17 DE OUTUBRO DE 2002

143ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: WALTER FELDMAN, ARY FOSSEN e CONTE LOPES

 

Secretário: VANDERLEI MACRIS

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 17/10/2002 - Sessão 143ª S. ORDINÁRIA  Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/ARY FOSSEN/CONTE LOPES

 

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Anuncia a presença do Deputado eleito, bispo Geraldo Tenuta.

 

002 - VANDERLEI MACRIS

Saúda o Deputado eleito, bispo Geraldo Tenuta.

 

003 - EDSON FERRARINI

Faz considerações em torno do resultado das últimas eleições. Faz um apelo ao Governo para que as pensionistas da Polícia recebem integralmente seus vencimentos.

 

004 - ARY FOSSEN

Assume a Presidência.

 

005 - VANDERLEI SIRAQUE

Considera que o Governador está mal informado acerca da real situação da segurança pública no Estado.

 

006 - CARLINHOS ALMEIDA

Afirma que o Estado perdeu verbas a que tinha direito, o que causou um sucateamento dos serviços públicos e aumento do desemprego.

 

007 - CONTE LOPES

Mostra-se pessimista com o quadro da segurança pública no Estado.

 

008 - CONTE LOPES

Assume a Presidência.

 

009 - ARY FOSSEN

Parabeniza Alckmin por sua performance em debate eleitoral na noite de ontem. Analisa o crescimento do país nos últimos oito anos.

 

010 - ARY FOSSEN

De comum acordo entre as lideranças, pede o levantamento da sessão.

 

011 - Presidente CONTE LOPES

Acolhe o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 29/10, à hora regimental, com Ordem do Dia, lembrando-os da realização amanhã, às 9h, de sessão solene em comemoração do "Dia do Diretor de Escola", bem como da sessão solene, às 20h, para culto de gratidão ao aniversário da Igreja Cristã Maranata Presbitério Espírito Santense. Levanta a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Vanderlei Macris para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Convido o Sr. Deputado Vanderlei Macris para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

 O SR. 1º SECRETÁRIO - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Srs. Deputados, quero, com muita satisfação, anunciar a presença do Deputado eleito pela bancada do PSDB, Deputado Bispo Gê, Bispo Geraldo Tenuta, que recebemos com muita alegria, da mesma forma que recebemos, na sessão de ontem, o Deputado Romeu Tuma Júnior.

Peço ao Deputado Vanderlei Macris que, em nome do PSDB, faça a saudação ao Bispo Gê.

 

O SR. VANDERLEI MACRIS - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, em nome da bancada do PSDB, gostaria de saudar a presença, pela primeira vez em plenário como Deputado eleito, do nosso companheiro de Partido, Bispo Gê, uma alternativa importante na liderança política de São Paulo, e S. Exa. vem a esta Casa com uma votação bastante expressiva. Nós o saudamos porque, a partir do mês de março de 2003, teremos a nossa nova bancada, com 18 parlamentares, onde, com certeza, a presença do Bispo Gê será de muita importância, especialmente em um momento em que a renovação dos quadros da bancada do PSDB de São Paulo foi de apenas três Deputados.

Sua Excelência vem para somar esforços conosco nessa grande tarefa que temos, no Legislativo de São Paulo, de construir uma sociedade mais justa. E, mais do que isso, dar a nossa contribuição para que possamos, efetivamente, como Partido da Social Democracia Brasileira, estar presentes no Plenário nos próximos quatro anos na dedicação aos projetos de lei, ao trabalho legislativo e na vontade que temos de continuar dando a nossa contribuição para a transformação da sociedade paulista e brasileira.

Bispo Gê, receba as nossas homenagens, em nome da bancada do PSDB, em plenário. Com certeza, seremos parceiros da construção deste Estado cada vez mais pujante, que é o Estado de São Paulo. Parabéns pela sua votação e pela sua presença hoje em plenário.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero somar-me às palavras do Deputado Vanderlei Macris, nosso ex-Presidente, líder da bancada do PSDB. Sei do desejo do Bispo Gê de já assumir a tribuna, o microfone de apartes e fazer a sua defesa doutrinária, a sua pregação.

Acompanhei de perto a campanha eleitoral de V. Exa. e sei da representação que tem não apenas na igreja Renascer, mas em todo o mundo evangélico.

Quero cumprimentar V. Exa. e a todos os líderes pastores e bispos que o acompanharam nesse processo e desejar que tenha um pouco de paciência para que apenas após o dia 15 de março possa, constitucional e regimentalmente, ocupar o seu espaço neste plenário.

Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Dimas Ramalho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Lobbe Neto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sidney Beraldo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Gouveia. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Terezinha da Paulina. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Sampaio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cicero de Freitas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Arnaldo Jardim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Claury Alves Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Henrique Pacheco. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

                                                          

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- Assume a Presidência o Sr. Ary Fossen.

 

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O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, leitores do “Diário Oficial”, estamos chegando ao final de uma legislatura. Todos os Deputados se dedicaram em suas campanhas, mas a urna é uma caixa de surpresa. Muitos não voltarão. Contudo, podemos dizer que o povo, como sempre, é sábio. O povo sabe reconhecer aqueles que honraram seu mandato. O povo sabe reconhecer aqueles que com o seu trabalho e com a sua dedicação não faltaram com a verdade. Assim é a democracia.

Se o candidato em que você votou lhe decepcionou ou se você vê a política ocupando o noticiário policial dos jornais, a democracia nos ensina o seguinte: não vote nele e você o transformará num cadáver. Este é o grande benefício da democracia.

Podemos saudar muitos Deputados, especialmente o nosso Presidente Walter Feldman, que foi um conciliador e um trabalhador braçal da política. Sua Excelência trouxe para esta Casa o seu brilhantismo e a sua capacidade como médico, como amigo e as urnas o levaram para Brasília. Certamente São Paulo espera muito e o destino do nosso Deputado Walter Feldman, sem dúvida alguma, será auspicioso. Quero saudá-lo, Presidente Walter Feldman, porque V. Exa. irá para Brasília honrar o nome de São Paulo no Planalto.

Quero, desde já, fazer um pedido ao próximo Governador do Estado, seja quem for  eleito, refiro-me à situação das pensionistas da Polícia Militar. Elas estão recebendo apenas 75% do valor da pensão, sem dizer que estão, há muito tempo, sem aumento. É preciso que a Constituição seja cumprida e que elas recebam 100% do seu salário. É preciso que a Polícia Militar do Estado de São Paulo receba a atenção do governo durante os quatro anos e não apenas em ano de eleição. É preciso melhorar o salário dos policiais para que eles não tenham de se arrebentar no “bico” e atender às ocorrências cansados. É aí que o governante mostra a sua capacidade. Segurança pública não é algo que deva ser resolvido só pela Secretaria da Segurança Pública. Há necessidade de um plano de governo.

Espero que o próximo governo faça com que a Secretaria da Fazenda não deixe faltar verbas para os salários dos policiais, como não deixe faltar verbas para equipar os quartéis, para, assim, transformá-los em locais dignos.

Neste ano foi destinada uma verba para o hospital da Polícia Militar, o que acarretou na sua melhora. No entanto, a manutenção do hospital é necessária. O centro odontológico, o centro de serviço de subsistência, a infra-estrutura do policial precisa ser melhor equipada.

Peço também àquele que for eleito, que faça uma campanha contra as drogas nas escolas. Atualmente é muito tímida, para não dizer inexistente, a campanha feita pela Secretaria da Educação.

É necessário investir na prevenção, é necessário falar com os nossos jovens. Isso eu não vejo na campanha política de nenhum candidato a governador. Contudo, cobrarei, desta tribuna, daquele que for eleito.

Agradeço ao povo pelos votos que me deu. Agradeço ao povo de São Paulo pela votação que obtive.

Você que digitou o meu número e confirmou o seu voto, disse-me: Ferrarini, continue nesta luta defendendo nossos filhos, salvando vidas, lutando contra as drogas e por mais segurança.

Muito obrigado povo de São Paulo!

 

O SR. PRESIDENTE - ARY FOSSEN - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.

 

O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, às vezes ouço o Governador do Estado falar de um modo que dá a impressão de que ele vive num mundo e os 37 milhões de paulistas em outro. Acredito que a própria assessoria do Governador deve enganá-lo, porque ele fala com tanta convicção sobre as coisas que acontecem no estado que ele mesmo acaba acreditando nelas.

A assessoria do Governador não o informou que nestes quase oito anos que governa o Estado de São Paulo foram assassinados mais de 103 mil cidadãos no nosso estado.

Os Estados Unidos, por exemplo, em 13 anos de guerra no Vietnã, teve 47 mil soldados mortos. Os Estados Unidos se sentiram derrotados na guerra do Vietnã com 47 mil soldados mortos e se retiraram da guerra. Aqui, em oito anos, foram assassinadas 103 mil pessoas no Estado de São Paulo e, no entanto, o governo não pede para “cair fora”. Dentre esses 103 mil mortos, foram assassinados dois Prefeitos, o Toninho, do PT de Campinas, e o nosso querido Celso Daniel, de Santo André. É um desastre a política de Segurança Pública no Estado de São Paulo. A impressão que se tem é de que o Governador está vivendo uma fantasia e a população num inferno, porque não tem mais tranqüilidade.

Roubos e furtos de veículos: foram roubados e furtados mais de um milhão e duzentos mil veículos no Estado de São Paulo. A produção nacional, segundo dados da Anfavea, é de um milhão e quatrocentos mil veículos por ano. É quase uma frota anual de veículos que foram roubados e furtados no Estado de São Paulo, e ninguém sabe para onde vão, ou quem sabe não vai fiscalizar. Os números de roubos e assaltos só cresceram nos últimos oito anos.

Fugas nas cadeias públicas: mais de cinco mil fugas. E o Governador - pode-se dizer, até com uma cara-de-pau -, diz que os presos estão trabalhando no Estado de São Paulo. Que mais de cinqüenta mil presos, dentre os 109 mil, estão trabalhando. Talvez estejam trabalhando, sim, cavando túneisnas cadeias públicas e serrando os cadeados. Estão trabalhando, no dia-a-dia, para poderem sair, pois no Estado de São Paulo não existe individualização no cumprimento da pena. Assim, estão trabalhando, cavando túneise mais túneispara a fuga, ou para inventarem rebeliões, como fizeram no ano passado. É o que está acontecendo no Estado de São Paulo.

Cidadãos deste Estado sabem o que está acontecendo, mesmo que o Governo tente convencer dessa fantasia que existe na propaganda eleitoral. Mas o povo conhece a realidade do desemprego, conhece a realidade da falta de segurança e conhece a realidade da dívida, que aumentou de 27 para 97 bilhões de reais.

O povo conhece o que aconteceu esta semana, no Rodoanel: inauguraram uma obra eleitoreira, sem condições de segurança: uma criança foi atropelada. Deixaram formar núcleo habitacional na beira da estrada. Também o muro já foi quebrado, onde já morreu uma pessoa. Esta fantasia da propaganda não existe no cotidiano de cada cidadão do Estado de São Paulo.

Repetindo, é mais que o dobro do número de soldados que foram mortos na guerra de Vietnã: 47 mil em 13 anos. No Estado de São Paulo, em oito anos, foram mais de 103 mil.

Portanto, está na hora de determinadas pessoas baterem em retirada, e deixar o lugar para quem tem competência, capacidade e propostas para este Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - ARY FOSSEN - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Wilson Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Aparecido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Rezende. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Petterson Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos de Almeida. S. Excelência desiste da palavra. Tem a palavra a nobre Deputada Edir Sales. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Wagner Lino.

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida.

 

O SR. CARLINHOS ALMEIDA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, tem gente que parece viver na “ilha da fantasia”, num mundo que não existe. Quando saímos pela rua e conversamos com as pessoas, percebemos que as pessoas querem o quê? Mudança - esse é o sentimento. Ninguém agüenta mais.

Sr. Presidente em exercício, Deputado Ary Fossen, são três milhões e setecentos mil trabalhadores desempregados no Estado de São Paulo. São três milhões e setecentos mil homens e mulheres que acordam de manhã e se perguntam: “Como é que eu vou comprar a comida para a hora do almoço?”. “Como é que eu vou comprar o material escolar para o meu filho?”. “Como é que eu vou comprar o bujão de gás?”. Isso são os oito anos deste Governo, o legado que deixa para o Estado de São Paulo: Estado de São Paulo que perdeu indústrias com a guerra fiscal, para o Paraná, para o Goiás, para a zona franca de Manaus. Estado de São Paulo que não tem um projeto de desenvolvimento que aposte no crescimento. Estado de São Paulo que, nestes oito anos, em nenhum momento exerceu a sua liderança, para dizer ao Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que não é aceitável a forma como ele trata o nosso Estado de São Paulo. Estado de São Paulo que perdeu, só na venda do Banespa, cinco bilhões de reais, praticamente 10% do orçamento do Estado. Por quê? Porque o Governo do Estado assinou contrato com o Governo Federal dizendo que todo o dinheiro apurado na privatização - e foram apurados sete bilhões - viria para o Estado de São Paulo. Só que, ao longo do processo, o Governo de São Paulo desfaz esse contrato, muda e aceita o valor de uma avaliação de dois bilhões, e abre mão de cinco bilhões de reais.

É praticamente o orçamento da Saúde do Estado de São Paulo, um recurso que seria importante para este Estado, para poder atender às necessidades de nosso povo que hoje não tem segurança pública, como bem mostrou o nosso companheiro Vanderlei Siraque, da nossa bancada.

Estava conversando agora com o Deputado Conte Lopes sobre a angústia das pessoas na rua. Hoje já não se respeita mais nada. Hoje se assalta igreja e até delegacia de polícia. Vivemos uma situação em que o cidadão se pergunta: quanto tempo a mais eu tenho, quanto tempo tenho de emprego, quanto tempo eu tenho de vida, qual a minha segurança quando eu vejo o crescimento do número de seqüestros, assassinatos e roubos, no Estado de São Paulo?

Educação é a base de qualquer nação. O Brasil não será uma grande potência econômica e social, se não investir em educação. O que estamos vendo na educação? É o sucateamento, o abandono, o fracasso. Com o nome de “progressão continuada”, que é uma coisa positiva, o Governo inventou uma aprovação automática de alunos, em que o aluno passa de ano, independente de ter aprendido ou não.

Às vezes ouço dizer que se o aluno faltar, ele repete de ano. Nem nesse caso. É mentira dizer que neste caso o aluno é reprovado. O Governo inventou uma reposição e recuperação de aulas no final do ano, quando a criança faz um trabalhinho qualquer e é aprovada. E assim vão sendo empurrados os alunos, eles saem da quarta e oitava séries, sem saber ler nem escrever. As salas são superlotadas. Nós aprovamos aqui o número máximo de 35 alunos por sala de aula. O Governo vetou, e o veto está para ser derrubado nesta Casa.

Não podemos viver na “ilha da fantasia”. Não adianta fazer um discurso bonito, nem encher as pessoas de siglas. Não é ‘super-homem’, nem ‘super-max’ que vai resolver o problema da segurança pública no Estado de São Paulo. É um trabalho sério, uma coragem de defender o Estado de São Paulo e uma coragem para mudar.

 

O SR. PRESIDENTE - ARY FOSSEN - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PPB - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o Rio de Janeiro foi abalado por bandidos disparando fuzis contra o Palácio do Governo, jogando granada contra shopping. É impressionante, mas não é só no Rio de Janeiro não. Na semana passada, em São Paulo, atacaram uma base comunitária da Polícia Militar, no Centro de São Paulo, outra em São Miguel Paulista; metralharam e puseram os policiais para correr. Atacaram a Base Comunitária da Polícia Militar em Campinas e mataram um policial militar. Então, São Paulo não é diferente do Rio de Janeiro, a televisão é que consegue explorar o Rio de uma forma e São Paulo de outra.

Vivemos numa total insegurança, num total terror . Há 16 anos, tenho batido nessa tecla. Acredito que eu seja o único político que tenha vindo para esta Casa por punição, por combater bandido. Isso em 1982, quando o Sr. Franco Montoro ganhou o governo de São Paulo, eu era um Capitão da Rota, com duas promoções por bravura, com todas as honrarias da Polícia Militar, mas fui tirado do policiamento e colocado num hospital militar.

Mas graças a Deus, em parte, para mim, foi bom, pois minhas votações foram aumentando; começaram com 26.000 e na última foram 207.000. Perdi para a Havanir; mas também quem vai ganhar da Havanir ?

O meu trabalho de 20 anos na Polícia Militar, combatendo duramente o crime deu certo. Os políticos que mudaram e desvirtuaram o problema de criminalidade. Porque acredito que todos nós temos o direito de andar nas ruas. Não podemos viver numa sociedade em que crianças são seqüestradas na porta da escola; em que o pai, na porta da sua indústria, é seqüestrado com o filho; levam o filho e mandam o pai arrumar dinheiro, como o caso que acompanhei de um garoto de 19 anos que  foi seqüestrado durante 30 dias e foi obrigado a fumar maconha. O pai pagou o seqüestro e mesmo assim, os bandidos levaram mais 20 dias para liberar; só liberaram depois de terem feito um telefonema errado e a polícia conseguiu chegar no local aproximado onde estaria o seqüestrado. Além de terem recebido o resgate eles ligavam para a casa da família dizendo: “Você acha que vou soltar o seu filho só pelos 30 mil reais que vocês pagaram? Quero um milhão de reais.” A conversa é essa: “agora ele está apanhando! Vou mandar o dedo dele e a orelha”.

É essa a política de segurança que mostram na televisão, como se fosse uma maravilha mas São Paulo não é diferente do Rio de Janeiro; policiais são assassinados em seu turno de serviço.

Honestamente, tenho medo de que tudo vá piorar! Não vejo luz no fim do túnel. Policial que combate o crime é punido; policial que combate o crime vai para o Proar e é encostado. E o policial, como se fosse um bandido, como eu, quando baleia um bandido num tiroteio, fica quatro, cinco, dez ou quinze anos para ser julgado. E vai lá um Promotor de Justiça, de 21 anos de idade, recém-saído de uma faculdade, vai lá denunciar o policial, porque a bala entrou por baixo, ou por cima, não sei o que lá e tal. Daí o policial fica 20 ou 30 anos respondendo processo.

Então, qual é a vantagem de ser policial em São Paulo, se o salário é indecente, não se tem apoio e os Secretários de Segurança nada entendem de segurança? Está aí o Sr. Petrelluzzi - quer pior Secretário do mundo que o Petrelluzzi? Teve 20 mil votos com o dinheiro que gastou. Deveria ter guardado esse dinheiro! Mas todo o mundo sabia que era a pior coisa que existia. Tanto que comentamos, anos a fio, sobre a Segurança Pública que aí está; tanto do Sr. José Afonso da Silva como do Sr. Marco Vinicio Petrelluzzi. Ainda sai candidato! Só se o PCC votasse nele; devem ter votado!

Tudo isso é muito triste, e o pior é que não vemos uma luz no fim do túnel; estou procurando. Caso contrário, prefiro ficar na minha filosofia, achando que está tudo errado. Porque enquanto estiverem dando mais força para bandido do que para policial, enquanto o bandido, depois de ter matado qualquer um de nós, tiver direito a visita íntima no primeiro domingo que estiver na cadeia, com direito a mulher, droga, celular para poder telefonar e mandar matar aqui fora, não vai melhorar nunca! É o comando paralelo mesmo! Um comando pior do que o dos bandidos.

Faço aqui uma análise: tivemos numa época o terrorismo, com pessoas que até jogavam bombas; alguns até são políticos hoje. Só que o terror do bandido é diferente, porque pelo menos o político tem uma ideologia. Ele quer pegar o general, quer pegar o outro partido, a esquerda quer pegar a direita e a direita quer pegar a esquerda. Mas o bandido não. Não existe honra entre bandidos, para eles serve qualquer um. Se tiver que ir criança, se tiver que ir o padre, vai; se tiver que ir a mãe ou todo o mundo vai porque eles não têm honra. Essa é a realidade. Enquanto tratarmos bandido com amor e carinho vai de mal a pior!

Tanto São Paulo quanto Rio de Janeiro são exemplos disso, porque policiais militares estão sendo assassinados nos seus postos de serviço como forma de terror, como aconteceu em Campinas, que, quando o policial foi para atender a ocorrência foi metralhado a tiro de fuzil.

Isso é simplesmente para mostrar para o resto da tropa, para o resto dos policiais o terror e o medo de se trabalhar na Segurança Pública.

Estou olhando, assistindo e procurando para ver se vejo uma luz no fim do túnel. Acho difícil, porque bandido é só com cassetete e bala mesmo, com amor e carinho não vai funcionar.

Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

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-         Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

 

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O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen.

 

O SR. ARY FOSSEN - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, ontem sentimo-nos ainda mais orgulhosos de sermos paulistas e termos um Governador da ética, competência, seriedade e firmeza no trato da coisa pública. Repetidas vezes S. Exa. dizia que a Polícia tem comando no Estado de São Paulo e este Deputado refletia muito a esse respeito.

Mas não vim aqui para falar sobre os programas de Governo, vim para parabenizar o meu Governador e para comentar a falta de preparo do seu oponente, o candidato do Partido dos Trabalhadores ao Governo do Estado, que falou tanto em aprovação automática. Como candidato a Governador, pelo que demonstrou ontem no debate na TV Bandeirantes, não será aprovado nem na aprovação automática; precisará fazer um curso bem longo, de conhecimento da administração pública. E chega aí nas eleições do segundo turno. Embora um grande Deputado atuante, que lutou pelas liberdades, um Deputado sempre presente, sempre participante, mas em administração pública deixou muito a desejar. Muito, inclusive incitando o nosso governador, querendo ensinar a ele que os municípios terão uma participação muito maior no governo dele.

Meu Deus do céu! É só andar pelo interior e ver que o nosso governador venceu as eleições em 568 municípios, dos 645 do Estado de São Paulo, inclusive aqui na Capital que é administrada pelo Partido dos Trabalhadores. Eu fiquei feliz.

Realmente, o candidato demonstrou uma fraqueza absoluta, total no conhecimento da administração pública. Faz-me lembrar até, nobre Presidente em exercício, Deputado Conte Lopes, um velho ditado que diz que os Vereadores e os Deputados não têm experiência administrativa do Executivo, só do Legislativo”. Eu, que já passei pelo Executivo, observo isso e observei ontem um Deputado com um extraordinário prestígio junto às bases, sempre muito bem eleito como candidato a Deputado federal, mas que teve uma participação pífia, ontem, por ser um completo desconhecedor da coisa pública.

Isso é de suma importância. Não sei como vai ser no primeiro dia de governo, se ele vencer a eleição para o governo. Vão estar lá todas as categorias profissionais, todo o funcionalismo público para discutir o possível governo. Mas acho muito difícil o candidato do Partido dos Trabalhadores vencer a eleição. Que tristeza vê-lo ontem.

Já havia visto, na segunda-feira, com uma participação brilhante, no programa que antecede o “Roda Viva”, o Presidente do meu partido, Deputado Federal José Aníbal, que respondia com convicção, com firmeza a todas as perguntas.

No programa “Roda Viva”, houve, em seguida, um show de administração, de capacidade, de conhecimento do nosso candidato à Presidência da República, José Serra, diante de um conjunto de jornalistas com várias tendências partidárias.

Fico orgulhoso de ser paulista e de ter São Paulo em boas mãos. E, se Deus e o povo de São Paulo quiserem, vamos manter o nosso Governador, dando a ele mais quatro anos para governar, para que São Paulo continue em boas mãos, depois de tudo que foi feito nesses oito anos.

Ao candidato exibicionista e aos Deputados do PT, que me antecederam, quero dizer que tudo o que eles falam, toda a prosopopéia, todos os discursos, tudo aquilo que pregam, foi conseguido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Oito anos de estado de direito, oito anos de liberdade de imprensa, as instituições todas funcionando, graças a tudo isso, foi permitido esse crescimento e discursos de mudança do PT. Apesar do mar tormentoso, o país tem rumo, tem um navegador, tem um piloto que consegue manter o navio e a população mais tranqüila.

Há desemprego, há falta de segurança no mundo inteiro. Não vamos enganar os brasileiros. O mundo passa por dificuldades. O Brasil ainda acordou um pouco antes da Venezuela, do Peru, da Colômbia, da Argentina, do Uruguai e a nossa indústria não está sucateada e estamos mantendo um certo equilíbrio.

Parabéns, Governador Geraldo Alckmin, parabéns paulistas, por terem um homem tão preparado, tão firme, tão decidido e tão educado para dirigir o maior Estado da nação.

 

 O SR. ARY FOSSEN - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB - Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência, antes de levantar a sessão, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de terça-feira, dia 29, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje, lembrando-os da Sessão Solene a realizar-se amanhã, às 9 horas, com a finalidade de comemorar o Dia do Diretor de Escola, e da Sessão Solene, a realizar-se às 20 horas, com a finalidade de celebrar o Culto de Gratidão pelo aniversário da Igreja Cristã Maranatá Presbitério Espírito Santense.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 25 minutos.

 

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