11 DE DEZEMBRO DE 2009

074ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO A “ENTREGA DO PRÊMIO SANTO DIAS DE DIREITOS HUMANOS”

 

Presidentes: JOSÉ CÂNDIDO e JOSÉ AUGUSTO

 

RESUMO

001 - JOSÉ CÂNDIDO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente Barros Munhoz, a requerimento dos Deputados José Cândido, este na direção dos trabalhos, e José Augusto, para a "Entrega do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos". Convida o público a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro. Presta esclarecimentos sobre a criação do Prêmio Santo Dias, dá  conhecimento e elogia os indicados.

 

002 - JOSÉ AUGUSTO

Assume a Presidência. Recorda os 61 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, instituída pela ONU. Destaca aspectos da biografia de Santo Dias. Elogia os indicados. Inicia a entrega de diplomas aos indicados.

 

003 - ALBERTO FERREIRA

Tece considerações sobre o SOS Racismo. Solicita que o Prêmio Santo Dias seja concedido aos vários segmentos religiosos.

 

004 - WILSON MOURA

Representante do Sr. José Gonzaga da Cruz, do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, agradece a homenagem ora concedida.

 

005 - MARIA DE FÁTIMA DOS SANTOS GIRARDO

Informa que tem o seu trabalho como missão. Afirma que a os direitos humanos existem desde a criação humana. Agradece a seus aliados.

 

006 - MILTON BARBOSA

Recorda a concessão de título de posse a quilombo, no Rio Grande do Sul, no dia 26 de outubro. Cita suas atividades junto ao Movimento Negro Unificado. Fala de sua participação em evento, realizado em Salvador, no dia 22 de novembro, contra o extermínio da juventude negra. Denuncia que a Sra. Sonia Aparecida dos Santos sofre perseguição por parte da Prefeitura de Diadema, e está sem receber vencimentos há um ano e dois meses.

 

007 - PEDRO FERREIRA

Representando o Padre Gunther Alois Zgubic, lembra a origem austríaca do homenageado. Parabeniza os indicados. Destaca o trabalho de seu representado, que integra o "Instituto Negro Padre Batista", em benefício dos favelados, e atua na Pastoral Carcerária desde 1997.

 

008 - Presidente JOSÉ AUGUSTO

Cita a biografia da homenageada, Irmã Lucina, nascida em Minas Gerais há 85 anos. Atua na Obra Social São Francisco Xavier, entidade sem fins lucrativos, que  assiste e dá formação moral a crianças. Atende cerca de 1.100 pessoas por mês. Ressalta a seriedade, o respeito e as conquistas da religiosa. Entrega o Prêmio Santo Dias à Irmã Lucina. Anuncia a apresentação de vídeo sobre a obra social de Irmã Lucina.

 

009 - JOSÉ HELVÉCIO ARCANJO

Da Obra Social São Francisco Xavier, agradece as parcerias da entidade. Enaltece a dedicação ao próximo, a firmeza e as orientações dadas pela Irmã Lucina.

 

010 - IRMÃ LUCINA

Agradece a honraria recebida. Ressalta os princípios divinos e a luta diária que enfrenta.

 

011 - Presidente JOSÉ AUGUSTO

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. José Cândido.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O Sr. Presidente - JOSÉ Cândido - PT - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de realizar a entrega do XIII Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos.

É importante falar um pouco sobre esse prêmio, fruto da Resolução nº 779, de 18 de dezembro 1996, desta Casa. Essa resolução dá aos deputados da Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Direitos Humanos, a oportunidade de aceitarem indicações de pessoas que se destacam na área de direitos humanos.

Foi aberta uma data e recebemos várias indicações. Recebemos a indicação do Sr. Alberto Ferreira, do Sr. José Gonzaga da Cruz, da Sra. Maria de Fátima dos Santos Girardo, do Sr. Milton Barbosa, do Padre Gunther, e também da Irmã Lucina, que é a homenageada de hoje.

Para que vocês entendam o processo, os nove membros da Comissão de Direitos Humanos votam e as pessoas que receberem mais votos, é claro, são indicadas a concorrerem ao prêmio. Tivemos a preocupação de convidar todos os indicados porque eles levarão desta solenidade uma homenagem.

Gostaria de passar a palavra ao Deputado José Augusto, que vai nomear algumas pessoas convidadas.

 

O SR. JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Sr. Presidente, Deputado José Cândido, meus cumprimentos a V. Exa., que hoje preside a Mesa, e é o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Na verdade, gostaria apenas de complementar a lista de pessoas que foram indicadas por V. Exa., registrando a presença da Dra. Maridite, que representa o Conpaz, Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz, que se instalou na nossa Casa e que traz a experiência de uma representação de parlamentares de diversos partidos e da sociedade civil.

Quero também cumprimentar as entidades presentes nesta solenidade, que depois serão nominadas.

 

O Sr. Presidente - JOSÉ Cândido - PT - Obrigado, Deputado. A Mesa já está formada com a Irmã Lucina, com este Presidente, com o Deputado José Augusto.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Quero dizer a todas as pessoas presentes que gostaria de aqui permanecer até o final desta sessão. Embora já conheça o trabalho da Irmã Lucina, a homenageada, gostaria de estar presente até o final dos trabalhos para ouvir o depoimento e a história de cada homenageado. Porém, infelizmente, terei de me ausentar e ir a São José dos Campos para a cerimônia de casamento de uma das minhas assessoras. Já havia comunicado ao nobre Deputado José Augusto sobre a minha ausência e peço perdão à Irmã Lucina e a outros homenageados. (Palmas.)

Eu já falei sobre a importância desse prêmio. Queria aproveitar a oportunidade e agradecer a presença de todos vocês, da comunidade, das pessoas que têm um relacionamento de irmandade, de filhos da Irmã Lucina, as crianças principalmente. Vocês gostam da Irmã Lucina? (Palmas.)

Agora, vamos passar às homenagens. Primeiro, chamo o Deputado José Augusto para assumir a Presidência dos trabalhos. (Palmas.)

 

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 - Assume a Presidência o Sr. José Augusto.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Gostaria de agradecer ao Deputado José Cândido, que teve que se ausentar, mas compreendemos essa necessidade. Gostaria de agradecer à assessoria da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

O Deputado José Cândido já falou um pouco sobre o significado do dia de hoje. Por que esse Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos? Ontem, dia 10 de dezembro, completou 61 anos a Declaração dos Direitos Humanos, que foi um marco na história da humanidade.

Em 1996, a Assembleia Legislativa criou esse prêmio, por meio da Comissão de Direitos Humanos, para ser entregue no dia 11, justamente em homenagem ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, dia 10 de dezembro. Logicamente, foi escolhido o nome de Santo Dias, que foi um homem que dedicou sua vida em defesa dos direitos fundamentais do ser humano. Além de ser um operário sindical, ele era também um militante da igreja, trabalhava com crianças, participava da luta dos sem-terra, dos sem-teto. Trabalhava para que o alimento chegasse à mesa das pessoas. Ele foi assassinado na Capela do Socorro numa luta pelos direitos dos trabalhadores, inclusive, para soltar alguns companheiros que haviam sido presos.

Sendo assim, esse prêmio é por demais buscado e querido.

Nesse processo, pudemos indicar várias pessoas. Temos todas essas pessoas aqui que mereciam. Eu até sugeri que fizéssemos não só um prêmio, mas vários para que mais pessoas pudessem ser contempladas. Todas as pessoas que foram indicadas como o Alberto Ferreira, José Gonzaga, Maria de Fátima, Milton Barbosa, Padre Gunther e a Irmã Lucina. Todos são merecedores desse prêmio porque tem na sua prática de vida compromisso com a dignidade humana.

Estamos entregando hoje um prêmio bonito que vai estar sempre presente nas nossas relações com a humanidade. Mas vamos ter que amadurecer a preocupação com a dignidade humana, com respeito à vida, com elevação dos valores de amizade, de fraternidade, de dignidade, de sabedoria, de criatividade. Esse o motivo para estarmos aqui fazendo esta homenagem à Irmã Lucina.

Vamos iniciar agora a entrega do diploma. Vamos chamar os homenageados que vão receber o diploma. Primeiro, o Sr. Alberto Ferreira, que vai receber o diploma e vai falar um pouco também. (Palmas.)

 

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 - É feita a entrega do diploma.

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O SR. ALBERTO FERREIRA - Boa-noite. Agradeço bastante o empenho da comissão.

Em nome do Deputado José Cândido e do Deputado José Augusto, saúdo todos os Deputados desta Casa que têm um belo trabalho nessa gestão. Em nome do nosso amigo Francelino José dos Santos, que é o batalhador do “SOS Racismo”, parabenizo todos os funcionários desta Casa e a ganhadora do prêmio. Sempre tem que ter um ganhador. Se não sou eu, é um outro, mas, nesse caso, foi a Irmã Lucina a ganhadora.

Acho que todos merecem a premiação, todos. Todos que têm um trabalho voltado para essa comunidade como ela, eu também, o Milton Santos, que está aqui, o Padre Gunther e outros. Parabéns à igreja.

Agora gostaria que, nos próximos anos, a comissão desse uma abertura maior para outros segmentos. Temos, por exemplo, o Instituto Padre Batista presidido pelo nosso querido Dr. Sivaldo que tem uma luta de 40, 50 anos. Gostaria que além da igreja que amo de paixão, inclusive onde fui batizado, também os meus orixás, o candomblé, a umbanda, o evangélico, o budista, a messiânica fossem contemplados. Que me perdoe a católica. Eu peço de joelhos perdão.

Obrigado pelo prêmio. Espero que no próximo ano eu esteja aqui representando o trabalho que faço em prol dos mais carentes, mais especificamente à comunidade afrobrasileira.

Espero que futuramente a igreja venha a nos ajudar a fim de que os afrodescendentes também recebam um prêmio como este. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Chamamos o Sr. Wilson Moura, representando neste ato o Sr. José Gonzaga da Cruz, do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, para receber o diploma. Quero entregar-lhe o diploma e facultar-lhe a palavra.

 

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 - É feita a entrega do diploma.

 

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O SR. WILSON MOURA - Boa-noite. O Sindicato dos Comerciários sente-se honrado com a homenagem. Deixo um grande abraço a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Chamamos para receber também o Prêmio Santo Dias a Sra. Maria de Fátima dos Santos Girardo.

 

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 - É feita a entrega do diploma.

 

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A SRA. MARIA DE FÁTIMA DOS SANTOS GIRARDO - Boa-noite a todos. Quero agradecer muito a Comissão de Direitos Humanos pela indicação para este prêmio. Sinto-me no lugar da irmã Lucinda. Só por ter sido indicada já é gratificante. É gratificante saber que o nosso trabalho não é em vão. O trabalho que fazemos no fundo é nossa missão, a missão que temos de lutar para que o outro viva e viva bem.

O deputado falou que a Declaração dos Direitos Humanos está completando 61 anos. Eu diria que ela completa tantos anos quanto tem a criação dos homens, porque o Criador nos fez todos com direitos iguais e é para isso que lutamos, para que não só as crianças, não só o idoso, mas também o trabalhador metalúrgico, o trabalhador da Saúde, enfim todo aquele feito à imagem e semelhança de Deus tenha direitos iguais.

Este diploma eu ofereço para todos que durante todos estes anos trabalharam comigo, porque sem eles eu não teria feito nada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Vamos chamar agora o Sr. Milton Barbosa para receber o Prêmio Santo Dias dado pela nossa Comissão de Direitos Humanos.

 

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-  É feita a entrega do diploma.

 

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O SR. MILTON BARBOSA - Boa-noite a todas e a todos. Desejo agradecer especialmente às pessoas, às entidades e às organizações que me indicaram e dizer que, na realidade, já fui premiado. No dia 26 de outubro houve a entrega do título de posse ao Quilombo Família Silva, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. São 50 pessoas da família de negros que vivem numa região de classe média alta, cuja maioria é formada por brancos. Os negros vivem naquela terra por direito e foi-lhes entregue o título de posse. O Movimento Negro Unificado, do qual faço parte, foi fundamental na luta para que eles ganhassem esse título. Enfrentaram a polícia que foi lá com a tropa de choque, tentar expulsá-los, e eles venceram com a nossa ajuda. Isso para mim é, de fato, um prêmio de direitos humanos.

No dia 22 de novembro estive em Salvador, na Bahia, no lançamento da campanha nacional contra o extermínio da juventude negra, pelo Fórum Nacional da Juventude Negra. Nesse país há um projeto de genocídio da população negra voltado, em especial, para a juventude negra, que é morta pela violência policial, pela violência causada pelo narcotráfico, pelo desemprego, por doenças que têm um certo controle, como tuberculose, disenteria, etc que matam grande número de jovens negros. Para mim é um prêmio participar de uma campanha nacional para enfrentar esse projeto de genocídio. Agradeço por esse diploma, mas a luta continua.

Aproveito para fazer uma denúncia. A minha amiga Sônia Aparecida dos Santos, que é uma lutadora do Movimento Negro Unificado, de Diadema, está sofrendo uma perseguição vergonhosa pela prefeitura. Ela está sem salário há um ano e dois meses. Tem dois filhos, um de seis anos que tem doença mental, tem problemas com atendimento médico, a situação é dramática e ela está sendo massacrada pelo Poder Público da Cidade de Diadema. Aproveito a presença do Deputado José Augusto para pressionar no sentido de resolver esse caso, porque é uma vergonha. (Palmas.) Trata-se de uma prefeitura poderosa que massacra um funcionário, deixando-o um ano e dois meses sem salário, passando as maiores dificuldades. A nossa luta de direitos humanos tem de pressionar para que eles resolvam essa questão em Diadema.

Muito obrigado, um abraço a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Logo que possível darei um retorno sobre essa questão.

Chamo o Sr. Pedro Ferreira, representante do Padre Gunther, para receber o diploma da Comissão de Direitos Humanos e para se manifestar.

 

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-  É feita a entrega do diploma.

 

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O SR. PEDRO FERREIRA - Boa-noite a todos e a todas. Boa-noite, irmã Lucina. Parabéns pelo seu prêmio, pela sua luta, pelo seu compromisso com a causa dos pobres. Boa-noite, Deputado José Augusto, Sinvaldo, Tatau, Flávio e demais amigos.

Padre Gunther pediu para que eu viesse essa noite receber esse prêmio porque ele tem um compromisso e não pôde vir. Pediu para que rapidamente eu agradecesse a homenagem à Assembleia Legislativa, às entidades e às pessoas que apoiaram o seu nome. Muito mais que isso, certamente apoiaram a causa de que ele faz parte e ajuda há muitos anos.

Padre Gunther é austríaco, há 20 anos radicado no Brasil. Desde que aqui chegou, ele batalhou muito pela questão dos negros através do Instituto Negro Padre Batista, com uma população moradora de favela. Resistiu nas favelas como muitas pessoas ainda hoje resistem. Desde 1997, após a campanha da fraternidade, ele milita na Pastoral Carcerária. Por muito tempo ele foi coordenador nacional, estruturou a Pastoral Carcerária, e é uma das pessoas responsáveis pelo reconhecimento e pela força que ela tem hoje.

Então, quero parabenizar o Padre Gunther. Certamente esta Casa terá oportunidade de agraciá-lo, e assim agraciar a causa carcerária. Nosso estado e nosso país têm muito a melhorar na questão carcerária. Certamente todo mundo aqui conhece alguém que está preso, já esteve preso, e sabe como é o sofrimento do preso, da presa, e de seus familiares Temos muito a evoluir, muito a batalhar.

Viva a questão carcerária! Viva os presos! Viva as presas! Viva os familiares! Viva os excluídos da nossa sociedade: os negros, os indígenas, os moradores de favela. Todo o povo brasileiro. Viva! Vamos continuar batalhando e lutando por nossa sociedade. Obrigado, Padre Gunther. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Agradecemos ao Pedro pelas suas palavras. Tinha falado há pouco sobre essa questão da Comissão de Direitos Humanos e desse prêmio.  Logicamente, todas as pessoas que foram homenageadas hoje têm tudo a ver com os pressupostos dos direitos humanos. A irmã Lucina não é diferente. A Obra Social São Francisco Xavier presta assistência e contribui para a formação moral, intelectual e profissional de crianças, adolescentes, jovens e familiares, com total respeito aos pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sem distinção de raça, de cor, de credo religioso e político. Mesmo sendo católica a irmã Lucina nunca discriminou outras religiões. Qualquer criança, qualquer pessoa que a procura é recebida onde ela trabalha. Ela trabalha com a adversidade e compreende justamente essa questão complexa do gênero humano. Ela advoga um trabalho de formação humana, possibilitando ao educando conhecimento e o reconhecimento de sua importância como ser humano. Trabalha com os valores humanos; faz uma educação de valores, verdade, justiça, liberdade, honestidade, autenticidade, solidariedade, ou seja, com a essência da dignidade humana. Desenvolve um trabalho para fazer com que as pessoas possam gostar da leitura, da escrita. Essa é a essência, é a identidade dela com esse prêmio que tem esse significado de relembrar e exaltar o dia 10 de dezembro, em que se comemora a assinatura desse documento que é um marco da história da humanidade, esse compromisso dos países no respeito à vida e aos direitos humanos.

A irmã Lucina começou seu trabalho em Diadema, em 1968, no Lar Santa Joana, com meninas órfãs (mais conhecida por Helena Guerra), hoje Praça da Moça. Sua congregação se chamava Oblata do Espírito Santo, fundada pela então madre Helena Guerra. Em 1974 foi convidada pelos padres xaverianos a assumir a coordenação da então Sociedade Educadora São Francisco Xavier, desde então ela nunca mais deixou Diadema.

Irmã Lucina é mineira de Divisa Nova - é conterrânea da Tatau -, ela tem 85 anos. Tivemos a felicidade, ainda poucos dias, de fazermos uma missa em homenagem ao aniversário dela. Estava presente a cidade inteira nessa missa em homenagem a esses 85 anos que a nossa Irmã completou.

A casa consegue atender 1.095 pessoas por mês, sendo prioridade as crianças/adolescentes carentes da região bem como seus familiares, conta com a ajuda de pessoas jurídicas e físicas para manter a casa funcionando, pois tem um gasto de aproximadamente R$ 50.000,00 por mês; a Irmã Lucina tem feito esse trabalho.

A Obra Social São Francisco Xavier - de que eu falei agora - é uma entidade realmente sem fins lucrativos, localizada em Diadema, e foi fundada em 1967, quer dizer, um ano depois a Irmã Lucina já estava em Diadema e houve essa afinidade, tanto assim que os padres convidaram a Irmã para assumir a entidade e até hoje ela vem trabalhando. Quem conhece a Irmã Lucina sabe da sua seriedade.

Conheço a Irmã Lucina há muito tempo e acompanho o seu trabalho; é um trabalho sério, de compromisso com a vida, com respeito às pessoas e essa capacidade que tem de conquistar, de fazer com que todos possam estar ali somando, solidarizando e acompanhando o trabalho dela.

Quero chamar agora justamente a Irmã Lucina para receber o prêmio Santo Dias. Após a entrega do prêmio vamos assistir a uma apresentação do vídeo sobre a obra social da Irmã Lucina. Volto a dizer que a Irmã Lucina foi aqui contemplada, mas todas as pessoas que foram aqui homenageadas também merecem esse prêmio, pois fazem um trabalho com a mesma grandeza, com a mesma dignidade, com a mesma seriedade que a Irmã Lucina faz. Portanto, quero aqui cumprimentar com muito carinho, com muita emoção porque o trabalho que ela realiza engrandece nossa cidade. Essa sua preocupação com a vida, a solidariedade, todas essas questões, todos esse valores que ela trabalha, não somente são - eu diria - respostas para as pessoas, mas são exemplos que constroem numa sociedade de forma cultural também esse sentimento, esse compromisso.

Então a Irmã Lucina realiza dois trabalhos: um trabalho de resposta às pessoas, e um trabalho de formar, de dar exemplo, e a nossa Cidade de Diadema, a nossa região do ABC se engrandece com a Irmã Lucina e com o trabalho dela. Por isso sinto-me honrado em poder entregar a ela esse prêmio Santo Dias.

 

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 - É feita a entrega do prêmio. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Vamos, agora, assistir a um vídeo. Logo após, tem a palavra o José Helvécio, filho adotivo, que chegou criancinha, estudou e deu muito trabalho à Irmã Lucina, que foi muito compreensiva. Ele estudou, se formou, e resolveu dedicar a sua vida a ajudar e acompanhar o trabalho da Irmã Lucina.

 

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 - É feita a apresentação do vídeo.

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Dando continuidade, vamos chamar José Helvécio Arcanjo para fazer a sua homenagem à Irmã Lucina. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ HELVÉCIO ARCANJO - Boa-noite a todos. Quero agradecer ao Donisete e o Caíque pelo vídeo, porque foi graças a eles que conseguimos passá-lo.

Falar sobre Irmã Lucina é um pouco difícil, porque procuramos, na medida do possível, estar ao lado dela com todo esse pessoal que está aqui presente, muitos de corpo e alma, muitos de mente e preocupação. Temos parceiros aqui presentes. É uma maravilha estar aqui nesta noite. Agradecemos a todos.

O trabalho da Irmã é dedicar a vida ao próximo. Não foi à toa que V. Exa. e os demais Deputados desta Casa tiveram esse trabalho de fazer esse levantamento bibliográfico da Irmã, esse trabalho de votação e reconhecimento de uma pessoa que faz tudo para o outro, sem pedir nada para si. A grande verdade é essa.

No caminho, eu contava para ela e para a Vilma um fato que aconteceu há muito tempo. Nós fomos à Catedral da Penha, num dia de garoa, e estávamos indo visitar uma outra Irmã, que tinha vindo do Irã e não sabia onde era nossa casa. Nas escadarias da Catedral estava uma pessoa, uma senhora que vinha descendo, tremendo de frio. A Irmã parou, olhou para mim, olhou para aquela senhora, segurou no braço dela e começaram a conversar. Ela tirou a blusa que vestia e deu para essa senhora. O mais interessante é que assim que entramos, para conversar com a outra freira, ela tinha trazido uma blusa de presente para a Irmã. (Palmas.)

Ela sempre nos ensina uma coisa. A Divina Providência não falha nunca. Muitas vezes passamos momentos muito difíceis, tanto financeiro como pessoal, e ela está ali sempre firme, sempre nos orientando: “Calma, amanhã teremos uma resposta positiva.” E isso sempre acontece.

Aqui não sou só eu que está desde pequeno com a Irmã. Existe uma pessoa, que está bem à nossa frente, o Isaías, com sua família, sua esposa, seus filhos, que acompanha a Irmã também desde pequeno, entre outras pessoas. Se eu for falar em nomes, vamos ficar aqui muito tempo falando.

Hoje, Irmã, o Deputado nos passou uma missão bem curta, que era correr atrás das assinaturas, e todos os funcionários da casa, sem exceção, participaram para que este momento viesse a acontecer. Cada um de nós, na medida do possível, junto com o José Augusto, junto com a Lia e a Lúcia Arabela, tínhamos contatos diretos e fizemos esse trabalho com as assinaturas, e a prova está aí: que o povo de Diadema reconhece a pessoa que existe na senhora.

Queremos agradecer também à raiz dessa entidade, que é o Padre Giovani, que está aqui conosco, que faz parte da Sociedade São Francisco Xavier, e ao Padre Carlos, que foi o responsável pelo fato de a Irmã estar à frente desse trabalho há tantos anos, e hoje está na Itália. Tivemos notícias de que está bem. O Padre Giovani esteve com ele, mandou um e-mail. (Palmas.)

Então, tudo começou lá atrás. Toda semente dá a sua árvore, toda árvore dá novos frutos; e todos os frutos dão novas sementes. Esse é o trabalho da Obra Social São Francisco Xavier. Não preciso falar mais, porque o Deputado já falou sobre a essência, e sobre o que nós fazemos lá.

Nesta noite queremos dizer à senhora, Irmã, mais uma vez: “Parabéns, e continue sendo o que a senhora é.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Vamos chamar a Irmã Lucina para dar uma palavrinha.

 

A SRA. LUCINA - Só tenho de agradecer a Deus, em primeiro lugar, e a todos vocês. Não é de hoje que conhecemos este filho e somos amigos. Ele encontra tudo de bom nas pessoas.

Temos de nos colocar nas mãos de Deus para lutarmos juntos com Ele. Trabalhar com o ser humano não pode ser de qualquer maneira. Agradeço a todos. Que Deus os recompense. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, entidades, amigos e companheiros que vieram prestar essa homenagem à Irmã Lucina no espírito do dia 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

A Comissão dos Direitos Humanos já tem a tradição de premiar as entidades e pessoas que dedicam suas vidas a construir uma bonita página na história da humanidade, com respeito à dignidade, à diversidade.

Agradeço pela presença de todos vocês na noite de hoje, neste momento importante para aqueles que dedicam sua vida à defesa dos direitos humanos. Agradeço a todos que colaboraram para o êxito desta sessão, a todos os membros da Comissão dos Direitos Humanos, a todas as pessoas que trouxeram suas indicações. Esta é a Casa do Povo, quanto mais entidades trouxerem suas indicações, mais haverá o enriquecimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Está encerrada a sessão.

 

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 - Encerra-se a sessão às 21 horas e 10 minutos.

 

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