02 DE DEZEMBRO DE 2010

150ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: ENIO TATTO, JOSÉ ZICO PRADO, DONISETE BRAGA e HAMILTON PEREIRA

 

Secretário: DONISETE BRAGA

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - ENIO TATTO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Saúda o grão-mestre da Coreia, Ko Ju Shik, e o vereador do Município de Bebedouro, Rodrigo da Silva, que visitam a Assembleia Legislativa. Enfatiza os benefícios dos esportes e das artes marciais para a fomentação da educação de jovens. Cita casos de violência urbana ocorridos recentemente. Defende a necessidade de atitudes concretas contra o crime organizado.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Comenta PLC de sua autoria, com o intuito de alterar a Lei 1093/09. Fala das dificuldades do magistério para a obtenção de reajustes salariais. Condena postura do Governo do Estado por aplicar provas de mérito aos professores.

 

004 - DONISETE BRAGA

Denuncia a instalação irregular de estações de rádio base no Estado, que alimentam a telefonia celular móvel. Considera tal questão um problema de saúde pública. Menciona projeto de sua autoria que regulamenta a matéria. Aponta os municípios como os responsáveis pela coordenação do parque de antenas. Informa que promoverá seminários para discussão do tema.

 

005 - JOSÉ ZICO PRADO

Assume a Presidência. Registra a presença do Vereador do PT, de Pedro de Toledo, Eliel Camilo das Neves, acompanhado do Dr. Calima, chefe de gabinete da Prefeita Sandra, do PT, de Registro.

 

006 - ENIO TATTO

Tece comentários sobre a peça orçamentária, o que considera uma das leis mais importantes votadas neste Parlamento. Informa que Deputados de todas as bancadas apresentaram, juntos, mais de 11 mil emendas ao orçamento. Pede que o Deputado Bruno Covas, relator do orçamento, considere os apontamentos trazidos pela sociedade por meio da participação em audiências publicas. Reprova o corte no montante solicitado pelo Poder Judiciário e pede que os Parlamentares revejam esta questão.

 

007 - DONISETE BRAGA

Assume a Presidência.

 

008 - EDSON FERRARINI

Censura a degradação da Segurança Pública no Rio de Janeiro. Discorre sobre a remuneração das Polícias Civil e Militar. Reivindica a aprovação da PEC 300. Critica o reajuste salarial em forma de abono por não atender pensionistas e aposentados. Cita dados da criminalidade no Estado de São Paulo. Defende melhores condições de trabalho a outros setores do funcionalismo público. Faz retrospecto sobre as disputas eleitorais de Leonel Brizola, cujas votações decaíram seguidamente.

 

009 - HAMILTON PEREIRA

Menciona fato ocorrido em Sorocaba, em que a mãe de uma aluna pede à diretoria da escola que reprove sua filha. Repudia o sistema educacional da rede pública e a progressão continuada por gerar analfabetos funcionais. Demonstra preocupação diante das dificuldades que os estudantes enfrentarão ao tentarem ingressar no mercado de trabalho. Chama a atenção do Secretário Estadual de Educação para a problemática.

 

010 - EDSON FERRARINI

Informa o recebimento de mensagens eletrônicas com questionamentos sobre as drogas. Relata situação dos viciados no que tange à dependência química. Defende ação preventiva sobre o assunto. Reprova a omissão dos municípios, que transferem a responsabilidade do combate às drogas ao Estado. Critica a ausência de programa federal de prevenção às drogas. Condena o posicionamento de autoridades políticas em favor da descriminalização da maconha no Brasil.

 

011 - CARLOS GIANNAZI

Faz denúncias ao Departamento de Perícias Médicas por assediar moralmente os servidores públicos. Diz que pessoas aprovadas em concursos públicos, ao procurarem o órgão, não estão sendo atendidas para exames admissionais. Dá conhecimento de que uma investigação encontra-se em andamento, a fim de apurar os motivos para a paralisação dos mais de 40 mil processos.

 

012 - OLÍMPIO GOMES

Para reclamação, tece críticas ao pronunciamento do Deputado Edson Ferrarini, que atribuiu ao ex-Governador Leonel Brizola, do PDT, a vinculação e a negociação da entrada do tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Considera a omissão do Poder Público como o principal fator de propagação da criminalidade em São Paulo e no Rio de Janeiro.

 

013 - HAMILTON PEREIRA

Assume a Presidência.

 

014 - CARLOS GIANNAZI

Pelo artigo 82, faz menção ao Plano Nacional de Educação, que vence este ano. Destaca a necessidade de que um novo modelo seja aprovado. Informa que tanto o Estado como o Município de São Paulo não possuem planos de educação. Ressalta a necessidade de aprovação destas matérias. Lamenta problemas enfrentados pela Educação no Estado.

 

015 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

016 - Presidente HAMILTON PEREIRA

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 03/12, à hora regimental, sem ordem do dia. Lembra-os da realização de sessão solene dia 03/12, às 10 horas, com a finalidade de comemorar os "179 anos da Polícia Militar do Estado de São Paulo". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Enio Tatto.

 

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O SR. PRESIDENTE - ENIO TATTO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Donisete Braga para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - DONISETE BRAGA - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - ENIO TATTO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, é com muita satisfação que recebemos, hoje, na Assembleia Legislativa o Grão Mestre Ko Ju Shik, da Coreia, chefe do Departamento de Educação da Federação Internacional “HKD”.

O Grão Mestre Ko Ju Shik se faz presente na Assembleia Legislativa em viagem a trabalho ao nosso País e a São Paulo, por ocasião do I Seminário Internacional de Hapkido Hankido Hankumdo do Estado de São Paulo, que será realizado no Complexo Ayrton Senna, em Ribeirão Pires, nos dias 03, 04 e 05 de dezembro.

Esse Seminário foi organizado pela Confederação Nacional de Hapkido Hankido Hankumdo Brasil Whakikwan e será presidido pelo Grão Mestre Rodrigo da Silva.

A minha satisfação é maior ainda porque o Mestre Rodrigo é um jovem vereador do meu Partido PDT, de Bebedouro. Ele foi o mais jovem dos vereadores eleitos para a legislatura de 2009 a 2012, da Câmara municipal de Bebedouro, e atualmente é presidente da Confederação Nacional de Hapkido. Ele tem um trabalho fundamental não só focado na difusão das artes marciais, que ele domina, mas também, difundindo essas artes marciais, o respeito à nação, às pessoas, às leis. É um excepcional atleta e professor,

Mestre Ko Ju Shik, meu amigo Rodrigo, sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa de São Paulo. Desejo-lhes toda felicidade nesse Congresso, nesse campeonato, e o nosso agradecimento ao que fazem pela juventude do nosso País, realizando atividades esportivas, a prática de artes marciais que educa o indivíduo a respeitar as regras, a lei e a si próprio para que não haja o uso da violência desmedida entre as pessoas. Ao contrário. Daí a preocupação do Mestre Rodrigo, jovem vereador, que tem um futuro extremamente promissor na política, em fomentar a educação através das artes marciais no nosso Estado.

Mas, Sr. Presidente, gostaria de neste primeiro pronunciamento mostrar matéria de um jornal do Grupo “Folha” de hoje: “Policiais cercam ladrões de banco e matam quatro”. Isso não é no Rio de Janeiro não! Não é no Morro do Alemão ou no Morro da Penha, não. É no Morumbi, São Paulo.

Quadrilha com pelo menos oito marginais armados com fuzis e submetralhadoras tomaram uma agência do Santander na Giovanni Gronchi e dominaram as pessoas. Após o acionamento e pronta resposta da Polícia Militar, os policiais se depararam com os marginais na saída do banco, que, diga-se de passagem, estavam fortemente armados. Marginais com muitos fuzis e submetralhadoras enfrentaram a Polícia e os nossos valentes policiais do 16º Batalhão acabaram matando, na troca de tiros, quatro marginais, prendendo um e outros três acabaram se evadindo do local.

Estou dizendo isso não é só para citar mais uma matéria policial não! É para lembrar as autoridades constituídas deste Estado que não se faz Segurança Pública com hipocrisia, com discurso fácil, com conversa mole. É preciso atitudes concretas.

Hoje se fala em violência, em criminalidade e a contenção nisso no Rio de Janeiro porque a mídia está cobrindo o Rio de Janeiro, mas não significa que não existam aqui no Estado de São Paulo centenas e centenas de marginais armados com fuzis, submetralhadoras e petardos explosivos. E o exemplo está aí.

Anteontem, na própria região do 16º, aqui no Morumbi e Caxingui, policiais começaram uma perseguição a marginais que terminou na Raposo Tavares. Dois policiais militares foram baleados, um deles teve a mão arrancada por um tiro de fuzil. Então não vamos achar que São Paulo está uma maravilha, que graças a Deus em São Paulo não acontece o que acontece no Rio de Janeiro. A questão aqui é outra. É que o marginal não se defronta com outro na disputa de território. Aqui tem território para todo mundo. Aqui o tráfico de drogas tem espaço e mercado para todos. Faço simplesmente um alerta para que providências de fato sejam tomadas. Se tivermos confrontação mais explícita de marginais mais organizados com policiais e que ocupem determinada região, a população tenha certeza de que a Polícia de São Paulo não tem fuzis para os seus homens como o que está se mostrando no Rio de Janeiro não! Ao contrário. Existe ordem na Polícia Militar para não se ter fuzil nas aeronaves do grupamento aéreo, existe ordem para não se usar fuzil nas escoltas de presos e as ordens e a hipocrisia acabam sendo maiores do que a necessidade de segurança da população e dos policiais.

 

O SR. PRESIDENTE - ENIO TATTO - PT - Nobre Deputado Olímpio Gomes, esta Presidência deseja pronto estabelecido a Vossa Excelência. Esta Casa quer vê-lo em forma.

Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, quero fazer alguns comentários em relação à política educacional do Estado de São Paulo. O primeiro deles em relação ao PLC 46/10 enviado para a Assembleia Legislativa, que faz uma insignificativa alteração na Lei 1093/09, uma lei que queremos revogar, até porque ela afronta o magistério estadual, afronta a Educação e também vários servidores de outras Secretarias. É a famosa lei que permite a contratação de professores por apenas um ano, inclusive a própria "Folha de S.Paulo", um jornal que sempre foi complacente, que sempre aplaudiu as medidas dos governos tucanos aqui em São Paulo, soltou um editorial domingo passado, se não me engano, com o título Educação Precária, criticando essa medida. Até fiz um comentário sobre o editorial, aliás, tardio, porque a "Folha de S.Paulo", conhecido como a Falha de S.Paulo, sempre apoiou as medidas do Governo Serra, do Governo Goldman, enfim, dos governos tucanos no Estado de São Paulo. Depois, quando ela percebeu a tragédia que foi a aprovação dessa lei, voltou atrás, fez a crítica e hoje o Secretário estadual da Educação Paulo Renato responde no mesmo jornal com artigo em Tendências e Debates às críticas feitas ao Saresp e também à Lei 1093. E agora chegou esse projeto na Casa, mas que não muda nada na lei, não traz nenhuma alteração significativa.

Quer dizer, o Governo não é capaz nem de fazer autocrítica depois de todas as denúncias e críticas feitas pelos professores, alunos, sociedade e pela própria imprensa, que deu apoio a essas medidas danosas à Educação, e ainda tem a coragem de enviar um projeto insignificante para dizer que está mudando alguma coisa. Não. Não muda nada porque a Lei 1093 continua autorizando a contratação de professores por apenas um ano. A única mudança que o PLC 46/10 traz é que se o contrato do professor terminar no mês de outubro, por exemplo, ele pode ser prorrogado até o final do ano letivo, o que é pouco. Essa lei precisa ser revogada.

Onde já se viu contratar um professor por apenas um ano?! Esse professor não vai criar vínculo com a rede estadual, com os alunos, com o projeto pedagógico, com a comunidade escolar.

Então continuamos apelando aos deputados e deputadas para votarem o projeto que nós apresentamos, pois esse é que vai solucionar essa questão acabando com esse modelo de contratação de professores por apenas um ano. Isso é intolerável.

A Lei 1093, além desse ponto nefasto e danoso para a Educação e para o magistério, criou a famosa provinha para os professores OFAs/ACTs. Os professores agora no Estado de São Paulo, mesmo aqueles contratados em regime temporário, são obrigados a fazer prova, ou seja, é um absurdo uma rede como a nossa fazer prova para contratar professor em caráter temporário. Quer dizer, o professor para continuar dando aula em caráter temporário tem de anualmente fazer prova, sem falar da prova de mérito, única profissão, que eu saiba no Brasil, onde o professor para ter reajuste salarial tem de fazer prova. Se isso vira moda, todas as categorias profissionais não vão ter mais direito ao reajuste salarial pela data-base, será uma afronta à Constituição Federal no seu Art. 37 e à lei que instituiu a data-base salarial aqui no Estado de São Paulo para os servidores do Estado. Esta lei também está sendo desrespeitada, porque esta é a lógica do Governo. Não haverá mais reajuste salarial para os servidores do nosso Estado. Terá de ser por mérito.

Você, trabalhador, que quiser ter reajuste salarial, terá de fazer prova. Esta é a nova filosofia do governo tucano de São Paulo, que tem apoio da base governista, que tem apoio dos 71 deputados que compõem a base do governo Serra e do governo Goldman, e que vai compor a base de sustentação do próximo governo Alckmin.

Temos que denunciar isso, é por isso que a educação vai mal. A educação não precisa de mais avaliação, já tem muito, existe toda uma parafernália de avaliação que não tem resolvido absolutamente nada, são as falsas avaliações.

O governo tem é que investir na educação, recuperar e valorizar a carreira do magistério. Precisamos de outro plano de carreira. Basta de falsas avaliações - provão de professor OFA, ACT, avaliação de mérito, Saresp, pois nada disso tem resolvido o problema da educação. Defendemos as avaliações sérias, não essas criadas pelo governo estadual com caráter político, com caráter ideológico, com caráter punitivo para prejudicar os professores, para tentar queimar a imagem dos professores perante a opinião pública do nosso estado.

Vamos apresentar emendas a esse projeto enviado pelo governo estadual, o Projeto de lei Complementar 46 de 2010, para melhorá-lo, pois do jeito que está não vai resolver nada. Temos que anular a lei 1093 de 2009 para podermos resgatar o mínimo de dignidade dos professores, dos demais servidores do Estado de São Paulo, sobretudo os da educação. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ENIO TATTO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, funcionários da Assembleia Legislativa, telespectadores da TV Assembleia, vou abordar um tema que reputo de grande importância, sobre saúde pública. Há hoje, nos 645 municípios do Estado de São Paulo, 12 a 15 mil antenas instaladas, chamadas estações de rádio base. São antenas para telefonia celular. Em 2003 apresentei o Projeto de lei 575, que está na Ordem do Dia, que tem como objetivo estabelecer um processo de entendimento. Isso porque há uma situação judicializada que acaba interferindo no processo de fiscalização da Cetesb com relação à instalação de antenas de telefonia celular. O projeto estabelece que o ente responsável pela fiscalização, por todo o processo de ordenamento seriam os municípios. Até porque os municípios, além de discutir muito a questão dos planos diretores, de estabelecer as áreas de zoneamento industrial e residencial podem, de forma transparente, regulamentar a instalação das antenas de telefonia celular. Há inclusive indicativos, por parte da comunidade que cuida da questão de saúde pública, de que essas antenas emitem radiações eletromagnéticas que causam problemas à saúde, interferem no marcapasso, provocam câncer, catarata, etc.

Entendemos que com esse projeto regulamentaremos a responsabilidade, a transferência para os municípios, até porque muitas vezes os municípios não conseguem atender à Lei estadual 10995 de 2001, que estabelece a distância de 15 metros das escolas, hospitais e creches. O nosso projeto, além de fazer uma alteração importante na lei de 2001, estabelece um marco importante para regulamentar a instalação dessas antenas. Em 2003 fizemos um grande seminário com as principais operadoras do estado para discutir e trouxemos a esta Casa estudiosos do tema.

O nosso projeto continua na Ordem do Dia e estou certo de que não será aprovado este ano. Mas, a partir do próximo ano, faremos seminários para mobilizar os municípios, as associações que discutem esse tema para aprovar o projeto. Com isso resolveremos um problema sério do estado, inclusive a prefeitura de São Paulo já multou várias empresas em até dois milhões de reais por antenas instaladas irregularmente. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. José Zico Prado.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ ZICO PRADO - PT - Esta Presidência registra a presença do Vereador do PT, de Pedro de Toledo, Eliel Camilo das Neves, acompanhado do Dr. Calima, chefe de gabinete da Prefeita Sandra, do PT, de Registro. Agradeço muito a presença de vocês nesta Casa.

Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente José Zico Prado, companheiro de partido, Srs. Deputados, amigos que nos visitam, telespectadores, funcionários, estamos numa fase de analisar - e quem está analisando neste momento é o Deputado Bruno Covas - a lei mais importante que votamos neste Casa durante o ano, que é a peça orçamentária.

Acho muito importante entrarmos nesse assunto, fazermos esse debate, porque é algo que mexe com a vida de todo o povo paulista, que é a distribuição do bolo, do dinheiro arrecadado dos impostos, das taxas, das contribuições.

Neste ano os parlamentares desta Casa, juntamente com as comissões, apresentaram mais de 11 mil emendas ao orçamento, o que significa que a peça orçamentária tem muito a ser melhorada e corrigida. Acho que é isso que o povo do Estado de São Paulo e todos os prefeitos de todas as cidades do nosso estado esperam dos 94 parlamentares da Casa, de todas as bancadas, que apresentaram essas 11 mil emendas para atender aos pedidos de todo o Estado de São Paulo.

É de uma responsabilidade e de uma importância muito grande a tarefa do Deputado Bruno Covas como relator da peça orçamentária. Na última terça-feira tivemos uma reunião com o referido deputado para tratar dessas emendas, para tentar quebrar essa amarra de nunca conseguir corrigir grandes distorções do Orçamento do Estado de São Paulo. Conversamos, falamos dessas emendas individuais, mas também falamos das emendas coletivas, frutos das Comissões de Finanças e Orçamento, de Agricultura e da área social. V. Exa., Deputado José Zico Prado, é da Comissão de Agricultura, apresentou emendas juntamente com sua comissão. Então, pedimos ao Deputado Bruno Covas para avaliar com carinho porque são 117 emendas que resultaram da participação popular através das audiências públicas realizadas pela comissão de Finanças e Orçamento, sendo pelo menos 3 emendas de cada audiência pública realizada. A Comissão de Agricultura, bem como a comissão da área social, também apresentaram emendas que foram colhidas através de reivindicações de entidades ou representantes dessas áreas.

Então, é um trabalho difícil; são mais de 11 mil emendas a serem analisadas. Aliás, apresentei nesta Casa um projeto de resolução para limitar a quantidade de emendas apresentadas por deputado e por bancada para que tenhamos menos emendas para analisar e para poder atender às reivindicações da população do Estado de São Paulo.

Precisamos corrigir muitas distorções, por exemplo, na área do Judiciário, cujos funcionários estavam em greve há muito tempo. O governo do Estado de São Paulo cortou pela metade, praticamente, o orçamento enviado pelo Judiciário. Então, não dá para cortar pela metade o orçamento e achar que está correto. O relator em a obrigação de melhorar o orçamento do Poder Judiciário. Também a Defensoria Pública. Todos sabemos da importância dos defensores públicos do Estado de São Paulo para atender à população de baixa renda, que não tem condições de pagar um advogado. Precisamos aumentar o número de defensores públicos. No último projeto aprovado aumentamos em 100; precisamos colocar no orçamento o aumento de aporte financeiro para pagá-los.

Particularmente, travei uma luta muito grande junto com os deputados da zona sul da Cidade de São Paulo - e todos os deputados desta Casa aprovaram por unanimidade - pela criação de dois fóruns naquela região: M’Boi Mirim e Capela do Socorro. Agora, não adianta ter aprovado se não garantirmos recursos para construir esses fóruns. Então, já apresentei uma emenda, que foi acatada pela Comissão de Finanças e Orçamento, agora está nas mãos do Deputado Bruno Covas para acatar ou não. Espero que tenha bom senso. Como foi um projeto aprovado por todos os deputados desta Casa, espero que ele contemple aquela região. Há muitas outras questões sobre o orçamento que quero debater até o dia da votação.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Donisete Braga.

 

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O SR. PRESIDENTE - DONISETE BRAGA - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Assembleia, estamos vendo que a degradação da segurança pública no Rio de Janeiro mostra situações preocupantes. A Polícia Civil e a Polícia Militar do Rio de Janeiro sempre estiveram entre as polícias mais mal pagas do Brasil. Por isso, a necessidade da aprovação da PEC 300, em Brasília, que cria um piso salarial nacional para a Polícia Civil, a Polícia Militar e para os bombeiros militares. Isso evitará que governantes levem a polícia dos seus estados a essa degradação salarial. Estamos pedindo que a PEC 300 seja aprovada.

Não podemos esquecer que em São Paulo, a partir do Governo Mário Covas, a nossa polícia passou longos anos se debatendo com um congelamento de salários. Anos depois encontrou uma forma desumana de enganar o povo e a polícia, pois passou a dar aumento sob forma de abono, não atendendo os aposentados nem as pensionistas. Recentemente acabamos com um desses monstrengos que era o Auxílio de Local de Exercício, o famigerado ALE. Também não podemos nos esquecer de outra coisa. Em 2006, São Paulo teve uma onda de crimes violentos; a segurança pública se encolhe e o crime ocupa seus espaços. Aconteceram ataques contra ônibus, casas de policiais, bancos, metrô, num total de 293 ocorrências. Também em 2006, aqui em São Paulo, morreram 152 pessoas, das quais 107 criminosos, 41 policiais ou agentes de segurança, e 4 civis. Os ataques do PCC estavam organizados. No dia 14 de maio de 2006, aqui em São Paulo, 53 unidades prisionais tiveram seus presos rebelados simultaneamente.

Vejam a diferença de organização. No Rio de Janeiro estamos vendo a desorganização do crime.

O maior bem da segurança pública é o homem. O mesmo ocorre em ouras áreas. O policial mal pago vai buscar dinheiro no bico; aqueles que tiverem uma deformação de caráter vão para a corrupção. O professor mal pago vai ter um mau desempenho na sala de aula. O médico mal pago e os profissionais da saúde descontentes resultam em falta de médicos na periferia e mau atendimento da população nos hospitais.

A grande degradação do Rio de Janeiro começou em 1990, quando Leonel Brizola é eleito no primeiro turno. Só que ele tinha compromisso com os morros. A polícia não podia subir nos morros e todas as dificuldades foram criadas. A população fica profundamente descontente. Em 1994 ele é candidato a presidente da república; teve uma votação vergonhosa, menos votos que Enéas Carneiro, aquele do “meu nome é Enéas”. Em 1998 ele é candidato a vice-presidente na chapa do Lula e é derrotado de novo. Em 2000 é candidato a prefeito do Rio e é derrotado novamente. Em 2002 é candidato ao senado e derrotado mais uma vez, terminando em 6º lugar.

Estou comentando esses fatos para que os senhores entendam que aqueles que enfraquecem o atendimento da segurança pública têm a resposta nas urnas.

As Forças Armadas no Rio de Janeiro foram acionadas. Tudo bem, a decisão foi fundamental. Os blindados da Marinha, as tropas do Exército, o apoio da Aeronáutica e mais uns contingentes, conseguiram conquistar o morro; ocupar o morro não foi difícil. O Tráfico tinha fuzis, granadas, munição, metralhadora “Ponto 30”, fuzil “FAL”, arma do exército, “fuzil AK”, que dispara 600 tiros por minuto, o “AR-15”, cujo projétil atravessa oito pessoas enfileiradas; mas eles não sabiam usá-las.

Eles estavam descalços, de bermudas; estavam absolutamente desorganizados. E desta forma, aqueles que lá estavam, fugiram; fugiram pelo esgoto, o que demonstra, também, a falha da Polícia do Rio de Janeiro. O Serviço de Informação não previu que eles iam fugir pelo esgoto - 500 bandidos fogem pelo esgoto.

O morro não planta maconha e nem refina cocaína, e lá estavam 40 toneladas da erva e dezenas de quilos de pó. E onde estava a Polícia? Cadê a Polícia? O Governo do Rio de Janeiro faliu sua Polícia.

Cadê o Serviço de Inteligência? Tiveram que se contentar e achar uma grande vitória, simplesmente, a conquista dos morros; poucos presos.

A permanência do Exército, agora, é perigosa; durante seis meses o Exército vai ficar por lá. As Forças Armadas podem até estabelecer um rodízio entre oficiais e praças, mas estamos vendo que a permanência prolongada desses policiais, dos soldados do Exército, poderá levar a contatos com traficantes, com a população, o que pode levá-los à corrupção.

O que temos que ver agora, no Rio de Janeiro é a realidade para o povo: no dia seguinte maconha sendo vendida na favela da Rocinha a céu aberto, cocaína sendo vendida à luz do dia. Portanto, temos que ver que o bandido não se regenera. O bandido muda de ponto; o Estado é que deve ir buscá-lo.

O exemplo do Rio de Janeiro é muito bom para servir de lição para todos nós aqui de São Paulo, principalmente, para os governantes. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE - DONISETE BRAGA - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Eli Corrêa Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Donisete Braga, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, venho a esta tribuna para trazer um assunto, no mínimo singular, que aconteceu na Cidade de Sorocaba.

No início desta semana, em Sorocaba, uma senhora, mãe de uma aluna do ensino básico apresenta-se na diretoria da Escola Julio Bierrenbach Lima, pedindo à diretoria da referida escola junto com a professora que, por favor, reprovem a filha dela. Uma garota de 11 anos, encontra-se na quinta série que, ao que tudo indica, passará de ano e a mãe percebendo que a menina não tinha aprendido, este ano, absolutamente nada, solicita, então, que ela refaça novamente esse ano letivo no ano que vem, ano de 2.011, para poder reaprender, melhor dizendo, aprender aquilo que ela não conseguiu apreender das informações que foram passadas neste ano letivo; isso tem acontecido muito.

Temos observado que o Sistema Educacional do Estado de São Paulo transformou-se numa verdadeira fábrica de analfabetos funcionais devido a esse programa que o Governo Estadual tem aqui em São Paulo - Governo do PSDB - de Aprovação Automática - eles chamam de Progressão Continuada.

Esse foi um programa idealizado pelo saudoso e emérito educador Paulo Freire. A Progressão Continuada previa que os alunos tivessem um acompanhamento “sintonia fina” dos professores, e que eles recebessem reforço escolar - inclusive extraclasse - para que eles pudessem acompanhar os seus colegas de classe. No entanto para produzir estatísticas quantitativas aqui no Estado de São Paulo, para dizer que todas as crianças passam de ano, na rede das escolas públicas do Estado de São Paulo, o Governo do PSDB resolveu que todas as crianças deveriam ser aprovadas independentemente de terem aprendido ou não; e o que aconteceu foi isso: um verdadeiro crime contra a formação dessas crianças. O que vai acontecer é que essas crianças vão passar pela escola, vão receber o diploma depois do fim de todo ciclo e quanto tentarem entrar ano mercado de trabalho, conseguir o primeiro emprego - já jovem, adolescente - vão ter muita dificuldade porque serão chamados a enfrentar um teste - que as empresas aplicam - de conhecimentos gerais, de conhecimentos específicos, e não vão conseguir passar nesse teste, ficando alijados do mercado de trabalho. É isso que o Governo do Estado de São Paulo está fazendo com nossas crianças nas escolas, aqui no Estado de São Paulo.

Infelizmente, no Estado de São Paulo, 45% dos professores hoje ensinam mediante um contrato irregular, mediante um contrato precário de trabalho. São admitidos em caráter experimental e ali ficam ensinando desmotivados, desencorajados, com péssimos salários que pagam aqui os Governos do PSDB no Estado de São Paulo, ao longo desses anos todos em que se encontram governando o Estado de São Paulo, o que desmotiva, desencoraja os professores.

Os professores esforçam-se - são verdadeiros vocacionados - para que todas as crianças, de todas as séries, aprendam. Mas, infelizmente, eles não conseguem vencer um sistema que é cruel para com nossos alunos, nossas crianças.

Então, este é do pior exemplo. Disse aqui um caso singular: uma mãe procurar a diretoria da escola e pedir à diretoria “por favor, não deixem a minha filha passar de ano. Ela precisa refazer a quinta série em 2.011 para, efetivamente, aprender e só então, depois de ter aprendido, ser elevada à série seguinte”. Mas os professores não podem reprovar o aluno porque são pressionados pelas direções das escolas. As direções das escolas, por sua vez, são pressionadas pelas diretorias regionais de ensino que existem em todo Estado.

Nessa hierarquia absurda, os debaixo não podem reprovar os alunos, e esses não podem aprender e, portanto, vão passar de ano, vão chegar ao diploma sem ter aprendido. Esse, infelizmente, é o sistema educacional que o PSDB implantou no Estado de São Paulo e que está construindo uma verdadeira fábrica de analfabetos funcionais aqui em nosso Estado; é de se lamentar.

Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, reveja esse sistema, pois ele depõem contra o conhecimento, depõem contra o aprendizado das nossas crianças e contra o futuro delas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DONISETE BRAGA - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tenho recebido muitos emails relacionados à situação do Rio de Janeiro, ou seja, relacionados às drogas.

Muitos pais preocupados fazem consultas. Tenho enviado alguns trechos do meu livro para que o pai possa orientar o seu filho. E eles me perguntam por que as coisas caminham desse jeito, e quem tem um filho adolescente quer saber o que fazer.

O problema com as drogas se complica no Brasil e no mundo por uma razão muito simples: o vício não tem cura. Lido com pessoas drogadas há 38 anos e sei que não existe um remédio, uma injeção que possa curar esse vício. Tenho paciente que já foi internado 45 vezes. Alcoolismo também não tem cura. De cada 10 pessoas no mundo que bebem, uma vai ser alcoólatra. Mas com maconha, por exemplo, é diferente: o sujeito fuma um cigarro de maconha aos 13 anos, isso fica registrado na sua memória química e não se apaga nunca mais.

E por que a solução não está na Polícia? A Polícia, no mundo todo, consegue apreender uma quantidade muito pequena de drogas. E é só oferecer a primeira dose grátis que o resto a pessoa, já viciada, vai buscar. A pessoa vai para o crime, vai buscar. Tenho lutado para que se instale um programa de prevenção maior. No Rio de Janeiro não há nenhum tipo de prevenção às drogas. Mas e em São Paulo? O que no Brasil se pode fazer? Quem é o grande omisso com esse problema? Além dos governos estaduais e federal, os prefeitos. Aí na sua cidade, o que o seu prefeito está fazendo para prevenir o uso das drogas? Os alunos frequentam as escolas municipais. O prefeito acha que o problema não é dele e deixa, portanto, por conta do Estado. O Estado deixa por conta da Federação. Agora, o cidadão mora na rua, no asfalto, no bairro. Portanto prevenir é falar com o filho antes que o traficante o faça. Ou se investe na família e na escola, ou não há Polícia que consiga conter o problema das drogas.

É preciso que os governos acordem. O Governo Federal não tem nenhum programa de orientação. Só quem fala com o nosso jovem é o traficante; é uma vergonha absoluta. As famílias, por não saberem o que fazer, dão pequenos conselhos.

Pai, entre no meu site, que tenho um conjunto de orientações para que você possa ali dar opinião, possa ter um conjunto de informações catalogadas, fruto dessa minha longa experiência. Quando você ouve um desinformado falar que maconha não faz mal - o povo fala de vez em quando, o Presidente Fernando Henrique quer descriminalizar -, essa pessoa está fazendo um mal para a nossa juventude que não tem limite. E se esse mau caráter que disser isso citar a Holanda, então é mais mau caráter ainda.

Nenhum país do mundo liberou. Estive duas vezes em Amsterdã só estudando maconha, só observando. O povo holandês tem vergonha pelo fato de, depois das 22 horas, o maior de 21 anos poder ir a um pub para fumar dois gramas de maconha. Mas só que a Holanda cabe 208 vezes dentro do Brasil. A Holanda cabe 14 vezes dentro de Minas Gerais. Ela é menor que o Espírito Santo.

Então, meus amigos, prevenção. Prefeitos, vamos investir na prevenção no seu município. É possível fazer a prevenção desde o 1º grau. Entrem em contato comigo. Tenho 38 anos de experiência e estou à disposição de vocês. E vou pressionar o Governador do Estado, Geraldo Alckmin, para que façamos um trabalho muito mais forte, porque prevenção se ensina e o trabalho que está aí é de muito pouco valor. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DONISETE BRAGA - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo restante do Pequeno Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Donisete Braga, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de continuar aqui denunciando o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo, que vem humilhando, destratando, cometendo assédio moral contra os nosso servidores estaduais.

Recebemos inúmeras denúncias nos nossos gabinetes, e sei que outros deputados também, e nenhuma providência é tomada por esse departamento: processos que não são publicados, perícias que não são feitas, pessoas que entram com pedido de readaptação, pessoas que vem de longe, viajam 400, 500, 600 quilômetros para fazer uma perícia e às vezes o médico não está presente. Não é à toa que esse departamento é conhecido como a casa dos horrores. Os servidores do nosso Estado que estão adoecidos e precisam dessas perícias, dessas publicações para regularizar as suas vidas funcionais são tão maltratados que adoecem mais ainda.

Estamos fazendo uma investigação profunda nesse departamento. Temos informações de que existem mais de 40 mil processos paralisados, encostados. Esse departamento entrou em colapso. Inclusive temos fotos desses processos que havíamos apresentado aqui na semana passada, e trouxe novamente para ilustrar o que estou dizendo para que a população saiba o que está acontecendo com o Departamento de Perícias Médicas. Há servidores que aguardam por um, dois anos uma readaptação, uma licença médica, um processo de aposentadoria por invalidez e os processos estão lá paralisados. Esse departamento não funciona mais, entrou em colapso e nada é feito.

E para piorar a situação, como se não bastasse esse caos, estamos vivendo um outro caos, um caos dentro do caos com agora a chamada do concurso de supervisores e professores PEB II que estão indo lá para fazer o exame médico de admissão e não estão sendo atendidos. Essas pessoas estão sendo humilhadas. Isso mostra a falência da política aqui do PSDB para os servidores públicos do Estado de São Paulo.

Queremos que o Governo estadual tome providências imediatas, que o Governador Goldman tome providências, assim como o Secretário de Gestão Pública. Já acionamos o Ministério Público, porque tudo isso é uma afronta à dignidade humana, à dignidade dos servidores. Criamos o Disque-Denúncia contra o Departamento de Perícias Médicas, enfim, estamos tomando várias providências.

Mas o Governo não age, está inerte, está omisso em relação a esta questão. Continuaremos denunciando e exigindo providências. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DONISETE BRAGA - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, está esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, eu estava inscrito porque pretendia responder ainda no Pequeno Expediente, sobre uma manifestação do Deputado Edson Ferrarini, atribuindo a Leonel Brizola, um dos ícones maiores do meu partido, o PDT, a vinculação e a negociação da entrada do tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro.

Cada um pode falar a besteira que quiser, mas também tem que ouvir. Seria uma tremenda leviandade se eu viesse aqui e dissesse que, como policial, em 1994, avisávamos Mario Covas - que o Deputado Ferrarini apoiava - que estava nascendo o PCC, se eu viesse aqui e dissesse que o pai do PCC é Mario Covas. Quase 30 anos se passaram dos governos do Estado do Rio de Janeiro e a incompetência, o conluio com o tráfico de drogas vai muito além do que as besteiras que alguns ultradireitistas às vezes querem apregoar, sem a menor fundamentação.

Pediria que o Deputado Edson Ferrarini tivesse mais respeito com o PDT. Solicito até as notas taquigráficas para que o PDT tome conhecimento, nacionalmente, e verifique a condicionante, ou não, de se interpelar judicialmente o Deputado Ferrarini, pelo que acabou de afirmar.

Os morros no Rio estão ocupados pelo crime e pela incompetência, como São Paulo é dominado pelo crime e pela incompetência, pela falta de gestão dos partidos para os quais o Deputado vive a bater palmas. No entanto, seria uma leviandade tentar jogar às pessoas, e principalmente a alguém que já não está mais entre nós para dar a resposta à altura.

Tenho ouvido muitos pseudoespecialistas da Segurança, falando da Segurança do Rio, e às vezes de São Paulo. Mas dizer que o que está acontecendo hoje no Rio de Janeiro é em função de um acordo com o tráfico feito pelo Governador constituído no Rio de Janeiro, Leonel Brizola, é no mínimo uma leviandade.

Não permito isso. Como Deputado do PDT, tenho certeza de que o meu partido também dará a resposta necessária. O mínimo que o Deputado Edson Ferrarini deveria fazer é vir à tribuna e pedir desculpas ao partido e à memória de Leonel Brizola.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Hamilton Pereira.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, volto a esta tribuna para falar sobre o plano de Educação, que estamos hoje no Brasil discutindo.

Há um amplo movimento nacional pressionando Estados e municípios e até o próprio Governo Federal a aprovarem os planos de Educação, municipais, estaduais e até mesmo um novo plano nacional de Educação, porque o plano nacional existente tem o prazo de validade até 2011, porque foi aprovado em 2001, e foi uma peça de ficção, uma lei aprovada no Congresso Nacional, mas o texto foi feito no gabinete do ex-ministro da Educação, da época ainda do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, e que hoje é o Secretário estadual de Educação.

Foi um plano feito no gabinete, na burocracia do MEC, em 2001, e aprovado às pressas porque a sociedade civil, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública tinha apresentado um Projeto de lei no Congresso Nacional. Na época esse projeto foi apresentado inclusive através do Deputado Federal Ivan Valente, na época do PT e hoje no PSOL.

Enfim, o ex-ministro Paulo Renato, às pressas, apresentou o projeto que, logicamente, foi aprovado, porque o ex-Presidente tinha maioria no Congresso Nacional. Mas esse Plano Nacional de Educação nunca passou de uma verdadeira peça de ficção, nunca funcionou. Era um plano só “para inglês ver”.

E agora temos que aprovar o novo plano, estabelecendo diretrizes e metas para a Educação nacional, e o mesmo tem que acontecer nos Estados e municípios.

Do ponto de vista da Federação, temos 16 Estados que ainda não aprovaram um plano de Educação. Um deles é o Estado de São Paulo, o Estado mais rico da Federação, que tem o maior número de alunos matriculados, a maior rede de ensino, o maior número de escolas. São 5.300 escolas, e São Paulo não tem ainda um plano estadual de Educação aprovado. É um absurdo, é uma afronta à educação pública do nosso Estado.

O que temos, concretamente, é uma proposta que foi formulada pelo Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública, o fórum paulista, que em 2003 apresentou uma proposta que virou um Projeto de lei e está aqui paralisado, até hoje, na Assembleia Legislativa, nos escaninhos das Comissões.

Eu tive o prazer de ter sido o relator dessa proposta na Comissão de Educação. Dei, logicamente, o parecer favorável porque foi uma proposta construída coletivamente pelas entidades representativas da sociedade civil e sobretudo pelas entidades que representam o Magistério no nosso Estado. No entanto, a base governista - os 71 Deputados que compõem a base de sustentação dos governos tucanos aqui - não tem deixado o projeto prosperar; ele está paralisado porque o Governo tem medo que nós aprovemos aqui na Assembleia um plano de Educação de verdade, um plano construído pelos educadores, pelas entidades, pelos alunos, pelos professores.

E o Governo, só agora, no finalzinho da gestão, no apagar das luzes, apresentou uma proposta. A mesma pessoa que tinha o cargo de Ministro da Educação em 2001 agora é o Secretário estadual da Educação, o economista Paulo Renato de Souza, e teve o mesmo comportamento. Mandou elaborar um plano de gabinete, construído pela burocracia da Secretaria estadual de Educação, sem nenhum vínculo, sem nenhuma discussão com setores organizados do Magistério e da Educação em geral.

Essa proposta nem foi apresentada ainda para a Assembleia Legislativa. Foi apresentada para o Conselho Estadual de Educação, que é um Conselho também que é duvidoso, porque é uma extensão praticamente da Secretaria da Educação, onde temos muitos privatistas da Educação.

É um absurdo isso. Ele já foi construído pela burocracia, não foi discutido com a comunidade escolar, nem com a Assembleia Legislativa. Está lá, sendo analisado no Conselho Estadual de Educação.

Isso é grave; é uma vergonha para o Estado de São Paulo não ter um plano de Educação. A Educação no Estado de São Paulo está à deriva, sem norte, sem rumo, abandonada, com escolas sucateadas, com escolas de lata. Temos ainda mais de 70 escolas de lata no Estado de São Paulo, com superlotação nas salas, com violência escolar, com baixíssimos salários dos professores, com essas falsas avaliações, avaliação de mérito, avaliação de professor admitido em caráter precário, a famosa prova do professor OFA/ACT, que nada prova, enfim, estamos vendo um verdadeiro caos.

Em quatro anos dessa gestão Serra/Goldman, tivemos três Secretários da Educação. Portanto, não existe política de Educação no Estado. Estamos à deriva. O que temos são projetos marqueteiros, como o projeto mentiroso que diz que há dois professores por sala na Rede Estadual. Isso é mentira. Isso não procede. Faço um desafio ao telespectador: procure uma escola estadual no seu bairro e pergunte para o diretor, para os alunos se há dois professores por sala. Talvez, no máximo, um estagiário, se houver. Há propagandas enaltecendo toda essa parafernália de falsas avaliações, mas não há investimento em Educação. Fazemos um apelo: temos de aprovar o Plano Estadual de Educação do Estado de São Paulo para que a Educação não seja mais refém de políticas de Governo, de governadores, de partidos políticos, de secretários. A política educacional tem de ser do Estado, do Poder Público, tem de ter no mínimo dez anos de duração. Os governos, independentemente da coloração ideológica, têm de seguir as metas e diretrizes aprovadas em lei. É isso que defendemos para o Estado de São Paulo, para todos os estados.

Queremos a aprovação do Plano Nacional, que me parece já está pronto, já está sendo encaminhado para o Congresso Nacional. Aqui na Cidade de São Paulo também temos de aprovar imediatamente um plano municipal. É uma vergonha a maior cidade da América Latina não ter um plano municipal de Educação ainda aprovado.

Queremos que a Educação no Brasil e, sobretudo, no Estado de São Paulo, tenha uma política de Estado e não de Governo, de secretário e de partido político. Por isso, vamos fazer gestões o tempo todo, como já estamos fazendo, para aprovar o plano estadual, mas um plano democrático, construído não nos gabinetes do Governo, nos gabinetes da burocracia do Secretário de Educação. Ele já fez isso, não funcionou. O projeto do ex-Ministro Paulo Renato de Souza ficou aí dez anos, ninguém o conhece. Esse plano virou letra morta. Se o projeto para o Conselho Estadual apresentado por ele for aprovado, vai dar na mesma, vamos ficar sem norte. Queremos rumo, direção, metas, diretrizes e mais investimento em Educação e, sobretudo, no Magistério público estadual. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os ainda da Sessão Solene a ser realizada amanhã, às 10 horas, com a finalidade de homenagear os 179 anos de existência da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 43 minutos.

 

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