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13 DE AGOSTO DE 2012

098ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO e OLÍMPIO GOMES

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

003 - JOOJI HATO

Recorda a preocupação dos brasileiros com a segurança e a saúde. Repudia a produção de armas. Argumenta que os problemas gerados pela violência afetam o atendimento normal da população quanto à saúde pública. Repudia ocorrência desse final de semana, quando marginais atearam fogo a policial civil.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Faz sugestão de leitura de artigo, publicado em 12/08, na "Folha de S. Paulo", intitulado "O legado da Copa e das Olimpíadas". Destaca trechos da matéria. Lamenta vetos do Governador ao projeto que trata da LDO, em artigo que pedia transparência nos gastos com estrutura da Copa do Mundo, e também, do que trata de investimentos nas áreas metropolitanas. Repudia a falta de transparência na gestão do PSDB. Afirma que irá acionar o Ministério Público sobre o caso.

 

005 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

006 - OLÍMPIO GOMES

Lembra artigo da Constituição que trata da transparência na administração pública. Recorda que São Paulo é uma das cidades que sediará jogos da Copa do Mundo. Repudia o uso de dinheiro público na construção de estádio privado do Corinthians. Informa que o 39º batalhão da PM, em Itaquera, dispõe de um único banheiro para atender os 500 policiais ali instados. Informa que, em vários jogos, são vistos equipamentos de segurança que serão utilizados pela Polícia durante a Copa. Acrescenta que nenhum desses equipamentos foi licitado. Manifesta-se sobre o legado da Copa, no que tange à infraestrutura e segurança. Relata sua preocupação com o indulto do Dia dos Pais, quando em média 10% dos condenados não retornam aos presídios. Comenta ações da Polícia Militar feitas nesse período.

 

007 - CARLOS GIANNAZI

Comenta decisão do Governo Federal de mobilizar base governista para retardar a votação, no Plenário da Câmara dos Deputados, do Plano Nacional de Educação, que propõe 10% de investimentos do PIB em educação, já apreciado por comissão especial. Combate declarações dos ministros Mantega e Mercadante sobre a proposta, fato que teve adesão de alguns setores da mídia. Dá conhecimento da mobilização do PSOL, favorável à medida. Justifica que, se adotado o valor, "o País não quebra, pelo contrário, avança".

 

008 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Lembra reunião com o Incra, no dia 19/07, para discutir a safra da laranja, com participação de entidades de agricultura familiar. Comunica que a crise atinge quase 300 municípios produtores de laranja. Dá conhecimento de reunião no mesmo órgão, com representantes da Região Metropolitana de São Paulo e cidades próximas para absorver o fruto. Adita que o Governo Federal disponibilizou 22 milhões de reais para a agricultura familiar e 28 milhões para os agronegócios. Informa que está agendada para o dia 16/08, nesta Casa, audiência pública sobre a "precarização do trabalho, desafios e perspectivas", que deve ser tratar da legislação, trabalho escravo e terceirização.

 

009 - OLÍMPIO GOMES

Lamenta decisão 1ª Vara Cível da Justiça de São Paulo, que aceitou recurso de redes de supermercados, que insistem em cobrar do consumidor o embalamento dos produtos, fato que, adita, afeta a dignidade do consumidor. Afirma que o valor de 0,19 centavos já está embutido no preço das mercadorias. Acrescenta que a decisão dever ter efeito a partir de 15/09. Cita tramitação de projeto, de sua autoria, que obriga o estabelecimento comercial a fornecer embalagens para os produtos.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Apela ao Governo Federal para abrir processo de negociação com entidades representativas dos servidores federais, com várias categorias em greve. Cita determinações da Organização Internacional do Trabalho. Considera autoritário decreto da Presidente Dilma Rousseff, que autoriza o desconto dos dias parados e autoriza o Governo a nomear servidores estaduais e municipais para substituir os grevistas. Lembra que as greves ainda não foram julgadas. Acrescenta que a medida criaria precedente. Combate as gestões do PSDB no que tange às relações com o funcionalismo. Lembra apoio da CUT e de outras entidades sindicais aos servidores públicos. Endossa as reivindicações do funcionalismo federal.

 

011 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, recorda a aprovação do Plano Nacional da Educação, em comissão especial do Congresso. Dá conhecimento da lista de partidos e Deputados contrários à medida, que apresentaram recurso, pedindo que a proposta seja apreciada pelo Plenário da instituição. Lê e comenta o citado recurso, com o nome de Deputados Federais e partidos.

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, dá continuidade à leitura do documento de Deputados Federais contrários à aplicação de 10% do PIB no Plano Nacional da Educação.

 

013 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

014 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 14/08, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização da sessão solene, hoje às 20 horas, em "Homenagem ao Dia da Comunidade Alemã". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o primeiro orador inscrito para falar no Pequeno Expediente nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, mais uma vez quero me ater àquilo que mais me preocupa e preocupa também o povo brasileiro hoje.

Quando se pergunta a um cidadão de qualquer ponto do país o que mais lhe aflige, certamente ele dirá segurança, violência, Saúde.

Não consigo entender por que os nossos governantes não conseguem obter um grau maior de segurança ou pelo menos a sensação de segurança. Eu não vejo dificuldade para isso.

O que provoca a violência? O que provoca a violência, a morte são as armas de fogo. Se não tivéssemos as armas de fogo, as armas brancas, talvez não tivéssemos tanto infortúnio, tantas famílias desagregadas, crianças órfãs de pai ou de mãe, pessoas que perdem os irmãos. E qual é a dificuldade em fazer esse controle?

É claro que tem um problema maior, que é o interesse econômico dos fabricantes de armas, porque os senhores da guerra querem ganhar cada vez mais, não importa como. Mas nós, cidadãos, queremos a paz, queremos saúde e queremos segurança. Qualquer indivíduo ferido certamente vai ocupar um leito hospitalar - de UTI ou cirúrgico -, extremamente caríssimo para esse momento em que vivenciamos carências de recursos em setores fundamentais como Cultura, Esporte, Emprego, Educação e Saúde. Vivemos numa escassez de recursos causada pela violência. Temos um gasto enorme para conter a violência e, ainda assim, não conseguimos obter a segurança.

Os leitos ocupados por vítimas de violência fazem muita falta aos cidadãos que precisam fazer um tratamento médico-hospitalar decente, em termos de outras patologias como, por exemplo, intestinais, gástricas, cardíacas, doenças como hipertensão e diabetes. Há vezes em que as pessoas precisam de um tratamento, mas não têm, porque a violência consome todos os leitos.

Eu pergunto qual é a dificuldade? Em um estádio de futebol, em plena comemoração, não acontece nada porque, ao entrar, o torcedor é revistado. Por isso, ele deixa suas armas do lado de fora, escondidas no ônibus ou no porta-malas dos carros. Quando sai, briga por qualquer motivo, fere as pessoas por nada, por uma briga qualquer.

Hoje, eu assistia à TV e vi mais um caso, dentre tantos outros, em que dois garupas de moto abordaram um policial e atearam fogo nele. Agora, o policial está hospitalizado. É assim.

Não conseguimos controlar essa violência que está matando policiais, matando as pessoas que querem e são pagas para nos proteger. Os marginais, na cara dura, estão matando nossos defensores, os defensores da família e do cidadão, que são mal pagos, concordo, porque a violência consome os recursos que iriam para os salários dos policiais.

A violência consome leitos hospitalares fundamentais, meu caro Deputado Carlos Giannazi, mas também consome recursos fundamentais que poderiam ir para o esporte, para a geração de emprego, para a cultura, o que iria diminuir a violência.

Estou muito feliz em estar aqui hoje, na tribuna. Deus me deu essa dádiva de poder falar aqui. Ganhei uma eleição dificílima; fui vereador por 28 anos, na Capital. Agora que cheguei a esta Casa, nossa função é lutar pela Segurança, pela vida e pelo direito de ir e vir.

Haveremos de conquistar um pouco de segurança. Cabe aos governantes começarem a se organizar, a controlar os dois pilares que sustentam a violência: álcool e drogas e as armas, que são contrabandeadas, roubadas. São armas que infelicitam e matam. E nós, através da Polícia, fazendo blitz do desarmamento em todos os pontos, principalmente os estratégicos, haveremos de buscar qualidade de vida, haveremos de garantir a cada cidadão o direito à vida e o direto de ir e vir. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, hoje quero apresentar duas situações paradoxais, logicamente contraditórias.

A primeira, até uma sugestão de leitura que faço ao telespectador, aos Deputados e às Deputadas, é a leitura de um artigo publicado ontem no jornal “Folha de S.Paulo” na sessão “Tendências e Debates”, cujo artigo é o seguinte: “O legado da Copa e das Olimpíadas”. É um artigo escrito por Jorge Abrahão, Oded Grajew, Ana Moser e pelo jogador Raí.

Esse artigo fala exatamente sobre essa questão do legado que a Copa do Mundo deixará de infraestrutura e de equipamentos públicos para o Brasil, principalmente - logicamente - nas capitais onde será realizada. Esse é um artigo muito importante que deveria ser lido por toda a população.

Quero ler apenas um trecho desse artigo que diz o seguinte: “Um grande evento esportivo, mal organizado, não transparente em seus custos e processos e que não deixa benefício para a população causa um impacto negativo na sociedade, que se prolonga por mais de uma geração. Isso porque a juventude acaba se desencantando com a prática esportiva, e com a participação política, levando esse comportamento para seus filhos e até netos.” Ou seja, os riscos são claros, não só em relação a essa juventude brasileira atual, mas às futuras gerações.

E por que digo que vou apresentar outra situação paradoxal? Porque, enquanto a sociedade civil defende mais transparência e mais controle social - principalmente sobre os recursos públicos destinados ao investimento na infraestrutura para a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014 -, o Governador Geraldo Alckmin vetou o Art. 43 da Lei Orçamentária, aprovada nesta Casa. Essa lei teve dois vetos, mas falo primeiro do Art. 43, que tem relação com esse trecho do artigo da “Folha de S.Paulo” que eu li.

O Governador Geraldo Alckmin vetou que o Estado, por lei, seja obrigado a dar transparência aos gastos com a Copa do Mundo de 2014. Do que será que o Governador está com medo? O Governador quer esconder o investimento, os valores, a destinação do dinheiro público dos nossos impostos, do dinheiro pago aos cofres públicos pela população; ele quer esconder. Ele foi contra a transparência. Ele vetou o projeto que aprovamos aqui e teve um acordo com o Secretário de Planejamento.

O Secretário de Planejamento negociou na Assembleia Legislativa esse Art. 43. E agora, o Governo recuou. O Governo, certamente, deve estar aprontando alguma coisa para vetar a possibilidade do controle social. A sociedade tem o direito de saber onde está sendo investido o dinheiro dos nossos impostos. Mas isso é a cara do PSDB; o PSDB é contra a transparência.

O Governador Geraldo Alckmin vetou o Art. 43 da Lei Orçamentária que garante visibilidade, transparência e controle social. Agora, não vamos saber quanto o Estado vai canalizar do Orçamento Público para a Copa do Mundo.

Não haverá controle social, controle público desses gastos. É aí que digo que a situação é contraditória. A sociedade vai numa direção, querendo mais participação, mais controle, mais transparência, e o Governador Geraldo Alckmin vai no sentido contrário, que é a direção do autoritarismo, de esconder os gastos e evitar a participação da nossa sociedade. Isso é muito grave, Sr. Presidente.

E não foi só isso. Ele vetou também o Art. 15, que tem a ver com a transparência, não da Copa do Mundo, mas do investimento regionalizado. Estamos muito tempo na Assembleia Legislativa defendendo a descentralização do investimento orçamentário. Realizamos aqui inúmeras audiências públicas para discutir o Orçamento em várias regiões do Estado de São Paulo. Existe todo um processo, a construção de um movimento para que haja investimento nas regiões metropolitanas e nos aglomerados urbanos. Esse é o movimento de São Paulo. No entanto, o Governador também vetou o Art. 15, que disponibilizava, dava transparência para essa distribuição dos recursos, ou seja, trata-se de um verdadeiro ataque à transparência administrativa, Sr. Presidente.

O que está acontecendo no Estado de São Paulo é muito grave, mostra o autoritarismo e o medo da transparência do Governador Geraldo Alckmin, que não quer que saibamos - a Assembleia Legislativa, a população e o Ministério Público - para onde está sendo direcionado o dinheiro público.

Vamos recorrer. Acionaremos o Ministério Público, as comissões, e chamaremos para esse debate os deputados, principalmente da base governista. O Governador tem que prestar contas, dar transparência às contas. O que o Governador está escondendo da população do Estado de São Paulo? Por que ele vetou o Art. 43, da Lei Orçamentária, que dava essa transparência? Isso foi uma conquista da Assembleia Legislativa, que representa a população do Estado.

O Governador deu um golpe na participação popular, na transparência. Eu digo: isso é a cara do PSDB. Isso é a cara do Governador Geraldo Alckmin. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, o Deputado Carlos Giannazi falava em transparência, que é um dos princípios que está insculpido no Art. 37, da Constituição, quando trata justamente da administração pública. Mas parece que é simplesmente palavra morta na Constituição e ótima para ser usada nos discursos e nas campanhas, porém não se quer de fato a transparência.

Apenas pegando um gancho na fala do Deputado Carlos Giannazi. Sediaremos uma das chaves da Copa do Mundo; estamos gastando milhões e já vamos entrar no campo do bilhão em relação à construção de estádio de futebol. Sou torcedor do Corinthians, sócio, mas ajudo meu clube pagando a minha mensalidade, não creio que tenhamos que usar dinheiro público para a construção de estádio privado. E mais, apenas para exemplificar a falta de transparência ou de investimento, puxando para o meu lado da Segurança Pública, Deputado Carlos Giannazi, quero convidar V. Exa. para irmos à sede do 39º Batalhão da Polícia Militar, o Batalhão de Itaquera, o Batalhão da Copa do Mundo. Estamos com quase 500 homens e mulheres se trocando em um local em que só existe um banheiro para ambos os sexos. Esse é o Batalhão da Copa do Mundo!

Eu até os convido, sei que são deputados determinados, que nos auxiliem neste momento, porque estamos falando nos milhões, chegando aos bilhões, em relação ao estádio de futebol.

Quanto à estrutura mínima de segurança para aquela região, estamos com dezenas e dezenas de policiais femininos na fila, com os policiais masculinos, para se trocarem e utilizarem um único banheiro dentro da instalação.

Quando falamos em preocupação, também em relação à segurança, as pessoas têm assistido a jogos do Campeonato Brasileiro, do Campeonato Paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores, e têm visto equipamentos de segurança que serão utilizados para a Copa do Mundo, com visores especiais, câmeras modulares no capacete dos policiais, mas não existe nenhum desses equipamentos licitados ou comprados. Tudo o que tem sido mostrado são equipamentos que as empresas trazem para teste, no 2º Batalhão de Choque, e aí nós mostramos para o mundo equipamentos que serão utilizados.

Então, quando se fala na transparência no uso do dinheiro público, até mesmo em relação a esse legado da Copa, tenho uma preocupação muito grande sobre o que pode realmente acontecer, em termos de infraestrutura, em termos de segurança do cidadão brasileiro, do cidadão paulistano, para os turistas que aqui virão, porque realmente falta muito dessa transparência. Se tivéssemos essa transparência, essa mostra dos gastos públicos, já teríamos identificado os pontos cruciais de necessidade de investimento, e onde existem as gorduras propositais para acalentar interesse de A, de B ou de C.

Quero manifestar a minha preocupação. Tivemos, nesse final de semana, o Dia dos Pais e, por consequência, a partir da última quinta-feira, a saída temporária de mais de 22 mil presos no Estado de São Paulo. Estatisticamente, 10% não retornarão, mais de dois mil, ou seja, a produção de toda a polícia de São Paulo, de dois meses, não retornará para o cumprimento da pena.

Vários casos já demonstram pessoas que foram atacadas, roubadas, estupradas, mortas, por indivíduos que, numa avaliação da Justiça, tinham condições de voltar ao contexto da sociedade, afinal, é Dia dos Pais, se bem que não precisa ser pai, nem ter pai para sair nessa saída temporária do Dia dos Pais. Alguns não têm pai e visitam o pai da gente. E nós fazemos de conta que nada está acontecendo.

A Polícia Militar realizou uma operação especial, com muitos indicadores operacionais, veículos vistoriados, armas apreendidas, droga apreendida, marginais recapturados, mas é bom que a sociedade saiba: eles completarão o sétimo dia na quarta-feira. Em sete dias nós colocamos no contexto da sociedade, convivendo com a sociedade, 22 mil indivíduos que a própria lei diz que não têm condição de se manterem em convívio com a sociedade, e por isso estão cumprindo pena. É lamentável porque isso vai aumentar a estatística e a barbaridade em relação à segurança do cidadão.

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Deputado Jooji Hato, Deputado Olímpio Gomes, público presente, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de comentar a decisão do Governo Federal em mobilizar a sua base de sustentação na Câmara dos Deputados para atrasar a votação de uma grande conquista que tivemos, há algumas semanas atrás, em relação à aprovação do Plano Nacional de Educação que tem várias metas.

Há uma meta fundamental e determinante, a de nº 20, que obriga o Brasil a investir no mínimo 10% do seu PIB em Educação pública. Conseguimos, depois de muita mobilização, pressionar a Câmara dos Deputados e aprovar na primeira votação este projeto que institui o Plano Nacional de Educação. Esta proposta foi aprovada numa comissão especial e deveria seguir para o Senado Federal para ser aprovado. No entanto, logo que esta proposta foi aprovada, estranhamente alguns ministros como o do Planejamento, Guido Mantega, e o do MEC, Aloizio Mercadante, vieram a público colocando dificuldades para a efetivação deste investimento de 10% na Educação. O Ministro Mantega disse que se o Brasil investir 10% do Orçamento do PIB o Estado brasileiro quebra. É o Ministro Mantega, do PT e do Governo Dilma dizendo uma frase como essa. Aloizio Mercadante, que é professor da Unicamp e sempre defendeu os 10%, e agora como Ministro, parece que mudou de lado e perdeu um pouco a coerência. Ele diz que agora tem de esperar os 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a Educação.

É algo que nem existe ainda e que pode demorar muitos anos, mas já começa a incoerência. Quando o Brasil ameaça investir 10% do PIB em Educação, vozes que até então defendiam essa proposta começam a se colocar do outro lado. É a esquerda que vira direita. Isso vem acontecendo sistematicamente no nosso país. E, logicamente, eles deram munição para que os setores mais conservadores da imprensa soltassem editoriais - e alguns jornais fizeram isso -, principalmente em São Paulo, sinalizando a irresponsabilidade de se investir 10% do PIB em Educação pública.

É muito contraditório. É uma posição esquizofrênica desses setores da imprensa, que defendem o tempo inteiro da necessidade de se investir na educação, dizendo que é isso que vai desenvolver o País. Quando tem a possibilidade real de aumentar o investimento na Educação, essa mesma imprensa que o defendia volta atrás e critica a proposta e os ministros também.

O fato é que, se tivemos um pequeno avanço na Comissão Especial que aprovou a meta 20 do Plano Nacional da Educação, agora tivemos um retrocesso.

Estava muito bom para ser verdade. Muito bom porque o Governo mobilizou a sua base, conseguiu 102 assinaturas e remeteu a proposta para o plenário. Agora, só Deus sabe quando essa proposta vai ser votada no plenário da Câmara dos Deputados porque agora tem a eleição e não vai ter votação de nada.

Enfim, vamos agora entrar no ano de 2013 sem um Plano Nacional de Educação e sem esse investimento mínimo de 10% do PIB nas escolas públicas.

Sr. Presidente Jooji Hato, Deputado Olímpio Gomes, 10% é pouco para a Educação. Mas nem isso o Governo Federal quer autorizar. Então foi um golpe na Educação do Governo Federal. Foi um retrocesso terrível porque houve toda uma luta, uma mobilização da sociedade para aprovarmos agora na Comissão Especial esse investimento de 10 por cento. Mas vamos continuar lutando e pressionando a Câmara dos Deputados a votar essa proposta em caráter de urgência. Ele há de seguir para o Senado Federal para ser referendada lá.

É um absurdo que o Governo Federal mobilize sua base governista. Eu pedi para a Bancada do PSOL, em Brasília, dar a lista dos deputados e dos partidos que assinaram. Vamos revelar aqui os deputados que são contra a Educação pública no Brasil. Vamos dar o nome aos bois.

Vou ler aqui, na tribuna, para publicar no “Diário Oficial” os partidos que estão votando contra a educação e os deputados que foram signatários desse requerimento, remetendo o projeto para o plenário da Câmara Federal em Brasília.

O Brasil não vai quebrar. Se o Brasil investir em Educação discordo aqui do Ministro Guido Mantega que diz que se o Brasil investir 10% do PIB o Estado quebra. O Estado avança. Qualquer investimento em educação só faz avançar o País. O investimento em desenvolvimento nas outras áreas o Brasil só melhora. O investimento na Educação quebra o desemprego, a ignorância, a violência, a falta de higiene. O investimento na Educação representa uma verdadeira luz social e repercute positivamente em todas as áreas da nossa sociedade.

Agora é inconcebível que um ministro venha a público dizer que o Brasil vai quebrar se investir 10% na Educação. O ministro do PT, da Presidente Dilma, deveria ser punido pela Comissão de Ética do PT e exonerado do seu cargo por conta de uma frase tão infeliz e nefasta como essa. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Assembleia Legislativa, no dia 19 de julho, estivemos reunidos com a Superintendência do Incra, aqui na Cidade de São Paulo, para discutir a safra da laranja, inclusive com a participação da Coaf - Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar - de Bebedouro, hoje com praticamente 1.500 famílias.

Estou falando da cidade de Bebedouro, mas também tem Coaf em várias outras cidades. Foi nos apresentado uma demanda na Comissão de Finanças e Orçamento. Há uma crise hoje no Estado que atinge quase 300 municípios produtores de laranja nos pequenos pomares ou médios pomares, com a perspectiva de perda da laranja até o começo do ano que vem, estimada em 80 a 100 milhões de caixas. Então teremos no dia de amanhã mais uma reunião com o Incra.

Para esta reunião foram convidadas várias prefeituras da Grande São Paulo com o intuito de analisarem a possibilidade de absorverem parte da produção da laranja da agricultura familiar do Estado de São Paulo na merenda escolar - São Bernardo, Osasco, Guarulhos, Registro. Acho necessário também um diálogo com os médios produtores do Estado de São Paulo porque a produção da agricultura familiar é de cinco a seis milhões de caixas de laranja, o que não resolve a crise no Estado.

Portanto, quero parabenizar mais uma vez a superintendência do Incra no Estado de São Paulo, na pessoa do Sr. Wellington, que tem trabalhado para que a laranja produzida pela agricultura familiar no Estado de São Paulo seja absorvida na merenda escolar de alguns municípios.

É importante lembrar que o Governo Federal disponibilizou este ano 22 bilhões de reais para a agricultura familiar no nosso Estado - que afinal é para todo o Brasil. Essa produção seria comprada pelos municípios para alimentação não só nas escolas, mas também nas creches. Há todo um movimento do Incra para que parte da produção dessa laranja, que pode ser perdida ao longo do ano de 2012, seja absorvida pelas prefeituras do Estado.

A Presidenta Dilma também disponibilizou 28 bilhões para o agronegócio do nosso País. É mais uma vez a Presidenta Dilma demonstrando sua sensibilidade na área da Agricultura. Vinte e oito bilhões para o agronegócio e 22 bilhões para a agricultura familiar no Estado de São Paulo, que é para todo o País.

Esse olhar da Presidenta Dilma na área da Agricultura do nosso Estado deveria ser seguido também pelo Governador do Estado.

Enquanto não há uma sinalização concreta por parte do Estado de São Paulo, por parte do Governo Federal, a partir do Incra, haverá esse diálogo com os produtores de laranja do Estado.

Quero ainda registrar que teremos aqui na Assembleia Legislativa na próxima quinta-feira, a partir das 9:30min., uma audiência pública para tratar da ‘Precarização do trabalho: desafios e perspectivas’. Muitos setores hoje estão sendo terceirizados e seu trabalho precarizado. Esta audiência pública também discutirá projeto de terceirização que está para ser votado em Brasília. Temos pessoas que trabalham em regime de escravidão aqui no Estado e essa audiência pública servirá para alertar não só as empresas de São Paulo, mas também os nossos congressistas acerca dessa matéria: terceirização: precarização do trabalho.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, aqueles que nos acompanham pela TV Alesp, lamentavelmente, uma decisão tomada pela Justiça de São Paulo representa um revés na defesa dos direitos do consumidor no Estado. Esse revés foi justamente uma decisão da 1ª Vara Civil, que aceitou o recurso dessas “pequenas” redes de supermercados como Walmart, Pão de Açúcar, Sonda, Carrefour, esses “pequenos” grupos empresariais, Deputado Carlos Giannazi, que insistem em cobrar do consumidor o embalamento dos produtos.

O Código de Defesa do Consumidor fala na dignidade do consumidor. Para o embalamento dos produtos, até para preservação da intimidade daquele que está comprando os produtos no supermercado, é fundamental a distribuição das sacolas plásticas, biodegradáveis ou ecologicamente corretas, não importa. O que não pode é cobrar duas vezes, pois quando o cidadão compra um produto está discriminado que 19 centavos estão embutidos no preço dos produtos.

E a decisão da Justiça, agora? Dizem que decisão judicial não se discute, se cumpre. Vão cobrar. “Vamos cumprir, mas não vamos concordar.” E a decisão, Deputado Jooji Hato? A Justiça ainda diz que não impõe ao consumidor um ônus excessivo. ‘Está barato, já que é para pagar um pouquinho, vamos ajudar essas “redezinhas” coitadas?’ O Walmart, o Pão de Açúcar, o Carrefour. Todos desesperados, quebrando, falindo, não é? ‘Vamos ajudá-los.’ Ainda estão dizendo que, a partir de 15 de setembro, volta a ser obrigatório para o cidadão pagar 59 centavos por sacola. É uma tristeza ser consumidor neste País.

Mas nós temos uma solução. Se a Justiça diz não que há lei obrigando os supermercados, numa interpretação ao Artigo 5º do Código de Defesa do Consumidor, eu apresentei o Projeto de lei nº 235, que está tramitando nesta Casa e obriga os estabelecimentos comerciais, não só os supermercados, a fornecerem o embalamento.

Se a discussão é não termos lei, a nossa obrigação, como Casa de Leis, é legislar. Não podemos é aceitar que a Justiça ainda diga: “Não, 59 centavos por sacolinha não é um ônus excessivo.” E qual é o conceito de ônus excessivo? É para o salário de juiz ou para o salário mínimo nacional? Se for para o cidadão de baixa renda, 59 centavos é muito dinheiro. Para quem tem a felicidade de receber salários maiores, talvez não tenha um peso tão significativo, não seja tão oneroso.

Vamos continuar essa luta no campo judicial. Estou envolvido nessa luta, não é para fazer oposição à situação, porque aí é simplesmente quem está do lado do cidadão ou quem está do lado desses grandes conglomerados empresariais que querem ter vantagens, mais do que já têm, em nosso País.

Fico extremamente triste com essa decisão da Justiça. Tomara Deus que consigamos derrubar. A solução está aqui, nesta Casa de Leis, simplesmente votarmos o Projeto e o Governador sancionar, estabelecendo que no Estado de São Paulo o cidadão vai ter, sim, sua dignidade preservada. A senhora vai comprar o papel higiênico e não vai transportá-lo na mão, para que sua vizinhança saiba o tipo, o preço, a qualidade papel higiênico que usa, do absorvente íntimo que usa. Que tenha a sua privacidade preservada e, muito mais que isso, o seu direito como consumidor preservado.

Senhores proprietários de supermercados, os senhores não ganham a vida vendendo sacolas; os senhores vendem produtos. A sacola é, simplesmente, a embalagem a que o consumidor tem direito.

Vamos tentar pautar esse projeto. Tomara que haja quórum até as eleições, para que se vote efetivamente esse projeto nesta Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Jooji Hato, Deputado Olímpio Gomes, público presente, telespectadores da TV Assembleia, quero fazer aqui um apelo ao Governo Federal no sentido de que abra, imediatamente, um processo de negociação com as entidades representativas dos servidores federais, que estão em greve no território nacional.

São mais de 30 categorias em greve. Dentre elas, temos os servidores da Educação, os professores das universidades federais - não só os professores, mas os funcionários do grupo de apoio, os técnicos -, os policiais federais rodoviários, setores da Polícia Federal; enfim, são várias áreas. São 30 categorias em greve em todo o território nacional; nos aeroportos, nos portos, nas rodovias, como citei agora. É uma situação muito grave.

Isso por conta do Governo Federal não estar negociando com esses trabalhadores. Para se ter uma ideia, os professores das universidades federais, em todo Brasil, já estão paralisados há quase três meses; e não há negociação. O Governo não recebe os trabalhadores, não negocia com as entidades representativas dessas categorias, violando a lei da convenção da OIT, a convenção 151.

Sr. Presidente, agora, para piorar a situação, a Presidente Dilma Rousseff assinou um decreto autoritário que vai contra a sua própria história, assim como também, do próprio PT, autorizando o desconto dos dias parados desses servidores que estão em greve.

A greve, na verdade, é a suspensão da relação entre trabalho e capital; não há desconto de pagamento. O desconto se dá depois no processo de negociação. Por enquanto, as greves ainda não foram julgadas.

Portanto, a Presidente Dilma Rousseff não pode afrontar a legislação e descontar o ponto dos trabalhadores. Há um processo de enfrentamento entre o trabalho, a mão de obra e o outro lado. A Presidente Dilma Rousseff já se antecipou e, ao invés de receber as entidades representativas dos servidores, já tomou uma medida autoritária cortando o ponto. E pior do que isso, o próprio projeto, num dos seus artigos, autoriza o Governo Federal a convocar servidores estaduais e municipais para substituir os servidores federais.

Sr. Presidente, isso é muito grave porque é um precedente para que outros governos façam o mesmo. Agora, se tiver uma greve no Estado de São Paulo, seja dos professores, dos servidores da Saúde ou ainda da Segurança Pública, o Governador Geraldo Alckmin, do PSDB, vai se sentir no direito de fazer a mesma coisa, dizendo que há jurisprudência. Por que o Governador Alckmin não pode também substituir os professores, os médicos ou os servidores da Segurança Pública? Há jurisprudência. A Presidente Dilma Rousseff está fazendo isso, ela assinou um decreto.

Ou seja, essa decisão do Governo Federal abre um precedente para que outros governos estaduais e municipais façam o mesmo, comportem-se da mesma maneira. Logicamente, em São Paulo nem precisa dessa jurisprudência porque o governo do PSDB é extremamente autoritário, fascista e perverso contra os servidores. Tivemos exemplos, algum tempo, do PSDB jogando a Tropa de Choque contra os professores, contra os próprios servidores da Segurança Pública na greve da Polícia Civil, em 2008. Em 2010, o PSDB jogou a Polícia e a Tropa de Choque contra os professores da Rede Estadual, mas agora me parece que o Governo Federal está imitando o PSDB de São Paulo.

É muito grave esse comportamento do Governo Federal em não negociar com as entidades representativas. Por isso, várias centrais sindicais assinaram um documento criticando a postura do Governo. Até a CUT, que tem relações profundas com o PT, está apoiando a greve dos servidores federais. Até a CUT! Várias organizações como a UGT, a Força Sindical e a própria CUT assinaram um documento criticando essa postura autoritária de não negociar, de não atender as entidades representativas dos servidores.

Isso gera, com certeza, uma grande crise em toda a sociedade, que precisa dos serviços públicos federais, dessas 30 categorias. Uma sociedade que também paga um preço alto não porque há greve, mas porque, na verdade, o Governo não recebe. A sociedade tem que cobrar do Governo que ele atenda as entidades e as reivindicações que são justas. E tem a ver não só com a melhoria salarial, mas com a melhoria das condições de trabalho e, sobretudo, com um melhor atendimento para a própria população.

Eu digo que essa paralisação não é um problema somente dos servidores, mas de toda a sociedade, no sentido de que estamos caminhando para um processo de sucateamento da oferta dos serviços públicos.

Sendo assim, manifestamos o nosso total apoio. O PSOL apoia a mobilização dos servidores, mas, sobretudo estamos lutando e pressionando, com as nossas bancadas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, o Governo Federal a atender as reivindicações dos servidores públicos, e nos colocando contra essas medidas autoritárias de descontar o ponto dos profissionais, servidores públicos, sobretudo substituir esse trabalhadores por servidores municipais e estaduais.

Acredito que isso seja ilegal. Esse decreto tem que ser contestado juridicamente, porque acredito que ele não tenha validade jurídica, Sr. Presidente. Como um auditor fiscal federal pode ser substituído por um auditor fiscal estadual ou municipal? São carreiras totalmente diferenciadas. Acredito que exista um confronto entre os entes federativos e as carreiras, que são diferenciadas. Enfim, a Presidente tomou essa medida.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, está esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Gostaria de retomar o meu pronunciamento anterior, não esse em que fiz uma colocação sobre a greve dos servidores federais e o autoritarismo do Governo Federal em não receber os servidores e nem as suas reivindicações, mas sobre o investimento dos 10% do PIB em Educação.

Recebi agora, Sr. Presidente, da nossa assessoria da liderança, a lista dos deputados que assinaram a proposta do Governo de retardar, dificultar e atrasar a votação do Plano Nacional de Educação que, pela aprovação da Comissão Especial, determina o investimento de 10% do PIB na Educação pública e no Magistério público. É um grande avanço para o Brasil, é uma luta histórica que nós, professores de escolas públicas, travamos há mais de 30 anos. Conseguimos uma vitória parcial, que foi a aprovação do projeto, da proposta da meta nº 20 do Plano Nacional de Educação, na Comissão Especial.

Mas houve toda uma mobilização do Governo. O Governo Federal, do PT, do consórcio PT/PMDB e tantos outros, é contra. É uma grande coligação que governa o Brasil, um grande consórcio. Essa base governista conseguiu aqui, na verdade, 80 assinaturas. Eram 104, mas as válidas são 80, sendo que três foram retiradas.

Tenho aqui a lista dos Deputados que assinaram a lista, com os seus respectivos partidos políticos. Quero ressaltar que vários partidos assinam: o PSD, partido novo que o Kassab criou, assina a lista contra a Educação pública, contra os 10% do PIB; o PP do Paulo Maluf; o PDT; o PT assina, logicamente, inclusive o requerimento é do próprio PT; o PR; o PMDB assina esse documento que retarda o investimento dos 10% do PIB em Educação; o PSC; o PMN; o PTB.

E vários Deputados de São Paulo assinam. Vou ler a lista para a população entender quem é a favor e quem é contra a Educação pública, quais são os partidos comprometidos com a Educação.

Logicamente aqui não temos a assinatura do PSDB, do DEM e do PPS, que são a oposição conservadora, de direita, ao Governo Federal, mas eles também são contra. Eles não querem assinar aqui porque são oposição pela oposição ao Governo Federal. Mas esse bloco, esses partidos de direita, esses partidos conservadores, quando estavam com a Presidência da República, no Governo Fernando Henrique, também vetaram os 10%, e agora não assinaram o requerimento porque é outro Governo, e eles querem ocupar o lugar, então, não há coerência nenhuma.

Logicamente o PSOL não assinou. Passarei a ler a ementa do “Recurso 162/12: Recurso contra a apreciação conclusiva das Comissões sobre o Projeto de lei nº 8035/10, que aprova o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 e dá outras providências”, ou seja, é o atraso da aprovação dos 10% do PIB em Educação.

Assinaturas confirmadas:

01 - ADEMIR CAMILO - PSD - MG

02 - AFONSO HAMM - PP - RS

03 - ANDRE VARGAS - PT - PR

04 - ÂNGELO AGNOLIN - PDT - TO

05 - ARLNDO CHINAGLIA - PT - SP

06 - ARMANDO VERGILIO - PSD - GO

07 - AROLDE DE OLIVEIRA - PSD - RJ

08 - ÁTILA LINS - PSD - AM

09 - AUREO - PRTB - RJ

10 - BENEDITA DA SILVA - PT - RJ

11 - BOHN GASS - PT - RS

12 - CARLOS MAGNO - PP - RO

13 - CARLOS SOUZA - PSD - AM

14 - CELSO MALDANER - PMDB - SC

15 - COSTA FERREIRA - PSC - MA

16 - DANRLEI D. HINTERHOLZ - PSD - RS

17 - DIEGO ANDRADE - PSD - MG

18 - DILCEU SPERAFICO - PP - PR

19 - DOMINGOS DUTRA - PT - MA

20 - EDMAR ARRUDA - PSC - PR

21 - ELCIONE BARBALHO - PMDB - PA

22 - ELISEU PADILHA - PMDB - RS

23 - ERIVELTON SANTANA - PSC - BA

24 - FÁBIO FARIA - PSC - RN

25 - FÁTIMA PELAES - PMDB - AP

26 - FELIPE BORNIER - PSD - RJ

27 - FERNANDO FERRO - PT - PE

28 - FRANCISCO ARAÚJO - PSD - RR

29 - GEORGE HILTON - PRB - MG

30 - GERALDO RESENDE - PMDB - MS

31 - GERALDO SIMÕES - PT - BA

32 - GIOVANNI QUEIROZ - PDT - PA

33 - GUILHERME CAMPOS - PSD - SP

34 - GUILHERME MUSSI - PSD - SP

35 - HÉLIO SANTOS - PSD - MA

36 - HOMERO PEREIRA - PSD - MT

37 - HUGO LEAL - PSC - RJ

38 - HUGO NAPOLEÃO - PSD - PI

39 - JANETE ROCHA PIETÁ - PT - SP

40 - JAQUELINE RORIZ - PMN - DF

41 - JILMAR TATTO - PT - SP

42 - JOÃO MAGALHÃES - PMDB - MG

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, gostaria de continuar lendo pelo Art. 82, pela Liderança da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 -

43 - JOSÉ CARLOS ARAÚJO - PSD - BA

44 - JOSÉ DE FILIPPI - PT - SP

45 - JOSÉ MENTOR - PT - SP

46 - JÚLIO CESAR - PSD - PI

47 - LAERCIO OLIVEIRA - PR - SE

48 - LEONARDO GADELHA - PSC - PB

49 - LUCIANO CASTRO - PR - RR

50 - LUIZ ALBERTO - PT - BA

51 - MANOEL SALVIANO - PSD - CE

52 - MÁRCIO MACEDO - PT - SE

53 - MARCON - PT - RS

54 - MOREIRA MENDES - PSD - RO

55 - NAZARENO FONTELES - PT - PI

56 - NELSON MARQUEZELLI - PTB - SP

57 - NELSON MEURER - PP - PR

58 - NELSON PADOVANI - PSC - PR

59 - NILTON CAPIXABA - PTB - RO

60 - ONOFRE SANTO AGOSTINI - PSD - SC

61 - PAULO FEIJÓ - PR - RJ

62 - PAULO MAGALHÃES - PSD - BA

63 - PEDRO CHAVES - PMDB - GO

64 - POLICARPO - PT - DF

65 - PROF. VICTÓRIO GALLI - PMDB - MT

66 - REINHOLD STEPHANES - PSD - PR

67 - RICARDO ARCHER - PMDB - MA

68 - RICARDO IZAR - PSD - SP

69 - ROBERTO BALESTRA - PP - GO

70 - ROBERTO BRITTO - PP - BA

71 - ROBERTO SANTIAGO - PSD - SP

72 - ROGÉRIO P. MENDONÇA - PMDB - SC

73 - SÉRGIO B. CARNEIRO - PT - BA

74 - SÉRGIO BRITO - PSD - BA

75 - SÉRGIO MORAES - PTB - RS

76 - SIBÁ MACHADO - PT - AC

77 - SILAS CÂMARA - PSD - AM

78 - VITOR PAULO - PRB - RJ

79 - WALTER TOSTA - PSD - MG

80 - ZÉ SILVA - PDT - MG

Esta lista que acabei de ler é composta por 80 Deputados Federais, que votaram contra os 10% do PIB em Educação. Eles assinaram um requerimento atrasando a aprovação do Projeto de lei que cria o Plano Nacional de Educação, de nº 8035. O projeto foi aprovado na Comissão Especial e seria encaminhado ao Senado Federal. Por conta de uma ordem do Governo Federal, a base de sustentação do Governo foi mobilizada para que o projeto de lei voltasse para o plenário. Isso significa que pode demorar muito tempo para ser aprovado. Já estamos em 2012 e o plano é decenal, mas estamos sem Plano Nacional de Educação.

A verdade é que o Governo Federal não quer investir 10% do PIB em Educação e está mobilizando toda essa base de sustentação para retardar e atrasar. Mas é bom que a população saiba quais são os partidos políticos e os deputados que estão fazendo parte dessa manobra regimental para inviabilizar que o Brasil invista 10% do PIB em Educação pública e no magistério público.

Gostaria que essa lista fosse publicada, na íntegra, no “Diário Oficial” de São Paulo, para que 42 milhões de habitantes tenham acesso a todas essas informações, aos nomes dos partidos e dos deputados. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas e Srs.s Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de levantar a sessão, convoca V. Exas. para Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da Sessão nº 97, lembrando-os ainda da Sessão Solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o “Dia da Comunidade Alemã”.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 36 minutos.

 

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