08 DE NOVEMBRO DE 2010

134ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidente: RICARDO MONTORO

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - RICARDO MONTORO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Solicita que seja deliberado o PL 741/10, de sua autoria, que trata da redução da jornada de trabalho dos psicólogos para 30 horas semanais. Recorda audiência pública sobre o tema, recomendações da Organização Mundial da Saúde, bem como indicação nesse sentido. Fala das atividades da categoria na Fundação Casa. Apela ao Executivo que reveja a questão.

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Propõe aos Deputados que assinem requerimento para criação de CPI sobre as licitações nas obras da Linha 5 do Metrô. Informa que o documento já tem 23 assinaturas. Recorda denúncia feita pela "Folha de S. Paulo", que tinha o resultado antecipadamente. Combate os cartéis, especialmente em âmbito público. Lembra que as obras estão estimadas em mais de 4 bilhões de reais. Enaltece o prejuízo que afeta a população.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Lembra que as emendas ao orçamento devem ser apresentadas até o dia 10/11. Fala de audiências públicas sobre questões afetas ao funcionalismo, especialmente do Poder Judiciário. Solicita investimentos nos recursos humanos no serviço público.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Informa a realização de audiência pública, dia 9/11, nesta Casa, contra a terceirização da Universidade Livre de Música "Tom Jobim", administrada pela organização social Santa Marcelina. Combate mudanças, a partir do nome da unidade, que acrescenta, está sendo descaracterizada. Comunica que falta gestão democrática nas escolas públicas. Lê e comenta manifesto sobre o assunto.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, revela-se indignado com o prefeito de Itápolis, que pretende fechar a escola "Ulysses Guimarães". Cita tratativas sobre a questão, junto à Comissão de Educação e o Ministério Público. Dá conhecimento de audiência pública contra o fechamento de escolas de ensino supletivo, dia 19/11, nesta Casa.

 

007 - SIMÃO PEDRO

Protesta contra decisão do Governo do Estado, publicada em 6/11, que oficializou licitações das obras complementares da Linha 5 do Metrô. Lembra que o resultado era conhecido previamente, conforme denunciou a "Folha de S. Paulo". Solicita revisão da medida, sob pena de o Executivo ficar subordinado às empreiteiras.

 

008 - SIMÃO PEDRO

Requer o levantamento da sessão, com a anuência das lideranças.

 

009 - Presidente RICARDO MONTORO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 09/11, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização da sessão solene, hoje, às 20 horas, tendo como motivo "2011 - O Ano da Itália no Brasil". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Ricardo Montoro.

 

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O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ueb Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.)

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Deputado Major Olímpio, telespectadores da TV Assembleia, venho a esta tribuna na data de hoje para pedir aqui apoio a todos os Deputados desta Casa de Leis, no sentido de que haja apoio e a votação, em caráter de extrema urgência, do Projeto de Lei 741/10, que encaminhamos para atender à reivindicação de um segmento profissional importante do nosso Estado que hoje desenvolve um trabalho muito importante em várias instituições privadas, mas, sobretudo, em instituições públicas também, empresas estatais, fundações, empresas públicas do Estado de São Paulo. Eu refiro aqui à categoria dos psicólogos que, como eu disse, atua em várias instituições do nosso Estado.

Recentemente, tivemos na Assembleia Legislativa uma grande audiência pública com os psicólogos e suas entidades representativas, trazendo aqui uma reivindicação por conta até de uma exigência, de uma recomendação da Organização Mundial da Saúde que orienta que o trabalho do psicólogo seja feito em, no máximo, 30 horas semanais.

O Estado de São Paulo extrapola esse limite, principalmente nas nossas instituições públicas. Refiro aqui ao caso específico como o da Fundação Casa, antiga Febem, onde temos assistente social, psicólogo. Temos equipe multidisciplinar que desenvolve trabalhos de recuperação e reinserção de adolescentes infratores.

Recentemente, tivemos a aprovação de uma lei, no Congresso Nacional, que estabelece também o mínimo de 30 horas para o trabalho dos assistentes sociais - e isso em todo o Brasil.

A lei foi aprovada corretamente. Nós, aqui, manifestamos nosso total apoio a essa lei. O fato é que a jornada de trabalho dos psicólogos tem que acompanhar também essa mesma jornada de 30 horas porque senão vamos ter a fragmentação do trabalho multidisciplinar, principalmente em instituições como a Fundação Casa, antiga Febem, que faz esse trabalho de recuperação e reinserção de adolescentes infratores. Nesse sentido, precisamos aprovar o projeto.

Fizemos também uma indicação para o Governo estadual, para o Governador Alberto Goldman, e uma indicação também para a própria Fundação Casa, levando essa reivindicação justa.

Os psicólogos do Estado de São Paulo têm o apoio da Organização Mundial da Saúde e de todas as entidades representativas desse segmento profissional, por isso que apelamos aos Deputados para que o projeto seja aprovado, que os Deputados também possam fazer gestões junto ao Governador do Estado porque, mesmo que o projeto não seja aprovado imediatamente, nada impede que ele baixe o decreto, uma portaria, uma determinação já estipulando essa jornada de trabalho de 30 horas para os psicólogos porque, se isso não acontecer, vamos ter uma fragmentação do trabalho multidisciplinar feito não só na Fundação Casa, mas também em outras instituições e quem vai ser prejudicado será o psicólogo, sobretudo, os nossos adolescentes que precisam muito desse trabalho.

Fica aqui registrada esta nossa manifestação e o nosso apelo a cada Deputado para que o nosso projeto, o Projeto de lei 741/10, seja aprovado com urgência porque precisamos preservar o trabalho dos psicólogos do Estado de São Paulo, trabalho importante, trabalho terapêutico, trabalho que tem a ver com a defesa da saúde mental no nosso Estado, uma área abandonada e sem investimento em toda a sociedade brasileira, sobretudo no Estado de São Paulo. Portanto, a valorização do psicólogo é fundamental para podermos, além de recuperar os menores infratores como é o caso da Casa Fundação, aperfeiçoar e universalizar o atendimento na área da saúde mental do Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, continuo tentando sensibilizar os colegas parlamentares a assinarem pedido para instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o jogo de cartas marcadas para a licitação da Linha 5 do Metrô - Linha Lilás - dos lotes 2 ao 8.

A partir de manifestações gravadas e protocolizadas em cartório em 20 e 23 de abril respectivamente, jornalistas da "Folha de S.Paulo" divulgaram o resultado da licitação para a construção da Linha Lilás do Metrô, resultado que só seria divulgado oficialmente no final de outubro. Seis meses antes os jornalistas já tinham a informação das empresas vencedoras lote a lote, desse jogo criminoso, desse cartel - cartel porque houve o esforço das empresas - mas quando se tem o apoio do agente público para uma licitação pública, isso se transforma em crime previsto na legislação brasileira.

Para que o cidadão possa entender esclareço: as construtoras envolvidas jogam o preço bem alto para que todas possam ficar com a sua fatia. Quem sai perdendo com isso é o cidadão, você que está pagando imposto e numa licitação de quatro bilhões e 200 milhões de reais.

Se a propina para isso tudo fosse de 1% do valor, já seriam 42 milhões de reais, mas normalmente o político e o administrador público brasileiro corrupto não são tão baratos assim não. Então se chegou a 10% do valor da propina, o que dá 420 milhões de reais.

Vem o Governador Alberto Goldman e diz para a opinião pública “Eu mandei cancelar tudo, vamos esquecer tudo porque por enquanto nada tinha sido desembolsado, não houve custo, não houve gastos para isso.

Como não houve? E os oito meses desse processo licitatório, dos profissionais envolvidos? Agora, só porque se tornou um escândalo público, não vamos apurar os responsáveis? O candidato derrotado à presidência, José Serra, quando tomou conhecimento disse; “Olha, os empreiteiros podem ter cometido abusos; meu governo não”. É impossível, gente, que numa licitação de 4,2 bilhões de reais, não haja a conivência, participação, conluio criminoso com a alta administração do Metrô com a alta administração do governo do estado, quiçá a lama podendo atingir o número 4.500 da Avenida Morumbi, sede do governo.

Continuo com 25 assinaturas; dos deputados do PT, do PSOL, da Deputada Haifa Madi, do meu partido, da Deputada Patrícia Lima, do PR que já subscreveram. Faltam sete deputados. Não fiz requerimento pedindo CPI porque estávamos na última semana da eleição, não. Continuo afirmando que são criminosos e que a Assembleia Legislativa tem a obrigação de apurar. E não adianta dizer que o major Olimpio é da polícia e está querendo fazer da Assembleia uma delegacia de polícia. Tem que ser uma delegacia com muito volume de crime sendo registrado, mas duvido que qualquer delegacia consiga registrar crime com tanto dinheiro envolvido como o esse que estou apontando.

Em careço à sensibilidade dos deputados, das bancadas, até mesmo a do governo, pois quem não deve não teme. O Palácio dos Bandeirantes deveria liberar os deputados para assinarem logo esse requerimento. Se não tiver responsabilidade objetiva. Senão, vai ter que ficar com esse tipo de manobra mesmo.

Vamos continuar insistindo, porque a Assembleia Legislativa, antes até, de legislar, tem obrigação de fiscalizar, o que não está fazendo.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, volto à tribuna para lembrar não só aos deputados, mas à população em geral, que entramos na última semana para apresentação de emendas ao Orçamento para o exercício de 2011. O prazo é a próxima quarta-feira. Amanhã será um dia movimentado na Assembleia Legislativa, com uma audiência pública em que servidores do Judiciário estarão mobilizados para que haja uma alteração no Orçamento de forma global, porque não há um centavo previsto para reajuste para os servidores públicos de qualquer área para 2011.

Mais uma vez já está sinalizada a postura ditatorial do governo de não contemplar sequer a possibilidade da revisão de salários, como prevê a Constituição, e o cumprimento da data base, 1º de março, lei aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, sancionada pelo governador, mas que o governo não vem cumprindo.

Até por conta disso haverá na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo audiência pública que foi solicitada por representantes dos servidores do Judiciário do Estado de São Paulo. Vejam bem a situação em que se encontra a Justiça do Estado de São Paulo.

O Tribunal de Justiça fez uma proposta orçamentária de 12 bilhões e 210 milhões de reais, o Executivo cortou simplesmente 54% desse valor - foi maior corte dos últimos 40 anos - e a peça orçamentária veio com 5 bilhões e 600 milhões destinados ao Judiciário.

Deputado Carlos Giannazi, V. Exa. tem se empenhado com as associações e sindicatos dos servidores do Judiciário não só agora, não só no momento de encerramento da greve, mas desde os primeiros dias V. Exa. tem acompanhado todos os passos e é sabedor que se não for modificado esse orçamento não haverá a condição do Tribunal de Justiça cumprir o que se comprometeu para o encerramento da greve de 128 dias dos funcionários do Judiciário.

Isso é extremamente preocupante. Poderá ocasionar, sim, uma nova paralisação da atividade da Justiça no Estado de São Paulo porque o Tribunal de Justiça não foi contemplado com o mínimo necessário para a realização das atividades e para o desenrolar do expediente em 2011, quanto mais cumprir os seus compromissos de reposição de perdas salariais que não vêm sendo cumpridas por aquele poder.

Então, encareço aos deputados que independente da postura político-partidária-ideológica amanhã acompanhem com atenção a audiência pública e que essa Casa tenha serenidade, que ela não se dobre, não se prostre diante do Executivo e não permita que mais uma vez a população seja mal assistida por serviços públicos em todas as áreas porque o Orçamento está mal dividido. Não investir em recursos humanos é dar um sinal claro que não se dá importância às pessoas. Não investir em recursos humanos para o serviço público é um sinal claro de que o governo não tem a menor preocupação coma boa prestação de serviços públicos.

Portanto, encareço que haja sensibilidade, que haja mobilização de todas as bancadas de todos os partidos e que se possa de forma histórica fazer uma revisão apropriada ao Orçamento, que se dê condição ao futuro Governo - que assume a partir do dia 1º - de ter uma condição de proporcionar salários mais justos e melhor condição de trabalho a todos os servidores públicos do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Ricardo Montoro, telespectadores da TV Assembleia, de volta a esta tribuna quero reforçar o convite para a audiência pública que vamos realizar amanhã, dia 9, às 19 horas, aqui na Assembleia Legislativa, no plenário Teotônio Vilela, uma audiência pública contra o sucateamento e contra a terceirização da Universidade Livre de Música do Estado de São Paulo, que é uma Universidade pública criada em 1989 pelo Governo do Estado de São Paulo, que teve como Reitor Honorário o grande maestro Antonio Carlos Jobim - um dos maiores músicos não só do Brasil, mas um dos maiores maestros do mundo, tanto assim que o nome da escola lembrava também o nome dele: Escola Tom Jobim, Universidade Livre de Música, uma escola que era referência, até recentemente, mundial na área de ensino de educação musical.

Sr. Presidente, o fato é que em 2.008 essa Universidade Tom Jobim foi terceirizada, sua administração foi entregue para uma organização social de caráter privado chamada Organização Social Santa Marcelina de Cultura, que já vem terceirizando boa parte dos nossos hospitais, tanto da rede municipal, quanto da rede estadual, que também entregaram sua administração a essa organização; isso em 2.008.

De 2.008 até agora estamos recebendo inúmeras denúncias e reclamações de alunos, professores e funcionários, dizendo que a Universidade está sendo descaracterizada, que está perdendo o seu grande objetivo, seu grande fim educacional no que tange à questão do ensino musical, que toda a experiência acumulada em 20 anos que deu à Universidade Livre de Música essa referência internacional, vem se degradando e se perdendo porque essa organização tem uma concepção totalmente diferente de ensino de música, tem outros projetos, tem outra visão, que essa organização não ouve os alunos, não ouve os funcionários, sobretudo o professor.

Então, está havendo um verdadeiro desmonte desse centro de excelência. Como essa é uma organização pública, Sr. Presidente, falta a gestão democrática da escola pública. Essa é uma garantia constitucional; está na Constituição Federal, capítulo da Educação, como um dos princípios da Educação Nacional, onde diz que a gestão de qualquer escola pública seja feita por alunos, pais de alunos, professores, direção, não do jeito que vem acontecendo nessa organização, onde os alunos não são consultados, a organização não dá o mínimo de informação para os alunos, professores e funcionários.

O fato é que a escola está se perdendo; está sendo desmontada e degradada. Entendemos que esse processo de terceirização, de privatização - que é a marca do atual Governo do PSDB - tem degradado não só a Escola Livre de Música, que até mudou de nome quando passou para outra organização, desconsiderou o passado, desconsiderou o Maestro Antonio Carlos Jobim, nosso Maestro Soberano, e mudou o nome da escola; o nome da escola hoje é Emesp, Escola de Música do Estado de São Paulo. Há um processo de descaracterização. A terceirização tem levado a isso, não só nessa escola, mas em hospitais públicos, em algumas outras escolas. Parece-me que tudo o que dá certo aqui no Estado de São Paulo o PSDB degrada, como, por exemplo, a TV Cultura, com essa reformulação que está ocorrendo, essas ameaças de demissões, de fim de programação. O interventor Sayad vem organizando um verdadeiro terrorismo dentro da TV Cultura, nessa linha de desmontar tudo o que dá certo no Estado de São Paulo. O PSDB terceiriza, privatiza e dá nisso. Temos crise na TV Cultura, em hospitais públicos.

Sr. Presidente, gostaria de registrar que nossa Audiência Pública em Defesa da Universidade Livre de Música, em defesa desse centro de excelência, será amanhã, dia 9, às 19 horas, aqui na Assembleia Legislativa, no Plenário Teotônio Vilela. Será contra essa terceirização, essa privatização, esse autoritarismo que não leva em conta a experiência dos professores, a tradição bem sucedida de um projeto pedagógico que está sendo desmontado, e no lugar nem foi implantado outro projeto pedagógico. Não há mais linha pedagógica alguma. Então todos aqueles que defendem a história da Universidade Livre de Música, da Escola Tom Jobim, estão convidados a participar amanhã dessa grande audiência pública.

Sr. Presidente, passarei agora a ler o manifesto dos servidores, dos alunos, dos professores, dando conta de toda essa situação da crise na ULM para que a população tome conhecimento do que realmente vem acontecendo e dos prejuízos desse processo de terceirização da ULM.

Manifesto em defesa da Universidade Livre de Música - Tom Jobim (ULM), patrimônio cultural do Estado de São Paulo

Em 1989 foi Criada, pelo Governo do Estado de São Paulo, a Universidade Livre de Música (ULM), cujo reitor honorário foi o maestro e compositor Antonio Carlos Jobim. A instituição se tornou, em poucos anos, uma das escolas de música de maior prestígio do Brasil, graças à sua proposta pedagógica diferenciada e a excelência de seu corpo docente. Tais características contribuíram decisivamente para a formacão de uma grande quantidade de profissionais de destaque no mercado de trabalho da área musical. A ULM sempre atendeu a uma demanda de alunos com perfis diversificados, tanto com relação à idade quanto ao aspecto sócio-cultural. Esta diversidade corresponde aos princípios que nortearam a fundação da escola e que foram mantidos durante quase duas décadas, a saber "formar e aperfeiçoar crianças, jovens e adultos na área de música, em todos os níveis" e "promover e difundir a música em todas as suas modalidades" (Decreto 30.551/89).

Em 2008, a Secretaria de Estado da Cultura firmou contrato de gestão com a Organização Social Santa Marcelina Cultura, que passou a administrar a escola a partir do ano seguinte. A ULM foi então dissolvida e transformada numa nova instituição, a Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), cuja administração desprezou, de forma irresponsável, o trabalho realizado nos 20 anos anteriores.

Dentre as evidências que demonstram a incompetência administrativa da nova gestão, podem-se citar:

- Processo seletivo de professores marcado por irreguiaridades - existência de inúmeras listas com diferentes nomes aprovados, avaliações extraviadas e exclusão de inúmeros professores com carreira e currículos exemplares e referenciais no ensino de música dentro e fora da escola já na primeira fase do processo;

- Constantes mudanças no plano pedagógico com a promessa de que em dois ou três anos a escola estaria funcionando adequadamente. Como já afirmamos, a escola já possuía um alto nível de ensino e organização solidificados ao longo de 20 anos de sua existência.

- Uma das consequencias do item anterior foi a aquisição de 40 pianos eletrônicos Roland para que os alunos fizessem uma matéria complementar (“Harmonia no teclado”) e a posterior eliminação desta matéria na grade curricular com a consequente inutilização do material adquirido, caracterizando má administração do dinheiro público;

- Compra de instrumentos extensivamente caros como pianos Steinway, harpas (a escola nunca teve alunos deste instrumento) o que vai contra a repetida declaração de falta de verba;

- Enorme evasão de alunos em consequência de uma grade curricular ineficiente em relação às necessidades dos alunos. Tal fato não ocorria antes, pois eram oferecidas matérias em diversos horários permitindo assim a conclusão do curso àqueles que trabalham ou estudam. A principal consequência foi a perda dos melhores alunos da escola;

- A Classificação dos alunos em "ciclos" onde são agrupados por idade e não pelo conhecimento musical, resultando em salas de aulas formadas por alunos com níveis diferentes, causando desgaste nos professores e desmotivação nos alunos e evasão;

- Alunos que haviam entrado na escola até 2008 e tinham uma grade curricular a cumprir foram subitamente surpreendidos com a reforma total da grade e com a re-classifícação de nível praticada pela direção da escola, re-classificação esta que tendia a acelerar a saída dos alunos adultos, num claro descumprimento de seus direitos como alunos e consumidores. Como consequência da re-classificação os alunos mais velhos passaram a se sentirem discriminados visto que as mudanças nos ciclos eram uma forma de convite para que se retirassem da instituição, o que de fato veio a acontecer;

- Há alunos que estão há meses sem aula de instrumento ou começaram no meio do ano letivo, devido aos caos administrativo da nova direção.

- Contratação de um grande número de funcionários para administrar uma escola que hoje não é nem metade do que foi até 2008. A ULM tinha aproximadamente 20% do número atual de funcionários, para administrar quase 3000 alunos e duas unidades.

- Por decisão unilateral da Sta Marcelina e sem aviso prévio, os professores tiveram uma inversão de valores no pagamento do plano de saúde. A empresa pagava 80% e o contratado 20%. Mas em 2010 a percentagem foi invertida. A empresa alegou foi que os contratos teriam sido feitos baseados nos professores do Projeto Guri, que tendem a ser mais novos, o que mais uma vez demonstra a incompetência administrativa da OS Sta.Marcelina.

- Processos seletivos para alunos novos com inúmeras irregularidades. Como, por exemplo, a solicitação de currículo crianças a fim de se fazer pré-selecão e a colocação no site das informações concernentes a horários e conteúdos dos exames ao final da noite anterior ao início do processo seletivo. Nas administrações anteriores as informações já estavam disponíveis no máximo no começo do ano letivo. Além disso, na antiga ULM havia apenas uma fase de seleção, a nova gestão criou três fases - que se provaram ineficientes - sendo que a terceira fase foi introduzida na véspera do início do processo seletivo;

- Com as falhas nos processos seletivos de alunos passa-se a ter, pela primeira vez na história da escola, um número maior de vagas (poucas na realidade) do que inscritos para os testes. Consequentemente os professores ficam sem alunos, não há lista de espera e o resultado é corte de carga horária e diminuição salarial dos professores. Isto sob a promessa de que não haveria cortes de alunos e carga horária. Nas administrações havia ao menos o triplo de inscritos em relação às vagas oferecidas e uma lista de espera da qual se fazia uso em qualquer época do ano. Em 2009, pela primeira vez em 20 anos, não houve processo seletivo para ingresso de novos alunos;

- Intenção atual de diminuir o número de vagas oferecidas em 50% para 2011, sob alegação de redução orçamentária. No entanto a escola anuncia que criará um curso de lutheria a partir de 2011, não sendo esta, talvez, uma das finalidades primordiais da instituição.

- Previsão de demissão de pelo menos 50% do corpo docente para o fim de 2010, fato incoerente com o número de professores contratados pela nova gestão em processo seletivo em 2009;

- A escola confirmou aos coordenadores de instrumento que a unidade Brooklin, que foi propositalmente esvaziada, será fechada.

- A escola tambérn comunicou aos coordenadores que os alunos de instrumento passarão a ter aulas coletivas. Isto vai à contramão do ensino adequado de música contra aquilo que a escola primava em fazer de melhor.

- Há fortes indícios de que a direção da escola pretende fazer da escola um local para poucos alunos que possam fornecer mão de obra para orquestras do estado. Consequentemente a escola deixaria de ser um centro de formação de música (popular) brasileira, finalidade de sua criação;

Pelo exposto, exigimos interromper qualquer processo de mudanças previstas pela direção da escola até que seja feita uma verificação pelas autoridades competentes dos fatos relatados.

Esse manifesto é um ato de cidadania pelo resgate do ideal e da vocação dessa instituição de ensino, que tanto contribui para a difusão e preservação da música brasileira de qualidade.

Movimento ULM

Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria de registrar mais uma vez aqui a nossa indignação, o nosso repúdio ao prefeito da Cidade de Itápolis, que ameaçou fechar uma escola de ensino fundamental de tempo integral. Refiro-me à Escola Agropecuária Dr. Ulysses Guimarães, uma escola que funciona há mais de 20 anos, é um centro de referência de Educação de tempo integral, uma escola que atende centenas de alunos. A população toda está indignada, fazendo abaixo-assinado, já há ação do Ministério Público, ação popular, uma grande movimentação na cidade e também já com ações na Justiça local.

Na semana passada, fizemos essa denúncia aqui quando participamos do Parlamento Jovem. Inclusive um aluno aqui representava a cidade, o aluno Ítalo, que trouxe também essa denúncia com um projeto de lei pela criação de novas escolas do ensino fundamental. E nós já tomamos algumas providências, como por exemplo, já acionamos a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa para que intervenha no sentido de que essa escola não seja fechada na Cidade de Itápolis. E estamos reforçando junto ao Ministério Público Estadual o pedido feito pela população para que a escola não seja fechada. É inconcebível que se feche uma escola hoje no Estado de São Paulo. Temos milhares de crianças que nem têm acesso ao ensino fundamental em várias regiões do Estado.

É inconcebível que o prefeito de uma cidade do interior feche uma escola pública, ainda mais do Ensino Fundamental. Tenho certeza de que o Ministério Público não vai permitir que isso aconteça. Qualquer promotor que conheça minimamente a legislação não concorda com isso. Tenho certeza de que o Ministério Público fará uma intervenção rigorosa em relação ao não fechamento da Escola Municipal de Ensino Fundamental Agropecuária Dr. Ulysses Guimarães.

Temos uma experiência em São Paulo. O Prefeito Kassab está fechando as escolas de educação de jovens e adultos, e no dia 19 realizaremos uma audiência pública também contra o fechamento de salas de EJA aqui na Capital. A Rede Estadual de Ensino caminha na mesma direção, fechando salas de aula.

Na Cidade de São Paulo a situação é mais grave. Uma portaria foi recentemente publicada pela Secretaria municipal de Educação, dificultando a matrícula de alunos na educação infantil. Estamos pedindo a revogação dessa portaria. Já fizemos, logicamente, essas denúncias contra a prefeitura de São Paulo.

Em relação a Itápolis é muito importante que o Ministério Público atue e a nossa Comissão de Educação também, para que a nossa Escola Agropecuária Dr. Ulysses Guimarães não seja fechada. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, pessoas nas galerias, assomo à tribuna para fazer um protesto em relação a uma decisão do Governo do Estado, publicada no Diário Oficial de sábado, e que hoje veio a conhecimento da sociedade paulista.

O Governo do Estado e o Metrô oficializaram a licitação para as empreiteiras que construirão a continuidade da Linha 5, que faz a conexão do Largo 13 com o restante do metrô. Essa linha inicia-se no Capão Redondo e vai até o Largo 13, e falta a complementação dela.

Antes do 2º turno veio a público, através de uma matéria na "Folha de S.Paulo", que desde maio o resultado dessa concorrência já era conhecido, evidenciando que há um cartel de empreiteiras aqui no Estado de São Paulo, que controla as grandes obras públicas viárias no Estado. O Governador Goldman veio a público dizer que tinha suspendido a licitação, mas a publicação no sábado significa que as obras podem ser iniciadas a qualquer momento.

Essa licitação está sob suspeita, sob investigação do Ministério Público. É inadmissível que o Governo dê validade a essa licitação, porque provavelmente há fraudes. Provavelmente foi um acerto entre as empreiteiras, cada uma ficando com um lote. Ela está sob suspeita e não poderia ter sido validada, como foi, pelo Governo do Estado, nesse sábado, com um ato concreto de publicar o seu resultado, reconhecendo o resultado, como se nada houvesse ocorrido.

Do meu ponto de vista, isso é uma brincadeira com a opinião pública, com a sociedade paulista, que exige que a licitação seja feita dentro da lei, que haja concorrência de fato e não acerto entre as empreiteiras. Essa licitação está sob suspeita. O Governo não poderia ter feito o que fez, oficializando o resultado no sábado. O Governo está alegando que vai atrasar. Não importa. O que importa é que existe lei no nosso País e essa lei precisa ser cumprida. Não pode ser feito dessa forma. Ou o Governo cancela essa oficialização, reconhece que há problemas, refaz o processo, ou vamos ter declaradamente um Governo que é dominado pelas empreiteiras. É um governo que não existe. Quem governa, de fato, são as empreiteiras que disputam as grandes obras. Foi assim em relação à Linha 4 do Metrô. Aconteceu aquele acidente, morreram sete pessoas. Foi denunciado que houve mudanças no contrato. Depois da licitação feita, outras empreiteiras - derrotadas na licitação - entraram no consórcio. O Tribunal de Contas recomendou que não fosse feito, mas se passou por cima. Dá a impressão de que quem manda no Governo do Estado, quem domina o Orçamento são as grandes empresas. Isso ficou evidente com essa decisão do Governo Goldman de reconhecer uma licitação fraudulenta, sob suspeita, investigada pelo Ministério Público, que o Governo veio a público anunciar que estava suspensa, mas agora reconhece a licitação.

Quero fazer meu protesto, exigir que essa decisão seja revogada, que a sociedade tome conhecimento da apuração das denúncias e, se tiver fraude, que essa licitação seja cancelada e o processo reiniciado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - RICARDO MONTORO - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, esta Presidência, cumprindo disposição constitucional, adita à Ordem do Dia da Sessão Ordinária de amanhã o Projeto de Decreto Legislativo n° 48, de 2010.

Esta Presidência convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de quatro de novembro, e o aditamento ora anunciado, lembrando-os ainda da Sessão Solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o ano de 2011, ano da Itália no Brasil.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 13 minutos.

 

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