26 DE AGOSTO DE 2010

099ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidente: BARROS MUNHOZ

 

Secretário: VANDERLEI SIRAQUE

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão. Informa a presença de alunos da escola municipal João Sussumo Hirata, de Pedreira, acompanhados dos professores Nilcéia Lopes e José Lacerda.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Cita ocupação feita por funcionários do Judiciário, ocorrida em 25/8, no Plenário José Bonifácio. Repudia a retirada dos manifestantes sob o uso de força. Lamenta que não tivesse havido acordo pacífico entre as partes.

 

003 - Presidente BARROS MUNHOZ

Dá explicações sobre a desocupação de servidores do Judiciário, que ocupavam plenarinho desta Casa. Recorda reivindicações de categorias profissionais, como a relativa ao PLC 43/05.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Comenta a ocupação feita por servidores do Judiciário neste Legislativo. Faz críticas ao Governo do Estado. Justifica que o Parlamento paulista tem a obrigação de apoiar os servidores. Ressalta que não estão sendo cumpridos os direitos do funcionalismo. Informa que o TJ está descontando valores dos servidores em greve.

 

005 - VANDERLEI SIRAQUE

Tece considerações sobre problemas entre usuários de planos de saúde e as seguradoras. Cita dispositivos da Constituição Federal, no que tange ao direito à Saúde. Ressalta que é necessário que sejam cumpridas as regras que regulamentam o setor.

 

006 - CARLOS NEDER

Faz comentários sobre a assembléia com os trabalhadores do Complexo Hospitalar de Sorocaba. Informa a participação na citada reunião de representantes do SindSaúde e do Deputado Raul Marcelo, do PSOL. Lê documento da diretoria do SindSaúde em defesa da categoria. comenta tratativas dos funcionários do hospital sobre o assunto. Menciona a necessidade de se encaminhar as reivindicações ao Secretário de Estado de Saúde.

 

007 - CARLOS GIANNAZI

Comenta a reunião do dia 24 de agosto, em defesa da TV Cultura. Reitera que a TV Cultura é pública e não deve sofrer interferências partidárias. Faz elogios ao programa "Manos e Minas". Critica o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad. Repudia a proposta de demissão de funcionários da emissora. Informa que está promovendo uma Frente Parlamentar em Defesa da TV Cultura.

 

008 - OLÍMPIO GOMES

Repudia o emprego da força na desocupação dos servidores do Judiciário que ocupavam o Plenário José Bonifácio. Ressalta que os argumentos devem sobrepor-se à violência. Cita ocupações anteriores. Tece comentários sobre as atividades do Legislativo.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Comenta a regularização do vale-refeição pago aos professores. Lastima o valor do benefício pago aos servidores do Estado. Faz críticas ao Governo do Estado no que tange à Educação. Repudia o programa que pretende beneficiar, com dinheiro, alunos que frequentem as aulas de reforço nas escolas públicas. Informa que o Plano Estadual de Educação ainda não foi apreciado por este Parlamento.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de Lideranças.

 

011 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido.  Lembra a realização da sessão solene do dia 29 de agosto, às 20 horas, para comemorar os "100 Mil Atendimentos do Cursinho da Poli". Convoca os Senhores Deputados para a sessão ordinária de debates do dia 29, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Vanderlei Siraque  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – VANDERLEI SIRAQUE - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

* * *

 

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, a Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Sussumo Hirata, do Bairro de Pedreira, desta Capital, acompanhados pela Professora Nicéia Lopes e pelo Professor José Lacerda. Esta Casa se sente honrada em receber a visita desses alunos. (Palmas.)

Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. Olímpio Gomes - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, é com muita tristeza que assomo à tribuna para manifestar a postura da direção desta Casa em relação a uma permanência pacífica de funcionários do Poder Judiciário. Ontem, num ato de desespero, após 122 dias em que o Tribunal de Justiça não toma nenhuma atitude, o Governo do Estado não suplementa recursos e a Assembleia Legislativa se omite, eles vieram a este Parlamento, num evento de funcionários e de pessoas da Carteira Previdenciária do Ipesp, que também foram lesados pelo Estado com a complacência desta Casa.

Ao final do evento, entraram em contato comigo, Deputado Carlos Giannazi - como também devem ter feito com V. Exa. -, pedindo apoio e dizendo: “Queremos que a Assembleia Legislativa nos dê o apoio e nos proteja, após 122 dias. Democraticamente, na Casa do Povo, queremos permanecer em vigília.” Estão aí fotos de tudo o que aconteceu. Levei ao conhecimento da Assistência Militar da Casa, no meu papel de mediador - não sou servidor do Judiciário, não sou sindicalista representante. Houve um processo de negociação entre representantes da Assistência Militar e dos funcionários, no qual o Major Bolognini disse que eles poderiam permanecer na Sala José Bonifácio e que todos os acessos seriam monitorados por policiais militares.

Assim, fui embora. Às três horas da manhã, fui avisado de que houve a mobilização de mais de uma centena de policiais da própria Assistência Militar e o acionamento de um plano de chamada para a retirada à força, por ordem do Presidente da Casa, daqueles que pacificamente só pediam apoio. Exemplo contrário de democracia. Na semana passada, até com o uso de violência, que não é devido em lugar nenhum do mundo, o Congresso Nacional foi invadido por servidores do sistema prisional, policiais, bombeiros, contrariados pela não votação da PEC 300. A atitude do Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, foi a de autorizar a permanência dos servidores. No dia seguinte, pacificamente, negociou a saída das pessoas. É triste ver a nossa Assembleia ter esse tipo de procedimento. É legal o que V. Exa. determinou. Tomara Deus que não seja por estímulo do Poder Executivo ou da Presidência do Tribunal de Justiça.

Acompanhei a vigília dos funcionários do Poder Judiciário, como também o Deputado Carlos Giannazi, quando permaneceram no Fórum João Mendes. Nem de lá foram retirados à força. Houve ameaça de retirada à força, mas, ao final, houve um pouco de bom senso do Presidente do Tribunal de Justiça. Deixei esta Casa na certeza de que hoje pela manhã haveria uma saída tranquila dos funcionários, a grande maioria composta por mulheres,  que queriam simplesmente chamar a atenção da Assembleia Legislativa e dizer: “Pelo amor de Deus, nos ajudem!”

Ao contrário disso, após a palavra empenhada pela mais alta autoridade policial militar no local, Major Bolognini, houve a mobilização, o plano de chamada e ainda a ameaça de punição aos policiais que não foram acionados no plano de chamada. É triste ver a minha Polícia Militar ser utilizada dessa forma.

Fica aqui o meu lamento. Tomara Deus que haja atitude diferente em próximas situações em que qualquer segmento queira o apoio desta Casa. Não houve a menor manifestação de uso de força e constrangimento. Entraram nesta Casa, democraticamente, num evento programado para outra atividade. Depois, legitimamente, também disseram da permanência, simplesmente para chamar a atenção da Assembleia Legislativa para o cumprimento do seu papel. E a Assembleia Legislativa não cumpriu o seu papel. Ao contrário, ameaçou. Não usou a força porque eles não queriam e não tinham a condição física, nem era o objetivo.

Hoje, encontram-se jovens nas galerias. É triste saber que o Parlamento paulista, ao contrário de abrigar os que legitimamente estão pleiteando, ameaça escorraçá-los com força policial, quando não era necessário nada disso, como ficou mostrado no processo de negociação que acompanhei até o final.

Fui para minha casa descansado, imaginando que hoje pela manhã sairiam os funcionários do Judiciário de forma absolutamente tranquila. No entanto, de forma imperativa, a Presidência da Casa mandou desocupá-la com o uso de força.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Sem nenhum intuito de polemizar com o nobre Deputado Olímpio Gomes, até porque não teria nenhum cabimento fazê-lo, esta Presidência quer informar que não determinou a retirada de ninguém da Assembleia Legislativa ontem, com o uso de força. Esta Presidência fez o que lhe compete constitucionalmente, regimentalmente, moralmente, eticamente. Ou seja, exerceu as funções de Presidente da Assembleia Legislativa e determinou que ninguém permanecesse dormindo, fazendo vigília ou procedendo qualquer outro tipo de ato no recinto deste Parlamento, que não se presta a esse tipo de atividade.

A Assembleia Legislativa é um órgão democrático, é a Casa do Povo, tem agido assim nesta legislatura permanentemente, sobretudo em relação aos servidores do Estado. Todas as carreiras de servidores têm estado aqui frequentemente e todas têm sido tratadas com o maior respeito e a maior consideração por parte da Mesa atual, da Mesa anterior e dos Srs. Deputados.

Não cabe à Assembeia intermediar um conflito que, na realidade, nem se sabe como existe, porque existe e de que forma existe. A Assembleia não tem o direito de ingerir no Poder Executivo, tampouco no Poder Judiciário. O que ela fez, com esforço, luta e muita tenacidade - luta, inclusive, desta Presidência - foi votar o projeto que aqui se encontrava, vencendo todas as dificuldades para fazê-lo. O PLC 43, de 2005, foi votado e foi conseguida a necessária suplementação de recursos do Executivo para fazer frente às despesas que esse projeto gerou.

Portanto,  a Assembleia sempre cumpriu o seu papel de legislar, discutir, votar, receber. Aliás, diversas vezes a Mesa atual recebeu, no Colégio de Líderes, as entidades representativas dos servidores. É mais do que óbvio, é cristalinamente óbvio, é ululantemente óbvio que a Assembleia não pode abrir mão dos seus deveres para com a população de São Paulo, e não pode deixar de ser um poder democrático que funciona constitucionalmente, respeitando a Constituição e as leis.

  Tem a palavra o nobre Deputado Vinícius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

  O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público e alunos presentes nas galerias, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de dizer que nós entendemos o que vem acontecendo no Estado de São Paulo em relação aos servidores do Judiciário. O tratamento dado pelos três Poderes do Estado de São Paulo aos servidores do Judiciário é algo deplorável. Os servidores foram abandonados pelo Judiciário, Executivo e pelo Legislativo e eles não estão encontrando guarida em nenhum lugar. O ato de ontem - um ato e não uma invasão - foi uma ocupação democrática para chamar atenção dos deputados da Assembleia Legislativa, que deveriam se colocar, sim, a serviço dos mais de 50 mil servidores da Segurança Pública, responsáveis pelo funcionamento da Justiça do Estado de São Paulo. Sem eles a Justiça não funciona. Os servidores do Judiciário têm carregado a Justiça nas costas e trabalhado excessivamente.

  Temos um relatório mostrando que há um déficit de 15 mil servidores. Não há concurso público, não há contratação de novos servidores. Um servidor do Judiciário hoje trabalha por cinco, seis pessoas, por 13, 14 horas. Há um processo de superexploração do trabalho desses servidores. Os seus direitos trabalhistas básicos e elementares não estão sendo respeitados. A Assembleia Legislativa não pode ser neutra, mas deveria tomar partido dos servidores. Quero aqui discordar do nobre Deputado Barros Munhoz, Presidente da Assembleia Legislativa. Esta Casa precisa estar do lado da população, dos mais fracos que estão sendo massacrados por essa máquina, prejudicando, no caso, não só os servidores do Judiciário, mas toda a população do Estado de São Paulo. Essa tem sido a tônica, infelizmente.

Esse Governo que aí está, do PSDB, tem ódio mortal dos servidores públicos do Estado de São Paulo porque ele tem criminalizado os servidores. Por exemplo, o ex-Governador José Serra jogou a Tropa de Choque contra os professores no Palácio dos Bandeirantes, contra os servidores da Segurança Pública, contra os alunos, professores e funcionários na Universidade de São Paulo, e assim tem sido.

Estamos então preocupados. A Assembleia Legislativa tem lado. Pelo menos uma minoria de nós, deputados, têm se colocado do lado dos trabalhadores, dos servidores, dos movimentos populares e sociais, inclusive do movimento estudantil. Não concordo que a Assembleia Legislativa não tenha de se envolver com isso. Ela tem a obrigação. Os deputados foram eleitos para defender a população e não para defender o Judiciário, ou o Executivo. A situação é muito grave no Judiciário e o movimento já completou mais de 122 dias. É uma greve prolongada. Os servidores já estão literalmente passando fome porque os seus direitos básicos e elementares estão sendo desrespeitados. A data base salarial não é respeitada - data base aprovada aqui na Assembleia Legislativa -, a Constituição Federal não é respeitada no seu Art. 37 que garante a recomposição das perdas salariais da inflação, e o direito de greve não está sendo respeitado.

Gostaria de citar uma nota pública da Associação Juízes para a Democracia defendendo a greve dos servidores, dizendo que ela é legítima e é um instrumento garantido pela Constituição Federal, e que os servidores do Judiciário estão sendo desrespeitados e afrontados nesse direito. O dissídio coletivo trabalhista dos servidores não foi julgado até hoje. É um absurdo que o próprio patrão, no caso, julgue o empregado - nesse caso da greve do Judiciário -, pois a greve é julgada pelo próprio Judiciário e nós sabemos qual vai ser o resultado desse julgamento. Mas mesmo sem julgamento, o Tribunal de Justiça já começou a descontar o salário dos trabalhadores paralisados. Isso é ilegal, é inconstitucional. Está aqui a nota, não é o Deputado Carlos Giannazi, nem o Deputado Olímpio Gomes, nem o Deputado Vanderlei Siraque e nem o Deputado Carlos Neder, aqui presentes, que estão falando isso, mas a Associação Juízes para a Democracia, denunciando essa afronta ao direito de greve que vem prejudicando imensamente os servidores do Estado de São Paulo. Eles lutam por democracia, por transparência no Judiciário e por um funcionamento mais ágil da Justiça. Ela está praticamente paralisada - mesmo sem a greve. Ela é lenta porque não funciona, não está equipada, faltam 15 mil funcionários.

É contra tudo isso que os servidores estão mobilizados e a ocupação de ontem foi pacífica e democrática, não tinha nada demais. Eu me lembro que no início dos anos 90 era ainda professor da rede estadual de ensino e fizemos uma ocupação aqui de dois meses dentro da Assembleia Legislativa. Eu dormi aqui nos corredores da Assembleia Legislativa e não houve danificação do patrimônio. Foi um movimento democrático, com o apoio de vários servidores, parlamentares e partidos políticos. Não há nada demais em ocupação pacífica e democrática.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.

 

O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, alunos e professores presentes nas galerias, o assunto que me traz hoje nesta tribuna é relativo a alguns planos de saúde. Fala-se muito de sistemas de saúde, do SUS e da saúde pública. E com razão. Mas, às vezes, esquece-se da saúde complementar dos planos de saúde. Conversava esses dias com a família de uma pessoa que sofreu um AVC, o popular derrame. A pessoa teve de ficar na UTI e, passados quatro, cinco dias, a família recebeu um aviso dizendo que o paciente teria de ficar bom, caso contrário, o plano não o atenderia mais. A família disse: “Mas a pessoa está doente, tem um plano de saúde!” A pessoa pagava já o plano há alguns anos, mas a família recebeu um comunicado dizendo que o plano era de “saúde” e não de “doença”. Eles falaram que está escrito plano de “saúde”. Aí a pessoa fica doente e, como não se trata de plano de “doença”, não poderia mais permanecer na UTI. Mas se a pessoa saísse da UTI seria a decretação da sua morte.

Ficamos então imaginando. Esse pessoal faz propaganda nos meios de comunicação dizendo para fazer parte de um plano de saúde. Não sei se a pessoa está entrando num plano de saúde ou está entrando pelo cano. A pessoa paga um plano de saúde a vida toda, fica doente e só pode ficar cinco dias na UTI. Ainda bem que há leis neste País, que temos uma Constituição chamada Constituição Cidadã.

Ulisses Guimarães falou que a Constituição do Brasil é a Constituição cidadã, porque tem o Art. 196 que garante o direito à saúde para todos, garante a dignidade da pessoa humana, garante o direito à vida.

Felizmente, a família entrou com uma ação judicial e o Judiciário garantiu que a pessoa continuasse internada.

  Há cidadãos que não conseguem ter acesso ao Poder Judiciário, que não conseguem pagar um advogado para acionar o plano de saúde quando ele não atende de forma adequada. Sei que não são todos os planos de saúde. Não quero generalizar, mas a grande maioria age dessa maneira. São verdadeiros caça-níqueis na hora que precisam vender o plano. É como alguns candidatos na campanha eleitoral que aparecem todos sorridentes. Mas, na hora de defender o povo, aí viram as costas. Assim são alguns planos de saúde neste Estado, neste País. É necessário que a Agência de Saúde Suplementar tome providências. É necessário fazer com que esses planos de saúde cumpram as regras, que a Câmara dos Deputados Federais, o Senado Federal e o Poder Judicial façam com que eles cumpram as regras, porque se uma pessoa morre, e se alguém é culpado, deve ser responsabilizado, virar caso de polícia.

Às vezes, a família vem em nossos gabinetes solicitar ajuda, pedir por socorro e aí entra o Ministério Público. O Ministério Público também precisa acionar esses planos de saúde de forma coletiva, chamá-los à responsabilidade.

Sou crítico, às vezes, da Saúde Pública. Ontem mesmo, fiz aqui crítica, mas, infelizmente, também somos obrigados a chamar à responsabilidade o Serviço de Saúde Suplementar.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jonas Donizette. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. 

 

  O SR. CARLOS NEDER - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, em nome de quem cumprimento todos os demais Deputados, telespectadores da TV Assembleia e todos que nos acompanham aqui do recinto desta Casa, na sessão de ontem, informei a esta Casa da realização de uma assembleia  dos trabalhadores do Conjunto Hospitalar Sorocaba, mas que, de fato, se realizou nesse município, hoje, no período da manhã.

Em que pese todo o clima de violência, assédio moral, ameaças, existentes no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, houve uma grande participação de servidores de diferentes categorias profissionais e também se encontrava a direção do Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Estado de São Paulo na área da Saúde - SindSaúde.

Participei desse evento na companhia do Deputado Raul Marcelo, do PSOL. Novamente ouvimos naquele recinto denúncias extremamente graves do que estaria acontecendo no Conjunto Hospitalar de Sorocaba em face da falta de democracia, da falta de diálogo com os trabalhadores e da falta de transparência no uso das verbas públicas, denúncias referentes a contratos que seriam superfaturados, a favorecimento na escolha de empresas fornecedoras para o Conjunto Hospitalar de Sorocaba e também a dificuldade que os estudantes da PUC e de outras instituições de ensino vêm encontrando para a realização de seus estágios e também na residência médica.

Foi distribuído um documento, de autoria do SindSaúde de Sorocaba, dizendo o seguinte: “O Conjunto Hospitalar de Sorocaba no fundo do poço mais uma vez!” “Precisamos de uma política séria de Saúde”. “Novas denúncias abalam o Conjunto”. 

Fazem aqui, então, uma síntese das reclamações dos trabalhadores: “O uso impróprio de Plantões Extras para financiar o deslocamento dos funcionários que vieram de fora, sabendo-se que praticamente toda diretoria do Conjunto é proveniente da Cidade de São Paulo. Funcionários que foram contratados e que não cumprem sua jornada ou nem aparecem. A forma desrespeitosa de tratar as pessoas, má gestão da coisa pública e dos serviços no CHS. Péssimas condições de trabalho e de relação com as chefias. Envolvimento do diretor regional do sindicato que estaria recebendo plantões extras sem cumpri-los”.

Isso provocou uma indignação dentro da própria direção do Sindicato que não concorda com essa prática e suspendeu de imediato o diretor das suas funções para que ele pudesse fazer a sua defesa, não estando no exercício da diretoria do Sindicato na cidade.

  “Consideramos que todas as denúncias apresentadas devam ser apuradas, cada qual em sua instância e respeitando o direito ao contraditório.” Essa é a posição da Diretoria do SindSaúde na região.

  Após os debates, com a participação inclusive dos trabalhadores usando da palavra, foram tirados alguns encaminhamentos, que eu gostaria de torná-los público:

“Em primeiro lugar, é inaceitável qualquer suspeita de corrupção no uso das verbas públicas. Há, então, a expectativa de que o Tribunal de Contas do Estado, que o Ministério Público Estadual e que o próprio Governo do Estado de São Paulo, na figura do Governador e do Secretário de Estado da Saúde, apurem de imediato as denúncias sobre malversação de uso dos recursos públicos; retorno imediato dos funcionários que foram expulsos dos seus locais de trabalho na forma de retaliação pelas denúncias que fizeram; apresentação imediata de holerite dos últimos meses da Diretoria do Conjunto Hospitalar, na medida em que há denúncia de que o expediente de plantões extras, que não são de fato cumpridos, estaria sendo utilizado para um ganho adicional por parte desses diretores; gestão participativa para que os trabalhadores possam participar da discussão de qual é o projeto técnico-assistencial do Hospital, em conjunto com a Pontifícia Universidade Católica.”

  Concluo o meu pronunciamento com a solicitação para que as lideranças das Bancadas representadas na Assembleia Legislativa de São Paulo ajam para que tenhamos uma audiência com o Secretário de Estado da Saúde, para que essas denúncias possam ser devidamente esclarecidas.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

 

O SR.  PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jonas Donizette. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

            O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Barros Munhoz, Deputado Olímpio Gomes, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, realizamos aqui no dia 2, na última terça-feira, uma grande audiência pública em defesa da TV Cultura, do site da TV Cultura, que está sendo ameaçada pelo interventor do ex-Governador José Serra, o economista João Sayad de sofrer alterações em boa parte da grade de programação da TV, sem falar da demissão de mais de 1400 funcionários. Na verdade, isso significa um verdadeiro desmonte da rádio e da TV Cultura, que é uma TV pública construída com o dinheiro dos 42 milhões de habitantes do Estado de São Paulo. A TV Cultura não é uma TV do PSDB, não é uma TV do Serra, do Sayad, do Estado, muito menos de um partido político. Ela é uma TV  pública de caráter público, que tem como principal objetivo a promoção da Cultura, da Educação e da valorização do que significa a construção da cidadania, do social no nosso Estado, contemplando as mais diversas ramificações e adversidades culturais do nosso Estado. Na verdade, ele não só anunciou como exterminou o programa Manos e Minas, um programa novo na TV brasileira e que representa a voz de um segmento da nossa sociedade, da juventude da periferia, do movimento hip hop, que não tem voz, que não tem vez e que está marginalizado mas que encontrou um espaço importante numa TV pública como a TV Cultura. A primeira medida do interventor e economista João Sayad foi então exterminar o programa Manos e Minas. Porém, houve muita mobilização no Estado de São Paulo, vários grupos se organizaram, nós aqui utilizamos exaustivamente a tribuna da Assembleia para denunciar este fato, esta visão elitista e racista inclusive de cultura, porque ele foi exterminar justamente o programa de uma juventude negra, de pessoas que estão produzindo cultura na periferia, de um movimento popular importante de resistência e de denúncia. Houve uma grande resistência do movimento hip hop. Pois bem. Realizamos aqui na Assembleia Legislativa essa audiência pública e no mesmo dia o interventor João Sayad recuou e anunciou que o programa não seria mais extinto, que ele voltaria com uma nova programação, contudo, as ameaças continuam em relação a outros programas, como o Vitrine, como um programa histórico da televisão brasileira o programa Ensaio, um programa produzido por Fernando Faro, uma das pessoas que mais entende de música popular brasileira, um programa que é feito há quase 40 anos nosso Estado, inclusive com imagem ainda em preto e branco, um programa que resgata o verdadeiro valor da música popular brasileira, dos seus cantores e compositores. Esse programa, por exemplo, está sendo ameaçado de ser extinto por esse interventor João Sayad. Sem contar que João Sayad quer demitir mais de 1400 funcionários, inclusive quer a saída da TV Assembleia, ele quer que a TV Cultura não faça mais a transmissão dos nossos trabalhos, o que é um verdadeiro absurdo porque nós temos aqui dezenas e dezenas de trabalhadores que têm a técnica do serviço, que dominam toda a programação da TV Assembleia, que conduzem com muita competência e perfeição o trabalho e agora, do dia para a noite, João Sayad ameaça romper o contrato com a TV Assembleia. Isso vai significar a demissão de dezenas e dezenas de servidores da TV Cultura que estão trabalhando aqui na TV Assembleia transmitindo a programação que o telespectador assiste todos os dias e que é de alta qualidade. Portanto, estamos nos colocando contra isso. Já estamos colhendo assinaturas para a instalação de uma Frente Parlamentar em defesa da TV, da rádio e do portal Cultura e contra as demissões, contra o anúncio do enxugamento da TV Cultura, o que vai representar um verdadeiro retrocesso para a Cultura, para os servidores do nosso Estado. Deixo aqui uma pergunta no ar: o economista João Sayad diz que fará corte de funcionários para economizar recursos, está com a visão economicista e financeira da TV Cultura, mas não entendemos por que vai dispensar quase 20 milhões ao ano, que é o valor pago pela TV Assembleia à TV Cultura para que os servidores da TV Cultura mantenham a nossa programação no ar. Não dá para entender.

Então, peço o apoio de todos os deputados desta Casa assinando o nosso pedido de instalação da Frente Parlamentar em defesa da TV Cultura, em defesa da programação e contra a demissão dos funcionários.   

 

            O SR. PRESIDENTE BARROS MUNHOZ PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, volto a esta tribuna com o intuito de polemizar agora com a resposta dada pelo Presidente da Assembleia Deputado Barros Munhoz, que pode ter tomado uma medida legal, mas de discutível caráter ético e até moral dada a amplitude da Assembleia Legislativa em relação a ser realmente a casa do povo.

Duvido que todo o efetivo da Assistência Policial Militar da Casa tenha sido convocado - mais de 100 policiais - para brincar de roda com as pessoas aqui de madrugada. Era, sim, caso houvesse resistência por parte da maioria daquelas mulheres, para empregar a força.

Quando V. Exa. fala o quanto os servidores públicos foram atendidos, à exceção dos juízes e promotores que tiveram aprovado o seu subsidio de 10.800 para 16.200 numa votação de madrugada, não sei de que categoria de servidor público V. Exa. pode estar falando que tenha tido qualquer tipo de reconhecimento em relação ao papel da Assembleia Legislativa, em relação ao nosso papel, de termos sido signatários do massacre que o seu Governo impõe aos servidores públicos há 16 anos.

  Quando policiais estiveram aqui em 2008 pedindo pelo amor de Deus, a Assembleia Legislativa virou as costas. No episódio da São Paulo Previdência, a Assembleia Legislativa também virou as costas aos servidores públicos do Estado de São Paulo, essa prostração da Assembleia Legislativa diante do Executivo. E agora, servidores do Judiciário, a quem vamos recorrer? O Deputado Carlos Giannazi disse que foram dois meses e meio de mobilização e com duas horas e meia o Presidente da Assembleia Legislativa, para exercer o poder imperial, determinou a retirada, de todas as formas, daquelas pessoas - a maioria mulheres completamente desesperadas. O próprio líder do movimento dizia ‘Estou sem receber há dois meses, não pude comprar o presente de aniversário do meu filho. Sou um oficial de justiça e sei o papel, comandante, do senhor. Só queria que o senhor tivesse sensibilidade. Mas quando chegou a sensibilidade imperial! É bom exercer o poder dessa forma. “Eu quero”. “Dane-se”. Arrancar policiais de dentro da viatura pelo braço! Como deve ser gostoso fazer isso, sentir-se poderoso! Vamos punir os policiais que não conseguiram transporte na madrugada! Vamos puni-los!

            Se esse é o espírito da coisa, talvez minha visão esteja equivocada. Trabalhei 29 anos no serviço ativo da Polícia Militar e intervi em inúmeras situações de conflitos sociais, sempre com orientação do meu comando de esgotar toda a possibilidade de negociação, para a gestão ser na palavra e não no uso da força. Mas, quando não há argumentos, quando se representa um governo truculento, que massacra, e na dúvida já manda colocar o  contingente para a força, mesmo, aqueles que não têm transporte público na madrugada tem de ser  punidos, sim. Vamos punir os policiais que não conseguiram chegar para o plano de chamada. É isso mesmo. Vamos demonstrar que o poder funciona dentro da Assembleia Legislativa, quando interessa. É triste dizer isso para os servidores públicos; 48 mil servidores do Judiciário.

Como eu gostaria que a minha Assembleia tivesse se posicionado de forma diferente! Como eu gostaria que as comissões da Assembleia estivessem empenhadas em mediar uma situação junto ao Poder Executivo para liberação de recursos complementares; junto ao Poder Judiciário; que fiscalizassem o Orçamento do Judiciário que é votado nesta Casa. Mas nada disso acontece. Importante é convocar um plano de chamada para demonstrar o poder, para ameaçar, para constranger e para punir aqueles que não têm transporte para chegar para um plano de chamada na madrugada. Deve ser bom ter esse poder todo.

Mas que a população saiba que os servidores públicos de todas as áreas sentem na carne o escracho que sofreram, com anuência da Assembleia Legislativa, da esmagadora maioria da Assembleia que acaba concordando com o Poder Executivo, porque é muito bacana ser da base aliada, tem todas as benesses. Mas no coração de cada servidor, no coração de cada um dos servidores do Judiciário, neste momento, o sentimento é de que vocês foram postos para fora desta Casa de leis! Vocês foram escorraçados desta Casa de leis! Vocês procuraram esta Casa, talvez, como o último abrigo, e foram escorraçados! Logicamente que não iam oferecer resistência, não havia ânimo para isso, mas era simplesmente uma forma desesperada de se manifestar. Pelo amor de Deus! O Poder Legislativo é um poder harmônico e independente, não tem de estar prostrado diante do Executivo, não tem de estar assustado com o Poder Judiciário! É um poder independente. Mas não é isso que foi demonstrado. Desculpem-me, servidores públicos do Estado de São Paulo! Perdão, servidores do Judiciário! A população que reflita, porque esta Casa de leis é um reflexo da sua escolha.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

  O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Sr. Presidente, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de dizer que somente agora, depois de muitas denúncias, de muita pressão, de muita reclamação e muita indignação o governo estadual, a Secretaria de Educação e a Secretaria de Gestão Pública anunciaram a regularização da volta do vale-refeição para os servidores da Educação. Temos denunciado que mais de 70 mil servidores da Educação, professores da rede estadual de ensino estavam sem receber o vale-refeição. Mas o verdadeiro nome, hoje, do vale-refeição, é vale-coxinha. Isso porque, além de não pagar o vale para 70 mil professores, o valor é uma verdadeira afronta à dignidade dos nossos servidores em geral. O seu valor é de apenas 4 reais. Além de esse valor ser aviltante à dignidade do servidor público, em especial os professores, não estava sendo pago. Milhares de professores há 2, 3 meses estavam sem receber.

  Isso mostra o desprezo do atual governo com a educação pública de qualidade, mostra que esse governo não é sério, não é um governo que de fato pretenda oferecer educação pública gratuita e de qualidade para a população. Esse é o primeiro ponto que eu gostaria de levantar: não há seriedade para com a educação do nosso estado, muito menos com o magistério estadual e os demais servidores que recebem vale com o mesmo valor, como os da Polícia Militar, da Polícia Civil, os agentes penitenciários etc. Os servidores até dizem que daqui a alguns dias não dará sequer para a coxinha. Preocupa-me, sobretudo, porque na área da Educação isso significa falta de investimento, falta de valorização dos profissionais da Educação e o quanto a nossa educação está à deriva, sem direção.

  Recentemente a Secretaria da Educação, por exemplo, pelo secretário Paulo Renato de Souza, anunciou que daria um vale presente para os alunos frequentarem as aulas de reforço. O aluno que estivesse com dificuldade de aprendizagem na disciplina de Matemática e que freqüentasse as aulas de reforço teria um vale de 50 reais. Com isso ele seria estimulado. Todavia, essa aula de reforço não seria com professor de Matemática e da rede estadual de ensino, mas seria dada por um aluno do ensino médio com boa avaliação pelo Saresp. Ele ganharia 115 reais.

  Ao invés de o secretário da Educação investir no magistério, nos professores, comete dois erros gravíssimos. Vai pagar para o aluno que não tem obrigação de ensinar o outro, que pode ensinar por livre e espontânea vontade, mas isso não pode significar um ponto da política educacional do Estado de São Paulo. Se isso vira moda, os alunos só vão querer estudar se receberem dinheiro. O aluno só vai estudar Português se receber 50 reais e assim por diante.

É um método extremamente antipedagógico e antieducacional. A    medida foi tão criticada pela sociedade, pelos educadores e pelos especialistas na área da Educação, que recentemente o secretário recuou da decisão cancelando pelo menos por enquanto a introdução desse modelo de política educacional que representaria uma verdadeira afronta ao magistério e ao processo ensino/aprendizagem.

Para concluir, Sr. Presidente, estamos terminando essa legislatura, o governo vive seu ocaso e o Plano Estadual de Educação não foi aprovado na Assembleia Legislativa, está engavetado, obstruído pela base governista, desde 2003.

Isso é um absurdo, uma agressão à educação pública do Estado de São Paulo, porque a aprovação do plano significa que a política educacional vai se transformar em política do estado e não mais política de governador, de partido político, ou de secretário da educação.

Vamos continuar denunciando isso e pressionando a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a aprovar o Plano Estadual de Educação que visa o investimento de mais recursos na educação, visa fazer a reforma educacional e a valorização do magistério público do Estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

  O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB – O pedido de V. Exa. é regimental. Havendo acordo entre as lideranças, antes de dar por levantados os trabalhos esta Presidência convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os da Sessão Solene a realizar-se amanhã, às 20 horas, com a finalidade de comemorar os 100 mil atendimentos de Cursinho da Poli, solicitada pelo nobre Deputado Vicente Cândido.

  Está levantada a sessão.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 15 horas e 31 minutos.

 

* * *