10 DE NOVEMBRO DE 2009

158ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: DAVI ZAIA, OTONIEL LIMA e BARROS MUNHOZ

 

Secretário: ED THOMAS

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - RUI FALCÃO

Comenta dois artigos da "Folha de S. Paulo", o primeiro, de autoria da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, sob o título "Universidade Taleban" e o outro, de Elio Gaspari, intitulado "Duas crises financeiras, dois resultados". Dá conhecimento de encontro, realizado ontem, na sede do PDT, que contou com a participação dos partidos: PT; PDT; PCdoB; PSB; PTN; PSL; PPL; PSC, PRB e PPL, com a finalidade de formular um programa alternativo e construir, coletivamente, a tática eleitoral de 2010.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Relata reunião com a comunidade escolar da Escola Estadual "Alberto Torres", no bairro do Butantã, nesta Capital, para tratar do possível fechamento da unidade. Diz que, além do prédio da escola estar em reforma, orçada em, aproximadamente, 500 mil reais, existe demanda suficiente na comunidade para a manutenção da referida escola.

 

004 - OLÍMPIO GOMES

Lamenta a morte do policial militar, tenente Carlos Henrique Pontual, atingido por tiros de fuzil ao abordar um veículo suspeito, nas proximidades da Rodovia Presidente Dutra. Pede ação rápida e exemplar dos órgãos competentes para coibir esse tipo de crime.

 

005 - CONTE LOPES

Associa-se ao pronunciamento do Deputado Olímpio Gomes. Ressalta que é urgente a necessidade de adotar medidas que garantam a vida dos policiais.

 

006 - EDSON FERRARINI

Associa-se aos pronunciamentos dos Deputados Olímpio Gomes e Conte Lopes. Fala sobre o trabalho de recuperação de pessoas viciadas em álcool e drogas, realizado em instituição que mantém nesta cidade.

 

007 - MILTON FLÁVIO

Tece comentários sobre o fato ocorrido na Uniban. Considera que esta Casa agiu e pressionou adequadamente, o que resultou na reintegração da aluna aos quadros da universidade. Alerta sobre a importância de se rejeitar qualquer tipo de ato de intolerância.

 

008 - Presidente OTONIEL LIMA

Saúda a presença de alunos da Escola Estadual "Doutor Francisco Tozzi", de Águas de Lindoia, acompanhados pelas professoras Maria de Lourdes Aparecida Canela Almeida e Nilza Aparecida Araújo, convidados do Deputado Edmir Chedid.

 

009 - MARCOS MARTINS

Dá conhecimento da realização do ato solene de lançamento Estadual da Campanha "Mesotelioma: você conhece esta doença?".Salientou a importância do cumprimento da lei, de sua autoria, que proíbe a utilização do amianto, que é uma matéria-prima cancerígena.

 

010 - Presidente OTONIEL LIMA

Anuncia a visita de seu convidado, o Senhor José Alexandre Sierra, empresário do setor automotivo.

 

011 - VANDERLEI SIRAQUE

Registra que serão implantadas Defensorias Públicas nos municípios de Santo André e de Mauá, logo que for realizado o concurso para o provimento das 100 vagas, aprovadas por esta Casa. Destaca a importância da instalação deste órgão para as classes menos favorecidas, que não têm condições financeiras para contratar advogados particulares.

 

012 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - ED THOMAS

Relata sua participação em homenagem da Fiesp ao vice-presidente da República José Alencar. Manifesta o seu apoio às PECs federais 300, relativa aos policiais militares, e 308, que trata dos agentes penitenciários. Afirma que o serviço do SAMU precisa de melhorias, ao relatar dificuldades no atendimento de idosa. Fala portal sobre o "pé diabético". Cita projetos de sua autoria, sobre clínicas de oxigenação hiperbárica, bem como de clínicas públicas para adultos dependentes de drogas e álcool.

 

014 - PEDRO TOBIAS

Relata problemas nas cápsulas de equipamentos e radioterapia e quimioterapia nas cidades de Santos, Bauru e Marília. Cobra fiscalização e responsabilidades dos órgãos competentes, em todas as esferas de poder.

 

015 - MILTON FLÁVIO

Discorre sobre a queda na radiação das bombas de cobalto, em hospitais de Santos, Bauru e Marília. Afirma que o tratamento é alternativa a casos de câncer de próstata, quando a cirurgia pode ser evitada. Recorda projeto sobre as classes hospitalares, e veto  proposto pela ex-secretária da Educação Rose Neubauer. Fala da expectativa quanto à deliberação e cita os benefícios de  projeto de lei, de sua autoria, que trata das hepatites virais. Lamenta a descontinuidade administrativa. Recorda episódio do ministro Temporão sobre a gripe suína. Discorre sobre a transmissão das hepatites virais. Fala da contaminação que pode afetar manicures e suas clientes. Cita iniciativa do secretário Afif Domingos de financiar equipamentos de higienização. Comenta sugestões sobre a matéria, apresentadas pelo Secretário de Estado de Saúde. Afirma que o Governo Federal deveria adotar medidas propostas na lei sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas.

 

016 - MARIA LÚCIA PRANDI

Faz convite para sessão solene em homenagem ao "Grupo Esperança", dia 16/10, às 10 horas, que lida com pacientes com hepatite "C" e discorre sobre o assunto. Lamenta que a cidade de Santos tenha os maiores índices de óbitos por câncer de mama. Fala dos problemas em equipamentos de radioterapia dos hospitais de Santos, Bauru e Marília. Cita audiência pública em Santos sobre a  questão. Faz referências ao SIM - Sistema Intermetropolitano, o veículo leve sobre trilhos e a ligação seca entre Santos e Guarujá.

 

017 - ORLANDO MORANDO

Pelo Art. 82, protesta contra o episódio ocorrido na UNIBAN, onde uma aluna  passou por ameaças e constrangimento ilegal e atribui a responsabilidade integral à universidade. Relata que foi aluno da primeira turma do Curso de Direito da UNIBAN e teve que ir à Brasília para ter o seu diploma reconhecido. Informa que, nessa época (1998 a 2001), o prédio da UNIBAN era o antigo prédio da Autolatina e os alunos eram transportados em elevadores de carga. Comenta que o vice-diretor da UNIBAN era membro do Conselho Nacional de Educação e sugere que essa universidade passe por uma fiscalização do MEC.

 

018 - SIMÃO PEDRO

Para comunicação, responde ao Deputado Orlando Morando e diz que uma liderança do PT, a ex-Ministra Marta Suplicy, publicou um artigo na "Folha de S. Paulo" criticando o comportamento da Universidade e dos alunos. Comenta que a mobilização da sociedade fez com que a UNIBAN voltasse atrás e não expulsasse a aluna.

 

019 - DONISETE BRAGA

Pelo Art. 82, diz que não se pode partidarizar esse episódio. Lembra que vivemos em um estado democrático de direito e que as pessoas têm condições de se defender. Informa ter participado de seminário na Câmara Municipal de Mauá, que contou com a presença do Senador Aloízio Mercadante.

 

020 - ORLANDO MORANDO

Para comunicação, afirma que não compartilhava dos discursos do Deputado Simão Pedro e do Deputado Donisete Braga. Diz que o Deputado Federal Vicentinho e o prefeito Luís Marinho foram garotos-propaganda da UNIBAN.

 

021 - DONISETE BRAGA

Para comunicação, afirma que sempre defendeu o estado democrático de direito, em que as pessoas podem ter direito de defesa e que o Deputado Orlando Morando trazia questão de caráter partidário.

 

022 - ORLANDO MORANDO

Para comunicação, diz que não tem preconceito  e que falou a verdade. Afirma que o aluno é a grande vítima da UNIBAN.

 

023 - DONISETE BRAGA

Para comunicação, registra que a UNIBAN concordou em rever a forma antidemocrática com que expulsou a aluna. Diz que não concorda com a questão partidária e que também havia sido aluno da UNIBAN.

 

024 - ORLANDO MORANDO

Para comunicação, diz que não concordava com a postura do Deputado Donisete Braga em relação ao Prefeito Dib.

 

025 - SIMÃO PEDRO

Para comunicação, diz que era preciso garantir o direito da aluna e que não se deve ligar esse fato a uma demanda partidária. Informa que enviou ofício ao Presidente Barros Munhoz, no qual sugeria que o sistema de informática da Casa permitisse a utilização de software livre e que criasse um grupo técnico de trabalho para encontrar uma forma de uso duplo.

 

026 - ANTONIO MENTOR

Por acordo de Lideranças, requer a suspensão dos trabalhos por 30 minutos.

 

027 - Presidente DAVI ZAIA

Acolhe o pedido e suspende a sessão às 17h08min.

 

028 - Presidente BARROS MUNHOZ

Reabre a sessão às 17h44min. Dá conhecimento da íntegra de ofício do Tribunal de Justiça, que reconsidera a decisão de liminar da mesma instituição, que interrompeu a tramitação do projeto que trata do orçamento para o exercício de 2010. Assim, inexistindo óbice ao PL 891/09, comunica a reabertura da 13ª sessão para apresentação de emendas, a partir do dia 11/11/09.

 

ORDEM DO DIA

029 - Presidente BARROS MUNHOZ

Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovados requerimentos de urgência: do Deputado Campos Machado, ao PL 12/09; e do Deputado Vaz de Lima, ao PL 552/09. Põe em votação e declara aprovado requerimento do Deputado Roberto Felício, para criação de comissão de representação, a fim de participar da 4ª Conferência Estadual da Educação, no período de 17 a 19/11, em Serra Negra, SP.

 

030 - ROBERTO FELÍCIO

Solicita a suspensão dos trabalhos por 15 minutos, por acordo de Lideranças.

 

031 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra o pedido. Convoca a Comissão de Finanças e Orçamento para uma reunião extraordinária, hoje, às 17 horas e 55 minutos. Defere o pedido do Deputado Roberto Felício e suspende os trabalhos por 15 minutos, às 17h53min.; reabrindo-a às 18h22min. Convoca uma sessão extraordinária, a realizar-se hoje, dez minutos após o término da presente sessão.

 

032 - HAMILTON PEREIRA

Requer o levantamento da sessão, com o assentimento das Lideranças.

 

033 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 11/11, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, hoje, às 19 horas e 10 minutos. Levanta a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Ed Thomas  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - ED THOMAS  - PSB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Davi Zaia. 

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o primeiro orador inscrito para falar no Pequeno Expediente o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhores funcionários, telespectador da TV Assembleia, público que acompanha os nossos debates das galerias, serei breve em relação a dois assuntos porque quero me deter em um de maior relevância.

O primeiro deles diz respeito a um artigo de hoje da ex-Ministra, ex-Prefeita Marta Suplicy, publicado na “Folha” intitulado “Universidade Taleban”, cuja leitura recomendaria a todos.

Mesmo tendo o reitor da Uniban revogado a decisão de expulsar a estudante Geisy Arruda, em nome da luta pelas mulheres, pela igualdade de gênero, também contra todo tipo de discriminação, preconceito, falso moralismo, intransigência, intolerância e os riscos que isso representa para a volta do fascismo é importante destacarmos este artigo, que passo a ler para que contes dos Anais da Casa:

“Universidade Taleban

Marta Suplicy

Há coisas que assustam pelo seu inusitado ou inesperado.
Outras assustam porque, além de surpreendentes, são indicadoras de situações preocupantes. O caso da aluna Geisy, da Uniban, faz parte dessa segunda leva. Um vestido curto, um salto alto e um andar rebolado quase provocam o linchamento de uma estudante. Dias depois, a vítima é transformada em ré e quase acaba expulsa da universidade.

Uma moça põe um vestido ousado, talvez não exatamente próprio para quem vai assistir a uma aula. Teria uma festa depois? Não vem ao caso. A situação que merece análise é: Por que um vestido curto e um possível caminhar provocante suscitam a reação brutal sofrida pela moça? Outra indagação é: Por que uma universidade, que deveria ser um lugar de ensino, penaliza a jovem e vai na contramão do século que pretende instruir?

Vamos começar pelo que é "próprio" para ir à aula. É possível hoje dizer o que é moda? Ou o que é adequado para ir a este ou àquele lugar? Dá para restringir o que hoje se entende por expressão e extensão da personalidade da pessoa? Claro que não se espera que alguém vá de traje de banho... mas um vestido?

Não. Não foi a impropriedade da roupa, mas o desejo, o medo e a raiva que a roupa despertou -igualmente, mas por motivos diferentes- em homens e mulheres. A inveja e o reprimido provocaram a mesma reação.

O caso da universidade Taleban é complexo, na medida em que junta machismo máximo com burrice aguda. A decisão pela expulsão, mesmo que revogada, explica com extrema clareza a situação que nós mulheres ainda vivemos.

Uma simples pergunta evidencia o machismo: Seria essa a reação da universidade se se tratasse de um rapaz se vestindo de maneira "inadequada", com coxas à mostra ou dorso nu?

A burrice é que, se a universidade já havia pecado com o desleixo com a segurança da estudante, a primeira reação a tornou símbolo do atraso.

Também financeiramente é um desastre para a instituição -quem vai querer estudar em tal lugar? Sem falar que, se o juiz não for do mesmo ramo Taleban, propiciará reparação financeira maior à aluna. Agora, com a expulsão revogada, é preciso esperar os próximos passos.

A universidade, negando seu papel educador e a princípio expulsando a aluna, "completara o serviço" dos estudantes. A violenta indignação da sociedade civil e das organizações de defesa das mulheres -estas com algum atraso- mostrou como parcela importante da população já tem a percepção da gravidade do que ocorreu.

Ficou evidenciado, e isso é o que indignou tantas pessoas, o quanto esse tipo de preconceito ainda está entranhado na sociedade. A agressão à jovem, a atitude da universidade Taleban, foi tudo muito assustador.

Sobrou um pseudoconsolo: aqueles que dizem que mulheres, nos dias de hoje, não têm mais do que reclamar ficarão caladinhos alguns dias. Poucos dias, pois o tamanho da montanha a ser escalada, como pudemos todos verificar, é enorme.

Não avançamos no número de mulheres na política -aliás, estamos entre os piores na América Latina. Continua a enorme desigualdade de salários para o mesmo trabalho e... quem é mulher tem sempre uma história para contar sobre o que ocorre no cotidiano, seja entre quatro paredes, seja na rua. E não são boas histórias.

A desqualificação da estudante, feita primeiro pelos seus pares e depois pela universidade, evidencia por que as mulheres têm tanta dificuldade em trilhar o caminho do poder, seja ele político, seja empresarial. Não é à toa que, no ranking das cem "Melhores & Maiores" empresas brasileiras publicado pela revista "Exame", nenhuma mulher ocupa o cargo de presidente.

Universidades como essa e desrespeito à liberdade da mulher produzem resultados que excluem mais da metade da população -o gênero feminino- dos seus direitos plenos.

Nós acreditamos que, assim como este é o século do Brasil, também é o século no qual as mulheres adquirirão, de fato e na prática, direitos iguais. Enquanto shows de autoritarismo continuarem a acontecer sem indignação da sociedade, será difícil atingir ambas as metas.

A reação da universidade diante da avalanche de repreensões e possíveis sanções deixa claro que a indignação e a reação públicas ainda conseguem mudar rumos.”

Quero me referir também a um artigo da "Folha de S.Paulo" de domingo, para o qual seria importante o Deputado Milton Flávio, porta-voz oficioso do Governador, atentar.

Diz o jornalista Elio Gaspari:

“Duas crises financeiras, dois resultados

Um malvado devorador de números fez um exercício e comparou as iniciativas tomadas pelo tucanato durante a crise financeira internacional de 1997/1999 com as medidas postas em prática pelo atual governo desde o ano passado. Fechando o foco nas mudanças tributárias, resulta que os tucanos avançaram no bolso da patuleia... (pessoal mais pobre) ... enquanto Nosso Guia... (que é o Lula) ... botou dinheiro na mão da choldra (ou seja, do povo mais pobre).

Entre maio de 1997 e dezembro de 1998 o governo remarcou, para cima, as alíquotas de sete impostos, além de passar a cobrar um novo tributo.

A alíquota do Imposto de Renda do andar de cima passou de 25% para 27,5%.  O IOF de créditos pessoais dobrou e aumentaram-se as dentadas nas aplicações.  O IPI das bebidas ficou 10% mais caro, e a alíquota do Cofins passou de 2% para 3%.  Tudo isso e mais a entrada em vigor da CPMF, que arrecadou R$ 7 bilhões em 1997.

A voracidade arrecadatória elevou a carga tributária de 28,6% para 31,1% do PIB. O produto interno fechou 1998 com um crescimento de 0,03% e a taxa de desemprego pulou de 10% para 13%. Em 1999, o salário mínimo encolheu 3,5% em termos reais.

A crise financeira mundial de 2008/ 2009 foi mais severa que as dos anos 90. Em vez de aumentar impostos, o governo desonerou setores industriais, baixou o IPI dos carros, geladeiras e fogões, deixando de arrecadar cerca de R$ 6 bilhões nos primeiros três meses do tratamento.  Uma mudança na tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas, resolvida antes da crise, deixou cerca de R$ 5,5 bilhões na mão da choldra. A carga tributária caiu de 35,8% do PIB para 34,5%. Em 2009 o salário mínimo teve um ganho real de 6,4%. O desemprego deu um rugido, mas voltou aos níveis anteriores à crise.  Ao que tudo indica, a crise de 2008 sairá pelo mesmo preço que a de 1997/98: um ano de crescimento perdido.”

Por fim, quero me reportar a um fato importantíssimo ocorrido no dia de ontem e que terá repercussões certamente aqui na Assembleia Legislativa. Foi um encontro memorável de nove partidos políticos - quase todos com assento nesta Casa - em que se estabeleceu um protocolo comum de entendimento com vistas a construir um programa alternativo para a disputa do Governo do Estado em São Paulo em 2010, dado o cansaço, a fadiga de material, os descaminhos dos tucanos aqui em São Paulo e ao mesmo tempo um programa sintonizado com as grandes realizações do Governo Lula que se quer a continuidade.

Leio rapidamente esse protocolo de entendimento firmado ontem por nove partidos. Estavam lá este Deputado, os Deputados Olímpio Gomes, Rogério Nogueira, Vicente Cândido, Gilmaci Santos, Deputados Federais como Paulinho, da Força, Márcio França, Berzoini, enfim. A nota diz o seguinte:

“Reunidos na sede do PDT, a convite do Dep. Federal Paulinho da Força, presidente estadual da legenda, os partidos políticos e lideranças que subscrevem esta nota se dirigem à sociedade de São Paulo para manifestar o seguinte entendimento:

1. Reafirmar o apoio às conquistas políticas, sociais, econômicas e culturais alcançadas nos últimos 7 anos no País, sob a liderança do Presidente Lula, e reiterar a importância estratégica de dar continuidade às transformações em curso.

2. Elaborar uma agenda política comum, nos próximos meses, de sorte a fortalecer o campo agora constituído no Estado.

3. Enunciar pontos programáticos, sintonizados com o projeto nacional, capazes de convergir para uma plataforma alternativa para o Governo do Estado.

4. Reconhecer a existência de pleitos e nomes respeitáveis nos partidos aqui representados, os quais, unificados num programa comum, poderão contribuir para uma vitória do campo popular no Estado, seja nos cargos majoritários, como nas chapas proporcionais.

PDT, PCdoB, PSB, PT, PRB, PPL, PSC, PSL, PTN

São Paulo, 09 de novembro de 2009.”

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público presente e telespectadores da TV Assembleia, ontem estivemos reunidos com a comunidade escolar da Escola Estadual Alberto Torres, no bairro do Butantã, aqui na capital, discutindo o anúncio para a comunidade escolar do possível fechamento de mais essa unidade escolar estadual de São Paulo. O fato é que a comunidade foi informada pela direção da escola e pela Secretaria da Educação de que a escola está em vias de ser fechada e, segundo a comunidade, já há um esvaziamento da escola. A Secretaria da Educação, através da Diretoria de Ensino, já orientou a direção escolar para não aceitar mais matrículas, e as pessoas que procuram por matrículas para o ano que vem, ou querem fazer um cadastro, são orientadas a procurar outras escolas, porque naquela não existem vagas. Os pais, os alunos, as pessoas do bairro, os profissionais da educação estão todos perplexos, estarrecidos porque o governo estadual quer fechar uma escola que tem demanda escolar, que atende milhares de crianças.

Como não bastasse essa grave notícia do fechamento da escola, há a denúncia e uma placa dando conta de que a escola está sendo reformada ao custo de 412 mil reais. Ou seja, a escola vai ser desativada, mas o governo estadual está utilizando dinheiro do orçamento da Educação para reformá-la. Isso é negligência com o dinheiro público, é crime de responsabilidade. Aliás, são dois crimes: fechar uma escola que tem mais de 60 anos, que tem toda uma tradição, e reformar por quase meio milhão de reais um prédio que será fechado, ou destinado, como ouvimos, à burocracia da Secretaria da Educação. Fomos informados de que alguns cômodos dessa escola são utilizados para depósito de material da própria Diretoria de Ensino. Esse é outro absurdo. Escola não é para abrigar depósito de material burocrático, mas para atender à demanda escolar da região, no caso do Estado o ensino fundamental e médio. Estas são fotos da comunidade dentro da escola Alberto Torres. S. Exa. exibe as fotos.

Então, Sr. Presidente, queremos acionar a Secretaria da Educação, a Comissão de Educação da Assembleia e o Ministério Público estadual para que providências sejam tomadas contra essa afronta à Educação, contra a comunidade escolar da E. E. Alberto Torres, que já está mobilizada, está fazendo abaixo-assinado, fazendo lista de demanda para mostrar que a escola tem demanda e não quer o seu fechamento.

Diante desse fato gravíssimo, Sr. Presidente, quero que cópias deste meu pronunciamento sejam enviadas ao Governador José Serra, ao secretário estadual da Educação e à Diretoria de Ensino Norte, Centro-Oeste, que é a responsável por essa escola. Que medidas sejam tomadas no sentido de que a escola não seja fechada e as matrículas sejam abertas porque centenas de pessoas batem às portas da escola querendo matrícula e elas são negadas. Se isso não for feito de uma ou duas semanas vamos ingressar com representação no Ministério Público Estadual pedindo que ele abra inquérito civil responsabilizando o Estado pelos crimes de responsabilidade e negligência pelo fechamento de escola pública e desrespeito com o dinheiro público. Se a escola será fechada, por que gastar quase meio milhão de reais reformando-a?

O nobre Deputado Rui Falcão manifesta sua solidariedade para com a comunidade escolar da E. E. Alberto Torres.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, a nossa solidariedade, também, ao Deputado Carlos Giannazi, que estendo à comunidade escolar da E.E.Alberto Torres. Que haja luz e sensibilidade por parte do governo do estado.

Venho a esta tribuna, mais uma vez, para lamentar a morte de um policial militar. Nesta madrugada, às 3h15min, na rodovia Presidente Dutra, a guarnição do Comando de Força Tática do 31º DPMM, comandada pelo tenente Carlos Henrique Santos Pontual, foi fazer uma abordagem a dois veículos suspeitos no pátio do Rancho da Pamonha quando foram recebidos a tiros de fuzil, sendo feridos três policiais militares: o tenente Pontual, o cabo Wilson e o cabo Evanil. Infelizmente, o tenente Pontual, oficial de 23 anos de idade, recém-formado na Academia do Barro Branco, jovem, idealista, vibrante, acabou morrendo com impactos de tiro de fuzil. A partir das 15 horas o corpo do tenente Pontual estará sendo velado no velório do Hospital da Polícia Militar, na Av. da Cantareira, ao lado da Academia do Barro Branco e amanhã, às 10 horas, ele será enterrado no mausoléu de heróis da Polícia Militar, no cemitério do Araçá. O meu profundo lamento à comunidade paulista, à família policial militar, à família e aos amigos do tenente Pontual, que é mais um herói que tomba no cumprimento de dever. Infelizmente, parece que está sendo derramado em vão o sangue dos policiais.

Ontem, vim a esta tribuna para falar de uma execução, também a tiros de fuzil, domingo às 13h30 - parece-me que vai se tornando o boletim diário de anúncio de morte de companheiros policiais - do sargento Frederico, morto a tiros de fuzil na porta de casa. Na semana passada, falava da morte do soldado Nilton, em Cubatão, primeiro atropelado e depois alvejado com vários tiros de fuzil. Falei de quatro policiais militares executados nesse ano, na Praia Grande; quatro policiais militares executados também esse ano, em São Vicente. Para o governo eles são apenas azarados: “Trombaram com um problema na hora de folga. Devem ter envolvimento com o mundo do crime”. E agora, qual vai ser a nota oficial mentirosa do governo de São Paulo para a morte, em serviço, do tenente Pontual, no comando das equipes táticas da região, que já são para apoio ao policiamento ostensivo normal; guarnição tática com cinco homens melhor armados, melhor preparados e melhor equipados? Estão tomando reveses porque o crime organizado está mandando cada vez mais no Estado de São Paulo, por irresponsabilidade do governo do estado. Essas mortes têm nome e endereço: Av. Morumbi 4.500, e o nome é José Serra. Tomara que tenha um mínimo de consciência para que essa consciência arda.

Foram roubadas 90 armas, entre fuzis e pistolas, em 10 de março, do centro de treinamento tático junto à CBC, no ABC paulista. Até agora nenhuma dessas armas foi recuperada, nenhum marginal foi preso; nada aconteceu. Abafa para não ter resvalo político, abafa porque o que importa é a pré-candidatura presidencial e não apurar o que está acontecendo.

A primeira ordem que se tem quando morre um policial é mandar a corregedoria para a região recolher as guarnições para não correr o risco de acontecer um entrevero dos demais policiais militares com os marginais que mataram o policial, para que o governo não tenha depois que explicar o ferimento ou a morte do marginal. É bom que a população saiba. Trata-se de um desabafo? Sim. Um desabafo sobre a irresponsabilidade de um governo e de um governador que quer uma segurança pública de mídia, de média, e não de realidade. Cadê os 90 fuzis e pistolas? Não têm origem, não têm informação; são passados dez meses.

Quem matou, e em que circunstâncias o soldado Alexandre, do 5º batalhão, em 9 de julho de 2008, quando apresentei nesta tribuna, ao Ministério Público, através de requerimento de informações, o grampo a que as corregedorias das Polícias Civil e Militar tiveram acesso e o Secretário da Segurança Pública, em 05 de abril, dizendo que iriam matá-lo? “Também abafa. Não apura que vai dar resvalo político.” E ficamos lamentando aqui a morte de policiais.

Sofre a sociedade, sofre a Polícia Militar, sofre a família. Tomara Deus que o povo pare de sofrer, rápido, com uma troca rápida de governo.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, aqueles que nos acompanham através da TV Assembleia, realmente as colocações feitas pelo major Olímpio com relação à morte de policiais ensejam que alguma coisa seja feita. É inconcebível que se mate policiais em São Paulo todos os dias e ninguém seja preso, não seja feita uma ação contra isso. Continuaremos cobrando.

É importante dizer que o tenente Pontual era um garoto de 22 anos de idade, recém-saído da Academia do Barro Branco, onde ficou por quatro anos. Para ingressar na Academia do Barro Branco - é importante dizer - a pessoa presta o mesmo concurso para medicina, engenharia, direito, na Fuvest. Então, ele ficou quatro anos na academia, nove meses nas ruas, e acabou encontrando a morte de uma forma bastante violenta. Sempre há tiroteios, enfrentamentos. Mas não, os policiais de São Paulo estão sendo mortos a tiros de fuzis: fuzil do exército americano, fuzil do exército russo. E aqui entre nós, o policial não tem condição de enfrentar. É a mesma coisa que qualquer um de nós lutar boxe com Mike Tyson. Você com uma pistola ponto 40 e um bandido com um fuzil, obviamente vai morrer todo mundo da equipe e o bandido vai ficar vivo, porque um tiro de fuzil fura um trilho de trem, fura um carro-forte. É melhor estar sem colete à prova de balas no caso de um tiro de fuzil porque ele estraçalha o colete e tira qualquer condição de sobrevida. São Paulo não fabrica fuzis; eles estão entrando pelas fronteiras, estão sendo usados pelo crime, estão sendo roubados como foram roubados em Ribeirão Pires 22 fuzis e não sei mais quantas pistolas; nenhuma foi recuperada até agora.

Então, pedimos que se faça alguma investigação. A própria Polícia federal tem seu trabalho de investigação. Os bandidos não podem matar policiais, como aconteceu hoje de madrugada em Santa Izabel. O que fez esse jovem tenente de 22 anos? Foi abordar um veículo que estava parado em frente ao Castelinho da Pamonha, e nele estava um bandido armado com um fuzil. Foram recebidos à bala e o tenente de 22 anos acabou perdendo a vida.

O que cobramos desta tribuna é que se faça alguma coisa. Não podemos ficar dormindo em berço esplêndido como se fosse tudo natural, como se fosse normal matar policial. É engraçado. Quando o policial mata um bandido, o policial vai para Proar, vai a corregedoria analisar o tiro que o policial deu. E agora: ninguém vai lá  pegar o bandido que matou o Tenente? Não vamos ter uma ação? Já falamos aqui das mortes dos policiais em São Vicente, independente de fatores políticos partidários. O problema é de insegurança. Se estão matando um Tenente comandando uma área de policiamento a tiro de fuzil, que dirá o resto da sociedade? Que dirá o resto da população? O que precisaria é - a partir de já, de ontem, de um ou dois anos atrás - de uma ação. Não podemos ficar esperando a vida inteira como se isso fosse natural. Agora, como se falou, quando é um policial que mata um bandido, depois de dez minutos aparece um tenente da corregedoria, está o capitão, o coronel ouvindo o soldado que acertou o bandido.

Ora, quando ele mata o tenente, mata o soldado, mata o sargento, ficam naquela conversa mole “errou, não errou, por que será que ele foi morto”. Não interessa por que ele foi morto. O que precisa é de uma solução para o caso. E qual é a solução? É prender quem matou. Não existe solução sem você prender quem cometeu aquele crime. Parece que hoje isso é normal. Na minha época, pelo menos na ROTA, não era. Quando acontecia um caso desses ninguém ia para casa até o bandido rodar. Se ele vinha em pé ou deitado era problema dele, mas que vinha, ele vinha. Hoje é o contrário. Hoje todo mundo dá entrevista. O cara está com um fuzil não sei onde, e a partir daí temos que ficar torcendo para que não se cruze outra viatura, porque, volto a repetir, bandidos armados de fuzil e o policial com um 38 ou uma pistola 0.40, ele não tem condição de ganhar a guerra; não tem. O fuzil é uma arma de guerra. Pode ter dez policiais, que os dez vão morrer, em todos os sentidos pois é uma arma para isso; é para matar mesmo. Agora os bandidos de São Paulo têm fuzil. É a mesma arma que derrubou praticamente o helicóptero lá no Rio de Janeiro.

Está na hora de haver uma investigação, um trabalho de inteligência, de que tanto se fala e se usa pouco. A inteligência da polícia é justamente para isso. Todo mundo na polícia quer andar fardado, tanto da civil como da militar. É preciso investigação, de trabalho da Polícia Federal. Não adianta prender só o Pita; tem que prender os bandidões também. Prendam o Pita, mas prendam os bandidos também. E os bandidos? É lógico que sabemos que é mais difícil; tem que correr atrás deles, tem que fazer investigação. Mas vamos cobrar isso aqui porque está acontecendo todos os dias.

Sr. Presidente, se o policial mata um bandido ameaçam a família dele. Sábado estivemos com o pessoal da ROTA e veio um sargento procurar por mim dizendo que teve que mudar de Bragança porque os bandidos foram cobrar onde ele morava, porque ele participou de um tiroteio contra bandidos do PCC que é o crime organizado, que a Imprensa tem até medo de falar; onde é que vamos parar?

Realmente estamos num momento de ação. Não adianta ficar encostando policiais. Encostam-se delegados bons, perseguem policial bom e os que não valem nada deixam aí. Desse jeito vamos de mal a pior; é triste isso. Tenente de 22 anos, nove meses nas ruas de São Paulo, toma três, quatro tiros de fuzil AR-15 ou do AK-47 do exército russo. Infelizmente o policial está sem condição de enfrentar a criminalidade. Precisamos, urgentemente, fazer alguma coisa a respeito. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, estudantes que nos visitam no dia de hoje, telespectadores da TV Assembleia, realmente o que foi comentado tanto pelo Deputado Olímpio Gomes, quanto pelo Deputado Conte Lopes, companheiros da Polícia Militar, e eu que lá servi por 34 anos, o que estamos vendo é que há algum tempo era ponto de honra da polícia buscar aquele que matava um policial. O Deputado Conte Lopes lembra-se disso. Era ponto de honra a polícia ir buscar o cidadão. E como disse o Deputado Conte Lopes, o bandido escolhia se vinha em pé ou deitado; era ponto de honra.

Hoje isto banalizou-se. Hoje estamos vendo que a polícia, quando ocorre um fato desse, ela tem que se mobilizar. Esse fato lamentável do tenente, esse moço de 22 anos, esse moço que recebeu sua espada lá no pátio da Academia do Barro Branco, cheio de ideais, jurou defender a sociedade com sacrifício da própria vida, mas o que estamos vendo é que a polícia está aceitando o crime, ela está banalizando a morte em todos os sentidos. A TV Record mostrou ontem às 23 horas, Repórter Record, em São Paulo, na Zona Norte, praças ocupadas por cerca de três mil pessoas vendendo droga, menores de idade, armamento de todo tipo e a polícia não está indo lá.

Aquilo que falamos de tolerância zero ao crime, que foi a solução de Nova Iorque, e de vários países, e que seria a solução de São Paulo, por não procedermos dessa forma estamos deixando que o crime cresça demasiadamente. Imaginem o assalto a condomínios. Essa madrugada o 34º assalto a condomínio; de 16 condomínios 13 foram assaltados. Espere aí: isso é feito pelo serviço de inteligência da Polícia Civil. Isso não é feito por uma ou duas pessoas, mas sempre, no mínimo, com quinze pessoas. E ninguém vai preso, os condomínios continuam sendo assaltados, a prisão é um número muito pequeno. Quer dizer, alguma coisa começa a ir mal na Polícia de São Paulo. Lamentamos que no Rio de Janeiro a Polícia não sobe o morro, a corrupção se instalou. Aqui em São Paulo há omissão, alguma coisa de muito sério está acontecendo, porque não era assim e de repente, de dentro dos presídios, as coisas começaram a acontecer.

É bom saber que foi aqui em São Paulo que pela primeira vez 29 presídios se rebelaram ao mesmo tempo. Em nenhum lugar do mundo isto aconteceu. Em São Paulo, era Governador Geraldo Alckmin, e Secretário de Assuntos Penitenciários Nagashi Furukawa. Ali começou tudo, ali entregaram-se os presídios para os bandidos. E agora a Polícia de São Paulo, os policiais estão morrendo, o banditismo está crescendo e estamos cobrando desta tribuna que o Secretário da Segurança Pública tome atitudes muito mais sérias dos que as que tem tomado até hoje.

Quero também fazer um convite, uma constatação, um caso independente com relação ao meu centro de recuperação de drogados. Eu mantenho há 37 anos um centro de recuperação. O que posso eu faço. O Brasil é omisso, não tem nada de prevenção às drogas. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva quase nada faz de prevenção às drogas; o Estado de São Paulo, também, não faz nada.

Estive outro dia com o Secretário da Educação, Paulo Renato, levando um manual fantástico de prevenção. Vi que o Secretário não me deu resposta até hoje; quer dizer, não está a fim de prevenção às drogas, não.

Mas recebi um homem - e vou fazer o convite para todos os canais de televisão e todos os órgãos de imprensa - que me procurou, um empresário que entrou no cigarro de maconha aos 30 anos de idade - tinha funcionários, automóvel, empresa - e este homem me procura porque devido à droga da maconha ele vai para a cocaína, vai para o crack, perde tudo, contrai o vírus do HIV porque ele se prostitui para obter dinheiro, e fica cego por causa das suas doenças. Ele procura por mim com expectativa de dois meses de vida. E é fantástico. Esse homem de quem falo chama-se Humberto Susumo. E agora, no dia 10 de dezembro, vou condecorá-lo. Ele não ficava um dia sem droga e agora vai completar 12 anos sem droga. Vivo, cego, com HIV, magérrimo, puro osso, mas ali ele respira, é um ser humano. Dez de dezembro, na Av. Jabaquara, nº 2.669, onde estou toda terça e quinta, há 37 anos, sem cobrar um único centavo, sem ter um único centavo de apoio municipal, estadual ou federal. Vou condecorar Humberto Susumo. Queria que a imprensa viesse para dizer se é verdade, até para me desmentir. Ele está pele e osso. Não sei quanto tempo terá de vida, mas consegui mantê-lo em pé por 12 anos.

Isso é para incentivar o jovem que está usando droga e quer sair da droga. Venha assistir. Pais, levem os seus filhos. É na Avenida Jabaquara, 2669. É absolutamente grátis. Os órgãos de imprensa usaram páginas inteiras para mostrar uma mulher com um vestido curto. Venham para o meu centro, órgãos da imprensa; venham fazer essa reportagem. Será no dia 10 de dezembro que, com muito orgulho, vou colocar a medalha de 12 anos no peito de Humberto Susumo, que está cego, com vírus HIV, perdeu tudo o que tinha, mas lhe devolvi a dignidade, a vida.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, passo a ler o convite para a cerimônia de entrega de medalha a Humberto Susumo.

“Convite

O Centro de Recuperação “Coronel Edson Ferrarini” convida para a entrega da medalha ao empresário que, após entrar no mundo das drogas, fica cego, contrai o vírus HIV e chega até nós, com um prognóstico de vida de 2 (dois) meses. Conseguimos reverter este quadro e Humberto Susumu será condecorado pelos 12 anos sem drogas!

Solicito divulgar esta solenidade, e conto com sua presença, para testemunhar esta vitória.

Dia 10 de dezembro de 2009, quinta-feira, às 20 horas, na Av. Jabaquara, 2669

(defronte da Igreja São Judas Tadeu)

Como é de amplo conhecimento, o processo de recuperação de um dependente químico é muito difícil, exigindo um atendimento psicológico adequado e sério.  Através da espelhoterapia, método que tive o privilégio de criar, lhe foi restituída a vontade de viver, a autoestima, a dignidade e a força para evitar a próxima dose de droga.

Esse exemplo mostra que, com humildade e buscando a ajuda certa, é possível estacionar a dependência. É um estímulo aos que precisam e querem deixar das drogas.

Agradeço sua atenção e a divulgação deste convite.

Edson Ferrarini

Dirigente e Coordenador do Centro de Recuperação Coronel Edson Ferrarini”

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, funcionários, queria dizer que hoje, para mim, é um dia feliz porque pudemos participar de uma corrente, como há muito tempo não se via, eu diria, neste País, em defesa da diversidade e contra a intolerância manifestada pela direção da Uniban quando decidiu, de maneira absolutamente intempestiva, numa resposta exagerada, punir uma sua aluna porque havia, segundo aquela direção, usado roupas, ou eventualmente se comportado de maneira indevida.

Ontem, manifestei-me aqui da tribuna. Já havia protocolado na Comissão de Educação a convocação do reitor daquela universidade porque, como Presidente da Frente Parlamentar Pró-Diversidade, entendo que se esta Casa não tomar a atitude que tomou, e foi hoje aprovada na Comissão de Educação a convocação daquele reitor, podemos estar estimulando aquela universidade, que já em outras situações teve atitudes criticáveis - não a universidade, mas seus alunos - de violência contra pessoas, ferindo liberdades individuais. Mas dessa vez era a violência contra o gênero feminino e seguramente amanhã teríamos, quem sabe, agressões equivalentes contra negros, deficientes, aqueles que têm orientações sexuais diferentes, idosos. E acho que foi exatamente a pressão desta Casa, do Ministério da Educação e Cultura, de artistas que fez com que rapidamente a direção da Uniban voltasse atrás.

Mas foi pouco. Não basta voltar atrás. Não basta dizer que a expulsão ou o desligamento está suspenso. Eu diria que temos que avançar para que daqui para frente, neste Estado, as nossas universidades se coloquem no seu devido papel de educadoras, de formadoras de uma juventude que não possa coonestar com violências, como essas que foram praticadas contra aquela jovem. A violência, primeiro, dos seus companheiros e professores, num ato de selvageria que envergonha a nossa universidade e o nosso Estado. E depois, para surpresa de todos, a direção da Uniban, que de maneira sumária, numa sindicância que sequer ouviu a aluna, resolveu pelo mais fácil, expulsar a aluna. Afinal de contas ela se trajava de forma indevida, tinha trejeitos, ou eventualmente se comportava de maneira inconveniente.

Ora, nem no tempo da ditadura vimos coisa semelhante, e isso é um atentado, uma violência contra a mulher. Ontem recebi um e-mail de uma advogada de Bauru, se não me engano Fábia Cegalla, que me perguntava caso fosse um jovem de bermuda, “sarado”, se teria sido ele expulso também. Claro que não! É o preconceito, a intolerância, a violência contra a mulher que não podemos aceitar. E não é por outra razão, que por unanimidade a nossa Comissão de Educação aprovou a convocação do reitor para vir aqui se explicar, para que daqui para frente tome um pouco mais de cuidado e não repita esse tipo de atitude em circunstâncias assemelhadas.

Repito eu mais uma vez: ontem foi a mulher; amanhã será o negro; depois de amanhã o idoso e tenham a certeza absoluta que daqui a pouco os carecas “skinheads” estarão agredindo pessoas que tenham naquela universidade uma orientação diferente da tradicional.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Otoniel Lima.

 

* * *

 

Esta Casa cumpriu o seu papel, mas ainda vai avançar. E é bom que as pessoas saibam que a Assembleia de São Paulo está atenta e, em circunstâncias semelhantes, vai reagir com a mesma presteza. E a reação foi unânime nesta Casa, independentemente dos partidos. Até fiquei feliz quando vi hoje no “Painel” da "Folha" que lá no Rio Grande do Sul uma deputada do PT, que presidia a Comissão de Educação, Maria do Rosário, tomou uma atitude equivalente a deste Deputado, que é vice-líder do Governo nesta Casa. Portanto, neste momento todos os partidos que têm compromisso com a cidadania, com a liberdade individual e trabalham em prol da diversidade se manifestaram e, seguramente, vão continuar trabalhando juntos para que em São Paulo e no Brasil isso não mais aconteça.

 

O SR. PRESIDENTE - OTONIEL LIMA - PRB - A Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos alunos da Escola Estadual Dr. Francisco Tozzi, do Município de Águas de Lindóia, acompanhados das Profªs. Maria de Lourdes Aparecida Canela Almeida e Nilza Aparecida Araújo, a convite do Deputado Edmir Chedid. A todos as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, alunos presentes, público em geral, ouvimos o nosso colega deputado falando sobre drogas. Gostaria de aproveitar esta oportunidade e falar de outra droga. Teremos hoje um seminário na Casa, às 17 horas, sobre Amianto ou Asbestos. É um seminário sobre o lançamento da campanha contra o câncer provocado pelo amianto, o mesotelioma. Será no Auditório Franco Montoro. Anteriormente foi divulgado que seria no Auditório Teotônio Vilela, mas foi transferido devido ao espaço do Franco Montoro ser maior.

Estaremos recebendo pessoas de diversos países: Laurie Kazan, líder internacional do Ban Asbestos, Conceição Lemes, repórter da série sobre o Amianto  e Saúde, Secretaria estadual de Saúde, Vigilância Sanitária, hospitais públicos e particulares, centros de referência em saúde do trabalhador, Universidades, médicos e pesquisadores, Fundacentro, Incor, Secretaria Municipal de Saúde, CUT, Força Sindical, sindicatos, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Instituto Latino-americano de Estudos Sócio-Econômicos e o Cissor - Conselho Intersindical de Saúde e Seguridade Social de Osasco e Região.

Nessa oportunidade lançaremos a campanha para enfrentar essa droga que entra nas residências e nas escolas, porque ela existe até em brinquedo, nas caixas d’água antigas, telhas. Ainda existem escolas de amianto, e é insuportável ficar lá dentro, porque é muito quente.

Esse produto, o amianto, é cancerígeno, e precisamos banir do País. Já foi proibido em 51 países. Temos uma lei de nossa autoria, aprovada nesta Casa, a Lei 12.684, que serviu como indicadora para outros Estados, para seis ou sete Assembleias. Queremos ver banida no País a utilização desse produto, a exemplo de 51 países que já o fizeram. O último a aderir foi Ruanda, um país pequeno e pobre da África, mas que teve a grandeza de enfrentar o problema, proibindo o uso do amianto.

Convidamos os Srs. Deputados e Sras. Deputadas, para que estejam presentes, porque esta nossa lei está sendo ameaçada. A indústria da morte, que utiliza esse produto, faz muito lobby junto aos Deputados, apresentando um outro projeto para que haja um prazo de 10 anos para uma lei que já foi aprovada há dois anos, podendo ser prorrogado por mais 10 anos.

É simplesmente andar para trás. O mundo anda para frente e o Estado de São Paulo anda de marcha a ré. Peço portanto o apoio dos Deputados, e às Câmaras municipais, que enviem mensagem de moção.

Recebemos uma moção da Câmara Municipal da Cidade de São José dos Campos, do vereador Tonhão, em nome de todos os vereadores, apoiando a lei. Agradeço. São José dos Campos também tem diversas vítimas. Há muitos trabalhadores da Embraer e da Avibras, que estão morrendo também.

Não podemos permitir que um Deputado mude uma lei de outro Deputado, aprovada por esta Casa, e que tem o objetivo de preservar a saúde pública, combater uma doença terrível que é o câncer. Conto com o apoio dos Deputados para a manutenção dessa lei. Vamos lutar juntos para que ela seja cumprida na sua plenitude, para garantir a vida de muitos que estão em risco.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - OTONIEL LIMA - PRB - Esta Presidência tem a satisfação de registrar a presença de José Alexandre Sierra, empresário do ramo de veículos, da Cidade de Limeira, em visita a pedido deste Deputado.

Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque.

 

O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, cidadãos do Estado de São Paulo que nos assistem pela TV Assembleia, esta Casa aprovou, há alguns dias, a criação de 100 novos cargos de defensores públicos.

Há muito tempo estamos reclamando, indicando ao Governo do Estado de São Paulo e à Defensoria Pública a instalação de unidades na região do ABC, em especial em Santo André e Mauá. E hoje recebemos a notícia da Defensoria Pública, de que logo após o concurso que será aberto, será instalada uma unidade com seis defensores públicos em Santo André e cinco em Mauá.

Sei que é pouco - o Governador deveria ter enviado um projeto para a criação de 500 novos cargos no Estado de São Paulo, e não apenas 100 - mas é um grande avanço, tendo em vista que o Estado de São Paulo foi um dos últimos Estados a criar a Defensoria Pública.

Tive a honra e o prazer de participar, com os meus assessores, do movimento pela criação da Defensoria Pública no Estado de São Paulo. Como advogado, como estudante de Direito, como professor da área, entendemos que o acesso ao poder Judiciário, a sensibilidade à Justiça é um dos direitos humanos fundamentais. É um dos direitos essenciais da pessoa humana.

Não adianta a nossa Constituição cidadã declarar direitos - à dignidade da pessoa humana, proteção da vida, direito à Segurança Pública, à Saúde, à Educação, à Assistência Social -, se não existe o defensor público, para defender as pessoas em juízo. Quem necessita desses direitos sociais, das chamadas prestações positivas do Estado, são exatamente as pessoas que se encontram no andar de baixo da pirâmide social. São aquelas pessoas que não têm condição de contratar um advogado.

É muito importante a Defensoria Pública. Por isso, inclusive, aprovamos na Comissão de Segurança Pública, duas emendas, uma de 30 milhões e outra de 20 milhões para a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Portanto, a Comissão de Segurança Pública, por proposta da Bancada do PT e de nosso gabinete, fizemos aprovar uma emenda ao Orçamento do Estado. E essa emenda passa a ser da Comissão de Segurança Pública para a Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

A reestruturação da Defensoria Pública é muito importante. Já temos excelentes defensores, alguns vieram da Procuradoria do Estado, outros fizeram concurso, e outros que ainda farão o concurso. Temos certeza de que na Defensoria Pública teremos os melhores quadros, porque são advogados concursados, não para defender os interesses do Estado, mas para defender os interesses da sociedade.

Para cada promotor, deveria haver um defensor. Onde existe um fórum, deveria haver um determinado número de defensores, assim como há um determinado número de promotores, que também são importantes para o estado social e democrático de direito. Os defensores são essenciais, a exemplo dos promotores, assim como os delegados, que também pertencem a uma carreira jurídica do Estado.

Conseguimos aprovar essa emenda na Comissão de Segurança Pública. Esperamos que o relator do Orçamento do Estado, da Assembleia Legislativa, inclua-na no Orçamento, para o fortalecimento dessa instituição, que não é uma instituição do Governo, mas do Estado de São Paulo.

Obrigado.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Davi Zaia.

 

* * *

 

o Sr. Presidente - Davi Zaia - PPS - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE  EXPEDIENTE

 

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o Sr. Presidente - Davi Zaia - PPS  - Por permuta de tempo, tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas.

 

O SR. Ed Thomas - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Assembleia Legislativa, telespectadores da TV Assembleia, os nossos cumprimentos.

Antes de entrar em dois assuntos também muito importantes, não posso deixar de fazer um registro especial. Este Deputado recebeu um convite para participar de uma homenagem ao digno vice-Presidente da República José Alencar. Essa homenagem foi promovida pela Fiesp e pelo Ciesp, através de Paulo Skaf, presidente das entidades. Recebemos esse convite e ficamos muito honrados.

Na solenidade, além da presença maior de José Alencar, estavam o Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, o Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, e o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi uma noite de gala, uma noite de festa. Com certeza a história de José Alencar é um exemplo muito bonito. A luta que ele trava contra o câncer, mostrando ser um verdadeiro guerreiro. Enfim, estive lá, pude dar um abraço no digno vice-Presidente e parabenizar a Fiesp e o Ciesp por essa homenagem tão importante.

Participamos de várias reuniões neste final de semana, dentre elas um manifesto a favor da PEC 300, à qual somos favoráveis. Acima de tudo, buscamos na Bancada do PSB, no Congresso Nacional, a aprovação dessa PEC - não somente da PEC 300, que trata dos policiais militares, mas também da PEC 308, que trata dos agentes penitenciários, que devem ser colocados também como trabalhadores da Segurança.

O interior do Estado de São Paulo tem a maior população carcerária: são 23 presídios. Enfim, o que temos lá de melhor? Os trabalhadores dos presídios, os agentes penitenciários, que nos dão segurança e estão sem segurança - no bolso, no papel e em reconhecimento. Não poderia deixar de manifestar o meu apoio à PEC 300 e à PEC 308.

Gostaria de fazer um registro. Na semana que passou, recebi um pedido e entrei em contato com o Samu, na Cidade de São Paulo. É claro que é um trabalho bem feito, mas que tem melhorar - e muito. O chamado tinha sido feito para atender uma senhora com mais de 80 anos, que estava em seu apartamento. Quase uma hora se passou, essa viatura não chegava e buscaram minha ajuda. Procurei dar um telefonema para saber o que estava acontecendo. Novamente, tive que passar informações sobre a paciente.

Vi um despreparo. O funcionário não tem culpa disso, precisa ser treinado. Atualmente, temos tecnologia suficiente para tanto. Tivemos que repetir o nome e o endereço da pessoa. Até aí, tudo bem. Disse que essa senhora estava fazendo o tratamento de um câncer terminal. Tive que responder à pessoa que me atendeu onde era o câncer, há quanto tempo estava fazendo o tratamento.

Entendo que são informações muito importantes para um atendimento posterior. Mas era só buscar o telefonema e o pedido feito anteriormente. Quando passamos o endereço, pediram um ponto de referência. Falamos que era próximo à Câmara Municipal de São Paulo, perguntaram: “Mas onde fica a Câmara Municipal de São Paulo?” Ainda há despreparo. Um segundo pode significar a vida; um minuto pode significar a morte.

Essa senhora foi atendida quase duas horas depois, porque não conseguiam encontrar o endereço. Recebi a notícia de que ela faleceu. Fica este apelo. Sabemos que os agentes de Saúde trabalham muito, mas temos tanta tecnologia, temos que usá-la a favor da vida humana. Temos que ter um treinamento melhor para que possamos salvar muitas vidas.

Gostaria de continuar a falar sobre a área da Saúde.

“A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo em 30/10/2009, em seu Portal, informou que a doença denominada de "Pé Diabético”, , não acontece da noite para o dia e que os primeiros sinais costumam aparecer, em média, depois de 10 anos da doença não tratada.

Um diagnóstico de diabetes significa, então, uma mudança de vida, que não deve ser ignorada, é necessário aprender a reorganizar o cotidiano, como uma das melhores formas de manter o corpo saudável.

Mas, a minha preocupação está no fato de que a Organização Mundial de Saúde prevê que, em 2010, haverá 11 milhões de brasileiros acometidos por Diabetes Mellitus e uma pesquisa recente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) demonstra que 75% dos diabéticos não têm controle sobre a doença.

Por isso, protocolei o PL nº 578, em 07/08/2009 , que autoriza o governo do Estado, a realizar convênio com as clínicas que fazem tratamento de Oxigenoterapia Hiperbárica ou Hiperoxigenação Hiperbárica-, concordo que o diagnóstico precoce é imprescindível, mas como a própria Fundação Oswaldo Cruz relata,75% não tem controle sobre a doença e em muitos casos, o "Pé Diabético" leva à amputação dos membros.

E, o tratamento realizado através da Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) é empregado no Brasil há mais de 30 anos, regulamentado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), onde no Brasil mais de 100 mil pacientes já foram tratados com ótimos resultados clínicos, pois beneficia o paciente reduzindo o tempo de internação hospitalar, o uso de antibióticos, de curativos complexos, e de intervenções cirúrgicas, diminuindo em mais de quatro vezes a necessidade de amputação de membros, possibilitando uma melhor vida, com retorno às atividades habituais mais rapidamente.  Todos esses fatores resultam, além da redução dos custos sociais, também em diminuição dos custos financeiros envolvidos na assistência.

O Projeto já recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça, Deputado Antonio Salim, Curiati e da Comissão de Saúde e Higiene, Deputado Marcos Martins.”

Meu agradecimento aos nobres Deputados pelo parecer favorável. É muito importante tratarmos do “Pé Diabético”. Alguns prefeitos de cidades do interior têm feito pagamento pela prefeitura municipal através de sessões regulares. São necessárias 10 sessões para que busquemos a cura. Ainda é um tratamento particular e com o reconhecimento da Medicina. O Governo do Estado de São Paulo dá a sua participação, o que é uma obrigação porque pagamos por isso. E pagar pela saúde não é gastar. Acima de tudo, é investir no trabalhador. São dados alarmantes que precisam ser cuidados. E assim, apresentei um projeto.

Quero falar de um projeto deste Deputado, de Clínica Pública para adultos dependentes de álcool e drogas, fora do ambiente hospitalar, mas no âmbito de sua comunidade. Temos muitas clínicas de tratamento, inclusive voluntários, ONGs, associações e igrejas. O Presidente Lula anunciou um investimento grandioso. Claro que ainda é pouco, mas é um começo. Até porque - vou repetir - continuamos perdendo a guerra. O Governo José Serra inaugurou uma das clínicas em São Bernardo do Campo. E é através dessas clínicas que podemos pedir a extensão delas no interior. Nós, deputados, podemos fazer uma emenda com equipamentos, com ampliação ou reformas, mas não de manutenção. Não pode ser para manutenção, mas que o Governo invista, como está investindo agora, perto de 900 reais para drogaditos, que são os dependentes químicos. E a Secretaria da Saúde, nesse pedido que fiz para o interior, foi favorável à instalação dessas clínicas.

Deixo o meu agradecimento ao Secretário Barradas, e também ao Governador José Serra em relação a esse projeto e indicações que nós fizemos.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra, por permuta, o nobre Deputado Pedro Tobias, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados presentes, eu, como membro da Comissão de Saúde, e da CPI do Erro Médico, não sei o que está ocorrendo em relação ao aparelho de Radioterapia. A própria Comissão Nacional de Energia Nuclear deu normas de funcionamento da cápsula. Menos de 50 unidades foram vetadas, proibidas de funcionar - precisam trocar de aparelhos. A Comissão deu licença até 2010 para Bauru e Marília. A própria Comissão, que faz normas de funcionamento, deu prazo maior aos donos dessas clínicas.

Gostaria que cópia desse discurso fosse enviada à Comissão Nacional de Energia Nuclear, questionando a respeito disso, inclusive à Associação Médica Brasileira de Radioterapia e à Associação Paulista de Radioterapia, solicitando suas opiniões. Se, conforme a norma, vetam o funcionamento da cápsula, menos de 50 unidades, por que na de Bauru, de 25, foi prorrogado até outubro de 2010?

Isso é estranho. Será que o paciente que recebeu Radioterapia foi beneficiado? Não sei. Precisaria, ou a Associação Brasileira de Radioterapia, ou a Associação Paulista de Radioterapia, informar sobre isso na CPI. Vamos continuar apurando sobre a eficácia da Radioterapia. Espero que entre um “pacote” de processos na Justiça, não sendo só o promotor de Santos, que entrou de fato na Justiça para apurar sobre a falha. Em vários locais, os equipamentos, com falhas, eram utilizados para tratamento.

Como médico e deputado quero saber como isso vai ser resolvido. O paciente vai ser tratado de novo? Eis o “xis” da questão. Seja a Comissão, seja o dono do equipamento, merece processo criminal. E precisa indenizar as vítimas. A Radioterapia é filé mignon, dá muito dinheiro para o dono de equipamento. E onde está a Vigilância Sanitária do Estado? Só vai atrás de vendedor de cachorro-quente por causa da contaminação. Mas enfrentar o dono do aparelho de Radioterapia, ninguém, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. Coitadinho do vendedor de cachorro-quente.

Este país não é sério. Quem é o responsável? É a agência? Não sei.  Tem alguma coisa errada, correu dinheiro para alguém. Sem dúvida nenhuma, vamos atrás, dentro do meu limite, porque eu não tenho poder nem experiência de Polícia nem de Ministério Público para apurar irregularidades.

Mas eu estou preocupado com minhas pacientes, que eu encaminhei, que fizeram radioterapia. Deu resultado? Eu não sei. O problema foi resolvido? Eu não sei. E se temos dúvidas, ninguém responde: não deu resultado ou vamos fazer novamente. Mas se alguém responde: deu resultado, deixamos mais tempo, queimou, há um trabalho científico? Eu não sei.

O melhor negócio da medicina é radioterapia, quimioterapia e hemodiálise. Uma clínica foi proibida de trabalhar na cidade de Lins, na nossa região - são os melhores serviços de SUS, que dão dinheiro, e mais, usam os pacientes, cobram em moeda, só para enriquecer. Para essa gente, que usa dinheiro da Saúde, do SUS, não tem perdão. Não tem justificativa. Não tem perdão para quem mexe com dinheiro de paciente, de gente mais humilde, de gente que precisa. Deveria haver punição. Essas clínicas que fizeram falcatruas, deveriam ser descredenciadas imediatamente.

Imaginem que na Comissão Nacional de Energia Nuclear tivemos muitos donos de aparelhos. Nunca vi isso. Quem vai fiscalizar? O próprio dono? Acho que a legislação deveria mudar. Não é discurso político-partidário. Se existe na sua cidade de Araraquara um vendedor de cachorro quente, eles são machos, eles vão multar, proibi-lo de vender cachorro quente, porque eles são competentes. Mas para fiscalizar esse serviço de radioterapia, eles ficam fora.

Eu não sei quem vai fiscalizar, quem está fiscalizando e, como médico, fico muito preocupado, porque nesses 10 anos todas as minhas emendas apresentadas foram para a Saúde e as Santas Casas. Eu nunca apresentei uma emenda que não fosse para as Santas Casas. Agora, se existe alguma Santa Casa “metendo a mão”? Paciência, o que vou fazer? O meu papel não é o de fiscalizar. Esses problemas da Saúde, não podemos perdoar! Na Saúde, não podemos ter meio-termo: é ou não é. Não existe meio-termo. Dizer que fez meio asfalto, ou usou dois centímetros de asfalto, ou três centímetros de asfalto, está bom para andar, é uma coisa! Agora, em Saúde, se não fizer bem feito, o paciente morre! E vai recorrer a quem? Vai recorrer a São Pedro! Em Saúde, não se permite meio-termo: é ou não é.        

Infelizmente, Deputado Roberto Massafera, médicos que cuidam de vivos ganham menos do que os médicos que cuidam dos mortos. Quem cuida de mortos, os legistas, ganham um salário igual aos de delegado, tenente, com um inicial de cinco mil e oitocentos reais. Médicos, que cuidam de vivos, que operam, ganham um salário inicial de mil e quinhentos reais. Eu não entendo. Depois de 35 anos de serviço, com mestrado, doutorado, eu me aposentei com dois mil reais. As duas categorias mais prejudicadas no Brasil todo são a da Saúde e a da Educação. Não é só em São Paulo.

Hoje, a Defensoria Pública tem um salário de onze mil reais iniciais. Mas médico, que trata de gente, que pode morrer? Na parte jurídica, por exemplo, um juiz, se perde recurso em Bauru, recorre em São Paulo; perde em São Paulo, recorre em Brasília. Eu, como cirurgião, se perder uma vida em Bauru, vão recorrer a quem? Ao cemitério? Vão recorrer a São Pedro!

Sr. Presidente, Srs. Deputados, a minha fala é de indignação, porque ninguém nos dá resposta, nem a Comissão Nacional de Energia Nuclear, nem a Secretaria de Vigilância Sanitária, se esses tratamentos com dosagem baixa vão resolver ou não os problemas de doença. Não sabemos e vamos continuar atentos.

Sr. Presidente gostaria que o meu pronunciamento fosse encaminhado ao Ministério Público, à Associação de Radioterapia Paulista, até ao Papa, se for preciso.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Por permuta de tempo, tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, venho sempre de perto observando o trabalho que faz a CPI do Erro Médico e os deputados da Comissão de Saúde, sobretudo o Deputado Fausto Figueira e o Deputado Pedro Tobias, que externam e têm buscado explicações, e mais do que explicações, solução para essa questão que reputo grave da radioterapia no nosso Estado e seguramente no nosso País.

Aquilo que foi denunciado recentemente preocupa todos nós: em função de uma queda da radioatividade e da capacidade de radiação das Bombas de Cobalto, muitos pacientes submeteram-se a tratamentos por muito mais tempo, o que eventualmente poderia e pode ter causado dano a órgãos vizinhos. E como disse bem o Deputado Pedro Tobias, resta ainda a preocupação se eventualmente esse tratamento foi efetivo para a patologia primária desses pacientes.

Eu me lembro de uma dessas situações trazidas pelo Deputado Fausto Figueira a respeito de um hospital de Santos. Aí, a coisa é mais grave, mais dramática, quase criminosa, porque o hospital, o serviço de radioterapia, oferecia um serviço que a máquina não tinha capacidade de executar. Oferecia a chamada radioterapia conformada, que é um tipo de radioterapia que usa, de maneira mais concentrada e mais intensa, o tratamento radioterápico que é alternativa, por exemplo, para cirurgia da próstata.

Em certas circunstâncias, dependendo do tumor, da característica da célula, das condições físicas do paciente, da sua idade, essa alternativa de radioterapia tem o efeito muito parecido com aquele que tem a cirurgia radical. E com danos muito menores, com uma mortalidade muito menor.

Eu sou urologista, e não é por outra razão que você discute de maneira aprofundada com o paciente as alternativas que lhe são apresentadas: cirurgia, com a possibilidade efetiva de cura total, se o tumor estiver localizado no próprio órgão e não teve a sua ampliação além dos limites da cápsula prostática; ou a radioterapia que, em muitos casos, oferece uma possibilidade de cura muito parecida com a do procedimento cirúrgico.

Imagino o paciente que optou pela radioterapia conformada, considerando-se tratado, e agora descobre, primeiro, que a pastilha já não estava tendo a capacidade original. E é bom que se diga que isso é comum. Toda pastilha tem um período de decaimento e aí o fisico que trabalha com o aparelho vai calculando e aumenta, dentro do limite da razoabilidade, o tempo de exposição do paciente.

Mas, nesse caso, Deputado Marcos Martins, não era nem o tempo, o aparelho não permitia e não oferecia essa possibilidade. O próprio médico que indicou esse tratamento, imaginando que a máquina fazia isso, deu ao seu paciente uma alternativa que não era curativa para ele. Isso sem contar os eventuais prejuízos que nesse caso acontece, porque, como o parelho não consegue concentrar a irradiação, acaba atingindo órgãos vizinhos. Com isso não cura e produz dano adicional ao paciente como a hepatite, a cistite que seguramente vão trazer problemas futuros e graves.

Além de em Santos, já tivemos denúncias, se não me engano, em Bauru e em Marília. Eu dizia ainda, recentemente, num pronunciamento que fiz aqui da tribuna, que se em São Paulo acontece isso, imagine o que está acontecendo no resto do Brasil porque o Conselho Nacional de Energia Radioativa não está avaliando de forma adequada, não está fiscalizando de maneira adequada e, o que é mais grave, não está repondo as pastilhas com a rapidez necessária.

Claro que há de ter uma certa pressão da indústria de engenharia biomédica para vender novos e melhores aparelhos. Mas e quem não pode comprar? E aqueles estados, municípios, hospitais que não podem trocar o seu aparelho? Eles precisam ter a garantia da reposição da pastilha em tempo adequado. E de forma que, primeiro, pacientes que tenham começado o seu tratamento não tenham que interrompê-lo; segundo, quando o decaimento radioativo da pastilha ultrapassa aquilo que é considerado adequado, que se suspenda a entrada de novos pacientes. O que não aconteceu nesse serviço. Aí, temos que buscar a responsabilidade, quem são os responsáveis, além do médico que, em nenhum momento, pode dizer que não sabia porque ele é formado nessa área. Ele sabe a partir de que momento aquele aparelho não pode e não deve ser usado. Se, eventualmente, superiores determinaram a ele que, mesmo sabendo que esse tratamento não poderia continuar sendo feito sem riscos adicionais e insuportáveis para o paciente, continuasse sendo feito.

Quero, ainda falando da Saúde,  dizer que é possível que, neste momento, no Colégio de Líderes esteja sendo discutido, Deputado Davi Zaia, o nosso projeto que V. Exa. permitiu que assim seguisse, que vai aqui no Estado de São Paulo transformar em lei muito do que já se faz aqui no nosso Estado para o tratamento das hepatites virais.

Eu me lembro que fui, muitas vezes, questionado. Às vezes, até por técnico da nossa Secretaria de Estado da Saúde, como já aconteceu no passado, quando aprovamos aqui a lei que criou as chamadas Classes Hospitalares, que garante em hospitais, que tratam de crianças e adolescentes com patologias crônicas, a presença de professores que são disponibilizados pela Secretaria de Estado da Educação.

Lembro-me de que, na época, a Secretária da Educação Rose Neubauer questionava a necessidade dessa lei. Ela dizia: “Mas, nós já fazemos”. É verdade, fazia, sim, em um único hospital. Ela acabou induzindo inclusive o nosso Governador Mario Covas a vetar a nossa lei porque ela entendia que se existia uma portaria, uma norma para quê uma lei.

Foi extremamente difícil este Deputado demonstrar isso à nossa Secretária na ocasião e não consegui.  Para aqueles que estão nos acompanhando, sempre cito o exemplo da minha Lei da Vacinação do Idoso, aprovada aqui em 98, que foi transformada num programa nacional e não mais numa lei estadual apenas pelo então Ministro José Serra. E, a partir dessa decisão, o Brasil passou a vacinar também os seus idosos.

Em São Paulo é uma obrigação legal vacinar os idosos, no Brasil está sustentado por normas e portarias. O que significa isso?  Significa que amanhã pode mudar o governador, o secretário, o presidente, o ministro. No Brasil, por uma decisão do ministro da saúde, eventualmente, essa vacinação poderá deixar de ser feita, por exemplo, no ano que vem. Aliás, o Ministro Temporão cogitou isso, recentemente, quando houve o surto da gripe suína, preocupado que estava como todos nós, até pelo não entendimento do que poderia acontecer.

A abrangência, a gravidade, a morbidade, a mortalidade que essa doença poderia trazer foi aventada a hipótese de que no próximo ano, em 2010, o Brasil suspendesse a vacinação do idoso sazonal, para se dedicar exclusivamente à vacinação da gripe suína na expectativa inclusive de que tivéssemos a vacina já produzida no Brasil pelo Butantã. Em São Paulo isso não pode acontecer. Por quê? Porque, mesmo tendo trocado eventualmente o governador e o secretário, por um diploma legal a vacinação terá que continuar a ser feita.  É por isso que eu olho com muita atenção, acompanho a reunião de hoje do Colégio  de Líderes porque de lá poderá surgir uma decisão importante para São Paulo e para o Brasil de que aqui as portarias, as regras, as normas que vêm sendo adotadas - e muito bem adotadas - pelo nosso Secretário Barradas, orientado que tem sido pelo nosso Governador José Serra, ex-Ministro da Saúde, o melhor Ministro da Saúde, na época, do mundo, para que isso seja transformado numa lei e a partir daí, independentemente de mudanças, que espero não aconteçam tão cedo, possamos ter a garantia de continuidade e, mais do que a continuidade, a ampliação desse atendimento.

Esse projeto já está aqui na Casa tramitando há alguns anos. Tive a oportunidade de discutir detalhadamente na Secretaria de Estado da Saúde o seu aprimoramento.

Ainda, recentemente, recebi, como a gente diz aqui na Casa, Deputado Davi Zaia, o sinal verde para que esse projeto pudesse ser discutido e eventualmente aprovado.

Para que os senhores tenham uma idéia, talvez sejamos quatro milhões de brasileiros hoje contaminados pelo hepatite C e 90% não se sabe a doença. Uma outra estatística mais dramática: a cada duas horas morre um brasileiro vítima da hepatite C.

Espero que esta Casa possa comemorar comigo daqui a poucos anos, como comemoramos hoje a redução da mortalidade decorrente da gripe em função de uma vacina, de nossa lei aprovada nesta Casa, que exemplificou e se tornou um programa nacional.

Espero que São Paulo, mais uma vez, através de uma lei nossa, esteja exemplificando para o Brasil. Que esse projeto que se transformará, se Deus quiser, em lei brevemente possa estimular o Governo Federal a fazer o mesmo no Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI  ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio, por cessão de tempo.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, insisto na continuidade desse tema porque a nossa idéia é convencer aqueles que nos acompanham.

No dia de ontem acompanhava, como muitos deputados desta Casa, a cerimônia em que o Governador José Serra sancionava a lei de mudança climática, projeto aprovado pela unanimidade desta Casa, de novo um exemplo para São Paulo e para o Brasil e que seguramente minimizará a posição tímida que o Brasil vai apresentar na Conferência Mundial de Mudanças Climáticas. Lá eu conversava com o Secretário Afif Domingos da possibilidade que esta Casa tinha em aprovar esse nosso projeto de lei. O Secretário Afif Domingos tem um projeto na sua Secretaria que reputo da maior importância.

Já dissemos da tribuna que em cidades onde esse estudo foi realizado, constatou-se que 10% das manicuras estão contaminadas pelo vírus da Hepatite C e contaminando suas clientes, muitas delas por não se saberem doentes. A Hepatite C, por ser uma doença silenciosa, só vai ser diagnosticada se não for de forma ativa, quando já advirem as complicações da doença, quais sejam, cirrose hepática, ascite, varizes esofágicas, encefalopatia em decorrência da insuficiência hepática ou até o câncer hepático. Assim, as manicuras não se sabem doentes e mesmo que tentando tomar os cuidados necessários, via de regra usam aparelhos de esterilização que não são adequados e eficientes para matar o vírus das Hepatites B e C.

Dizia em pronunciamentos anteriores que em países desenvolvidos como Estados Unidos e Inglaterra as mulheres não tiram as cutículas. Por quê? Porque ainda que levassem seu aparelho é comum que aconteçam ferimentos e mesmo com os cuidados habituais eventualmente pode-se contaminar.

As nossas mulheres são mais preocupadas com o padrão estético - nenhum de nós critica isso - e já que este hábito está arraigado na população feminina, precisamos criar condições para que os salões de beleza, para que as manicuras tenham oportunidade de esterilizar de forma adequada o seu instrumento.

Dizia que o Secretário Afif Domingos tem um projeto que pretende financiar sem juros ou a juros bem baixos a compra desses equipamentos de tal sorte que daqui para frente no nosso Estado - é a nossa possibilidade - os salões possam se aparelhar de forma adequada para que essa contaminação não se dê.

Para muitos, pode parecer absurdo. O Deputado Milton Flávio, médico, professor de Medicina, está preocupado com hepatite? Será que não era melhor que ele estivesse hoje, como em passado recente, preocupado com o vírus HIV? Não. Por quê? Porque diferentemente do vírus HIV, que exposto a temperatura ambiente, às condições normais, tem uma sobrevida muito curta - eu diria de alguns segundos - os vírus das hepatites, sobretudo das Hepatites B e C, são muito resistentes e em condições mesmo desfavoráveis sobrevivem durante muito tempo e é por isso que são mais contaminantes. Digo mais. A Hepatite B tem uma mortalidade maior do que a do vírus HIV, se dissemina pelas mesmas portas de entrada com uma vantagem pelo menos em relação à Hepatite C: ela tem vacina e aí quero compartilhar com o nosso Secretário Barradas o aprimoramento do projeto, porque por sugestão da Secretaria nós acrescentamos um parágrafo ao nosso projeto de lei que obriga os nossos hospitais a vacinarem os recém-nascidos nos primeiros dias de vida e a Secretaria de Estado da Saúde vai fornecer - como fornece - essas vacinas gratuitamente. É importante frisar que por solicitação da Secretaria de Estado da Saúde acrescentamos um outro parágrafo que garante a oferta dessas vacinas para a Hepatite B - e reitero que para a Hepatite C não tem vacina: a obrigatoriedade de o Estado e a Secretaria manterem estoques da vacina nos postos de Saúde. 

Exatamente como aconteceu com as mudanças climáticas, o nosso Estado, o nosso Governador José Serra, o nosso Secretário Barradas, impõe obrigações adicionais a um projeto de lei desta Casa para garantir uma melhor condição de saúde à nossa população, diferentemente do que fazem outros governos, que têm um discurso na direção da Saúde, que têm um discurso na direção da proteção que devamos assumir em relação ao meio ambiente, mas que quando têm oportunidade de exercitar essa sua autoridade não o fazem.

Ainda hoje lia já com uma certa dose de alegria, é bem verdade, que graças às pressões - e eu diria até provocadas pela sanção da lei da mudança climática em São Paulo - que o Governo Federal repensa a sua posição e pretende levar como indicativo, como vontade, como disposição e não como obrigação - isto está dito nos jornais - reduzir em 40% a progressão que temos hoje na emissão de gás carbônico. Quero deixar bem claro que o que São Paulo está propondo é muito mias do que isso. Nós estamos propondo uma redução não na evolução, mas no que nós já emitimos hoje. A nossa proposta é de uma radicalidade muito maior. Vai produzir resultados três, quatro vezes maiores do que se eventualmente essa intenção expressa pelo Governo se transformar num compromisso ou numa atitude efetiva. Nós não. O Estado está se obrigando a fazer.

Ontem me perguntavam: Deputado, mas o senhor acha que o Estado vai conseguir? Claro que vai, por que não? Quantas vitórias conseguimos por exemplo na área da Saúde?  Quem poderia imaginar, dez anos atrás, antes do evento FHC e do Ministro José Serra, que teríamos no País as condições que temos no tratamento dos pacientes com o vírus HIV? Eu sempre conto essa história de na França ser questionado pela presidente da Assembleia francesa que não acreditava que fizéssemos o que fazemos para os pacientes contaminados pelo vírus da HIV. Da mesma maneira não acreditava que fizéssemos o que fazemos com os pacientes que foram transplantados porque lá eles não conseguem fazer. Eu brincava com a presidente da Assembleia francesa: a solução é fácil, presidente. E ela me perguntava: Qual, deputado? Importa o nosso Ministro José Serra. O que eu queria dizer é que já demonstramos no passado disposição e capacidade para resolver problemas de saúde das pessoas. O ministro José Serra foi considerado no passado o melhor ministro da Saúde de todo o planeta, cuidou bem da saúde das pessoas e agora teve a ousadia de fazer o mesmo com a saúde do planeta. Ora, quem cuidou com eficiência, com competência, da saúde das pessoas vai saber e vai cuidar, sim, com competência, da saúde do planeta. Até porque sabemos que a saúde do cidadão começa com a saúde do planeta. E isso nós fazemos bem.       

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Por cessão de tempo, tem a palavra a nobre  Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Srs. Funcionários, público presente e todos aqueles que nos dão a honra pela TV Assembleia, em primeiro lugar gostaria de fazer um convite para a realização de nossa sessão solene na próxima segunda-feira, às 10 horas da manhã, quando homenagearemos o Grupo Esperança, um órgão da sociedade que tem tido uma luta histórica, vitoriosa, em relação à prevenção e principalmente aos cuidados aos portadores de hepatite C. O Grupo Esperança comemora 10 anos. A entidade nasceu em Santos, mas hoje tem repercussão nacional e internacional, e tem feito um excelente trabalho, obtendo muitas conquistas para a sociedade não só de São Paulo, mas brasileira.

Ao homenagear o Grupo Esperança queremos também lembrar a Transpática, que é também uma entidade dos transplantados de fígado. Lembro-me de que há 10, 11 anos me pronunciei a respeito da hepatite C, conhecida como a aids do 3º milênio. Não tínhamos ainda políticas públicas que pudessem prevenir a doença com esclarecimentos, com realização de exames, uma vez que é uma doença extremamente silenciosa. Na oportunidade existia um remédio chamado ribavirina, que era extremamente caro, e conseguimos que fosse incluído na medicação gratuita do Ministério da Saúde. Hoje, essa medicação está ultrapassada; há a distribuição do interferon peguilado, mas, mais do que o tratamento, o importante é a educação, a prevenção ou, no mínimo, o diagnóstico precoce.

Queria fazer esse convite e parabenizar o Grupo Esperança pelos 10 anos. Meu abraço, também,  a todos da Transpática, que tem um trabalho fantástico em relação aos transplantados de fígado, no tratamento posterior.

Queria também me referir aos pacientes com câncer. Lamentavelmente a Baixada Santista é a região do Brasil que tem apresentado maior número de óbito por câncer de mama, especialmente. É profundamente preocupante. Precisamos de pesquisas que apontem por que há essa grande concentração, mas precisamos imediatamente de cuidados e atenção.

Realmente, todo esse escândalo das chamadas pastilhas de cobalto vencidas começou na Cidade de Santos e, a partir daí, foram registrados outros casos, especialmente em Marília e Bauru.

Embora eu não seja da área da saúde, como o nobre deputado que me antecedeu, quero dizer que já estivemos como o presidente da Comissão de Saúde, Deputado Fausto Figueira, que fez audiência pública na Baixada com a Comissão da Câmara Municipal de Santos e contamos com a presença do físico/médico responsável pelo acompanhamento dessa questão da energia, fiscalização do Ministério da Saúde. Fica muito claro que houve fiscalização por parte dessa comissão, que foi detectado que as pastilhas estavam vencidas e que realmente, tanto as secretarias municipais quanto a estadual de Saúde não tomaram as devidas providências. O Deputado Pedro Tobias até disse que a Secretaria Estadual de Saúde, às vezes muito rigorosa com o vendedor de cachorro quente, não fez a sua lição de casa  em relação à gravidade desses hospitais.

Quero lembrar que uma vez que o governo do estado não amplia os recursos para a Saúde, os oito deputados da Baixada Santista, independentemente de partido, estamos fazendo uma emenda em conjunto para que tenhamos três milhões de reais para comprar o acelerador para a Santa Casa de Misericórdia de Santos que hoje é o hospital que atende toda a região e o seu equipamento funciona 24 horas por dia. As pessoas vão fazer radioterapia às duas horas, às três horas da manhã, e temos um compromisso do secretário Barradas no sentido de que haveria uma descentralização principalmente da quimio, pois da rádio é mais difícil. Mas todos os pacientes que vêm do litoral sul, principalmente do Vale do Ribeira, para o seu tratamento, estão sem nenhum acompanhamento posterior. Desculpem a palavra, mas é a realidade, os pacientes chamam “o ônibus do vômito”. Após uma quimioterapia, que é um processo extremamente agressivo, em que as pessoas ficam debilitadas, elas ainda têm que percorrer horas e horas para chegar na sua cidade. Isso quando temos o hospital estadual regional de Pariquera-Açú com o compromisso dessa centralização da quimioterapia.

São questões de saúde extremamente graves e me parece que há um certo fechar de olhos em relação ao governo do estado e mesmo das secretarias municipais. Ficou muito claro que nesses casos em que a pastilha de cobalto estava vencida a responsabilidade era justamente de secretaria municipal e de secretaria estadual interditar o equipamento. Haja vista que, quando assumiu uma nova diretora regional da região de Bauru ela impediu imediatamente  que aquele equipamento continuasse funcionando.

Não sabemos quais as conseqüências para as pessoas que se submeteram à rádio; provavelmente foram queimadas, dizem os relatos, muitas vezes mais do que a radioterapia já agride, e não sabemos a eficácia do tratamento. Inclusive já há hospitais com recursos para a compra de novas pastilhas e isso não ocorreu.

Mas eu queria me referir também as nossas grandes dificuldades na região da Baixada. Vemos sempre visitas de muitos membros do governo, inclusive do governador e de secretários, que por diversas vezes anunciam o chamado SIM, que é o Sistema Metropolitano, com a instalação de veículos leves sobre trilhos, uma vez que foi extinto no ano de 99 o trem que saía de Praia Grande, passando por São Vicente, chegando a Santos, até o Vale do Ribeira. Está na LDO, mas no Orçamento do estado não há o recurso destinado para a instalação do VLT.

Outra coisa, o governador vai lá várias vezes, os deputados da base aliada, os secretários anunciam a ligação seca entre Santos Guarujá: uma hora ia ser túnel, outra hora ia ser ponte, mas continuam anunciando, dizendo que estão abrindo licitação, dizendo que já estão previstas todas as etapas. Interessante que no Orçamento de 2009 os recursos estavam destinados, e no orçamento de 2010 eles desapareceram. Então, ficamos nos perguntando qual é o planejamento do governo do Estado de São Paulo, do Governador José Serra e seus secretários, que muitas vezes se colocam como grandes planejadores e não vemos bater lê com crê. Ou seja, muita coisa que estava na Lei de Diretrizes Orçamentárias desapareceu, no Plano Plurianual então, esquece, que as metas não foram atingidas. Teremos oportunidade de discutir e votar esse Orçamento. Espero que as comissões, em especial todos os deputados ajudem a corrigir essas distorções da proposta orçamentária que o governador enviou a esta Casa. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Deputado Davi Zaia, demais colegas presentes, público que nos acompanha pela TV Assembleia, venho à tribuna mais do que repercutir, protestar contra o que ocorreu em São Bernardo do Campo, na Uniban, Universidade Bandeirantes, onde a aluna Geizy Arruda passou por um grande constrangimento ilegal, por uma ameaça, não bastasse o trauma psicológico causado pelos demais alunos, diga-se de passagem vândalos, porque alguém que vai a uma universidade e precisa ter uma colega retirada da mesma com escolta da polícia, fica “sub judice” que tipo de pessoas são essas.

Mas a responsabilidade é integral da Uniban, universidade essa, digo aos demais colegas, que nunca gozou de grande responsabilidade com os alunos. Este deputado que vos fala foi aluno da primeira turma de direito de Uniban e conseguiu ter o seu diploma reconhecido porque junto com os demais alunos foi ao Conselho Nacional de Educação, em Brasília, pleitear o reconhecimento do curso de Direito, visto que a universidade oferecia um curso que não era reconhecido. Mas naquela época - de 1999 a 2001 - o prédio onde inicialmente instalou-se a Uniban era a antiga sede da Autolatina, e saibam vocês que os alunos eram transportados no elevador de carga - isso, elevador de carga, e pior do que isso, sequer a universidade tinha sistemas de combate a incêndio. Este deputado, que à época era vereador, fez formalmente as denúncias. Agora, sabe o que nos provoca um verdadeiro horror em relação a essa universidade? É o seu vice-reitor, Sr. Newton Linhares – não sei se permanece, mas até poucos anos lá estava - ser membro do Conselho Nacional de Educação. Estranhamente ele só foi remetido a esse cargo depois de disputar a eleição na chapa do petista Vicentinho, no ano de 2004, em São Bernardo.

Então, não consigo entender se é um conluio, um complô, mas essa universidade precisa urgentemente passar por uma grande fiscalização do MEC. Agora, dá para acreditar que o MEC vai fazer isso, se levarmos em conta que o vice-reitor foi indicado e ungido a um cargo no Conselho Nacional de Educação, órgão que deveria fiscalizar e monitorar as universidades? Um verdadeiro papelão.

O “Diário do Grande ABC” de hoje traz: “Uniban suspende expulsão de aluna”. Deputado Donisete Braga, que tem seu nome mencionado junto com o meu na matéria de hoje, antes tarde do que nunca, se já não bastasse todo o trauma criado por essa aluna, a Uniban teve ainda a atitude razoável de voltar atrás. Porque insisto em dizer que feio já é errar nesse caso, pior seria não corrigir o erro.

Então, fica nosso protesto contra essa deprimente universidade, que trata alunos como números, que trata os alunos como tratou na época que este deputado estudou lá; não fossem nossas cobranças poderiam ser tratados como animais, quando éramos submetidos a entrar num elevador de carga para acessar os andares, e agora tem essa triste decisão de criar esse constrangimento.

Esse assunto nem deveria ser tratado na tribuna, porque é uma garota que sequer conheço, da cidade de Diadema, mas poderia ser qualquer cidadã, porque estava com a veste curta, passar por esse constrangimento. Será que teremos de voltar à época em que os homens iam de terno para a faculdade e as mulheres de blusas fechadas até o pescoço e saias até os joelhos? É lamentável.

Então, quero aqui registrar esse fato lamentável ocorrido na Uniban de São Bernardo do Campo, universidade essa que tem deixado muito a desejar no quesito aluno, no quesito ser humano.

Fica aqui o nosso registro para que o MEC - nem vou falar Conselho Nacional de Educação porque se o vice-reitor estiver lá, seguramente ele estará mexendo os pauzinhos para que nada ocorra - não espere ocorrer outro fato que se torne manchete nacional e venha a manchar a vida dos alunos, porque acima de tudo um fato como esse prejudica os demais alunos que estudam naquela universidade. Esse é o ponto mais relevante, essa é a maior preocupação deste deputado. Que nível de ensino, que nível de segurança a universidade oferece? Aqui diz que ela tem 17 mil alunos. Sequer tinha um corpo próprio de segurança para amparar essa moça. Ela teve de ficar trancada, confinada em uma sala de aula até que a PM chegasse para que ela pudesse sair do recinto. Vejam vocês que baixaria. A segurança e a integridade dela tinham de ser mantidas, por obrigação, para que ela pudesse assistir à aula normalmente independentemente de quais vestes ela portava naquele dia. Pelo contrário, saiu de lá escoltada pela polícia. Será que se outras moças forem a essa universidade com uma saia mais curta ou com um decote mais acentuado correrão o mesmo risco de serem hostilizadas por esses que dizem alunos? Eles precisam melhorar sua educação, porque um princípio básico para se viver em comunidade é a harmonia, harmonia essa que faltou, contra o que este deputado vem aqui protestar e lamentar o triste fato de essa universidade não ter oferecido o mínimo para os alunos, que é a sua integridade dentro do campus. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, a respeito desse pronunciamento do Deputado Orlando Morando, quero informar ao Deputado e a todos os nossos telespectadores que uma liderança do PT de renome internacional, que é a ex-Prefeita, ex-Deputada Federal e ex-Ministra do Turismo Martha Suplicy, publicou um artigo hoje no jornal “Folha de S.Paulo” chamando a Universidade Uniban de Universidade “Taleban”, criticando duramente o comportamento da Universidade, criticando o comportamento dos alunos e daqueles que colaboraram para aquele ato hostil, repugnante que foi feito. E a ex-Prefeita chama atenção de que a pressão da opinião pública, a mobilização da sociedade fez com que a Universidade voltasse atrás.

Essa atitude recebeu condenação de diversas lideranças de nosso partido, o Partido dos Trabalhadores, o MEC tomou a providência de solicitar os esclarecimentos da atitude da Universidade para pensar as providências necessárias, de maneira que não houve omissão.

Acho que esse é um assunto que não deve ser partidarizado, como fez o Deputado Orlando Morando, mas que sirva de lição para que a sociedade  faça uma profunda reflexão sobre o tipo de universidade que queremos, sobre o tipo de conhecimento que estamos produzindo, tirando uma lição desse episódio, ou seja, como fazer do limão a limonada. Fazer como o senado Eduardo Suplicy que se ofereceu para ir lá sexta-feira fazer uma mediação entre os alunos que cometeram aquele ato, alunas, professores, a direção daquela universidade, para tirar uma lição para que episódios como esse não volte a ocorrer. Muito obrigado.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobre Deputado Davi Zaia, Sras. e Srs. Deputados, públicos que nos assiste das galerias desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, gostaria também de mencionar rapidamente, até porque não vou abordar o tema que o Deputado Orlando Morando abordou, concordo em parte com a sua intervenção e concordo 100% com a intervenção do meu colega Deputado Simão Pedro, não podemos partidarizar esse episódio - não quero aqui defender a Universidade Bandeirantes. Sem dúvida alguma defendo o estado democrático onde as pessoas tenham condições de se defenderem, fato esse que não aconteceu com a aluna da Uniban. Foi acertada a iniciativa da Universidade de rever o seu erro. Mas não podemos pegar esse fato e trazer para uma questão partidária.

Concordo em parte com a intervenção do Deputado Orlando Morando. Mas quanto à questão partidária não posso concordar, até porque o Ministério da Educação pediu esclarecimentos, a própria Ministra da desigualdade racial Nicéia Freire, ontem manifestou, por meio do seu ministério, também, diligências junto à reitoria da Uniban.

Acho que o tema foi recolocado à Justiça para que a aluna não só possa ser ouvida,  mas possa, também, retomar o curso na Universidade e, mas acima de tudo, desde o ladrão de galinha, até o ladrão de banco, têm que ter o direito de defesa e temos que defender isso.

Vivemos num estado democrático de direito onde a Justiça Brasileira tem que ser colocada e não partidarizada; não podemos aceitar esta pecha.

Sr. Presidente, ontem participei de um seminário na Câmara Municipal de Mauá, coordenado pelo Secretário de Desenvolvimento Econômico, Edilson de Paula, seminário esse que contou também com a presença do senador Aluízio Mercadante, do nosso Prefeito Municipal de Mauá, Oswaldo Dias , onde discutimos o tema do Pré-sal; não tenho dúvida que esta será a melhor política de distribuição de renda para o nosso País no próximo período, não só pelos investimentos do Governo Federal do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - são 29 bilhões de dólares de investimentos de 2009 a 2013, e a estimativa de 15 bilhões de barris para as reservas de petróleo do nosso País. E mais do que isso, queremos não só ressaltar a importância do investimento, da receita da distribuição de renda com relação ao pré-sal, mas, mais do que nunca a defesa da Petrobrás, patrimônio brasileiro, que até há alguns anos merecia destaque por grupos outros em privatizá-la, essa importante empresa estatal do nosso País que hoje tem a melhor tecnologia para fazer a extração do pré-sal.

O pré-sal, como muitos dizem, e o PSDB e DEM falam muito isso, é uma invenção do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já é uma grande descoberta, uma grande realidade. E o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva muito preocupado com o processo de planejamento, de gestão para que possamos ter essa riqueza e que acima de tudo ela possa ser distribuída para o nosso País, porque não queremos que continue aquela política de anos atrás onde uma fatia muito pequena cada vez ficou mais rica no nosso País e uma fatia maior, cada vez mais pobre. Queremos, acima de tudo, uma distribuição de renda, e entendemos que a questão do pré-sal para o nosso País é uma grande bandeira de riqueza, não só para São Paulo, para Santa Catarina, para o Espírito Santo, enfim para esses estados onde estará sendo feita a questão do pré-sal, mas especialmente para o Estado de São Paulo.

Em Mauá onde temos a refinaria Capuava, temos o polo petroquímico, temos hoje uma importante logística no ABC que poderá favorecer em muito a riqueza do nosso País, a riqueza que a Petrobrás descobriu e que não tenho dúvida alguma que num período muito curto o povo brasileiro poderá ter mais investimento, especialmente, na questão educacional, onde o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem colocado que esses investimentos serão destinados, numa grande maioria, para a questão da Educação no nosso País, porque não queremos que tenhamos ainda uma grande maioria da população que seja excluída. Mais do que nunca o investimento na Educação é fundamental, como também a política, por exemplo - já que estamos discutindo a questão da Universidade Bandeirantes - a política do Pró-Une, que é um programa importante de inserir os jovens oriundos da rede pública para que ele possa ter acesso a uma Universidade. Então são políticas como essa que faço questão de registrar: a questão do pró-Une e a questão do pré-sal da política do nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, ouvindo atentamente o pronunciamento do Deputado Simão Pedro, a quem respeito muito, assim como também, do Deputado Donisete Braga, quero dizer primeiramente que não compartilho de nenhuma delas, porque quando lembramos de algum envolvimento de algum membro do PT, algum fato que venha macular o Partido dos Trabalhadores, eles dizem que não pode partidarizar o assunto. Quem fez isso não foi este Deputado e sim o Governo Federal por meio do Deputado Vicentinho que, só para recordar, tanto ele quanto o Deputado Federal e o então Ministro do Trabalho, hoje Prefeito de São Bernardo do Campo, eram garotos propaganda da Uniban; ou estão esquecendo-se disso? Eram pessoas de grande notoriedade pública, que apareciam nos principais canais de televisão defendendo e fazendo propaganda abeta da Uniban. Esse Deputado só veio lembrar que o Sr. Milton Linhares, vice-Reitor da Uniban, foi indicado ao Conselho Nacional de Educação após ter sido derrotado em São Bernardo do Campo numa chapa composta com o então Deputado Federal Vicentinho, que era à época candidato a Prefeito e foi derrotado pelo candidato Willian Dib com quase 80% dos votos válidos. Então, não estamos aqui partidarizando, mas apenas e tão somente lembrando um fato. Tanto o Vicentinho, quanto o Luiz Marinho já eram filiados ao Partido dos Trabalhadores. Não estou aqui condenando ninguém; mas estou recordando. Este Deputado à época Vereador também era aluno da Uniban, mas não aceitou ser garoto propaganda da Uniban, porque naquela época eu já militava em favor dos alunos que eram tratados pior do que como se números fossem. Foi por meio de muita denúncia na imprensa que interditaram até o elevador, porque aluno lá era transportado em elevador de cargas. Depois fizeram prédios novos, todas as passagens. Mas não há ninguém partidarizando. Se falar a verdade dói, lamento. Mas que membros do PT faziam propaganda, eram garotos propaganda da Uniban, eram. Inclusive o Deputado Vicentinho foi questionado sobre como conseguia cumprir o mandato em Brasília e ser aluno. Ele teve que dar nota à imprensa explicando.

Então só trago a público fato recorrente, vivido e jamais inventado por este Parlamentar. Agora, são lamentáveis as posturas da Uniban em relação aos alunos. Só para lembrar: à época em que este Deputado estudou lá, aluno que tinha mensalidade atrasada não podia fazer prova. Já que o Deputado Donisete Braga diz que defende tanto o ladrão de galinha quanto o de bancos, poderia defender os alunos que não conseguiram fazer prova. Se há constrangimento pior que esse, desconheço. Agora, se o PT tem ligação com a Uniban, não cabe a mim fazer a sustentação, muito menos a defesa.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, entrando na polêmica do Deputado Orlando Morando, o Deputado tenta colocar palavras não ditas na minha boca. Quero reiterar que sempre irei defender o estado democrático de direito do nosso País; as pessoas têm que ter direito à defesa. Respeito tanto o ladrão de banco quanto o de galinha. Todos têm que ter o direito de defesa. A Universidade Bandeirantes acertou em rever uma situação da qual discordo completamente, até porque a aluna não teve direito de defesa.

Mas, infelizmente, o Deputado Orlando Morando mais uma vez traz questões de caráter partidário, mistura com um tema extremamente importante que a sociedade hoje debate, tema que mereceu destaque em noticiários internacionais, e tenta trazer mais uma vez as questões de caráter partidário. Não sei se o Deputado Orlando Morando tem alguma mágoa com relação aos resultados das últimas eleições de São Bernardo, porque o povo de São Bernardo teve a oportunidade de ouvir as propostas dos candidatos a prefeito - o Deputado Orlando Morando foi candidato a prefeito - e escolheu Luiz Marinho. E não foi pelo simples fato de o candidato Luiz Marinho ter cursado a Uniban. O mesmo em relação ao Deputado Federal Vicentinho, porque da mesma forma que o Deputado Orlando Morando tenta trazer as questões de caráter partidário, também traz as questões de caráter preconceituoso. Pelo menos na sua intervenção eu tive esse entendimento, e acho que os telespectadores que estão neste momento nos assistindo têm essa compreensão, muitas vezes uma questão até de discriminação com um petista, um metalúrgico que se tornou deputado federal, que conseguiu se formar. A mesma coisa com o Presidente Lula, um torneiro mecânico que hoje é Presidente da República e que tem feito muito mais que o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Há muitas mágoas enrustidas, que devem ser um pouco esse sentimento dos tucanos que neste momento está colocado no coração do Deputado Orlando Morando.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Em primeiro lugar gostaria que o Deputado Donisete Braga, que faz uma avaliação de caráter pessoal, citasse onde em minha colocação existiu algum tipo de preconceito. Se falar a verdade é ter preconceito e dói, eu lamento. Insisto que este Parlamentar não está absolutamente partidarizando nada. São fatos vivenciados. Agora, se V. Exa. quer defender seus colegas, que até acredito que estejam arrependidos por haverem sido garotos propaganda da Uniban, é outra história. Agora, por tudo o que a Uniban já passou, e aparecendo constantemente nos jornais contra o aluno, muitos torneiros mecânicos e metalúrgicos, seguramente, se o Presidente Lula houvesse feito a faculdade, não teria tido o comportamento que tiveram o Vicentinho e o Luiz Marinho.

Mas, Deputado, não coloque palavras não ditas em minha boca. Não há nenhum preconceito, estou relatando um fato. E mais do que minhas palavras são os fatos. Quanto a dizer que este parlamentar tem mágoa, Deputado Donisete Braga, democracia é isso. Disputei cinco eleições e venci quatro. Perdi uma; foi a escolha do povo. Agora, magoados estão os funcionários públicos de São Bernardo porque, diferente daquilo que V. Exas. falam quando o Governo pede para votar bônus para os funcionários públicos, passando horas discursando contra, o seu prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, ao invés de aprovar aumento de salário para os funcionários públicos, mandou um projeto de lei propondo um bônus para eles, que diga-se de passagem não atende os aposentados, aquilo que todos nós defendemos e sei que há sensibilidade da parte de Vossa Excelência.

O plenário é gostoso por conta disso, da divergência de opiniões, da convergência, da democracia. Mas alguns, quando se sentem acuados, tentam descaracterizar o debate. Estranhamente ouvi V. Exa. falar muito pouco da moça. Essa é a grande vítima do nosso debate. Se V. Exa. quiser defender a Uniban, também é um exercício democrático. Não é feio. Eu sou contra. Não é porque quero ser contra, mas porque o comportamento dessa universidade com os alunos nunca foi digno do nosso respeito. Apenas e exclusivamente por isso. Mas falar em preconceito e mágoa é uma coisa muito pequena. Estou pensando em São Bernardo, no Grande ABC e dentro do que posso tenho ajudado, não diretamente a administração, porque aí é dever do prefeito. É voz corrente na cidade que ele precisa começar a cumprir as suas promessas. Mas eu respeito, ele foi escolhido prefeito e tem inclusive a minha consideração. Logicamente não o meu apoio.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero aqui mais uma vez registrar que acertou a Universidade Bandeirantes em rever a expulsão da aluna Geyse. Que o Deputado Orlando Morando possa aqui ouvir que não estou fazendo defesa da Uniban. Eu havia dito que concordava em parte com o Deputado quando utilizou o Art. 82, mas não concordava com a questão partidária.

Esteve lá ontem a UNE para fazer a defesa da aluna, e a partir de agora estamos colocando a discussão num grande equilíbrio. Também fui aluno da Uniban. Houve um episódio no ano passado - não me recordo o fato - quando seu colega Fernando Capez, do PSDB, usou a tribuna para defender a Uniban e eu o aparteei, concordando inclusive com a defesa que ele fazia naquele instante.

Então quero aqui mais uma vez dizer que acertou a universidade em rever a injustiça cometida contra a aluna.

Com relação à questão de São Bernardo, Luiz Marinho foi Ministro do Trabalho, sindicalista, Ministro da Previdência, vai fazer uma gestão muito melhor que o ex-Prefeito William Dib, porque o Prefeito Luiz Marinho não se recusa a receber recursos do Governo Federal como no passado o ex-prefeito se recusava. Inclusive a Universidade Federal em São Bernardo já era para estar funcionando desde o ano passado. Mas William Dib, não sei por que motivo, não quis discutir um convênio com o Ministério da Educação.

Mas para não fugir ao tema da discriminação com a aluna e com a Uniban, felizmente, depois da grande mobilização, de artigos de várias pessoas e de vários partidos, sem qualquer conotação partidária, ao contrário de como o Deputado Orlando Morando tem colocado e tem tentado registrar aqui, como ninguém fez, nas matérias que pude acompanhar, com relação a esse fato.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - Sr. Presidente, eu daria já por encerrado. Fizemos a explanação de motivos, o que pensa cada um, o que é legítimo. Só não posso encerrar esse debate concordando com essa postura do Deputado Donisete Braga, em relação ao ex-prefeito William Dib. Quem vai julgar é sempre a sociedade.

Inclusive eu o convido a andar um pouco na periferia da cidade, onde o prefeito Luiz Marinho prometeu bilhete único e não entregou, após um ano de governo. O prefeito prometeu transformar UBSs de bairros importantes, como Vila São Pedro, Jardim União, e até agora não entregou. Sei que faltam três anos, e nós torcemos para que ele cumpra suas promessas.

Mas é discurso vencido esse de que o prefeito Dib não aceitava recurso do Governo Federal. Todos os jornais de grande circulação apontaram claramente que as administrações do PT são mais prestigiadas do que as que não são petistas.

Isso é claro, diferentemente da administração do PSDB. O Governador José Serra inaugura Fatec em Santo André, que era governada pelo João Avamileno, que era do PT; vai inaugurar uma Fatec na Cidade de Diadema, governada pelo nosso colega Mário Reali, que é prefeito petista, e tem feito AMEs em cidades governadas pelo PT, inclusive vai fazer uma na sua, em Mauá, anúncio público já.

Portanto, se existe alguém que faz governo com isenção, com o que chamamos de “olho estrábico”, porque é um no presente e outro no futuro, é o Governo dos tucanos, é o Governo de José Serra, diferente do Presidente Lula, que sempre boicotou São Bernardo do Campo, porque era governada pelo Dib.

Se é para lembrar de mágoa, a voz corrente é que Lula tinha mágoa do Dib, porque quando ele foi fazer um comício de encerramento na Praça Giovani Breda, e depois a perícia apontou que foi um ambulante que cortou o fio que deixou o palco sem iluminação, o Presidente insinuou para algumas pessoas que foi boicote do então prefeito. Isso não existe.

Vamos governar com um olho maior. Sou parlamentar, e estou mandando emenda para São Bernardo do Campo, que é governada pelo PT. Essas são atitudes que a sociedade espera de nós.

Mas a acusação de que existia boicote do Dib, não. Havia boicote do Lula para com São Bernardo do Campo.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, não queria alimentar mais esse debate, mas penso que ele é descabido. Precisamos lamentar o que aconteceu com a aluna Geyse; cobramos explicações da Universidade, houve uma pressão da opinião pública, inclusive da maioria dos petistas, em relação à atitude da Faculdade, que recuou.

Agora precisamos acompanhar. A aluna precisa ser ressarcida de todas as calúnias e crimes que foram cometidos contra ela. Ela precisa ter garantido o seu direito de estudar, e estudar com segurança e tranquilidade.

Mas ligar isso com tema partidário... O Ministro Luiz Marinho estudou na Uniban, assim como o Deputado Federal Vicentinho e o Deputado Orlando Morando. Não podemos vincular a questão da qualidade da ligação de cada um com esse tema. A sociedade vai saber repudiar.

O Governo do PT, do Presidente Lula, está na história. Não preciso dizer aqui, porque a população sabe. É o Governo que mais criou vagas em Universidades públicas, quase duplicou o número de vagas em Universidades públicas no Brasil, criou várias Universidades, entre elas a Universidade do ABC.

Há muita reclamação do setor privado da Educação, de que o Governo do PT não dá tanta importância, e é verdade. Pensamos que o Governo Federal tinha que jogar pesado para ampliar o número de vagas, criar novas Universidades públicas, onde os alunos podem estudar gratuitamente, ao contrário do que fez o Governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que não criou uma vaga nova de Universidade pública e, mais do que isso, no seu Governo, proliferaram-se, de forma exagerada, sem qualquer critério, as Universidades privadas no Brasil. Isso é um fato, está na história, todos sabem.

Portanto, não é possível tentar fazer qualquer tentativa de ligação do PT, do Presidente Lula, das nossas lideranças, com o ensino privado no Brasil. Por exemplo, o Presidente Lula criou quase 500 mil bolsas de estudos pelo Prouni, para que alunos que não tenham condições de entrar numa Universidade pública possam ter garantido o seu direito de cursar uma Universidade.

É um dado da realidade. A população vai saber repudiar qualquer tentativa de vinculação partidária desse ato repugnante que aconteceu na Uniban, com o debate partidário, que não podemos prosseguir.

Sr. Presidente, quero comunicar que protocolei hoje um ofício ao Presidente da Assembleia, Deputado Barros Munhoz, solicitando que ele tome uma atitude em relação à compra de computadores novos.

A Assembleia abriu uma licitação para comprar laptops para os Deputados. Recebi por empréstimo um laptop de propriedade da Assembleia Legislativa, mas ele veio com software proprietário, da Microsoft. Solicitei à minha assessoria técnica - porque defendo o uso de softwares livres, que são mais econômicos e têm a mesma função - que pudesse implantar um software livre, um sistema operacional livre, junto com o sistema proprietário.

Para minha surpresa, há um bloqueio, há uma senha no sistema, e isso não é permitido. Ou seja, é uma vinculação dos interesses públicos, inclusive desta Assembleia, aos interesses de uma empresa privada, uma multinacional, das mais ricas, que ficou rica; o seu proprietário é um dos homens mais ricos do planeta, em função de ter se apropriado do sistema de informações de conhecimento coletivo. Transformou isso num produto que, aliás, ele nem vende. Ele só concede uma licença para que nós usemos.

Então, solicitei ao Presidente que tome providências, para que nessa nova licitação dos laptops aos Deputados - parece que a Presidência já abriu licitação - para que isso não ocorra.

Aproveito para comunicar também que estou protocolando hoje um Projeto de Resolução, sugerindo que em todo o sistema de Informática da Casa não só se utilize o software de uma única empresa, monopolista do sistema, mas que permita também a utilização de software livre, para que aqueles que não queiram se submeter ao uso exclusivo dos interesses dessa empresa possam ter a sua opção, possam ter a sua liberdade.

Solicitei também ao Presidente que crie um grupo técnico de trabalho para estudar uma forma para que todos os computadores da nossa Casa possam ter o uso duplo: o sistema operacional privado, para quem queria usar, e o sistema livre para quem queira usar.

Muito obrigado.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Antonio Mentor, e suspende a sessão por 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

* * *

 

- Suspensa às 17 horas e oito minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 44 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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- Passa-se à

               

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência dá conhecimento ao Plenário que a Assembleia Legislativa acaba de receber a comunicação do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo de que o Desembargador -  Relator do Mandado de Segurança nº 186. 266-0/1-00 - reconsiderou a decisão liminar que suspendia a tramitação do Projeto de Lei do Orçamento para 2010.

O teor do despacho do Sr. Desembargador, é o seguinte: 

“Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Mandado de Segurança nº 186.266-0/1-00

Comarca: São Paulo

Visto.

O Douto Procurador Geral do Estado de São Paulo, às fls. 77/78, pede reconsideração da decisão deste Relator proferida às fls. 65/73, que deferiu liminar postulada pelo impetrante, Sindicato União dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, para o fim de determinar que o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado encaminhe à Assembléia Legislativa a Proposta Orçamentária integral elaborada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo; e também para determinar ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembléia Legislativa Estadual que suspenda o trâmite do processo legislativo de análise e aprovação do Orçamento do Estado para 2010.

Basicamente, alega o Senhor Procurador Geral do Estado que houve remessa da proposta orçamentária elaborada pelo Tribunal de Justiça nos exatos termos em que encaminhada ao Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, sem alterações, juntando entre outros documentos, certidão da Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado confirmando tal assertiva (fls. 79).

Às fls. 154/155, o Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembléia do Estado de São Paulo informa que "... do Projeto de lei nº 891, de 2009, Autos – RGL nº 6579/2009, que orça a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2010, oriundo da mensagem do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado nº A 119/2009, recebida em 30/09/2009, consta, às folhas 381/387, o Ofício nº 426/2009 - Processo nº 09/20616, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com a proposta orçamentária do Poder Judiciário para o orçamento de 2010, no valor de R$57.233.455.505,00, sendo R$7.181.391.505,00, do Tribunal de Justiça e R$52.054.000,00 do Tribunal de Justiça Militar, e que a proposta orçamentária encaminhada pelo Executivo, constante do quadro "Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social Por Órgão Orçamentário", às fls., 04 do supra mencionado projeto é de R$5.215.342.547, com R$5.176.147.300 para o Tribunal de Justiça e R$39.195.247 para o Tribunal de Justiça Militar.

Cumpre-me informar, ainda, que a análise desta Assembléia deverá ocorrer sobre as duas propostas encaminhadas."

Verifica-se, pois, diante da Certidão de fls. 79 e da informação do Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembléia.que a medida liminar deferida está prejudicada, pois, já antes da sua concessão a Proposta Orçamentária do Poder Judiciário havia sido encaminhada integralmente ao Parlamento Estadual, e será examinada, nos termos em que apresentada, em confronto com a Proposta oriunda do Poder Executivo.

Deixou de existir razão jurídica para o sobrestamento do processo legislativo, que poderá agora prosseguir, para a análise do orçamento como um todo.

Pelo exposto, declaro prejudicada a liminar antes concedida, ficando liberado o prosseguimento do referido processo legislativo de discussão do orçamento do Estado para o exercício de 2010.

Diante dessa nova situação processual, manifeste-se o impetrante sobre o interesse no prosseguimento e julgamento da Segurança, que aparentemente perdeu o objeto, eis que já alcançada a pretensão inicialmente deduzida.

Oficie-se às DD. Autoridades apontadas como coatoras.

Intime-se.

São Paulo, 10 de novembro de 2009.

Desembargador Ademir Benedito – Relator”

Assim sendo, inexistindo óbice à continuidade da tramitação da proposta orçamentária e considerando que já transcorreram até o momento 12 sessões para oferecimento de emendas, determino a reabertura da pauta a partir de 13ª sessão, na data de amanhã.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, há sobre a mesa os seguintes requerimentos:

Requerimento de autoria do nobre Deputado Campos Machado, com número regimental de assinaturas, solicitando urgência para o Projeto de lei 12/09, de autoria do Tribunal de Justiça.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento de autoria do nobre Deputado Vaz de Lima, com número regimental de assinaturas, solicitando tramitação em regime de urgência para o Projeto de lei 552/09, de autoria do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Requerimento de autoria do nobre Deputado Roberto Felício solicitando, nos termos do Art. 35, da XIII Consolidação do Regimento Interno, constituição de uma comissão de representação a fim de acompanhar a 4ª Conferência Estadual de Educação que será realizada nos dias 17, 18 e 19 de novembro de 2009 no Município  de Serra Negra.

Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo de lideranças, solicito a suspensão dos trabalhos por 15 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental, antes, porém, esta Presidência, nos termos do Art. 18, inciso III, alínea “d”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Orçamento para hoje, às 17 horas e 55 minutos, com a finalidade de apreciar a seguinte matéria em regime de urgência: PL 12/09, que cria cargos no Quadro do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e PL 552/09, que cria cargos de médico e enfermeiro no Quadro do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A reunião será realizada no Salão Nobre da Presidência.

Em face do acordo entre as lideranças, a Presidência suspende a sessão por 15 minutos.

 

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- Suspensa às 17 horas e 53 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 22 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. e Srs. deputados, nos termos do art. 100, inciso I, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, dez minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:

Projeto de lei nº 12/09, que dispõe sobre a criação de cargos no quadro do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Projeto de lei nº 552/09, que dispõe sobre a criação de cargos de médico e enfermeiro no quadro do Tribunal de Justiça.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre lideranças, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo acordo de lideranças, esta Presidência antes de dar apor levantados os trabalhos convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental com a mesma Ordem do Dia de hoje, lembrando-os da sessão extraordinária a realizar-se hoje às 19 horas e 10 minutos. Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 23 minutos.

 

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