14 DE AGOSTO DE 2009

103ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidente: CONTE LOPES

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - Presidente CONTE LOPES

Abre a sessão.

 

002 - RUI FALCÃO

Fala da repercussão, na mídia, das ações relativas à lei antifumo. Recorda propostas do PT quando da tramitação do projeto, como o aumento da taxação do produto. Considera a lei autoritária e policialesca. Lê e comenta artigo de Maria Inês Nassif, do jornal "Valor Econômico", intitulado "Em São Paulo, Delação é Desejável".

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Agradece o empenho do Presidente em exercício, Deputado Conte Lopes, e do Secretário Geral Parlamentar, Marcelo Souza Serpa, para que este Deputado, além do Deputado Vanderlei Siraque, participe efetivamente, e não mais como ouvinte, da Conferência Nacional sobre Segurança Pública, representando esta Casa. Relata sua participação nas conferências metropolitana e estadual, preparatórias daquele evento. Faz comentários sobre os debates prévios.

 

004 - RUI FALCÃO

Para reclamação, lembra que a Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Agrária, integrada pelas Deputados Simão Pedro e Raul Marcelo, realizou ato, nesta Casa, pelos 25 anos do Movimento dos Sem Terra. Informa que, na ocasião, integrantes do Itesp foram revistados, tiveram panfletos barrados e problemas com a distribuição de lanches. Questiona o constrangimento aos participantes do evento.

 

005 - Presidente CONTE LOPES

Acata a manifestação. Acrescenta que tomaria as providências cabíveis.

 

006 - RUI FALCÃO

Requer o levantamento da sessão, com o assentimento das Lideranças partidárias.

 

007 - Presidente CONTE LOPES

Registra o pedido.

 

008 - OLÍMPIO GOMES

Lembra que manifestantes do MST foram contidos quando se dirigiam ao Palácio dos Bandeirantes. Recorda o enfrentamento entre policiais civis e militares, no ano passado. Lê e comenta textos jornalísticos sobre o crescimento de mortes provocadas por policiais militares. Atribui aos marginais a exacerbação da violência. Questiona os teóricos e os "especialistas em segurança pública", que se valem de estatísticas. Considera preconceituosa a visão de representantes de entidades que destaca. Ressalta o preparo técnico e profissional que norteia o trabalho dos policiais.

 

009 - Presidente CONTE LOPES

Endossa a manifestação do Deputado Olímpio Gomes. Acrescenta que a Polícia Militar busca fazer o seu trabalho da melhor forma. Convoca sessão solene, a realizar-se dia 28/09, às 20 horas, para "Comemorar o 20º Aniversário de Fundação da Cooperativa de Crédito Mútuo - Coopermil", a requerimento do Deputado Olímpio Gomes. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 17/08, à hora regimental, sem ordem do dia. Lembra-os da realização das sessões solenes: hoje, às 20 horas, pelo "Sesquicentenário do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo"; e dia 17/08, às 10 horas, pelo "Centenário da Catedral Diocesana de Santos". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Conte Lopes.

 

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O SR. PRESIDENTE – CONTE LOPES - PTB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – OLÍMPIO GOMES – SEM PARTIDO - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Camilo Gava. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhores funcionários, telespectadores da TV Assembleia, temos acompanhado na cidade e também na mídia, com anúncios muito bem produzidos e caros, essa verdadeira campanha quase persecutória em relação aos fumantes e aos donos de estabelecimentos.

É evidente que existe uma lei no Estado e essa lei deve ser cumprida. Estamos à vontade para criticá-la até porque queríamos, durante o processo de debate aqui, que o combate ao cigarro se fizesse de uma maneira que garantisse o direito das pessoas que não fumam, que se cuidasse da saúde daqueles que são dependentes do vício do cigarro, que se aumentassem os impostos do cigarro, que é a maneira mais positiva de reduzir o consumo, e que não se impusesse à população o papel de cumprir funções típicas do Estado.

Pois bem, isso não ocorreu e vimos ser aprovada uma lei que tem no seu espírito algo que é positivo porque parte da premissa de que é preciso garantir o direito do não-fumante de não ser incomodado, mas a lei vem carregada de um conteúdo fascista, autoritário, policialesco e que convida à delação, à deduragem, aquela coisa odiosa, pois não existe nada pior do que o delator. Pois bem.

Nós não estamos sozinhos nesse diagnóstico.

Vimos ontem no jornal “Valor” a jornalista Maria Inês Nassif, uma das jornalistas bem mais bem preparadas de São Paulo - é editora de Opinião do jornal “Valor” - no final do artigo se confessar uma ex-fumante. Ela começa o artigo com o seguinte título, Deputado Olímpio Gomes: “Em São Paulo delação é desejável.”

Vossa Excelência sabe bem qual o conceito dos delatores na família policial. Eu sei e V. Exa. sabe também o conceito do dedo-duro na sociedade em geral. Não há nada pior do que isso em matéria de caráter. Ela diz que em São Paulo a delação é desejável e passa a discorrer sobre a Lei Antifumo em São Paulo.

“Delatar é um ato não raro possuído por uma exuberante certeza - e desejo - de poder sobre a vida dos outros. A delação encontra trânsito e é incentivada pelo Estado policial (ou com vocação policial) e exerce o papel de controle do cidadão sobre o cidadão no pressuposto de que cada indivíduo é potencialmente um fiscal, um agente do Estado capaz de apontar os pretensos inimigos da “ordem”; e cada indivíduo é potencialmente um criminoso. Do lado do indivíduo que delata, o poder a ele conferido pela delação é o de sair da planície dos cidadãos com os mesmos direitos e regidos pelas mesmas leis e o de ascender o aparelho de Estado, mesmo que pela porta da atividade repressiva.”

O nazismo, a União Soviética de Stalin, o Estado policial do Senador MacCarthy entre 50/56 nos Estados Unidos são exemplos clássicos entre a relação da delação e do autoritarismo, a perseguição, a paranoia. Aí ela passa a discorrer sobre a Lei Antifumo.

“A Lei Antifumo do Governador José Serra parte de uma premissa altamente democrática - a de que o não-fumante tem o direito de preservar a sua saúde. A partir desse correto entendimento foi elaborada uma lei conceitualmente discutível. Todo texto legal foi montado em torno da delação. A pessoa que fuma em locais públicos fechados não será punida, ou melhor, ela apenas será punida se for denunciada pelo dono do estabelecimento em que fumou. Quem delata fica com a razão, quem não delata assume o crime. Se o fumante acende um cigarro dentro de um restaurante e um fiscal flagra a transgressão, o dono do restaurante será multado. O fumante irá para casa sem que nada tenha acontecido a ele. Se, todavia, o dono do restaurante chamar a polícia e delatar o fumante estará livre de punições e o transgressor será punido.”

Ela argumenta também que diante de uma pesquisa em que mais de 60% da população, embora apoiando a restrição ao fumo, não estaria disposta a delatar, o Secretário da Justiça teria dito o seguinte: “Ora, quase 50% está disposta a delatar, logo chegaremos a ser maioria”, ou seja, logo teremos uma maioria de dedo-duro na nossa sociedade.

Ela conclui dizendo o seguinte: “Portanto, o Governo do Estado julga desejável que os paulistas se dediquem à delação e seus representantes deixam claro que a intenção da lei é exatamente essa.

A tempo: sou ex-fumante e a fumaça do cigarro me incomoda profundamente, mas não mais do que o incentivo à deduragem.”

Sr. Presidente, passo a ler a íntegra da matéria para conhecimento das Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados.

Lei Antifumo

Em São Paulo delação é desejável

13/08/2009

Por Maria Inês Nassif

Delatar é um ato não raro possuído por uma exuberante certeza - e desejo - de poder sobre a vida dos outros. A delação encontra trânsito e é incentivada pelo Estado policial (ou com vocação policial) e exerce o papel de controle do cidadão sobre o cidadão, no pressuposto de que cada indivíduo é potencialmente um fiscal, um agente do Estado capaz de apontar os pretensos inimigos da "ordem"; e cada indivíduo é potencialmente um criminoso. Do lado do indivíduo que delata, o poder a ele conferido pela delação é o de sair da planície dos cidadãos com os mesmos direitos e regidos pelas mesmas leis e o de ascender ao aparelho de Estado, mesmo que pela porta da atividade repressiva.

Os dois lados, do delator e do Estado que incentiva a delação, são alimentados e justificam seus atos pela ideia de que sobre o que julgam verdade e justiça não há possibilidade de dissenso - a controvérsia é condenável, intolerável e em princípio pode ser criminosa. O nazismo, a União Soviética de Stálin e o Estado policial incentivado pela ação do senador Joseph Raymond McCarthy entre 1950 e 1956, nos Estados Unidos, são os exemplos clássicos da relação entre delação e autoritarismo. Nesses casos históricos, a delação serviu igualmente para alimentar ambientes políticos fortemente radicalizados e forçar "consensos" aparentes, formados na verdade por ações repressivas que incluíam a inserção do cidadão no papel de vigia de seu vizinho. Pelo medo, portanto.

A Lei Antifumo do governador José Serra parte de uma premissa altamente democrática - a de que o não-fumante tem o direito de preservar a sua saúde, ameaçada pelo uso do cigarro em ambientes fechados. A partir desse correto entendimento do direito do não-fumante, foi elaborada uma lei conceitualmente discutível. Todo o texto legal foi montado em torno da delação. A pessoa que fuma em locais públicos fechados não será punida, ou melhor, ela apenas será punida se for denunciada pelo dono do estabelecimento em que fumou. Quem delata fica com a razão; quem não delata assume o crime. Se o fumante acende um cigarro dentro de um restaurante e um fiscal flagra a transgressão, o dono do restaurante será multado. O fumante irá para casa sem que nada tenha acontecido a ele. Se, todavia, o dono do restaurante chamar a polícia e delatar o fumante, estará livre de punições, e o transgressor será punido. Nessa hipótese, o dono do restaurante será premiado pela delação e não sofrerá as sanções previstas na lei para os estabelecimentos cujo ambiente não está livre do fumo.

Pela lei, a delação passa a ter status de prova. Uma pessoa qualquer que estiver no restaurante quando alguém acender um cigarro lá dentro poderá ligar para um 0800 e fazer uma denúncia, ou preencher um "formulário" na internet. A sua palavra é prova contra o restaurante e dela decorrerão sanções legais. Para a lei, basta que o denunciante diga que não mentiu para que a sua denúncia seja considerada verdade. O estabelecimento acusado, no entanto, terá que provar que a denúncia foi mentirosa para ser considerado inocente.

Outra situação: o morador de um condomínio pode usar o mesmo 0800, ou o site da lei antifumo, para denunciar um vizinho que tenha fumado em áreas fechadas e públicas do condomínio. O vizinho-delator tem autoridade, pela lei, de autorizar a entrada dos fiscais no condomínio. Mais uma vez, a denúncia será a prova, e certamente não existirá uma outra: até que os fiscais cheguem ao condomínio, o morador delatado pelo uso do cigarro certamente já terá dado um sumiço no cigarro. É uma situação onde dificilmente ocorrerá um flagrante. Nesse caso também a multa é do condomínio. Aí também prevalece o conceito de que é preciso vigiar o vizinho para que não haja prejuízo coletivo.

A ideia da delação é central na lei, e essa intenção foi propagandeada pelo governo do Estado. O secretário de Justiça do Estado, Luiz Antônio Marrey, ao comentar uma pesquisa do Instituto GPP e da InformEstado que indicava que 64,9% dos entrevistados não pretendem denunciar locais com fumantes, disse que, num primeiro momento, a "metade que vai denunciar é suficiente para colaborar com a fiscalização". A tendência é que a delação aumente, para o bem de todos, disse o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata: "O uso do cigarro em ambiente interno é culturalmente aceito há anos. Começamos a mudar isso só agora. Por isso, nesse primeiro momento, a intenção de denunciar não aparece. Acredito que, com a aplicação da lei e os donos de bares se engajando em preservar os estabelecimentos, as denúncias vão surgir".

Portanto, o governo do Estado julga desejável que os paulistas se dediquem à delação. E seus representantes deixam claro que a intenção da lei é exatamente essa.

A tempo: sou ex-fumante e a fumaça do cigarro me incomoda profundamente, mas não mais do que o incentivo à deduragem.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião do jornal Valor Econômico

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - SEM PARTIDO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, em primeiro lugar, quero deixar público meu agradecimento ao Presidente em exercício da Assembleia Legislativa, Deputado Conte Lopes, e ao secretário-geral parlamentar da Mesa, Dr. Marcelo, pelo empenho para que a Assembleia Legislativa de São Paulo pudesse ter representantes na Conferência Nacional de Segurança Pública, que será realizada de 27 a 30 de agosto, em Brasília. Três mil cidadãos debaterão sete diretrizes para os rumos da segurança pública no nosso país: o aspecto da gestão, o aspecto do financiamento da segurança pública para as ações de segurança pública, a implementação legislativa bem como sistemas de prevenção - incêndio, salvamento e defesa civil.

Houve grande empenho do Presidente em exercício e de sua assessoria junto ao Ministério da Justiça, que insistia que somente o Deputado Vanderlei Siraque comparecesse representando a Assembleia e que eu comparecesse como um ouvinte, sem direito à manifestação com palavras e voto. Graças ao empenho da direção da Assembleia Legislativa, graças à sensibilidade do sempre Deputado Romeu Tuma Jr., hoje na Secretaria Nacional de Segurança Pública, que acabou intervindo pessoalmente, a Assembleia de São Paulo terá dois representantes falando de Segurança Pública no Estado de São Paulo juntamente com mais 60 paulistas entre policiais civis, militares, bombeiros militares, representantes da polícia técnico-científica, agentes penitenciários e 20 representantes da chamada sociedade civil.

Como a delegação de São Paulo é a maior em função do volume populacional do estado, a Assembleia não poderia deixar de ser representada de fato, com direito a posicionamento e voto nessa conferência, como será feito pelo Deputado Vanderlei Siraque e por mim.

Mas tenho de dizer de público da minha satisfação não por estar representando a Assembleia por uma designação feita no mês de junho; tanto eu quanto o Deputado Vanderlei Siraque, num ato do Presidente titular da Assembleia, Barros Munhoz, mas pela manutenção que acabou ocorrendo graças à gestão do Presidente em exercício Deputado Conte Lopes.

Participei desde a formatação de conferências municipais e regionais pelo interior do Estado de São Paulo, da Conferência da Cidade de São Paulo, da Conferência Metropolitana de São Paulo, das quais estou colhendo subsídios para que possamos dar uma contribuição efetiva, aproveitando o ineditismo dessa conferência nacional. É a primeira vez que ocorre uma iniciativa do Ministério da Justiça para a participação de todos os segmentos da sociedade para debaterem e estabelecerem dentro de diretrizes racionais, sem partidarismos, sem se colocar ideologia política à frente das necessidades. Não podemos perder uma oportunidade dessas.

Nas conferências municipais, na regional, na estadual, vi com uma satisfação igualmente inédita que a discussão entre os profissionais da Segurança Pública não se ateve às cúpulas ou simplesmente aos dirigentes.

Tomou-se cuidado na formatação da conferência para conseguir uma presença proporcional de todos os níveis hierárquicos. Temos soldados, cabos, sargentos, subtenentes, oficiais da Polícia Militar. Temos investigadores, escrivães, carcereiros, delegados de polícia, da Polícia Civil. Temos agentes penitenciários de vários níveis, representantes sindicais, representantes das organizações de direitos humanos, representantes dos conselhos comunitários de segurança, representantes de sociedades amigos de bairro. Tenho certeza de que serão quatro dias extremamente proveitosos. Vamos esperar que o produto dessa discussão madura envolva os 26 estados e o Distrito Federal, representantes do Judiciário, do Ministério Público, das casas legislativas dos estados como membros do poder público. Tomara Deus que haja sapiência de todos para que ao fim do processo se comece a fazer uma modificação como um todo na política de segurança no nosso país. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. RUI FALCÃO – PT - PARA RECLAMAÇÃO – Sr. Presidente, anteontem realizou-se nesta Casa um evento promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Agrária, sob a responsabilidade dos Deputados Simão Pedro e Raul Marcelo, em homenagem aos 25 anos de existência do MST.

Pois bem. Logo na entrada um grupo de funcionários do Itesp foi barrado porque trazia panfletos concernentes a reivindicações dos trabalhadores daquele instituto. Curiosamente, um policial militar pediu que se levasse o panfleto para ser apreciado e aprovado pela SGA, e depois pela Secretaria de Comunicação.

Ora, Sr. Presidente, não há nenhuma norma escrita nesta Casa estipulando esse tipo de comportamento. Ademais, isso pode parecer uma espécie de censura prévia, que também não deveria existir nesta Casa.

Em segundo lugar, havia uma distribuição de lanches, porque muitos dos participantes vinham de uma marcha prolongada, e quando as primeiras pessoas começaram a entrar e os lanches começaram a ser distribuídos, um PM veio perguntar se havia autorização para aquela distribuição.

Também houve uma revista rigorosa em parte dos participantes. Inclusive uma representante do movimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Maria Judite, foi revistada.

Sr. Presidente, minha reclamação não se dirige aos policiais militares que trabalham nesta Casa, que são operosos, que cuidam também da nossa segurança, são funcionários responsáveis. Mas, muitas vezes ocorre uma política de suspeição. Pessoas às vezes consideradas mal vestidas, negros, o pessoal do MST. Não se justifica numa manifestação pacífica esse tipo de comportamento, seja censura a panfleto, material escrito, seja controle sobre lanches e muito menos revista às pessoas. Não me consta que as pessoas sejam revistadas quando chegam aqui. Não há nem o pedido de identificação, como na Câmara Municipal no período ocorreu. Até compreendo, quando há uma autoridade presente, fazer-se aquele controle de metais para ver se ninguém está armado. Portanto, minha reclamação é para que a Presidência da Casa faça ver a quem de direito que temos uma postura mais democrática, mais civilizada nesses acontecimentos, para também não particularizar num policial que às vezes recebe ordem, nem tem responsabilidade sobre aquilo, mas cria um constrangimento, para nós inaceitável.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Esta Presidência acata a reclamação de V. Exa. e tomará as devidas providências referente ao caso.

Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Agnello.(Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (S. Exa. declina da palavra.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão logo após a fala do nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - É regimental. Passamos a palavra ao nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - SEM PARTIDO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, o Deputado Rui Falcão falava a respeito da rigidez quando da entrada de cidadãos para um evento nesta Casa. Apenas faria uma consideração em que proporcionalmente esta Casa ainda é um pouco mais democrática. O MST tentou ir ao Palácio dos Bandeirantes e foram contidos à força. A própria polícia, quando fizemos as manifestações pela dignidade da família policial, no ano passado, em todos os eventos não houve o menor tumulto nesta Casa. A Assembleia Legislativa recebeu todos os cidadãos policiais para que pudessem fazer, legitimamente, sua movimentação. Na porta do Palácio do Governo fomos recebidos à bala de borracha.

A nossa Assembleia Legislativa carece simplesmente de alguns aperfeiçoamentos em detalhes, mas a democracia e a liberdade de participação e acesso da população, do rico e do pobre, do preto e do branco, do brasileiro, do estrangeiro, é amplamente facultada nesta Casa, até porque se chama a Casa do Povo.

Sr. Presidente, venho a esta tribuna fazer algumas considerações sobre matéria veiculada nos jornais “Jornal da Tarde” e “O Estado de S.Paulo”, que dá conta de que as mortes cometidas por policiais militares cresceram. E por que venho fazer este comentário? Porque a matéria diz que a Polícia Militar está exacerbando na violência e com isso faz crescer o número de mortos, dando conta até que 9% das mortes ocorridas no Estado de São Paulo são de responsabilidade dos policiais militares.

Ora, há uma inversão. Houve na matéria dois especialistas. Gostaria de saber algum dia qual o critério para ser chamado de especialista em polícia ou em segurança. Fiquei 29 anos no serviço ativo da Polícia e não me considero um especialista. Posso conhecer alguns setores, mas há indivíduos adotando o título de especialistas, às vezes sociólogos, às vezes filósofos, tantas outras vezes juristas brilhantes, alguns “policiólogos”. Mas vejam bem: falei em 29 anos no serviço ativo; dois que estou aqui, 31 para 32 anos que ingressei na Polícia Militar. O Capitão Conte Lopes, hoje Presidente da Casa interinamente, ingressou há mais de 40 anos na Força Policial. E eu dizia, Deputado Conte Lopes, quais os critérios para se identificar um especialista em segurança.

Temos dois indivíduos estudiosos que vão atribuir um aumento do número de mortes em confrontos com a Polícia Militar, a estratégia e a gestão dizendo ou induzindo que a Polícia Militar está saindo às ruas para matar mais ou matar menos, quando na verdade qualquer cidadão, e não precisa ter o título de especialista, sabe muito bem que a violência e a criminalidade vêm crescendo na sociedade e a exacerbação da violência não está afeta à conduta do policial, não, e sim ao grau de violência e potencial dessa violência engendrada pelo marginal. Nenhum policial sai de casa dizendo que tem de dar tiro em barriga de mulher grávida num ponto de ônibus, que é o que os nossos “ólogos” aqui estão tentando nos induzir. “Olha, a Polícia Militar em São Paulo é responsável por 9% das mortes.” Há uma comparação aqui mais absurda, Deputado Conte Lopes: “Para cada policial morto em serviço este ano, 25,9 pessoas morreram durante os confrontos e 10 policiais foram mortos em serviço.” Ora, isso não é esporte, não. Os senhores “ólogos” que fizeram essa avaliação a manifestam no “JT” e em "O Estado de S.Paulo". Então deveria ser o quê? Qual a relação de policiais que têm que morrer para ser uma coisa satisfatória?

O policial tem um pacto de sangue com a sociedade, morre no cumprimento do dever, se necessário for, como 10 já morreram este ano, mas tem de haver uma proporção maior porque senão, se não houver letalidade maior de policial, não vai justificar a tese dos “ólogos”. E para não dizer que não estamos referenciando os “ólogos”, Presidente da Comissão de Justiça e Segurança Pública do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Renato Divino diz: “Só as estatísticas são frágeis para atestarmos se cada óbito foi de fato legítima defesa do policial.” Ora, ele já vem com preconceito arraigado, como alguns setores da mídia que dizem “segundo a versão dos policiais militares”, mesmo que seja uma coisa em campo. Isso é um preconceito.

Um outro “ólogo”, desta feita Jorge Dias, coordenador de Estudos e Pesquisas em Ordem Pública, Polícia e Direitos Humanos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro: “A sociedade como um todo também legitima essa violência e apoia esses atos.” E diz que 43% das pessoas numa pesquisa concordam com a frase: “Bandido bom é bandido morto.”

Ninguém está dizendo que a força policial tem que sair para matar. O policial não sai premeditando resultado. A força pré-ordenada pelo marginal é que vai dizer da intensidade.

O sujeito atira contra o policial, e o policial vai ter de verificar se está dentro da estatística ou da proporcionalidade? “Caso contrário, é vez de ele me acertar e eu morrer”, conclui.

Se tiver que ficar viúva, que fique a mulher do bandido. Se tiver que chorar, que chore a mãe do bandido. É assim que a sociedade pensa. E não são apenas esses 43%, como diz esse “ólogo”. A sociedade quer segurança, e a força policial sai às ruas para garantir essa segurança.

Se não fosse preciso usar armas, se o mundo fosse essa utopia que alguns dizem, ninguém estaria armado. Mas o mundo não é assim. O marginal não pensa assim. O marginal sai à rua com pleno desejo. Se necessário for, executa o cidadão, mata a criança refém, mata o policial pai de família. O policial, não. Ele tem técnica, ele se baseia em comportamentos treinados, quer efetuar a prisão. Se não há resistência, ele faz a abordagem, a detenção e a condução, como acontece na esmagadora maioria das vezes.

O Soldado Lamas, em 07 de novembro, recebeu um tiro de fuzil no tórax, 15 centímetros ou mais de abertura, logicamente transfixante. Queriam os policiais militares, no enfretamento, matar o Balengo, tesoureiro do PCC? Mas o Balengo matou o Soldado Lamas com um tiro de fuzil. Será que está bom para essas organizações, Deputado Conte Lopes? Empatou. A proporcionalidade ficou boa. Morreu o Balengo, tesoureiro do PCC, e morreu Lamas. Será que está bom?

Gostaria que a sociedade se ativesse a matérias jornalísticas. Seria muito importante que, no conteúdo dessas matérias, também fossem colocadas todas as versões. Sai em um box quando a Polícia Militar diz: “Temos o método de Giraldi de tiro defensivo, de preservação da vida. Temos procedimento operacional padrão.”

Desde 1831, é assim. Simplesmente vai se adequando à técnica, ao momento e à tecnologia. A arma que o Estado dispunha para o Deputado Conte Lopes, quando estava nas ruas, na Rota, era um 38. Hoje, a arma de porte para o policial é uma pistola calibre 40, com poder de impacto maior. A tecnologia vai sendo melhorada, assim como os equipamentos, a proteção, a forma de se trabalhar o treinamento.

Gostaria que a sociedade tivesse certeza absoluta de que nenhum policial militar neste Estado sai às ruas para perpetrar a violência, com intenção de que a ocorrência acabe em morte, resistência seguida de morte. Mas não é razoável que nenhum policial seja suicida a ponto de não dar uma resposta proporcional; que morra e se transforme em mais um herói, para dar coro às estatísticas mais favoráveis à proporcionalidade da morte de policiais e marginais. Parabéns à PM de São Paulo, parabéns aos nossos milicianos, em todas as ocorrências, do parto até resistência seguida de morte. Não é o resultado que o policial quer, mas é o resultado que a sociedade quer, espera e merece. Quando um bandido enfrenta a Polícia, querendo matar cidadãos e o policial, o resultado menos traumático para a sociedade é ser ferido ou morto.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Esta Presidência faz suas as palavras do nobre Deputado Olímpio Gomes. Há 15 dias se fala sobre o aumento do índice de criminalidade. O problema não é a Polícia, que está nas ruas trabalhando. O discurso de V. Exa. é uma demonstração cristalina de que a Polícia está nas ruas e, obviamente, há mais tiroteios e mais bandidos mortos, assim como mais policiais mortos.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência, atendendo solicitação do nobre Deputado Olímpio Gomes, nos termos do disposto no Art. 18, inciso I, alínea “r” da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca V. Exas. para uma Sessão Solene, a realizar-se no dia 28 de setembro de 2009, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o 20o Aniversário de Fundação da Cooperativa de Economia de Crédito Mútuo, a Coopmil.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os ainda a Sessão Solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o Sesquicentenário do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Sessão Solene a realizar-se na segunda-feira, às 10 horas, com a finalidade de comemorar o Centenário da Catedral Diocesana de Santos.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 17 minutos.

 

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