17 DE AGOSTO DE 2010

094ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: UEBE REZECK, ANTONIO MENTOR, EDSON GIRIBONI, LUCIANO BATISTA e ADRIANO DIOGO

 

Secretária: MARIA LÚCIA PRANDI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - UEBE REZECK

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - MARIA LÚCIA PRANDI

Informa que o Presidente Lula triplicou os recursos para a Educação. Cita a Conferência Nacional de Educação. Lembra investimentos na Educação em países como a Coréia e o Japão. Comenta artigo do jornal "Folha de S. Paulo", sob título "Insustentável leveza", sobre premiação a alunos que frequentarem aulas de reforço de Matemática. Considera a medida antipedagógica e prejudicial à formação do caráter do aluno. Fala sobre os resultados do Saresp.

 

003 - ANTONIO MENTOR

Assume a Presidência. Registra a presença de alunos do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica, acompanhados pela professora Daniela Campos L. de Sá.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Afirma que o sistema Educacional está à deriva. Ressalta a necessidade de política educacional. Fala sobre a proposta de premiar alunos que participarem de reforço na disciplina de Matemática. Repudia a criação do programa "Aluno Tutor". Cita projeto que institui o Plano Estadual de Educação. Critica o fato de o Secretário de Educação apresentar proposta de Plano Estadual de Educação, sem conhecimento da sociedade. Repudia a criação de provas para gratificação e bonificação dos professores.

 

005 - CARLOS NEDER

Informa que pesquisas de opinião mostram que a Saúde é a principal preocupação da sociedade. Afirma que é uma área que merece atenção de todas as instâncias. Ressalta a necessidade da criação de ambulatórios de especialidades. Argumenta que o Estado deve apoiar financeiramente os Municípios. Dá conhecimento de que o Governo Federal aumentou os recursos destinados à Saúde. Cita a Emenda Constitucional nº 29, de 2000.

 

006 - PEDRO TOBIAS

Informa que há falta de verba para a Saúde. Cita e comenta matéria do "Estado de S. Paulo", sobre a Associação dos Delegados Civis de São Paulo. Faz críticas a Associação. Discorre sobre a carreira dos delegados. Argumenta que há discrepância entre os salários dos delegados e de outras categorias. Propõe aumentos salariais a todos que ocupam cargos de nível superior. Lembra envolvimento de delegados em atos ilícitos.

 

007 - ADRIANO DIOGO

Discorre e combate determinação do presidente da Fundação Padre Anchieta em romper o convênio com a TV Assembleia. Faz leitura de documento redigido por comissão de funcionários da TV Assembleia. Faz questionamentos ao Governador sobre o assunto.

 

008 - SIMÃO PEDRO

Menciona a intenção do candidato a governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pelo PSDB, em transformar a CDHU em banco. Lembra a privatização do Banespa e a incorporação da Nossa Caixa ao Banco do Brasil. Discorre sobre a situação de obras da CDHU em Itaquaquecetuba e na região de Perus. Afirma que a companhia precisa investir na recuperação de prédios abandonados, resolver os problemas de inadimplência e dos contratos "de gaveta". Informa que os recursos para moradia não são aplicados devidamente.

 

009 - RUI FALCÃO

Fala sobre a crise da TV Assembleia e faz elogios aos funcionários. Critica atitudes do presidente da TV Cultura João Sayad. Ressalta a importância da mobilização dos funcionários da TV Assembleia. Lembra o início do horário eleitoral. Manifesta seu desejo de que os candidatos apresentem temas que interessem à população e não utilizem o espaço para levantar calúnias.

 

010 - EDSON GIRIBONI

Assume a Presidência.

 

011 - RAUL MARCELO

Discorre sobre declaração do Secretário da Cultura em não renovar o convênio com a TV Assembleia. Critica a demissão do jornalista Heródoto Barbeiro. Fala sobre a importância da TV Cultura. Recorda entrevista com o sociólogo Florestan Fernandes, morto há quinze anos. Cita a carta com reivindicações dos funcionários da TV Assembleia.

 

012 - Presidente EDSON GIRIBONI

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - EDSON GIRIBONI

Convoca sessões solenes: dia 10/09, às 20 horas, pelo "55º aniversário da Fundação da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Ministério de Santo Amaro", a requerimento do Deputado Lelis Trajano; dia 13/09, às 10 horas, pelo "92º Aniversário da Associação de Auxílio Mútuo dos Oficiais da Polícia Militar", por solicitação do Deputado Olímpio Gomes; dia 13/09, às 20 horas, para "Prestar Homenagem aos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo", a pedido do Deputado Fernando Capez.

 

014 - ADRIANO DIOGO

Para comunicação, lembra a realização de audiência pública no Auditório Franco Montoro para discutir o lançamento da plataforma ambiental "S.O.S. Mata Atlântica" dia 18/08, às 19:30.

 

015 - CARLOS GIANNAZI

Ressalta a importância da TV Cultura, em especial do programa "Manos e Minas", responsável, nas palavras do Deputado, por dar voz à periferia. Menciona audiência pública, a ser realizada dia 24/08, às 19 horas, no Auditório Franco Montoro, para discutir o futuro da emissora. Cita manifestação que será realizada amanhã, na frente do fórum João Mendes, em apoio aos grevistas do Judiciário. Pede a instauração de uma CPI da Educação. Lamenta o estado de conservação das quadras de determinadas unidades escolares.

 

016 - ANTONIO MENTOR

Defende as queixas feitas pelos funcionários do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Informa que este Legislativo tentou estabelecer diálogo entre funcionários e dirigentes da instituição. Tece críticas ao objeto da CPI do Judiciário, pelo fato de a instituição não receber recursos do Executivo, ficando, assim, impossibilitada de conceder a reposição almejada pelos servidores.

 

017 - LUCIANO BATISTA

Assume a Presidência.

 

018 - EDSON GIRIBONI

Faz reflexão a respeito dos avanços obtidos durante esta legislatura. Menciona os benefícios obtidos para sua região, Itapetininga, durante seu mandato. Recorda os avanços alcançados pelo funcionalismo público, ressaltando que ainda há muito por fazer. Demonstra preocupação com o transporte público.

 

019 - ADRIANO DIOGO

Assume a Presidência.

 

020 - LUCIANO BATISTA

Comenta e-mails recebidos sobre a CPI do Judiciário. Explica a razão pela qual não assinou o requerimento em questão.

 

021 - ROBERTO MORAIS

Pelo art.82, comenta reunião com a secretária de Estado Dilma Pena, do Saneamento, sobre a bacia do Rio Piracicaba. Destaca a importância desta para a região. Agradece a entrega do helicóptero Águia a sua cidade.

 

ORDEM DO DIA

022 - Presidente ADRIANO DIOGO

Coloca em votação e declara sem debate aprovados requerimentos de urgência: do Deputado Estevam Galvão, ao PL nº 432/10; do Deputado Enio Tatto, ao PL nº 687/06; do Deputado José Bittencourt, ao PL nº 180/09; do Deputado Campos Machado, ao PL nº 1433/09.

 

023 - ROBERTO MORAIS

Requer o levantamento da sessão, com a anuência das lideranças.

 

024 - Presidente ADRIANO DIOGO

Reitera convite para audiência pública da SOS Mata Atlântica dia 18/08, às 19 horas e 30 minutos, no Auditório Franco Montoro. Defere o pedido do Deputado Roberto Morais. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 18/08, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

                                                            

                                                             * * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Uebe Rezeck.

 

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O SR. PRESIDENTE – UEBE REZECK - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido a Sra. Deputada Maria Lúcia Prandi  para, como 1ª Secretária “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA – MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO  EXPEDIENTE

                                                          

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O SR. PRESIDENTE - UEBE REZECK - PMDB - Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

  A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias - de jovens -, presença essa que gostaríamos de agradecer, o nosso assunto de hoje é justamente sobre a Educação. Sabemos que um país só poderá atingir um bom nível de desenvolvimento econômico e social a partir da educação, na aplicação dos conhecimentos, da Ciências e da Tecnologia para a melhoria da vida das pessoas. Apesar dos inúmeros esforços - especialmente do Governo Federal, do Presidente Lula para o aumento triplicado dos recursos da Educação, estávamos em 3% do Produto Interno Bruto e hoje já passamos os 5% no investimento da Educação -, ainda é necessário um investimento maior. Por isso, a Conferência Nacional de Educação, realizada no final do ano passado e no início deste, propõe que o País atinja 7% do PIB em investimento na Educação nos próximos anos.

Países que fizeram grandes mudanças educacionais, como a Coréia, o Japão e outros, investiram fortemente na Educação. Muitos dizem que no Brasil se gasta muito com a Educação. Primeiro, a Educação não é gasto, mas investimento, e sabemos que ainda estamos muito longe dos recursos necessários para que tenhamos não só a Educação pública de qualidade, mas o acesso a todos, especialmente no ensino médio e universitário.

Estes investimentos precisam também ser discutidos e construídos de uma maneira coletiva à proposta educacional, o que não vem acontecendo no Estado de São Paulo. E não são palavras minhas, mas da articulista da Folha de S. Paulo, Laura Capriglione, no jornal de hoje. Ela escreve sob título “Insustentável leveza”, comentando justamente aquilo que tivemos a oportunidade de falar desta mesma tribuna, na semana passada:

Opinião Laura Capriglione: Insustentável leveza – A2

É de estarrecer a forma como se comporta o governo do Estado de São Paulo quando o assunto é educação.

Agora, uma medida que se chegou a apresentar como revolucionária cai por terra antes mesmo de ser aplicada.

Trata-se do chamado “vale-presente” a Secretaria da Educação daria R$ 50 a alunos que, em dificuldades com matemática, não faltassem a aulas de reforço.

Tem sido assim a condução da educação pública paulista.

Projetos ditos sensacionais em um dia evaporam no dia seguinte.

Isso ajuda a explicar por que são pífios os indicadores de desempenho escolar no Estado mais rico.”

 

É justamente sobre isso que queremos falar, concordando plenamente com o que diz a autora deste artigo aqui no jornal “Folha de S.Paulo”. O Secretário Paulo Renato afirma que desistiu da idéia porque o projeto estava cru. Então, ele sonhou, acordou e resolveu aplicar isso. Viu a inviabilidade obviamente e voltou atrás. O próprio Secretário reconhece que na avaliação do Saresp, que é o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, houve uma estagnação, considerando que nossos índices são baixos.  Então, não houve nenhuma melhora.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, para terminar, quero dizer que, além de tudo, seria absurdo um projeto como esse, uma vez que a Educação tem que ser vista enquanto direito, enquanto responsabilidade, enquanto obrigação da família, do Estado, das pessoas responsáveis por aquela criança, por aquele jovem, e essa premiação teria que ser para bom desempenho e não meramente começar a pagar a criança para que ela não perca as aulas de reforço. É absolutamente antipedagógico, no meu entendimento. Não contribuiria em nada, nem para melhoria do processo educacional. Prejudicaria enormemente na formação do caráter dessa criança na medida em que viria sempre uma relação proveitosa, capitalista de recursos financeiros para qualquer ação que, na verdade, é uma ação para seu próprio benefício, que é a aprendizagem.

Sr. Presidente, são estas as considerações que queria fazer. Vejo agora que quem está presidindo a sessão é o nobre líder da Bancada dos Trabalhadores e meu companheiro, Deputado Antonio Mentor. Muito obrigada.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Antonio Mentor.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANTONIO MENTOR - PT – Sras. Deputadas e Srs. Deputados, queremos agradecer aos nossos visitantes de hoje, alunos do Curso de Direito da Pontificia Universidade Católica de São Paulo, acompanhados da Professora Daniela Campos L. de Sá. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. Na Presidência. Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público  presente nas galerias, telespectadores da TV Assembleia, venho hoje a esta tribuna para dizer que a Educação continua muito mal no Estado de São Paulo. O nosso sistema educacional continua à deriva, continua sem direção, sem projeto pedagógico.

A Rede Estadual de Ensino, com suas 5.300 escolas, carece de uma política educacional do Estado que dê conta de fazer com que possamos avançar, principalmente na oferta de qualidade de ensino. Isso fica muito claro a cada atitude, a cada proposta e a cada omissão também da Secretaria Estadual de Educação.

Assistimos, ainda nessa semana, a posição da Secretaria da Educação de anunciar e, em seguida, retirar a proposta apresentada, que foi um verdadeiro fracasso porque ela nem saiu do papel. Ela foi apresentada e já foi duramente criticada por toda sociedade. Virou motivo de piada e de chacota.

O Secretário Estadual da Educação, Paulo Renato, foi Ministro da Educação. Ele ficou oito anos no Ministério da Educação no Governo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi o Ministro que privatizou a Educação do nosso País, principalmente no âmbito do ensino superior. Agora é o Secretário Estadual da Educação e apresentou uma proposta absurda de transferir a responsabilidade do ensino para os próprios alunos, lançando a proposta de gratificação para o aluno frequentar as aulas de reforço escolar na disciplina de matemática. Pelo projeto do Governo, o aluno que não tem bom rendimento na disciplina de matemática teria direito a uma aula de reforço, mas essa aula seria remunerada. O aluno seria estimulado a frequentar a aula mediante pagamento de 50 reais, por mês.

Como se não bastasse essa proposta absurda, o Governo ainda ao invés de investir no Magistério, na formação dos professores, na valorização dos profissionais da Educação, inventou uma outra figura no processo educacional, que é o aluno-tutor. Ele estaria pagando 115 reais para um aluno do Ensino Médio, que tivesse obtido uma nota satisfatória no Saresp, para dar essas aulas de reforço. É uma proposta absurda porque tira o foco do verdadeiro problema da Educação, que é a falta de investimento no setor como um todo e principalmente a falta de investimento na valorização dos profissionais da Educação, uma valorização que seja representada na melhoria salarial, na melhoria da formação continuada e também na melhoria das condições de trabalho.

Esse tipo de proposta da Secretaria da Educação só confirma o que estamos denunciando aqui há um bom tempo de que não há política educacional no Estado de São Paulo. O Estado da Federação ao menos aprovou um Plano Estadual de Educação para que possamos transformar a Educação Pública em política do Estado e não mais em política de partido político, de governador, de secretário. A população não aguenta mais, precisamos definir aqui um modelo de política educacional.

Temos nesta Casa de Leis um projeto que está paralisado desde 2003, instituindo um Plano Estadual de Educação. O projeto foi construído pelo Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública do Estado de São Paulo, fórum que congrega várias entidades representativas do Magistério Paulista e outras entidades que têm relação com a Educação Pública. No entanto, um grupo de Deputados que dá sustentação ao Governo Estadual, não deixa o projeto prosperar, ao mesmo tempo, o próprio Secretário da Educação já elaborou no seu próprio gabinete, sem consultar os profissionais da Educação, a comunidade escolar, uma proposta de Plano Estadual de Educação e, ao invés de pelo menos enviar para a Assembleia Legislativa para uma discussão ampla, enviou para o Conselho Estadual de Educação, que é representado por uma elite no Estado de São Paulo, por representantes do setor privado da Educação, pelos privatistas da Educação. Um verdadeiro absurdo.

Nós exigimos que o Secretário estadual de Educação Paulo Renato traga a discussão do plano estadual de Educação para a sociedade e pare de cometer essas barbeiragens. Ele não pode ser tão leviano e inconsequente dessa maneira, apresentando propostas que não dão em nada, que não saem nem do papel, como foi o caso da instituição da provinha para o professor ACT, do provão, da avaliação de mérito para dar aumento aos professores. Isso também não deu em nada, isso representou um verdadeiro fracasso e agressão aos professores da Rede Estadual de Ensino. O Secretário tem de ter responsabilidade. Que pelo menos tenha dignidade de colocar a proposta do plano estadual de Educação para discussão com os professores, os pais de alunos, os alunos e a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e aí, sim, formular um plano estadual que dê conta de atender a demanda escolar no Estado de São Paulo, mas com qualidade de ensino e, sobretudo, com a valorização de todos os profissionais da Educação.

 

O SR. PRESIDENTE - ANTONIO MENTOR - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Otoniel Lima. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder.

 

O SR. CARLOS NEDER - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, todos os que acompanham esta sessão legislativa, o tema da Saúde tem assumido uma proporção importante nesta campanha eleitoral. Várias pesquisas de opinião estabelecem que hoje a Saúde é a principal preocupação da população e principal fator de avaliação negativa de diferentes governos. É de se estranhar na medida em que vários países se reconhece que o Sistema Único de Saúde é uma proposta avançada no que diz respeito à reforma do Estado e articulação entre o setor público e privado com ênfase no setor filantrópico.

Se o sistema está razoavelmente estabelecido na legislação constitucional e infraconstitucional - e nós já temos um período de implementação dessa proposta - por que razão a população se mostra insegura em relação ao seu direito à Saúde universal, integral e de qualidade?

Este é um debate que vem sendo feito entre os candidatos majoritários, mas também deve ganhar importância na campanha proporcional de deputados estaduais e federais. Entretanto, as respostas não são comuns aos partidos políticos.

O que temos observado é que há uma tendência de identificar a questão da Saúde  como sendo um problema limitado ao aspecto da assistência médica individual curativa,  sobretudo no âmbito da atenção à urgência, emergência e à disponibilidade ou não de leitos hospitalares. Nós, que atuamos na área da Saúde pública, sabemos que o problema é mais complexo do que discutir a Atenção Secundária e Terciária na área da Saúde. É preciso restabelecer o debate sobre o papel dos municípios na garantia da Atenção Básica e chamamos de Atenção Básica aquele atendimento feito pelos programas Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde com a necessária retaguarda nas unidades básicas de saúde e nas unidades mistas com a presença de clínico, pediatra, ginecologista, obstetra e uma equipe multiprofissional. Além disso, há necessidade de ambulatório de especialidades que possam aumentar a resolutividade da Atenção Básica feita sobretudo nesses três espaços: Saúde da Família, Agentes Comunitários de Saúde e das unidades básicas de saúde.

O que observamos é que sendo uma responsabilidade sobretudo dos municípios, eles vêm fazendo um esforço enorme de comprometimento de recursos do Tesouro próprio para garantir a ampliação e oferta desses serviços com qualidade aos munícipes, todavia, falta no Sistema Único de Saúde uma atitude solidária por parte dos governos estaduais no sentido de ajudarem os municípios no financiamento da Atenção Básica. Como os municípios vêm gastando hoje de 20 a 30% do seu orçamento para propiciar Atenção Básica aos seus cidadãos, isso acaba se refletindo na queda da qualidade de outras políticas públicas, como Educação, assistência social, transportes, dentre outras áreas que são igualmente importantes para oferecermos qualidade de vida à população.

Nesse sentido, é preciso que os candidatos e os partidos políticos, ao pautarem o debate da Saúde, comecem pelo debate da Atenção Básica, do papel do município, da sobrecarga que se observa nos orçamentos municipais e da necessidade de uma ação solidária por parte dos governo estaduais e federal no financiamento do Sistema Único de Saúde.

O Governo do Presidente Lula vem aumentando significativamente o repasse de recursos através da Atenção Básica e de vários convênios necessários para implementação de políticas em diversos programas e áreas consideradas estratégicas. Contudo observamos, em que pese a proposta do Sistema Único de Saúde ter caráter suprapartidário e voltado ao interesse público, que ainda há dificuldades na relação entre os entes da Federação e sem o apoio dos governos estaduais dificilmente os municípios conseguirão garantir Atenção Básica de qualidade que resolva 80% dos problemas de Saúde da população como se espera em âmbito local.

Resolvido dessa maneira o problema, enfrentaremos o debate sobre o financiamento do Sistema Único de Saúde através da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 e o problema que decorreu da extinção da CPMF e da não aprovação da Contribuição Social da Saúde, que teria sido de grande valia para aumentarmos os gastos em Saúde no País uma vez que o Brasil gasta pouco em Saúde comparativamente a outros países.

Voltaremos oportunamente a este tema.

 

O SR. PRESIDENTE - ANTONIO MENTOR - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, falando pela bancada de médicos, quero dizer que sou médico e exerço a profissão, não exibo apenas o diploma. O ‘x’ da questão na Saúde é a tabela do SUS, que está sobrecarregando as prefeituras na área da Saúde primária. Hoje, para se operar uma hérnia o SUS paga 40 reais. Até o obstetra não vai mais fazer parto pelo convênio porque o profissional que filma o parto recebe o dobro do que ganha o obstetra pelo plano de saúde. O ‘x’ da questão é financiamento. Você disse que o Estado precisa participar, mas ele está participando. Nos últimos oito, dez anos a porcentagem que a União aplica na Saúde vem caindo ano a ano. Falar em Saúde é falar em urgência. Saúde  é algo que não pode deixar para amanhã, porque nós médicos sabemos que o cliente pode morrer. Infelizmente às vezes é muito difícil cuidar disso.

  Mas a minha vinda aqui, hoje, é para falar sobre uma matéria que saiu no “Estadão” sobre a Associação de Delegados de Polícia Civil em São Paulo. A delegada Marilda Pinheiro é bauruense, conheço-a muito bem. Acho que a Associação, hoje, virou braço político de partido, ela não está preocupada com segurança. Ela devia estar preocupada com crimes. A Polícia Civil em Bauru ou no estado todo, não sei se a informação é oficial, só apura dois por cento de tudo que não é flagrado pela Polícia Militar. Se isso acontece em um país civilizado, todo mundo é demitido. Quem apura só dois por cento, não tem moral para pedir aumento salarial.

Eles reclamam muito. Os alunos de Direito já saíram deste recinto. Todos sabemos que delegado faz concurso, depois de se formar em Direito; outros fazem para o Ministério Público, vão para iniciativa privada, vão  ser juízes. Hoje, um delegado em início de carreira ganha 5.810,30 reais. No fim de carreira, ganha 12.600 reais. Pergunto a você, dona de casa, aos que nos assistem quanto ganha um professor. Cinco mil e oitocentos é pouco? Eu sou médico com mestrado e doutorado, aposentei-me pela União e ganho 2.200 reais. Eles começam com 5.800 reais. A população precisa saber disso. Se vamos aumentar, vamos aumentar para todo mundo. Porque médico, professor, psicólogo, todo cargo universitário ou não deveria ter aumento. Acho que para todas as profissões, não apenas para a Polícia, precisa-se colocar meta. Em muitos lugares deviam baixar os salários se for por meta. Em qualquer área.

A delegada presidente da Associação, bauruense como eu, deveria dar sua opinião sobre 400 delegados processados pela Corregedoria. Tem, inclusive, pedido na Comissão de Segurança para convocação do secretário para vir aqui esclarecer. A presidente da Associação precisa trabalhar para moralizar o quadro de policiais. O que ainda está segurando a Segurança é a Polícia Militar. Sem ela estaríamos fritos. Pergunto aos que estão em casa se forem assaltados, se forem roubados, se tem coragem de ir a uma delegacia prestar queixa. Não. Ir para quê, se não se apura nada? Hoje, a entidade, o sindicato dos policiais quer fazer política, quer ser CUT armada. No sindicato, acabou o extremismo. No sindicato do ABC, acabou essa política.  Precisa brigar, pensar em como apurar os crimes. Dra., você sabe como funciona a Polícia de Bauru. Você trabalhou lá. Convidamos o secretário, sim, para falar dos delegados. Os delegados processados, hoje, pela Corregedoria, são afastados? Qual o crime deles? Acho a corregedora uma grande pessoa. Por medo, o Secretário chamou-a para ficar ao seu lado na Secretaria. Tirou-a do prédio da delegacia da Polícia Civil.

É fácil criticar o governo Serra, o governo do PSDB. Um delegado no começo de sua profissão, menino novo, ganha 5.800 reais. É pouco? Pergunto para tantos outros profissionais. Voltarei ao assunto.

 

O SR. PRESIDENTE - ANTONIO MENTOR - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. Na Presidência. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olimpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Antonio Mentor, caros colegas presentes, senhores assessores, inicialmente vou ler uma carta. Deputado Pedro Tobias, Deputado Rui Falcão, Deputado Carlos Neder, Deputado Simão Pedro, companheiro deputado de São Vicente, brilhante deputado santista, meu irmão, você acredita que os caras estão querendo fechar a TV Assembleia? Houve uma determinação do presidente da Fundação Padre Anchieta para  romper o convênio com a TV Assembleia e o prazo até 25 de janeiro, data da fundação de São Paulo, em que todos os companheiros da TV Assembleia estão de aviso prévio.

Telespectadores que nos ouvem e que nos assistem, vou ler uma carta. Em qualquer país democrático em que uma TV, como a TV Assembleia, fosse tirada do ar e tivesse que procurar uma outra entidade, uma outra fundação, pois a Fundação Padre Anchieta se nega a ter vínculo com a TV Assembleia e a TV Justiça. Estamos diante de uma violência sem precedentes desde que a Fundação Padre Anchieta está sob intervenção direta do Sr. Governador. Sr. Governador Alberto Goldman, como que o Dr. João Sayad convoca os funcionários da TV Cultura e diz que vai romper o vínculo com a  TV Assembleia, sendo que, inclusive, é muito bem pago por esse convênio?

Passemos à leitura do documento redigido pela comissão de funcionários da TV Assembleia:

“São Paulo, 16 de agosto de 2010

Ao Colégio de Líderes

Assembleia Legislativa/SP

Prezados Senhores,

Nós, funcionários da TV Assembleia - ligados à Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) - solicitamos, através deste documento, que os senhores líderes dos partidos desta Casa ajudem na transição da saída da TV Cultura para outra fundação que venha a administrar a TV Assembleia.

Como é do conhecimento desse Colégio, fomos surpreendidos com a informação de que a Fundação Padre Anchieta não pretende renovar o contrato com a Alesp e a demissão de todos os trabalhadores, a partir do dia 25 de janeiro de 2011.

Diante dessa situação, solicitamos aos senhores empenho no sentido de que a nova fundação que vencer a licitação se comprometa a contratar todos os profissionais existentes hoje nos quadros da TV Alesp, da seguinte forma:

1.          Contratação de toda a equipe que efetivamente trabalha, pelo regime CLT, com benefícios compatíveis aos atuais;

2.          Reajustes salariais com valores praticados no mercado e acordos sindicais, bem como os dissídios coletivos;

3.          Regularização funcional para corrigir eventuais distorções existentes hoje na TV Alesp;

4.          Plano de saúde aos funcionários, ticket alimentação, ticket refeição, vale-transporte, seguro de vida em grupo;

5.          Respeito à carga horária de radialistas e jornalistas;

6.          Regulamentação, o mais rápido possível, da Fundação 9 de Julho, para que a Alesp possa ter independência nos rumos de sua televisão;

7.          Estabilidade de 1 (um) ano no emprego a todos os funcionários que efetivamente trabalham nos quadros da TV Alesp;

8.          Criação de um Conselho Editorial para a TV Assembleia;

9.          Solicitamos que o processo de transição também seja acompanhado por representantes dos funcionários da TV Assembleia/Conselho dos Funcionários da TV Cultura, Sindicatos dos Jornalistas e Radialistas.

Agradecemos a atenção e o empenho que sabemos poder contar.

Cordialmente,

Comissão de Funcionários TV Assembleia”

 

 

Pois bem, senhoras e senhores, o que está contido nesta carta é o seguinte: a Fundação Padre Anchieta rompe o convênio com a Alesp depois de oito anos e põe na rua todos os jornalistas. Será porque a TV Alesp é a única porta aberta que existe para analisarmos o governo do estado? Será porque ela é usada pela oposição? Os senhores acusam Chaves, acusam ditadores, de terminar com a imprensa. E agora, senhor governador, qual a explicação que o senhor dará aos seus filhos, aos seus correligionários, aos seus companheiros do Partido Comunista, do PPS, do PMDB, do PSDB, para demitir 90 funcionários da TV Alesp e fechá-la, silenciá-la, intimidá-la? Sr. Governador, por que João Sayad saiu da Secretaria da Cultura e foi fazer uma intervenção? Será por causa do debate do Roda Viva? Será por causa das matérias dos pedágios? Será que o senhor tem competência para fechar essa televisão? Por que pôs um banqueiro de tradição duvidosa na presidência da Fundação Padre Anchieta? Por que pôs um interventor? Por que pôs um ditador? Imaginem se os senhores assumem a presidência do Brasil, o que os senhores vão fazer com as TVs públicas, com o povo brasileiro e com o sistema de comunicação?

Pois é, senhoras e senhores, são esses os senhores que nos governam, os senhores que querem fechar e silenciar a TV Alesp.

Que vergonha, senhores falsos democratas! Que vergonha! Que vergonha! Vocês não precisam de oposição, vocês fazem a oposição!

 

O SR. PRESIDENTE - ANTONIO MENTOR - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente desta sessão, nobre Deputado Antonio Mentor, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Assembleia, há dias quero me pronunciar sobre um assunto tratado por um candidato que já foi governador. Ele disse recentemente que pretende transformar a CDHU num banco, como é o BNDES do governo federal,  como o governo vem fazendo com o programa Minha Casa Minha Vida.

Já publiquei no meu site, já fiz uma crítica. O Estado de São Paulo tinha dois bancos: Banespa e Nossa Caixa. Nos anos 90, disseram para a população que era um luxo o Estado de São Paulo ter dois bancos e venderam um, privatizaram o Banespa. No decorrer da crise internacional, final de 2008, início de 2009, o ex-governador Serra colocou à venda a Nossa Caixa Nosso Banco. Felizmente, para a população do Estado de São Paulo, utilizando uma lei que permite a incorporação de um banco público por outro, o presidente Lula determinou que o Banco do Brasil incorporasse a Nossa Caixa para que o Estado de São Paulo não ficasse completamente na mão dos bancos privados. Certamente, se o Banco do Brasil não tivesse incorporado a Nossa Caixa, o Bradesco, o Santander ou o Itaú o teria comprado e se fortalecido ainda mais. Hoje, o Banco do Brasil é a instituição nº 1 do Estado de São Paulo.

Mas quero chamar atenção para a extinção proposta pelo ex-governador Geraldo Alckmin, ao invés de a CDHU ser uma empresa pública para construir moradias populares, para fazer parcerias com os municípios, para fazer regularização fundiária e resolver o déficit habitacional de mais de um milhão de famílias que nesse Estado de São Paulo, o mais rico da nossa nação, ainda não tem sua moradia própria.

Tenho andado na cidade de São Paulo, na grande São Paulo, e vistoriado algumas obras da CDHU. No município de Itaquaquecetuba, é terrível a situação dos empreendimentos da CDHU. Conjuntos habitacionais abandonados, aquilo que seria o sonho da casa própria de uma família contemplada, acabou virando pesadelo porque não há infraestrutura, os prédios estão rachando, há problemas de saneamento e esgoto, falta de estrutura de lazer para a comunidade que ali se instalou. Ou seja, a vontade das pessoas é sair dali, voltar aos seus lugares de origem.

Mas não vou falar só dos municípios da grande São Paulo. Vamos pegar o caso da zona norte. Na região de Perus, fiz visitas recentes, na CDHU conversei com síndicos e lideranças para reivindicar uma vistoria técnica porque os prédios estão rachados, caindo, abandonados, sem muros. É um absurdo essa situação. Então, a CDHU tem que cumprir sua função de construir moradias; mas tem feito muito pouco. Vinte mil unidades por ano é muito pouco para um Estado que tem um déficit tão grande. A CDHU tem que construir moradias, fazer parceria com o Governo Federal para sair desse patamar de 13 mil unidades em convênio com o programa “Minha casa, minha vida” - é muito pouco para o nosso Estado - e investir na recuperação desses prédios completamente abandonados, as famílias numa situação complicada, as crianças numa situação de abandono e investir também na regularização dos terrenos; a maioria dos conjuntos da CDHU - da Zona Leste, Itaquaquecetuba, na Zona Oeste, nos vários cantos da nossa cidade - tendo sua situação completamente irregular; a situação de inadimplência, a situação dos contratos de gaveta. Existe um esforço técnico muito grande para resolver essas questões.

            A CDHU devia tratar melhor o seu corpo técnico que estão jogados para outros departamentos, emprestados para outros órgãos e fazer a sua obrigação que, como já dissemos, é a de construir moradia, regularizar a situação fundiária, recuperar os prédios construídos de forma irregular.

Precisa investir no pós-moradia. Ou seja, não adianta jogar uma família lá naquele local e deixá-la abandonada em bairros distantes e sem infraestrutura; tem que conversar com os municípios. Teremos, então, uma política habitacional decente; recursos não faltam. Digo isso porque aprovamos todos os anos 1% a mais nas alíquotas de ICMS; quase um bilhão de reais. Infelizmente, o Governo não aplica todos os recursos em habitação.

Somente agora o Governo está fazendo eleição para o conselho gerir um Fundo Estadual de Moradia, tardiamente, no fim do Governo - ao apagar das luzes de mais um Governo; precisamos ter uma política habitacional eficiente.

Privatizaram os bancos. Agora falam - talvez de forma até irônica - que vão transformar a CDHU em um banco; acho um absurdo!

O Estado de São Paulo precisa, sim, ter agência de fomento, precisa ter banco público para ajudar no fomento a sua produção, ao empresariado privado; precisa ajudar os municípios com financiamentos. Agora, a CDHU tem que cumprir com a sua função de construir moradias para a população de baixa renda.

Sr. Presidente, é esse o meu protesto em relação a essa proposta que foi feita, recentemente, sobre a CDHU e sobre a política habitacional do Estado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANTONIO MENTOR - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Antonio Mentor, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, funcionários e funcionárias desta Casa, desde que o ex-Secretário de Cultura assumiu a TV Cultura, nas suas primeiras entrevistas, cresceram as nossas preocupações, não só em relação ao futuro dessa tv pública que, a par a um certo aparelhamento promovido pelos tucanos, sobretudo no noticiário político, mas com o futuro dos seus funcionários.  

Esta é uma TV que marcou época no nosso País; tem funcionários de qualidade e que, a despeito dessa orientação aparelhista, tem jornalistas de trajetória exemplar e presta serviços,como é o caso, também, da nossa TV Assembleia.

Essas declarações desencontradas do Sr. João Sayad, que fala em demissão em massa, em enxugamento, em cessar determinados programas, em transformá-la em outro tipo de TV, isso nos deixa preocupados, até porque, em meio à campanha eleitoral, é possível que essas medidas draconianas sejam sobrestadas; mas não se sabe o que virá depois de outubro. Portanto, é importante essa mobilização dos funcionários, a ação dos sindicatos em defesa dos profissionais. Nós estamos, aqui, tanto quanto o Deputado Adriano Diogo, solidários para que medidas desse gênero, que vão depreciar a qualidade dessa TV, vão promover desemprego num momento em que a política do país é de geração de emprego, estaremos aqui vigilantes, estamos alertando os telespectadores, porque isso pode causar um dano irreparável à TV Cultura.

Sr. Presidente, na data de hoje queremos também registrar o começo do chamado “horário eleitoral gratuito”, que, na verdade, não é gratuito porque, como se sabe, todas as emissoras têm isenções fiscais onde esse horário é reposto.

Então, é um horário eleitoral obrigatório. Isso porque as atividades políticas no nosso País não costumam ter muita divulgação; sobretudo nos meios eletrônicos. Os partidos têm aquele horário picado durante o ano, mas a política que deveria ser tema de debate permanente, de ocupar espaço nas emissoras que são concessões públicas, fica relegada a um período de 45 dias.

Esperamos que esses 45 dias sirvam para levar à população mensagens programáticas, debates de ideias, e não uma baixaria que começamos a antever em algumas afirmações. Temos visto alguns candidatos que - não podemos aqui citar o nome devido à legislação eleitoral -, caluniam, difamam, injuriam, fazem referência a fatos ocorridos no exterior sem qualquer tipo de comprovação. Tenho certeza de que a população, hoje, já mais esclarecida, mais politizada - tudo em função de dezenas de conferências que ocorreram no nosso País nos últimos meses -, vai repelir esse tipo de campanha de baixaria.

Estamos convencidos de que a melhor campanha, aquela que ganha votos, é a esclarecedora. A Campanha que fala de ideia, de projetos, de programas, que acena com mudanças necessárias e, sobretudo, com candidaturas que procuram afirmar o nosso País no contexto internacional, dá continuidade a um processo de distribuição de renda, de erradicação da miséria. Esses são temas que interessam ao País, interessam ao Estado de São Paulo. Estamos esperançosos de que, nesses 45 dias, os candidatos e as candidatas pautem suas campanhas por ideias e não por xingamentos, calúnias e artifícios de marketing.

 

                                                             * * *

 

            - Assume a Presidência o Sr. Edson Giriboni.

 

                                                             * * *

         

            O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo, pelo tempo regimental.

 

O SR. RAUL MARCELO - PSOL - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Edson Giriboni, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, venho a esta tribuna para tratar de uma questão extremamente importante: o desenvolvimento cultural do Estado de São Paulo.

            Tenho lido as declarações do Sr. João Sayad, que virou uma espécie de interventor na TV Cultura. Tenho acompanhado as demissões que aconteceram dentro da referida emissora, tanto do Gabriel Priolli como a do Heródoto Barbeiro, e isso nos assusta. É fato notório que o atual Governador José Serra, na sua gestão, criou 84 novas praças de pedágio no Estado de São Paulo; encareceu o translado de mercadorias no Estado. O Governo fala em redução de tributos, mas o que praticou em São Paulo é o aumento de tributos com o aumento das praças de pedágios. E mente porque diz que os pedágios são mais baratos, quando na verdade são pedágios espelhados no que temos nas estradas. Portanto, a pessoa paga na ida e na volta o mesmo valor que era antigamente. São 84 novas praças de pedágio nesse Governo do PSDB em São Paulo.

E o Heródoto Barbeiro foi demitido do programa “Roda Viva” porque questionou o Governo do PSDB em relação a essa questão. E o Gabriel Priolli também foi demitido porque solicitou uma matéria sobre esse absurdo que temos no Estado, que são as praças de pedágio que estão tornando as viagens mais caras do que o que se gasta com combustível no nosso Estado. Esse é o quadro. E agora o João Sayad, economista que não entende bulhufas de cultura - aliás já participei de audiências com esse cidadão - está dizendo que vai demitir mais de mil trabalhadores da TV Cultura, acabar com o convênio da TV da Assembleia Legislativa, ou seja, vai promover aquilo que os tucanos conhecem muito bem, que é o sucateamento do espaço público.

E eu, Sr. Presidente, tenho uma relação com a TV Cultura de muito carinho, de muito apreço. Lembro-me aqui da importância de ter visto uma entrevista, por exemplo, do Prof. Florestan Fernandes, no “Roda Viva”. Nunca lhe deram espaço em canal nenhum, mas pude ver uma entrevista desse principal sociólogo do Brasil, que aliás, na semana passada, completou 15 anos de sua morte. E os grandes meios de comunicação - refiro-me aqui à Rede Globo - fez um especial sobre a morte de Gilberto Freyre, que era um aristocrata, construiu o mito da democracia racial no Brasil, que é uma grande mentira, “Casa Grande e Senzala”, defendendo a integração da casa grande com a senzala, e o Florestan desconstruiu Gilberto Freyre no estudo da integração do negro na sociedade de classes no Brasil. Quinze anos da morte do Florestan e nenhuma nota, nada. Se não tivéssemos feito um ato no domingo passado, aqui em São Paulo, para relembrar o fato - inclusive estando presente a sua filha, Heloísa Fernandes - não teria saído nenhum segundo nos principais meios de comunicação do País, uma referência ao maior intelectual do Brasil, aquele que está entre os cinco maiores sociólogos do planeta. E é brasileiro, filho de lavadeira, um esforço monumental para se tornar esse maior intérprete das relações sociais no País, que é o Florestan Fernandes.

E eu vi, pela primeira vez, esse importante brasileiro no programa “Roda Viva”, numa entrevista debatendo o Brasil, debatendo os rumos do País. Vejam a importância da TV Cultura. Lembro que vi também José Saramago discutindo os rumos da literatura, no “Roda Viva”, TV Cultura! E agora João Sayad quer acabar com a nossa TV Cultura. Numa sociedade de massas em que os meios de comunicação de massa têm uma importância extraordinária e todos eles, na regra, se guiam pelo dinheiro, pelo lucro, portanto fazem programas de péssima qualidade porque o que vende é o que interessa para o negócio, um canal como a TV Cultura é de fundamental importância. Gostaria de encerrar com essa reflexão. A TV Cultura é de fundamental importância para trazer documentários. Já assisti a muitos, inclusive na própria TV Cultura, como o dos caiçaras, na região do Vale do Ribeira, das populações tradicionais, como os quilombolas, de populações que não conseguem se expressar nos grandes veículos de massa que se guiam pelo mercado. A TV Cultura tem condições de dar voz para aqueles que não têm voz na sociedade de massa e na sociedade do mercado.

Ela é de fundamental importância, portanto, do ponto de vista cultural e estratégico, para manter vivas essas tradições culturais seculares no Brasil. Também vi um documentário certa vez na TV Cultura sobre os festeiros do Divino, sobre manifestações culturais nordestinas, sobre as questões africanas e indígenas, mas agora, com a chegada desse interventor João Sayad, querem acabar não só com o convênio que vai demitir muitos trabalhadores, inclusive da nossa Assembleia Legislativa.

Quero citar nossa completa solidariedade à carta que recebemos da comissão de funcionários da TV Assembleia. Na qualidade de líder do PSOL, estou dando o total apoio da nossa bancada aos trabalhadores da TV Assembleia e nosso repúdio também total a não só às declarações do João Sayad, mas principalmente as suas intenções, que é acabar com esse canal, fundamental para manter as tradições populares, as raízes populares do Estado de São Paulo vivas, esse que não é um canal de negócios. É de fato uma fundação para promover a cultura e não o lucro. Está muito equivocado, infelizmente, o João Sayad.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

                                                             * * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE  EXPEDIENTE

 

                                                             * * *

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Lelis Trajano, nos termos do Art. 18, inciso I, alínea “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca V. Exas. para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 10 de setembro de 2010, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o 55º aniversário da fundação da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, ministério em Santo Amaro.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Olímpio Gomes, nos termos do Art. 18, inciso I, alínea “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca V. Exas. para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 13 de setembro de 2010, às 10 horas, com a finalidade de comemorar o 92º aniversário da Associação de Auxílio Mútuo dos Oficiais da Polícia Militar.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Fernando Capez, nos termos do Art. 18, inciso I, alínea “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca V. Exas. para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 13 de setembro de 2010, às 20 horas, com a finalidade de prestar homenagem aos corretores de seguros do Estado de São Paulo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, amanhã, às 19 horas e 30 minutos, no Auditório Franco Montoro, aqui na Assembleia Legislativa, haverá o lançamento da plataforma ambiental pelo movimento, pela organização SOS Mata Atlântica. É a plataforma ambiental para os estados da Mata Atlântica. Então, qualquer deputado que puder estar presente a esse ato que quiser aderir será de fundamental importância. E mesmo aos deputados que não puderem estar presentes, basta acessarem o site do SOS Mata Atlântica e a partir da leitura do documento admitir uma adesão integral ou parcial a essa plataforma.

Muito obrigado.

 

            O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembleia, em relação à crise na TV Cultura causada pela intervenção de um economista nomeado praticamente pelo ex-Governador José Serra, gostaria de dizer que comungamos com tudo o que foi dito aqui no plenário. Já tivemos a oportunidade de fazer várias manifestações através da tribuna em defesa da TV Cultura como TV pública, com caráter social, educativo e cultural.

Dentro dessa luta, estaremos promovendo, aqui na Assembleia Legislativa, no Plenário Franco Montoro, no próximo dia 24, terça-feira, às 19 horas, uma grande audiência pública, em defesa da TV Cultura, com a presença de jornalistas, funcionários e sobretudo com os integrantes do programa Manos e Minas, que acabou de ser extinto pelo João Sayad.

É um programa importante, talvez o único programa na TV brasileira que expressa de fato a produção cultural feita pelos jovens da periferia, não só de São Paulo, mas de todo o Brasil. É a cultura do hip hop, que encontrou o seu espaço dentro de uma TV pública. E o programa agora foi extinto do dia para a noite, sem a mínima explicação, sem a mínima satisfação para os produtores e as pessoas que participavam dos vários grupos da periferia.

Essa tem sido a prática odiosa do Governo do PSDB: excluir quem já está excluído na nossa sociedade - a população afrodescendente, a população da periferia, os pobres - e que deveria ter o seu lugar, um lugar privilegiado na TV pública.

Eles foram alijados porque o Presidente da TV Cultura, João Sayad, é economista e tem uma visão elitista de cultura. Para ele cultura é a Orquestra Sinfônica; não sei qual a visão dele sobre cultura, mas ele desvaloriza e desqualifica a cultura popular, a cultura produzida pela nossa população, principalmente por toda uma juventude que está excluída do acesso aos bens culturais da nossa cidade, do nosso Estado e do nosso País, e mesmo assim resiste e produz a sua própria cultura como resistência.

O programa foi extinto no último sábado. Mas vamos fazer a resistência. Nós queremos o programa de volta para a TV Cultura. A população do Estado de São Paulo não vai aceitar que o PSDB, que o ex-Governador José Serra, através do seu interventor, João Sayad, acabe com a TV Cultura, que é uma TV pública de caráter social, educativo e cultural. Não é uma TV do Governo, não é uma TV do tucanato. É uma TV da população do Estado de São Paulo, sustentada com os nossos impostos.

A audiência pública que realizaremos é de resistência, de denúncia contra essa afronta a uma TV que faz o contraponto com as TVs comerciais, que visam apenas ao lucro e não à qualidade na programação. A TV Cultura tem essa função de oferecer qualidade e promover a Cultura, a Educação. A população toda está convidada a participar dessa audiência pública. Estaremos recebendo a presença de todos os integrantes do programa Manos e Minas. O programa será inclusive realizado aqui.

Sr. Presidente, amanhã estaremos mais uma vez presentes na Praça João Mendes, apoiando o movimento dos servidores do Judiciário. Os trabalhadores do Poder Judiciário estão tendo os seus direitos desrespeitados e não cumpridos pelo próprio Tribunal de Justiça, que deveria ser o guardião da nossa legislação.

A data-base dos servidores, por exemplo, não é respeitada, e nem a Constituição Federal. Os servidores já estão há mais de 100 dias em greve, e nada acontece. Estamos assistindo a um jogo de “empurra”: a presidência do Tribunal de Justiça diz que o Executivo não libera os recursos e o Governador diz que o Tribunal de Justiça tem dinheiro para saldar o atendimento dessas reivindicações.

Quem sofre com isso é o servidor e a população também. Estamos, portanto, apoiando o movimento. Já colhemos aqui 23 assinaturas para a instalação da CPI do Judiciário. Aproveito para agradecer aos Srs. Deputados e Sras. Deputadas que já assinaram; inclusive Deputados da própria base governista estão assinando o nosso pedido de CPI. Já acionamos o Conselho Nacional de Justiça para que haja uma inspeção e uma audiência pública em São Paulo, para resolvermos essa situação e pressionarmos a presidência do Tribunal de Justiça a atender as reivindicações legítimas e justas dos servidores.

Não posso deixar de dizer que nos preocupa cada vez mais a situação da Educação no Estado de São Paulo. Nesses últimos dias, tivemos acontecimentos que acabam prejudicando ainda mais a Educação do Estado de São Paulo, e mostram o quanto a política educacional desse Governo fracassou, não deu em nada.

Só tivemos projetos marqueteiros para ludibriar a opinião pública, e agora a crise está aparecendo aos olhos de toda a população. Estou me referindo à última proposta danosa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, de dar um vale-presente para os alunos, de 50 reais, para que eles frequentem as aulas de reforço da disciplina de Matemática. Estaria também pagando 115 reais para alunos do Ensino Médio lecionarem Matemática para outros alunos, tirando a atribuição do Magistério, ou seja, tentando economizar os custos.

Em vez de investir recursos na valorização dos profissionais da Educação, o Governo inventou mais essa, para piorar a situação. A proposta foi tão desastrosa e ridícula, tão criticada pela sociedade, que o próprio Secretário da Educação, que lançou a ideia, retirou ontem a proposta, porque viu que era inviável.

Sr. Presidente, praticamente não estamos tendo sessões, porque o plenário anda esvaziado, sem dar quorum para podermos fazer as nossas manifestações. Mas, recentemente a "Folha de S.Paulo" publicou uma matéria dizendo que São Paulo gasta 63 milhões em quadras mal feitas. Já tínhamos aqui exaustivamente feito essa denúncia, já tínhamos acionado o Ministério Público e o próprio Tribunal de Contas, mostrando o superfaturamento das construções escolares, inclusive de quadras para a prática de Educação Física.

Na nossa Rede Estadual de Ensino, temos centenas, ou até milhares, de escolas sem quadras de esporte para as aulas de Educação Física, além das escolas que ainda não tiveram as suas quadras cobertas. Constantemente estamos fazendo visitas e diligências nas escolas e denunciando esse fato.

Temos, por exemplo, na região da zona Sul, no bairro do Grajaú, duas escolas sem quadras: a Escola Estadual Presidente João Goulart, que tem uns 30 anos de existência, e até hoje o Governo estadual não construiu a quadra para os alunos frequentarem e terem as aulas com dignidade. Uma outra escola, da mesma região, no Jardim Lucélia, construída há uns cinco anos, a Escola Estadual Leonel Brizola, também não tem a quadra construída. Temos, portanto, centenas de escolas no Estado de São Paulo nessa situação. Já fizemos uma relação e encaminhamos para a Secretaria da Educação, e até agora nada, nenhuma resposta.

O Tribunal de Contas relata falhas em escolas estaduais, como a colocação de pilares muito próximos às linhas das quadras. Ou seja, é uma construção irregular, e o Estado está pagando para as empreiteiras construírem quadras inadequadas, com superfaturamento de obras.

Estamos, inclusive, pedindo a CPI da Educação para investigar esse desvio, essa corrupção que tem canalizado os recursos do Orçamento da Educação para o ralo profundo da corrupção. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra, por cessão de tempo do nobre Deputado Enio Tatto, o nobre Deputado Antonio Mentor.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias, nos últimos três anos e meio, temos assistido a um dos episódios mais dantescos da relação entre os servidores públicos e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em primeiro lugar por conta da falta de abertura para uma negociação, um debate para discutir as reivindicações que os servidores, com absoluta legitimidade e justiça, apresentaram aos dirigentes do Judiciário paulista. Não houve, da parte do Tribunal de Justiça e seus dirigentes, abertura democrática para que se compusesse uma mesa de negociação para debater as demandas sindicais dos servidores.

Por conta disso, várias iniciativas foram adotadas pelo Legislativo paulista. O Colégio de Líderes discutiu o tema, recebeu representantes das entidades sindicais dos servidores do Judiciário, ouviu suas propostas, tomou iniciativas junto ao Presidente do Tribunal de Justiça, procurou estabelecer o diálogo, mas não foi feliz na intermediação desta questão tão fundamental para o povo paulista. O Judiciário está parado há mais de 100 dias, a maior paralisação registrada na história do Judiciário paulista. Por causa deste legitimo movimento, outras propostas foram trazidas a esta Casa: a Comissão de Representação que não teve resultado positivo, e a proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que foi trazida a este plenário, iniciada pelo nobre Deputado Carlos Giannazi. Ela foi amplamente debatida na nossa bancada, Partido dos Trabalhadores que tenho a honra de liderar, e que, num primeiro momento, avaliou que o objeto proposto naquela Comissão Parlamentar de Inquérito não satisfazia as necessidades do movimento sindical e não atingia o coração do problema, como era o desejo da bancada petista nesta Casa.

No entanto, por razões várias, deputados da nossa bancada acabaram por subscrever aquele pedido de instalação de CPI, mesmo sabendo que esta comissão, a 18ª na ordem cronológica das comissões que estão inscritas na Casa, não teria a possibilidade de ser instalada, haja vista que todos os pedidos de CPI, no dia 14 de março de 2011, serão arquivados se não tiverem sido instaladas, e mesmo que instaladas, no final desta legislatura, irão para o arquivo.

Pessoalmente, não assinei este pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito. Não concordo com o seu objeto, com a forma como foi formulada e debatida na Casa. Estou absolutamente convencido de que o foco dessa discussão não é a relação entre os servidores e os dirigentes do Judiciário paulista. O foco fundamental deste debate tem de ser direcionado para a relação entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo do Estado de São Paulo. Ao arrepio da Constituição Federal e da Constituição do Estado de São Paulo, o Executivo, ainda que essa proposta estivesse dentro dos limites percentuais do orçamento, conferidos pela Constituição Federal e pela Constituição do Estado, faz cortes, elimina gastos e reduz como bem entende o orçamento apresentado, de modo a impedir que o Judiciário paulista exerça a sua função com as prerrogativas que lhe são garantidas pela Constituição do Estado de São Paulo.

Daí, este resultado absurdo que estamos verificando, com a paralisação dos servidores por mais de 100 dias, com o argumento de que há recursos sim para garantir o reajuste proposto pela categoria. Mas estes recursos que estão no orçamento não são aqueles direcionados para a folha de pagamento. Os recursos para a folha de pagamento foram cortados de maneira unilateral, autoritária e inconstitucional pelo Governo do Estado de São Paulo.

Seguindo este raciocínio, não há dúvida de que esta Casa deve focar a relação entre o Judiciário e o Executivo, de modo a impedir que o Executivo paulista, o Governo do Estado, de maneira autoritária, continue ceifando o Orçamento do Judiciário, subordinando o Judiciário paulista.

Este é, do meu ponto de vista, o foco principal desta relação que precisa ser investigada. É preciso que o Legislativo paulista garanta ao Judiciário a sua autonomia, e a sua autonomia financeira garantida pela Constituição do Estado de São Paulo como fizeram outros estados que, ao verem seus orçamentos cortados de maneira unilateral pelo Executivo, foram ao Supremo e garantiram através de decisão liminar que os orçamentos apresentados, desde que estivessem dentro dos limites estabelecidos pela Constituição, fossem integralmente respeitados.

Penso que deva ser esta a atitude do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que vá ao Supremo e exija o cumprimento da Constituição Federal e da Constituição do Estado de São Paulo, não permita que o Governador reduza de maneira unilateral, autoritária e irresponsável o Orçamento do Judiciário Paulista. 

É dito pelos sindicalistas, representantes das categorias do Judiciário Paulista, que existem desmandos, descalabros, privilégios no Tribunal de Justiça, benefícios para os desembargadores, juízes. Acredito que haja, sim, mas não é essa a razão pela qual os servidores estão sendo espezinhados. A razão pela qual os servidores do Judiciário não são atendidos nas suas justas demandas é a forma autoritária, impositiva, ditatorial do Governador do Estado de São Paulo e dos governos que vêm se sucedendo comandados pelo PSDB que, de forma desrespeitosa, vêm ceifando o  Orçamento do Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, por essa razão e para demonstrar com clareza qual o objeto central da nossa proposta, também apresentamos, mesmo correndo o risco de ver essa proposta em 15 de março do ano que vem também arquivada, um requerimento de constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito para que esta Casa possa dar satisfação necessária aos servidores do Judiciário Paulista, focando de maneira adequada os problemas que existem entre o Executivo e o Judiciário.

  Para concluir a minha fala, quero dizer que tenho sido cobrado, criticado, espezinhado por alguns servidores do Judiciário. Estou absolutamente convencido de que o tempo vai demonstrar as minhas razões, mas, neste momento, prefiro perder a popularidade do que perder a credibilidade.

 

                                                             * * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Luciano Batista.

 

                                                             * * *

 

O SR. PRESIDENTE - LUCIANO BATISTA - PSB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni, por permuta de tempo com o Deputado Eli Corrêa Filho.

 

O SR. EDSON GIRIBONI - PV - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, estamos  caminhando para o final de mandato desse Governo, mandato de Deputados Estaduais. Apesar de hoje toda classe política estar voltada a questões eleitorais - já estamos no período eleitoral -, temos hoje o início da campanha eleitoral na mídia. Portanto, o foco acaba sendo as próximas eleições no dia 3 de outubro, mas também é um momento de avaliação, reflexão, análise dos resultados de um governo, independente de partido, do comportamento da Assembleia, enfim, da classe política que exerceu o mandato nesses quatro anos.

Eu, como Deputado no Estado de São Paulo, mas representando Itapetininga, da região Sudoeste do Estado de São Paulo, entendo que avançamos nesses quatro anos. A minha região recebeu investimentos importantes para o seu desenvolvimento. É uma região, juntamente com o Vale do Ribeira, que apresenta ainda os piores indicadores sociais, econômicos, onde temos o padrão de vida inferior a demais regiões do Estado de São Paulo. O grande desafio colocado à minha frente é fazer com que essa região possa começar a se desenvolver num ritmo mais acelerado, mais acentuado para que pudéssemos diminuir as injustiças que ainda temos dentro do Estado de São Paulo.

Quero dizer que a minha região recebeu altos investimentos na sua infraestrutura, nas estradas vicinais. Investimentos importantes foram feitos nessa região altamente agropecuária, região voltada ao negócio do campo, à nossa zona rural. Algumas estradas estaduais começaram a ser recuperadas, as outras em fase de licitação.

Tivemos também investimentos importantes na questão da saúde pública, com dois ambulatórios médicos: um na minha cidade de Itapetininga já em funcionamento, outro na cidade de Itapeva prestes a ser inaugurado.

Tivemos a ampliação dos cursos técnicos da Faculdade de Tecnologia e a implantação de novas escolas técnicas da Fundação Paula Souza. São ações que vêm dar condições para que a Região Sudoeste possa competir em igualdade de condição com as regiões mais desenvolvidas para que possamos ter realmente desenvolvimento mais acelerado nos próximos anos. Logicamente, muito ainda terá que ser feito para essa região e para a Região do Vale do Ribeira, que poderíamos simular porque são regiões que parecem com países da África, quando comparamos com outras regiões dos países do Primeiro Mundo na discrepância na qualidade de vida das pessoas. Mas entendo que avançamos nesse sentido.

Começou realmente a haver movimento no sentido de recuperar os padrões de desenvolvimento da Região Sudoeste do Estado de São Paulo, assim que estivemos  caminhando com uma visão de igualdade, de justiça.

Temos também algumas ações que foram colocadas e aprovadas na Assembleia no sentido da valorização do funcionalismo público do Estado de São Paulo. O funcionário público do nosso Estado pagou pelos ajustes que se fizeram necessários a partir de 1994 com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ao longo desses anos, o funcionário público do Estado pagou uma conta relativamente alta para que o Estado pudesse se adequar à nova legislação. Nesses três anos e meio que estamos aqui na Assembléia, vários projetos que melhoraram as condições do funcionalismo público foram votados. Mas, considerando a defasagem, considerando o longo tempo que o funcionalismo público do Estado ficou sem as devidas reposições, sem realmente repor o seu poder aquisitivo, por mais que tivesse sido feito nesses três anos de governo, muito terá que ser feito nos próximos quatro anos. Esses são alguns dos desafios que se apresentam para a próxima Assembleia Legislativa, que será eleita agora no dia 3 de outubro. Os desafios que serão colocados ao próximo governador são: diminuir as injustiças no Estado de São Paulo, continuar a política de valorização do Estado.

Fico muito contente porque na Lei de Diretrizes Orçamentárias, da qual fui o relator, colocamos uma emenda de minha autoria sinalizando a possibilidade de valorização do funcionalismo público. Esta Casa de Leis aprovou essa minha emenda, o atual Governador sancionou a LDO com esse artigo que sinaliza a possibilidade de uma política mais efetiva de valorização do funcionalismo público do nosso Estado.

O outro desafio, que será colocado para os próximos quatros anos para o futuro governador de São Paulo e para os próximos deputados eleitos, é continuarmos a permitir que o Estado continue investindo maciçamente no transporte metroferroviário da Grande São Paulo. Assistimos diariamente grandes congestionamentos na Grande São Paulo. Os trabalhadores, principalmente os mais humildes, perdem três, quatro, cinco horas do seu dia para se deslocarem até seu local de trabalho ou de estudo ou a hospitais, provocando uma grande agressão ambiental porque todo esse trânsito parado provoca uma emissão muito grande de gases de efeito estufa. Então, temos de enfrentar esses problemas com bastante determinação e nestes três anos e meio, a Assembleia Legislativa foi parceira aprovando vários projetos que permitiram investimentos importantes no sistema metroferroviário no Estado de São Paulo, mas a verdade é que durante muito tempo pouco se investiu proporcionalmente numa área tão sensível ao trabalhador, principalmente o mais humilde, aquele que depende 100% do transporte público para o seu dia a dia, para o seu trabalho, para o seu lazer, para a sua educação. Então, quando se investe no transporte metroferroviário está-se fazendo um investimento de alto alcance social, de alto alcance ambiental e também econômico: ganho de tempo dos trabalhadores e agilidade no transporte de mercadorias diminuindo o trânsito sobre as nossas vias públicas já saturadas.

Também avançamos na questão ambiental.

Esta Casa de Leis aprovou, inclusive com uma emenda do Partido Verde, a lei de políticas e mudanças climáticas no Estado de São Paulo, estipulando a redução dos gases de efeito estufa no nosso Estado até o ano de 2020 em 20%, comparando-se com o que foi emitido em 2005.

Portanto, avanços importantes tivemos, particularmente em relação a minha região, a região sudeste do Estado de São Paulo. Investimentos importantes tivemos na questão ambiental, investimentos importantes tivemos no sistema metroferroviário da Grande São Paulo. Esses são os desafios colocados: o Estado continuar avançando, continuar investindo em áreas prioritárias, em áreas que efetivamente as pessoas precisam do investimento do Estado. Sabemos das nossas carências ainda muito grandes na Saúde pública, o SUS é um modelo bonito, mas na prática apresenta grandes deficiências. A nossa Educação pública precisa melhorar bastante, esta é uma questão de grande justiça social, permitirmos que as crianças mais humildes, que não podem frequentar uma escola particular, possam ter o mesmo nível de ensino de crianças de famílias abastadas. São ações efetivas nesse sentido que esperamos ocorram no Estado de São Paulo nos próximos quatro anos.

Que o próximo governador e os próximos deputados eleitos tenham sensibilidade para melhorar o desenvolvimento do nosso Estado, diminuir as injustiças que ainda ocorrem de forma muito forte, permitindo assim que as pessoas possam viver melhor no Estado de São Paulo.

Se o Estado de São Paulo fizer a sua lição de casa, tenho certeza de que terá reflexo para o Brasil. O nosso Estado cumprindo a sua missão estará também melhorando o Brasil, a vida dos brasileiros. 

 

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- Assume a Presidência o Sr. Adriano Diogo.

 

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O SR. PRESIDENTE - ADRIANO DIOGO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Luciano Batista, por permuta de tempo com o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

            O SR. LUCIANO BATISTA - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, estava ouvindo com muita atenção a fala do Líder do PT, Deputado Antonio Mentor, pessoa que admiro muito porque já detém uma experiência política muito grande, está no seu terceiro mandato, irmão do Deputado Federal José Mentor, enfim, falou aqui com muita propriedade da CPI do Judiciário. Estou acompanhando essa greve, aliás, no dia da Revolução Constitucionalista, estive com funcionários do Fórum de Santos, que me procuraram na sexta-feira para expor os problemas. Recebi em meu gabinete uma comissão de funcionários dos Fóruns de Santos, São Vicente, Itanhaém, Praia Grande, que me passaram informações mais precisas do que estava acontecendo. Juntei essas informações por escrito, tirei cópia e enviei para os deputados do PSB, meu partido, para que analisassem e para que, se fosse o caso, assinassem a instauração dessa CPI. Conversei exaustivamente com o Deputado Jonas Donizette sobre o assunto e a ideia foi reunir a bancada para tomar uma posição. Pois bem.

            Tenho recebido - não sei se os deputados receberam - vários e-mails extremamente agressivos, inclusive separei um - todos têm um texto muito parecido - o e-mail da Jaqueline Cristina, pelo menos é assim que a pessoa se identifica, que diz o seguinte: “E então, caro deputado, por que ainda não assinou a CPI do Judiciário? Onde está a honradez, dignidade e transparência de que os senhores tanto falam? Os deputados deveriam fiscalizar como está sendo utilizado o dinheiro público, independente do partido político. O senhor tem medo de quê? Dessa forma vai deixar de ganhar votos. Ainda está pensando se vai assinar um documento tão importante? Achei, sem nenhuma sombra de dúvida, que o senhor assinaria aquela CPI com toda dignidade e agora estou decepcionada, pois ainda não vi sua assinatura lá. O que está acontecendo: medo? Por acaso está esperando outro cargo? (No Judiciário tem distribuição de cargo? Eu desconheço. Nunca ouvi falar, muito menos soube de alguém que fosse nomeado dessa forma.) A assinatura pode ser um empecilho? Como assim? Cadê sua dignidade, hombridade, honradez, transparência? Foram jogadas no lixo? Ainda tenho esperança de ver a sua assinatura. Desde já obrigada.” Primeiro faz essa série de acusações e depois diz obrigada. 

  É importante esclarecer uma coisa, fazendo coro ao que disse o Líder do PT, Deputado Antonio Mentor. Como tenho muitos amigos e pautei minha vida por uma postura que considero a correta, independente de cada um fazer o que quer, cada um torcer para o time que quer, cada um comer o que quer, cada um andar como quer, cada um vestir-se como quer, preciso explicar o por que da não assinatura para a CPI. Eu não quero alimentar uma falsa expectativa para algo que não vai dar em nada. Sabe por que não vai sair nada? Nesta Casa de Leis existem regras, regulamentos, como têm no Fórum, no Executivo, no Judiciário, nas escolas, na nossa casa, enfim, e uma das regras aqui na Assembleia é a seguinte: só podem funcionar cinco CPIs e já temos cinco CPIs funcionando nesta Casa: a CPI da segurança alimentar, a da gorjeta, a do Bancoop, a da pedofilia e a da possível fraude no licenciamento e recolhimento do IPVA. Todas elas datam de 2008. São CPIs propostas por requerimento em 2008, colhidas as assinaturas, foram instaladas em 2009. Estão funcionando e podem funcionar por 120 dias prorrogáveis por mais 60. Podem, portanto, durar em torno de seis meses.

  Vamos admitir, Jaqueline e pessoas que estão mandando e-mails agressivos, que todos os deputados desta assinassem - 50, 09, 94. Essa CPI vai para uma fila. Regimentalmente tem que se respeitar uma ordem de chegada do pedido de CPI. Hoje existem 19 CPIs na fila. São elas: CPI para apurar a prática de irregularidades no serviço de TV por assinatura; CPI da Pesca Predatória; CPI da real situação do ensino superior das escolas particulares; CPI para apurar as irregularidades nos institutos de aferição de audiência; CPI para apurar o estado dos rios em São Paulo; CPI para investigar as empresas que exercem atividades de coleta de produtos de origem animal - sebo, ossos, resíduos de carnes e gorduras; CPI que investiga as clínicas especializadas em reprodução assistida; CPI que investiga os cartões bancários; CPI que investiga as lojas que vendem a prazo e cobram juros, embora digam que não cobram; CPI que investiga as empresas de telemarketing; CPI que investiga o consumo de gordura hidrogenada; CPI que investiga o alto índice de agrotóxicos nos alimentos; CPI para eventual carterização do mercado de autopeças; CPI sobre contratação de serviços odontológicos; CPI que quer investigar adoção de crianças e adolescentes; CPI para investigar a indústria de suco de laranja e uma para investigar os planos de saúde.

Então, há hoje na Casa 19 CPIs aguardando para serem instaladas. O que vai acontecer? Não haverá tempo hábil para apurar tudo nas cinco importantes CPIs que no momento estão funcionando, instalar mais 19, concluir e instalar essa vigésima, se chegar às 32 assinaturas. Meus queridos amigos que trabalham no Judiciário, não posso participar disso porque não vai dar em nada. No dia 14 de março de 2011, todas essas CPIs vão para o arquivo. Vocês vão ficar aborrecidos comigo, mas, se pensar, essa é a verdade.

Não estou preocupado com eleição, como diz a moça aqui “vai perder o voto”. Não se fazem as coisas só pensando em voto. Essa CPI deveria ter sido instalada lá atrás ou quando começar o próximo mandato. Seria uma coisa bem feita, com termos claros, objetivos. Sabendo eu que há cinco funcionando e 19 na fila, vou assinar para quê? Para ser aplaudido num caminhão em frente ao Fórum, na Praça João Mendes? “Bonito, deputado. Parabéns. Assinou.” No que vai dar isso? Em nada. Porque não há tempo de fazer apuração nenhuma.

  Então, o que se está fazendo hoje, é não levar informação correta a você que tem esperança de que essa CPI vai resolver alguma coisa. Infelizmente não é possível. Excepcionalmente não é possível. A verdade é que não é possível bater palma para um louco dançar. As pessoas têm que ter noção de que essa é a verdade, e eu não participo de uma enganação. Depois vou encontrar as pessoas na Baixada Santista, com meus amigos, e vou dizer: não falei que não ia dar nada? Não é porque eu quero, é porque existem regras. E a regra é clara. Não adianta enganar as pessoas.

            Era isso, Sr. Presidente.

 

  O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, nossa assessoria, pessoal que nos acompanha nesta tarde, estivemos hoje em uma audiência pública com a secretária Dilma Pena para discutir essa campanha de suficiências de água da Bacia do Rio Piracicaba e do Sistema Cantareira. Essa audiência nos foi solicitada pelo Sr. Nelson Pinotti, pelo professor Buzzeto, pelo presidente Longato, da Câmara de Vereadores, por outras entidades como o Fórum Permanente de Defesa da Bacia do Rio Piracicaba, a Lions, Codema, Cemae, a Câmara, e o objetivo foi, é e sempre será buscar alternativas para o Sistema Cantareira que ao mesmo tempo permitam a recuperação hídrica da Bacia do Piracicaba.

Há 35 anos muitos litros de água são desviados por segundo; ficam na capital e saem da nossa Bacia. Agradeço à secretária Dilma Pena que nos atendeu hoje por mais de uma hora e meia de reunião. Dali saiu uma pauta de trabalho e teremos outro encontro nos próximos dias, daí também com o secretário de Meio Ambiente, para que o assunto seja discutido.

  Ampliou-se também para o Rio Corumbataí. Hoje, 95% do abastecimento de água de minha cidade são feitos pelo Rio Corumbataí. Foi uma discussão ampla com todos os representantes da sociedade organizada sobre esse problema tão sério da Bacia do Piracicaba. Os piracicabanos têm orgulho. Alguns pontos da cidade chamam a atenção, mas o rio é o principal. Há até a música tradicional que diz “ O rio de Piracicaba vai jogar água para fora.” Sabemos da sua importância e somos privilegiados por um rio que corta a cidade no seu centro, a 600 metros da praça da Matriz, onde está a catedral de Santo Antonio. Há muito peixe no rio; na época da cheia o pessoal vai lá pescar, há passeio de barco de turismo feito pelo nosso amigo Fernando em todos os finais de semana. Enfim, para nós é motivo de orgulho falar e defender o Rio Piracicaba.

  Enquanto deputado representante da minha cidade, da minha região nesta Casa, queremos dizer às pessoas que nos solicitaram a audiência que a secretária foi muito solícita. Estava o presidente do DAE e outras pessoas importantes para discutir essa questão hídrica, a questão da Bacia do Piracicaba. O encaminhamento está sendo dado e esperamos chegar a uma solução. Não podemos imaginar ver esse rio tão bonito morrer.

Enquanto representante daquela região, no maior parlamento do país, estamos satisfeitos com o encaminhamento dado. Aos poucos traremos as informações; não queremos antecipar nada, mas serão positivas, após a audiência de hoje na Secretaria de Saneamento do Estado. Valeu pela presença das pessoas que se deslocaram 160 quilômetros e vieram aqui para buscar solução para o rio de Piracicaba. Agradeço, mais uma vez, à secretária Dilma, pela maneira como atendeu e fez o encaminhamento. Já há uma extensa pauta de trabalho no sentido de continuarmos lutando em defesa do nosso rio.

Aproveito para dizer que ontem, depois de uma grande luta, finalmente chegou o helicóptero Águia da Polícia Militar, que vai ficar no CPI 9 de Piracicaba. Até então Piracicaba dependia de Campinas, do Comando de Policiamento do Interior, a Polícia Militar; dependia da Polícia Civil, do Dinter, também de Campinas. O Dinter II, CPI 9, foi criado no final do governo passado. Depois de várias gestões, de contato com a Secretaria de Segurança Pública, chegou ontem o helicóptero Águia que será entregue oficialmente na sede do CPI 9, Avenida Américo Vespúcio, Bairro do Algodoal, em Piracicaba. É mais um item de segurança que conseguimos levar para 52 cidades que compõem o nosso CPI 9. Piracicaba comanda essa região, indo até São João da Boa Vista; são 52 cidades que hoje estão sob a jurisdição de Piracicaba no Comando de Policiamento do Interior.

Obrigado ao governador do estado, ao secretário, já que o helicóptero chegou na cidade de Piracicaba e estará à disposição para dar segurança aos munícipes não só da nossa cidade como de todas as 52 cidades que compõem o CPI 9.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, e pessoas que nos acompanham através da TV Assembleia.

 

O SR. PRESIDENTE - ADRIANO DIOGO - PT - Esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente, vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

                                              

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O SR. PRESIDENTE - ADRIANO DIOGO - PT - Há sobre a mesa os seguintes requerimentos:

Requerimento de regime de urgência para o Projeto de lei nº 432, de 2010, de autoria do Sr. Governador. Assina o Deputado Estevam Galvão, com número regimental de assinaturas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo, queriam conserva-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento de regime de urgência para o Projeto de lei nº 687, de 2006, de autoria do Deputado Carlos Neder. Assina o Deputado Enio Tatto, então líder da bancada do PT.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo, queriam conserva-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento de regime de urgência para o Projeto de lei nº 180, de 2009, de autoria do Tribunal de Justiça. Assina o Deputado José Bittencourt, com número regimental de assinaturas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo, queriam conserva-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento de regime de urgência para o Projeto de lei nº 1433, de 2009, de autoria do Poder Judiciário. Assina o Deputado Campos Machado, com número regimental de assinaturas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo, queriam conserva-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. ROBERTO MORAIS  - PPS - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ADRIANO DIOGO - PTEsta Presidência comunica que amanhã, por iniciativa da organização SOS Mata Atlântica, haverá o lançamento da plataforma ambiental para os estados da Mata Atlântica. Ficam todos os deputados desta Casa convidados para comparecer ao Auditório Franco Montoro, às 19 horas e 30 minutos, para adesão. Em caso da impossibilidade da presença dos deputados, basta acessar o site do SOS Mata Atlântica e aderir à Plataforma ambiental dos Estados para que seus nomes como aderentes sejam divulgados em todo o território nacional.

  Sras. e Srs. Deputados, esta Presidência, cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia da Sessão Ordinária de amanhã o Projeto de lei nº 449, de 2007, vetado.

  Nos termos do Art. 239,  Parágrafo 6º, da XIII Consolidação do Regimento Interno, esta presidência adita à Ordem do Dia o Projeto de Decreto Legislativo nº 22, de 2010.

  Havendo acordo de líderes, antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje e os aditamentos ora anunciados.

Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 35 minutos.

 

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