonhou, porque foi um assalto à mão armada - na mão grande. Acho que o deputado Fernando Capez, não deveria convocar apenas o Procon, mas deveria convocar também a Polícia Federal; como é que a Polícia Federal. Como é que a Polícia Federal deixa voltar para o Paraguai um juiz que rouba, que ainda vai embora livremente, feliz? É um absurdo!

O esporte, principalmente o futebol, é fundamental no combate à violência, então isso não pode acontecer. É uma vergonha! Passaram a mão no Corinthians e com isso, o juiz não só roubou, mas cometeu um latrocínio porque além de roubar ele matou milhares de torcedores corintianos que estavam no estádio com a esperança de assistir um futebol limpo, profícuo, que nos proporcionasse mais qualidade de vida. Isso que o juiz fez foi muito ruim.

Concedo um aparte ao nobre deputado Fernando Capez.

 

O Sr. Fernando Capez - pSDB - A metáfora empregada por V. Exa. é muito feliz, assim como é feliz o mandato que V. Exa. exerce com vários projetos importantes na defesa da Segurança Pública.

Esse juiz é um homicida de paixões, um latrocida de emoções. Simplesmente alguém que entrou mal intencionado e alterou o resultado de uma partida de futebol. Isso, aparentemente é pura rivalidade, mas destrói os sentimentos de milhões de pessoas.

 Infelizmente, na Libertadores da América, é sempre contra clubes brasileiros. Ou prejudicam o Palmeiras, como aconteceu no jogo contra Boca Juniors, em 2000, ou o Corinthians. Sempre os prejudicados são os clubes brasileiros.

Muito obrigado pelo aparte.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - Meu caro deputado Fernando Capez, realmente prejudicou uma nação. O povo que o Corinthians representa foi prejudicado naquela noite. Então, o correto era que pudéssemos anular esse jogo para o bem do esporte porque não pode o campeão do mundo ser assaltado. É uma vergonha!

Mas, de qualquer forma hoje eu venho à tribuna para dizer que luto pela qualidade de vida de todos. E como estão acontecendo vários arrastões em restaurantes e empresas nós estamos convivendo com um grau de violência radical. Então, acho que a solução é buscarmos por tolerância zero.

Temos o exemplo do prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que criou a chamada tolerância zero. Mas o que é a tolerância zero? É punir aos pequenos delitos para prevenção aos grandes delitos. Então, quando um indivíduo senta no encosto do banco de um jardim e coloca os pés no assento, ele está dando o mau exemplo para os adolescentes; indivíduos que bebem nas praças públicas também são exemplos para que adolescentes sigam a mesma ‘missão’, a tarefa de erguer as taças de cervejas e outras bebidas alcoólicas, levando ao posterior consumo de crack e de outras drogas.

Então, a tolerância zero é fundamental para um país como o nosso que, inclusive temos prejuízos imensos, em termos de orçamento, consumindo leitos cirúrgicos, leitos de UTIs e de emergências. Com isso não temos um atendimento médico-hospitalar condizente com as necessidades do ser humano. Muitos ficam enfileirados nos corredores dos hospitais e às vezes na UTI o médico tem que escolher quem vai viver e quem vai morrer porque não tem vaga para todos. Porque essas vagas estão sendo ocupadas exatamente por pessoas que sofrem acidentes por estarem embriagadas ou drogadas, ou seja, pelo consumo de bebidas alcoólicas e drogas, ou pela violência quando são baleadas. Enfim, por essas vítimas da violência que acabam consumindo leitos fundamentais.

Eu fico muito triste quando vejo nas ruas carros pequenos de passeio, por exemplo, Gol ou Palio, a potência do som parecendo trio elétrico tocando música pornográfica, música fazendo apologia ao crime e às drogas; música inaudível porque não é familiar, música de malandro, música de bandido mesmo. Eles ficam nas praças públicas ou em frente das casas por toda a madrugada. Os trabalhadores querem descansar e dormir, mas não conseguem porque esses indivíduos abrem os porta-malas dos carros e ligam os sons, que mais parecem um trio elétrico, e perturbam o entorno.

Mas nos não vemos nada ser feito, não há fiscalização, não há coibição. Nenhuma atitude é tomada para que essas coisas não aconteçam.

Essa situação não ocorre somente na Capital, mas no litoral também, exceto na Praia Grande, pois colocaram ordem no “galinheiro” não permitindo esse tipo de instrumento como em outras cidades. Enquanto a Praia Grande era uma bagunça total os imóveis não valiam nada, mas quando o prefeito trouxe ordem pública eles passaram a ter um valor diferente daquele depreciado por conta da bagunça que havia naquela cidade.

Em vários pontos do nosso litoral como Bertioga e Ubatuba temos vários exemplos em que o indivíduo estaciona o carro em frente à casa das pessoas, liga o som com músicas pornográficas e que fazem apologia ao crime, mas a Polícia não vai ao local se não for chamada, e quando ela vai até o local quem a chamou precisa acompanhá-la e fazer um B.O.

O delito é vigente, ele está acontecendo, mas não se toma providência alguma. Isso virou uma bagunça total!

Por isso aprovamos um projeto de lei para controlar a sonorização, para não termos mais esse tipo de problemas. Imaginem, existem locais na cidade de São Paulo onde acontecem verdadeiros “pancadões”, são festas a céu aberto. O indivíduo estaciona em frente a um bar, liga essa sonorização inadequada com música pornográfica e que faz apologia ao crime e às drogas e permanecem no local durante toda a madrugada promovendo festas regadas a bebidas alcoólicas e drogas, com menores se drogando e se prostituindo. Uma bagunça total! E não temos a polícia no local para coibir esse tipo de delito que envergonha a todos nós, dá maus exemplos aos adolescentes, perturba o entorno, as pessoas que querem descansar, o aluno que quer dormir para estudar no dia seguinte não consegue e da mesma forma os trabalhadores. A polícia não pode estar verdadeiramente em todos os locais, temos que dar razão a isso. Quando aprovamos esse projeto pensamos em ajudar a polícia, a sociedade, o próprio governador que está passando por muitas dificuldades, pois não consegue atender a demanda de tanta violência (arrastões, assaltos, estupros, homicídios, latrocínios).

O governo está contratando 4.600 policiais, isso é uma gota d’água para um estado nessa situação. Precisamos muito mais. O governo gastará cada vez mais se não praticar a segurança preventiva. Fica muito difícil ao governador trazer ordem pública se não praticar a segurança preventiva.

Quando fizemos o projeto da moto sem garupa tivemos o apoio do ministro da Saúde, ministro Padilha, que eu considero como um dos homens públicos mais conscientes em termos de atendimento médico-hospitalar e de qualidade de vida. Quando o ministro esteve nesta Casa me parabenizou por esse projeto que foi vetado pelo governador do estado. O ministro Padilha disse que os garupas de moto estão matando pessoas, atiram por atirar, estão assaltando a todo o instante. Sessenta e dois por cento dos roubos denominados saídas de banco, deputado Alencar Santana Braga, são realizados por garupas de moto.

Os pacientes dessa violência vão para os hospitais ocupar leitos.

O ministro, o secretário, o governador e o prefeito podem aplicar recursos que de nada adiantarão, pois a violência aumenta cada vez mais, consumindo os recursos do SUS, fazendo com que não possamos proporcionar um atendimento médico-hospitalar decente, humano, condizente com a qualidade de vida que deveríamos ter.

Caro deputado Ulysses Tassinari, precisamos refletir sobre a tolerância zero e aplicá-la, punir os pequenos delitos. A sonorização e a moto sem garupa, entre outros, são caminhos a serem seguidos.

Temos crianças nos cruzamentos que estão indo na direção de que caminho? Da antiga Febem ou para o presídio se a polícia não matar antes. Não dá para aceitar uma criança, cuja altura não alcança o retrovisor de um carro, pedindo esmola. As pessoas dão. A mãe e o pai de rua - não os pais biológicos - estão por trás dessa criança, que vai comprar drogas. Aí não tem fim.

Temos que fazer uma reflexão. Fiz vários projetos de lei, alguns se transformaram em lei, como a “lei do cruzamento”. Alguns foram vetados pelo Executivo. O conjunto dessas leis é a tolerância zero, que é o meu sonho, o sonho de trazer a todos nós qualidade de vida, mais segurança e garantir aos cidadãos o direito de ir e vir, principalmente o direito à vida, o direito de respirar, o direito de deixar os nossos corações batendo forte, com saúde. Infelizmente, não temos esse direito.

Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Ulysses Tassinari - PV - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o nobre deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre deputado Antonio Mentor.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. Antonio Mentor - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero iniciar o meu pronunciamento me referindo a uma questão que me parece elogiosa para o nosso País, um anúncio que deixa os brasileiros honrados: a escolha feita pela revista “Forbes”, anunciada ontem, indicando a presidenta Dilma Rousseff como a segunda mulher mais importante do Planeta.

Para nós, isso é motivo de orgulho por conta da escolha que o povo brasileiro fez ao elegê-la para dirigir o Brasil. Vamos comemorar essa decisão importante que nos deixa vivamente animados por conta do reconhecimento internacional da presidenta Dilma no cenário político-econômico mundial.

A segunda questão que quero abordar diz respeito a uma decisão que esta Casa adotou ao final do ano passado, apoiada por 86 parlamentares, quando designamos à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo um recurso da nossa verba orçamentária no valor de cem mil reais. Cada um de nós o fez para que a Santa Casa recebesse um valor mais substantivo, que somou oito milhões e seiscentos mil reais, em reconhecimento ao importante atendimento que essa instituição oferece ao povo paulista e brasileiro.

Agora, numa situação muito especial, há um episódio reconhecido pelo Consulado Geral da Austrália, que nos enviou cópia de uma correspondência direcionada ao Dr. Kalil Rocha Abdala, provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que gostaria que fizesse parte dos Anais da Assembleia porque nos enche também de alegria.

Passo a ler o teor do ofício enviado pelo Consulado da Austrália:

“ São Paulo, 26 de fevereiro de 2013.

Ilustríssimo Sr. Dr. Abdala

Vimos, por meio desta, em nome do governo australiano e de seus cidadãos, externar nossos mais profundos agradecimentos e, ao mesmo tempo, parabenizá-los pelo exímio atendimento e tratamento oferecido ao Sr. Alan Richard Hannan, durante a sua longa permanência nesta Instituição, logo após sofrer um atropelamento, enquanto visitava o Brasil.

Gostaríamos de ressaltar nosso especial agradecimento à Sra. Maria Aparecida da Silva Nogueron, à Sra. Marta Bellazzi Padrão e também ao Professor Doutor Antônio José Gonçalves, pela sempre demonstrada cordialidade, flexibilidade e paciência ao lidar com esse delicado caso. No ensejo, aproveitamos a oportunidade para enviar nossos votos de elevada estima e consideração colocando-nos à inteira disposição.”

Assinam Kym Fullgrabe, cônsul-geral da Austrália, e Sheila Lunter, cônsul da Austrália em São Paulo.

O atendimento foi prestado pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo a um cidadão australiano que sofreu um acidente na nossa Capital e conquistou o reconhecimento e agradecimento do governo australiano, por meio de seus representantes no Brasil, especialmente na cidade de São Paulo.

Fiquei orgulhoso ao receber esta mensagem, que foi enviada à Santa Casa de São Paulo e, mais ainda, porque tive a oportunidade de, ao final do ano passado, organizar essa lista de deputados que dedicaram parte de suas emendas a essa instituição extraordinariamente importante na Saúde Pública do estado de São Paulo, do Brasil e de nossa Capital.

Todos sabemos da importância da Santa Casa - o deputado Jooji Hato é médico e sabe melhor ainda. Ela atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde e, por isso, tem esse imenso valor na sua atividade.

Presto a nossa homenagem, mais uma vez, à Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Paulo - penso que falo em nome dos 94 deputados que compõem a Assembleia Legislativa de São Paulo.

Esta Casa é uma casa política, e política no seu melhor conteúdo. O ser humano é um ser político. Ele pode não fazer uma opção partidária durante toda a sua vida, mas ele jamais pode abdicar da sua condição humana, da sua condição de político. É político porque faz opções, escolhas, apoia ou critica, define um caminho. É a política que define o futuro da sociedade e, neste momento, coloca-se em pauta esse novo Brasil.

Esse Brasil diferente, que gera emprego e distribui renda. Esse Brasil que faz justiça a seu povo. Esse Brasil que, sem dúvida nenhuma, tem experimentado um momento mágico na sua história, por conta de uma decisão programática que o povo brasileiro escolheu nas eleições de 2002. O povo a reafirmou nas eleições de 2006 e a confirmou nas eleições de 2012. Essa decisão tem trazido bem estar, conforto, melhoria, dignidade e benefícios para a grande maioria do povo desta Nação.

É tanto verdade o que estamos examinando que, até mesmo aqueles que durante muito tempo formulavam críticas, faziam oposição dura e ferrenha ao nosso governo, até mesmo estes, hoje, reconhecendo os avanços e as conquistas do povo brasileiro liderado por este governo e por esta plataforma política que foi escolhida, têm abdicado das suas críticas, dos seus ataques e da sua oposição. E têm se somado também a este governo e adicionado a sua experiência e o seu conhecimento para alavancar este projeto nacional.

E tem mudado de campo, como aconteceu recentemente com o vice-governador do estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, eleito em 2012 na chapa do PSDB, o mais figadal adversário do Partido dos Trabalhadores e da presidenta Dilma Rousseff. O PSDB perde um aliado importante porque esse aliado reconhece no governo da presidenta Dilma Rousseff a melhor opção para o povo brasileiro. Por isso, o governador Afif Domingos, ao aceitar o convite para assumir o Ministério da Pequena Empresa, faz uma opção política: muda de campo e escolhe este projeto que tem trazido avanços significativos para o povo brasileiro, e vem se somar a esse esforço político dessa aliança do PT com tantos outros setores da política, partidos e sociedade civil que têm se organizado para alavancar o crescimento social do nosso País.

Porque de nada importaria à Petrobras dar sete bilhões e 700 milhões de lucro; de nada adiantaria o avanço econômico de um país se esse avanço não significasse melhoria na vida do seu povo. E é essa opção que fez com que Guilherme Afif Domingos mudasse de campo e aceitasse se somar a esse projeto nacional que tem feito, como disse, tanto benefício para o povo brasileiro.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PSD - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero também me associar ao discurso do ilustre deputado Antonio Mentor, e passarei a ler, na verdade, a síntese do parecer da Advocacia-Geral da União, que dá pela hipótese da continuidade do exercício do cargo de ministro da Micro e das Pequenas Empresas do nosso vice-governador Afif Domingos:

“Síntese do parecer da Agu

Parecer ASMG/CGU/AGU/04/2013

Processo 00400.005190/2013-71

Interessado: Ministro de Estado da Micro e das Pequenas Empresas

Questões formuladas pelo Sr. Guilherme Afif Domingos, Ministro titular da recém criada pasta da Secretaria da Micro e das Pequenas Empresas à Advocacia Geral da União:

1.   Se a perda de mandato de que dispõe o § 1° do art. 28 da Constituição Federal seria extensiva ao Vice-Governador.

2.                     Se hipoteticamente convocado a exercer o mandato de Governadorde São Paulo, por qualquer motivo de viagem ou outro evento de natureza temporária, haveria obrigatoriedade de assumir a Chefia do Executivo da unidade federada cuja população o elegeu Vice-Governador.

3.                     Se na qualidade de Ministro de Estado, uma vez convocado a exercero mandato (temporário) de Governador de São Paulo, deveria licenciar-se, ou efetivamente exonerar-se da pasta ministerial que ocupa.

Não há vedação constitucional para o exercício de chefia de pasta ministerial, exceto as efetivamente indicadas no art. 87 do texto político. Não se excetuam senadores, deputados, diplomatas. Deve-se reconhecer, no entanto, que Governadores (e não Vice-Governadores) perdem respectivos mandatos quando assumem outro cargo ou função na Administração Pública.

O Vice-Governador só é atingido pela vedação quando efetivamente suceda, e não quando meramente substitua o Governador. A distinção entre sucessão e substituição é nuclear para a compreensão do problema, e parece ser adotada por todas as constituições estaduais que há no Brasil. Na Constituição Federal não há óbices que Vice-Governador assuma chefia de Ministério, independentemente de licença na unidade federada de origem. O modelo federalista deve ser sentido em sua dimensão cooperativa e não retaliativa.

...

Em outras palavras, a regra do § I.° do art. 28 da Constituição é destinada a regular situação que atinja o Governador do Estado. Atinge o Vice-Governador, apenas quando este último no exercício do mandato esteja.

...

O Supremo Tribunal Federal cinde, objetiva e historicamente, as funções e diplomas de Governador e de Vice-Governador. É o que se tratou, por exemplo, em interessante caso no qual o Vice-Governador eleito duas vezes para o cargo de Vice-Governador que postulava disputar o cargo de Governador, em eleição superveniente. E o que se decidiu no RE nO 366.488-3-SP, relatado pelo Ministro Carlos Velloso, em julgamento de 4 de outubro de 2005.

Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, argumenta o parecer que se os conceitos de Governador e de Vice-Governador fossem exatamente idênticos, e para todos os fins, Geraldo Alckmin não poderia ter concorrido ao Governo do Estado de São Paulo em 2001, após ter sido Vice-Governador no mandato de Mário Covas (1995-1999) e depois em

1999-2001, por 22 meses, quando assumiu o mandato com o falecimento do titular.

A perda de mandato prevista no § 1° do art. 28 da Constituição é resultante da situação ali descrita, em relação ao Vice-Governador, somente quando este suceda, e não substitua o titular do mandato.

Assim, e retomo ao precedente, do ponto de vista histórico, e à luz da ratio decidendi aqui apontada, o atual Governador do Estado de São Paulo não poderia ter concorrido ao governo daquela unidade federada em 2001, após ter sido Vice-Governador no mandato de Mário Covas (1995-1999) e depois em 1999-2001, por 22 meses, quando assumiu o mandato com o falecimento do titular.

• • •

Em síntese, nesse ponto, não há vedação da Constituição Federal para que Vice-governador exerça o cargo de Ministro de Estado, dado que não se desafia, na hipótese, a regra do art. 87 da Constituição, bem como não se aplica a norma do § l.° do art. 28 da mesma Constituição, que é referente a Governador de Estado, e não a Vice-Governador, só alcançando este último na hipótese de suceder, e não se substituir eventualmente, ao Chefe de Executivo Estadual.

Da Constituição do Estado de São Paulo

O art. 38 desenha com muita clareza a distinção entre substituição e sucessão, por parte do vice-Governador. A substituição se dá em caso impedimento, a sucessão, no caso de vacância do cargo. Além do que, dispôs-se também que o Vice-Governador conta com atribuições conferidas por lei complementar, devendo também auxiliar o Governador, sempre que por este convocado para missões especiais. A distinção entre substituição e sucessão é que instrumentalizou o Supremo Tribunal Federal.

Ato contínuo, no art. 44, dispõe-se que o Governador e o Vice-Governador não poderão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-se do Estado por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. E regra cogente, absoluta, que deve ser respeitada, que não pode ser artificialmente afastada.

Como se observará, no exercício do cargo de Ministro de Estado, não poderá o Vice-Governador do Estado de São Paulo deixar aquela unidade federada, por prazo superior ao previsto na Constituição estadual, a menos que peça licença. Esta deverá ser amplamente motivada, na qual deve o interessado indicar as razões da viagem, o roteiro e a previsão de gastos.

O art. 45 é regra de aplicação exclusiva ao Governador, vinculando o Vice-Governador, tão somente, nas hipóteses de sucessão, e não de substituição. De tal modo, o chefe do Executivo paulista deverá residir na Capital do Estado.

Como se pode observar, a Constituição do Estado de São Paulo contempla apenas o Governador, nas hipóteses dos arts. 42 (perda de mandato pelo fato de assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta), do art. 45 (dever de fixar residência na Capital do Estado), do art. 47 (atribuições), do art. 48 (responsabilidade) e do art. 49 (processamento do Governador, por parte do Superior Tribunal de Justiça, nas infrações penais comuns). Nas demais regras, arts. 39,40,41, 43 e 46, há disposição expressa relativa ao alcance para o Governador e para o Vice-Governador.

A regra relativa à perda de mandato é aplicável somente ao Governador, a exemplo do que ocorre no contexto do § 1.° do art. 28 da Constituição Federal. Alcança-se o Vice-Governador na hipótese, tão somente, de sucessão, ou, no limite, de substituição, quando não se tenha uma desincompatibilização também transitória, a exemplo da fruição de eventual licença.

Em síntese, nesse ponto, não há vedação da Constituição Federal para que Vice-Governador exerça o cargo de Ministro de Estado, dado que não se desafia, na hipótese, a regra do art. 87 da Constituição, bem como não se aplica a norma do § l.° do art. 28 da mesma Constituição, que é referente a Governador de Estado, e não a Vice-Governador, só alcançando este último na hipótese de suceder, e não se substituir eventualmente, ao Chefe de Executivo Estadual.

Além do que, uma vez chamado a suceder ao Governador (por qualquer forma de vacância), o Vice-Governador deve optar entre o exercício da chefia da pasta ministerial ou a Chefia do Governo do Estado. Não se pode falar em conflito de interesses dado eventual dissenso ideológico entre chefia dos Executivos nos Estados e na União. O conflito é natural na política, o dissenso existe em todos os níveis: a democracia é o modelo que permite a acomodação de todas as tendências, em tomo do bem comum.

Do ponto de vista prático, o conflito se resolve na substituição, o que se dá por intermédio de licença do Vice-Governador. E se resolveria na hipótese de sucessão por opção do Vice-Governador. O consulente renunciaria ao cargo de Ministro de Estado e assumiria o cargo de Governador; ou renunciaria a este último, permanecendo como Ministro, a exemplo do que ocorreu com o Governador do Estado do Ceará em 1994. No limite, trata-se de uma opção. Eventual acúmulo de funções é situação que se resolverá no plano fático. Não há lei complementar fixando o regime de atribuições do Vice-Governador do Estado de São Paulo; e a convocação para missões especiais depende sempre de determinação do Governador.

A colisão de interesses não pode ser presumida, deve ser constatada, ainda que seja dado que haveria eventual dissenso ideológico entre a orientação do Governo Federal e a orientação do Governo do Estado de São Paulo, como consignado em parecer da Assembleia Legislativa daquela unidade federada.

Além disso, ressalte-se, o consulente já ocupou Secretaria de Estado na unidade federada na qual a população o elegeu como Vice-Governador, não se verificando, em princípio, nenhuma forma de incompatibilidade. A tese de que a compatibilidade no mesmo ente seria possível, e que entre entes diferentes seria impossível é de matiz político, e não jurídico. Resposta à consulta:

a)                a perda de mandato de que dispõe o § L° do art. 28 da Constituição Federal não é aplicável ao Vice-Governador, exceto quando este substitua o Governador
concomitantemente ao exercício do múnus ministerial,

b)               na hipótese de convocação do Vice-Governador por parte do Governador, a Constituição impõe a assunção ao cargode Governador,

c)                apenas na hipótese de sucessão é que o Ministro faz a opção entre o pedido de demissão da chefia da pasta ministerial e a renúncia do cargo de chefe do Executivo nacional”

O que observamos é que o parecer da AGU está de acordo com o pensamento que temos sustentado reiteradamente desta tribuna, de que o Art. 42 da Constituição do Estado aponta só para a figura do governador do Estado. E é este o fundamento.

O Art. 42 da Constituição do Estado foi utilizado como fundamento central básico da manifestação da Procuradoria desta Casa para, portanto, no juízo chamado de plausibilidade jurídica, acolher o segundo ponto da representação do PSOL.

O presidente efetivo desta Casa, cautelarmente, encaminhou referida representação à Comissão de Constituição e Justiça e Redação com a recomendação específica para que aquele Órgão analisasse sua admissibilidade - tem-se, portanto, o chamado juízo de admissibilidade - e escolhesse a questão procedimental.

Sr. Presidente, a síntese desse parecer da AGU reforça nossa tese e pensamento de que não há incompatibilidade de função: o vice-governador Afif Domingos pode muito bem exercer sua missão. Ele mesmo afirma que fora convocado para uma missão e a cumprirá a contento.

O que passar disso são meras considerações no campo da periferia da tese.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência, atendendo aos pedidos dos nobres deputados Antonio Mentor e José Bittencourt, encaminhará à ATL - Assessoria Técnico-Legislativa, o documento, ora referido, para análise.

Srs. Deputados, por permuta de tempo com o nobre deputado Marco Aurélio, tem a palavra o nobre deputado Alencar Santana Braga, pelo tempo regimental.

 

O SR. ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, telespectador da TV Assembleia, sabemos que a Constituição Federal é a lei maior do País.

Conhecida como Constituição Cidadã, devido aos avanços trazidos desde sua aprovação, em 1988, ela garante direitos e deveres, traçando ainda diretrizes gerais das políticas e das garantias do nosso País, enquanto Estado Democrático de Direito.

Todos os estados também possuem suas respectivas constituições. O estado de São Paulo, por exemplo, aprovou sua Constituição em 1989, a partir dos valores e avanços garantidos na Carta Magna.

A Constituição do estado de São Paulo também garantiu direitos e avanços sociais, traçando as diretrizes das ações das políticas públicas. Infelizmente, a maioria delas não foi aplicada pelos governos, sendo fato que o PSDB está no Governo desde 1985, completando, em 2014, 20 anos.

Nós apresentamos uma PEC alterando o título da Seção I do capítulo VII, da Constituição do estado de São Paulo, que passa a vigorar com a seguinte redação: “Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiências.” Sugere-se ainda a alteração do Art. 277.

Gostaria de agradecer a todos os deputados que assinaram, especialmente os do Partido dos Trabalhadores e as diversas lideranças. Essa PEC é fruto do debate com as lideranças juvenis - através da Frente Parlamentar da Juventude, da qual diversos deputados fazem parte - que trouxeram a sugestão à Frente Parlamentar. Então, como coordenador da Frente, fizemos esta PEC, que teve também a assinatura de diversas lideranças: PT, PR, PV, PSB, PSOL, PPS, PSDB, PTB, PRB, PMDB e PSC. Quis frisar as lideranças, mas contou com a assinatura também de outros colegas - a PEC já tem mais de 40 assinaturas.

O que diz a PEC?

O Art. 277 diz que cabe ao Poder Público, bem como à família, assegurar à criança, ao adolescente, ao idoso e portador de deficiência, com absoluta prioridade, o direito à vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito à liberdade e convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e agressão. Nós estamos incluindo a expressão ‘ao jovem’ porque infelizmente na Constituição Estadual estas garantias não estavam asseguradas à juventude, público definido na faixa etária de 15 a 19 anos.

Deputado Jooji Hato, V. Exa. veio à tribuna e disse há pouco, num belo discurso, que o governador tem dificuldade em determinadas questões e citou a Segurança Pública. Na verdade, discordo, porque é o governador que impõe dificuldades ao nosso povo, a nossa juventude. Se aquele jovem está ouvindo música num volume muito alto é porque infelizmente ele não tem um espaço de convivência, de integração que o Estado lhe ofereça, uma praça, um espaço de lazer onde ele possa conversar com os demais colegas. Infelizmente ele não encontra isso na periferia da Grande São Paulo, da cidade de São Paulo, nas cidades do interior e qual a opção que lhe resta? Aí, infelizmente, o mundo do crime o chama e nós não podemos permitir isso.

Nós temos de fazer o inverso, ou seja, dar oportunidades a ele através de políticas públicas efetivas e transformadoras para a sua vida. Garantir uma educação de qualidade, não uma escola que se pareça com um presídio, toda fechada como se ali não estivessem estudantes, mas pessoas que merecessem ficar trancafiadas. O deputado Tito, que faz parte da Frente Parlamentar, chegou com toda disposição e está nos ajudando.

A propósito, hoje teremos um belo debate sobre a questão da redução da maioridade penal.

Esse mesmo Governo que não garante oportunidade ao jovem de cultura, lazer, esporte, que não garante perspectiva para a realização de seus sonhos - por isso é importante assegurarmos isso, pode ser simbólico, mas do ponto de vista do Direito estar na Constituição Federal é importantíssimo - também não expande o Ensino Superior no estado de São Paulo. Ao invés de fazer uma política afirmativa como fez o governo federal do presidente Lula e da presidenta Dilma através da política de cotas no Ensino Superior, garantindo bolsas no ProUni ao estudante egresso do ensino público e ao jovem negro, reparando uma medida histórica, querem criar obstáculos, aliás, eles lançam uma ideia, veem que não vai dar certo e voltam atrás. Ontem lançaram mais uma, fazendo uma tremenda propaganda de que vão resolver o problema da Segurança Pública. Mas falaremos disso depois.

Sobre a política de cotas, este governo diz que se o estudante negro quiser ter acesso ao Ensino Superior nas universidades estaduais terá que fazer um curso intermediário entre o ensino médio e o superior. O argumento é o seguinte: “Ele não está preparado para acessar o ensino superior.” Ora, quem é o responsável pela educação no estado de São Paulo? É o governador? Está admitindo então que a sua escola não funciona? E mais, não está incluindo, está criando obstáculos, porque os demais estudantes não são obrigados a fazer esse curso. É discriminação, como disse o deputado Marcos Martins.

Está expresso no Art. 227: “além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Nós queremos oferecer aos nossos jovens uma perspectiva melhor, políticas públicas que de fato assegurem os seus direitos. O poder público, seja a prefeitura, o estado de São Paulo ou o governo federal, tem obrigações para com todos os públicos, com todos os cidadãos, e tem também que tratar de forma especial a nossa juventude. Todos nós passamos por essa idade e sabemos da sua importância em nosso processo de formação. É na juventude que costumamos escolher o nosso caminho, o nosso futuro. Quando o jovem tem opções, ele tem perspectiva, mas às vezes a escolha que lhe aparece é uma só. Quando isso acontece é porque o Estado não está fazendo a sua parte.

Pedimos apoio aos demais deputados que quiserem assinar essa PEC para que avancemos, fazendo uma tramitação rápida, de modo que ela seja aprovada e promulgada por esta Casa, porque de fato nós estaremos garantindo direitos. É uma medida simbólica, importante para o estado de São Paulo para que o jovem tenha assegurado o seu direito, como está na nossa Constituição no Art. 227. Precisamos assegurar direitos à mulher, à criança, ao jovem, ao portador de deficiência, ou seja, a todos os públicos que precisam de apoio, de cuidado, de políticas públicas especiais específicas de acordo com suas particularidades.

Agradecemos a oportunidade e esperamos que o estado de São Paulo mude o seu caminho, a sua rota, e faça políticas públicas inclusivas que possam de fato transformar e melhorar a qualidade de vida, e não políticas públicas exclusivas, preconceituosas e violentas que infelizmente estamos presenciando no último período.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Orlando Bolçone, pelo tempo remanescente.

 

O SR. ORLANDO BOLÇONE - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, quero tratar de um tema especial para a nossa região e para todo o estado de São Paulo.

Tramitam nessa Assembleia diversos projetos que buscam a modernização do Judiciário. Ontem, inclusive, decidimos que seja votado em regime de urgência um desses temas. Sou extremamente otimista e acredito que o estado de São Paulo dará uma demonstração que vai servir de exemplo para modernizar e agilizar o Poder Judiciário neste Estado.

Ainda hoje, em reunião com o Dr. Ivan Sartori, presidente do Tribunal de Justiça, ele relatava a respeito dessa nova organização, que passa pelas questões tanto de modernização científica, no sentido de informatização, que vai possibilitar uma agilidade e rapidez aos processos, com isso possibilitando maior justiça, mas também de construção de prédios dentro de uma nova estratégia. Vai se regionalizar, possibilitar que novas câmaras que vão atuar nas regiões estratégicas sejam mais ágeis em relação aos processos judiciários.

Uma dessas regiões, onde vão ser criadas novas varas, novos edifícios forenses, é a região noroeste paulista, que tem como sede a cidade de São José do Rio Preto. Essa cidade tem 420.000 habitantes e seu fórum é acanhado, da década de 70, quando tínhamos pouco mais de 200.000 habitantes. Esse prédio foi previsto, inicialmente, para oito varas. Hoje temos em torno de 20, então o prédio ficou obsoleto ao longo do tempo e com isso causando sérios transtornos.

Numa integração governo do Estado, Poder Judiciário e Prefeitura de São José do Rio Preto, está em construção um novo fórum, numa região planejada para abrigar os diversos edifícios públicos, onde já se encontram órgãos do Poder Judiciário, como o próprio fórum, que vai se instalar, a Justiça Federal, a Justiça Trabalhista, Tribunal de Contas, área destinada para o Ministério Público, possibilitando uma logística e uma integração dentro de um espaço em que os usuários, os advogados e em especial o público precisam deslocar-se em torno de 200 metros para ir de um edifício ao outro.

A empresa construtora desse prédio, com 5.200 metros quadrados, em um determinado momento foi à falência e não pôde continuar a obra. Isso fez com que o projeto fosse necessariamente refeito, atualizado. Até o final do mês de junho a Prefeitura, o Poder Judiciário, no caso o Tribunal de Justiça e a Secretaria da Justiça do Estado, de forma integrada, vão retomar a sua construção. Mas mais que isso é importante ressaltarmos a importância da integração. Quando se integra o Poder Judiciário, através do presidente do Tribunal de Justiça, Dr. Ivan Sartori, a Secretaria de Justiça, através da eminente secretária Eloísa Arruda, a Prefeitura de São José do Rio Preto, através do seu prefeito, que foi deputado nesta Casa, Valdomiro Lopes, há uma logística mais harmônica e um planejamento mais eficaz.

Discutimos com o Dr. Ivan Sartori os passos para os próximos anos, mesmo para as próximas décadas. Já selecionamos áreas em São José do Rio Preto, localizadas em locais de fácil acesso, fácil movimentação, que possam ligar-se com toda a região de São José do Rio Preto, próximas a rodovias, para que possam ser destinadas e planejadas para as ampliações que o Poder Judiciário necessitará no futuro. Isso vai possibilitar uma maior eficácia e rapidez ao Estado, que, por meio do Poder Judiciário, da Prefeitura e da Secretaria da Justiça, poderá antecipar os fatos de forma que os espaços sejam escolhidos previamente para se desenvolver ao longo dos próximos cinco a dez anos.

Foram escolhidas três áreas, todas em pontos estratégicos dentro do perímetro urbano: uma junto ao atual edifício do fórum em construção, outra junto ao Parque Tecnológico, e uma terceira a 100 metros da Rodovia Washington Luís. Essas áreas possibilitarão uma boa logística, e quem vai ganhar com isso são as pessoas mais humildes, que dependem do transporte público.

Mais importante que isso, esses edifícios modernos e amplos, dotados de todos os recursos científicos e modernos, permitirão que se aperfeiçoe ainda mais a prática da Justiça. Será possível conferir uma maior agilidade aos processos, como naqueles casos em que o cidadão, embora já tenha cumprido sua sentença, demora para receber seu alvará de soltura. Afinal, a maior injustiça ocorre quando a Justiça é lenta e cara.

Essas medidas permitirão também uma maior agilidade aos próprios servidores da Justiça, beneficiando juízes, Ministério Público, advogados e principalmente o usuário, aquele que procura a Justiça buscando que seu direito seja respeitado. Há ainda outro aspecto extremamente importante e muito discutido na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento: a questão do desenvolvimento regional. Será possível que as questões sejam resolvidas regionalmente, sem que haja a necessidade de um movimento desnecessário, e muitas vezes ineficaz, dos processos.

Quero deixar uma palavra de agradecimento ao Dr. Ivan Sartori e à sua equipe: Dr. Régis de Castilho, Dr. João Batista Galhardo e Dr. Paulo Sérgio Romero Vicente Rodrigues, diretor do Fórum de São José do Rio Preto. Quero fazer também um agradecimento especial à nossa secretária da Justiça, Eloísa de Souza Arruda. Quando o governo municipal, o governo estadual e o Poder Judiciário se integram, obviamente a probabilidade de êxito é maior, e quem ganha com isso é a nossa população, sobretudo os mais carentes e humildes. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Gostaria de indicar o nobre deputado Francisco Campos Tito para falar pelo Art. 82.

 

O SR. FRANCISCO CAMPOS TITO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs.Deputados, Sras. Deputadas, quero ratificar a fala do nobre deputado Marcos Martins, sobre o boicote da reunião convocada extraordinariamente, da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, para debatermos o Projeto de lei nº 249.

Passo a ler voto em separado, da bancada do PT.

O Projeto de Lei n° 249, de 2013, de autoria do Governador, "Autoriza a Fazenda do Estado a conceder o uso de áreas públicas inseridas em Unidades de Conservação da Natureza que especifica, bem como dos imóveis localizados nos Municípios de Itirapina e Cajuru", conforme a ementa.

As áreas públicas que especifica são as seguintes Unidades de Conservação da Natureza:

a) Parque Estadual Campos do Jordão, com área de 8.341,00 hectares, localizada na Av. Pedro Paulo s/n°, Horto Florestal, Campos do Jordão -SP;

b) Parque Estadual da Cantareira, com área de 7.900,00 hectares, localizada na Rua do Horto, n° 2799, São Paulo - SP;

c) Parque Estadual do Jaraguá, com área de 488,84 hectares, localizada na Rua António Cardoso Nogueira, n° 539, São Paulo - SP;

d)Estação Experimental de Itirapina, com área de 3.212 hectares, localizada na Rua 8, s/n°, Vila Santa Cruz, Itirapina - SP;

e) Floresta Estadual de Cajuru, com área de 1.909,56 hectares, localizada na Rodovia vicinal Arlindo Vicentini Km 6, Altinóplois -SP.

O Governador solicitou que a apreciação da propositura se faça em caráter de urgência, nos termos do artigo 26 da Constituição do Estado. No período regimental de 3 (três) sessões de pauta, o Projeto de Lei recebeu 11 (onze) emendas, uma emenda de autoria da deputada Beth Sahão e 10 (dez) emendas de autoria do deputado Luiz Cláudio Marcolino, líder da bancada do Partido dos Trabalhadores.

 O conteúdo das emendas é o seguinte:

 a emenda de n° 1 (da deputada Beth Sahão) reduz o prazo de concessão de 30 anos para 15 anos;

 a emenda de n° 2 veda o aumento dos preços praticados nas unidades, em termos reais, acima dos atuais;

 a emenda de n° 3 veda a concessão onerosa dos Parques Estaduais;

 a emenda de n° 4 estabelece o controle social das concessões pelos Conselhos Gestores das Unidades;

 a emenda de n° 5 obriga que o Plano de Manejo da Floresta Estadual de Cajuru seja submetido à aprovação do Consema;

 a emenda de n° 6 estabelece a especificação no Planos de Manejo do que será explorado pela concessionária em cada unidade;

 a emenda de n° 7 inclui no contrato de concessão dispositivo que prioriza a participação da comunidade local nas atividades de geração de renda;

 a emenda de n° 8 prioriza para fins de concessão entidades privadas sem finalidade lucrativa;

 a emenda de n° 9 reduz para 10 (dez) anos o prazo de concessão;

 a emenda de n° 10 veda a renovação do prazo de concessão para além de 30 (anos) e

 a emenda de n° 11 exclui os Parques Estaduais do rol de Unidades a serem concedidas.

O Projeto de Lei foi distribuído para a CCJR - Comissão de Constituição Justiça e Redação, Cl Comissão de Infraestrutura e CFOP - Comissão de Finanças Orçamento e Planejamento.

Foi deferido pelo Presidente, nos termos do §§ 2° e 3° do artigo 70 da XIV CRI, o requerimento de autoria da deputada Regina Gonçalves, líder da bancada do PV, solicitando a manifestação da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

O Projeto deu entrada na Comissão de Constituição Justiça e Redação e foi designado pelo presidente, deputado Samuel Moreira, como Relator Especial, o Deputado Itamar Borges, em substituição à CCJR que exarou voto favorável ao projeto e às emendas 4 e 5, e pela rejeição das emendas 1,2,3,6,7,8,9,10 e 11.

Na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foi designado relator o deputado Milton Leite.

Discordamos da manifestação do deputado relator desta Comissão pelos motivos que estão consubstanciados nas emendas protocoladas por meio da Liderança partidária e apresentamos voto em separado, contrário ao Projeto de Lei do Executivo, pelos motivos que seguem.

Como é de praxe, o Governador, ao encaminhar Projetos de Lei à Assembleia Legislativa de São Paulo que implicam em assuntos econômicos, o faz de forma a obstaculizar o amplo debate da proposição por meio da utilização abusiva do instituto do caráter de urgência, previsto no artigo 26 da Constituição do Estado.”

Sr. Presidente, tendo em vista o encerramento do tempo regimental, solicito a palavra pelo Art. 82, pela liderança da Minoria, para que eu possa concluir a leitura deste documento.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - O pedido de V. Exa. é regimental.

 

O SR. FRANCISCO CAMPOS TITO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, darei continuidade à leitura do voto em separado iniciada anteriormente.

“Indaga-se: qual a efetiva urgência em aprovar este projeto de lei? Qual o prejuízo para o governo se o projeto tramitar normalmente nas Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa ao invés de ter pareceres exarados por Relatores Especiais designados pelo Presidente da Casa?

No mérito, o aspecto central da nossa discordância em relação ao Projeto de Lei em apreciação é a cessão para investidores privados de áreas públicas gravadas como Unidades de Conservação da Natureza e que, portanto, se prestam para o desfrute e lazer da população paulista e não para a aferição de lucros a partir da exploração do seu potencial econômico.

Até se entende que equipamentos de apoio aos visitantes como restaurantes, lanchonetes, atividades de ecoturismo e outros afins sejam explorados por privados. Estas atividades não se caracterizam como atividades fim do Estado. Porém ceder as áreas de alguns dos principais Parques Estaduais para exploração privada fere o princípio da razoabilidade.

Outro grave problema do Projeto de lei é o prazo da Concessão de 30 (trinta) anos. É um prazo extremamente longo, ainda mais considerando que não deve haver grandes investimentos no período inicial da concessão que poderiam necessitar de um tempo maior para a amortização e o retorno do investimento. Um agravante é a omissão no Projeto de Lei de normas para eventuais renovações, o que pode ser interpretado como a abertura de possibilidade para cessão ad eternum ou, ao menos de 60 (sessenta) anos.

Uma das consequências da eventual aprovação do Projeto de Lei no formato original é o desestímulo à visitação dos Parques e à elitização dos seus frequentadores. Trata-se de concessão onerosa, na qual o concessionário tem a obrigação de recolher contraprestação pecuniária ao Estado. Este custo extra fatalmente será repassado aos visitantes dos Parques dificultando o contato com a natureza de pessoas que não têm poder aquisitivo suficiente para arcar com preços mais elevados. O correto é que o acesso a Parques públicos tenha valores simbólicos de forma a não impedir que qualquer interessado possa usufruir destes espaços.

Este ônus significa uma retirada de recursos da área ambiental para o Orçamento Geral do Estado na medida em que os valores repassados pelos concessionários não se destinarão a algum Fundo de promoção do meio ambiente e poderão ser utilizados para qualquer finalidade pela Fazenda.

Com base nestas considerações entendemos que este Projeto de Lei é nocivo à preservação do meio ambiente e contrário aos interesses da população paulista e, neste sentido, o nosso voto é pela sua rejeição.

Sala das Comissões, em 23/05/2013

Deputada Ana do Carmo

Deputado Francisco Campos Tito

Deputado Marcos Martins”

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. OSVALDO VERGINIO - PSD - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente e telespectadores, quero agradecer as pessoas que têm me enviado mensagens de apoio e carinho pela investigação de cooperativas que estou realizando.

As cooperativas estão enganando a população, principalmente a da região oeste. Muitas venderam apartamentos e não entregaram. Os que receberam estão sendo despejados, porque a cooperativa não cumpriu o acordo com bancos financiadores, como a Caixa Econômica Federal.

Este Legislativo precisa iniciar uma investigação, porque as pessoas não podem sofrer dessa forma. O sonho de adquirir uma casa própria está se tornando um terror. Vejo isso acontecendo nos condomínios São Francisco, Eldorado, Wilson e Raposo Tavares.

As pessoas estão pedindo aos deputados que investiguem essas cooperativas fantasmas. Estas compram terrenos, não pagam e construem. Os proprietários estão entrando com reintegração de posse e aquelas pessoas estão sendo tiradas dos apartamentos. Isso não é justo. Não podemos deixar que esses indivíduos, cujo sonho é ter casa própria, sejam enganados.

Muitos acham que não há audiência na TV Alesp, mas ela é muito grande. Agradeço as pessoas pelas muitas mensagens enviadas, dizendo que assistiram ao meu pronunciamento sobre a inclusão dos que pagam aluguel aos programas “Minha Casa Minha Vida”, “Casa Paulista” e CDHU.

Já fiz a indicação ao governador do estado de São Paulo, pois o projeto só compete ao Executivo. Pedi que haja um critério para incluir parte daqueles que pagam aluguel, porque é muito triste gastar dinheiro com isso ao invés de fazer uma compra maior para a casa, ou até mesmo uma roupa ou um tênis para os filhos. Se tivesse que pagar apenas o aluguel estaria tudo bem, mas também há as contas de água e luz, além dos impostos. As famílias merecem ter a sua casa.

Portanto, quero agradecer a manifestação de todos os que nos assistem pela TV Alesp. Fico feliz que a população assista, porque às vezes achamos que ela não nos acompanha. Quero cumprimentar os que realmente acreditam na seriedade desta Casa, que busca defender o direito da população: o direito de ir e vir e o acesso à habitação e saúde.

Sr. Presidente, V. Exa. hoje defendeu muito bem o projeto, de sua autoria, sobre a questão dos pancadões e que foi aprovado nesta Casa. Em Osasco, foi criada uma legislação semelhante e o barulho noturno realmente amenizou bastante, principalmente em postos de gasolina e lanchonetes. As altas multas de R$ 6.800,00 contribuíram com isso.

Presenciei o pedido de V. Exa. para que o governador sancionasse o projeto. Acho que o governo precisa fazer isso, porque os pancadões estão tirando o sossego da população. Muitas mortes decorrem disso, além da aproximação de traficantes aos locais com barulho.

Isso não ocorre apenas na Região Metropolitana de São Paulo, como também em cidades do Interior. As pessoas se aglomeram em postos de gasolina e arredores de lanchonetes, abrem os porta-malas dos veículos e não se importam com os outros. Elas ouvem aqueles sons malucos, músicas de apologia ao crime, ao sexo, entre outras coisas. Parabenizo V. Exa porque, quando fui presidente da Câmara de Osasco, conseguimos criar, votar e aprovar este projeto. Hoje, a população de Osasco está agradecida, pois já há essa lei que ameniza o barulho.

É importante amenizar o barulho, pois não será possível acabar definitivamente com ele. Até porque os jovens precisam de um local para se divertir. As prefeituras, o Governo do Estado e o governo federal precisam se preocupar com nossa juventude, criando um espaço onde ela possa ter sua diversão de final de semana.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Gostaria de agradecer ao nobre deputado pelas palavras maravilhosas ditas em relação à sonorização que tanto incomoda as pessoas. Infelizmente, ontem conversamos com o governador, mas não adiantou. O governador vetou este projeto, infelizmente. Cabe a nós, com a ajuda dos nobres deputados, derrubarmos esse veto. Este projeto ajudaria muito a população. Não podemos aceitar músicas pornográficas, sexuais, afrontando e incomodando as famílias pela madrugada. Mas gostaria de agradecê-lo, nobre deputado Osvaldo Verginio, que conseguiu aprovar o projeto em Osasco. E há ainda outras cidades que também aprovaram.

 

O SR. OSVALDO VERGINO - PSD - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem a Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 52 minutos.

 

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