08 DE DEZEMBRO DE 2010

153ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: ALDO DEMARCHI, UEBE REZECK, FAUSTO FIGUEIRA, BARROS MUNHOZ e DAVI ZAIA

 

Secretários: CARLOS GIANNAZI, MILTON LEITE FILHO e DAVI ZAIA

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - ALDO DEMARCHI

Assume a Presidência e abre a sessão. Registra a presença do Vereador João Teixeira Junior, do município de Rio Claro, acompanhado de vereadores-mirins daquele município.

 

002 - FAUSTO FIGUEIRA

Cumprimenta o Vereador João Teixeira Junior. Comenta o assassinato do Vereador Luis Carlos Romazzini, na cidade do Guarujá. Tece considerações sobre seguidos atos de violência na Baixada Santista. Cita mortes de políticos na região. Repudia a impunidade e atribui a esta o aumento da violência no País. Ressalta que na Baixada Santista existem lugares dominados pelo crime organizado.

 

003 - UEBE REZECK

Assume a Presidência.

 

004 - LUIS CARLOS GONDIM

Faz saudação aos 25 anos de sacerdócio do Bispo Diocesano de Mogi das Cruzes, Dom Ayrton José dos Santos. Tece considerações sobre a vida de Dom Ayrton. Questiona projeto que prevê a incorporação de leitos públicos para pacientes de convênios particulares. Critica o Governador Alberto Goldman com relação ao citado projeto. Tece considerações sobre a situação da Saúde no Estado.

 

005 - FAUSTO FIGUEIRA

Assume a Presidência.

 

006 - OLÍMPIO GOMES

Dá conhecimento de que nos dias 09 e 10 de dezembro, acontecerá manifesto, no Rio de Janeiro, envolvendo policiais civis e militares, bombeiros e organizações do setor, para reivindicação de melhorias à categoria. Tece considerações sobre a PEC 300 e a importância desta para os servidores da Segurança. Relata que os governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo manifestaram-se desfavoráveis à aprovação do citado projeto. Informa que ambos os estados têm o mais baixo salário pago à categoria. Critica a mídia com relação aos eventos ocorridos no Rio de Janeiro e, que o sensacionalismo jornalístico não contribui para o fim de organizações criminosas.

 

007 - Presidente FAUSTO FIGUEIRA

Por conveniência da ordem, suspende a sessão às 15 horas, reabrindo-a às 15h01min.

 

008 - ROBERTO MORAIS

Solicita a suspensão da sessão até as 16 horas e 30 minutos, com anuência das lideranças.

 

009 - Presidente FAUSTO FIGUEIRA

Defere o pedido e suspende a sessão às 15h01min.

 

010 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência e reabre a sessão às 16h34min.

 

011 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, parabeniza o município de Mauá por seu aniversário. Enaltece o desenvolvimento da cidade. Menciona participação no Centro para Formação de Professores "Miguel Arraes".

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, informa que o requerimento para instauração de CPI do Judiciário já conta com 32 assinaturas. Cita problemas atualmente enfrentados pelo Poder. Lamenta inércia do Presidente do Tribunal de Justiça. Fala da necessidade de que novas varas de Justiça sejam instaladas. Pede reajuste para servidores do Judiciário.

 

013 - ENIO TATTO

Pelo art. 82, apoia reivindicação de manifestantes presentes nas galerias. Dá conhecimento do número de impostos arrecadados pelo Estado. Pede apreciação de projetos de Deputados. Ressalta a importância de que as emendas propostas ao Orçamento sejam aprovadas.

 

014 - JORGE CARUSO

Pelo art. 82, comenta reunião do Colégio de Líderes. Faz referências a matéria sobre os vencimentos do funcionalismo, em especial do Judiciário. Tece considerações a respeito da inversão de projeto presente na ordem do dia.

 

015 - VINÍCIUS CAMARINHA

Pelo art. 82, informa que, no próximo dia 17, ocorrerá a diplomação dos Deputados eleitos. Ressalta a importância de debates para a discussão do Orçamento. Pede por mais verbas para a Secretaria da Agricultura. Dá conhecimento de dificuldades enfrentadas pelos agricultores.

 

ORDEM DO DIA

016 - Presidente BARROS MUNHOZ

Encerra a discussão do requerimento, da Mesa Diretora, que solicita tramitação em regime de urgência ao PLC 815/10.

 

017 - CARLOS GIANNAZI

Requer verificação de presença.

 

018 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental. Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de urgência ao PL 815/10.

 

019 - CARLOS GIANNAZI

Solicita verificação de votação.

 

020 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a verificação de votação pelo sistema eletrônico, que não atinge número regimental, o que adia a votação da matéria. Coloca em votação e declara aprovado requerimento de alteração da ordem do dia. Coloca em discussão o PL 1284/09.

 

021 - OLÍMPIO GOMES

Discute o PL 1284/09.

 

022 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência.

 

023 - JORGE CARUSO

Discute o PL 1284/09 (aparteado pelo Deputado Vinícius Camarinha).

 

024 - JOSÉ CÂNDIDO

Discute o PL 1284/09 (aparteado pelo Deputado Edson Ferrarini).

 

025 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

026 - VINÍCIUS CAMARINHA

Discute o PL 1284/09 (aparteado pelos Deputados José Cândido, Jorge Caruso e Vitor Sapienza).

 

027 - SIMÃO PEDRO

Discute o PL 1284/09.

 

028 - Presidente BARROS MUNHOZ

Encerra a discussão do PL 1284/09.

 

029 - ENIO TATTO

Pede a suspensão dos trabalhos por dez minutos, por acordo de lideranças.

 

030 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 18h34min; reabrindo-a às 18h42min. Convoca uma sessão extraordinária, a realizar-se hoje, dez minutos após o término desta sessão.

 

031 - ENIO TATTO

Pede a suspensão dos trabalhos por cinco minutos, por acordo de lideranças.

 

032 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 18h44min; reabrindo-a às 18h49min. Dá conhecimento de emenda aglutinativa ao PL 1284/09.

 

033 - JORGE CARUSO

Solicita a publicação da emenda aglutinativa ao PL 1284/09.

 

034 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Determina a publicação da emenda aglutinativa ao PL 1284/09. Informa que o projeto em questão será objeto de votação e constará como item primeiro da ordem do dia.

 

035 - ANTONIO SALIM CURIATI

Para reclamação, solicita que sejam instaladas rodinhas nas cadeiras do plenário.

 

036 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra a manifestação e informa que tomará as providências cabíveis.

 

037 - CELSO GIGLIO

Pede o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

038 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 09/12, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra-os da realização de sessão extraordinária, hoje, com início às 19 horas. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Aldo Demarchi.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMACHI - DEM - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - DEM - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença do Vereador João Teixeira Júnior, de Rio Claro, acompanhado de um grupo de vereadores jovens daquele município. Recebam as homenagens da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. FAUSTO FIGUEIRA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero saudar o Vereador João Teixeira e os vereadores jovens de Rio Claro. Lembro-me de na minha juventude, com a mesma idade, ter visitado com meu pai a Assembleia quando ainda era no Palácio das Indústrias. Tive uma situação muito semelhante. Quem estava na tribuna era o então Deputado estadual Franco Montoro. De alguma maneira tenho certeza de que no futuro alguém desta bancada estará aqui nos substituindo na tarefa de legislar no Estado de São Paulo.

Quero falar sobre a questão da violência na Baixada Santista. Doze dias atrás, foi assassinado a tiros o Vereador Luis Carlos Romazzini, do PT do Guarujá. De maneira covarde, à uma e meia da manhã, ao sair na porta de sua casa, o vereador foi baleado e morto, deixando viúva sua esposa Juliana, com quem tinha se casado há pouco tempo. Sua morte não pode ter acontecido em vão. Ele era um bravo lutador, um guerreiro.

A morte do Vereador Romazzini é algo que nos espanta e faz parte de uma sequencia de mortes violentas que aconteceram na cidade do Guarujá. Foram mortos o Vereador Orlando Falcão, o Vereador Ernesto Pereira, o candidato a Vereador Willians Andrade Silva. Neste ano o secretário de governo do Guarujá, Ricardo Joaquim Augusto de Oliveira foi sequestrado; o prefeito e a nossa Deputada companheira Haifa Madi tiveram sua casa invadida e seus filhos embebidos em combustível e ameaçados de morte, o que causou de alguma maneira a saída desses dois políticos da vida política do Guarujá.

Na Cidade de Cubatão o Vereador Tucca foi morto este ano, assim como o ex-Vereador Maluf, que foi executado a tiros. O ex-Prefeito de Cubatão, Clermont, sofreu um atentado, foi baleado, mas sobreviveu.

O que existe em comum nesses casos todos? Tivemos na Baixada Santista vários jovens mortos em maio de 2006 e no começo deste ano vários jovens executados, pelo que tudo indica por grupos de extermínio, e nenhum desses crimes que eu relato aos senhores foi apurado; a impunidade é um convite à violência. É absolutamente inaceitável que se resolva as questões à bala.

Vimos recentemente os conflitos lá no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Evidentemente as questões de violência no Rio de Janeiro não estão resolvidas, como não estão resolvidas de uma maneira na Baixada Santista.

Na Baixada Santista existe vários bairros que são dominados pelo tráfico. As nossas cadeias são dominadas por facções. É público que o silencia das nossas cadeias dá-se porque existe uma interlocução formal do Governo do Estado, Secretaria de Administração Penitenciária com o crime organizado. É de dentro das cadeias, com celulares, que o crime organizado é administrado; nós, cidadãos comuns, não podemos entrar num banco usando celular. A política de Segurança do Governo do Estado, dos Governos tucanos têm se mostrado absolutamente ineficiente. Não é possível considerar Segurança prioridade quando se paga salário de fome aos nossos policiais civis e militares, verdadeiros heróis que expõem suas vidas em troca de parcos salários que o Governo do Estado de São Paulo, o mais rico da federação, paga a eles.

Quero publicamente cobrar desta tribuna a apuração não só da morte do Vereador Luis Carlos Romazzini, como também de todas as violências aqui relatadas.

A impunidade é um convite à violência; nós, na Baixada Santista, não podemos transigir com essa violência. Existem morros, existem favelas onde a polícia não entra, onde o crime organizado é dono, tem armas; assim como nós assistimos lá no Rio de Janeiro esta realidade, infelizmente, existe na Baixada Santista.

Quero cobrar, publicamente, das autoridades o combate eficiente ao crime organizado e a apuração das mortes.

Luis Carlos Romazzini, a nossa grande homenagem será a apuração a quem interessou sua morte. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Uebe Rezeck.

 

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O SR. PRESIDENTE - UEBE REZECK - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) O Sr. Deputado Uebe Rezeck na Presidência. Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Eli Corrêa Filho. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Uebe Rezeck, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, pedimos a palavra para saudarmos os 25 anos de sacerdócio do Bispo Diocesano de Mogi das Cruzes, Dom Ayrton José dos Santos. Em 1986 ele iniciou o seu ministério sacerdotal como vigário da Paróquia Imaculada Conceição, na Cidade de Diadema, tornou-se Bispo na Diocese de Santo André e assumiu a Diocese de Mogi das Cruzes em 2 de março de 2004.

A Diocese é muito grata pelas suas atitudes religiosas e condutas que faz com que nos orgulhemos de um Bispo como Dom Ayrton José dos Santos, que realiza um trabalho social e religioso na Diocese que dá muita segurança para nós católicos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Fausto Figueira.

 

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Sr. Presidente, pedi a palavra para falar, também, sobre essa Lei Complementar 846, de 4 de junho de 1.098, onde o Governador Alberto Goldman qualifica as entidades como organizações sociais; mais entidades que irão tomar conta provavelmente da Saúde - um dia poderá vir a ser da Segurança etc.

Isso diminui, realmente, as responsabilidades do Governo do Estado em relação ao número de funcionários públicos - a folha de pagamento. Porém, essa fiscalização das organizações sociais, essas entidades que tomam conta da Saúde no Estado de São Paulo, tem que ser mais severa, mais rigorosa, mais ética. Temos agora um pedido para que 25% das vagas dos hospitais próprios do Estado, e dessas entidades sociais sejam incorporadas por pacientes que têm convênios médicos particular.

O que será dos pacientes que têm SUS? Esses pacientes, para marcar uma consulta, já têm que esperar cerca de seis meses, um ano, para realizar uma cirurgia cerca de dois anos; e nós vamos liberar 25% para os pacientes que têm convênios médicos.

Eu tenho um convênio médico - digo isso a todo mundo - que até é privilegiado. Porém, o SUS é o melhor convênio médico que temos. Essas pessoas são atendidas pelo SUS em hospitais próprios do Estado, mesmo sendo administrados por uma organização social, essas pessoas têm um atendimento. Tiro uma ideia pelo Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, onde a parte interna desse hospital é de um atendimento exemplar - há lá colegas médicos de alto nível.

Mas o quê acontece? Vem ser ocupada por 25% de pacientes que têm convênio médico. Provavelmente vai sobrar gente na fila de atendimento e normalmente quem vai sobrar paciente conveniado ou o que tem o SUS? Certamente o que tem o SUS, porque a corda quebra sempre - isso não só no Estado de São Paulo, como em Brasil - justamente na mão do mais fraco, do mais simples; vimos assistindo a esse filme continuamente.

O que queremos? Em primeiro lugar não será desse jeito que esse projeto vai ser aprovado. Acho que temos que dizer o seguinte: a universalidade da Saúde, paciente atendido se tem convênio médico continua, e o convênio paga os gastos feitos àquele hospital próprio do Estado, ou hospital administrado por uma organização social. Porém, se tivermos uma cota teremos o grande problema do paciente não conseguir aquela vaga, principalmente o paciente SUS.

A Santa Casa de Mogi das Cruzes, assim como também, o Hospital Santana, atendem ao Iamspe. A fila é algo incomum - principalmente no caso da Santa Casa - e os pacientes do Iamspe não têm privilégio nenhum.

Na realidade, o que queremos é que o Governo e nós parlamentares desta Casa derrubemos este projeto aqui, e que o Governo estude melhor e mande um projeto mais ameno. Cinco por cento é cabível? Ou então, que os pacientes que cheguem na urgência, emergência, entrou tenha a universalidade do atendimento, porém, o pagamento disso aí tem que ser feito pelos convênios médicos. Precisamos dar uma atenção maior e fazermos com que o SUS cresça, e não diminua. Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, amanhã, dia 9, e na sexta, dia 10, teremos reuniões e concentração de policiais civis, militares, agentes penitenciários, bombeiros militares de todo o País na Cidade do Rio de Janeiro.

As associações de cabos e soldados, subtenentes, sargentos, oficiais do Rio de Janeiro; as associações e sindicatos de policiais civis estarão promovendo atos públicos, culminando com uma grande marcha pelo centro do Rio de Janeiro, na sexta-feira, por volta do meio-dia, para chamar a atenção da sociedade brasileira, não do descalabro, do descontrole da segurança pública do Rio de Janeiro, que acabou gerando situações mundialmente conhecidas, com a necessidade de intervenção com força de guerra para tentar recuperar territórios. Os policiais estaduais brasileiros e bombeiros estarão em apoio à Polícia Civil e à Polícia Militar do Rio de Janeiro para mostrar a necessidade da aprovação e a criação de um piso nacional para os policiais civis, militares e os bombeiros militares do nosso País com a aprovação da PEC 300.

A PEC 300 foi aprovada no Congresso Nacional, aprovada em primeira votação na Câmara dos Deputados com 349 votos a zero, e o Deputado Michel Temer, que era então candidato à vice-Presidência da República e Presidente da Câmara dos Deputados, se comprometeu em pautar o projeto para a segunda votação. E houve compromissos explícitos do Governo Federal, com o próprio Presidente Lula colocando a camiseta com os dizeres: “PEC 300, eu acredito”, em evento em Pernambuco. Passadas as eleições, começa a se satanizar a figura do policial e do bombeiro. A PEC 300 não estabelece qual o valor do piso, mas o Ministro Paulo Bernardo disse que teria um impacto de 43 bilhões e 500 milhões de reais para a União e os estados a criação de um piso salarial para os policiais e bombeiros.

É equivocada a informação, até porque o Distrito Federal e mais sete estados, portanto oito unidades, já têm o piso que o acordo entre as lideranças partidárias e os proponentes da PEC havia desenhado, de 3.200 reais.

E por que faremos esse ato no Rio de Janeiro? Em primeiro lugar o Governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, juntamente com o Governador Geraldo Alckmin, com o Governador Anastasia, de Minas Gerais, com Jaques Wagner, da Bahia, foi pressionar o Congresso Nacional e o Governo pela não aprovação de último piso salarial mínimo. Isso mesmo, Sérgio Cabral que paga 900 reais por mês de piso ao seu soldado de Polícia. E depois vai para a televisão com choro falso e demagogia, dizendo que são grandes heróis. Está se desenhando um grande movimento que poderá acabar numa inédita paralisação dos serviços da Polícia Civil, da Polícia Militar, do bombeiro militar no Brasil, a ser desencadeado a partir de 1º de janeiro pela falta de palavra, pela falta de compromisso, pela falta do desejo concreto que a população seja mais bem assistida na segurança pública.

Então fica aberto o convite para estarmos, principalmente na sexta-feira, ao meio-dia, no Centro do Rio de Janeiro, numa grande marcha com milhares de policiais de um grande número de estados que, tenho certeza, se farão presentes para escancarar ao País, e por que não dizer ao mundo, já que o mundo está de olhos focados no Rio de Janeiro, que a mentira de espetáculo pirotécnico e espetáculo de mídia não dura muito tempo.

Não adianta achar que a vida se reproduz num filme, que todos serão felizes no final, porque a realidade dura é diferente. O Rio de Janeiro tem os policiais com os piores salários do País. São Paulo vem em segundo lugar. Depois vem Minas Gerais, Rio Grande do Sul, uma vergonha. E por acaso os estados que melhor arrecadam, os estados locomotivas do nosso País.

Então fica aqui o convite, e muito mais que o convite o alerta àquelas pessoas que têm responsabilidade pública, principalmente na área de segurança no nosso País. Não adianta tentar enganar a população, tentando mostrar que está dando a melhor segurança, com salários que não são dignos para aqueles que dão a vida pela sociedade. Assim não vai se corrigir os rumos da segurança pública. Os salários atuais obrigam o policial a fazer bicos, viver sempre cansado, ausente da família, desanimado, alguns se envolvendo diretamente com a corrupção e o crime. Não adianta tapar o sol com a peneira, simplesmente com os mecanismos de mídia, as redes de televisão tentando vender um pacote de segurança que a população sabe que não existe, que o policial sabe que está a anos-luz. Há de se ter serenidade para investir na peça fundamental na segurança pública, o homem.

Então fica aqui o convite para que a partir de amanhã, em eventos de menor porte, mas na sexta-feira uma grande concentração com milhares de policiais civis, militares e bombeiros militares para dizer ao povo brasileiro: “Nós queremos a paz, nós queremos segurança, um mínimo de tratamento digno e um mínimo de palavra empenhada durante as campanhas eleitorais”.

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, por conveniência da ordem esta Presidência suspende a sessão por um minuto.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 15 horas, a sessão é reaberta às 15 horas e um minuto, sob a Presidência do Sr. Fausto Figueira.

 

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O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Roberto Morais e suspende a sessão até as 16 horas e 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 15 horas e um minuto, a sessão é reaberta às 16 horas e 34 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. Donisete Braga - PT - PELO ART. 82 - Caro Sr. Presidente, Deputado Barros Munhoz, gostaria de cumprimentá-lo, bem como os funcionários da Assembleia Legislativa, o público que nos acompanha das galerias, os parlamentares e os telespectadores da TV Assembleia.

Assomo à tribuna para fazer dois importantes registros. Faço uma menção especial ao aniversário do Município de Mauá, minha cidade, que hoje completa 56 anos de emancipação político-administrativa. Presto esta homenagem em nome do Prefeito, professor Oswaldo Dias, do vice-Prefeito, Paulo Eugênio Pereira Júnior, dos nossos vereadores e de toda população mauaense.

Atualmente, no contexto do ABC paulista, Mauá tem estabelecido uma situação relevante no tocante à economia, às indústrias do setor Petroquímico. Temos o maior polo Petroquímico do Estado; temos a Refinaria da Petrobras, a Recap; temos o Parque Industrial de Sertãozinho. É uma cidade que tem crescido econômica e industrialmente.

Hoje pela manhã, com o Prefeito Oswaldo Dias, participei da inauguração do Centro de Formação dos Professores, um espaço muito importante no Centro da Cidade, que terá como objetivo o processo de formação dos professores da Rede Municipal de Ensino e que também poderá ser utilizado para outras atividades pedagógicas e nos finais de semana. Inclusive, o Centro de Formação dos Professores recebeu o nome do saudoso ex-Governador de Pernambuco, Miguel Arraes, uma homenagem prestada pela liderança histórica do ex-Governador.

Da mesma forma, faço o registro do aniversário do Município de Diadema, que completa 51 anos, sob a administração do Prefeito Mário Reali. São cidades coirmãs, que comemoram aniversário nesta data.

Passo a ler entrevista do Deputado Cândido Vaccarezza, líder do Governo do Presidente Lula, concedida à Revista “Veja” no último final de semana. Ele fala sobre o próximo Congresso Nacional, as reformas tão discutidas, como a tributária, a trabalhista e a política. Isso já ilustra o que será o novo Congresso a partir de 1º de fevereiro de 2011, quando tomam posse os próximos deputados federais.

“Encaminho entrevista que concedo a Felipe Patury, da Veja, publicada nas páginas amarelas da última edição da revista.

Atenciosamente,

Cândido Vaccarezza - Deputado Federal PT/SP - Líder do Governo na Câmara dos Deputados

Cândido Vaccarezza: “Democracia tem preço”

Candidato a presidente da Câmara, o líder do governo defende a retomada das reformas constitucionais e afirma que não prosperarão iniciativas contra a liberdade de imprensa

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, petista da bancada paulista, é protagonista de um caso incomum de ascensão rápida em Brasília. Recém-eleito para o segundo mandato, ele é forte candidato à presidência da Casa. Seu principal adversário é o líder do PMDB, o potiguar Henrique Alves, que inicia em fevereiro a sua 11ª legislatura. Vaccarezza colheu seu primeiro sucesso como deputado antes mesmo de tomar posse oficialmente na Câmara. Logo depois de ter sido eleito em 2006, ele assumiu a articulação que levou o petista Arlindo Chinaglia (SP) ao comando da Casa. Foi tão exitoso que seus correligionários o apelidaram de “Toureza”. Baiano de nascimento, hoje com 55 anos, Vaccarezza integrou, nos anos 70, os quadros da Ação Popular, uma organização esquerdista na qual havia militado o ex-presidenciável tucano José Serra. Integrante do PT desde a fundação do partido, Vaccarezza estudava medicina quando imigrou para São Paulo em busca de especialização em ginecologia e obstetrícia. Antes de se mudar para Brasília, foi por duas vezes deputado estadual. Pai de três filhos e casado pela terceira vez, o parlamentar, agora, divide uma casa singela no Lago Sul da capital federal com um assessor, vinte galinhas caipiras e quatro galinhas-d’angola. Bom garfo, ele diz não ter coragem de transformá-las em refeição. “E como se fossem da família”, explica.

Por que o senhor quer ser candidato à presidência da Câmara dos Deputados?

Além de mim, outros três deputados do PT aparecem como candidatos viáveis. São eles Arlindo Chinaglia e João Paulo Cunha, ambos de São Paulo, e Marcos Maia, do Rio Grande do Sul. Henrique Alves, do Rio Grande do Norte, líder do PMDB, é o único deputado fora dos quadros petistas que ambiciona a presidência da Câmara. Bem, a oposição já sinalizou que quer ver respeitado o princípio da proporcionalidade. Isso significa que o novo presidente da Câmara deverá mesmo ser do PT. Assim, acredito que eu seja hoje o mais representativo do consenso necessário para ocupar o cargo.

Mensaleiros, sanguessugas, desvio de dinheiro de passagens aéreas. É senso comum que a qualidade do Congresso é baixa, e nada indica que vá melhorar. O senhor concorda?

Quero separar os sanguessugas do episódio que ficou conhecido como mensalão. O mensalão envolveu dinheiro de caixa dois, e não recursos públicos. O caso está na Justiça. Minha avaliação é que a pena dos companheiros envolvidos nesse episódio é desproporcional ao tamanho do erro. Quero promover essa discussão. Já o processo dos sanguessugas envolve corrupção e desvio de dinheiro público destinado à compra de ambulâncias. O caso das passagens aéreas também foi ruim, mas tinha origem em prática que remontava à transferência da Câmara do Rio de Janeiro para Brasília, o que ocorreu há cinquenta anos. O presidente (da Câmara) Michel Temer (PMDB-SP) tomou providências para que esses abusos não se repitam. O Congresso não está piorando, e o ano de 2009 prova isso. No auge da crise econômica, o crédito internacional secou. Se não agíssemos rápido, muitas das grandes empresas brasileiras faliriam. O governo editou uma medida provisória que deu 30 bilhões de dólares em garantia a qualquer empréstimo externo. Aprimoramos e votamos rapidamente esse e muitos outros textos relevantes para o país.

O que fazer para recuperar a imagem dos deputados?

A imagem do Congresso é muito pior do que a realidade. Essa distorção pode ser consertada. Para isso, primeiro é preciso que a direção da Casa é não tenha compromisso com o erro. Um deputado que erra deve ser julgado e punido. Depois, não podemos permitir que falhas individuais cometidas por alguns comprometam a instituição do Parlamento. Em seguida, é vital que a Câmara retome seus mais nobres papéis, o de fiscalizador do Executivo, o de fórum de aprimoramento do arcabouço jurídico do país e, claro, o de palco dos grandes e definidores debates nacionais. Trabalho e desafios não faltam, e precisamos dar soluções que impactem positivamente a vida dos brasileiros. A mais óbvia e urgente, a meu ver, é desbastar a selva burocrática e jurídica formada por 183000 normais legais. Muitas são obsoletas, outras tantas redundantes e muitas colidem entre si ou com a Constituição. Nós devemos ao Brasil a solução desse imenso problema. O Parlamento também tem de tomar a iniciativa em outras questões de interesse geral. É o caso da melhoria da qualidade do ensino nas escolas públicas, com o alongamento da carga horária para, pelo menos, sete horas diárias. A Câmara não pode ser obstáculo às reformas tributária, previdenciária, política e trabalhista. Essa última é polêmica, e muita gente resiste até a discuti-Ia, mas sem ela o Brasil não conseguirá criar empregos formais em quantidade compatível com sua grandeza.

Como? Hoje, a folha de pagamento é onerada por obrigações que vão da multa de rescisão de contrato de trabalho às contribuições para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). São custos tão altos que as empresas pequenas preferem manter os empregados na informalidade. É preciso desonerar a folha, apenas tomando cuidado para não atingir o financiamento do estado.

Esse tema é um tabu para a CUT, a Força Sindical e as outras centrais que apoiaram Dilma. Sei que o movimento sindical é contra qualquer mudança, mas a pauta sindical tem de mudar. O começo pode estar em questões que não apresentem impacto nos direitos trabalhistas. Por exemplo, vários dispositivos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) são obsoletos. Um deles obriga todas as lojas a ter um banquinho para cada vendedor. Ora, nenhuma tem isso. Também está na lei que o ambiente de trabalho precisa ter, no mínimo, 3 metros de pé-direito. Nos anos 40, ambiente de trabalho era sinônimo de galpão de fábrica. Não é mais. Esses artigos têm de ser revogados. Em compensação, direitos importantes estão fora da CLT. Precisamos também adaptá-la para realidades novas, como a terceirização, que não foi regulamentada.

Um grupo de parlamentares quer que o presidente Lula se empenhe na aprovação da reforma política depois de deixar o governo. Ele fará isso?

O PT e o presidente Lula despenderão um grande esforço para mudar a legislação eleitoral. Queremos que as eleições tenham regras permanentes, e não mutáveis, como ocorreu neste ano. Por erro nosso, do Congresso, ficou estabelecido que, para votar, o cidadão tinha de apresentar um documento com foto, além do título de eleitor. Ora, o indivíduo que tem documento com foto já tem o direito de votar. Também queremos mudar o modelo de financiamento das campanhas eleitorais. Defendemos o financiamento público e a lista fechada de deputados. Com essas duas medidas, a nosso ver, elimina-se o caixa dois. No modelo de lista fechada, o eleitor vota no partido e a agremiação faz a lista dos candidatos que quer ver eleitos. Nesse sistema, os políticos não fazem campanha para si próprios, mas para seu par tido, que também é quem arrecada recursos. Por isso, o caixa dois perde sentido.

Os contribuintes já financiam o fundo partidário e o horário eleitoral no rádio e na TV. É justo que paguem também as campanhas dos parlamentares?

Democracia tem preço. É um sistema que não é perfeito, mas é o menos imperfeito de todos. As pessoas podem não gostar de financiar um deputado, mas é melhor ter um deputado custando o que custa hoje do que não ter um Parlamento. Acho, porém, que essa é uma questão que, depois de analisada pelo Congresso, deveria ser submetida a plebiscito.

O que é preciso fazer para que a reforma da Previdência finalmente deslanche?

O governo federal precisa se empenhar muito e, desta vez, de uma forma correta. Se (o ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso tivesse enviado ao Congresso um projeto de reforma previdenciária que valesse apenas para quem ainda fosse entrar no mercado de trabalho, talvez ele tivesse sido aprovado. Nós cometemos o mesmo erro no governo Lula, a o tentar mudar as regras para quem já está no jogo. O nó da Previdência é o futuro. A população brasileira está envelhecendo e tem proporcionalmente cada vez menos gente nova ingressando no mercado de trabalho. Em alguns anos, poderemos ter mais aposentados do que trabalhadores, o que quebrará o sistema. Se mudarmos as regras para os que ainda vão entrar, melhoraremos a situação para o futuro. O problema imediato que temos de resolver é o fator previdenciário (a fórmula que visou a retardar a aposentadoria, reduzindo o valor do benefício concedido aos mais jovens). Há pressão das centrais sindicais para substituí-lo e, assim, permitir aposentadorias mais precoces? Há. Então, talvez seja preciso encontrar outra equação que não sobrecarregue o INSS. Uma possibilidade é instituir uma idade mínima para a aposentadoria.

Guido Mantega, ministro da Fazenda, tem dito que o próximo ano será marcado pelo ajuste fiscal. Essa pretensão é compatível com o Orçamento que está sendo negociado no Congresso?

É possível que tenhamos de fazer ajustes no Orçamento. O panorama mundial é preocupante. A Europa está em dificuldade, os Estados Unidos emitiram montanhas de dólares para transferir o seu déficit para o resto do mundo e estão em guerra cambial com a China. Não podemos aprovar medidas que ponham em risco as finanças públicas. Os acordos fechados no passado em tomo do salário mínimo têm de ser respeitados. Foi acertado que, até 2023, ele será corrigido pela inflação e receberá um aumento equivalente à variação do produto interno bruto dos dois anos anteriores. Para 2011, isso significaria um mínimo de 540 reais. O mesmo princípio deve ser aplicado às aposentadorias: em 2011, apenas haverá a reposição da inflação.

O Tribunal de Contas da União (TCU), um órgão do Legislativo, foi duramente atacado pelo presidente lula. O governo tem medo de ser fiscalizado?

O TCU tem poderes exagerados. Por exemplo, paralisa uma obra apenas por considerar que ela tenha indícios de superfaturamento. Qual deveria ser o procedimento? Informar o Ministério Público, a Polícia Federal e a Câmara, que investigaria o caso na Comissão de Fiscalização. Se fosse confirmado o superfaturamento, a obra então seria interrompida e os pagamentos suspensos. Hoje, paralisa-se uma obra que custa bilhões de reais ainda na fase da suspeita. Passam-se seis, sete meses com ela parada, o que causa prejuízos enormes para o contribuinte. É preciso rever essa legislação.

Se o senhor for eleito presidente da Câmara e chegar à sua mesa alguma iniciativa que tolha a liberdade de imprensa, o que fará?

Sou contra qualquer medida que agrida a liberdade de imprensa e posso garantir que, com Dilma, não prosperará nenhuma medida nesse sentido. O PT, Dilma e Lula surgiram da luta pela democracia, o que inclui a liberdade de expressão, de opinião, de manifestação e de imprensa. A democracia é intrínseca à nossa concepção política, mesmo com todas as manifestações exageradas de contrariedade da parte de alguns de nossos companheiros.

O PT selará um acordo com o PMDB para fazer um rodízio na presidência da Câmara?

Queremos fazer acordos com todos os partidos, e as negociações começam pelo PMDB, que tem a segunda maior bancada da Casa. A união de PT e PMDB confere estabilidade à Câmara, como ficou provado nesta legislatura. PT e PMDB concordaram em eleger Arlindo Chinaglia para presidir a Casa em 2007 e 2008 e Michel Temer em 2009 e 2010. Como temos a maior bancada, caberá a nós decidir quem será o presidente em 2011 e 2012.

As disputas entre PT e PMDB não desmentem a propalada avassaladora maioria parlamentar com a qual o governo saiu das umas?

Essas disputas são naturais e não constituirão problema, porque Dilma, com a vitória que teve, adquiriu independência para arbitrar sobre todos os partidos da base, inclusive o PT. Nosso partido sabe que quem vai montar o ministério será a presidente, e não nós. Quem decide e executa é quem foi eleito: Dilma. A função dos partidos da base é dar sustentação às decisões dela.”

Em seguida, retornarei à tribuna para falar sobre um tema que reputo fundamental. Trata-se de um projeto do Governo do Estado de São Paulo que transfere para os hospitais públicos o atendimento aos usuários do plano privado de saúde para que o SUS possa estabelecer essa cobrança. É um projeto polêmico que depois gostaria de fazer uma intervenção. Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de informar a todos que acabamos de protocolar o requerimento para a instalação de uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito - do Judiciário, com a assinatura de 32 deputados de vários partidos, da oposição e da situação, para que possamos organizar uma profunda investigação no Orçamento do Judiciário. Estamos vivendo uma grande crise nessa área. Tivemos ainda este ano uma greve de 127 dias dos servidores do Judiciário, e essa greve foi muito importante e pedagógica porque ela mostrou para toda a sociedade a situação real do Judiciário: a falta de transparência e a falta de democracia, as condições precárias de funcionamento de um poder importante e estratégico. Temos muitas denúncias no nosso requerimento, que foi fundamentado em cima de muitos dossiês que foram entregues na Assembleia Legislativa pelas entidades representativas dos servidores do Estado de São Paulo.

É uma situação grave que requer uma intervenção da Assembleia Legislativa de São Paulo, que tem prerrogativa para investigar e fazer uma devassa no Poder Judiciário, até porque aprovamos o Orçamento do Poder Judiciário. Logo, cada deputado aqui tem a responsabilidade de fazer essa investigação. Infelizmente, historicamente, sempre houve uma omissão da Assembleia Legislativa. Tenho dito que no Estado de São Paulo só temos dois Poderes em funcionamento: o Executivo e o Judiciário. O Poder Legislativo é refém, um cartório do Poder Executivo, do Palácio dos Bandeirantes: não tem vida própria, não fiscaliza, não tem independência, nem autonomia. Hoje já mudo a minha opinião e diria que temos só um poder, que é o Executivo. O Poder Judiciário também não tem independência, vive refém do orçamento e das verbas, da caneta do governador.

Isso é grave porque compromete a democracia do Estado de São Paulo. É nesse sentido que quero, em primeiro lugar, agradecer a todos os deputados que tiveram a coragem de assinar o nosso pedido para a instalação da CPI do Judiciário. Isso é um marco histórico porque o nosso pedido é fundamentado em profundas denúncias feitas pelos servidores do Judiciário. São denúncias sérias que queremos investigar com profundidade porque vamos votar novamente o Orçamento Judiciário dentro de alguns dias.

Aproveito a oportunidade para falar do corte criminoso feito pelo Palácio dos Bandeirantes, pelo Governador Alberto Goldman, no Orçamento do Judiciário, reduzindo em 54 por cento. O nosso mandato foi ao Ministério Público Estadual para pedir que entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal para que esse orçamento seja restituído. Essa é inclusive uma orientação do próprio Conselho Nacional de Justiça. O presidente do TJ do Rio Grande do Sul já ingressou com uma ação no Supremo porque houve corte; em Alagoas houve o mesmo comportamento. Em São Paulo o presidente do Tribunal de Justiça não teve essa iniciativa ainda. Quando o presidente aqui esteve numa reunião de líderes, fiz um apelo a ele para que tivesse essa iniciativa de ir ao Supremo Tribunal Federal. Espero que o Ministério Público Estadual, que tem a prerrogativa, o faça. Senão, no ano que vem teremos uma nova greve, de 200, 300 dias dos servidores. Não é possível viabilizarmos uma Justiça célere e que funcione no Estado de São Paulo. Temos de instalar mais de 200 varas que já foram aprovadas em todo o Estado. Temos de cumprir o acordo feito pelo presidente do Tribunal de Justiça em relação ao reajuste de 20,16 por cento.

Voltarei ao tema do Judiciário, que é um marco importante na Assembleia Legislativa. Apelo aos deputados para que votem nas emendas apresentadas e recompor o Orçamento do Judiciário, e possamos, no mínimo, garantir o acordo firmado entre o TJ e as entidades representativas dos servidores para a concessão do reajuste para os 50 mil servidores do Judiciário. Eles não têm reajuste há muitos anos e trabalham em condições precárias. Há um déficit de 15 mil servidores no Judiciário. Muito obrigado.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobre Deputado Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, público que nos assiste, companheiros que nos visitam hoje na expectativa da aprovação do PL 1284, que há muito tempo tramita nesta Casa. Em determinado momento, havia acordo para a sua votação, mas, infelizmente, sempre surgem problemas de última hora e o projeto não é votado. Devo reconhecer o grande trabalho do Deputado Vitor Sapienza, da Comissão de Finanças e Orçamento, que tem se esforçado e trabalhado para a aprovação do projeto. Espero que a esta Casa aprove o projeto.

É bom que o nobre Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, esteja presidindo - e temos também a presença do nosso Relator do Orçamento deste ano, Deputado Bruno Covas -, para que fique bem claro. Se o projeto não for aprovado neste final do ano, com ajustes através das emendas dos deputados e das audiências públicas, é por consequência da falta de vontade política. Temos condições de aprovar. Basta dizer que, no levantamento feito no dia de hoje pela bancada do Partido dos Trabalhadores, o Governo do Estado de São Paulo, seguramente, vai arrecadar este ano - que está se encerrando - o que está previsto para o ano que vem.

Não é então por falta de dinheiro que algumas reivindicações não serão atendidas. No dia 30 de outubro foram arrecadados em impostos mais de oito bilhões de excesso de arrecadação no Estado. Somando todas as receitas, chega-se a mais de 13 bilhões neste ano.

A primeira coisa então que o Estado deve fazer é cumprir com aquilo que foi acordado no Orçamento do ano passado, e é uma das reivindicações de todas as bancadas desta casa, que é pagar as emendas combinadas no Orçamento que, infelizmente, mais da metade não foram pagas. E tem dinheiro para isso.

Precisamos abrir um diálogo com a oposição e com a base governista para discutirmos sobre o Orçamento, porque o Orçamento está na mão do relator e não se conversa. Parece que só se conversa com o Executivo, e agora, a bola da vez é o Legislativo. É aqui que temos que ter o diálogo entre o relator e as lideranças partidárias de todos os partidos. Há uma reclamação geral de que não está havendo esse diálogo. Precisamos avançar nesse sentido, caso contrário, esta Casa vai criar esse impasse como ontem, onde temos projetos acordados para serem votados e não se votam porque dependem de outro acordo e não entendemos o que acontece nesta Casa.

Os deputados assomam à tribuna e falam que são favoráveis, mas infelizmente, não se vota, porque está dependendo de o Governo abrir o diálogo para avançarmos nessa questão do Orçamento deste ano e no passivo que se acumulou durante o ano todo, porque existe uma má vontade de atender o Legislativo. Infelizmente, não temos a autonomia que precisaria ter o Legislativo. Trabalhamos o ano todo na mão do Executivo. E quando chega ao final do ano, no afogadilho, não há mais tempo para atender às demandas combinadas, compromissadas, e muitas vezes, como é o caso das emendas parlamentares, garantidos no Orçamento.

Então, queria colocar em nome da bancada do Partido dos Trabalhadores que é isso o que está acontecendo. A Bancada do Partido dos Trabalhadores é favorável ao projeto, quer voltar, e infelizmente, o que está faltando é o sinal verde, é uma vontade por parte do Palácio dos Bandeirantes para que possamos avançar e terminar este ano produzindo, que é isso que a população do Estado de São Paulo precisa e quer. Muito obrigado.

 

O SR. JORGE CARUSO - PMDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, o PMDB ocupa a tribuna neste momento para se manifestar em relação ao requerimento que foi protocolado nesta Casa, com relação à inversão da pauta, sendo que o objetivo da pauta de hoje é a discussão do projeto do teto do funcionalismo. E foi manifestado isso no Colégio de Líderes uma grande preocupação com relação a esse projeto. Acho que todos os deputados, sem exceção, são plenamente favoráveis a que todos os servidores tenham melhores condições de salários. Isso é unânime, tanto é que V. Exa., Sr. Presidente, nos colocou no Colégio de Líderes, de forma muito positiva, tudo aquilo que a Assembleia Legislativa fez ao longo desses anos, limpando a pauta dos projetos em benefício dos servidores do Estado.

Porém, nos preocupa muito a incerteza de alguns dados que pairam aqui nesta Casa. E se a pauta for invertida, eventualmente, nós vamos discutir isso com mais clareza. Mas, com o projeto em mãos, observamos que não existe clareza em alguns aspectos com relação a esse projeto. Primeiro, há uma incerteza com relação aos valores no qual se objetiva fazer uma elevação do teto. Isso é complicado, porque nós não sabemos o que isso representa em relação à parte de finanças, ao impacto que isso pode causar nas finanças Estado de São Paulo.

E foi requerido também ao Líder do Governo, Deputado Vaz de Lima, que trouxesse a todos os líderes desta Casa, os números desse projeto, ou seja, quantas pessoas hoje são beneficiadas com o aumento do teto, as categorias e o quanto isso principalmente representa no montante do Orçamento do Estado de São Paulo. E nós não temos esses números.

Acho muito complicado para cada Deputado, para cada Líder desta Casa, discutir um aumento sem que tenhamos uma previsão desse aumento, sem que tenhamos uma perspectiva de quanto isso vai representar de gasto para toda a população. E num paralelo, é preocupante também a situação e a indefinição da questão do Judiciário.

Todos nós temos debatido a importância de fazermos uma reposição aos servidores do Judiciário, todos souberam da questão da greve, isso implica investimentos no pessoal, implica salários, e acho uma coisa está ligada diretamente a outra. Acho que temos que pensar de forma coletiva, tanto o problema dos servidores do Judiciário, como também dos demais servidores, e esta Casa está procurando tratar de forma diferenciada, em momentos distantes.

Mas temos uma incerteza em relação ao Judiciário, e uma total incerteza hoje no projeto que se quer votar com relação ao aumento do teto. O PMDB não sabe. Eu pergunto para cada bancada se sabe para a qual o valor que vamos aumentar o teto na votação de hoje.

Na leitura básica do projeto, as emendas apresentadas foram rejeitadas. Fica difícil por parte do PMDB hoje, ainda sem que o Governo nos passe a previsão orçamentária, nos passe os números corretos, fazermos qualquer menção e termos qualquer perspectiva de votação desse projeto que, no nosso entender, é totalmente prejudicial, é inócuo e não representa de fato uma votação consciente, uma votação responsável de cada Deputado. Ou nós sabemos previamente aquilo que existe no projeto, ou nós sabemos os números, quantas pessoas efetivamente serão atingidas, ou estaremos votando no escuro e fica muito difícil fazer isso.

Acho até inadmissível que esse projeto seja pautado sem que tenhamos de fato um posicionamento prévio e o posicionamento até mesmo do próprio Governo de transição, que está entrando, para saber se o nosso Orçamento comporta isso, um posicionamento efetivo do novo Governador. Acho que estamos metendo os pés pelas mãos.

Ontem à noite a discussão não prosperou, e espero que esta Casa tenha a consciência hoje de não inverter a pauta, até que de fato os Senhores Líderes tenham efetivamente os números corretos para que possamos ter um melhor esclarecimento e possamos fazer uma votação correta e justa e não no escuro como está sendo pedido. Muito obrigado.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - Sr. Presidente, para indicar o nobre Deputado Vinícius Camarinha, pela liderança do PSB, pelo Artigo 82.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - É regimental.

 

O SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, gostaria, em nome da nossa bancada do PSB, de expor ao plenário, algumas preocupações em relação ao Orçamento, não só de ordem do mérito, que são fundamentais, mas a questão do prazo temporal em relação à discussão do nosso Orçamento.

Estamos no dia 8 de dezembro, na semana que vem, no dia 17, teremos a diplomação de todos os eleitos para os próximos mandatos, e com a perspectiva de que se encerrem os trabalhos na próxima semana. E nós temos um prazo, Deputado Enio Tatto, Líder da Minoria, extremamente curto, de uma semana, para discutirmos o Orçamento do Estado de São Paulo, o maior orçamento da federação do nosso País, onde temos, meu querido amigo, Presidente Barros Munhoz, distorções em relação ao Judiciário, como expôs muito bem o líder da Bancada do PMDB, distorções em relação às diversas categorias do funcionalismo público, mas também distorções em relação a uma pasta importantíssima: a da Agricultura.

A Secretaria recebeu uma dotação orçamentária de apenas um bilhão de reais. Repito: a Secretaria de Estado da Agricultura, uma Pasta fundamental para o Estado de São Paulo, fundamental para o desenvolvimento e geração de emprego nas cidades interioranas, recebeu apenas um bilhão de reais. Um bilhão de reais é uma quantia vultosa, mas não em comparação ao Orçamento. Não menos importante é a Secretaria de Estado da Cultura, que recebeu uma dotação orçamentária de 800 milhões de reais. Ótimo. A Secretaria de Estado da Cultura é igualmente fundamental, mas há uma desproporção entre a Secretaria da Agricultura com uma dotação de um bilhão de reais e a Secretaria da Cultura com uma dotação orçamentária de 800 milhões.

Sou do Interior - e o Presidente desta Casa foi ministro da Agricultura - e não podemos permitir que a Agricultura, fundamental para o desenvolvimento do nosso Estado, receba uma dotação orçamentária de apenas um bilhão. Não há sequer a possibilidade de o Secretário fazer convênio para doar trator para municípios pequenos, para ajudar cooperativas, para ajudar nos implementos agrícolas, programas fundamentais para o desenvolvimento do Interior do Estado de São Paulo.

Portanto, em nome da Bancada do PSB apelo para que de imediato nos debrucemos na discussão do Orçamento. O Orçamento está sendo discutido na Comissão de Economia e Planejamento, na Comissão de Finanças e não temos um posicionamento claro do que isso vai representar. O Governo faz o que acha que é prioritário e temos de respeitar, mas nós, como representantes do povo, cada um num segmento, devemos representar os anseios da população e eu trago aqui a voz do Interior, eu trago aqui a voz do pequeno produtor, do retireiro de leite, do plantador de melancia, do que sofre com o baixo preço da sua produção, do que tem perdas com a geada ou do que sofre com as questões econômicas e é o último a ser ouvido pelo Governo.

Meu Líder Deputado Ed Thomas, V. Exa. é de Presidente Prudente e sabe da dificuldade que vivem os agricultores e nesse sentido não podemos admitir que a Agricultura receba apenas um bilhão de reais de um Orçamento de 140 bilhões. Estive com o Secretário João Sampaio, que expôs a aflição de comandar uma Pasta como esta sem uma dotação orçamentária razoável, sem a possibilidade de mandar um trator para um município para o trabalho comunitário.

Fica, então, o relato desta preocupação da Bancada do PSB e o pedido para que esta Casa inicie a discussão do Orçamento até para garantir outros projetos que dependem dessa peça orçamentária.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, há sobre a mesa requerimento nos seguintes termos: “Requeremos, nos termos regimentais, seja dada tramitação em Regime de Urgência para o PL 815/10 de autoria da Mesa, que dispõe sobre o subsídio dos deputados estaduais para o exercício de 2011.”

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, requeiro uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental, pelo que a Presidência convida os nobres Deputados Milton Leite Filho e Davi Zaia para a auxiliarem na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - A Presidência constata número regimental em plenário pelo que agradece a colaboração dos nobres Deputados Milton Leite Filho e Davi Zaia.

Em votação o requerimento apresentado. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, solicito uma verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Esta Presidência vai proceder à verificação de votação pelo sistema eletrônico. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis deverão registrar o seu voto como “sim”, os que forem contrários deverão registrar o seu voto como “não” ou abstenção.

 

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- É feita a verificação de votação.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, participaram do processo de votação 42 Srs. Deputados; 37 Srs. Deputados responderam “Sim”, quatro não, e este deputado na presidência, quorum insuficiente para a votação, que fica adiada.

Há sobre a mesa requerimento com o seguinte teor: “Requeiro nos termos do Artigo 120, parágrafo 4º, que a disposição das proposituras da presente Ordem do Dia seja alterada na seguinte conformidade: que o item 525 - Projeto de lei 1284, de 2009, passe a figurar como item 1, renumerando-se os demais itens”. Assinado por número regimental de líderes.

Em votação. Os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Discussão e votação - Projeto de lei nº 1284, de 2009, de autoria da Mesa. Prorroga para o exercício de 2010 os efeitos da Lei nº 12.473, de 2006, que dispõe sobre o subsídio do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado. Com 3 emendas. Pareceres nºs 2608 e 2609, de 2009, respectivamente, de relatores especiais pelas Comissões de Justiça e de Finanças, favoráveis ao projeto e contrário às emendas. Parecer nº 2610, de 2009, da Mesa, contrário às emendas.

Para discutir contra, tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi, que dispõe de oito minutos remanescentes da sessão de ontem.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, já me pronunciei favoravelmente, e abro mão do meu tempo restante.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHYOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, para falar a favor.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, venho a esta tribuna discutir favoravelmente a esse projeto que eleva o teto salarial do estado na obrigação de parlamentar, na obrigação de pertencer a um partido que tem na sua essência o trabalhismo e o respeito ao trabalho.

Sinto-me absolutamente tranquilo porque da mesma forma que venho a esta tribuna denunciar e exigir pisos salariais dignos para todas as carreiras de servidores do Estado de São Paulo, também tenho absoluta tranquilidade para dizer que a vinculação de salários do governador e vice-governador é uma grande hipocrisia, e assim o congelamento por anos e anos como se governador e vice-governador realmente se sustentassem com seus salários. (Manifestação nas galerias.)

E com isso obstruir de forma legítima, porque a lei garante, mas imoral e antiética, para que servidores das mais variadas categorias profissionais possam receber justos valores pelas carreiras que abraçaram, pelo tempo de serviço que têm, pelos méritos adquiridos ao longo das carreiras, por ganhos de sentenças judiciais em que a Justiça demonstrou que o estado estava equivocado em relação à correção de ganhos. De uma certa forma nós que estamos no Legislativo e que vivemos apregoando que há um equilíbrio e uma harmonia em relação aos poderes, que também se respeite essa harmonia e equilíbrio em relação a ganhos salariais.

Inúmeras categorias de servidores públicos do Estado de São Paulo, por esses ganhos mais do que legítimos, vêm sofrendo por conta da hipocrisia de se dizer que vão congelar salários de governador e vice.

E mais, pelos servidores do Executivo não terem a condição ou a força ou muitas vezes o livre arbítrio para tentar lutar em condições de igualdade com o Poder Executivo, haja vista o Legislativo ser normalmente prostrado ao que o Executivo quer, tem as suas carreiras ceifadas e os seus direitos alijados.

Quando votamos nesta Casa, numa madrugada, os subsídios de promotores e juízes, representantes das entidades da magistratura e do Ministério Público, procurador-geral e assessoria e o presidente do tribunal me diziam que ninguém mais queria ser juiz ou promotor no Estado de São Paulo pela miséria de 10.800 reais. E votamos numa penada só um inicial de 16.800 porque “a Justiça e o Ministério Público assim queriam”.

Naquele momento não fomos fazer as contas mínimas de impacto para o estado e ninguém manifestou essa preocupação. Era mais importante deixar tranquilos e não deixar no desagrado juízes e promotores.

Também em relação às categorias do Estado de São Paulo, o devido respeito àqueles que conquistaram legitimamente direitos e vantagens deve ser uma obrigação desta Casa. Ainda que se defina um valor maior, ainda estaremos muito distantes do teto do Judiciário e de tetos praticados no Legislativo. Temos de ver, muitas vezes, o prejuízo que gera ao Estado de São Paulo.

O último concurso para Agentes Fiscais de Renda do Estado foi dificílimo, uma seleção extremamente rigorosa, milhares de participantes. Um ano depois, de 500 aprovados mais de 100 deixaram a carreira. (Manifestação nas galerias.) Por que isso acontece? Porque vão buscar nas carreiras federais, onde só muda o patrão e não muda a essência nem a obrigação nem a dedicação, um volume de trabalho menor. Falei a respeito dos agentes fiscais. Mas um delegado de polícia do Estado de São Paulo ganha 1/3 do salário de um delegado de polícia federal. Também nos últimos concursos para delegados, a grande maioria passou o plantão estudando e sonhando ir para outra polícia porque o patrão é diferente e trata com mais dignidade. (Manifestação nas galerias.)

A Polícia Militar do Estado de São Paulo forma 150 oficias por ano, após quatro anos de formação. Por termos os piores salários do Brasil para oficiais da polícia, pelo fato de um coronel da Polícia Militar perceber metade do valor salarial de um colega de qualquer outro estado e 1/3 do que ganha um colega coronel em Brasília, também vão buscar em outras carreiras a satisfação material.

Muitas vezes há desconsideração com esta Casa, com os deputados, com os partidos. Será que descobrimos agora que o Poder Executivo, que o Palácio dos Bandeirantes está pouco se lixando para deputado e para partido? Deputado e partido são importantes na hora de votar o que interessa ao governo. E há a questão do desrespeito ao Legislativo, de não se votar projetos de deputados, de não se contemplar as migalhas que são as emendinhas que compram nossa razão e nossa consciência. Nada tem a ver com obstruirmos a questão da dignidade material para carreiras de servidores públicos que são trabalhadores públicos. Se há um achincalhamento na base de todas as carreiras do Estado de São Paulo, também hoje há um aviltamento em relação ao topo das carreiras. Aqueles que conquistam vantagens, direitos e têm méritos acabam sendo solapados nesses direitos. Quem está numa carreira, quem abraçou uma profissão não chega ao topo numa penada por ser ligado, parente ou apaniguado de qualquer ala, partido político ou qualquer político.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Davi Zaia.

 

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Ninguém ingressa na polícia como delegado de 4ª classe e se torna delegado geral depois de um dia; ninguém ingressa 2º tenente na Polícia Militar e vai ser coronel no dia seguinte; ninguém ingressa na base da carreira de agente fiscal e vai para o topo da carreira porque é amigo ou apaniguado político. Mas na classe política o apaniguado político, aquele que faz a carreira política pode chegar, sim, a ser alçado e tornar-se vice-Governador do Estado de São Paulo, e pode até tornar-se Governador, completamente diferente as situações. Não se pode mensurar o mérito do serviço público ao topo das carreiras a um questionamento de ordem política. E há uma hipocrisia dos próprios Governadores e vices que diz “não, para mim está ótimo, eu já ganho demais”.

Gostaria que mostrassem na realidade os ganhos indiretos que têm, gostaria que mostrassem de fato até e que se soubesse realmente os ganhos que não são nem indiretos, que são indevidos e que a natureza dele chocaria, em todas as circunstâncias, em todos os tribunais. Por isso, com absoluta tranqüilidade, vou votar sim favorável a esse projeto, reclamando ainda nos seus valores, porque o equilíbrio entre os poderes deveria ser mantido - deveria sim - e o prestígio aos bons serviços públicos, não dá para ficar com discurso demagógico dizendo que se prestigia os serviços públicos achincalhando seus quadros.

O Governo do Estado de São Paulo é hipócrita: põe no site da Secretaria da Fazenda o júbilo pela conquista das vitórias no aumento da arrecadação; mas não são as máquinas que fazem isso e sim as pessoas.

No momento em que a Secretaria da Segurança, com hipocrisia, diz que conduziu o Estado de São Paulo a índices de criminalidades comparativos a países da Europa e a estados americanos, é preciso saber que não adianta ser demagógico, tem que investir nos seus recursos humanos, não pode ir na mesma linha, na mesma desfaçatez do Governador do Rio de Janeiro que vai com lágrimas de crocodilo dizer que ama a polícia do Rio de Janeiro e depois vai junto com o Geraldo Alckmin para Brasília para pedir para não votar o piso nacional para os policiais e bombeiros; isso sim é hipocrisia.

Por isso encareço que os nobres deputados, de todos os partidos, que deixe de lado a questão em relação ao desprestígio desta Casa, que é desprestigiada sim, mas vamos pensar num fator maior para uma pequena parcela de servidores públicos que estão com seus salários congelados desde 2.005, que havia um compromisso desta Casa que seria feita a correção desses valores, que tiveram compromissos governamentais e que o momento de se fazer isso é exatamente agora, já. Podemos obstruir sim. Queremos demonstrar que a Casa tem valor, que o Governo desrespeita a Casa, que não se discute e não se vota projeto de deputado, que não se contempla as emendas; vamos obstruir a votação do Orçamento; não vamos deixar votar o Orçamento do Estado; vamos obrigar o novo Governo a trabalhar com o duodécimo. Aí sim estaremos tendo postura como poder harmônico e independente. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Próximo orador inscrito para falar contra, tem a palavra o Deputado Jorge Caruso.

 

O SR. JORGE CARUSO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Davi Zaia, inicialmente, atentando para o detalhe que esse Deputado não vai falar contra a presente matéria - essa é uma praxe regimental -, ao contrário, mas sim discutir o projeto em virtude de algumas pendências que temos, e que até agora não foram, infelizmente, esclarecidas por ninguém da parte do Governo.

Sr. Presidente, esse Projeto de lei nº 1.284/09, diz no seu caput o seguinte: “prorroga para o exercício de 2.010 os efeitos da Lei nº 12.473, de dezembro de 2.006, que dispõe sobre o subsídio do Governador, do vice-Governador, e dos Secretários do Estado”.

O curioso desse projeto, subscrito pelo Presidente Barros Munhoz, pelo Secretário Carlinhos Almeida e pelo nosso 2º Secretário Aldo Demarchi, não houve uma ficção de valores, o que, a princípio, nos causou uma certa estranheza, presumindo a manutenção do teto nos valores atuais.

Na tramitação esse projeto recebeu três emendas: Emenda nº 1, de autoria do nobre Deputado Davi Zaia - que hora preside a sessão - fazendo a fixação dos valores, a Emenda nº 2, de autoria do Deputado Said Mourad, e a Emenda nº 3, de autoria do nobre Deputado Roberto Morais. Essas emendas faziam menção aos valores de teto a serem fixados, do Sr. Governador, vice-Governador e Secretários. Curiosamente todas essas emendas foram objeto de análise das comissões permanentes: em primeiro lugar, da Comissão de Constituição e Justiça, em seguida, da Comissão de Finanças e Orçamento.

O que não dá para entender até agora é que ambas as comissões rejeitaram essas emendas. Se houve as emendas, houve a rejeição de novos valores - é o que se compreende do texto legal. Se votarmos o projeto do jeito que está, sem nova emenda ou emenda aglutinativa, pressupõe-se que vai ser mantido o valor atual do teto.

Este Deputado, em nome do PMDB, pergunta: é isso que a Casa quer, a manutenção dos valores atuais, ou está sendo preparada uma emenda dos Srs. Líderes, que este Deputado também não tomou conhecimento, com novos valores, com aqueles que seriam os valores desejados, os valores corretos?

Eu não sei. Já que não sei, pergunto a cada Líder, aqui presente, se sabe o valor que está se objetivando. Eu não vi um único papel com o valor a ser fixado. Como é que podemos votar um projeto, onde nenhum Deputado sabe para quanto vai o teto?

Solicitei, esta semana, ao Deputado Vaz de Lima, Líder do Governo, essa relação, em especial o número de pessoas que podem ter seus salários elevados com o aumento do teto. E por quê? Porque no momento em que o Estado vai pagar um salário maior, o contribuinte vai pagar um imposto maior; e temos que saber quanto que isso vai custar na peça orçamentária, quanto a população vai pagar a mais para esses servidores.

Acho que saber isso é um direito de cada parlamentar; na verdade não só um direito, mas uma necessidade porque estamos votando despesas para toda a população de São Paulo e temos que fazer um cálculo disso para saber quanto isso vai dar.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, até agora não nos foi encaminhada essa relação. Pergunto: quanto São Paulo vai gastar a mais?

É inegável - já disse isso antes - que nossos funcionários devem ter aumento. Mas acho que temos que ser conscientes a ponto de votar um projeto sabendo dos efeitos que esse projeto resulta; e nós não temos esses números, não temos o valor inicial de pré-fixação, nós não temos qual o contingente que será atingido, não temos as categorias que vão ser atingidas.

Enfim, estamos votando um projeto no escuro, o que no meu entender é uma vergonha; é um desrespeito para esta Assembleia Legislativa, é um desrespeito para cada parlamentar desta Casa, que não tenhamos, de fato, o cálculo desse projeto. Enfim, fazemos um paralelo com a situação da nossa Peça Orçamentária. Até agora não houve uma manifestação expressa, em especial dos problemas vividos pelo Judiciário e as requisições que foram feitas no sentido de complementação do Orçamento desse poder. E a grande aflição é com relação às despesas e aos investimentos com o pessoal. Salários baixos, quadro pequeno e há uma sensibilidade de cada deputado em ajudar o Poder Judiciário nesse sentido. Nós também já sentimos essa disponibilidade e essa vontade do Governador eleito, Geraldo Alckmin, nesse sentido. Mas ainda não houve essa definição.

Então estamos discutindo o aumento de um teto que se presume beneficiar não sei quantas pessoas, mas um contingente não tão grande, mas de valores altos. E ainda sequer começamos a discutir o que vamos fazer com o Judiciário, que é tão necessário para a população do Estado de São Paulo. Parece-nos totalmente incompatível esse procedimento da Assembleia Legislativa nesse momento. São duas discussões que têm que ser tratadas de forma simultânea, vistas de forma muito séria, e estamos tentando tirar da frente uma das questões, hoje, que é o teto. Não nos parece lógico isso e não dá para entender, de fato, onde esses números vão chegar. E não sei ainda, Sr. Presidente, como é que vamos fazer. Talvez interponhamos um requerimento de informação para o Governo, para o Secretário da Fazenda, para o Governador. Vamos ter que fazer um apelo constante, como base aliada desta Casa, para que o Governo nos encaminhe esses números.

 

O SR. VINICIUS CAMARINHA - PSB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Quero cumprimentá-lo pela preocupação, Deputado. Acabei de falar pelo Art. 82 e expus a preocupação da Bancada do PSB. Mas há uma preocupação mais ampla, que é em relação ao Orçamento, o que nós, parlamentares de cada região, comprometidos com segmentos do Estado de São Paulo, representantes da nossa população, faremos com o Orçamento.

Acabei de dizer a um militar, que acabou de me procurar, que esse projeto não é só preocupante de mérito, como é justo, e acredito que não haja por parte de nenhum partido a rejeição ao mérito, mas a minha preocupação é que pudéssemos resolver definitivamente esse problema porque, todos os anos, temos que aprovar a vigência de uma mesma lei de 2006. Agora, parece-me que com uma emenda aglutinativa, mas que não resolve definitivamente o projeto, senão através de uma PEC. (Manifestação nas galerias.) Eu queria uma discussão mais ampla, começando com a discussão do Orçamento, o que prevê o Orçamento para as categorias do Estado, o que pode ser feito para que, no ano que vem, não precisemos estar aqui com a aflição dos funcionários, uma justa aflição.

Então, Deputado, gostaria de saber o posicionamento do PSDB a respeito do nosso Orçamento, porque estamos a uma semana e meia de encerrarmos os trabalhos da Casa. No dia 17 de dezembro, todos os parlamentares eleitos e o Governador serão diplomados, e portanto estamos nos aproximando do final dos trabalhos legislativos. A minha preocupação, além desse projeto, que é justo e de mérito, é saber qual vai ser o indicativo dentro do Orçamento, não só para essa categoria, mas para a Agricultura, para Secretarias importantes, que mal sequer foi posto aqui em plenário. Gostaria que pudéssemos avançar de forma mais clara e mais objetiva, principalmente para resolvermos esse projeto, que merece a consideração desta Casa.

 

O SR. JORGE CARUSO - PMDB - O PMDB não tem assento na Comissão de Finanças e Orçamento e não temos notícia alguma de como está a discussão na comissão. Esperamos que após uma análise prévia na comissão, os líderes partidários, incluindo V. Exa., sejam chamados para ver o que de fato pensa o Relator do Orçamento, o que o Governo pensa em relação a isso.

Vamos fazer um paralelo com esse projeto: quanto ele representa de acréscimo? Não sabemos. Não temos a menor ideia. Se não temos ideia, como poderemos dizer na semana que vem se isso está ou não previsto no Orçamento do próximo ano? Quer dizer, já foi contemplado com antecedência? O pessoal está agonizando há quatro anos. Está faltando um pouco de sintonia, faltando informação. Não temos, de fato, a menor informação tanto em relação ao Orçamento como em relação a esse projeto. Por isso quando nos colocamos aqui para discuti-lo, estamos falando a respeito do contexto, da forma geral de como está sendo feito, para ver se vai haver cobertura, se o pessoal vai ser pago, se o outro pessoal que está precisando de aumento vai receber, se o Judiciário vai ter seu aumento. O pessoal que está aqui, que ganha 14 mil, se passarmos para 15, 16, 17, não sei se são valores que fogem da realidade do servidor público convencional, mas são tão merecedores quanto os outros, pelo tempo de serviço, pela função e tudo o mais.

Ninguém está discutindo o mérito. São pessoas que merecem salários dignificantes, só que precisamos saber se no contexto a sociedade está contemplada. Precisamos saber o quanto vai dar essa conta. É nossa obrigação como parlamentar, e é vergonhoso, como parlamentar, votar no escuro. É um desprestígio para a Assembleia Legislativa votarmos qualquer projeto de aumento salarial de funcionários, ou de teto - aqui, na verdade, é um aumento disfarçado. É um aumento de teto, mas acaba gerando aumento salarial para muita gente. Como podemos votar assim? Como podemos antecipar etapas, sem saber se isso está contemplado no Orçamento? Aí o Líder do Governo vai dizer na semana que vem o seguinte: “Não, precisamos mexer numa rubrica para cobrir isso.” Na semana que vem ele vai trazer a conta disso para aumentar? Não sabemos.

Talvez, por ser um ano eleitoral, foi um ano confuso, corrido. Sabemos dos esforços do nosso Líder de Governo, Deputado Vaz de Lima, para procurar harmonizar acima de tudo as relações do Executivo com esta Casa, os esforços do nosso Presidente, Deputado Barros Munhoz, mas achamos que neste momento o pessoal deixou de pensar um pouquinho. Vossa Excelência citou a questão da emenda aglutinativa; eu não vi emenda aglutinativa nenhuma até agora. E recuso-me a subscrever uma emenda dessa natureza, porque não conheço seu conteúdo e não sei qual seria o impacto disso. É esse o pedido para os Srs. Líderes, que o Governo torne transparente esses números, que sente com os Srs. Líderes e faça uma discussão um pouquinho diferenciada.

Então não dá para aceitar a forma de votação colocada nesse projeto. Isso é absurdo e atenta contra a decência de cada parlamentar desta Casa. Vai ser muito triste votar alguma coisa dessa natureza. É um atestado, para nós mesmos, de incapacidade muito grande. Por isso, entendo que o momento é para esclarecer, para suspender uma discussão dessa natureza até que tenhamos de fato esclarecido todos esses pontos, que aí esse projeto vai ser votado da forma mais natural possível. Mas, por ora, entendemos que ainda não é possível.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Em discussão. Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado José Cândido, pelo tempo regimental.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente que assiste a essa discussão importante sobre o Projeto de lei 1284/09.

Quero aproveitar este momento para convidar os Srs. Deputados, as Sras. Deputadas e o público em geral para comparecer a uma Sessão Solene, a ser realizada no dia 10 de dezembro, sexta-feira, às 20 horas, convocada pelo nosso Presidente, a ser presidida pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos, com a finalidade de homenagear com o prêmio Santo Dias o Desembargador Antonio Carlos Malheiros, Pedro Yushi, “in memoriam” e a Associação de Policiais Militares Portadores de Deficiência do Estado de São Paulo. É a primeira vez que o prêmio foi dividido em três.

Sr. Presidente, eu me inscrevi para falar a favor do projeto porque pertenço ao Partido dos Trabalhadores, e o PT sempre é a favor quando se trata de algum tipo de benefício ao trabalhador, seja de baixo ou de alto escalão.

Mas ontem estive observando nas entrelinhas as emendas feitas e as prorrogações; li alguns comentários de técnicos e cheguei à conclusão de que não podemos votar favoravelmente a esse Projeto de lei que prorroga, desde 2005 até 2010, um salário congelado do Governador, do vice-Governador e dos Secretários.

Está havendo uma embromação, porque automaticamente os funcionários graduados fazem parte desse aumento. É muito fácil congelar o subsídio do Governador, do vice-Governador e dos Secretários e automaticamente congelar também os salários, deixando as PECs e as emendas dos Deputados de lado. Só posso votar favoravelmente se algumas dessas emendas, de parecer contrário, forem votadas favoravelmente e serem incluídas nessa embromação que vejo na prorrogação.

Cedo um aparte ao nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - O que estamos propondo, Deputado José Cândido, é que o projeto seja aprovado porque, com o teto do Governador estando congelado há tanto tempo, pessoas estão sendo prejudicadas.

Vejo Deputados todos favoráveis ao projeto, mas não deixam votar o projeto. Eles acabam pedindo verificação e o projeto não é aprovado. Teríamos a chance de corrigir imediatamente o salário, e isso envolve pessoas da Polícia Civil, da Polícia Militar, pilotos da antiga Vasp, que estão com os seus salários congelados, engenheiros do DAEE, os fiscais da Receita Estadual; todas essas pessoas estão com os seus salários defasados. Todos os funcionários de autarquia de São Paulo têm o teto e São Paulo está perdendo quadros excepcionais.

Peço que o projeto seja aprovado como está, porque já é um avanço, sem dúvida alguma. Dos 14,2 mil que temos, são tirados do funcionário 11% de Previdência, 27,5% de Imposto de Renda e não sobra nada do salário; o salário é achatado e defasado, como está há mais de cinco anos. Se o projeto for aprovado como está, seria um grande avanço.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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Quanto mais nós discutirmos, quanto mais nós pedirmos verificação, mais estamos prejudicando. Estamos fazendo política em cima de salário. Essa luta do Deputado Vitor Sapienza é minha, mas não é só nossa, é de todos os Deputados. Ao protelar a aprovação, estamos tirando dinheiro do bolso do funcionário estadual.

A PEC está muito distante, seria para cuidarmos disso no ano que vem. O que peço agora é que o projeto seja aprovado do jeito que está. Essa prorrogação do exercício de 2010, efeito da Lei 12.473/06, vamos deixar do jeito que está, porque é o que temos à mão. Não temos a PEC para ser melhorada, e disso vamos cuidar no ano que vem.

Peço aos Deputados que estão fazendo obstrução, que estão dizendo que são favoráveis mas não deixam votar, que mudem essa conduta, para votarmos o projeto imediatamente. Muito obrigado, nobre Deputado José Cândido.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Nobre Deputado, em 2005, o Governador, o vice-Governador e os Secretários já tinham um teto de 14.850 reais. Esse teto continua até 2009, e talvez seja prorrogado para 2010.

Temos aqui três emendas dos Deputados da base. A emenda do Deputado Davi Zaia eleva o teto para 18.721,35 reais; a emenda do Deputado Said Mourad eleva para 19.955,31 reais e a emenda do Deputado Roberto Morais eleva para 17.251,46 reais o subsídio do Governador, para 16.500 reais o subsídio do vice-Governador e para 13.000 reais o dos Secretários.

Se essas emendas tivessem parecer favorável, automaticamente seria aceita também a reivindicação de todos os funcionários de carreira. Se continuarmos com o mesmo salário de 2005, as reivindicações vão continuar. Sou favorável a qualquer tipo de aumento. Mas não dá para ser favorável a congelamento, pois todos os funcionários do Executivo que têm direito a um aumento também ficarão com os vencimentos congelados. Essa é a interpretação desde deputado. Vossa Excelência falou sobre a PEC. É uma maneira de resolvermos esse problema.

O nobre Deputado Said Mourad, em sua Emenda n° 2 ao Projeto de lei nº 1284, de 2009, justifica da seguinte forma:

“O projeto de lei 1284/2009 visa dar cumprimento à Emenda Constitucional n.º 20, de 8 de abril de 2005, que resultou na alteração do inciso V do artigo 20 da Constituição do Estado de São Paulo, passando a determinar que a fixação do subsídio do parlamentar seja efetuada para cada exercício financeiro.

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou no dia 26 de agosto de 2008 a Emenda Constitucional No. 54 que fixa o teto remuneratório dos servidores públicos do Estado, que agora passa a ter como limite máximo o subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça estadual.

Já a Assembleia Legislativa de Goiás aprovou e promulgou no último dia 16 de setembro de 2008 a Emenda Constitucional No. 42, que estabelece o subteto único salarial dos servidores públicos do Estado vinculado ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça.

Com estes dois casos a Federação já possui 9 (Nove) Estados com subtetos únicos dos servidores públicos vinculados ao subsídio dos desembargadores estaduais, são eles Paraná, Rio Grande do Sul, Amapá, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Goiás e Minas Gerais.”

O Estado de São Paulo é o mais desenvolvido do País, com a maior Assembleia Legislativa da Federação. Por que essa PEC está parada? Vejo a necessidade de votar favoravelmente ao projeto, desde que a Mesa Diretora dê parecer favorável. Nada nos impede de discutirmos as emendas, mesmo com parecer contrário das comissões afins, para que pelo menos uma dessas emendas passe a vigorar. Não tem sentido ficarmos aqui enxugando gelo. Concordo plenamente com o nobre Deputado Edson Ferrarini, mas temos de discutir até o fim e votar, desde que pela melhoria da situação do povo paulista. É uma vergonha Estados menos desenvolvidos já terem regulamentado a situação e nós, no Estado de São Paulo, ficarmos empurrando com a barriga. Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha.

 

O SR. VINICIUS CAMARINHA - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, assomo à tribuna para, em primeiro lugar, expor uma grande preocupação quanto ao Orçamento. Reitero a preocupação da Bancada de PSB quanto ao maior Orçamento do País. Temos 140 bilhões de reais, quase 40 bilhões em capacidade de investimento, diversos pleitos de inúmeras categorias para serem discutidos em apenas uma semana.

Nobre Deputado Samuel Moreira, líder do PSDB, V. Exa. cumpriu a liderança do PSDB como poucos deputados desta Casa, foi um grande líder, ajudou a resolver problemas em relação ao funcionalismo público, a investimentos do Estado. Indago V. Exa.: estamos a uma semana de votarmos o principal Orçamento da Federação e não temos tempo hábil para discutir tantos outros projetos.

Ouço deputados - que merecem todo meu respeito - dizerem que a discussão do projeto significa obstrução. Ora, Sr. Presidente, a discussão é para buscarmos um entendimento para melhorar o projeto. Quantos projetos não foram melhorados por meio do debate? O SPPrev, o projeto sobre os funcionários da Educação, vários projetos foram sendo melhorados com o diálogo, com sugestões que foram surgindo. Essa é a ideia. Para resolvermos esse problema, precisamos desvincular o funcionalismo do teto do Poder Executivo. Esse é o principal problema. E não ficar, ano após ano, com uma angústia dos nobres Deputados Vitor Sapienza, Edson Ferrarini, Vaz de Lima, além do próprio Presidente desta Casa. Não é isso que a Bancada do PSB deseja. Não é isso que a grande maioria dos líderes, que a Bancada do PMDB deseja que ocorra. Queremos melhorar o projeto.

Não dá para, desde 2006, com tantos projetos a serem votados, ficarmos discutindo uma coisa óbvia, de mérito justo. Vejo o nobre Deputado Vitor Sapienza, que foi um dos grandes presidentes desta Casa, acompanhei a angústia do nobre deputado ao vê-lo, todos os anos, tentando resolver esse problema. Quantas vezes vi V. Exa. no Colégio de Líderes pedindo a aprovação de uma PEC. Dizem que não temos tempo. Temos tempo. Vamos discutir o Orçamento do Estado de São Paulo, de 140 bilhões de reais, com diversas secretarias, em uma semana, como não temos tempo para resolver isso por meio de uma PEC? Temos como resolver esse problema sem ter de dar um jeitinho o tempo todo, com diversas categorias sendo prejudicadas, com a agonia de pensar que um projeto como esse não vai ser votado.

Cedo um aparte ao nobre Deputado José Cândido.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Ouvi V. Exa. falando do esforço do nobre Deputado Vitor Sapienza. Seria importante se já tivéssemos discutido e votado porque, a cada ano, subiria. Começaria com 68% do subsídio e, a cada ano, não precisaríamos ficar mendigando e discutindo. Até 2015, haveria a equiparação. Ou seja, o escalonamento beneficiaria todos, sem precisar dessa angústia, conforme V. Exa. está dizendo.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Muito bem, Deputado José Cândido. Acho que vamos enxugar gelo, ano a ano, e há tantas outras categorias que dependem do Chefe do Executivo, que estabelece o teto salarial.

 

O SR. Jorge Caruso - PMDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Camarinha, queria consultar V. Exa., como líder, se sabe qual vai ser o teto que vamos votar.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Excelência, ia chegar a essa questão. O projeto reitera a vigência de uma lei de 2006, para que possa viger no próximo ano. Ótimo, mas a vigência da lei de 2006, salvo engano, é um valor de R$ 14.400,00. Então, vai viger o valor de R$ 14.400,00, que não é o caso. Parece-me que isso não contempla e não é a solução para o projeto. Existem três emendas rejeitadas pelas devidas comissões, que estipulavam um teto maior de 19, 18 e 17 mil reais. Mas, como disse, foram rejeitadas.

 

 O SR. Jorge Caruso - PMDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado, a fundamentação da rejeição das emendas diz que não são cabíveis porque aumentam despesas. Tanto o parecer da Comissão de Constituição e Justiça quanto o da Comissão de Finanças e Orçamento são nesse sentido.

A dúvida que reside nesse projeto é que estamos discutindo e indo à votação de algo que não sabemos. Vai ficar o mesmo valor? Tem alguma emenda aglutinativa? Vossa Excelência foi convidado a assinar alguma emenda aglutinativa aumentando o valor? Eu não fui, nem do novo valor e, como já disse anteriormente, não sabemos sequer o impacto disso na Peça Orçamentária.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Ouvi atentamente, Deputado Caruso, o requerimento de V. Exa. - não sei se ao Governo, ao Líder ou a qual Secretaria - pedindo números. Qual o teto que vai ser aprovado nesse projeto? Primeiro, o requerimento de V. Exa. é vago, porque pede a explicação de um teto que não existe. Não há números para essa Assembleia poder discutir.

Teremos que ter um novo número, que viria por meio de alguma emenda aglutinativa ou de qualquer outro processo legislativo, para, a partir desse número, sabermos qual a garantia orçamentária que os funcionários terão para o recebimento.

Parece que é brincadeira, trololó, conversa-fiada, mas a verdade é que isso precisa estar previsto no Orçamento, sob pena de as pessoas ficarem na dependência de remanejamento do Poder Executivo, de remanejar de uma Pasta para outra. E qual a garantia que teremos de que o Governo vai fazer remanejamento de Pasta para atender ao teto dos servidores?

Assim, é importante fazermos um trabalho que dê garantia. Repito: vamos votar o Orçamento em uma semana e meia. Como é que não vamos achar uma solução? Qual é o impacto desse projeto no Orçamento? Há alguma garantia orçamentária? Há alguma emenda? O relator pronunciou-se sobre a previsão de gastos?

 

O SR. VITOR SAPIENZA - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Camarinha, há dotação orçamentária específica para essa finalidade. São 600 milhões de reais que constam do Orçamento, beneficiando aproximadamente 11.800 funcionários.

Tenho acompanhado a exposição de Vossa Excelência. Razões, em alguns aspectos, V. Exa. tem quando aborda a PEC e a discussão orçamentária. Porém, quando V. Exa. menciona a dotação orçamentária, quero esclarecer que ela existe, que existe a quantidade de funcionários que poderão vir a ser beneficiados com a aprovação do mencionado projeto.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Deputado Vitor, com toda a admiração, é uma satisfação ter um aparte de V. Exa., que é um grande líder, o mais velho e merece o nosso respeito, o nosso reconhecimento e todas as considerações de um homem da envergadura política de Vossa Excelência.

A Comissão de Finanças e Orçamento ainda não encerrou os trabalhos. Não tivemos o encerramento. Precisamos, de alguma forma, amarrar o comprometimento com as bancadas de que toda essa despesa que vai acarretar consequência orçamentária seja garantida. Lá na frente, não sabemos qual será o desfecho desses recursos que estão previstos no Orçamento. Poderão vir outras categorias e, por exemplo, disponibilizar recursos para aumento aos professores. Há tantas outras importantes categorias que merecem ser discutidas.

Deputado Sapienza, reconheço o seu trabalho em prol dessa categoria. Vossa Excelência ficou emocionado no Colégio de Líderes. Eu estava como líder da Bancada do PSB. Da mesma forma, o Deputado Barros Munhoz, que assumiu o compromisso de pautar esse projeto, e pautou. Muitos servidores estão tendo os salários diminuídos em função de um problema legislativo, um problema legal, que de fato seria resolvido com a solução que V. Exa. já expôs há muito tempo por meio da PEC 300, que, para nós, seria uma solução definitiva.

Mas não podemos fazer, Deputado, se há caminhos que possam ser melhores para esse projeto. Vamos ter uma semana para discutir o Orçamento do Estado de São Paulo. Vossa Excelência sabe o que representa o Orçamento de São Paulo melhor do que eu porque presidiu esta Casa; sabe o que representam 140 bilhões de reais, que nem sequer foram devidamente debatidos em plenário.

Dizia ao Deputado Barros Munhoz, que foi Ministro da Agricultura, do meu descontentamento com um bilhão de reais destinados à Agricultura. Sou do interior e vejo a luta do pequeno produtor, do plantador de melancia, de cidades pequenas que não têm condições de ter um trator. O Secretário de Estado da Agricultura expôs essa angústia a mim, pessoalmente. Vossa Excelência é um defensor da Agricultura e sabe o que é preciso ser feito.

Estou dando exemplo, Deputado Sapienza, de uma Secretaria. Não tenho dúvida de que vamos melhorar esse projeto, vamos dar uma garantia aos servidores. Queremos que a solução seja definitiva e não fiquemos, ano a ano, na angústia de aprovarmos projetos como esse, de vigência de uma lei de 2006. Ou seja, estamos há praticamente quatro anos...

 

O SR. VITOR SAPIENZA - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Sem reajuste.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Sem contar os reajustes.

 

O SR. VITOR SAPIENZA - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Não, não houve reajuste algum.

 

O SR. Vinícius Camarinha - PSB - Sem contar a falta de reajustes inflacionários a uma categoria que é responsável pela arrecadação do Estado. Se V. Exas. quiserem montar um complô contra o Estado, têm poder para isso - muito embora ilegal, não merece o meu reconhecimento, acho que não é o caminho. Mas saibam que se houver um boicote da Secretaria de Estado da Fazenda, o Estado perde.

Portanto, o que queremos, o que a Bancada do PSB deseja é melhorar e resolver definitivamente os entraves do projeto. Quero dizer aqui, em público, sobre o reconhecimento da nossa bancada em prol do trabalho específico de V. Exas., Deputado Vaz de Lima e Deputado Barros Munhoz, representando a angústia de todos os beneficiários deste projeto. A bancada do PSB tem total disposição em aprovar projetos como este que beneficia o Estado de São Paulo. A população do Estado está sendo prejudicada e não deveria ser dessa forma. Não é concomitante continuarmos estipulando os salários dos servidores com o teto do Poder Executivo.

Espero ter colaborado. Queremos de fato resolver esse problema. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, para falar a favor, o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias interessado na elevação do teto do funcionalismo público, telespectadores da TV Assembleia, estou nesta Casa como deputado desde 2003. Fui Líder do PT de 2007 a 2008. Desde que me conheço como deputado se discute esse tema sem solução, mas, me parece, agora teremos a votação de uma emenda aglutinativa que está sob análise dos líderes para que tomemos uma decisão a respeito.

É uma hipocrisia o que ocorreu nesses anos todos. O Governador José Serra, que já deixou o Governo, impedia a sua base de aprovar, seja um projeto de emenda à Constituição, seja um projeto de lei que aumentava o salário do governador para que, através dele, se balizasse o aumento de salário para muitas categorias e carreiras do Estado. Mas, por demagogia, deixava o salário do governador na faixa de 11 mil reais, e, com isso, veio segurando a possibilidade de crescimento salarial em várias carreiras.

Lembro-me que no final de 2007 chegamos a fazer um acordo entre os líderes, coordenado pelo nobre Deputado Vitor Sapienza, e que depois, acordada a votação, a pressão do Governo obrigou a retirada do projeto da pauta. Já tínhamos um acordo, inclusive com o apoio da bancada do PT, para votar naquela ocasião. Mas a pressão do Governo para cima dos seus líderes e seus deputados não permitiu. Temos agora essa possibilidade.

Queremos que o projeto seja votado e que seja possível a discussão sobre a justa remuneração daqueles que trabalham para que o Estado aumente a sua arrecadação. Quero lembrar que o Orçamento do Estado vem crescendo: no primeiro ano desta Legislatura, em 2007, foi de 85 bilhões; em 2008, foi de 95 bilhões - é lógico que na realidade o orçamento foi bem maior porque o Governo pratica aquela ação de subestimar o orçamento -; em 2009 foi de 116 bilhões; e, em 2010, foi de 125 bilhões - na verdade, será de 140 bilhões. Ou seja, nos últimos três anos houve mais de 50% de aumento. Há também o trabalho do funcionalismo público, principalmente dos auditores e fiscais de renda que têm ajudado nisso.

É então justo que tenhamos espaço para que essas categorias possam negociar seus aumentos. Hoje o secretário de Educação veio a esta Casa, na Comissão de Educação. Conforme determina a nossa Constituição, os secretários têm de vir prestar contas. Havia muitos representantes de várias categorias profissionais, como a Apeoesp que reúne professores, dirigentes de ensino e representantes dos aposentados de Ensino. E questionamos o secretário: “Secretário, há quase cinco anos as carreiras da Educação não têm reajuste!” Há margem na Lei de Responsabilidade Fiscal para que o Governo recupere os salários, mas me parece que o fundamento das decisões deste Governo está atrasado e superado. Eles se baseiam em intelectuais, autores do Consenso de Washington, do neoliberalismo que diz atender reivindicações dos funcionários do Estado, da população, e que o reajuste vai aumentar a despesas do Estado. “E se o Estado aumentar suas despesas haverá o risco de aumento da inflação, e então vamos segurar.”

É assim que o governo pensa, e hoje não se gasta nem os 41% do Orçamento do Estado com o funcionalismo, quando a Lei de Responsabilidade Fiscal permite até 51, 52 por cento. Há então margem, sem prejudicar os investimentos em atender as categorias. Porém, existe uma pressão sobre os funcionários públicos do Estado.

Li uma reportagem, dias atrás, que o Governador Geraldo Alckmin, agora eleito, pretende trabalhar de modo diferente do que trabalhou o Governador José Serra. Eles identificaram em alguns setores do funcionalismo uma oposição muito forte ao Governo, como na Educação, na Segurança Pública - policiais. Eles estão pensando em dar uma recuperada e acenar com algumas coisas. Espero que isso ocorra não só nessas categorias, essenciais para recuperar a qualidade da Educação. Li um editorial da “Folha de S. Paulo”, um jornal muito simpático ao Governo do Estado, muito alinhado com as suas políticas e criticando a situação da Educação, dizendo que o governo não quer contratar professores ou diretores de escola através de concurso porque isso oneraria os gastos do governo. O secretário, hoje, não conseguiu responder a isso, e disse que não era verdade que não houve reajuste. Afirmou que há alguns bônus e que criaram um programa, a prova, o que é um absurdo.

Estive em São João da Boa Vista no sábado e encontrei sete professores da rede pública. Elas falaram que fizeram a prova, que foram classificadas, mas que não foram promovidas e nem tiveram aumento salarial. Perguntaram-me o que havia acontecido. Eu falei “Olha, é uma armadilha, uma ilusão.” Já alertamos sobre isso. O editor da “Folha de S. Paulo” reconhecia que os péssimos salários refletem na qualidade do serviço público e, com um pouco de vergonha, defendeu uma nova atitude do governo em relação a essa situação.

Penso que isso tem de ser encarado com luta, com mobilização das categorias. Mas o Governo tem sido muito cruel com o funcionalismo. Isso reflete na manchete do jornal “Folha de S.Paulo” sobre um exame que a Organização dos Países em Desenvolvimento faz todo o ano com alunos da rede pública de mais 50 países, entre eles o Brasil.

A boa notícia é que há uma percepção de melhoria no aprendizado dos alunos em várias disciplinas, como matemática, ciências e português. Mas ele faz uma análise dos estados, mostrando que São Paulo, o estado mais rico, mais forte economicamente, está em sétimo lugar entre os estados brasileiros nessa área da qualidade do aprendizado. É uma vergonha para Estado de São Paulo.

Questionei hoje o secretário de não ter um plano estadual de Educação, porque na última campanha, ele viu o candidato a presidente, José Serra, defendendo um pacto nacional para a Educação. Ora, como ele teria condições de exigir e propor isso em nível nacional se aqui eles não fazem a lição de casa?

Então, está na hora de vencermos esse problema, votarmos esse projeto, aumentando o salário do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários, embora, como disse o Deputado Rui Falcão, no seu brilhante discurso ontem, alguns não mereçam, porque são péssimos funcionários, como o ex-Secretário de Segurança Pública que agora foi anunciado como Secretário de Transportes. Infelizmente, o Governador Geraldo Alckmin traz de volta figuras que nós havíamos entendido que estavam banidas da política, ressuscita umas figuras sinistras, como esse Secretário. E alguns não merecem porque foram péssimos como funcionários.

Mas vamos deixar de hipocrisia. O Secretário de Estado tem um sobrinho que passou num concurso público, entrou na Caixa Econômica Federal, não tem nível universitário e ganha três mil reais. Quer dizer, um Secretário ganhar menos de R$10.000, dificilmente poderíamos ter bons profissionais em áreas estratégicas para ajudar a desenvolver e alavancar políticas públicas. É mais do que necessário votarmos e ajustarmos os salários do Governador e dos Secretários, mas que essa não seja uma atitude isolada.

Quero lembrar que vamos votar provavelmente favorável, na emenda aglutinativa, estou aguardando a orientação do nosso Líder, para que encerremos esse debate definitivamente e passemos a outros mais interessantes. Mas não podemos nos esquecer de outras categorias que sofrem com o achatamento salarial, com o arrocho, como bem disse há pouco na área de Educação - é uma vergonha; na área de Segurança Pública - é uma vergonha - e sem isso nós não vamos conseguir avançar na melhoria das políticas públicas e em várias áreas do Estado de São Paulo, que deve e tem uma dívida muito grande com essa população imensa, trabalhadora, que é a população da sociedade paulista. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Não havendo mais oradores inscritos, está encerrada a discussão.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por 10 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Enio Tatto e suspende a sessão por dez minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 18 horas e 34 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 42 minutos sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, 10 minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de apreciar a seguinte Ordem do Dia:

- Veto - PL 155/06, de autoria da Deputada Maria Lúcia Prandi,

- Veto - PL 33/09, de autoria da Deputada Haifa Madi.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, solicito a suspensão da sessão por mais cinco minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Em face do acordo, a Presidência suspende os trabalhos por cinco minutos lembrando que estamos próximos do encerramento da sessão e precisamos deliberar.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 18 horas e 44 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 49 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Não havendo mais oradores inscritos está encerrada a discussão.

Há sobre a mesa emenda aglutinativa com número regimental de assinaturas dos Srs. Líderes.

 

O SR. JORGE CARUSO - PMDB - Desculpe-me, Sr. Presidente, pois não sei se me antecipei, mas há poucos minutos correu cópia da Emenda Aglutinativa. E, salvo engano, o PMDB, desde já, invoca o artigo 175, inciso IV, parágrafo 1º, discordando de qualquer emenda aglutinativa em votação neste momento. Requeiro, portanto, a sua publicação e adiamento por um dia.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V.Exa. é regimental. Assim sendo, esta presidência determina que seja publicada no Diário Oficial de amanhã a Emenda Aglutinativa, figurando o projeto na Ordem do Dia de amanhã como item primeiro - votação adiada.

 

O SR. CELSO GIGLIO - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo de líderes, peço o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V.Exa. é regimental.

Srs. Deputados, havendo acordo de líderes esta presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão de hoje, lembrando-os da sessão extraordinária a realizar-se hoje às 19 horas.

 

O SR. ANTONIO SALIM CURIATI - PP - Sr. Presidente, é para registrar um problema de ordem administrativa. Estou nesta Casa há muito tempo e estou preocupado com as poltronas que não têm rodinhas; tiraram as rodinhas. Solicito a V.Exa. informar à Administração e que sejam colocadas novamente as rodinhas, porque as poltronas são pesadas e as deputadas estão reclamando.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V.Exa. será encaminhado. Obrigado.

Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 52 minutos.

 

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