20 DE OUTUBRO DE 2010

125ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: BRUNO COVAS, JOÃO BARBOSA e BARROS MUNHOZ

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - BRUNO COVAS

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Cita reportagem exibida na Record News sobre o descaso do Estado para com sua força policial. Lê documento de autoria do presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, Coronel Luiz Carlos dos Santos.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Menciona reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" sobre a quantidade de pedágios na rodovia Marechal Rondon. Exibe fotos de praça de pedágio que será inaugurada no Rodoanel. Lembra fala do ex-Governador Mário Covas na qual afirmava que não seriam instalados pedágios nesta rodovia.

 

004 - SIMÃO PEDRO

Critica a atuação do promotor José Carlos Blat, responsável por indiciar o ex-presidente da Bancoop. Esclarece que o Ministério Público é um instrumento da sociedade, e não deveria ser utilizado com fins políticos. Lamenta as dificuldades encontradas pela oposição na abertura de CPIs nesta Casa.

 

005 - Presidente BRUNO COVAS

Anuncia a presença de alunos da Emef "Sebastião Francisco - O Negro", da Cidade Líder, São Paulo, acompanhados pelos professores Rafael Batista da Silva e Eduardo Kauamura.

 

006 - MARCOS MARTINS

Recorda que é o criador da lei que proíbe o uso do amianto. Informa a porcentagem de amianto utilizado em cidades do Estado. Manifesta preocupação com a quantidade de água desperdiçada em decorrência da utilização encanamentos feitos com esse material.

 

007 - CARLOS NEDER

Dá conhecimento de sua participação em evento sobre a Saúde. Comunica que o setor representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto do Estado. Menciona PL de sua autoria que introduz o quesito cor no sistema de informações em saúde.

 

008 - OLÍMPIO GOMES

Destaca a inexistência de presidiários paulistas em presídios federais, embora existam duas mil vagas destinadas a eles. Informa que o Governo do Estado não ocupa tais vagas por medo de eventual rebelião. Lembra pedido de CPI sobre o tema, com obstrução da bancada governista.

 

009 - JOÃO BARBOSA

Assume a Presidência.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Informa que organiza dossiê para demonstrar o estado em que se encontram as escolas do Estado de São Paulo. Diz que irá enviar o documento aos órgãos nacionais, como o MP, bem como para a Unesco e a Unicef. Exibe fotos de escolas estaduais. Considera que, tendo em vista as verbas destinadas à Educação no projeto do orçamento, a situação dessas escolas persitirá.

 

011 - MARCOS MARTINS

Solicita a suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30 minutos, por acordo de lideranças.

 

012 - Presidente JOÃO BARBOSA

Defere o pedido e suspende a sessão às 15h24min.

 

013 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência e reabre a sessão às 16h32min.

 

ORDEM DO DIA

014 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado requerimento de alteração da ordem do dia. Encerra a discussão e coloca em votação o PL 687/06.

 

015 - LUIS CARLOS GONDIM

Encaminha a votação do PL 687/06, em nome do PPS.

 

016 - CARLOS NEDER

Encaminha a votação do PL 687/06, pelo PT.

 

017 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado o PL 687/06.

 

018 - DONISETE BRAGA

Para comunicação, lembra a importância das audiências públicas relativas ao projeto que trata do orçamento, organizadas pela Comissão de Finanças.

 

019 - LUIS CARLOS GONDIM

Requer o levantamento da sessão, com a anuência das lideranças.

 

020 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Saúda os Deputados Carlos Neder, autor do projeto ora deliberado, e Antonio Mentor, líder do PT. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 21/10, à hora regimental, com ordem do dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Bruno Covas.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - Bruno Covas - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. Olímpio Gomes - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, ontem à noite, a Record News passou na sua programação, às 22 horas, uma matéria feita pelo jornalista Paulo Henrique Amorim. Nela, foram entrevistados policiais militares, o Cabo Wilson de Morais, Presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, que falaram da miséria salarial, da falta de condições, do descaso do Estado com o policial ativo, com o policial inativo, com a pensionista.

Bastante na sintonia do que abordamos na nossa matéria, na qual criticamos essa vergonhosa omissão do Governo em dizer que vai até ampliar a Operação Delegada para que as prefeituras possam custear qualquer parcela de salário a mais por um bico oficial que o policial possa fazer.

Para que não pareça voz isolada - e é, sim, voz corrente de toda a Polícia Militar - recebi um documento para divulgação do Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, Coronel Luiz Carlos dos Santos, cuja leitura farei. Peço que cópia desse discurso seja encaminhada ao Secretário da Segurança e ao Comandante-Geral da Polícia Militar.

“O Reflexo da miséria salarial

Nos últimos quinze anos, assistimos um novo fenômeno em alguns setores da nossa Polícia Militar que, na opinião deste presidente, há de ser avaliado em maior profundidade. Na condição de presidente desta associação representativa, ouso afirmar, sem medo de errar, que a situação se iniciou com a nefasta e injusta política salarial do governo do Estado que, de forma subreptícia e permanente, comprometeu importantes setores da corporação, atingindo objetivamente a cúpula e a base organizacional.

No período citado, boa parte dos coronéis ao se inativarem e em especial, os ex-comandantes gerais, estão empregados em órgãos ou empresas públicas, nas esferas municipais e estaduais.

Nada contra o trabalho. Sabemos como ele é salutar. Há, porém, a necessidade da criação de dispositivo legal que impeça o servidor público, principalmente àquele que possui poder decisório de relevada importância, de ocupar cargo em empresas públicas ou no próprio Estado, após determinado período de sua inatividade, evitando-se assim, decisões tomadas com a utilização de seu cargo na atividade pública, para garantir sua recolocação profissional em órgão públicos na inatividade, comprometendo ou causando prejuízo à Administração Pública.

Durante esses quinze anos, desde o momento em que a ocupação de cargos públicos por coronéis começou a ocorrer, coincidentemente, a Polícia Militar também perdeu seu espaço, iniciando-se com a extinção do Comando de Policiamento de Trânsito, e em decorrência disso, o natural fortalecimento da Companhia de Engenharia de Tráfego, fato que notadamente antecipou a situação caótica das ruas da capital por falta da fiscalização até então desempenhada pela PM.

Seguiram-se as questões do Termo Circunstanciado, do retorno da escolta de presos, das substanciais perdas salariais, entre outras.

Quanto aos parcos policiais militares que atualmente são contemplados com a gratificação da atividade delegada, paga pela Prefeitura da capital, cabe ressaltar que além de exauri-los fisicamente, vez que a execução é realizada nos períodos de folga, leva-os a perda de reflexos para o exercício de sua atividade principal - o policiamento. Essa situação, apesar de voluntária, cria duas categorias salariais de policiais militares e certa inquietude na tropa pela discriminação.

Não existe pior subalternidade do que a praticada frente à ganância e a busca paranóica e desesperada pelo dinheiro.

Lembro a todos que a liderança não emana do posto que se exerce, mas do grau de comprometimento e lealdade com a organização, com a tropa e com o interesse público.

O pensamento ao se inativar não deve ser: “dane-se quem fica ou como fica”.

A ideia sensata é o exemplo positivo da imagem correta que se deve deixar aos subordinados.

Enfim, essa questão só será resolvida se o Governo do Estado remunerar dignamente o policial, dando-lhe o direito às folgas decorrentes do seu justo trabalho, reconhecendo que ele é a peça fundamental do sistema de segurança pública e não só a incessante compra de armamentos, viaturas, coletes à prova de balas, tecnologia etc.

Cel. Ref. PM Luiz Carlos dos Santos – Presidente da AOPM”

Concluindo, isso vem ao encontro das manifestações que fiz ontem na TV Record. O Coronel Luiz Carlos, nesta carta corajosa, representa a todos os oficiais da Polícia Militar.

Notícia estampada no Jornal da Tarde de hoje: “Metade das subprefeituras de SP são controladas por oficiais da Polícia Militar.”

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de continuar tratando de um assunto que tratei inúmeras vezes desta tribuna, inclusive ontem, sobre a farra dos pedágios do Estado de São Paulo. Esta semana o jornal “Folha de S.Paulo” publicou a matéria dando conta do número excessivo de pedágios instalados na Rodovia Marechal Rondon. Temos 13 praças de pedágios nessa rodovia, que é uma das principais do interior paulista. Elas prejudicam não só os municípios e as regiões do interior paulista, mas aos 41 milhões de habitantes, pois o preço do pedágio é embutido no frete, e o preço do frete é embutido, como sabemos, no preço das mercadorias transportadas nas rodovias. Todos pagam, de uma forma ou de outra, a conta da farra dos pedágios no Estado de São Paulo.

São mais de 260 praças só nas estradas estaduais, sem contar logicamente nas federais. Temos também pedágios instalados pelo Governo Federal tanto na Régis Bittencourt como na Rodovia Fernão Dias, e a nossa preocupação é com o impacto econômico, sobretudo na cesta básica que a população tem de pagar.

As duas concessionárias da Marechal Rondon, com 13 praças de pedágio, não investiram nem 70% do que deveriam ter investido no recapeamento, na sinalização e na manutenção dessa rodovia. Isso fica claro, cada vez mais, que ser dono de uma concessionária é um excelente negócio. Há quem diga que é um negócio mais lucrativo do que banco. Isso tem prejudicado a toda a população do Estado e, para piorar a situação, temos a instalação de mais praças de pedágio. Constatamos a existência de uma praça no Trecho Sul do Rodoanel que acabou de ser inaugurado pelo ex-Governador José Serra. A praça está prontinha para ser inaugurada. Penso que o Governador Goldman deveria inaugurar depois da eleição, logicamente, para não prejudicar a eleição do José Serra. A praça está quase pronta e a população desconhece isso. O nosso mandato fotografou essa praça localizada exatamente na Rodovia Imigrantes para que a população tenha a noção do que vem aí pela frente. Será mais uma praça de pedágio de presente para os 41 milhões para os habitantes do Estado de São Paulo.

Ficamos aqui perplexos porque o Rodoanel, principalmente o Trecho Oeste que já foi inaugurado, foi construído pelo ex-Governador Mário Covas. Na época, o ex-governador garantiu que jamais haveria pedágio no Rodoanel. Foi uma palavra empenhada e, no entanto, o Trecho Oeste já está todo pedagiado, acontecendo o mesmo com o Rodoanel Trecho Sul, que nem foi inaugurado direito Ele apresenta ainda várias falhas, sem iluminação adequada e sem telefone. Há muita reclamação e a própria imprensa já fez várias denúncias em relação a isso, mas o Governo já autorizou a construção dessas cabines para a cobrança.

É um verdadeiro absurdo, é uma intensificação da farra dos pedágios no Estado de São Paulo. A população do Estado vai receber, provavelmente após o processo eleitoral, após o dia 31 de outubro, mais uma, duas ou três praças de pedágios, sobretudo no Trecho Sul do Rodoanel. Continuaremos aqui com o nosso movimento denunciando esse número excessivo de pedágios no Estado. Temos projetos de lei para impedir esse processo, realizamos atos e audiências públicas, seminários, já acionamos a Justiça e o Ministério Público. Vamos continuar tomando todas as medidas cabíveis para estancar a farra dos pedágios do Estado de São Paulo. Muito Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente desta sessão, nobre Deputado Bruno Covas, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, jovens visitantes presentes nas galerias, público que nos acompanha pela TV Assembleia, li nos jornais de hoje que o Promotor José Carlos Blat resolveu - anunciado ontem durante uma reunião da CPI que investiga possíveis desvios de recursos de uma cooperativa dos bancários, a Bancoop - denunciar o Tesoureiro Nacional do PT, João Vaccari, e indiciá-lo a 10 dias das eleições.

É um claro movimento para criar manchetes nos jornais e para que o candidato a Presidente da República, José Serra, se utilize nos seus programas - infelizmente quero comentar isso - de uma instituição tão importante como o Ministério Público na disputa eleitoral. A impressão que se tem é que a campanha do candidato José Serra se aproveita de todas as artimanhas para impedir a vitória da candidata ligada ao Governo Lula, Dilma Rousseff. O Ministério Público é uma instituição que deveria ter, como tem na maioria dos seus membros, uma atuação independente das paixões, das disputas eleitorais e políticas. É clara, do meu ponto de vista, a intenção desse promotor, que adora holofotes, ressuscitando um caso que deveria ter sido investigado e terminado há muito tempo, de esperar o momento certo, o momento político, a 10 dias das eleições, para vir a público dizer que vai indiciar.

Ora, como ele gosta de frequentar as reuniões da CPI, esteve aqui ontem, então, por que não espera as conclusões dessa CPI? Aliás, a população, os telespectadores precisam saber que todas as tentativas da oposição, do Partido dos Trabalhadores, dos Deputados do PSOL, do PCdoB, de abrir uma CPI nesta Casa, que envolvam problemas relativos à denúncia de desvio de recursos, desvio de finalidade, pagamento de propina ao Governo do Estado, as CPIs são abafadas segundo um acordo implícito, um acordo não expresso de que os Deputados que fazem parte da base de sustentação ao atual Governo não assinem os requerimentos da oposição.

Escândalos como os da Alstom, da Siemens, os problemas relativos à construção da Linha 4 do Metrô, os problemas que vieram à tona do Detran, que o Deputado Carlos Neder tem feito denúncias consistentes a respeito dos escândalos dos desvios de recursos na questão do fornecimento de chapas de veículos, da CDHU, são abafados dessa forma. E assuntos que nada têm a ver com o Governo do Estado viram CPI. É o caso da Bancoop, uma cooperativa dos bancários que, se teve problemas, devem ser apurados.

Agora, o nosso questionamento em relação ao Ministério Público, principalmente ao promotor José Carlos é porque neste momento em que segundo os próprios comentários dos integrantes da campanha de José Serra vem perdendo fôlego eleitoral - hoje está nos jornais - ele vem a público dizer que vai propor o indiciamento do então Presidente da Bancoop, tesoureiro do PT, justamente ele.

Sr. Presidente, para finalizar, gostaria de protestar contra esse uso político-eleitoral do Ministério Público por esse promotor que tem claras simpatias pelo PSDB e contrárias ao Partido dos Trabalhadores e a seus membros.

O Ministério Público tem que ser um instrumento da sociedade e não ser utilizado para fins eleitorais, para fins de disputas políticas entre os partidos, no caso, desse promotor, Dr. José Carlos Blat, com fins claramente eleitoreiros para prejudicar a candidatura de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a visita a esta Casa dos alunos da Emef Sebastião Francisco - O Negro, da Cidade Líder, São Paulo, acompanhados pelos professores Rafael Batista da Silva e Eduardo Kauamura. Sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa. (Palmas.)

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, gostaria de cumprimentar os alunos do 3º e 4º anos do ensino fundamental da Cidade Líder, da Zona Leste, que visitam esta Casa, acompanhados pelos professores Rafael e Eduardo. Nós agradecemos a visita. É extremamente importante a presença para acompanhar os trabalhos desta Casa, para saber se informar, inclusive para a formação de opinião no transcurso do curso e da vida de cada um. Parabéns. Sejam bem-vindos.

Gostaria também de cumprimentar meu companheiro de bancada, Deputado Simão Pedro, pela sua manifestação. Essa impressão que V. Exa. teve desse promotor, José Carlos Blat, parece que é quase unânime de uma posição política, uma posição não da ciência jurídica, mas uma posição já tomada de lado. E tem lado, porque há muito tempo estava acompanhando esse problema e nunca havia denunciado. É o que informa o advogado Pedro Dallari. Por que demorou tanto tempo e não denunciou? Só falava utilizando a imprensa numa clara demonstração de que tinha lado. Não tinha a função de apurar o que houve de irregularidades.

Mas, esperamos que esses problemas todos sejam resolvidos e mais cedo ou mais tarde a Bancoop terá os seus esclarecimentos pela sua diretoria, e acreditamos que tenha tido lisura e respeito aos seus associados.

Nós recebemos uma resposta a um requerimento de informação do Governo do Estado endereçado a Sabesp sobre a utilização do amianto no Estado de São Paulo. Eu, como autor da lei que proíbe o uso do amianto no Estado de São Paulo, que é um material cancerígeno, perguntei quanto que a Sabesp tem ainda de tubulações desse produto cancerígeno que leva água para as residências da população do Estado de São Paulo.

Eles enviaram a seguinte relação de municípios que passo a ler:

Unidade de Negócio                              Tubulações de                         Número de

(Município sede da UM)                        fibrocimento                            municípios

                                                             Instaladas (%)                         operados

Alto Paranapanema                               4,4                                          48

(Itapetininga)

Baixo Paranapanema                             10,5                                        62

(Presidente Prudente)

Pardo e Grande                                     4,3                                          29                   

(Franca)                                                                                                                      

Capivari/Jundiaí                         4,7                                          12

(Itatiba)                                                                                                                       

Médio Tietê                                           7,8                                          33

(Botucatu)                                                                                                       

Litoral Norte                                         0,4                                          4

(Caraguatatuba)                                                                                                          

Vale do Ribeira                                     6,5                                          23

(Registro)                                                                                                                    

Baixada Santista                        0,3                                          9

(Santos)

Baixo Tietê e Grande                             24,1                                        82

(Lins)                                                                                                                          

Vale do Paraíba                                     7,3                                          24

(São José dos Campos)                                                                                              

Total – Diretoria                        6,7                                          326

Sr. Presidente, Srs. Deputados, vejam que ainda é uma quantidade grande de utilização de tubos de amianto na distribuição de água no Estado de São Paulo. Nós temos cobrado que sejam substituídos esses tubos porque o grau de desperdício de água é muito grande, de 27 a 30% da água coletada, porque os tubos já estão velhos, com tempo de vida útil vencido, e nós sabemos o quanto a água é escassa e importante. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Haifa Madi. (Pausa.)

Encerrada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder.

 

O SR. CARLOS NEDER - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia e todos que nos acompanham pelo Diário do Legislativo, participei, hoje, no período da manhã, de um evento denominado a Medicina Integrativa e o Futuro da Saúde Mundial.

Nesse evento, organizado por várias associações, entidades e movimentos, observamos que a definição da Organização Mundial de Saúde de que saúde se traduz no mais completo bem-estar físico, mental e social (e não apenas pela ausência de doenças) é cada vez mais atual. Daí porque há a necessidade de pensarmos ações de saúde integradas em diferentes áreas de políticas públicas.

Eu propus, convidado que fui para atuar na condição de palestrante nesse evento, que o próximo evento e as ações sejam organizadas em torno do conceito de Saúde Integrativa e não apenas medicina integrativa. Isso porque a tradição de saúde no Brasil é o seu enfoque centrado na ação do profissional médico, com caráter individual curativo, na incorporação de tecnologias e muitas vezes fazendo com que outros profissionais, que atuam na área da Saúde ou em áreas correlatas, acabem ficando excluídos do processo de organização dos chamados modelos de saúde, compatíveis com o Sistema Único de Saúde.

Vejam que não estou me referindo aqui a modelos assistenciais ou a modelos de atenção à saúde. Eu me referi a modelos de saúde, portanto dando ênfase às ações de saúde preventiva, de promoção da saúde e de prevenção de doenças, o que não tem sido objeto de ação privilegiada em âmbito de muitos estado e municípios. 

Queremos que as ações de prevenção e de promoção da saúde se sobreponham aos gastos efetuados com a chamada saúde curativa, ainda que esta também possa ter tal conotação. Evidentemente que a saúde, representando hoje algo em torno de 5% do PIB, acaba tendo interesses fortemente organizados que condicionam a forma de organização do sistema.

Na medida que criamos práticas de outra natureza, que se somam àquelas já tidas como tradicionais, temos então a condição de ofertar à população mais acolhimento, melhor qualidade das ações e, ao mesmo tempo, de nos contrapormos a essa idéia de que saúde de qualidade depende necessariamente de alto custo, de gastos elevados, de incorporação crescente de tecnologia e de equipamentos de última geração.

Nesse sentido, gostaria de fazer referência a um documento de autoria de Madel Therezinha Luz, Socióloga, Professora Titular do Instituto de Medicina Social, UERJ e de Paulo Rosenbaum, Médico, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP.     

O documento denominado  “Medicina Integrativa: Uma política pública de saúde conveniente” é extremamente importante porque mostra que podemos e devemos atuar na área da Saúde, somando as ações que já são tidas como inerentes à área com outras da área das Artes Plásticas, Música, Teatro, Cinema e de outras abordagens que podem ser somadas e integradas numa perspectiva de atuarmos não só em relação ao corpo físico, mas, também, pensarmos a questão social e a questão de abordagem mental integradas nessa perspectiva.

Sr. Presidente, passo a ler este documento para que seja publicado no “Diário Oficial”:

“Medicina Integrativa:

Uma política pública de saúde conveniente

No dia 15 de dezembro de 2005, na 162ª reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde, instância máxima da representação da sociedade organizada dentro da administração federal e representantes do Ministério da Saúde aprovaram conjuntamente o texto "Política Nacional de Práticas Integrativas e Medicinas Complementares para o Sistema único de Saúde". Construído e amadurecido durante décadas ele foi fruto da persistência de muitas vozes e instituições preocupadas em estabelecer diretrizes claras, distintas e efetivas que legislassem sobre tema tão importante e controverso.

Trata-se de apontar uma política pública de saúde que defina critérios, normas e prazos para que as medicinas integrativas direcionem seus empenhos também dentro das práticas de saúde pública. Medicina integrativa, nome que veio para corrigir as graves distorções induzidas, ainda que involuntariamente, pelos termos "natural" e "alternativo". A idéia de uma ação médica integrativa está baseada no conceito desenvolvido por dois autores Ress e Weil. O primeiro professor do Royal College of Physicians de Londres, UK, o segundo fundador de um programa no ensino médico da Faculdade de Medicina do Arizona. Sugeriram um trabalho transdisciplinar que integrasse efetivamente as várias práticas terapêuticas. Tal modelo foi nomeado como medicina integrativa (‘integrative’ ou ‘integrated medicine’) para, de certo modo, fundamentar uma outra concepção e designação para as práticas médicas comumente chamadas de complementares ou alternativas. Os benefícios de atividades médicas - como homeopatia, acupuntura e antroposofia ainda são objeto de controvérsias mais passionais do que científicas.

Entretanto há uma outra via pela qual se pode atestar sua importância: a progressiva demanda e o crescente grau de satisfação entre seus usuários conforme dados recentes (2004) da união européia asseguram. Não é pouco, considerando os aspectos que têm validado estas racionalidades médicas de forma consistente nas sociedades contemporâneas em todas as regiões do planeta.

Vale ressaltar que independentemente de posicionamentos favoráveis ou contrários, há que se contar com um mecanismo regulador, que ao mesmo tempo controle e fomente as pesquisas neste campo da medicina. Pesquisas que analisem a consistência epistemológica e a eficácia clínica destes métodos. Mas que levem em consideração a racionalidade adotada em um desenho epidemiológico, congruente com eles. Que una farmaco-economia às técnicas psicométricas. Técnicas que, aliás, vêm sendo colocadas como parâmetros cada vez mais usados em sociedades industrializadas para mensurar "qualidade de vida em saúde", ampliando radicalmente o escopo operacional da transdisciplinaridade, grande área do saber, ainda subestimada.

A medicina integrativa foi mencionada de forma surpreendentemente elogiosa no último relatório da Academia de Ciências Americana, publicada em 2005. Ora, por que uma comunidade de cientistas de uma sociedade altamente industrializada e sob notável desenvoltura biotecnológica resolveu emitir este parecer? Decerto há mais motivos do que aqueles que podemos listar aqui. Destarte, o relatório afirma que é por oferecer para as pessoas aquilo que a biomedicina deixou de fornecer. Não porque a medicina integrativa subscreva uma tese salvacionista. Muito mais porque ao se preocupar com o que a tecnociencia deixou de lado, tais medicinas inseriram um importantíssimo contexto benévolo na relação médico-paciente. Ofereceram acolhimento e cuidados de maior amplitude à multiplicidade de queixas clínicas, que antes eram apenas relegados como ‘resíduos’ do mal-estar contemporâneo. Enfatizaram o valor da cura e no cuidar, encorajando expectativas positivas e solidariedade nos pacientes. Tomaram-se assim autênticas medicinas baseadas em narrativas, resgatando o sujeito, sua singularidade e integralidade para a prática clínica.

Vista desta perspectivas mentalidade integrativa está longe de ser uma prática que instigue sectarismo ou confronto com o que a medicina moderna representa. A medicina integrativa defende o resgate do sujeito independentemente da linha terapêutica que cada médico ou agente da saúde adota. Por isso mesmo o documento aqui mencionado torna-se tão vital. O texto "Política Nacional de Práticas Integrativas e Medicinas Complementares para o Sistema único de Saúde" assinada e devidamente publicada em diário oficial por meio da portaria Nº 971, de 03 de maio de ­2006, do Ministério da Saúde deve agora ser implantada gradualmente com o apoio da sociedade e das instituições Científicas que elaboraram o Projeto. A sociedade não pode mais esperar e saberá saudar a vida prática desta decisão.

O documento ora sancionado, salvaguardará todos. Contemplará tanto o ceticismo cauteloso que desconfia, como a credulidade entusiasta daqueles que incorporaram práticas interativas em suas vidas. Para os primeiros, o documento oferece garantias de que o Estado oferecerá apoio para pesquisas e disporá de um rigor e de um olhar mais atentos à matéria. Para os segundos produzirá um maior número de serviços e um incremento na qualidade ofertada em redes públicas. De qualquer forma, é patente o interesse plural, da sociedade e da República, nesta lei. Ao fim e ao cabo, todo médico que vivencia a boa prática clínica sabe que devemos mesmo priorizar o que convém a cada paciente. Síntese que está contida no terceiro princípio hipocrático: "quando nem os contrários nem os. semelhantes curam, o que convém é o que cura".” 

Madel Therezinha Luz, Socióloga, Professora Titular do Instituto de Medicina Social, UERJ.

Paulo Rosenbaum, Médico, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP.

 

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, temos hoje na pauta de votação um projeto de lei, de minha autoria, que introduz o chamado quesito cor nos sistemas de informação do Estado de São Paulo. Quesito cor significa incluirmos nos sistemas de informação dados relativos à descendência, dados relativos à raça e à cor dos usuários das políticas públicas para podermos estabelecer correlações entre os dados aferidos e a realidade dessas políticas no Estado de São Paulo, no que diz respeito ao acesso ao emprego, ao ingresso no mercado de trabalho, bem como dados de morbi-mortalidade, outros relativos ao processo de saúde e doença, relativos à inclusão de pessoas que são afrodescendentes no sistema educacional no Estado de São Paulo, entre tantas outras possibilidades.

Assim, projetos como este, que incorpora o quesito cor nos sistemas de informação do Estado de São Paulo, ou outros que já foram transformados em lei municipal, quando exerci o exercício de vereador na Cidade de São Paulo, a exemplo do programa de incentivo à prática da yoga no município de São Paulo ou da inclusão das medicinas tradicionais, como o Tai Chi Chuan, Lian Kun e outras modalidades como a musicoterapia, são e serão cada vez mais fundamentais para que o debate e, sobretudo, as ações de saúde pública se façam numa maior amplitude, respeitando os interesses e os direitos da população.    

Muito obrigado!

 

O SR. PRESIDENTE - BRUNO COVAS - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadão que nos acompanham pela TV Assembleia e jovens que, hoje, visitam a Assembleia Legislativa sejam bem-vindos. Aproveitem para conhecer o funcionamento desta Casa de Leis, esta Casa que deveria fiscalizar os atos do Poder Executivo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. João Barbosa.

 

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Dirijo-me à população do Estado de São Paulo com um questionamento: por que não existem presos paulistas nos presídios federais? Faço este questionamento já dando a resposta para que a população cobre do governo, de seus deputados por que existem duas mil vagas disponibilizadas nos presídios federais para, a qualquer momento, receber presos custodiados pelo Estado de São Paulo, principalmente os mais perigosos como líderes de facções criminosas. Mas qual seria a razão? A razão é muito macabra para a população que tem a Segurança Pública no Estado de São Paulo como seu pior problema, que não sabe o que acontece, que fica parecendo que o crime é comandado de dentro dos presídios.

Saiba você, cidadão que está me assistindo, vocês policiais civis militares e agentes penitenciários, que os líderes das facções criminosas já determinaram: se o Governo de São Paulo movimentar um preso sequer, principalmente os líderes de facções, os 149 presídios vão ‘virar’. Virar significa entrar em rebelião. Aí o cidadão pode imaginar “O Deputado Major Olímpio está maluco. Quer dizer então que o Governo de São Paulo é refém da deliberação dos chefes do crime?” Exatamente. É uma vergonha, é um descalabro.

Quem manda hoje no sistema prisional paulista não é o Governo. São os líderes das facções. Entra celular, entra droga, entra arma na hora que se quer. Daí a ameaça permanente ‘não transfira um de nós para um presídio federal porque nós vamos ‘virar’ os presídios. Vergonhoso. Tenebroso. O cidadão que está me assistido deve estar estupefato e se perguntado “E aí, deputado, o que você está fazendo? Você que é um policial, não toma nenhuma providência?” Nós tentamos, Deputado Marcos Martins. Eu pedi a instauração da CPI do sistema prisional porque tinha provas do que denunciava. Inicialmente tive 38 assinaturas - Deputado Marcos Martins, durma de consciência tranquila, V. Exa. e seus colegas do PT assinaram. Trinta e oito deputados assinaram o pedido de CPI, mas assim que encaminhei o pedido com a documentação em anexo, que perceberam que tudo o que eu falava eu provava, fizeram com que sete deputados retirassem suas assinaturas, num sinal claro de que não era para apurar. Os Deputados Carlos Giannazi e Raul Marcelo também podem dormir de consciência tranquila, V. Exas. foram dos primeiros que assinaram o pedido de CPI. Mas é importante que a população saiba que o crime é comandado de dentro dos presídios, que o Governo do Estado de São Paulo é criminoso ao menos pela omissão e a Assembleia Legislativa se omitiu criminosamente ao não apurar toda essa sujeira. É vergonhoso para o nosso Estado.

Na minha insignificância, não dá para debater com José Serra e Geraldo Alckmin, são semideuses da política, mas como eu gostaria de olhar nos seus olhos e dizer ‘os senhores são os responsáveis pela covardia que é praticada para com a população e os policiais. É uma vergonha ao Estado de São Paulo. No sistema prisional, como diz a música, ‘está tudo dominado’ e o domínio extrapola para a tragédia aqui fora.

Campanhas políticas mostram um mundo maravilhoso, mas a sofrida verdade para o cidadão que continua à mercê do crime, a sofrida verdade para o policial que continua no corredor da morte, essa ninguém vai tirar mais.

Que aos omissos do Governo, aos que passaram e aos que vão permanecer, e também à Assembleia Legislativa, que pelo menos doa na consciência com a cobrança mais efetiva pela população do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício Deputado João Barbosa, Deputados Marcos Martins e Olímpio Gomes, quero fazer uma saudação muito especial aos alunos e professores da EMEF Sebastião Francisco - O Negro - presente nas nossas galerias visitando mais uma vez a Assembleia Legislativa tendo aqui de fato uma aula de cidadania, conhecendo o funcionamento do Poder Legislativo.

Gostaria de dizer ainda nesse campo da Educação que continuamos fazendo as nossas diligências nas escolas estaduais e municipais em São Paulo, não só na Capital mas em todo o Estado, para denunciar o abandono, o sucateamento e o processo de degradação principalmente da Rede Estadual de Ensino. Não é à toa que estamos montando um dossiê sobre o sucateamento e a degradação da escola estadual mostrando quais as consequências da falta de investimento na Educação no Estado de São Paulo. Estamos fotografando, filmando e acionando tanto a Secretaria Estadual como a FDE, uma autarquia ligada à Secretaria da Educação, para que as reformas sejam realizadas nessas escolas. No final de novembro agora vamos entregar esse dossiê ao Ministério Público Estadual, à Unesco e à Unicef para que providências sejam tomadas já que o Estado não resolve a situação. Por mais que a gente denuncie aqui, por mais que a gente acione a nossa Comissão de Educação e a própria Secretaria, nada é feito praticamente. Então vamos acionar os organismos internacionais para que venha uma pressão externa sobre a Secretaria de Educação. Inclusive temos aqui mais uma denúncia, a denúncia da Escola Estadual Jardim Capela IV, da região de Capão Redondo/Campo Limpo, que se encontra também num processo de total abandono. Gostaria que a TV Assembleia colocasse no ar para o telespectador conhecer a triste realidade das escolas públicas do Estado de São Paulo.

Esta é a situação da Escola Estadual Jardim Capela IV, totalmente abandonada pelo Estado. Vejam a situação da quadra, onde os alunos deveriam ter as aulas de educação física. Isso é um absurdo, é uma afronta, é uma violação ao direito fundamental à Educação pública gratuita e de qualidade. O que mais nos deixa perplexos é que esta é uma realidade em muitas escolas da Rede Estadual. Nós visitamos. nós fazemos diligências em escolas estaduais. É falta de investimento, o Estado de São Paulo investe pouco em Educação.

Nos próximos dias vamos votar o Orçamento para 2011 e ele não contempla mais investimento em Educação pública no Estado. Isso significa que em 2011 as escolas vão continuar na mesma situação porque não haverá verba, não haverá investimento e os cinco milhões de alunos da Rede Estadual continuarão convivendo com o abandono, com o sucateamento, com a degradação da escola pública.

Eu gostaria que as fotos aparecessem principalmente para o telespectador que está nos assistindo, para não se iludir com as propagandas enganosas que são feitas na televisão, falando que têm dois professores em sala de aula, que tem aquele projeto “Um trato na escola”, mas essa é a situação da rede estadual e não só da Escola Jardim Capela 4, na região de Campo Limpo. Há várias escolas na mesma situação. Inclusive o dossiê que estamos elaborando está no site, podem acessar e ver as fotos, as filmagens das escolas sucateadas da rede estadual de ensino. Muitos professores estão enviando fotos, porque não damos conta de visitar as 5 mil escolas da rede estadual de ensino, e essa matéria será encaminhada ao Ministério Púbico Estadual, à Secretaria da Educação, ao Fórum de Desenvolvimento Econômico, à Unesco e ao Unicef.

Além dessa situação de abandono da estrutura física há o abandono pedagógico, o abandono do magistério pelo governo. Os professores, hoje, ganham o pior salário da federação. O salário mais baixo do Brasil está na rede estadual.É a maior rede do Brasil, mas vive esse paradoxo, porque boa parte dos recursos da Educação vai para o ralo profundo da corrupção, é desviada pelo superfaturamento de obras, como já denunciado aqui exaustivamente.

Esse o quadro de degradação, de sucateamento, de abandono da escola pública estadual de São Paulo. E o governo, ao invés de investir na Educação, de resgatar a qualidade do ensino tenta criminalizar os professores dizendo que não os culpados pela péssima qualidade do ensino. O professor foi eleito o bode expiatório da crise, mas o verdadeiro culpado é o governo que não investe. E no Orçamento de 2011 não há investimento para a Educação, que continuará na mesma situação. Por isso apresentamos emendas e estamos pressionando a Assembleia para alterar esse Orçamento, fazendo com que ele contemple as escolas estaduais, toda a educação básica não só na sua estrutura física, mas, sobretudo, valorizando os profissionais da Educação - o magistério, todos os servidores da Educação em especial o professor que é o verdadeiro protagonista do processo educacional, do processo pedagógico, e, se ele não for valorizado do ponto de vista salarial, do ponto de vista de sua formação continuada, do ponto de vista das condições de trabalho não haverá educação de qualidade no Estado de São Paulo.

No próximo dia 22, sexta-feira, às 15 horas, haverá uma grande manifestação na Praça da República, em frente à Secretaria Estadual da Educação, para denunciar esses fatos, esse abandono da educação e do magistério por parte do governo. Convidamos toda a população para estar presente com alunos, com os pais de alunos, com as várias entidades que defendem uma educação pública de qualidade.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, gostaria de sugerir a suspensão dos trabalhos até que novas ações da Mesa Diretora sejam encaminhadas, até as 16 horas e 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - O pedido de V. Exa. é regimental.

Está suspensa a sessão até as 16 horas e 30 minutos.

 

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- Suspensa às 15 horas e 24 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 32 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Há sobre a mesa requerimento no seguinte sentido:

“Requeiro nos termos regimentais que a disposição da presente Ordem do Dia seja alterada, de forma que o Item 337, Projeto de lei nº 687 de 2006, de autoria do nobre Deputado Carlos Neder, que introduz o quesito cor no sistema estadual de informação e saúde, passe a figurar como Item 1, renumerando-se os demais itens.”

Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 1 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 687, de 2006, de autoria do deputado Carlos Neder. Introduz o quesito cor no sistema estadual de informações em saúde. Pareceres nºs 3082, 3083 e 3084, de 2008, respectivamente, de relator especial pela Comissão de Justiça, da Comissão de Saúde e de relator especial pela Comissão de Finanças, favoráveis.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pelo PPS.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim, para encaminhar a votação pelo PPS, por 10 minutos.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, gostaria de parabenizar o Deputado Carlos Neder pela apresentação desse brilhante projeto, porque muitas enfermidades estão relacionadas com a cor. Assim isso facilita o médico para fazer alguns diagnósticos.

Temos um desafio dos presidenciáveis em relação às filas para cirurgias, consultas, para hemodiálise. Às vezes um paciente precisa de UTI e nem sempre ela está disponível.

Como médico, vou dar alguns exemplos: algumas enfermidades são muito comuns em pessoas negras, como o mioma uterino, a hipertensão. O câncer de mama é mais comum em mulheres brancas.

Como médico, estou ainda preocupado com a área de saúde, principalmente no Estado de São Paulo. Espero que o presidente eleito possa ver essa área da Saúde com muito mais carinho. Estamos precisando corrigir esse problema. Espero que o programa Pró-Santa Casa seja ampliado para o país inteiro, não importa se pelo PT ou pelo PSDB. Não queremos que as entidades filantrópicas fiquem fora de um programa do Ministério da Saúde. Vamos fazer muitos apelos aqui ao presidente eleito para que esses problemas sejam vistos com mais carinho, tanto aqui em São Paulo como no resto do País.

Principalmente na minha cidade, Fortaleza, temos hospitais com muitos problemas, principalmente na área cirúrgica e UTI. Então o que ocorre aqui em São Paulo, ocorre também em outros estados, mas de uma forma mais grave. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS NEDER - PT - Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação pelo PT.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder, para encaminhar a votação pelo PT, por 10 minutos.

 

O SR. CARLOS NEDER - PT - Sr. Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, inicialmente agradeço as palavras elogiosas do Deputado Luis Carlos Gondim e também as gestões feitas pelo nosso Líder de bancada, Deputado Antonio Mentor, para que pudéssemos colocar em votação este projeto de lei. Projeto de lei que foi apresentado no ano de 2006 e que se trata de uma reivindicação dos movimentos sociais que atuam na luta contra o racismo e também na mudança da legislação brasileira para que determinadas informações possam ser coletadas de forma mais abrangente, assim como o já faz o IBGE.

O IBGE utiliza critérios de autoclassificação e também informações relativas à raça e à cor dos cidadãos brasileiros para estabelecer correlações entre vários indicadores por meio das informações obtidas a partir dos levantamentos feitos. E já temos experiências em várias cidades e Secretarias Municipais de introdução do quesito cor. Assim, por exemplo, ocorreu no Município de São Paulo, à época da gestão da então Prefeita Luiza Erundina, quando o Secretário de Saúde era o Secretário Eduardo Jorge, hoje filiado ao Partido Verde e Secretário Municipal do Meio Ambiente.

No dia 30 de março de 1990, seis dias antes de eu assumir o cargo de Secretário da Saúde, o Secretário Eduardo Jorge introduziu, mediante portaria, o quesito cor no sistema de informação da Prefeitura de São Paulo, na área de Saúde. O projeto de lei que apresentei em 2206 tramitou pelas comissões para as quais foi designado nesta Assembleia Legislativa, tendo parecer favorável das várias comissões e hoje, quatro anos depois, está em condição de ser votado no plenário.

Como disse o Deputado Luis Carlos Gondim, acho importante ressaltarmos que se trata de uma medida inovadora, necessária, não apenas para a área da Saúde. Várias políticas sociais dependem hoje de informações fidedignas sobre qual o peso desse componente de raça e cor para que possamos fazer o planejamento e a gestão das políticas públicas, dialogando com uma realidade mais bem conhecida.

Nesse sentido, quero agradecer a decisão tomada pela liderança dos vários partidos e pela Mesa Diretora da Assembléia de colocá-lo em votação, ainda mais considerando que me vi privado do exercício da função de deputado estadual durante um ano e quatro meses, em função de uma disputa jurídica sobre se esta 20ª vaga de deputado pertenceria ao Partido dos Trabalhadores ou não. De certa maneira eu me sinto contemplado e homenageado por esta decisão, na medida em que após o meu retorno - que ocorreu no último dia 29 de julho - nós poderemos colocar em votação esse projeto na presente sessão.

Da mesma forma, espero que o Governo do Estado, ao tomar a decisão pela sanção ou não do referido Projeto de lei, analise fundamentalmente o seu mérito, o seu conteúdo, a sua importância para a área da Saúde e de outras políticas sociais, e que não se deixe contaminar pelo clima de disputa eleitoral que temos neste momento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, estaremos debatendo nos próximos dias um tema crucial, sobre o que tenho falado muito na tribuna, e nossa Bancada do PT tem discutido muito, assim como os Srs. Deputados: a questão do Orçamento do Estado.

A matéria já foi apresentada pelo Poder Executivo, para o exercício de 2011, um Orçamento de 140 bilhões de reais. A discussão já foi iniciada pela Comissão de Finanças e Orçamento, as audiências públicas, para podermos, de uma vez por todas, sanar uma preocupação dos prefeitos e vereadores. É uma preocupação permanente para os municípios das regiões administrativas.

Temos hoje no Estado de São Paulo 645 municípios e é importante um debate onde possamos ouvir os prefeitos e vereadores, um Orçamento que possa contemplar especialmente áreas cruciais no Estado de São Paulo, relacionadas à Segurança Pública, um tema muito discutido hoje em dia. É um ponto emblemático a estrutura da questão dos salários dos funcionários militares e civis. Assim também é a questão da Saúde, da Educação. São temas cruciais, importantes, que quero deixar registrados, e ao mesmo tempo intensificar o papel importante de V. Exa., que tem possibilitado, através da Comissão de Finanças e Orçamento e as audiências públicas, a formatação de um modelo para garantir a participação e, acima de tudo, a concretização das ações e iniciativas apresentadas em cada região. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência cumprimenta o Deputado Carlos Neder pelo projeto aprovado, e cumprimenta também o nobre Líder do PT, Deputado Antonio Mentor, que envidou esforços para que esse projeto viesse à pauta e à deliberação.

Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia de hoje.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 16 horas e 44 minutos.

 

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