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13 DE SETEMBRO DE 2011

099ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, WELSON GASPARINI, CARLÃO PIGNATARI, DONISETE BRAGA, LUIZ CARLOS GONDIM, ITAMAR BORGES, GERALDO CRUZ e BARROS MUNHOZ

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Registra a realização de audiência pública, em 12/09, em defesa da aprovação da PEC nº 300, organizada pelo Deputado Olímpio Gomes. Defende aumento do piso salarial para o magistério brasileiro. Divulga a apresentação de emendas, de sua autoria, visando aprimorar reajuste do Governo do Estado de São Paulo aos policiais. Pede que o Governador Geraldo Alckmin encaminhe integralmente o orçamento solicitado pelo Tribunal de Justiça para o ano de 2012. Denuncia déficit de servidores neste órgão.

 

003 - WELSON GASPARINI

Congratula-se com a Presidente Dilma Rousseff e com o Governador Geraldo Alckmin pela realização de termo de compromisso para repasse de recursos federais na construção do trecho Norte do Rodoanel. Defende alianças partidárias a fim de beneficiar a população. Comenta reportagem sobre portaria do Ministério da Saúde que limita a entrega de medicamentos de valor mais alto a pacientes portadores de leucemia.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Anuncia a realização de audiência pública, ontem, nesta Casa, pela aprovação da PEC nº 300, que estabelece piso salarial nacional para os profissionais da Segurança Pública. Informa as próximas mobilizações que deverão ocorrer pela causa. Denuncia a falta de corrimão em rampa de acesso aos deficientes físicos, nesta Casa. Comenta matéria jornalística sobre processo licitatório de restaurante deste Legislativo. Comunica que protocolou queixa-crime no Ministério Público a respeito de inserções realizadas pela TV Assembleia.

 

005 - WELSON GASPARINI

Assume a Presidência. Esclarece que alguns deputados estão ausentes, nesta sessão, em razão da realização de evento, no Palácio dos Bandeirantes, com a presença da Presidente Dilma Rousseff e do Governador Geraldo Alckmin.

 

006 - HAMILTON PEREIRA

Defende a campanha salarial do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba. Informa a realização de paralisação de advertência, organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), no município. Parabeniza a central sindical, considerando-a combativa. Informa a realização de encontro da Presidente Dilma Rousseff com o Governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, em 13/09, a fim de discutir recursos para as obras do Rodoanel.

 

007 - FERNANDO CAPEZ

Defende que os PLCs 47, 48 e 49/11, sejam discutidos pelos parlamentares antes de serem colocados em votação. Lê artigo, de sua autoria, a respeito da diminuição do tempo de serviço para aposentadoria dos policiais femininos.

 

008 - FERNANDO CAPEZ

Para comunicação, prossegue a leitura de artigo, de sua autoria, em que defende a diminuição do tempo de serviço para a aposentadoria dos policiais femininos.

 

009 - JOSÉ CÂNDIDO

Elogia o pronunciamento do Deputado Fernando Capez, a respeito da redução do tempo de serviço para a aposentadoria dos policiais militares femininos. Informa estudo da Secretaria do Estado da Saúde sobre a mortalidade infantil no Estado de São Paulo em 2010, segundo o qual, o índice do município de Suzano é inferior à média geral do Estado. Divulga o "Programa Aconchego" que visa dar assistência às gestantes, na mesma cidade.

 

010 - CARLÃO PIGNATARI

Assume a Presidência.

 

011 - FERNANDO CAPEZ

Para comunicação, questiona se os PLCs 47, 48 e 49/11 serão colocados em votação na próxima semana.

 

012 - Presidente CARLÃO PIGNATARI

Esclarece que o tema deverá ser discutido em reunião do Colégio de Líderes, hoje.

 

013 - OLÍMPIO GOMES

Para comunicação, elogia o Ministério Público Estadual pela celeridade em instaurar procedimento apuratório a respeito de contrato de licitação de restaurante desta Casa.

 

014 - MARCOS MARTINS

Informa a realização de audiência pública na cidade de Osasco, na qual esteve presente o Presidente da Câmara Municipal, a respeito do bullying praticado em escolas públicas. Defende projeto, de sua autoria, que pede a presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas na rede estadual.

 

GRANDE EXPEDIENTE

015 - PEDRO BIGARDI

Destaca a atuação do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias. Informa que a associação é o primeiro sindicato ferroviário do Brasil. Fala sobre a possibilidade de extensão da malha ferroviária até o município de Campinas. Comenta a realização de audiências públicas para discutir o tema. Explica que o custo da obra não será elevado. Justifica a necessidade de investimento neste tipo de transporte.

 

016 - CARLOS BEZERRA JR.

Para comunicação, denuncia a existência de trabalho escravo no Estado de São Paulo. Lamenta a impossibilidade regimental para a instauração CPI com o intuito de investigar o tema. Cobra a aprovação de projeto tendente a modificar o Regimento Interno da Casa. Exibe vídeo sobre o tema.

 

017 - OLÍMPIO GOMES

Para comunicação, apoia a manifestação do Deputado Carlos Bezerra Jr. Destaca a necessidade de combate à existência de trabalho escravo no Estado de São Paulo.

 

018 - PEDRO BIGARDI

Para comunicação, faz coro à denúncia do Deputado Carlos Bezerra Jr. acerca da ocorrência de trabalho escravo em São Paulo. Afirma que o tema deve ser discutido no Colégio de Líderes.

 

019 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, apoia proposta de CPI, do Deputado Carlos Bezerra Jr., que pretende investigar a ocorrência de trabalho escravo no Estado de São Paulo. Defende a possibilidade de mudanças no Regimento Interno no que tange a CPIs. Cita denúncias que, segundo o Deputado, deveriam ser investigadas por este Legislativo. Questiona a relevância das CPIs em curso. Relata denúncia que levou ao Ministério Público sobre o oferecimento de cursos pagos pelo Centro Paula Souza.

 

020 - MARCOS MARTINS

Pelo art. 82, retoma discurso do Deputado Pedro Bigardi, sobre a necessidade de extensão da malha ferroviária. Afirma que o Metrô também deveria ter suas linhas ampliadas. Defende a instalação da CPI para investigar o trabalho escravo, proposta pelo Deputado Carlos Bezerra Jr.

 

021 - MARCOS MARTINS

Requer a suspensão dos trabalhos até as 17 horas.

 

022 - Presidente CARLÃO PIGNATARI

Defere o pedido e suspende a sessão às 16h02min.

 

023 - DONISETE BRAGA

Assume a Presidência e reabre a sessão às 17h03min.

 

024 - LUIZ CARLOS GONDIM

Pelo art. 82, mostra imagens de pouso de avião, com ave sobrevoando próximo a ela. Defende o fim dos aterros sanitários em São Paulo, para prevenir acidentes. Sugere que os resíduos sólidos sejam transformados em energia ou pavimentação. Repudia empresa que intenciona criar novo lixão próximo ao Aeroporto de Guarulhos.

 

025 - LUIZ CARLOS GONDIM

Assume a Presidência.

 

026 - DONISETE BRAGA

Para comunicação, tece comentários sobre ato, ocorrido nesta tarde, no Palácio dos Bandeirantes, com a presença da Presidente Dilma Rousseff. Acrescenta que o contrato assinado entre a Presidência da República e o Governador Geraldo Alckmin visa à liberação de recursos federais para o trecho norte do Rodoanel. Ressalta os investimentos federais nos Estados e municípios. Cita acordos com o Prefeito Gilberto Kassab relativos à habitação e creches.

 

027 - DONISETE BRAGA

Solicita a suspensão dos trabalhos até as 18 horas, com assentimento das lideranças.

 

028 - Presidente LUIZ CARLOS GONDIM

Defere o pedido e suspende a sessão às 17h12min.

 

029 - ITAMAR BORGES

Assume a Presidência e reabre a sessão às 18h01min.

 

030 - SEBASTIÃO SANTOS

Solicita a suspensão da sessão por 15 minutos, por acordo de lideranças.

 

031 - Presidente ITAMAR BORGES

Defere o pedido e suspende a sessão às 18h02min.

 

032 - GERALDO CRUZ

Assume a Presidência e reabre a sessão às 18h18min.

 

033 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Solicita a suspensão da sessão por 15 minutos, por acordo de lideranças.

 

034 - Presidente GERALDO CRUZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 18h18min.

 

035 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência e reabre a sessão às 18h32min.

 

ORDEM DO DIA

036 - Presidente BARROS MUNHOZ

Convoca sessão extraordinária, a realizar-se hoje, com início dez minutos após o término desta sessão.

 

037 - VINÍCIUS CAMARINHA

Solicita a prorrogação dos trabalhos por uma hora.

 

038 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de prorrogação da sessão por uma hora.

 

039 - VINÍCIUS CAMARINHA

Requer a suspensão da sessão por 30 minutos, com assentimento das lideranças.

 

040 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 18h34min; reabrindo-a às 19h08min. Coloca em votação e declara aprovado requerimento de alteração da ordem do dia. Coloca em discussão o PL 688/11. Convoca os Srs. Deputados e demais interessados para audiência pública, a realizar-se dia 15 de setembro, às 14 horas e 30 minutos, no Plenário Juscelino Kubitschek, para discutir os PLC 47, 48, 49, 50 e 51/11.

 

041 - SIMÃO PEDRO

Discute o PL 688/11.

 

042 - ADRIANO DIOGO

Discute o PL 688/11.

 

043 - MARCOS MARTINS

Discute o PL 688/11 (aparteado pela Deputada Telma de Souza).

 

044 - VINÍCIUS CAMARINHA

Solicita a prorrogação da sessão por uma hora e trinta minutos.

 

045 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de prorrogação da sessão por uma hora e trinta minutos.

 

046 - HAMILTON PEREIRA

Discute o PL 688/11.

 

047 - JOSÉ ZICO PRADO

Discute o PL 688/11.

 

048 - JOSÉ CÂNDIDO

Discute o PL 688/11 (aparteado pelos Deputados João Paulo Rillo e Adriano Diogo).

 

049 - Presidente BARROS MUNHOZ

Encerra a discussão do PL 688/11. Coloca em votação e declara aprovada a consulta às Lideranças para que seja dado conhecimento e votada emenda aglutinativa, sendo dispensada a sua leitura. Coloca em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Samuel Moreira, de método de votação ao PL 688/11. Põe em votação o PL 688/11, salvo emendas e emenda aglutinativa.

 

050 - ENIO TATTO

Encaminha a votação do PL 688/11, salvo emendas e emenda aglutinativa, em nome do PT.

 

051 - MAURO BRAGATO

Encaminha a votação do PL 688/11, salvo emendas e emenda aglutinativa, pela Liderança do Governo.

 

052 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado o PL 688/11, salvo emendas e emenda aglutinativa. Coloca em votação e declara aprovada a emenda aglutinativa de nº 06, restando prejudicadas as emendas nºs 01, 04 e 05. Coloca em votação e declara rejeitadas as emendas nºs 02 e 03.

 

053 - ENIO TATTO

Declara voto favorável às emendas apresentadas pelo PT.

 

054 - SEBASTIÃO SANTOS

Declara voto favorável ao PL 688/11. Destaca a relevância da matéria para o município de São José do Rio Preto.

 

055 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra as manifestações.

 

056 - JOOJI HATO

Pede o levantamento da sessão, com assentimento das lideranças.

 

057 - Presidente BARROS MUNHOZ

Anota o pedido. Manifesta-se sobre o PL 688/11, ora deliberado, que cria o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social. Agradece os elogios à sua pessoa, especialmente quando Ministro da Agricultura. Afirma que a matéria corrige injustiças relacionadas aos trabalhadores do campo. Informa que os pequenos produtores são responsáveis por 70% da produção agrícola paulista. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 14/09, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, hoje, com início às 21 horas e 16 minutos. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, ao ver o Deputado Olímpio Gomes não posso esquecer de registrar a audiência pública de ontem em defesa da PEC 300, em defesa dos servidores da Segurança Pública.

Foi um grande movimento, organizado por V. Exa. e por várias entidades, tanto da Polícia Civil como da Polícia Militar, com a presença de deputados federais, no sentido de pressionar o Poder Executivo a somar forças para que a PEC 300 seja aprovada em caráter de urgência no Congresso Nacional, para que possamos ter políticas públicas voltadas à Segurança Pública no Brasil.

Atualmente, a Segurança Pública no País é deficitária porque não se investe nos seus servidores. A PEC 300 é estratégica nesse sentido. Em Brasília, no Senado e na Câmara dos Deputados, a nossa bancada está trabalhando pela aprovação da PEC 300. Na Assembleia Legislativa, estamos fazendo todas as gestões possíveis para que ela seja aprovada e que haja um piso salarial para todos os servidores da Segurança Pública do Brasil.

Recentemente, aprovamos o piso salarial para o Magistério Público brasileiro, que ainda é baixo, insignificante, mas estamos avançando e pressionando o Governo Federal a aumentá-lo. Nesse mesmo diapasão, lutamos para que os servidores da Segurança Pública tenham o mesmo direito.

Em São Paulo, já apresentamos emendas aos projetos que foram encaminhados pelo Executivo que versam sobre o reajuste, sobre as alterações nas carreiras dos policiais civis e militares, porque os projetos encaminhados não dão conta. Na verdade, eles estão muito aquém das necessidades e interesses dos servidores da Segurança Pública. Os percentuais apresentados não cobrem minimamente a inflação dos últimos anos. Ou seja, as perdas inflacionárias não são cobertas pelo reajuste que o Governo apresentou, tendo ainda um agravante: o Governo parcelou em dois anos a ínfima porcentagem do reajuste. Nesse sentido, apresentamos emendas pedindo a majoração do reajuste e a retroatividade a 1° de março, data-base salarial de todos os servidores do Estado de São Paulo.

Gostaria ainda de aproveitar a oportunidade para registrar que o Tribunal de Justiça já encaminhou para o Palácio dos Bandeirantes o orçamento da Justiça para 2012 e nós exigimos que o Governador Geraldo Alckmin envie este orçamento na íntegra aqui para a Assembleia Legislativa, que não corte pela metade como fizeram os seus antecessores os Governadores Serra e Goldman. O orçamento do Tribunal de Justiça enviado ao Palácio dos Bandeirantes é de 13 bilhões e 200 milhões. Este montante é importante porque aqui na Assembleia Legislativa já aprovamos a instalação de mais de mais de 340 varas em todo o Estado de São Paulo. Em 2010 aprovamos também a criação dos fóruns de M’Boi Mirim e Capela do Socorro. Em 2006 a Assembleia Legislativa aprovou a criação do fórum de São Mateus e até agora nada. Esses fóruns não foram construídos, as varas não existem no Estado.

A Justiça está numa penúria total e nada é feito. Ao contrário, os governos têm cortado os orçamentos dos Tribunais de Justiça em todo o Brasil, inclusive aqui em São Paulo. Isso é tão grave que o Supremo Tribunal Federal já fez encaminhamento pedindo para que não haja corte. Não podemos aceitar cortes no orçamento do Judiciário porque isso dificulta o acesso à Justiça e penaliza a população, sobretudo os servidores do Judiciário, que são duramente prejudicados por essa política de cortes. Temos um déficit de 15 mil servidores no sistema judiciário. Temos acordos trabalhistas que não foram cumpridos até hoje pelo Tribunal de Justiça, que alega falta de recursos para pagar decentemente os servidores. Tivemos alguns concursos no Tribunal de Justiça e a chamada se deu de forma insignificante. Por isso esse déficit de 15 mil servidores no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Portanto, apelamos ao Governador Geraldo Alckmin para que não faça cortes no orçamento da Justiça, como fizeram os ex-Governadores José Serra e Alberto Goldman, prejudicando os servidores do Judiciário e toda a população do Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI – PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero me congratular com a Presidenta da República Dilma Rousseff e com o Governador Geraldo Alckmin. Eles estão assinando o termo de compromisso para repasse de recursos federais para a construção do trecho norte do Rodoanel Mário Covas. Trata-se de um encontro muito importante. É a segunda vez, em pouco tempo, que a Presidenta Dilma vem a São Paulo para, junto com o Governador no Palácio dos Bandeirantes, assinar contratos de grande importância para o Estado de São Paulo.

Quando digo que quero me congratular com a Presidenta Dilma e com o Governador Geraldo Alckmin é porque vemos através da imprensa algumas observações descabidas: ‘Mas como pode? Os dois agora estão unidos.

Lógico que devem se unir, se é para o bem do povo. A ideologia partidária não tem importância numa hora dessas. A Sra. Dilma Rousseff é a Presidenta da República e Geraldo Alckmin é o Governador do Estado de São Paulo. Têm de somar forças para que o povo seja beneficiado com as ações administrativas dos Governos Federal e Estadual e sempre que possível fazendo essas alianças. Isso não quer dizer que por ocasião do processo eleitoral não devam os partidários cada qual defender princípios, valores políticos de conduta nos diversos cargos da administração pública. Pequenos problemas não podem impedir alianças como esta que está sendo feita no dia de hoje, uma aliança administrativa e de grande importância. Portanto meus cumprimentos à Presidenta Dilma Rousseff e ao Governador Geraldo Alckmin.

Quero agora me referir a uma reportagem da jornalista Claudia Collucci que me entristeceu bastante.

“O Ministério da Saúde está limitando o número de pacientes com leucemia mieloide crônica (um tipo de câncer no sangue) que teriam direito a drogas mais caras para tratar a doença.

Na semana passada, o hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) recebeu uma lista do Ministério vetando, nominalmente, 14 pacientes de continuar recebendo a medicação.”.

A propósito, gostaria que a Presidenta Dilma lesse esta matéria. Ela não pode concordar com isso. Sem esses medicamentos esses pacientes morrem. Quem diz isso não é um deputado, mas Carmino de Souza, professor da Unicamp e presidente da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia).

“A polêmica vem desde julho, quando passou a vigorar uma nova portaria do Ministério que limitou em 15% a taxa de doentes com direito a receber drogas chamadas de segunda linha - única opção para aqueles que não respondem ao tratamento com as de primeira linha.

Os medicamentos de primeira linha são usados por pacientes no período inicial da leucemia. Com o tempo, é comum o organismo ficar resistente à droga.

A solução, então, é recorrer ao tratamento de segunda linha, que chega a custar, mensalmente, R$ 7.000 por paciente. O valor é mais que o dobro do custo do tratamento de primeira linha (mesilato de imatinibe).

O Ministério diz que uma auditoria constatou que 10% dos pacientes com esse tipo de leucemia precisam de drogas de segunda linha.”.

Agora temos o pronunciamento desse professor da Unicamp que diz que sem esses medicamentos esses pacientes morrem.

“Os hospitais dizem, em resposta à declaração do Ministro da Saúde, que o índice de pacientes com essas características varia de 20% a 35%. Na Unicamp, por exemplo, é de 27%. No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) e na Santa Casa de São Paulo, de 19%.

Para Carlos Chiattone, hematologista da Santa Casa de SP, o que o ministério faz é ‘inaceitável’. "Se há distorções, elas têm que ser corrigidas pontualmente.".

Como pode o ministro dizer ‘estes dez pacientes a mais não receberão o remédio porque decidimos que só 15% dos que estão tratamento vão ter direito a remédios da segunda linha. O governo, limitando remédio para câncer, está conduzindo à morte pessoas que podem ser salvas. V.Exa. é médico e sabe a gravidade dessa decisão do ministro da Saúde.

Então, quero fazer um apelo à presidente Dilma Rousseff, que hoje está num dia tão importante para São Paulo, que ela tome conhecimento desse assunto, chame no palácio o ministro da Saúde e dê uma solução humana para esse caso. Não é possível que um ministro da Saúde limite um remédio para curar pessoas que estão com câncer e que ficarão condenadas à morte. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico prado. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Welson Gasparini.

 

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O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, em primeiro lugar, quero dizer que ontem tivemos um grande evento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, de mobilização no Estado de São Paulo pela aprovação da PEC 300. Estiveram presentes: deputado Arnaldo Faria de Sá, proponente na Câmara dos Deputados da PEC 300; deputado Mendonça Prado, presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados; major Araújo, deputado estadual pelo estado de Goiás; deputado Carlos Giannazi, que esteve e sempre está presente na defesa intransigente pela votação da PEC 300 - a família policial militar lhe agradece.

Fizemos um balanço da PEC e temos perspectivas de mobilização cada vez mais intensa, com mobilização de rua, porque na época das eleições tivemos compromissos públicos da então candidata à presidência, Dilma Rousseff; do hoje vice-Presidente da República, Michel Temer, pelo PMDB; que seria feita a segunda votação da PEC 300.

Passadas as eleições, os compromissos foram esquecidos. Temos governadores unidos e intransigentes, somados com o governo federal, pela não votação da PEC 300, como o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; Anastasia, de Minas Gerais; governador do Rio de Janeiro; o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro; o governador da Bahia, Jaques Wagner. Esses cinco governadores têm cerrado fileiras na luta contra o estabelecimento de um piso nacional para os profissionais da Segurança Pública.

Saindo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo houve um deslocamento até a Avenida Paulista. Centenas de companheiros do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, da Bahia, de São Paulo, mobilizados. Vamos para uma luta mais intensa e mais aguda, que pode culminar numa paralisação de todo o segmento da Segurança Pública no país. Não é uma ameaça não, é mais do que uma realidade. Não se pode dar o passa-moleque que estão dando na polícia brasileira votando em primeira votação, na Câmara dos Deputados, 319 votos a zero; e não fazem a segunda votação porque sabem que o resultado vai ser o mesmo. Mas vamos continuar a nossa mobilização cada vez mais aguda.

Às 16 horas, estarão no Colégio de Líderes presidentes de associações e sindicatos representativos de policiais civis e militares e agentes penitenciários para sensibilizarem o Colégio de Líderes no acolhimento de dezenas e dezenas de emendas que apresentamos aos projetos de revisão salarial e de reestruturação de carreiras de policiais e agentes penitenciários. Emendas feitas ao PLCs 47 a 51. É preciso que haja um mínimo de sensibilidade pública e acolhimento dessas emendas.

Quero aproveitar o final dessa primeira fala para dizer à Mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, à administração da Casa, que até minutos atrás não havia corrimão na rampa de acesso à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, da Av. Pedro Álvares Cabral, destinada aos deficientes físicos. A subprefeitura de Vila Mariana construiu e a Assembleia se encarregou de colocar o corrimão, e ele ainda não foi feito. Já foi dito que a licitação seria ou teria sido feita no dia 02 de setembro, mas até agora só temos dois cones, que são dos taxistas, porque a administração da Casa não teve o mínimo de zelo, de responsabilidade em relação aos cadeirantes que podem estar acessando aquela rampa. Perguntei aos taxistas se os cones são da assembléia, mas eles disseram que são deles.

Quero dizer também da minha preocupação. Há dois dias vejo matéria jornalística no “Jornal da Tarde” e no jornal "O Estado de S.Paulo" dando conta de eventuais irregularidades em relação ao processo licitatório e administração do restaurante da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Devo dizer que é mais do que obrigação da administração da Assembleia dar a resposta correta em relação ao que possa estar acontecendo. Utilizo o restaurante praticamente todos os dias. Mas até que a Assembleia responda exatamente, refutando a matéria ou eventualmente apontando responsabilidades, não uso mais o restaurante e vou recomendar à direção da Afalesp e a todos os funcionários que também não o utilizem. Enquanto não se mostrar exatamente o que está acontecendo, com transparência, não vamos nós alimentar o próprio carrasco.

Quero dizer que na quinta-feira apresentei ao subprocurador geral de Justiça, Dr. Sérgio Turra Sobrani, a queixa-crime assinada pelos deputados Giannazi, Gondim e Pedro Tobias, que se voluntariaram. Ela ficou vários dias aqui para que outros deputados pudessem assiná-la, em relação ao criminoso desvio de recursos na contratação de inserções de deputados na TV Assembleia.

Quero dizer que fizemos uma apuração de fevereiro até agora, e não para. Vamos continuar auxiliando o Ministério Público. Quatro milhões e quatrocentos mil reais foram desviados e usando nomes de deputados como laranjas. Agora o Ministério Público está abrindo o procedimento e vamos continuar auxiliando nessa investigação inicialmente do contrato da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com a Fundação Padre Anchieta - depois vai ser a fez da Fundac; da Fundação Padre Anchieta que subcontratou equipamentos, e logo vou pedir à superintendência da Polícia Técnico-Científica para fazer um laudo da licitação porque tem empresas que entraram na mesma licitação para fornecer equipamento, que conseguem ter os mesmos erros de português e o mesmo texto. É uma coisa inexplicável. Nem o padre Quevedo consegue mostrar como se tem tanta sensibilidade. Mas devo dizer que o encaminhamento foi feito ao Ministério Público. Nós vamos continuar auxiliando nas informações. Tenho a certeza de que todos os Deputados desta Casa têm todo o interesse do mundo na apuração desses graves desvios, dessa quadrilha que se implantou para desviar recursos. Está mais do que provado: as planilhas da Fundação Padre Anchieta não batem com as planilhas do Departamento de Comunicação, que não batem com as planilhas da Assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa.

Voltaremos para continuar, que o tema é palpitante. Hoje a TV Assembleia não foi desligada, como da outra vez em que falei disso.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Gostaria de esclarecer às pessoas que nos acompanham pela TV Assembleia, que muitos Deputados, atendendo a convite da Presidenta Dilma Rousseff e do Governador do Estado de São Paulo, estão neste instante no Palácio dos Bandeirantes, assistindo a um importante ato que representa a união do Governo Federal com o Governo do Estado, para a realização de uma importante obra.

Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, que ainda não foram ao Palácio, mas que provavelmente o farão daqui a pouco, como este Deputado, quero registrar que ontem recebi um contato do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, dando conta de que estão tendo dificuldades nas negociações salariais deste ano, uma campanha salarial que não avança.

Apenas o grupo das montadoras fez uma proposta até agora para os sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores, uma proposta de 10% de reajuste salarial. Os trabalhadores metalúrgicos entendem que merecem mais do que esses 10%. Um conjunto muito grande de trabalhadores das empresas que trabalham com produtos eletro-eletrônicos, na produção de componentes e também na montagem de computadores, laptops, celulares, ainda não recebeu nenhuma proposta, e nem o grupo também que produz peças para as montadoras, para as grandes indústrias automobilísticas do Brasil, e notadamente do Estado de São Paulo.

Nesse sentido, o Sindicato dos Metalúrgicos, auxiliado por um conjunto muito grande de outros sindicatos filiados à CUT resolveu hoje fazer uma paralisação de advertência na Castelinho, lá em Sorocaba. Num contorno da Castelinho eles reuniram lá alguns milhares de trabalhadores na manhã de hoje, trabalhadores esses que na expectativa de que os grupos das empresas de componentes eletro-eletrônicos e das montadoras também desses equipamentos - computadores, laptops e celulares - façam uma proposta, eles fizeram essa paralisação hoje de manhã, uma paralisação de advertência.

Senti-me como nos velhos tempos, Sr. Presidente. Fui àquela mobilização, fui chamado para cima do caminhão de som da CUT, que agora em agosto acabou de completar 28 anos da sua fundação, e continua combativa como sempre. Os sindicatos irmanados ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba foram para essa manifestação, e todos eles usaram da palavra em solidariedade àqueles trabalhadores todos que pararam as atividades hoje de manhã, em protesto a esse descaso das indústrias que não fazem nenhuma proposta salarial.

Eles querem mais de 10%, ou seja, a reposição da inflação e mais um tanto de aumento real, para recompor o poder aquisitivo que eles tinham em meados do ano passado.

Quero parabenizar e solidarizar-me aqui com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, a todos os sindicatos cutistas que para lá se dirigiram e fizeram também essa manifestação. Parabéns a todos os trabalhadores que paralisaram as atividades, ficaram naquele local para ouvir o sindicato, toda a lista de reivindicações que o sindicato apresenta nesta campanha salarial não só relativa a aumento salarial, mas também às reivindicações sociais.

Portanto, parabéns ao Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, a toda a sua diretoria, mais de 100 diretores que hoje estão dentro das fábricas. É um sindicato que inovou, mudando inclusive seu estatuto. Lugar de sindicalista, lugar de lideranças sindicais não é dentro do prédio do sindicato, mas dentro das fábricas. Ali onde surgem os problemas, eles imediatamente se reúnem e tentam resolvê-los.

Nesta campanha salarial creio que com essa disposição de luta o sindicato avançará e obterá da organização patronal as propostas que eles hoje estão pedindo, para que nós cheguemos a bom termo.

Estamos vivendo um momento em que a economia do Brasil cresce, em que a economia das empresas cresce. A lucratividade das empresas é muito grande, e nada mais justo de que haja divisão dessa lucratividade com esses trabalhadores.

Gostaria também de dizer, e o nobre Presidente já falou sobre isto, e eu gostaria de reforçar, num ato de grande republicanismo brasileiro, a Presidenta Dilma vem ao Palácio dos Bandeirantes encontrar-se com o Governador Geraldo Alckmin, para um entendimento, onde serão debatidas as várias questões de interesse do Brasil e do Estado de São Paulo, inclusive o Ferroanel, que é uma questão que está sendo tratada pelos dois governantes, a Presidenta Dilma Rousseff e o Governador Geraldo Alckmin.

Praticamente todos os Deputados desta Casa estão nesse encontro, prestigiando e saudando o Governador do Estado de São Paulo e a Presidenta da República. É por isso que a Assembleia Legislativa está um tanto quanto esvaziada, e pedimos aqui a suspensão dos nossos trabalhos por 30 minutos, para que possamos reunir o restante dos Deputados e dirigirmo-nos ao Palácio dos Bandeirantes, para também participarmos desse encontro, dessas negociações que ocorrem entre a Presidenta da República e o Governador do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Como temos ainda Deputados presentes inscritos para falar, tão logo terminem, suspenderemos a sessão.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, estou preocupado com a possibilidade de os PLCs 47, 48 e 49 serem colocados em votação na próxima terça-feira, com o Congresso de Comissões, sem que os Deputados desta Casa tenham a possibilidade de interagir.

Passarei a ler um artigo que será publicado no Diário Oficial, sobre a aposentadoria das policiais femininas:

“O princípio da igualdade, também chamado de isonomia, é o mais importante de nossa Carta Magna, e representa pedra angular do Estado Democrático de Direito, perfil político-constitucional adotado pela República Federativa do Brasil (CF, art. 1°, caput). Reforçando esse entendimento, o art. 3°, IV, do Texto Constitucional afirma ser objetivo fundamental do Estado brasileiro ‘promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo...’ Pela mesma razão, o racismo constitui um dos dois únicos delitos que jamais prescrevem (CF, art. 5°, XLII).

Previsto na Constituição Federal, no art. 5°, logo em seu primeiro inciso, estatui que "homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição". O Texto Constitucional é claro: homens e mulheres recebem tratamento igualitário, nos termos delineados e propostos pela própria Constituição.

Para assegurar tratamento igualitário, não pode a lei conferir a homens e mulheres idêntico regramento, já que as mulheres se encontram em situação de notória desvantagem. Dar a ambos o mesmo tratamento, sem eliminar tal desvantagem, é tratá-los com desigualdade, violando o princípio constitucional sensível da isonomia. O princípio da igualdade requer tratamento igual aos que se encontram na mesma situação, e desigual aos que não se encontram, até o limite de suas desigualdades. Um exemplo claro é o de os homens não fazerem jus à licença maternidade (CF, art. 7°, XVIII); outro, o das mulheres terem direito a incentivos para a proteção do mercado de trabalho (CF, art. 5°, XX).

Qualquer estudante de direito sabe disso. A Constituição, por óbvio, também.

Por essa razão, no que diz respeito ao regime geral da previdência, em cumprimento ao princípio da isonomia, a Constituição Federal estabelece diferenciação entre homens e mulheres.

Assim, é que, dispõe seu art. 40, § 1°, III, a, que os servidores públicos serão aposentados pelo regime geral da previdência: se homens, aos 60 anos de idade e 35 de contribuição; se mulheres, aos 55 anos de idade e 30 de contribuição. Nota-se, claramente, a diferenciação que se faz entre prazo e limite de idade entre homens e mulheres. Sim, na medida em que a situação não é a mesma, necessitando a desvantagem das mulheres ser compensada de algum modo.

Nessa mesma linha, o referido art. 40, agora em seu § 4°, II, prevê a adoção de critérios diferenciados, mediante lei complementar, nos casos de servidores que exerçam atividades de risco. Vejamos a redação: ‘É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo,..’. Esta é a regra. Servidores em situação equivalente recebem tratamento igualitário. Na sequência, o dispositivo prossegue, estabelecendo a exceção, em cumprimento ao princípio da isonomia: ‘...ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: II-que exerçam atividade de risco’.

Em simetria com a Carta Magna, a Constituição do Estado de São Paulo, em seu art. 126, § 4, n. 2, referindo-se aos servidores civis, trata também do direito à concessão de aposentadoria especial, mediante lei complementar para os servidores que exerçam atividades de risco. O art. 138 da Constituição paulista, por sua vez, em seus §§ 1° e 2°, remete os servidores militares ao mencionado art. 126.

Em suma: todos os servidores, civis ou militares, que desempenhem atividades de risco têm direito a critérios diferenciados para sua aposentadoria, na forma propugnada em lei complementar estadual.”

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Continuando a leitura, Sr. Presidente:

“A CF é clara: o Estado de São Paulo tem o dever constitucional de editar uma lei complementar, em obediência ao princípio da isonomia, estabelecendo diferenciação para os servidores que exercem atividade de risco, em relação aos demais, no que diz respeito à idade e tempo de serviço para aposentadoria.

Mais: dentro dessa categoria de servidores, deve ainda ser feita a distinção entre homens e mulheres.

No caso da Polícia Militar de São Paulo, até hoje não foi editada a tal lei complementar estabelecendo tais diferenças entre servidores policiais militares e os servidores que não exercem atividade de risco. Até hoje, está em vigor uma vetusta legislação da época do período de exceção, qual seja, um instrumento normativo autoritário consistente no Decreto-lei 260, de 29 de maio de 1970, cujo art. 17 prevê para oficiais e praças a aposentadoria após trinta anos de serviço, sem distinguir homens e mulheres.

Para a Polícia Civil, o caso é pior, pois a uma lei recente, a Lei complementar estadual nº l.062, de 13 de novembro de 2008, cujo art. 2° prevê cinquenta e cinco anos de idade, para homem e cinquenta para mulher, e trinta anos de efetivo serviço, sem distinção de sexo. O requisito da idade não vale para quem ingressou na carreira antes da Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003.

Como se nota, nem a ultrapassada legislação militar, nem a mais recente lei da Polícia Civil fazem qualquer distinção entre o tempo de serviço para homens e mulheres.

Ambas desprezam a condição de maior ônus e fragilidade social da mulher e, ao fazerem diferenciação para as atividades de risco, em que se consubstanciam, o policiamento civil e militar, aplicam um redutor de 05 anos para os servidores homens. Assim, no caso dos homens, funcionários públicos em geral se aposentam após 35 anos de contribuição, ao passo que os da polícia civil e militar, após 30 anos; no caso das mulheres, em geral após 30 anos de contribuição, mas no caso das policiais civis e militares. Os mesmos 30 anos, sem qualquer redutor.

A inconstitucionalidade por omissão é tão patente que precisa ser corrigida urgentemente, antes que uma carreada de mandados de injunção - um deles a ser assinado por este deputado - chegue com essa tese ao STF.

Em decisões recentes, o STF por muito pouco não declarou o Estado de São Paulo em mora legislativa e por muito pouco não impôs como prazo para a aposentadoria de todos os policiais de São Paulo os 25 anos do art. 57 da Lei federal n. 8.231/91.

O Supremo diz: ‘já que o Estado de São Paulo não quer fazer uma lei dando regime diferenciado para a Previdência dos servidores que exercem atividade de risco, aplica o regime geral de Previdência e dá 25 anos para todo mundo.’ É o risco que corremos. Nesse sentido: MI 895, de 14 de dezembro de 2009, relator Min. Ricardo Lewandowski; MI 2.696, de 19 de abril de 2010, relatora Min. Carmem Lúcia; e MI 1993/DF, de 20 de agosto de 2010, relator Min. Gilmar Mendes. São Paulo foi salvo pelo Decreto-lei de 1970 e pela omissa Lei complementar n. 1.062/2008.

Ocorre que esta tese não chegou a ser apreciada.

Temos a possibilidade de fazer história. Esta Assembleia Legislativa tem a possibilidade de corrigir essa omissão inconstitucional com a votação dos PLCs 47, 48 e 49/2011, que aguardam votação na Assembleia Legislativa paulista, ou mais uma vez vamos perder o bonde da história? Ou saberemos nos impor como Poder Legislativo nessa questão, tal como fizeram os Estados do Rio Grande do Sul (LC n. 10.990/1997), Rondônia (Dec-lei 09-A/82) e Minas Gerais (LC 109/2009) e tantos outros. Não é hora de assegurar às policiais femininas o direito constitucional ao redutor de 05 anos e aposentadoria após os 25 anos?”

Como é que no regime geral homens se aposentam aos 35 e, como policiais, aos 30 e no regime geral mulheres aos 30 e se policiais aos mesmos 30? Corrigiremos ou nos curvaremos mais uma vez? Com a palavra, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hélio Nishimoto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, em primeiro lugar quero parabenizar a iniciativa do nobre Deputado Fernando Capez quanto à desigualdade da Polícia Militar feminina. Quero estender não só para as mulheres da Polícia Militar, mas para todas as mulheres deste País. Infelizmente, ainda existe a ignorância da lei com a conivência de alguns. Isso é muito grave. Parabéns, nobre Deputado Fernando Capez. Está na ordem do dia a preocupação da Assembleia Legislativa.

Mas, Sr. Presidente, quero falar um pouco sobre a minha Cidade de Suzano, sobre uma notícia boa que vem acontecendo no Estado todo, mas principalmente na minha cidade.

Divulgado no dia 26 de agosto, pela Secretaria de Estado da saúde, em parceria com a Fundação Seade, o balanço da mortalidade infantil no Estado de São Paulo em 2010. Em todo o Estado, a taxa de mortalidade foi de 11,9% por mil nascidos vivos.

Em Suzano, o índice foi inferior. Ficou em 11,2% por mil nascimentos. Comparado a 2009, a redução da mortalidade infantil na cidade foi de 34,5 por cento. Segundo a Secretária Municipal de Saúde, Célia Bortoletto, esse é o menor índice registrado até hoje na cidade. Isso é muito bom, embora, segundo a Secretária, o desafio da administração é atingir um dígito, ou seja, baixar os 11%, quem sabe zerar - o que é difícil, mas, quem sabe?!.

A Secretária anuncia parte do que tem dado certo na nossa cidade. Houve uma parceria da Prefeitura com a Santa Casa, com vários programas que ajudam a diminuir a mortalidade infantil. O Programa Aconchego, em parceria com a Santa Casa, foi implantado no segundo semestre de 2009 no município. Esse programa é um conjunto de ações na maternidade, integradas à Rede Municipal de Saúde, para aprimorar a atenção ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido, conforme determina o Sistema Único de Saúde.

Dentre as ações, destacam-se:

- Teste de gravidez, que tem resultado instantâneo.

- Pré-natal. Se o resultado for positivo, a mulher já é encaminhada para a consulta de enfermagem, pela qual são requisitados outros exames laboratoriais.

A gestante passará, no mínimo, por seis consultas durante a gestação e por uma após o parto. Quando existir a necessidade, também serão requisitados, na fase gestacional, as consultas e os exames de especialidades. Todas as gestantes devem receber as vacinas recomendadas pelo calendário oficial do SUS, e assim por diante.

No sétimo mês de gestação, a mulher é encaminhada para a Unidade Básica de Saúde que realiza o seu pré-natal. A gestante faz também uma visita monitorada na Santa Casa. O que é a visita monitorada? Ela vai conhecer o local onde terá o seu bebê, vai ter contato com a equipe que fará o seu parto e vai ter a oportunidade de esclarecer dúvidas.

- Pós-parto. A consulta após o parto, permite a continuidade do acompanhamento da saúde da mulher e a inclusão do recém-nascido no atendimento da UBS da área de abrangência.

- Planejamento familiar, um direito da mulher ou do homem, sendo bem orientados.

- Visita aberta. A primeira ação do Aconchego na Santa Casa de Suzano foi iniciada em 16 de novembro de 2009. Toda gestante internada na maternidade tem garantido o direito a acompanhante, das 11 às 20 horas.

- Kit enxoval. Muitas gestantes, às vezes, não têm enxoval e recebem a doação do material.

- Exames preventivos.

- Assistência multiprofissional. Após o parto, na internação, a mulher recebe a visita da equipe multiprofissional - médico, enfermeira, assistente social etc.

- Certificado de nascimento. Na alta da maternidade, é dada uma lembrança para a mãe e seu bebê: uma certificação, contendo os dados dela e do bebê e uma fotografia de ambos.

- Consulta agendada pós-parto. Nas regiões atendidas pela Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), as parturientes recebem visitas domiciliares das equipes na primeira semana após o parto para identificar problemas, saber como está a saúde da mulher e do bebê e agendar consulta na UBSF.

Tudo isso é realizado na Cidade de Suzano. Tenho certeza absoluta que por causa dessas ações preventivas e educativas a mortalidade infantil tem diminuído na nossa cidade, o que, infelizmente, ainda é grande.

Onze em mil nascidos ainda é um número alto, mas quero parabenizar tanto a Secretária de Saúde de Suzano quanto a Santa Casa de Misericórdia. Essa ação conjunta entre o Estado e a Federação tem dado amparo às necessidades das crianças.

 

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.

 

* * *

 

O Sr. Presidente - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.)

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, V. Exa. tem alguma informação se os Projetos de lei Complementar nºs 47, 48 e 49 vão ser colocados em votação já na semana que vem, com o rolo compressor, ou se teremos condições de discutir as emendas?

 

O Sr. Presidente - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não tenho ainda, mas tem a reunião do Colégio de Líderes hoje, às 16 horas, na qual esse tema deverá ser discutido.

 

O SR. Olímpio Gomes - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria de agradecer a presteza e a celeridade do Ministério Público Estadual. O Dr. Fernando Grella, Procurador-Geral, ao tomar conhecimento sobre as eventuais irregularidades no contrato de utilização da área do restaurante da Assembleia Legislativa, determinou, de ofício, a abertura de procedimento apuratório.

 

O Sr. Presidente - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. Marcos Martins - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público que nos acompanha nas galerias, acabamos de realizar a reunião ordinária da Comissão de Saúde e não tivemos oportunidade de ir ao Palácio dos Bandeirantes, onde está a Presidenta Dilma, que veio para anunciar recursos para o Rodoanel.

Realizamos uma audiência pública na Cidade de Osasco, no Teatro Grande Otelo, com o Presidente da Câmara, Vereador Aluisio Pinheiro, que tem uma lei anti-bulliyng. Temos um projeto para que haja psicólogos e assistentes sociais nas escolas do Ensino Fundamental.

Com a publicação dos resultados do Enem, deu para perceber que não andam nada bem as escolas estaduais do Estado de São Paulo. Existem muitos problemas e gostaríamos que esse projeto apresentado por nós fosse aprovado. Nessa audiência tivemos a participação de comunidades, igrejas manifestando a importância de combater o bullying. Isso tem desdobramentos terríveis na vida dos estudantes. Alguns têm dificuldade de permanecer na escola ou reagem como aquele caso de Realengo, a pessoa entra na escola e sai atirando em todo o mundo. São problemas que podem ser detectados com profissionais preparados, como psicólogos e assistentes sociais. O psicólogo para observar algum tipo de comportamento não adequado, como o aluno ficar isolado. Se o problema for na família, a assistente social faz contato com os familiares para procurar uma solução para o problema.

De modo que deixo este registro e os cumprimentos ao Presidente da Câmara Municipal de Osasco, Aloísio Pinheiro, pela aprovação da lei anti-bullying.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Há uma permuta de tempo da nobre Deputada Ana Perugini com o nobre Deputado Pedro Bigardi.

Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, quero falar de um movimento que está sendo desenvolvido pelo sindicato dos trabalhadores das empresas ferroviárias paulistas, aliás um movimento extremamente importante para o Estado de São Paulo. O sindicato tem mais de 70 anos de existência, é o primeiro sindicato ferroviário do Brasil e através do seu presidente, o França, tem trabalhado pela extensão da rede de passageiros da CPTM que liga a Capital até Campinas.

São 40 quilômetros entre Jundiaí a Campinas que não tem transporte de passageiros. Faz-se somente o transporte de cargas. Este movimento começou com algumas audiências públicas. Inicialmente na cidade de Campinas, com um grande público na Câmara Municipal, vereadores, representantes da sociedade civil. Eu participei da audiência que foi extremamente importante até para esclarecer as possibilidades da extensão dessa linha aqui no Estado de São Paulo. Depois na cidade de Louveira. Mais de 250 pessoas participaram da audiência pública na Câmara Municipal, também bem concorrida, muito participativa. Além da minha presença, tivemos a presença do Deputado Cauê Macris, de assessores de deputados, de vereadores dos mais variados partidos, enfim, este movimento está ganhando uma grande força suprapartidária.

Ontem, estivemos na cidade de Valinhos, também uma audiência com a Câmara Municipal lotada, muito participativa. Os prefeitos da região têm participado muito desse movimento. Tivemos também a presença do Deputado Gerson Bittencourt um estudioso nessa área de transportes. Portanto um movimento que está crescendo, ganhando força.

Por que esta luta?

Nessa linha de transporte de passageiros que existia entre Jundiaí e Campinas, duas regiões muito interligadas - as estações já existem nas cidades de Louveira, Valinhos e Vinhedo, com paradas até a cidade de Campinas, algumas estações recuperadas - já há infraestrutura suficiente. Este projeto pode ser vantajoso porque temos duas linhas entre Jundiaí e Campinas, uma sendo utilizada pelo transporte de carga e outra sem utilização, portanto já temos uma infraestrutura instalada, claro que depende de correção de traçado, de mais investimento, mas um projeto que é muito mais fácil de ser implantado do que outros que temos visto serem debatidos.

Importante destacar que essa questão ferroviária tem ocupado novamente o espaço do debate aqui na Assembleia Legislativa, no Poder Executivo e na sociedade como um todo. O transporte ferroviário volta à tona como uma alternativa importante. Não é só uma questão de saudosismo, de romantismo na defesa da ferrovia, mas uma necessidade do Estado de São Paulo tanto no transporte de cargas, que precisa ser mais abrangente, ele não pode ser um transporte seletivo que atende a alguns setores com lucro às concessionárias, como no transporte de passageiros, que tem uma demanda muito grande. Quem tiver dúvidas é só andar nas rodovias do Estado e ver o carregamento que temos hoje entre São Paulo e Campinas passando por Jundiaí, regiões completamente adensadas. Aliás, a região metropolitana de São Paulo, a região metropolitana de Campinas e a aglomeração urbana formam um eixo da macrometrópole intensamente povoado. As pessoas moram, circulam e trabalham nessa região, as pessoas estudam na região. Temos também o turismo. Portanto é uma região muito interligada.

A implantação do transporte de passageiros vai permitir uma ligação entre estes municípios muito mais barata. Não tem pedágio, não tem congestionamento e é muito mais segura. Você consegue chegar ao seu destino no tempo programado. Você não fica exposto aos acidentes que verificamos nas rodovias. É muito mais econômica do ponto de vista do Poder Público, que tem de oferecer esse serviço à comunidade.

Além disso, temos também a questão ambiental. O transporte ferroviário ganha em qualidade ambiental, é um transporte muito mais sustentável do que o transporte rodoviário. Assim, temos aí uma luta importante.

Teremos ainda uma audiência pública em Vinhedo e outra em Jundiaí. É um projeto que ganha espaço pela sua abrangência e importância. Não há nenhuma concorrência - é importante que se diga - nessa linha entre Jundiaí e Campinas. Não há nenhuma concorrência com o TAV. O TAV tem outro público, tem outra perspectiva. É uma ligação entre estados, uma ligação entre aeroportos, uma ligação que tem outra fundamentação para sua criação.

Outra questão importante é o Expresso Jundiaí/Capital, em fase de licitação e que pode ser trabalhado nessa ligação. Você faz a linha São Paulo/Jundiaí e depois Jundiaí/Campinas, com paradas nesses municípios.

A frente parlamentar de logística e transporte que coordeno aqui na Casa fez o debate do modal ferroviário. Todos os projetos em pauta na área do transporte ferroviário, a ligação de Sorocaba com a Capital, a ligação com a Baixada Santista porque o porto de Santos cresceu muito mais do que nunca precisa de uma ligação ferroviária. Existem projetos; o que precisamos é fazer a implementação. Vamos lutar porque essa questão da ligação Jundiaí-Campinas seja colocada no orçamento plurianual do Estado de São Paulo, porque demorar alguns anos, mas é importante que ela aconteça. E no orçamento do ano que vem temos investimentos programados.

Para finalizar, quero parabenizar o Sindicato dos Ferroviários do Estado de São Paulo, que mais do que se preocupar com a categoria, que é seu papel, ele também pensa na população, no projeto social, nos investimentos, nas ligações entre cidades. É uma iniciativa que merece todo nosso apoio, todo nosso respeito. Tenho certeza que com o passar do tempo vamos incorporando mais apoios a esse projeto importante.

Parabéns ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias, parabéns ao seu presidente, Francisco Felício, o França, que tem levado essa discussão adiante. Quero dizer que podem contar com a nossa frente Parlamentar de Logística e Transporte, e podem contar com o trabalho de todos os deputados que estão interessados nessa luta, e também com os vereadores da região que têm tido um papel importantíssimo. Foi importante a participação dos vereadores na implantação da Aglomeração Urbana de Jundiaí, e está sendo importante agora na discussão desse projeto do modal ferroviário, para garantir o transporte como um sistema público, de qualidade, para uma população que precisa circular nesse eixo importante do Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS BEZERRA JR. - PSDB - Sr. Presidente, deputados presentes, quero fazer uma denúncia gravíssima. V.Exa. tem acompanhado a luta que tenho empreendido nesta Casa com relação às graves denúncias sobre trabalho escravo no Estado de São Paulo e na cidade de São Paulo. Fiz um pedido de CPI nesta Casa, apoiado pela assinatura de 42 parlamentares. Foi-se entendendo que havia impedimentos regimentais e, por isso, apresentei um projeto de resolução nesta Casa, para alteração do Regimento Interno a fim de que, por excepcionalidade, a CPI do Trabalho Escravo fosse instaurada imediatamente aqui na Assembleia Legislativa. Já temos a assinatura de dez líderes. E, para reafirmar o meu compromisso com essa luta e o compromisso de luta desta Casa contra o trabalho escravo, será exibida uma matéria de um minuto e 30 segundos, da rede Globo, de hoje, do programa SPTV, que mostra a prisão flagrante de duas pessoas envolvidas na exploração do trabalho escravo.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

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Sr. Presidente, é mais denúncia. Os casos são gravíssimos, os indícios são claríssimos. Faço mais um apelo a esta Casa para que a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo cumpra seu papel histórico nesse momento. É inadmissível que em pleno século XXI, Sr. Presidente, tenhamos gente sendo escravizada debaixo do nariz da sociedade paulistana e da sociedade paulista. Algo precisa ser feito. E se o Regimento é inadequado para proteger essas pessoas, que mude-se o Regimento para que ele esteja a serviço cidadão, a serviço da vida. Algo precisa ser feito. Tenho certeza, Sr. Presidente, que a maioria esmagadora dos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo quer a instauração imediata dessa CPI. Apesar de alguns que não vêm a esse microfone, que não se expressam, que não têm coragem de falar, quero dizer que esse é o momento em que Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo não pode fugir de suas responsabilidades. Ela tem que enfrentar, com sua seriedade e importância históricas, essa greve afronta aos direitos humanos apontadas nessas denúncias de trabalho escravo em nosso estado. CPI já, Sr. Presidente!

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PARA COMUNICAÇÃO - Apenas para expressar minha total solidariedade à manifestação do deputado Carlos Bezerra Jr. Ele é proponente de uma CPI que não tem nenhum cunho político-partidário, nenhuma linha ideológica. Ele está apontando gravíssimos crimes contra o cidadão, contra trabalhadores. E mais, há uma expectativa. Estive em cerimônia com os sindicalistas, principalmente do Sindicato dos Comerciários, são 450 mil só dentro da cidade de São Paulo, deputado Carlos Bezerra Jr., para que V.Exa. se fortaleça pessoal e espiritualmente, e continue firme nessa trincheira em que estaremos juntos. Há uma expectativa muito grande dos trabalhadores de que Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo possa cumprir o seu papel. V.Exa. tenha absoluta certeza de que está no caminho certo. Não está fazendo enfrentamento político-partidário, enfrentamento a governo. De forma nenhuma. É uma grande contribuição para o crescimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que vai ajudar muito o próprio governo do estado nas suas atividades e na fiscalização pela Secretaria do Trabalho em atos de outras naturezas que aparecerão por conta da própria CPI. Parabéns. V.Exa. que tem grande experiência da Câmara Municipal e chegou para esse primeiro mandato, com essa postura tenha certeza absoluta de que aqueles que fazem os bastidores de forma medíocre não vão ter coragem de enfrentá-lo num debate público. Parabéns!

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - PARA COMUNICAÇÃO - Quero comunicar que esse assunto foi debatido no Colégio de Líderes. Em nome da bancada do PCdoB, em meu nome e em nome da deputada Leci Brandão, essa questão levantada pelo deputado Carlos Berra Jr. tem total apoio dos deputados. Esse assunto foi debatido no Colégio de Líderes, houve manifestação unânime dos lideres partidários, porque é um assunto extremamente grave. É inaceitável que nos dias de hoje e num estado como São Paulo, tenhamos uma situação como essa.

Portanto, passou da hora de abrirmos uma CPI, mudar o Regimento Interno, uma questão social gravíssima. Portanto, Deputado, tem o nosso total apoio à sua luta, para fazermos investigação e apurarmos os fatos, para abolir completamente do Estado de São Paulo essa questão do trabalho escravo, que é extremamente grave e inaceitável.

Penso que deveremos debater esse assunto hoje no Colégio de Líderes, para resolver essa questão. Não podemos continuar levando isso, sem uma solução, enquanto essa situação é colocada na sociedade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, na mesma linha do que já disse o Deputado Major Olímpio e também o Deputado Pedro Bigardi, nós não só apoiamos, como também assinamos o requerimento para a instalação da CPI do Trabalho Escravo no Estado de São Paulo, e também defendemos a mudança do Regimento Interno, proposta feita pelo Deputado Carlos Bezerra Jr., uma proposta importante porque a CPI de V. Exa. é fundamental. Temos que investigar o trabalho escravo no Estado de São Paulo, inclusive o trabalho infantil, que sabemos que existe.

Temos que mudar o Regimento porque temos outras CPIs importantes e estratégicas para serem colocadas em caráter de urgência, na excepcionalidade, como por exemplo, a CPI que nós apresentamos, para investigar a Educação no Estado de São Paulo, a CPI para fazer uma devassa no Departamento de Perícias Médicas no Estado de São Paulo, que tanto tem prejudicado os servidores do Estado, a CPI do Judiciário, que queremos instalar nesta Casa, enfim, é muito importante que o Regimento da Assembleia Legislativa seja alterado para dar conta de fazer todas essas investigações.

O que temos aqui são CPIs para inglês ver, as CPIs que foram protocoladas, instaladas para obstruir as CPIs que nós apresentamos. Os nossos pedidos estão todos obstruídos, porque o Governo, através da sua base de sustentação, fez uma manobra regimental e protocolou pedidos de CPIs que não têm nada a ver com o trabalho da Assembleia Legislativa.

Estamos gastando tempo, dinheiro e energia para investigar fatos que não têm a ver com a Assembleia Legislativa. E enquanto isso, continuamos com a farra dos pedágios no Estado de São Paulo, com a Educação extremamente danosa. Acompanhamos as últimas notas, as avaliações do Enem, dando conta da situação de calamidade pública da escola estadual, que não recebe investimento governamental. Nesse sentido, todo o nosso apoio à CPI do Trabalho Escravo, e também à mudança do Regimento.

Sr. Presidente, gostaria de registrar que ontem, através da tribuna da Assembleia Legislativa, acionamos o Ministério Público Estadual, no sentido de que ele investigue essa grave denúncia de que o Centro Paula Souza está oferecendo curso pago na Fatec de São Paulo, utilizando espaço público, utilizando professores de escola pública. Isso é ilegal, é inconstitucional. A própria Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional coloca claramente que o ensino é gratuito nos estabelecimentos oficiais.

Mas o PSDB é mestre em privatizar, em cobrar. Ele cria pedágios e mais pedágios no Estado de São Paulo, privatiza as empresas públicas, entrega de mão beijada para o capital privado toda a produção que nós criamos aqui no Estado de São Paulo, principalmente o nosso patrimônio público. E agora somos obrigados ainda a conviver com mais essa denúncia, mais essa irregularidade do PSDB, agora, parece-me, a continuar nesse diapasão, vamos ter a privatização das Etecs e Fatecs.

Onde já se viu cobrar mensalidade para cursos de pós-graduação Lato Sensu nas Fatecs? Fatec é uma escola gratuita, é uma escola de ensino superior de Tecnologia, guiada pelo princípio da gratuidade, porque está dentro de um estabelecimento público. E no entanto, a Fatec, contrariando a Constituição Federal, cobra, por exemplo, eu mesmo fiz esta pesquisa, peguei no site do Centro Paula Souza, até imprimi a cópia de um curso de Executivo em Gestão Empresarial: um curso de 20 meses, com 20 parcelas de 590 reais. Um absurdo!

Acionamos o Ministério Público Estadual e estamos também encaminhando o caso para a Comissão de Educação, porque é inconcebível que o Governo estadual privatize escolas públicas. Depois vai querer privatizar também a USP, a Unicamp, talvez as nossas escolas estaduais, como já privatizou as nossas estradas e várias empresas públicas do nosso Estado.

Registro aqui o nosso total repúdio a essa privatização das Fatecs no Estado de São Paulo, e que providências sejam tomadas imediatamente, tanto pelo Ministério Público como também pela Comissão de Educação. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, mais uma vez assomo à tribuna. Ouvi atentamente os Deputados que me antecederam, e um deles, o Pedro, falava da necessidade de as ferrovias atenderem mais as populações.

Também estamos cobrando já há algum tempo que o metrô saia da Capital para atender à região metropolitana, porque esse metrô deixou de ser metrô, porque é um trem da Capital. Ele não sai daqui, fica aqui. É muita propaganda. Vemos muitas propagandas, e até parece que já está acontecendo. E a população sendo transportada, seis pessoas em pé, por metro quadrado, ou até mais.

Vossa Excelência sabe por que não sai o trem? Não dá para pôr pedágio. Quando V. Exa. for fazer as audiências públicas, as reivindicações, é preciso pensar se há margem para colocar pedágio. Talvez estimule, porque é pedágio em tudo que é canto. E é lamentável.

Sr. Presidente, receba, de antemão, o nosso apoio e a nossa solidariedade. Além dos trens, que o metrô saia da Capital e vá para a região metropolitana, para dar um transporte minimamente digno à população, que é um direito do cidadão e uma obrigação do Estado.

Ouvi o Deputado Carlos Bezerra falando da CPI. Quero manifestar o apoio da nossa bancada, da Bancada do PT, à implantação dessa CPI. Sabemos como está a Cidade de São Paulo em relação ao trabalho escravo. Bolivianos existem muitos, mas não são apenas os bolivianos. Existem outras formas de escravidão aqui. Existe no interior do Estado, na região de Bauru, pessoas trabalhando sem registro. Há um cidadão que acompanha, junto com os defensores públicos, o sindicato rural de Duartina. Há um trabalho escravo dos cortadores de cana, dos que colhem laranjas, muitas vezes vindos do Nordeste. Várias vezes deve ter acontecido isso. Eles vêm enganados, depois sequer são registrados e são submetidos a trabalho escravo.

Há um trabalho sendo desenvolvido lá na região e pelos sindicatos rurais da região de Bauru e Marília em combate ao trabalho escravo, levando assim a justiça.

Agora, a quem interessa impedir uma CPI para apurar o trabalho escravo aqui no Estado de São Paulo, na capital, como disse o Deputado Carlos Bezerra Jr. “aqui na nossa barba”? Não é possível que nem isso se aprove aqui nesta Assembleia Legislativa. Se fossemos falar do buraco do metrô onde morreram sete pessoas, da Linha Amarela, do caso da Alstom, mas não é. É um Deputado que está com toda sua isenção da base do Governo, querendo fazer uma apuração de denúncias que não são pequenas e que foram projetadas aqui, hoje, e transmitidas pela televisão.

Então quero deixar o nosso apoio. A nossa bancada já se manifestou sobre isso assinando o requerimento, mas além disso quero também deixar o apoio a essa manifestação: ou se muda o Regimento, e seja instalada essa Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar esses graves problemas da cidade, do estado mais rico da Federação. Imaginem os outros!

Assim, é um dever nosso como Parlamentares, como Deputados, apurarmos o que vem ocorrendo no trabalho e na relação capital/trabalho na Cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até às 17 horas.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Marcos Martins e suspende a sessão até às 17 horas.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e dois minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e três minutos, sob a Presidência do Sr. Donisete Braga.

 

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O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PPS - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, vejam esta foto no painel.

Há muito que usamos da palavra e do trabalho da frente parlamentar para falar do aterro sanitário da Queiroz Galvão. Não se tem dado atenção à política de transformação do lixo em energia para acabarmos com os aterros sanitários e lixões no Estado de São Paulo.

A "Folha de S.Paulo" traz uma reportagem muito importante acerca do tema. Vejam o pouso de um avião da Gol e um urubu passando ao lado do avião, um pouco mais alto do que a aeronave. Isso tem acontecido no país inteiro. Parece mais fácil fazer aterros sanitários do que pensar uma forma de dar um destino correto ao lixo: a sua transformação em energia. Temos de acabar com os aterros sanitários.

Vamos à outra parte da reportagem da “Folha”.

Choque entre aves e aviões aumenta a cada ano no Brasil. São pássaros, quero-quero, urubu, carcará, coruja. De 2007 a 2010 aumentou o número de acidentes parando os motores das aeronaves. E agora a Queiroz Galvão quer colocar um aterro sanitário na cabeceira da pista de um aeroporto.

Ora, estamos mostrando que há necessidade de acabarmos com esses aterros sanitários no Estado de São Paulo. Teremos de ver algum desastre maior? Há perigo também com balões. No choque das aeronaves com esses balões há risco de explosão. Se uma ave faz parar um dos motores do avião, o piloto pode pousar apenas com um motor. Mas em caso de explosão nada poderá ser feito.

Vamos fazer um grande encontro para discutir o destino final do lixo.

Dia 19 faremos uma grande discussão na Universidade de Mogi das Cruzes com pessoas que trabalham com a transformação do lixo em energia, com queima com plasma, com transformação do lixo de construção onde todo ele é reaproveitado para pavimentação.

Não queremos aterro sanitário. Sou contra esse aterro da Queiroz Galvão, sou contra os aterros da Pajoan e Anaconda porque estaremos colocando a população em risco.

No mundo inteiro discute-se a dificuldade de se pousar no Brasil, principalmente em Guarulhos no Estado de São Paulo.

Peço uma atenção especial dos deputados ao tema. Que coloquemos em prática o projeto já aprovado por esta Casa em relação ao destino final do lixo. Temos de evitar lixões e aterros sanitários. Façamos uma reciclagem correta: a transformação do lixo em energia.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Luiz Carlos Gondim.

 

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O SR. DONISETE BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, juntamente com outros colegas estive no Palácio dos Bandeirantes, onde a presidente Dilma Rousseff assinou um importante convênio que viabiliza o traçado norte do Rodoanel, uma obra fundamental para o crescimento e o desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo.

Quero registrar que a Presidente Dilma reafirmou a posição republicana do governo federal com relação aos investimentos para os estados brasileiros. Jamais o governo federal deixará de estabelecer as linhas de investimento para o Estado de São Paulo, como também assumiu compromisso com o Prefeito Gilberto Kassab com relação aos investimentos no projeto de habitação Minha Casa, Minha Vida, e também na construção de creches na capital. Portanto, essa demonstração da Presidente Dilma Rousseff em trazer os investimentos do governo federal para o nosso estado é fundamental para pensarmos num estado que possa crescer e gerar riqueza econômica. Sabemos das dificuldades que nosso estado atravessa em relação à logística e à infraestrutura, não só pensando na Copa do Mundo em 2014, mas acima de tudo pelo grande potencial que representa o nosso estado. A Presidente Dilma colocou as preocupações com os transportes de carga, com a questão do Ferroanel, que é uma obra crucial para o Estado de São Paulo. Portanto, a Presidente Dilma hoje deu uma grande demonstração do crescimento e do potencial de riqueza do Estado de São Paulo. Eram essas minhas considerações. Muito obrigado.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito a suspensão dos trabalhos até as 18 horas.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CARLOS GONDIM - PPS - Havendo acordo entre as lideranças, esta Presidência suspende a presente sessão até as 18 horas.

 

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- Suspensa às 17 horas e 12 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e um minuto, sob a Presidência do Sr. Itamar Borges.

 

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O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por mais 15 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Sebastião Santos e suspende a sessão por 15 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 18 horas e dois minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 18 minutos, sob a Presidência do Sr. Geraldo Cruz.

 

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O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por 15 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - GERALDO CRUZ - PT - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino e suspende a sessão por 15 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 18 horas e 18 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 32 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Artigo 100, Inciso I, da XIV Consolidação do Regimento Interno, convoco V.Exas. para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje, dez minutos após o término desta sessão com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Projeto de lei Complementar nº 41, de 2009, de autoria do Tribunal de Justiça.

 

O SR. VINICIUS CAMARINHA - PSB - Sr. Presidente, requeiro a prorrogação dos nossos trabalhos por uma hora.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V.Exa. é regimental. Em votação. As Sras. deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (pausa.) Aprovada.

 

O SR. VINICIUS CAMARINHA - PSB - Sr. Presidente, requeiro a suspensão dos nossos trabalhos por 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Declaramos suspensa a presente sessão por 20 minutos.

 

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- Suspensa às 18 horas e 34 minutos a sessão é reaberta às 19 horas e oito minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - Barros Munhoz - PSDB - Há sobre a mesa a seguinte proposição em Regime de Urgência:

“Requeiro, nos termos regimentais, que o item 554 - Projeto de lei nº 688/2011, constante da presente Ordem do Dia, passe a figurar como item 1, renumerando-se os demais.” O requerimento é subscrito com número regimental de Srs. Líderes.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 1 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 688, de 2011, de autoria do Sr. Governador. Cria o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social - Ppais. Com 5 emendas. Parecer nº 981, de 2011, do Congresso das Comissões de Justiça e Redação, de Atividades Econômicas e de Finanças, favorável ao projeto e contrário às emendas.

Em discussão. Para falar a favor, tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

Peço licença ao Deputado Simão Pedro para fazer a seguinte convocação:

Convoco, nos termos regimentais, os Srs. Deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e demais interessados para uma audiência pública a realizar-se em 15 de setembro, próxima quinta-feira, a partir das 14 horas e 30 minutos, no Plenário Juscelino Kubitschek, com a finalidade de discutir os Projetos de lei Complementar nºs 47, 48, 49, 50 e 51, de 2011, de autoria do Sr. Governador, que dispõem sobre a reestruturação da carreira dos delegados de polícia e policiais civis, vencimentos dos policiais militares e agentes de segurança e de escolta, vigilância penitenciária e sobre as regras de inatividade e promoção dos policiais militares.

Com a palavra o Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, funcionários da Casa, inscrevi-me para falar favoravelmente ao Projeto 688 de autoria do Governo do Estado, remetido recentemente à Assembleia Legislativa. Como dizia minha mãe, antes tarde do que nunca.

Há muito cobramos do Governo do Estado uma atenção maior à agricultura familiar.

Para que o nosso telespectador entenda, o que estamos dizendo é que aqui no Estado de São Paulo temos metade do território agrícola ocupado pela monocultura da cana, da laranja - que tem crise permanente, inclusive levou a Assembleia Legislativa a criar a frente parlamentar em apoio à citricultura - uma outra parte com pastagens para criação de gado e agora o eucalipto também toma conta. Ou seja, plantios que servem gerar divisas. Por exemplo: a produção da cana para o etanol, o açúcar; a produção da laranja para o suco de laranja, em grande parte para exportação. É o que chamamos de agricultura comercial do grande agronegócio que gera muito pouco emprego e ocupa muitas terras arrendadas, poucas são próprias das usinas. E temos uma parte da agricultura que é o que chamamos de agricultura familiar, são as pequenas propriedades, é a maioria das propriedades do Estado e do País, mas que ocupam pouco território.

Deputado Marcos Martins, V. Exa. que veio do Paraná sabe bem do que estou falando, pois já puxou enxada.

De cada dez empregos gerados na área rural, oito são da agricultura familiar. Setenta por cento dos alimentos consumidos pela população brasileira - estou falando da carne suína, da carne de frango, dos legumes, das frutas, do arroz, do feijão - vêm da agricultura familiar. Então ela é importante, é uma agricultura estratégica para o país, para um estado como São Paulo, de 42 milhões de habitantes. Mas qual é o problema?

Historicamente a agricultura familiar nunca mereceu a atenção dos governos. Não tínhamos políticas públicas para a agricultura familiar. Temos a atenção do Governo Federal e do Governo do Estado para o agronegócio.

O Governo Lula inverteu essa situação e utilizando alguns programas já existentes como o Pronaf - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar - criado, sim, na gestão do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, revigorou completamente o programa. O problema era recurso, era orçamento.

Para se ter uma ideia, em 2003 a destinação orçamentária do Governo Federal para o Pronaf era de três bilhões. O Presidente Lula triplicou esse valor em 2004 e hoje, no último plano-safra aprovado pela nossa Presidenta Dilma, são 17 bilhões de reais a juros de dois por cento. Isso associado a vários programas de fortalecimento da agricultura familiar como os programas de compra da produção dos assentados, dos pequenos agricultores reunidos em associações e cooperativas, melhorou muito. De uns sete anos para cá a situação é outra.

Hoje podemos dizer que o assentado rural que tem o seu lote, que o pequeno agricultor que se organiza numa cooperativa ou associação, tem possibilidade de viver da renda da sua pequena propriedade. Não é aquele que sobrevivia com a pequena aposentadoria, que plantava para sua sobrevivência, tinha uma horta e frutas, mas os filhos tinham de ir para as cidades. Normalmente ele vivia com a ajuda dos filhos.

Hoje, com os programas do Pronaf e as várias linhas de crédito com outras iniciativas do Governo Federal dentro do Programa Fome Zero - que é, por exemplo, a determinação de que o dinheiro que o Governo Federal manda para as prefeituras é para a merenda escolar - 30% de toda produção tem de ser comprada diretamente do pequeno produtor. Então temos grandes prefeituras como São Paulo, Campinas, Guarulhos - São Bernardo, que tem pouca terra agriculturável pode comprar de regiões produtoras próximas - se valendo dessa política. Isso tem viabilizado a produção dos pequenos agricultores.

Tempos atrás, quando visitava uma cidade como Tapiratiba, na média mogiana, normalmente a comunidade reivindicava ajuda para o hospital, reivindicava uma indicação ao Governo para uma entidade assistencial. Hoje, a reivindicação é de compra de um trator para a associação, de compra de ferramentas, de galpão do produtor. Mas isto acontece por conta das iniciativas do Governo Federal.

A nossa crítica ao Governo do Estado é que ele nunca tomou qualquer iniciativa de apoio à pequena agricultura. Normalmente a Secretaria da Agricultura é neutra, não interfere nos problemas da nossa agricultura. Um erro. Aliás, quero ressaltar que este Projeto 688/11 foi iniciativa do Dr. Marco Pilla, do Itesp, um órgão da Secretaria da Justiça, não da Agricultura, um órgão que tem se preocupado, apesar dos poucos recursos que tem, da desestruturação que sofreu, com os assentamentos. Como disse, antes tarde do que nunca.

Vamos aprovar este projeto rapidamente ainda mais com a notícia de que algumas iniciativas dos senhores deputados - eu mesmo fiz quatro emendas, assinei as emendas coletivas da nossa bancada, o Deputado Hélio Nishimoto também tem iniciativas - poderão ser aceitas aperfeiçoando assim o projeto.

O que achamos que precisa ser aperfeiçoado? O conselho.

O Governo do Estado diz que o programa paulista de agricultura de interesse social será gerido pelo conselho, que tem vínculos com a Secretaria da Agricultura.

Ora, é um ponto que merece ser democratizado. O projeto do jeito que veio não abriga nenhuma entidade representativa da agricultura familiar como, por exemplo, a federação dos trabalhadores da agricultura familiar ou as organizações dos assentados ou a federação dos trabalhadores rurais assalariados que também administram ou coordenam assentamentos, o MST que organiza a produção do campo através das cooperativas não está representado no projeto. A nossa sugestão é que essas entidades venham para o conselho, para que elas possam acompanhar, fiscalizar, discutir o aperfeiçoamento no decorrer da sua implementação.

Se uma dessas emendas que incorpora essas entidades ao conselho for aprovada, tenho certeza de que este programa irá ficar bem melhor.

Outro ponto que merece uma mudança é o limite. O Deputado José Zico Prado conhece essa situação mais do que ninguém pela sua militância na área da agricultura familiar, sua presença na comissão da Agricultura. Não podemos fechar o valor. Então, cada família vai ter mil reais de possibilidade de vender para o governo, 12 mil reais por ano, mas no final do ano é preciso reajustar porque tem inflação, etc. então, tem que ter um mecanismo de reajuste. Então, fizemos uma emenda no sentido de adequar isso à realidade.

O terceiro ponto. Quero fazer um elogio ao deputado Mauro Bragato. V.Exa. que é de Presidente Prudente, mas atua muito na região do Pontal do Paranapanema, onde estive sábado visitando alguns assentamentos e um acampamento de sem-terras na beira da estrada. O objetivo inicial do governo era abastecer de presídios aquela região. O governo gasta muito dinheiro na alimentação de presos, inclusive de forma equivocada, utilizando recursos da Saúde, o que não deveria fazer. A lógica era: Vamos comprar da agricultura dos assentamentos, ajudar a viabilizar a economia local dos assentados. Mas o governo fez uma coisa correta depois da nossa crítica que fazer um projeto para todo o território paulista. Não é justo que só os assentados do Pontal recebam esse programa. Por que não a região do Vale do Ribeira, de Itapeva, do Vale do Paraíba, das regiões centrais do nosso estado? Por que não além dos presídios, estender às escolas públicas, aos hospitais, asilos, entidades que o estado atende? Então vamos fazer um programa muito mais forte. Foi essa a reivindicação que fiz nesta tribuna recentemente.

Deputado Mauro Bragato, esse projeto foi aperfeiçoado e por isso merece o nosso apoio e o nosso empenho. Ele precisa ser estendido a todo o território e vamos ter que discutir no orçamento qual o valor que o governo vai colocar para atender essas comunidades, essas organizações, esses assentados. Porque se for um valor mito pequeno, o programa vai ter uma abrangência muito pequena.

Deputado Mauro Bragato, estive na cidade de Euclides da Cunha, que V.Exa. conhece, onde 1800 famílias vivem nos assentamentos. Mais da metade do comércio da cidade, segundo um vereador do partido de V.Exa., é movimentado pela economia dos assentamentos. Deputado, recentemente estive na região de Andradina. O Clube dos Lojistas da cidade de Castilho me deu a informação que 30% do comércio da cidade correspondem ao consumo pelos assentados. V.Exa. de convir que esse projeto, somado com os projetos do governo federal, vai alavancar a economia local, mostrando que a reforma agrária ainda é um instrumento muito poderoso de desenvolvimento local se tiver políticas públicas fortes associadas à educação, à cultura, à melhoria das estradas para permitir o escoamento, apoio às cooperativas.

Tenho certeza que nosso estado vai começar a ter um desenvolvimento nessas regiões pobres, como o Pontal, que merecem escolas técnicas, como a cidade de Rosana, que merece um aeroporto; regiões como o Vale do Ribeira que merece atenção em relação às estradas, principalmente as vicinais. Há muita reclamação. Como aconteceu ontem, no Vale do Paraíba, na audiência pública para discutir o orçamento do ano que vem. A maioria dos prefeitos e vereadores reclamou do orçamento, da situação das estradas não pedagiadas, das estradas municipais e vicinais.

Deputado Mauro Bragato, é minha opinião, estamos começando a andar. O governo do estado entrando com esse programa, evidentemente não pode parar por aí. Por exemplo, com relação à merenda escolar, o governo federal já determina que 30% do que o governo federal repassa para as prefeituras tem que ser comprado diretamente do agricultor familiar. Por que não fazermos isso também com a parte que o estado coloca? Vamos diminuir a corrupção, as notícias negativas em relação à terceirização da merenda escolar; volta e meia tem uma CPI num município, como é o caso de Limeira, Jandira, Pindamonhangaba, São Paulo. Então, fortalecendo a agricultura familiar, o pequeno produtor, haverá desenvolvimento local, dignidade dessas famílias, qualidade nos alimentos. Porque na maioria das vezes o alimento da agricultura familiar é cultivado segundo o princípio da agroecologia, sem agrotóxicos. Então, a qualidade da alimentação vai melhorar muito, principalmente para atender s nossas crianças, os nossos atendidos em hospitais, nos presídios e nos demais equipamentos públicos das prefeituras, do governo estadual e do governo federal.

São essas as minhas considerações pela aprovação desse projeto, com a aprovação das emendas para que esse projeto seja aperfeiçoado. Sai daqui uma peça melhor, quem sabe um indicativo importante para que os demais projetos que vamos votar daqui para frente recebam esse aperfeiçoamento. O deputado Hélio Nishimoto fez uma ótima emenda, garantindo o acompanhamento desta Casa. Espero ver aprovada essa emenda para que sirva de exemplo aos demais projetos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para falar contra, tem a palavra o nobre deputado Adriano Diogo, pelo tempo regimental.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, é um prazer tê-lo como presidente desta sessão, V.Exa. que deu boa parte da sua vida à agricultura desse estado e desse país, sinceramente.

O projeto de agricultura familiar é uma coisa muito bem-vinda a nós do PT, mas tenho uma ressalva a fazer. Deputado Simão Pedro, que esteve Zé Rainha, que está preso no CDP de Pinheiros, enquanto o Zé Rainha estiver preso, enquanto a companheira Mara, do Vale do Paraíba estiver presa, criminalizada, embora em regime semiaberto, condenada pelo crime de lutar pela agricultura familiar.

Pois bem, senhoras e senhores, nós estamos discutindo nesta Casa, depois da nossa presidente ter dito no palácio do governo que o governador era um excepcional aliado, como a agricultura familiar é tratada no Estado de São Paulo.

O projeto de lei, que é uma cópia do projeto de lei do governo federal, um assemelhado, pode parecer uma coisa boa, progressista, que é a imagem que o governador está cultivando. Depois daquele regime de exceção que tivemos ao longo de quatro anos, o nosso governador tenta criar uma empatia, uma visão favorável, e agora no campo da agricultura familiar.

Pois bem, já disse o deputado Simão Pedro, que me antecedeu, que é uma pessoa que tenta se especializar na questão dos trabalhadores rurais, dos quilombolas, dos boias-frias, de todas essas famílias que vivem no campo numa condição de miserabilidade há tanto tempo, sobre a questão da agricultura familiar.

Mas faço meu pronunciamento, em nome da bancada do PT, lembrando duas figuras emblemáticas: a companheira Mara, do Vale do Paraíba, e parece que hoje a Secretária de Administração Penitenciária, Vereadora Amélia Naomi, de São José dos Campos, que está lutando por essa senhora. Vejam a armação que fizeram contra a Mara, uma senhora do grupo de mulheres contra a violência no campo, e que está presa em São José dos Campos. Ela teria feito uma ação armada, e por isso estava presa. José Rainha, não sei nem direito qual é a acusação que fizeram para ele, e o levaram para o pior presídio que São Paulo já teve, o CDP de Pinheiros.

Sr. Governador, Sr. Secretário da Agricultura, existe uma emenda de um Deputado até sugerindo que haja dois Deputados estaduais no Conselho, não sei se isso é possível. Há várias emendas do PT, do Deputado Simão Pedro e outros.

A agricultura familiar sempre foi o esteio da nossa terra. Lógico que agora, com a expansão da fronteira do agronegócio, a fronteira da cana, a fronteira do trabalho escravo, dessas megaplantações, essas monoculturas, o Estado de São Paulo se transformou num enorme canavial e outras culturas de massa.

A agricultura familiar está cada vez mais estrangulada. Os pequenos proprietários de terra vão arrendando suas terras, os pequenos proprietários familiares, indo morar na beira das cidades, nas favelas, nos grandes inchaços e nas cidades-polo da região, como o João Paulo Rilloem Rio Preto, como Marco Aurélio de Souza vê em Jacareí, como outros companheiros veem nas suas cidades-polo.

Pois bem. Quero pedir ao Sr. Presidente que pelo menos a TV Assembleia acertasse a imagem e a sincronia do tempo que nós falamos, para melhorar um pouco a qualidade técnica.

Voltando à nossa questão, amanhã a Secretária de Justiça estará aqui na Assembleia Legislativa, numa audiência pública. Penso que todos nós, Deputados do PT, deveríamos comparecer. É a primeira vez que a Secretária vem à Casa. Ela vai lançar amanhã um programa virtual de violação de Direitos Humanos. Ela vai lançar uma rede eletrônica de denúncias à violação dos Direitos Humanos.

Penso que deveríamos fazer uma presença. O Deputado Marcolino lutou muito pela defesa dessas populações que vão ser removidas pelo Rodoanel, para que elas tivessem sido respeitadas. O Deputado Alencar, de Guarulhos, lutou muito. A Deputada Telma de Souza é uma pessoa que há tantos anos, como prefeita, vem lutando por muitas questões de Direitos Humanos. Acho que deveríamos fazer uma presença. Vamos lá falar: Sra. Secretária de Justiça, agradecemos pela sua presença nesta Assembleia, apoiamos que a senhora faça uma rede virtual de denúncias, mas queremos saber sobre as violações de Direitos Humanos que ocorrem em tantos setores do Estado de São Paulo.

A começar, por que José Rainha está preso? Por que tantas pessoas estão sendo removidas das suas casas, em São José dos Campos, à força, no Rodoanel, nesse laudo malfeito do Rodoanel? Penso que é o grande calcanhar de Aquiles. O Comandante da Polícia Militar estará aqui às 15 horas, na Comissão de Segurança Pública.

Nós, do PT, estamos nos credenciando nessas eleições de 2012, apesar do massacre da mídia, apesar das cerimônias do Palácio dos Bandeirantes, para governar as cidades mais importantes do Estado de São Paulo. Tenho uma esperança muito grande que Santos volte a ter aquela estrelinha vermelha, companheira filha de portuário. Que São José do Rio Preto inaugure essa possibilidade. Campinas, que Guarulhos permaneça, que Osasco permaneça, e que nós digamos: o PT finalmente está preparado para governar o Estado de São Paulo.

Nós vamos abandonar esse complexo de inferioridade que colocaram sobre nós, de dizer que na Presidência da República nós vamos bem, mas para governar as principais cidades do Estado?

Nós vamos implantar um verdadeiro projeto de agricultura familiar. E vamos sair desse complexo de inferioridade, de sermos os únicos Deputados que frequentamos a Assembleia, que fazemos propostas, que fazemos debates, e somos tão maltratados. Nós haveremos, a partir das eleições municipais de 2012, de construir uma maioria neste Estado de São Paulo e dizer para o Estado, reconhecendo a nossa incompetência de nunca termos conseguido governar o Estado, que chegou a hora de acabar com essa dinastia.

Podem dizer que eles são importantes, que eles são "excepcionais aliados". Só me faltava ouvir isso na vida. Eu posso falar, não tenho problema nenhum. Só faltava nós termos que ajoelhar no milho, no Palácio dos Bandeirantes, e sermos humilhados em ouvir a expressão "excepcional aliado".

Não, não são nossos aliados. Nós somos diferentes. Não porque sejamos melhores, porque temos outras propostas. Não dá para comparar as administrações de Santos, de Telma de Souza e David Capistrano com as outras administrações. Não dá! No programa de saúde mental, no programa da despoluição dos canais, no primeiro programa de saneamento da costa, e tudo, a rede de Saúde, tudo, não dá.

Não podemos perder mais para esse poder midiático e superficial, essa dinastia que governa esse Estado desde 1983. Não podemos! Não vou dizer que é uma missão, que vira uma coisa fundamentalista, religiosa, mas temos que traçar uma política. E o jeito principal de traçar a política é nos diferenciarmos. Paulo Freire dizia, com toda clareza: "não há problema em ser diferente, não é crime ser diferente".

Errada é essa unanimidade, burra, que se está tentando construir. São dois projetos completamente diferentes. E se pegarmos o projeto da agricultura familiar, por mais clonado que eles tenham feito, do Governo Federal, a aplicação vai ser diferente. As nossas origens, de onde viemos, em tudo o que acreditamos. É diferente. Vamos votar o projeto da agricultura familiar? Vamos. Eles querem se aproximar dos sindicatos, das propostas populares? Aproximem-se. Mas vamos manter as nossas diferenças. E os nossos excepcionais aliados são o povo brasileiro. Esses sim. Deputado Luiz Claudio Marcolino, sua base, os bancários, aqueles que perderam tudo para os banqueiros, esses sim são os nossos excepcionais aliados. Os boias-frias, os cortadores de cana, aqueles que foram expulsos pelo latifúndio e por todos esses grupos econômicos fortíssimos e agora por grandes potências estrangeiras invadindo e comprando grandes setores do território brasileiro. Esses são os nossos excepcionais aliados.

Continuemos vermelhos para não ficar cor-de-rosa de vergonha a vida toda.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins, pelo tempo regimental de 15 minutos.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos discutindo o Projeto de lei nº 688 que, com medidas tímidas, dá uma atenção para a agricultura familiar. Recordo-me quando trabalhava no campo, num minifúndio, no Paraná. Na nossa casa se faziam algumas reuniões para discutir a reforma agrária. Uma parcela significativa era de agricultura familiar, de pequenas propriedades. Ali fui despertando a consciência. Quando plantávamos e colhíamos, não tinha preço. Os atravessadores ganhavam duas, três vezes mais. O agricultor tinha de vender, pois não tinha como armazenar, e tinha dívidas para pagar. Trabalhando na beira de uma estrada, via passar aqueles carros grandes, luxuosos, e nós lá, trabalhando, sem nenhuma perspectiva. Pensava: isso teve ter algum tipo de explicação. Buscamos essa explicação na política. Por que não há incentivo? Por que a prefeitura não compra dos agricultores, ou não armazena para garantir preço? Quando visitamos o interior, os assentamentos, percebemos o surgimento de uma nova categoria de trabalhadores: trabalhadores rurais urbanos, que se organizam em associações, em sindicatos para cobrar do Governo terras, reforma agrária e apoio.

Percebemos a necessidade dos que estão trabalhando, dos assentados. Muitas vezes, eles precisam de recursos para a perfuração de poços artesianos, para conseguirem água para sobreviverem. Precisam de maquinários. Antigamente, a terra era arada com animais ou na enxada, de maneira rudimentar e primitiva. Agora já se avançou. O Estado mais rico do Brasil precisa melhorar a atenção. É daí que vêm 70% dos alimentos que consumimos nas cidades. É preciso que aprovemos as emendas, para garantir a compra de 30% do que os agricultores produzem para terem a garantia de que plantando terão para quem vender e não ficarem ao relento, já que correm todo o tipo de risco, de pragas, de chuvas, de inundações. O atravessador apenas compra e ganha 10 vezes mais do que quem plantou.

Cedo um aparte à nobre Deputada Telma de Souza.

 

A SRA. TELMA DE SOUZA - PT - Ao falar do momento rudimentar da agricultura, V. Exa. não está muito longe de descrever o que acontece, por exemplo, no Vale do Ribeira. O Deputado Simão Pedro, que tem base eleitoral e trabalho naquela região, como eu também, sabemos que o Vale do Ribeira, uma região riquíssima do ponto de vista da produção da banana, é uma região paupérrima do ponto de vista da qualidade de vida material das pessoas que lá estão. Nos fundões, como chamamos lá, do Vale do Ribeira, temos esse tipo de agricultura familiar rudimentar para a qual só falta a carroça e o carro de boi para puxar o arado.

Tive oportunidade, há cerca de dez anos, de levar um companheiro de nome Gilberto Ota para aprender o cultivo da pupunha, para reunir a questão, de um lado, ecológica, para não cortar a palmeira juçara, que precisa de sete, oito anos de cultivo para poder ser cortada e, por outro lado, a pupunha, que, cortada, dá brotos constantemente. Todo o aprendizado foi feito na região de Presidente Epitácio, uma região hostil a esse cultivo quente e não conseguimos introduzir de maneira profissional esse cultivo no Vale do Ribeira, justamente porque não havia uma retaguarda do Governo do Estado para tal.

Hoje estamos discutindo um projeto para o qual também nossas emendas não foram atendidas in totum. De 11 pessoas do conselho, passaremos a 13, todas as 11 pertencentes ao quadro da própria estrutura governamental ou institucional, haverá mais um deputado, que tem sua relação com essa causa, e um representante dos agricultores. É lógico que isso é um ínfimo avanço. Vou voltar ao Vale do Ribeira, poderia falar do Pontal do Paranapanema, de outros rincões, algum deputado disse que hoje o Estado de São Paulo é um imenso canavial, isso é verdadeiro, por causa do etanol, não quero entrar nesse mérito agora, pois é uma relação bastante complexa para discutir. Mas quero dizer que o Vale do Ribeira tem pujanças e, se não estivermos atentos, teremos a morte daquelas pessoas da agricultura familiar.

Um projeto do Governo Federal, que é justamente a economia solidária, propõe a sustentação de famílias por meio daquilo que essas famílias possam produzir do ponto de vista da gastronomia, da culinária, do artesanato. No Vale do Ribeira as mulheres produzem, principalmente num bairro chamado Arapongal, que fica em Registro, uma massa de banana verde batida no liquidificador na qual você pode depois colocar sal ou açúcar e fazer, se for salgado, coxinha de galinha, recheio de pastel ou, se for doce, tortas condizentes.

Pois bem, essa Economia Solidária, que é um projeto do Governo Federal, liderado no Ministério do Trabalho pelo nosso querido economista Paul Singer - que já trabalhou como Secretário de Planejamento na Prefeitura de São Paulo -, não terá a capacidade de fazer parcerias com as merendas escolares das escolas da região se não tivermos a contrapartida financeira e também de estrutura de discussão para a agricultura familiar. As duas se complementam.

Na verdade, o que temos que fazer é aprovar com ressalvas esse projeto, mas saber falar à população de São Paulo que esse Estado tão rico não pode tratar assim seus agricultores familiares. Teremos que continuar lutando. Teremos que aumentar o número de pessoas no conselho.

 

O SR. Marcos Martins - PT - Cara Deputada, quando eu morava no campo, tínhamos a lavoura de café e, entre as duas carreiras de café, plantava-se arroz, milho, feijão, dependendo da região. Havia uma cultura de diversos produtos, que ajudavam na subsistência da família. Tudo era plantado em pouca quantidade, pois era um minifúndio.

Aqui, com a essa história da monocultura e dos grandes latifundiários que vão comprando as áreas, os trabalhadores da agricultura familiar são expulsos do campo para a cidade. Eles ficam morando na cidade e vão trabalhar no campo, depois, de boia-fria. Isso é um retrocesso. Precisamos, além de aprovar esse projeto, também aprovar as emendas e cobrar do Governo do Estado mais atenção para a agricultura, especialmente a familiar. O Estado de São Paulo tem condições de dar aos trabalhadores o mínimo que eles merecem, principalmente implementos agrícolas, tratores. É comum ouvir nos assentamentos que precisam de trator. Eles têm que alugar, pedir emprestado. Assim, cria-se uma dificuldade enorme.

Os técnicos agrícolas, os engenheiros, precisam orientar o camponês da melhor forma possível, para que a produção seja de forma sadia e sustentável, e não esses transgênicos, que, cada vez mais, ganham corpo. Não sabemos, no futuro, o comprometimento à saúde da população. O que ocorrerá daqui a alguns anos? Tem uma revista que abordou a questão da soja transgênica brasileira, se não me engano, a “Carta Capital”.

É preciso ter técnicos com o mínimo de orientação do poder público, para que os agricultores possam produzir. No mundo inteiro, a agricultura acaba sendo subsidiada. Poderemos fazer com que haja estímulo, mais gente no campo, plantando e produzindo para os que moram nas cidades poderem sobreviver. É preciso ter uma interação entre o campo e a cidade, sem necessidade de manter preso o Zé Rainha e outros. Muitos sindicalistas do campo já foram assassinados, são milhares. Na minha região, vi vários serem presos. Recolhemos o Secretário do Sindicato Rural, para fugir da perseguição da repressão.

Com tanta terra, mais de oito milhões de quilômetros quadrados, não é possível que não haja condições mínimas para o trabalhador do campo sobreviver, plantar, colher e a agricultura familiar prosperar. O Estado de São Paulo tem um desafio grande. Por isso, vamos votar favoravelmente ao projeto e às emendas, para que ele seja aprimorado. O mais grave é que o projeto veio sem a participação dos maiores interessados, que são os agricultores familiares.

Precisamos aprovar também as emendas para que esse projeto seja melhorado e não continuemos a ver o campo sendo dizimado, cada vez mais incorporado ao latifúndio e os trabalhadores do campo sendo excluídos do seu pedaço de chão.

Acredito que a maioria dos deputados votará a favor. Além do projeto, peço que votem nas emendas, que melhoram um pouco esse projeto, relativamente tímido para um estado tão rico, com tantas condições que poderiam ajudar muito mais o trabalhador do campo. Obrigado.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Sr. Presidente, tendo em vista a importância do debate, requeiro a V. Exa. a prorrogação dos nossos trabalhos por uma hora e 30 minutos.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira, para discutir a favor.

 

O SR. Hamilton Pereira - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Assembleia, assomo à tribuna para falar sobre o Projeto de lei nº 688/2011, que cria o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social.

Gostaria de fazer uma digressão para dizer a todos que houve um tempo neste País em que aqueles que labutavam na agricultura, sobretudo na agricultura familiar, passavam por uma situação de humilhação, de total descaso por parte do Estado, do Governo Federal, do Governo Estadual. E não tinham estímulo algum. Trabalhavam mesmo por pura vocação na agricultura. Produziam, lutavam para conseguir escoar os seus produtos, conseguir obter preço para os seus produtos e sentiam-se desanimados por conta do desprestígio em relação a essa atividade econômica no Brasil.

Afinal de contas, a grande atividade econômica a que os governos davam mais atenção e destinavam mais recursos era a da produção industrial. Para essa, sim, financiamento, seguidos recursos dos bancos, principalmente do BNDES. Muitos recursos para a produção industrial, para as atividades comerciais. A atividade agrícola não era importante. Essa era importante mesmo somente para os agricultores, para os que nasceram vocacionados para trabalhar com a terra. Isso, obviamente contradizia uma vocação brasileira. Afinal de contas, num país com a extensão de terras agriculturáveis que tem o Brasil era um descalabro não considerar que a atividade econômica gerada pela agricultura devesse ser valorizada pelo governo - fosse o Governo Federal, governo dos estados e dos municípios. Houve um tempo em que agricultura era desprestigiada, não era reconhecida pelos governos.

Para exemplificar o que estou falando quero dizer que de 1994, quando o Sr. Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, foi eleito pela primeira vez para governar o Brasil, até 2002 o governo do então presidente da República destinou para o Pronaf dois bilhões de reais. Mas felizmente nada como um dia depois do outro e nas eleições de 2002 o povo brasileiro resolveu outorgar ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva os destinos deste país. Lula governou este país por oito anos e nestes oito anos do governo do PT foram destinados 16 bilhões de reais para o Pronaf. Vejam, oito vezes mais do que destinou o governo anterior. Mas o Governo Lula não parou por aí

Dois ministérios da República foram fundamentais na promoção da agricultura do país: o MDS - Ministério do Desenvolvimento Social - e o MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário. Aliás, subordinado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário tínhamos a Conab. O Presidente Lula criou duas iniciativas fundamentais para apoiar a agricultura, notadamente a agricultura familiar: o PAA - Programa de Aquisição de Alimentos - e o PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Em que consistia o PAA? Agora o Governo Federal apoiava a agricultura familiar. O Governo Lula estimula então a agricultura familiar a produzir alimentos para a merenda escolar, são recursos investidos para que todos os pequenos agricultores pudessem destinar o resultado da sua produção para as grandes cidades, para a alimentação escolar. Está criado o Programa de Aquisição de Alimentos direto do produtor para a escola. Desta maneira, elimina-se aquilo que se convencionou chamar neste país inclusive de a máfia da merenda escolar, era uma forma de frear aquela situação em que os atravessadores ganhavam muito dinheiro para fornecer uma péssima qualidade de produtos para a merenda escolar. Agora não, a merenda escolar vem direto do campo, da agricultura familiar, das cooperativas de pequenos agricultores, das cooperativas dos assentamentos.

A Conab, que é o instrumento de compra e abastecimento do Governo Federal, agora adquire esses alimentos das cooperativas dos agricultores familiares e destina para as cidades. E assim foram feitos vários convênios.

Na minha região, região de Sorocaba, temos vários assentamentos. Os assentamentos passaram a fornecer merenda escolar para a cidade de Guarulhos, para a cidade de São Bernardo do Campo. Eu acompanhei pessoalmente esse processo onde a agricultura familiar, os assentamentos através das cooperativas de pequenos agricultores passaram a destinar parte da sua produção para a merenda escolar de São Bernardo do Campo. Foram estes dois programas que tiraram a agricultura familiar do ostracismo e com mais recursos para o programa nacional de agricultura familiar obviamente eles foram fortalecidos.

Agora venho a esta tribuna - pasmem, talvez seja a primeira vez desde que estou neste Parlamento - para defender um projeto do Governo do Estado, para dizer que a Bancada do Partido dos Trabalhadores vai votar favoravelmente a este projeto porque ele copia na íntegra este programa do Governo Federal criado pelo Presidente Lula. Isto é importante porque estimula a agricultura familiar. Além de estimular a agricultura familiar, elimina a ação nociva do atravessador. Agora o agricultor vai produzir e toda produção vai ser destinada às grandes cidades. Trinta por cento de tudo o que as cidades adquirirem enquanto merenda escolar, será dos pequenos agricultores, da agricultura familiar, das cooperativas, dos assentamentos. É um programa que fortalece a agricultura familiar no Estado de São Paulo e, portanto temos de louvar as boas iniciativas, como esta.

Não obstante o projeto ter um princípio muito positivo, ele ainda foi melhorado pelos deputados das diversas bancadas aqui da Assembleia Legislativa. Algumas emendas estão sendo incorporadas ao projeto, como, por exemplo, a Emenda nº 5 de autoria da Liderança do PT que cria um sobreteto de 12 mil reais para ser utilizado quando o número de agricultores participantes da licitação não for suficiente para atender à demanda. Dessa forma, fica assegurada a participação de um número maior de agricultores e ao mesmo tempo permite a ampliação do volume a ser adquirido de cada produtor. Sem esta emenda, o volume de alimentos excedentes ao limite de compra determinado pelo teto de 12 mil por agricultor familiar terá de ser adquirido dos atacadistas e grandes produtores, o que não faz nenhum sentido em relação ao propósito deste projeto. É muito mais razoável permitir-se o sobreteto para que as compras sejam completadas pelos próprios agricultores familiares que participaram da licitação. A emenda possibilita o reajuste anual do valor máximo de compra para cada agricultor. A Emenda nº 5 é muito positiva.

Nós que somos do núcleo agrário do Partido dos Trabalhadores, que estivemos inúmeras vezes junto à Secretaria da Agricultura defendendo a agricultura familiar, defendendo mais recursos inclusive para que a Secretaria pudesse destinar recursos para a contratação de assistentes técnicos para a agricultura familiar, sabemos da importância dessas emendas que a Bancada do Partido dos Trabalhadores apresentou.

A Emenda de nº 4 de autoria também da Liderança do PT democratiza a composição da comissão gestora do programa propondo a inclusão de três representantes das entidades de agricultores indicados pelo Cedaf - Conselho Estadual do Desenvolvimento da Agricultura Familiar. O projeto já previa a participação de um membro indicado pelo Cedaf, mas sem a garantia de que este seria representante dos agricultores. Esta emenda tem plena concordância com a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo - Itesp, autora da proposição do governador. Então, havendo acordo, esperamos que a emenda seja incorporada para que ao votarmos o projeto possamos votar também essas emendas. Digo mais, haverá conselho gestor desse projeto que fiscalizará todas as ações preconizadas por esse projeto que pretendemos se torne uma lei estadual.

Temos a emenda nº 3, de autoria do deputado Simão Pedro, que determina que a condição de agricultor familiar seja comprovada através do DAP - Declaração de Aptidão do Pronaf, regulamentada por norma do governo federal. Nesse projeto de lei o governo de São Paulo preferiu estabelecer procedimentos independentes, alegando problemas graves na emissão do DAP por entidades sindicais credenciadas pelo governo federal.

Temos também uma emenda do deputado Hélio Nishimoto, que propõe nesse conselho gestor a participação de pelo menos dois deputados desta Casa. Isso é fundamental. Entre as atividades e funções precípuas a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo consta a fiscalização das ações do governo do Estado de São Paulo. Portanto, está de parabéns também o nobre deputado Hélio Nishimoto porque a propõe a participação de dois deputados membros da Comissão de Atividades Econômicas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo indicados pelo presidente do Poder Legislativo, nobre deputado Barros Munhoz. Isso é muito bom. Assim teremos a garantia da participação do Poder Legislativo na fiscalização de todas as atividades que essa lei preconiza.

Estamos aqui defendendo que todos votem favoravelmente a esse projeto porque nós estaremos transpondo para o Estado de São Paulo uma política que deu certo e que foi pensada pelo governo federal do presidente Lula, que estimulou os pequenos agricultores familiares. Aliás, deu muito mais ênfase e fortalecimento à produção da agricultura familiar, que é aquela que efetivamente produz alimentos no Estado de São Paulo e no Brasil e gera mais empregos no campo.

Então, sinto-me honrado de estar nesta tribuna defendendo um projeto com essas características, com esse alcance social. Parabéns ao Sr. Governador por ter pensado um projeto como esse, que embora seja uma cópia do governo federal do Presidente Lula é uma cópia de algo bom,de algo que vai ao encontro dos interesses da agricultura familiar e da alimentação escolar.

Portanto, estão de parabéns aqueles que pensaram esse projeto, os técnicos da Secretaria da Agricultura, do Itesp, que têm nosso apoio na noite de hoje para a aprovação desse projeto. Obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para falar contra, tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado, pelo tempo regimental.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, deputado Barros Munhoz, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, telespectadores da TV Alesp, funcionários desta Casa, me inscrevi para falar contra, mas na realidade nossa bancada vai votar favoravelmente ao projeto sabendo que nem todas as emendas que fizemos serão aceitas. Do nosso ponto de vista nossas emendas melhoram o projeto e dão melhores condições de desenvolvimento aos agricultores familiares.

Quero destacar a importância das emendas do PT e da emenda do Deputado Hélio Nishimoto, que coloca representantes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo no conselho gestor.

Quando discutimos esse projeto de lei na bancada do PT fizemos alguns reparos, um deles a inclusão de mais três agricultores no conselho para dar condição de representação a agricultores familiares ligados ao MST, à agricultura familiar e à agricultura em geral. Infelizmente o governador incorporou apenas um, que vai representar todos os segmentos da agricultura familiar. Isso coloca os agricultores em xeque, não os ajuda a elaborar políticas para fazer suas intervenções, entre elas fazer a discussão para os três segmentos da agricultura familiar e ter interlocução direta junto com esse núcleo do conselho para fazer suas propostas e seus projetos dependendo da capacidade de produção de cada um. Foi por isso que propusemos três membros a mais nesse conselho.

A outra emenda que fizemos supera uma proposta do governo que dá 30% para os agricultores, 12 mil reais por ano. Mas o que queremos é que os agricultores cada vez mais se aperfeiçoem na sua produção. Com essa emenda aquele grupo de agricultores que não conseguiu os 12 mil reais poderá produzir mais até chegar aos 12 mil reais. Essa é a intenção da proposta, porque se o governo não compra do agricultor, ele vai comprar de quem? Do atravessador, que é o pior, que é aquele que vai comprar na bacia das almas os excedentes dos agricultores. Estou falando com conhecimento de causa.

O agricultor precisa ser incentivado a fazer cooperativa, a produzir, para ter condições de entrar no mercado e participar de concorrências públicas. É a intenção da nossa emenda. Não queremos que o governo aumente o valor, achamos que 12 mil reais é um valor razoável. No governo Lula são 9 mil reais, aqui são 12 mil reais. Parabéns para o Governador Geraldo Alckmin. Mas com isso vocês vão ver que não vai ser mais 12 mil reais porque os agricultores não vão conseguir essa meta. E fazendo isso você abre espaço para o atravessador. Sabemos que às vezes uma pessoa vai ao Vale do Ribeira para comprar um caminhão de tomate, dá um cheque sem fundos e vai embora. Esse programa deve ser incentivador.

Como sei que o PSDB não tem uma política para a agricultura do Estado de São Paulo, quero registrar que o PPA, Plano Plurianual, que estamos debatendo nesta Casa, diminui ainda mais a receita do estado para a agricultura. Este ano está em 0,71% do orçamento.

No PPA estão aplicando 0,56%, Sr. Presidente. Vossa Excelência já foi Secretário e Ministro da Agricultura, se 0,71% nós já achamos pouco, no PPA é 0,56, o que vai precarizar ainda mais a agricultura no Estado de São Paulo.

Não podemos aceitar uma proposta dessas. Nós já reclamávamos, que a agricultura no Estado já era precária, e vamos piorar mais com esse PPA. Se não houver uma intervenção, se as bancadas governistas desta Casa não fizerem um manifesto contra essa proposta do PPA, vamos levar a agricultura mais falida do que ela já está.

Conversava sobre o assunto com o Deputado Mauro Bragato, lá no Palácio dos Bandeirantes hoje. É uma indignação muito grande, porque a agricultura hoje já não é uma agricultura que abastece o pequeno e o médio agricultor. Ande pelo Vale do Ribeira, ande pela agricultura do Estado de São Paulo, veja o pequeno produtor de leite. Hoje, para fazer uma vacina de brucelose, ele paga 100 reais para uma novilha.

Não existe fiscalização no Estado de São Paulo nas fronteiras. Entra no Estado gado de todos os Estados, sem nenhuma verificação sanitária. E com 0,56% nós vamos fiscalizar o quê? Como vamos equipar os institutos de pesquisa? É um absurdo o que o Governo Geraldo Alckmin está propondo no PPA. A nossa bancada vai aprofundar muito essa questão, e não vamos aceitar a falência da agricultura no Estado de São Paulo.

Para os grandes usineiros, para os sem-terra do Pontal do Paranapanema, eles estão pressionando para transformar aquilo tudo em cana. Mas para dar incentivo para o pequeno agricultor, para fazer ele produzir, para vir vender, para fazer a disputa nos municípios, entrar na concorrência pública, nada. E com 0,56%, pior ainda.

Reconheço que no 0,71 está embutido o Bom Prato e também o Viva Leite, que saíram da agricultura familiar. Nossa assessoria fez uma pesquisa e, mesmo assim, não chega a 0,7%; dá 0,66%. Temos que estar atentos a essa questão na Assembleia Legislativa, porque é um PPA que sufoca ainda mais a agricultura no Estado de São Paulo, e sabemos a situação da agricultura no Estado. Não podemos aceitar, porque está diminuindo muito mais. É um absurdo o que o Governo está fazendo com os agricultores no Estado de São Paulo.

Os plantadores de laranja hoje estão vendendo a caixa com 41 dúzias a quatro ou cinco reais. Como vamos incentivar, dão incentivo para a cana para fazer álcool e açúcar, que estavam subindo, e vamos deixar de produzir laranja, porque não tem incentivo. Essa é a questão que queremos discutir. O PPA deveria vir, porque a laranja, quem tem três, quatro ou cinco hectares de terra, pode plantar laranja, que ele sobrevive com a laranja. Com a cana, um hectare não significa nada, não existe interesse em plantar cana em um hectare.

O que queremos é fazer um planejamento da agricultura no Estado, que possa responder às necessidades do pequeno e do médio agricultor. Vemos grandes agrônomos, o Xico Graziano, dizendo que no Estado de São Paulo não é mais preciso fazer reforma agrária, porque no Estado a reforma foi feita há não sei quantos anos.

E sabemos que não é verdade. Tanto não é verdade que é só ir ao Pontal do Paranapanema e saber como aquelas fazendas todas griladas, terras devolutas, até hoje estão nas mãos de quem? Não é do Rainha, porque ele está na cadeia. Não é do Movimento Sem-Terra. No Itesp os técnicos são muito bem intencionados, mas muito mal pagos, não têm condição de pôr gasolina no carro para irem trabalhar. As diárias que eles recebem não compensam.

O Instituto de Terras no Estado de São Paulo é uma vergonha, de fazer os assentamentos, de preparar os agricultores. O Instituto de Terras precisa fazer que os técnicos cheguem até lá, se não, o que eles vão dizer? Que não adianta dar terra para sem-terra, porque eles não sabem trabalhar, que a reforma agrária não serve. É lógico: dá um pedaço de terra e o agricultor, com a maior vocação que ele tem, não tem dinheiro para comprar um saco de milho para plantar, como é que ele vai ser agricultor?

Não é mais aquele tempo, quando se debulhava a espiga de milho e saía plantando. Hoje não dá para fazer mais isso. As terras já estão cansadas, não permitem mais que se faça isso.

Portanto, quero aqui primeiro fazer um apelo para que os Deputados da Casa aceitem as nossas emendas, porque não são emendas para fazer disputa política. Elas são emendas que vão beneficiar os agricultores do Estado de São Paulo. A segunda, que nós nos preparemos para o embate do PPA, porque o PPA apresentado aqui nesta Casa, com as condições colocadas para a agricultura, não vamos aceitar, porque é a falência no Estado de São Paulo na agricultura, principalmente na agricultura familiar.

Ainda temos tempo de recuperar, tanto nesse Projeto de lei, como no PPA. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido, para falar a favor.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, percebo hoje uma coisa inédita na Casa. A maioria dos Deputados que usaram a palavra para defender esse projeto da Agricultura, vieram falar com uma certa capacidade, com um certo conhecimento de causa. E os Deputados que vieram aqui, a maioria é da roça. Eles não são marinheiros de primeira viagem. Por isso eles vêm aqui e defendem.

Quero dizer que até os 21 anos de idade eu trabalhava na roça. Cheguei a plantar com o cantinho da enxada, aquela maquininha, pac-tac, pac-tac. Cheguei a arar a terra com boi, com burro. Só que eu não pertencia à agricultura familiar, e nem era pequeno agricultor. Eu era meeiro, era arrendatário. Eu trabalhava e os fazendeiros nos exploravam, tomando conta da maioria da nossa capacidade produtiva e para fazerem os seus bons negócios.

E hoje os Deputados do PT, que a maioria vieram da roça, que poderiam ser Deputados naquele tempo, e aí o Brasil estaria bem melhor. Talvez muitos de nós pudéssemos ainda estar na roça, e estamos aqui defendendo a população da agricultura.

Confesso a V. Exa., nobre Deputado Adriano Diogo, que não teve o privilégio de morar na roça, que vim para a cidade grande porque era explorado pelos fazendeiros. Eu plantava milho, feijão e outros cereais. Os fazendeiros me tomavam tudo. Eu me desesperei e tive de vir para a cidade grande viver uma outra vida. Naquele tempo, eu não precisava de academia, não tinha problema de colesterol. Tenho saudades daquele tempo. Era um tempo em que vivíamos, não vegetávamos. É por isso que fiz questão de vir aqui defender esse projeto.

Concordo totalmente com os deputados que me antecederam. Quando fazemos uma emenda, é justamente pensando na repercussão, no que vai acontecer quando o projeto estiver em vigor. Quem dera, no meu tempo de agricultor, eu tivesse esse privilégio de receber nove mil do Governo Federal, 12 mil do Governo Estadual. Tenho certeza de que estaria na roça até hoje. Ser representante da principal fonte de vida da população, com subsídios, com condições de trabalhar, é muito bom.

Dei uma lida no parecer do Projeto de lei nº 688, de 2011, do Governo do Estado, que cria o Programa Paulista de Interesse Social, e isso me alegrou muito. Muitas vezes os grandes vendem mercadorias até para outros países, enquanto os pequenos são explorados por atravessadores. Quando se dá um reforço da agricultura familiar para ser utilizado na merenda escolar perto de onde ele produz, isso dá uma economia, um lucro bem maior para os produtores, que às vezes não têm um caminhão para fazer o transporte, não têm armazém para esperar um preço maior. Esse subsídio de 12 mil por ano dá um fôlego.

Mais uma vez fazendo uma comparação com meu tempo, fui ao armazém, fiz um crédito para comprar fiado durante a safra. Comprei fiado por seis meses. A produção veio, mas não foi a esperada. Conclusão: fiquei devendo no banco o financiamento que peguei para comprar, arar, plantar, e não pude pagar o dono do armazém. Talvez se naquela época houvesse esse subsídio, o prejuízo seria menor. Isso me fez desanimar e abandonar o interior.

Sou da região da Alta Paulista. Durante toda minha vida plantei amendoim, arroz, feijão. Eu tinha o apelido de Zé do Brejo. Demorou muito tempo para calçar o primeiro sapato. Com muita honra, tinha o calcanhar rachado. Muitas vezes entrava aquele bicho-do-pé. Mas eu era alegre e não sabia. Eu tinha uma vida muito boa, pois tinha certeza de que o que produzia era sadio, o que produzia servia para alimentar muitas pessoas. Vim para essa selva de pedra para poder sobreviver, para poder educar meus filhos. Foi um tempo bom que não volta mais. Espero que a população da agricultura familiar, que os pequenos produtores tenham condições de sobreviver, tenham ânimo para continuar produzindo, continuar plantando. Nós, da cidade, devemos um respeito muito grande pelos pequenos agricultores, que são a maioria deste Estado de São Paulo, que já foram engolidos pelos grandes latifundiários, que percebem que plantar cana-de-açúcar para fazer álcool, e não açúcar, dá mais lucro, criar boi dá mais lucro. E o arroz e o feijão, o nosso pão de cada dia é mantido pelos pequenos agricultores, que às vezes são discriminados, às vezes não sabem se vão ter lucro ou prejuízo, se vão ficar enterrados de dívidas.

Espero que as emendas citadas pelos deputados do PT e de outros partidos sejam incorporadas para dar mais qualidade ao projeto. Tenho certeza de que esse projeto do Governo do Estado foi elaborado entre quatro paredes, por técnicos que não passaram pela experiência que este deputado passou e vários deputados da Bancada do PT e de outras bancadas passaram e estão fazendo uma colaboração, legislando para melhorar esse projeto que será muito bom para a população do Estado de São Paulo. Oxalá que outros governadores fizessem isso. Seria muito bom para o resto do Brasil. Há vários agricultores que precisam de incentivo.

Cedo um aparte ao nobre Deputado João Paulo Rillo.

 

O SR. JOÃO PAULO RILLO - PT - Nobre Deputado José Cândido, o nobre Deputado Adriano Diogo chegou a fazer uma referência ao que V. Exa. está falando em relação ao comprometimento. Esse é um projeto escrito entre quatro paredes sem o mínimo de acúmulo de envolvimento com a sociedade rural organizada. E ele dizia que mesmo que esse projeto seja uma cópia fidedigna ao projeto federal dificilmente vai ter o mesmo êxito, uma vez que não tem o envolvimento verdadeiro, o compromisso verdadeiro do governo. Um exemplo disso é a discussão do projeto, um projeto do governo e o PT mostra a responsabilidade e o compromisso. Foram sete inscrições, sete intervenções, todas elas do Partido dos Trabalhadores.

O governo não teve a dignidade de discutir, nem o líder do governo veio discutir. Não estou fazendo uma provocação a ninguém, é uma constatação, e uma constatação esperançosa. Espero que isso não seja sintomático nem simbolize o desprezo na prática por um projeto que na teoria vai ser aprovado, mas com o envolvimento, apoio e discussão do PT e não do governo, infelizmente. Era para termos feito um grande debate, mas foi um debate de via única. Por mais contraditório que isso seja, só a oposição fez a defesa do projeto do governo.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Muito obrigado pelo aparte. A Emenda n° 1 pede três representantes de entidades de agricultores, indicados pelo Conselho Estadual do Desenvolvimento da Agricultura Familiar. É muito importante quando no meio da discussão alguém que entende do assunto dá esse equilíbrio. Quem vai ganhar com isso são os nossos irmãos da agricultura familiar.

Cedo um aparte ao nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. Adriano Diogo - PT - Nobre Deputado, o seu pronunciamento foi muito bonito. Não na parte que V. Exa. fala bem do projeto. Já chega a Presidenta Dilma elogiar os “caras” no Palácio. Mas não quero levar para o campo da galhofa, pela beleza do seu pronunciamento.

Vossa Excelência não falou da cidade que era, mas falou de Alta Paulista, falou do amendoim. Já estou vendo até a região de Garça, Pompeia, Marília, a região do Arenito Bauru. Vossa Excelência fez uma referência: “Deputado Adriano Diogo, o senhor que não veio da roça...” Realmente, os meus pais não vieram, mas os meus avós eram imigrantes portugueses, eram lavradores, vieram fugindo de uma miséria terrível da Europa. Quando meu avô chegou ao Brasil, ele trabalhava puxando pão com carrinho de tração animal. Ele puxava pão nas costas, também. Da mesma forma o meu pai. Eram pessoas muito pobres.

O Deputado Rillo falou uma coisa bonita. O Governo, além de não vir dar números, não se dá ao trabalho de apresentar o projeto. E o Presidente da Assembleia foi um dos Secretários de Agricultura e um dos Ministros da Agricultura - não estou falando isso para bajulação - importantes. Ele fez um trabalho no Vale do Paraíba muito importante. Grandes agrônomos brasileiros, radicados em São Paulo, sempre se dirigem ao Barros Munhoz com o maior respeito.

Voltemos ao assunto. Deputado José Cândido, imagine, um projeto de agricultura familiar. Nós, do PT, com a experiência dos Deputados José Zico Prado, Hamilton Pereira e de Vossa Excelência. Não posso acreditar que o PSDB, o DEM, todo esse pessoal que representa a elite dos grandes fazendeiros não tenha o mínimo de respeito pelo mandato, pela Casa. Eles não se dão ao trabalho de vir aqui, nem para dar número. E nisso, quero elogiar o nosso Líder, Deputado Enio Tatto. O projeto é um consenso, mas o Deputado Enio Tatto falou: “Nós, do PT, não podemos estar fora da discussão do projeto da agricultura familiar, por pior que ele seja.”

Deputado José Cândido, parabéns! Se todos os deputados viessem para a tribuna, abrissem seu coração, falassem das nossas origens. É por isso que o PT é diferente. Tomara que tenhamos a capacidade de, um dia, governar este Estado. O povo de São Paulo precisa do PT, como precisa de gente como o senhor, que é descendente de escravos, que trabalhavam na condição mais humilde.

O Deputado Marcos Martins estava me contando a vida da família, no norte do Paraná. Eles perderam tudo, tudo, tudo. Ele me contou como foi o golpe de 1964, como bateu no Paraná contra o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. É por isso que o PT existe. O PT é o sal da terra. Parabéns, Deputado!

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Obrigado pelo aparte, Deputado. Viva a bancada do PT e viva os Deputados da roça!

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação.

Há sobre a mesa emenda aglutinativa com número regimental de assinaturas dos Srs. Líderes. Esta Presidência, nos termos do Art. 175, § 1º do Regimento Interno, consulta se os Líderes presentes concordam em dar conhecimento e colocar em votação a emenda aglutinativa. Os Srs. Líderes que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. Aprovado.

Havendo anuência das Lideranças, deixo de ler a emenda, que já é de conhecimento de todos os Srs. Deputados do Plenário.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, há sobre a mesa requerimento de método de votação, nos seguintes termos:

Item 1 - Projeto de lei nº 688, de 2011, salvo emendas e emenda aglutinativa;

Item 2 - Emenda aglutinativa nº 6;

Item 3 - Emendas nºs 1, 4 e 5;

Item 4 - Emendas nºs 2 e 3.

Assina o nobre Deputado Samuel Moreira.

Em votação o requerimento. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação o item 1 do requerimento, Projeto de lei nº 688, de 2011, salvo emendas e emenda aglutinativa.

 

O SR. Enio Tatto - PT - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Tem V. Exa. a palavra pelo prazo regimental.

 

O SR. Enio Tatto - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, Srs. funcionários, a Bancada do Partido dos Trabalhadores vai votar favorável a esse projeto.

Primeiro, queria parabenizar as intervenções dos deputados do PT que fizeram uso da tribuna hoje. De forma especial, quero parabenizar o Deputado José Cândido e falar que o Partido dos Trabalhadores tem um orgulho enorme de tê-lo na bancada, principalmente quando V. Exa. fala que foi um produtor de amendoim e um agricultor do pé rachado.

Os pés rachados do Estado de São Paulo e do Brasil dependem de projetos, não como esse, mas de projetos como o que o Governo Federal aprovou em 2006. Os pés rachados, os Joões, os Silvas, os Cândidos do Brasil todo dependem de um olhar do Governo Federal, do Governo do Estado e dos prefeitos a respeito da agricultura familiar, do pequeno proprietário.

Também vim da roça e sei o que significa essa ajuda. O Projeto 688/2011 vem muito atrasado. Só para se ter uma ideia, o Governo Federal aprovou um projeto beneficiando esse setor da agricultura em 2006. Faz cinco anos que o Governo Federal aprovou e faz cinco anos que a Bancada do Partido dos Trabalhadores vem cobrando que o Governo do Estado mande um projeto a esta Casa para beneficiar a agricultura familiar. Projeto em que o Estado consuma 30% do que é produzido pelo agricultor familiar, pelo pequeno produtor, que, muitas vezes, produz sem financiamento algum, sem ajuda alguma. Quando colhe, não tem como escoar a mercadoria.

Nada melhor que órgãos públicos, creches, escolas ou presídios consumam pelo menos esse percentual de 30 por cento. Mas tem um detalhe de que esse projeto não trata. É preciso dar condições, inclusive, para que o agricultor familiar organize-se e consiga fornecer esse produto para esses órgãos públicos do Governo. Esse é o grande problema, que sei que todo agricultor tem.

Esse projeto coloca que quem vai definir quem é agricultor familiar é o Itesp. Como está o Itesp? Como estão os técnicos? Como está a situação salarial deles? Qual o orçamento que o Itesp tem para desenvolver o seu trabalho? O tempo todo nos visitam pedindo aumento, plano de carreira, enfim, a valorização desse órgão tão importante para a agricultura do Estado de São Paulo e para os assentados. Mas temos de cobrar o envio do projeto do Feap, que trata do financiamento do pequeno produtor. Precisamos corrigir aquele erro que o Governo do Estado de São Paulo não corrigiu: a renegociação da dívida do pequeno produtor. O banco está pegando a propriedade que o trabalhador tem, a produção que ele tem em troca da dívida e por quê? Porque o Governo não mandou o projeto de refinanciamento da dívida desse pessoal. Ou seja, o trabalhador pegou um empréstimo no banco para produzir, depois sofreu com o problema da seca ou da chuva ou da geada e perdeu sua produção e o Governo não dá prazo para renegociar essa dívida. Não sei por que esse projeto ainda não foi enviado para esta Casa, aliás, tanto o do financiamento como o da renegociação da dívida, que é muito importante para o agricultor familiar aqui do Estado de São Paulo. Nós apresentamos diversas emendas, dentre elas a que aumenta o número de participantes das entidades ligadas aos agricultores familiares no conselho gestor, mas infelizmente o Governo aceitou apenas um representante. Concordamos com a emenda do Deputado Hélio Nishimoto, mas espero que a Assembleia Legislativa indique não um deputado, mas um técnico da área - como da Comissão de Agricultura - que possa contribuir realmente nesse conselho gestor.

Uma outra emenda aceita foi a do Partido dos Trabalhadores, a que se refere ao teto anual de venda de 12 mil, mas gostaríamos que esse valor fosse reajustado anualmente do contrário vai perdendo valor.

Outra emenda de suma importância e que foi discutida com muitos agricultores familiares dizia que toda vez que não se atingisse o valor da licitação, que a entidade que conseguisse chegar aos 12 mil reais pudesse completar até o valor da licitação, do contrário o que vai acontecer? Se ele não pode aumentar o valor de venda mesmo tendo o produto - o que é uma tremenda injustiça - o Governo vai ter de comprar dos atacadistas. Infelizmente esta emenda não foi acatada. Mas a Bancada do Partido dos Trabalhadores vai votar favoravelmente porque é um projeto que ajuda o agricultor familiar. Poderia ser melhor, mas iremos cobrar o projeto do Feap e o da renegociação da dívida dos pequenos produtores.

 

O SR. MAURO BRAGATO - PSDB - Sr. Presidente, peço a palavra para falar pela Liderança do Governo.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato, pelo tempo regimental.

 

O SR. MAURO BRAGATO - PSDB Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, venho à tribuna reforçar não só a discussão realizada nesta noite, como também, a importância da votação deste projeto enviado à Assembleia Legislativa pelo Governador Geraldo Alckmin.

O Art. 1º do projeto diz: “Fica criado o Programa Paulista de Agricultura de Interesse Social voltado aos agricultores familiares assim considerados os que atendem aos requisitos da Lei Federal 11. 326, de 24 de julho de 2006, bem como as respectivas associações e cooperativas.

Art. 2º - São objetivos do programa:

I - fomentar a organização e modernização da produção e melhorar o escoamento dos produtos da agricultura familiar;

II - estimular a produção da agricultura familiar contribuindo para a prática de preços adequados e ampliação do mercado de consumo;

III - favorecer a aquisição dos produtos provenientes da agricultura familiar nas compras realizadas pelos órgãos públicos estaduais.

Art. 4º - Para a consecução dos objetivos a que se refere a lei, deverão os órgãos do Estado empregar no mínimo 30% dos recursos destinados à aquisição de gêneros alimentícios “in natura” ou manufaturados em hospitais públicos, presídios, escolas públicas, instituições de amparo social e outras entidades na compra direta mediante chamada pública da produção da agricultura familiar.

§ 1º - a condição de agricultor familiar será verificada segundo os requisitos a que se refere o Art. 1º desta lei e será comprovada mediante declaração a ser expedida pelo Itesp e pela Cati.

§ 2º - a aquisição de gêneros alimentícios na forma disposta no ‘caput’ desse artigo poderá ser feita até o valor máximo de 12 mil reais por ano, por agricultor, salvo quando se tratar de aquisição efetuada da associação ou cooperativa hipótese em que esse valor deverá ser multiplicado pelo número de seus integrantes.”

Fiz questão de ler o Art. 1º e o Art. 4º até para dizer da importância deste projeto enviado à Casa.

Claro que tem a ver - e muito - com uma Lei Federal como a própria mensagem diz, temos de reconhecer que este projeto chegou tarde, mas mesmo assim considero de fundamental importância reforçar o esforço do Governador Geraldo Alckmin através do Itesp, do seu responsável Marco Pilla, da Secretária Heloisa Arruda e da Secretaria da Agricultura através da Cati.

A importância do projeto está não só nos assentados, os quilombolas, mas também nos milhares de agricultores do Estado de São Paulo.

Não é à toa que o Deputado Hélio Nishimoto, que é de uma região onde a agricultura familiar está muito presente, teve sua emenda acolhida ainda que parcialmente.

Estamos debatendo este projeto nesta noite por considerá-lo muito importante não só social, mas economicamente para o Estado de São Paulo.

Claro que o agronegócio é forte, mas na medida em que a agricultura familiar se torna cada vez mais viável, cada vez mais nós temos condições de manter na agricultura milhares de pessoas em todo o Estado de São Paulo.

Então, em nome da liderança do governo, quero saudar os colegas da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo pela sabedoria na aprovação do projeto. É claro que vamos ter de avançar muito na discussão do projeto do Feap que será enviado a esta Casa. Nesse sentido, o deputado José Zico Prado e este deputado trabalham numa proposta para a aprovação desse projeto. É claro que temos que evoluir ainda mais. Mas, o mais importante é que temos efetivamente uma vontade política do governador, não só nesse projeto, mas também em outros, para reforçar a presença cada vez mais na economia paulista da agricultura familiar.

Quero dizer aos deputados e àqueles que nos assistem pela TV Alesp que hoje estamos votando um projeto importante. E acima de tudo estamos votando um projeto que tem a ver com a cara não só dessa Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, mas, com a cara do povo paulista.

Deputado José Cândido, V.Exa. é da Alta Paulista, eu sou originário da Noroeste Paulista; também nasci na zona rural, numa colônia de famílias italianas, e todos nós temos a ver com isso, até porque todos nós somos brasileiros.

Nesse sentido não só faço uma saudação aos colegas como também parabenizo, mais uma vez, a ação da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo - Itesp, e da Cati. Há uma pequena contribuição minha porque tenho um projeto tramitando na casa que tem a ver com agricultura familiar. Na verdade três emendas foram acolhidas, duas parcialmente e uma quase integralmente; duas do deputado Enio Tatto e da bancada e uma do deputado Hélio Nishimoto. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em votação o item nº 1, Projeto de lei nº 688, de 2011, salvo emendas e Emenda Aglutinativa. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item nº 2 - Emenda Aglutinativa de nº 6 - As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovada.

Item nº 3 - Ficam prejudicadas as emendas de nºs 1, 4 e 5.

Item nº 4 - Emendas de nºs 2 e 3. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, para declarar o voto favorável a todas as emendas apresentadas pela bancada do PT.

 

O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - Para declarar nosso voto favorável porque esse projeto vem em boa hora. O projeto federal está em vigor, mas com muitas dificuldades para ser implementado em muitas cidades do nosso estado. Este projeto vai dar condição, no mínimo, aos 1300 agricultores da cidade onde moro, São José do Rio Preto, de se mobilizarem numa cooperativa para poderem vender sua produção pelo menos para os três presídios da cidade.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - A Presidência registra as manifestações de V.Excelências.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Antes de levantar a presente sessão, esta presidência quer registrar sua imensa alegria com a aprovação desse projeto, quer agradecer as palavras elogiosas de inúmeros deputados que aqui se manifestaram, especialmente o deputado Adriano Diogo. E quer dizer que talvez uma só expressão resuma tudo o que poderia falar num grande discurso, diante de tudo que aqui foi dito com muita propriedade.

Se as cidades fenecerem e os campos forem preservados, as cidades renascerão. Mas se o campo fenecer, as cidades não serão preservadas e também fenecerão.

Diante de tanta injustiça praticada ao longo de tantos séculos contra aqueles que mourejam de sol a sol, aqueles que às vezes têm que vender o patrimônio construído pelos avós e mantido pelos pais, aqueles que têm o rosto sulcado pelo suor e muitas vezes pelas lágrimas, diante de tantas injustiças, que Deus faça com que os brasileiros reconheçam a importância dos pequenos agricultores, daqueles que produzem o alimento que nos mantém vivos.

O estado de São Paulo tem mais de 70% das suas propriedades agrícolas em mãos de pequenos produtores que lutam diuturnamente para sobreviver.

Parabéns a todos os senhores deputados pela aprovação desse projeto, e que ele seja um dentre tantos outros que precisam vir para esta Casa para o fortalecimento da nossa agricultura.

Havendo acordo de lideranças, esta presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia de hoje, e lembra que teremos uma sessão extraordinária daqui a 10 minutos.

Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 21 horas e seis minutos.

 

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