11 DE NOVEMBRO DE 2009

159ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: ROBERTO MORAIS, JOSÉ CÂNDIDO, CONTE LOPES e BARROS MUNHOZ

 

Secretária: MARIA LÚCIA PRANDI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - ROBERTO MORAIS

Assume a Presidência  e abre a sessão.

 

002 - CARLINHOS ALMEIDA

Anuncia a realização, nesta Casa, na data de hoje, do Encontro de Prefeitos do Estado de São Paulo, com a finalidade de debater temas fundamentais para o desenvolvimento do Estado. Lembra que a Constituição de 1988 deu aos municípios  um papel relevante na Federação, de modo que não só os estados mas também os municípios são entes federados. Diz que o Presidente Lula tem valorizado o papel dos municípios.

 

003 - MARCOS MARTINS

Refere-se ao seminário realizado ontem, no Auditório Franco Montoro, para o lançamento da Campanha sobre o câncer provocado pelo amianto (mezotelioma), com a presença da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto  e de diversas sociedades sindicais. Alerta para o perigo dessa doença e lembra a lei que proíbe o uso de material cancerígeno e tem servido de modelo para outros estados. Fala a respeito da ameaça a essa lei com a apresentação de outro projeto que tenta desvirtuá-la,  ao dar 10 anos para que entre em vigor. Lembra que essa lei já está em vigor há dois anos.

 

004 - JOSÉ CÂNDIDO

Assume a Presidência.

 

005 - FAUSTO  FIGUEIRA

Reverencia a memória do Doutor Davi Capistrano, lembrando o seu falecimento, há nove anos, no dia 10 de novembro. Destaca o compromisso do Doutor Davi Capistrano com os doentes e a falta que tem feito ao sistema de saúde no Brasil.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Anuncia decisão importante do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que, por meio de acórdão, atendeu reivindicação de todos os músicos  brasileiros, em especial, do Estado de São Paulo, de modo que a Ordem dos Músicos do Brasil não tenha o direito de interferir no trabalho que os músicos exercem.

 

007 - OLÍMPIO GOMES

Relata que hoje, às 10 horas, foi enterrado o 2º Tenente Pontual, atingido por uma bala de fuzil, ao abordar um carro. Informa que o Tenente Pontual, formado pela Academia do Barro Branco, havia sido promovido a 2º Tenente em 25 de agosto. Diz que todos os segmentos da população se mobilizaram.

 

008 - Presidente JOSÉ CÂNDIDO

Associa-se à manifestação e anuncia a visita de alunos do Centro Educacional Horizonte, do Município de Socorro, acompanhados das professoras Valquiria Nolasco Borges de Mello e Kátia Aparecida Moraes, a convite do Deputado Edmir Chedid.

 

009 - RUI FALCÃO

Cumprimenta o Deputado Fernando Capez, promovido a procurador de justiça do Estado de São Paulo. Registra a vinda a esta Casa dos representantes do  Sindicato da Polícia Civil do  Estado de São Paulo, que reivindicam a incorporação do adicional de localidade de exercício. Manifesta a sua solidariedade aos policiais civis e militares. Diz que o blackout ocorrido ontem foi devido a falhas técnicas e não por falta de energia. Protesta contra artigo de jornalista que atribuiu o blackout à redução do IPI.

 

010 - CONTE LOPES

Diz que, na manhã de hoje, compareceu ao Cemitério do Araçá para o sepultamento  de um jovem Tenente da Polícia Militar de 22 anos, recém saído da Academia do Barro Branco. Informa  que o policial foi morto quando abordava um veículo, tendo sido atingido por um tiro de fuzil, em Santa Isabel, onde o Estado paga menos pelo adicional de localidade. Lembra que a Polícia tem de ter condições de combater o crime e de dar sustento à sua família.

 

011 - MARIA LÚCIA PRANDI

Refere-se ao blackout ocorrido ontem, e diz que tem acompanhado os investimentos do Governo  Lula em novas linhas de transmissão. Comenta que houve problemas que precisam ser melhor averiguados e que esse blackout não tem semelhança com o apagão ocorrido no Governo de Fernando Henrique Cardoso.

 

012 - CONTE LOPES

Assume a Presidência.

 

013 - MILTON FLÁVIO

Cobra explicações sobre a interrupção da energia elétrica, ocorrida ontem à noite, que atingiu vários estados do País. Ressalta que a apuração das causas desse problema é importante para que se tomem as providências necessárias para evitar novas ocorrências semelhantes. Dá conhecimento de pedido de convocação do reitor da Unicastelo, para prestar esclarecimentos sobre problemas enfrentados por aluna do curso de Medicina, do campus de Fernandópolis. (Aparteado pelo Deputado Fernando Capez)

 

014 - Presidente CONTE LOPES

Convoca a Comissão de Finanças e Orçamento para uma reunião extraordinária, a realizar-se hoje, às 15h50min, para apreciar o PL 511/07, e saúda a presença de policiais nas galerias do Plenário.

 

015 - LUIS CARLOS GONDIM

Dá conhecimento da regulamentação da Chácara dos Baianos, que irá beneficiar 392 famílias de produtores e outras 600 famílias que, juntos, trabalham na lavoura de hortaliças. Agradece o empenho do Incra, na pessoa de seu presidente, Senhor Rolf Hackbart, que realizou o levantamento e atestou a produtividade da referida área.

 

016 - PEDRO TOBIAS

Saúda e manifesta solidariedade aos policiais, presentes nas galerias do Plenário, que reivindicavam a unificação e incorporação da gratificação auxílio localidade. Considera interferência neste Poder, a decisão da Justiça, que interrompeu, por meio de liminar, o trâmite da peça orçamentária de 2010. Defende a política estadual para o desenvolvimento dos municípios. Cita os investimentos realizados pelo Governo do Estado em sua cidade, Bauru.

 

017 - OLÍMPIO GOMES

Saúda os policiais da Associação de subtenentes de sargentos da PMESP, presentes nas galerias, que vieram manifestar, aos deputados desta a Casa, o pedido de paridade e incorporação do auxílio localidade. Alerta para a ausência de previsão dos recursos necessários para esta ação, na proposta orçamentária de 2010. Lamenta as mortes de vários policiais. Cita o enterro do jovem tenente Pontual, vitimado por tiros durante o trabalho, ontem. Ressalta que são necessárias ações concretas em defesa dos policiais.

 

018 - Presidente CONTE LOPES

Faz nova convocação da Comissão de Finanças e Orçamento para uma reunião extraordinária, hoje, às 16h25min, para apreciar ao PL 511/07.

 

019 - PEDRO  BIGARDI

Pelo art. 82, apresenta solidariedade aos policiais, presentes nas galerias.  Fala de seu esforço para a reabertura da Casa de Saúde de Jundiaí, fechada há dois anos. Cobra parceria prometida pelo governador Serra. Combate declarações do vice-prefeito local sobre o caso.

 

020 - ROBERTO FELÍCIO

Pelo art. 82, cita encontro, nesta Casa, de prefeitos que participam da Marcha Paulista em Defesa dos Municípios. Defende a causa dos policiais que ocupavam as galerias.  Informa pesquisas sobre o aumento da popularidade do presidente Lula. Combate entrevista de Caetano Veloso sobre Lula. Lê e comenta artigo de Marta Peres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

021 - RAUL MARCELO

Pelo art. 82, endossa as reivindicações de servidores da Segurança Pública, presentes nas galerias. Defende o direito de sindicalização e de manifestação da categoria. Recorda sua atuação como vereador e autor da lei que instituiu o feriado do Dia da Consciência Negra em Sorocaba. Pleiteia a votação de projeto, que tramita nesta Casa, que propõe feriado estadual pelo mesmo motivo. Faz reflexão sobre a luta de Zumbi dos Palmares.

 

022 - MILTON FLÁVIO

Pelo art. 82, presta esclarecimentos aos policiais que ocupavam as galerias.  Lembra fala do Deputado Olímpio Gomes sobre pleito de viúva de policial. Recorda processo contra a então prefeita de São Paulo Luiza Erundina. Cita a responsabilidade de José Serra sobre ações contra o Governo do Estado. Responde ao Deputado Raul Marcelo sobre o período em que José Serra morou no Chile, durante o regime militar. Tece considerações sobre a falta de energia elétrica, na noite de ontem. Lê e comenta três artigos.

 

023 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

024 - ANTONIO MENTOR

Pelo artigo 82, rebate a fala do Deputado Milton Flávio sobre a falta de energia elétrica na noite anterior. Cita benefícios da gestão Lula quanto ao aumento de empregos e programas sociais. Recorda a privatização da Eletropaulo, questões ligadas à CHDU e CPI sobre os dois temas. Fala das vinculações do ex-secretário Andrea Matarazzo com a empresa Alstom. Combate as gestões do PSDB. Questiona o Ministério Público e a Imprensa sobre tratamento desses temas. 

 

025 - MILTON FLÁVIO

Para comunicação, argumenta que não se tem, até o momento, resposta satisfatória sobre as razões da falta de energia elétrica, na noite anterior. Cita responsabilidades do Governo Federal sobre a questão. Combate as viagens do Presidente Lula.

 

026 - ANTONIO MENTOR

Para comunicação, afirma que é preciso esperar conclusões técnicas sobre a falta de energia. Cita questões sobre a empresa Alstom. Defende as viagens do Presidente Lula, pelos resultados que traz e por aumentar a credibilidade internacional do Brasil.

 

027 - JOSÉ ZICO PRADO

Para comunicação, afirma que a falta de energia é resultante das privatizações do setor elétrico, feitas na gestão do presidente Fernando Henrique. Responsabiliza o PSDB pelo ocorrido na noite anterior. Repudia a demissão de mais de 300 funcionários da Sabesp. 

 

028 - MILTON FLÁVIO

Para comunicação, reportou-se à fala do Deputado José Zico Prado. Recorda a sua trajetória escolar e a formação em medicina. Faz referências à vontade de políticos em obter formação universitária.

 

029 - Presidente BARROS MUNHOZ

Registra a visita do ex-Deputado Estadual Cido Sério, prefeito de Araçatuba, acompanhado do vereador Ermenegildo Nava, 1º secretário da Câmara Municipal da mesma cidade.

 

030 - ORLANDO MORANDO

Pelo art. 82, rebate a fala de oradores do PT. Elogia a atuação do ex-secretário Andrea Matarazzo. Afirma que é preciso apurar responsabilidades sobre o blecaute. Lembra os prejuízos de cidadãos que tiveram aparelhos danificados. Sugere a criação de comissão para apurar o problema. Cita especulações sobre o assunto e fala dos vários segmentos afetados.

 

ORDEM DO DIA

031 - ROBERTO FELÍCIO

Para comunicação, elogia Andrea Matarazzo por ter deixado o secretariado do prefeito Gilberto Kassab. Apresenta solidariedade às pessoas que tiveram problemas provocados pela falta de energia. Recorda o racionamento de energia elétrica na gestão Fernando Henrique. Informa que houve interrupção no sistema de transmissão de energia. Combate as privatizações feitas pelo PSDB. Afirma que o tucanato quer tirar proveito eleitoral sobre o incidente da noite anterior.

 

032 - ORLANDO MORANDO

Para comunicação, rebate argumentos dos deputados petistas. Lembra que os reservatórios estão com capacidade acima da média. Cobra resposta e responsabilidades do Ministério das Minas e Energia sobre o blecaute.

 

033 - MILTON FLÁVIO

Para comunicação, tece considerações quanto à natureza política sobre a falta de energia, aventada pelo Deputado Roberto Felício. Afirma que o Deputado Rui Falcão fora o primeiro a abordar o problema, nesta sessão. Reproduz manchetes dos jornais de hoje. Fala do ex-secretário municipal Andrea Matarazzo. Argumenta que a população espera esclarecimentos sobre a falta de energia.

 

034 - ANTONIO MENTOR

Para comunicação, afirma que não aceita que o Deputado Milton Flávio diga que estão recordando um caso relativo à empresa Alstom e defende o Deputado José Zico Prado.

 

035 - MILTON FLÁVIO

Para comunicação, diz que não se referiu ao Deputado José Zico Prado, mas ao Presidente Lula.

 

036 - ANTONIO MENTOR

Para comunicação, diz que a universidade pode não ser o objetivo de muitas pessoas e que o Presidente Lula é extremamente esclarecido e o seu  maior diploma é o de Presidente da República do Brasil.

 

037 - ROBERTO FELÍCIO

Para comunicação, diz que o Deputado Milton Flávio faz referências preconceituosas e que existem pessoas que não fizeram a opção de fazer uma faculdade. Lembra que o Presidente Lula trouxe novas universidades para o Brasil.

 

038 - ADRIANO DIOGO

Para comunicação, diz que  a transmissão do horário da TV Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo fica prejudicada devido ao uso comum com a TV Câmara, que é transmitida ao vivo, até as 20 horas. Pergunta se o Deputado Milton Flávio fala em nome do Governo.

 

039 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara sem debate aprovado requerimento da Deputada Rita Passos, de urgência ao PL nº 330, de 2006. Dá conhecimento de requerimento de alteração da ordem do dia.

 

040 - JOSÉ ZICO PRADO

Por acordo de Lideranças,  pede a suspensão dos trabalhos por um minuto.

 

041 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e suspende a sessão às 17h44min.;  reabrindo-a às 17h45min. Coloca em votação e declara aprovado o requerimento de alteração da ordem do dia. Colocado em votação e declara sem debate aprovado o PL nº 284/01, e rejeitado o veto. Encerra a discussão do PL nº 247/04. Põe em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Estevam Galvão, de método de votação ao PL 247/07. Coloca em votação e declara aprovado o PL nº 247/07, e rejeitado o veto, salvo partes destacadas. Coloca em votação destacada e declara rejeitados os artigos 3º e 4º, e mantido o veto. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PL nº 740/04, e rejeitado o veto. Encerra a discussão do PL nº 1.286/07. Põe em votação e declara aprovado requerimento, do Deputado José Bittencourt, de método de votação ao PL 1.286/07. Coloca em votação e declara aprovado o PL nº 1286/07, e rejeitado o veto, salvo partes destacadas. Coloca em votação e declara rejeitada a expressão "e hipermercados", constante dos artigos 1º e 4º, e mantido o veto. Coloca em votação e declara rejeitada a expressão "ou hipermercado", constante do artigo 3º, e mantido o veto. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PL nº 280/08, e rejeitado o veto. Convoca uma sessão extraordinária, a realizar-se hoje, às 19 horas.

 

042 - ROBERTO FELÍCIO

Por acordo de Lideranças, requer o levantamento da sessão.

 

043 - Presidente BARROS MUNHOZ

Convoca os Senhores Deputados para a sessão ordinária do dia 12, à hora regimental, com Ordem do Dia,  lembrando a realização da sessão extraordinária, hoje, às 19 horas. Defere o pedido e levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Roberto Morais.

 

                                                             * * *

 

O SR. PRESIDENTE – ROBERTO MORAIS - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido a Sra. Deputada Maria Lúcia Prandi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

A SRA. 1º SECRETÁRIA – MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

                                                           * * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO  EXPEDIENTE

 

                                                           * * *

 

O SR. PRESIDENTE - Roberto Morais - PPS - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Na Presidência.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida.

 

O SR. Carlinhos Almeida - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados e cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia. Hoje, esta Casa tem o prazer de sediar um encontro de prefeitos do Estado de São Paulo, que já vem sendo chamado “Marcha de Prefeitos à São Paulo”.  A exemplo do que já ocorre em Brasília há muitos anos, é o momento em que prefeitos das mais variadas cidades do nosso Estado reúnem-se para debater temas fundamentais para o desenvolvimento de São Paulo e dos municípios.

Desde a nossa atual Constituição, o Brasil deu ao município um papel relevante na federação. Na União, não apenas os estados, mas os municípios também são entes federados com atribuições, poderes e recursos estabelecidos na Constituição Federal.

O Governo do Presidente Lula tem fortalecido muito o papel do município, inclusive desenvolvendo programas, projetos e destinando recursos diretamente aos municípios. Isso incomodou alguns governadores. Chegamos a ter gente reclamando que o Governo Federal estava passando recursos diretamente para os municípios. Se a nossa Constituição coloca o município como um ente da federação, nada mais justo do que valorizar efetivamente o papel do município.

Atualmente, temos uma situação difícil porque tivemos - e, em certa medida, ainda temos - uma crise econômica internacional, em que o Brasil, graças à força da nossa economia e às medidas adotadas pelo Presidente Lula, sofreu um impacto infinitamente menor que outros países, mas teve impacto, sobretudo na receita do poder público. Houve queda na arrecadação federal e na arrecadação estadual. A diferença é que, no âmbito federal, o Presidente Lula decidiu fazer uma compensação aos municípios, principalmente em relação ao Fundo de Participação dos Municípios, recurso vinculado à arrecadação federal que é transferido pela União diretamente aos municípios.

O Presidente Lula preferiu abrir mão de parte da receita da União para apoiar os municípios neste momento de dificuldade. Infelizmente, não tivemos a mesma postura por parte do Governo do Estado. Houve queda na arrecadação do ICMS, cuja grande parte, 75% da arrecadação, fica com o Estado e apenas 25% vão para os municípios. Evidentemente, esses 25% têm um papel importante, especialmente nos municípios com uma economia mais dinâmica, industriais, grandes municípios do nosso Estado. E não houve nenhum gesto por parte do Governador José Serra, no sentido de compensar a queda de arrecadação de ICMS para os municípios do Estado de São Paulo.

De qualquer forma, penso que o importante é saudar a iniciativa dos prefeitos e dizer que são todos bem-vindos a esta Casa para esse encontro. Deveremos ter a presença de representantes do Tribunal de Contas e de diversos outros organismos do Poder Público. Penso que seria natural a presença do Governador José Serra - não sei se ela ocorrerá -, mas lá em Brasília o Presidente Lula recebe os prefeitos com respeito e consideração, não importando o partido, se é de uma pequena cidade, se é de uma grande capital. O Presidente Lula tem demonstrado muito carinho e respeito aos municípios do nosso país. E esperamos que esse 1º Encontro que os prefeitos fazem no Estado de São Paulo seja o primeiro de uma longa série de encontros. É fundamental que os municípios se organizem para cobrar simplesmente aquilo que é direito das comunidades de cada cidade do nosso Estado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MORAIS - PPS - Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Eli Corrêa Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, pessoas presentes nas galerias, ontem nós realizamos no Auditório Franco Montoro um seminário para fazer o lançamento da campanha que previne as pessoas do perigo do uso do amianto, com o tema “Mesotelioma: você conhece esta doença?” Tivemos a presença da representante de Inglaterra, Sra. Laurie Kazan, Líder da Rede Ban Asbestos, e a presença da Suzana, representando o Governo da cidade de Buenos Aires, Argentina, onde o combate já está na fase da retirada desse produto dos prédios, principalmente dos públicos. É um trabalho difícil e caro. Tivemos também a representação da Abrea, Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto, e diversas entidades sindicais na Assembleia, com a presença de vítimas inclusive. Foram exibidos slides de pessoas que já faleceram, em situações precárias e chocantes no hospital. A representante do Inca, Instituto Nacional do Câncer, mostrou as várias modalidades do câncer, e a expectativa de que teremos em 2030 uma grande quantidade de constatação dessa doença.

Há uma lei de minha autoria que proíbe o uso desse material cancerígeno, e que tem servido de referência para outros estados, Câmaras Municipais, de que os estados membros podem fazer leis concorrentes, que não são inconstitucionais, às da União. Nós vencemos todas as etapas para a aprovação da lei, enfrentando o Tribunal de Justiça de São Paulo e a Fiesp, e lá em Brasília o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa contra as Adins apresentadas pela indústria. Temos agora uma ameaça a nossa lei por causa de um outro projeto, que tenta desvirtuar essa lei que está em vigor há dois anos, vencendo todas as etapas. É muito  difícil aprovar uma lei aqui. Um deputado, a pedido da indústria, ou sabe lá de quem, entra com uma lei que garante mais 10 anos para que a lei entre em vigor. A lei já existe há dois anos para defender a saúde pública contra uma doença maligna, que é o câncer.

Será que se fosse com a Lei Antifumo, apresentada pelo Governador José Serra, ele aceitaria? Tenho conversado com vários deputados e tenho recebido deles manifestação de apoio, e acredito que esta Casa não permitirá que haja retrocesso em se tratando de legislação de saúde pública no Estado de São Paulo. Se o nosso Estado, através da Assembleia Legislativa, saiu na frente dos demais estados, servindo como indicador a outras iniciativas, não creio que esta Casa permitirá que haja um retrocesso, votando um projeto para mudar uma lei sancionada e em vigor há mais de dois anos. Aqui veio uma representação de sindicalistas, mas estão equivocados. Não podemos, para defender o emprego - se ocorrer desemprego -, permitir que ocorra a morte, que é muito mais grave. Há estudos comprovando que isso não é verdade. São outros interesses que estão em jogo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. José Cândido.

                                                          

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira.

 

O SR. FAUSTO FIGUEIRA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ontem, dia 10, faz nove anos que morreu um peregrino da saúde: Dr. David Capistrano. Ele faleceu há nove anos quando se recuperava de um transplante hepático, consequência do transplante de medula que havia feito há algum tempo. Depois de ter feito o transplante de medula, foi eleito prefeito e Secretário de Saúde de Santos. Pudemos conviver juntos, mais a Deputada Maria Lúcia Prandi, como Secretária Estadual de Educação, eu como chefe de gabinete e o David Capistrano como Secretário de Saúde da então Prefeita Telma de Souza.

  Estamos vivendo uma encruzilhada no atendimento de Saúde do País e do Mundo. Eu conversava há pouco com o Deputado Milton Flávio sobre várias agruras ao atendimento médico, da proliferação das escolas médicas, da falta de visão de muitos formandos em medicina, do conceito de atendimento de saúde, do exame clínico do paciente, da substituição da relação médico-paciente por uma tecnologia, como se nós, médicos, pudéssemos ser substituídos por qualquer tipo de serviço auxiliar de diagnóstico terapêutico.

  Quero reverenciar David Capistrano. A cada dia que passa, seguramente sentimos mais a falta da sua figura, da sua liderança, do seu compromisso, fundamentalmente com as pessoas e com os doentes.

  Inúmeras vezes, na Cidade de Santos, assisti a pessoas que procuravam uma  internação, que era negada porque eram pacientes do Sistema Único de Saúde. O Dr. David Capistrano pessoalmente chamava a polícia, fazia um boletim de ocorrência e punha esses pacientes para dentro do hospital para fazer o atendimento a que todo ser humano tem direito.

  Fui criado em Santos, e serviu de referência todo um sistema de Saúde, o atendimento primário de Saúde num sistema que funcionava com resolução. Lembro-me do Lula, quando não Presidente, participando da inauguração de uma Policlínica na Vila Progresso, quando dizia que aquilo que estava acontecendo, brincava, era uma verdadeira “Golden Cross” da população que não tinha direito a um sistema de Saúde.

  Foi introduzida na Cidade de Santos, naquela época, uma referência ao atendimento de pacientes portadores do vírus HIV, com os coquetéis retrovirais; uma política de prevenção, de redução de danos, como a distribuição de seringas para pacientes portadores do vírus HIV, em viciados, em dependentes de drogas, com uma política afirmativa de redução de danos. Na época, o Dr. David e o Dr. Fábio Mesquita receberam voz de prisão, como se favorecessem o tráfico de drogas.

  O Dr. Capistrano tem feito falta no sistema de Saúde, seguramente, e no próprio Governo do Presidente Lula, no qual seria uma das lideranças e quem sabe até Ministro da Saúde. Acho que teríamos avançado muito mais do que avançamos no sistema de Saúde do Brasil.

  Tive a oportunidade de apresentar recentemente - foi aprovado por esta Casa e sancionado pelo Governador - homenagem ao David Capistrano, que recebeu seu nome no viaduto do sistema Anchieta/Imigrantes, do Rodoanel, Trecho Sul. Todas as pessoas que forem à Baixada Santista, percorrerem o sistema Anchieta/Imigrantes ou que usarem o Rodoanel irão lembrar-se de que um dia neste Estado, neste País, houve alguém que foi cúmplice fundamentalmente dos pacientes. Essa pessoa se chama David Capistrano.

Saudades, David Capistrano, são nove anos que você não está entre nós, mas seguramente presente na vida de cada um.

  Muito obrigado.

 

  O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

  O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, estudantes, professores, assomo à tribuna para anunciar e divulgar uma decisão importante do Tribunal Regional Federal, da 3ª Região, representada por um acórdão da Justiça Federal, que atende a uma antiga reivindicação de todos os músicos brasileiros, principalmente os do Estado de São Paulo, que há tempos vêm se mobilizando para que a Ordem dos Músicos do Brasil não tenha mais o direito de interferir na fiscalização do trabalho que os músicos exercem.

  A Lei nº 3857, de 1960, que criou a Ordem dos Músicos do Brasil, dando-lhe  poder de fiscalizar, inclusive obrigando os músicos a se filiarem a essa instituição, a essa entidade, para poderem trabalhar, não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que no seu Art.5º, garante a liberdade no exercício profissional. Nenhum profissional tem de estar filiado a uma ordem para poder exercer a sua profissão, o seu ofício - é isso que consta na  nossa Constituição cidadã, democrática, de 1988.

  Logo, a Lei nº 3857, de 1960, não foi acolhida. Automaticamente revoga a lei de 1960. Mesmo assim, a Ordem dos Músicos do Brasil continua perseguindo, assediando e cobrando anuidade dos músicos, criando constrangimentos, impedindo que os músicos possam trabalhar porque não possuem carteira da Ordem dos Músicos, porque não pagaram a anuidade, porque não têm a nota contratual.

  Inclusive, temos um forte movimento na Assembleia Legislativa. Criamos a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Músicos e Compositores do Estado de São Paulo, justamente para tentar resolver essa situação. Também ingressamos com uma representação, pedindo ao Ministério Público para entrar com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF, no Supremo Tribunal Federal, revogando todos os artigos autoritários da lei de 1960.

  Conseguimos uma vitória parcial, até porque o Supremo Tribunal Federal acatou o nosso pedido por meio do Ministério Público Federal, inclusive o Ministro Carlos Ayres Brito é o relator da ADPF. Temos certeza de que em breve será julgada favoravelmente aos músicos de todo o Brasil, libertando-os desse transtorno, desse entrave, que é a Ordem dos Músicos do Brasil.

  Enquanto isso, conseguimos no Estado de São Paulo, uma grande vitória, que, por conta desse acórdão publicado pelo Tribunal de Justiça Federal, no dia 14 de outubro, isenta todos os músicos  do Estado de São Paulo de se filiarem à Ordem dos Músicos, de apresentarem a carteira da Ordem, até mesmo da fiscalização. A Ordem dos Músicos do Brasil não pode mais fiscalizar e exigir a nota contratual nem a carteira da Ordem para os músicos no Estado de São Paulo. É o que diz o acórdão do Tribunal de Justiça Federal, da 3ª Região, publicado no dia 14 de outubro.

            É importante que os músicos saibam disso e, se houver algum fiscal, algum representante da Ordem, fiscalizando ou cobrando anuidade, carteira ou a nota contratual dos músicos, ele poderá ser preso, porque estará desrespeitando uma medida judicial. É uma informação importante para que o músico possa se defender desse assédio, desse constrangimento, desse processo de perseguição. Não só os músicos, mas os próprios donos dos estabelecimentos que mantêm música ao vivo. Temos grandes cantores, instrumentistas, trabalhando na noite, em bares, restaurantes, que são normalmente vítimas da Ordem dos Músicos.

Quero ainda lembrar que os músicos também contam com a Lei Estadual nº 12.547, que também isenta a apresentação no Estado de São Paulo da Carteira dos Músicos para a Ordem dos Músicos.

  Temos várias medidas já tomadas aqui pelo nosso mandato, juntamente com os músicos, via Assembleia Legislativa. E agora temos essa decisão importante, que tem que ser amplamente divulgada, que é o acórdão do Tribunal de Justiça Federal, da 3ª Região, que resolveu essa situação no Estado de São Paulo.

Então, se você é músico, que está sendo cobrado pela Ordem dos Músicos, saiba que ela está na ilegalidade, ela não pode cobrar nem você, nem os seus colegas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.  (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembléia e jovens que visitam esta Casa, hoje é um dia de luto para a Polícia Militar, portanto é um dia de luto para o povo paulista.

Às 10 horas, foi enterrado no Mausoléu de Heróis da Polícia Militar o 2º Tenente Pontual. O 2º Tenente Pontual, anteontem, às 3:15 horas da madrugada, comandava a Força de Patrulhas do 31º BPM/M, da Região de Guarulhos e Santa Izabel, e, ao abordar um veículo na beira da Dutra, foram recebidos a tiros de fuzil seus dois companheiros de equipe o Cabo Wilson e o Anival. O Cabo Wilson foi ferido de raspão no pescoço e ainda tentou socorrer o seu comandante Tenente Pontual. O Tenente Pontual foi baleado a tiros de fuzil 556, na cabeça, no tórax e no punho esquerdo.

O Tenente Pontual, de 22 anos de idade, saiu aspirante oficial em 13 de dezembro do ano passado na Academia do Barro Branco e foi promovido a 2º Tenente, recentemente, em 25 de agosto.

Segundo seus próprios companheiros de turma e seus instrutores de Barro Branco que hoje choraram juntos, abraçados, disseram que ele foi um dos mais vibrantes cadetes da sua turma, membro do Grupo de Operações Especiais do Barro Branco, filho do Tenente Clóvis Pontual, que é oficial instrutor da Escola de Educação Física, onde é instrutor de tiro, de técnicas policiais e onde o seu menino, como ele mesmo dizia, quando chorávamos juntos ontem no seu velório e hoje no seu sepultamento, aprendeu a amar a Polícia Militar e a defender a sociedade já desde os quatro anos de idade, pelos corredores da Escola de Educação Física. E, a partir de 2004, para o orgulho do pai,  ele que começou como soldado da Polícia Militar, no dia 3 de dezembro último, foi declarado aspirante oficial.

Lamentamos profundamente, mas esse não é um caso isolado. No domingo, o Sargento Frederico, que também trabalhava em Guarulhos, foi morto a tiros de fuzil, em Osasco, após conversar com o seu amigo Coronel Henrique Dias, no portão de casa. Foram tiros de fuzil 556. Fuzil do mesmo calibre dos 22 fuzis roubados do Centro Tático de Treinamento junto a CBC, em 10 de março, e que até agora nenhuma dessas armas foi localizada e nenhum dos marginais foi preso.

Sr. Presidente em exercício, Deputado José Cândido, V. Exa. que tem lutado na Comissão de Direitos Humanos e que a Polícia Militar até lhe deu a mais alta condecoração, que é a Medalha Brigadeiro Tobias de Aguiar, para não fazer a diferenciação e entender que o policial militar também tem direito humano e deve ser reverenciado como um ser humano. Mas, Deputado José Cândido, não se apura o caso.

Há uma preocupação governamental de não admitir que existe crime organizado no Estado de São Paulo e de não admitir que os marginais estão organizados dentro dos presídios e mandando executar policiais fora dos presídios.

Choramos, no domingo, o Sargento Frederico. Choramos, hoje, o Tenente Pontual. Choramos, na semana passada, o Soldado Nilton, no Cubatão. Há um mês, choramos o Soldado Vieira, em São Vicente e, poucos dias atrás, o Soldado Feneme, também de São Vicente.

Em São Vicente foram quatro policiais militares executados este ano, Praia grande quatro, Cubatão um e nada acontece. Não tem apuração do caso. Não vamos admitir a orquestração: “Esses policiais são azarados. Quem mandou estar na porta de casa, no domingo, conversando com amigos. Tem mais é que tomar tiro de fuzil”.

Não consigo entender o que está acontecendo no nosso Estado em não se apurar a execução de policiais. Eu vi no enterro, pela manhã, o Secretário Marrey, representando o Governador. Gostaríamos de ter o Governador, o Secretário Marrey não cumprindo a escala e, sim, tendo ações concretas de solidariedade, de pesar com a família Pontual, com a família policial, com a sociedade paulista.

Vamos parar com essa hipocrisia. Vamos colocar as forças policiais para apurar realmente o que está acontecendo. Há execução premeditada de policiais. Quantos mais terão que morrer simplesmente porque não quer dar a menor conotação de que há dificuldade do Estado de combater o crime? Não quer combater e quem está pagando a pena é o povo paulista.

Nesse momento, a família policial militar esta enlutada. Agradece as manifestações de todos os segmentos da população que se mobilizaram nesses últimos dias a dar o apoio à família do Sargento Frederico, à família do Tenente Pontual, aos companheiros de unidade. Mas queremos mais, esperamos que a sociedade cobre dos verdadeiros responsáveis essas mortes. A não apuração tem nome e endereço: Av. Morumbi 4.500, José Serra.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - É lamentável, nobre Deputado Olímpio Gomes. Ouvi com atenção o seu depoimento emocionado, mas infelizmente vivemos numa sociedade violenta e não sabemos onde isso vai parar.

Esta Presidência tem a satisfação de anunciar a visita do Centro Educacional Horizonte, do Município de Socorro, grupo liderado pelas Profas. Valquiria Nolasco Borges de Mello e Kátia Aparecida de Moraes.

Sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa . (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhores funcionários, telespectador da TV Assembleia, estudantes e educadores de Socorro que nos visitam no dia de hoje, inicialmente queremos cumprimentar o Deputado Fernando Capez que hoje, às 16 horas, vai ser um dos mais novos Procuradores de Justiça do Estado de São Paulo.

Infelizmente, em razão dos trabalhos na Casa, não poderemos prestigiá-lo, mas desejamos sucesso. Como já antecipamos a S. Exa., não gostaríamos que assumisse logo o cargo até porque isso significaria retirá-lo do nosso convívio.

Em nome do PT, desejamos boa sorte ao Deputado Fernando Capez nessa sua nova função, uma promoção merecida.

Queremos também registrar a vinda ontem à Casa do sindicato dos policiais civis do Estado de São Paulo, que vieram trazer uma reivindicação que os irmana com a Polícia Militar também. Dentre outras reivindicações justas, eles querem a equiparação do Adicional de Local de Exercício, pois não se justifica que um policial da Capital ganhe mais que um policial em Diadema, Mauá, Taboão ou nas cidades do Interior. Ademais, não faz sentido que além dessa gratificação ser díspar ela não seja incorporada ao salário.

Portanto, prestamos de público nossa solidariedade a esta reivindicação, bem como às outras que os policiais civis nos trazem, da mesma forma em relação às reivindicações dos policiais militares, que têm papel importante para melhorar as condições de segurança no nosso Estado. Não há estado seguro, não há cidade segura com policiais mal remunerados, desmotivados. Então, deixamos aqui nossa solidariedade mais uma vez aos policiais militares e também a este pleito organizado dos policiais civis. Amanhã, inclusive, estaremos junto à Polícia Militar fazendo uma palestra a convite do Comando da PM sobre democracia e reforma política no Brasil

Queremos também saudar o encontro de prefeitos que se realizará hoje e amanhã nesta Casa. O Deputado Carlinhos Almeida que nos precedeu já fez menção a este encontro. Eles vêm trazer reivindicações dirigidas ao Governador do Estado, que foi convidado para estar presente, não sei se comparecerá ou enviará um representante. Também o Presidente da Assembleia Legislativa foi convidado. Pretendemos comparecer logo mais na abertura da Marcha de Prefeitos.

Por último quero mencionar o blecaute que ocorreu ontem em alguns estados do País devido a falhas técnicas e não a falta de geração de energia como sucede em todos os países e como ocorreu ontem aqui sem qualquer equiparação com o período anterior que vivemos em 2001/2002 por falta de geração de energia, de investimentos até por questões climáticas que ocorreram naquele período que esvaziaram alguns reservatórios. Houve também um incidente naquela ocasião numa das redes motivado por um raio que destruiu uma torre e um linhão de transmissão e que também causou transtornos. A não ser o transtorno provocado para todos nós de algumas horas sem energia, não houve vítimas, não houve nenhum dano material visível.

Nós queremos nos referir àquelas explicações interesseiras e algumas que beiram o ridículo. Por exemplo, Deputado Donisete Braga: há uma jornalista estipendiada que lança livros de sociologia, de política dizendo que o blecaute se deveu à redução do IPI que o Presidente Lula vem promovendo, que essa redução do IPI propiciou que muita gente comprasse geladeiras, fogões elétricos, máquinas de lavar e como os pobres puderam ter eletrodomésticos sobrecarregou a rede de energia do País.

Além do ridículo da explicação ela não sabe que a redução do IPI agora prorrogada é inclusive para equipamentos que economizam energia. Mas ela prosseguiu na sua sanha antigoverno dizendo o seguinte: é preciso mudar a matriz energética porque nós dependemos muito de combustíveis fósseis, ou seja, do petróleo.

É necessário, sim, mudar a matriz energética do País, como o Governo vem fazendo dando investimentos para a energia eólica, para o biodiesel, mas ela parece não saber que a maior parte da energia elétrica gerada no País é de matriz hídrica.

A menos que inundássemos os rios com caudais do petróleo do pré-sal seria impossível a troca de combustíveis fósseis por outra forma de energia afetar a rede elétrica do País.

É por explicações como esta que muitas vezes alguns porta-vozes não oficiais da oposição acabam se desmoralizando porque o povo não é bobo e já demonstrou isso várias vezes e demonstrará - quero crer - novamente em 2010 permitindo que este projeto de transformação social, político, econômico e cultural em curso possa prosseguir não mais com o Presidente Lula, mas com o mesmo projeto que vem comandando para alegria do povo brasileiro.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CÂNDIDO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, aqueles que nos acompanham das galerias, esta manhã, por volta das 11 horas, tivemos a infelicidade de comparecer mais uma vez ao Cemitério do Araçá para o sepultamento de um jovem tenente da Polícia Militar de 22 anos que foi morto na madrugada de ontem quando, ao  abordar um veículo em Santa Izabel, foi recebido com um tiro de fuzil e atingido mortalmente. Tivemos contato com o pai do Tenente Pontual, que também é tenente da Polícia Militar, com os familiares. Lá estavam o Secretário de Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto, o Comandante-Geral da Polícia Militar Coronel Camilo, o Coronel Antão, o Coronel César Gomes, Comandante da Área, o Coronel Márcio Comandante do CPC, o Deputado Olímpio Gomes. É realmente algo triste e constrangedor porque era um garoto de 22 anos de idade, recém-saído da Academia do Barro Branco, que foi fazer  uma abordagem em Santa Izabel, um local em que o Estado paga menos porque esse município seria considerado cidade pequena. Passou pela cabeça de alguém, no Palácio, que se você trabalha em São Paulo tem um risco de vida, se trabalha em Guarulhos tem outro e se trabalha em Santa Izabel não tem risco algum. E esse tenente, filho de um outro tenente da Polícia Militar, acabou perdendo a vida no pequeno município de Santa Izabel. São ideias errôneas de pessoas que nada entendem de segurança e acabam dificultando e até levando policiais à morte.

  A Polícia está comprando pistolas para dar choque. Ora, o bandido está usando fuzil do exército americano, do exército russo. É o fim do mundo.

  O sargento Frederico da Polícia Militar, que trabalhava em Osasco, e combatia eficazmente o crime, foi transferido para Guarulhos. Ele continua fazendo o seu serviço em Guarulhos, combatendo o crime. Tempos atrás sofreu um ataque de bandidos, acabou baleando mortalmente um bandido, porque queriam matá-lo, e ele não mudou da cidade apesar de os filhos, os parentes quererem. Ele dizia: mas se eu sou policial, se eu mudar, e o resto? No último sábado, a uma e meia da tarde, ele acabou sendo assassinado na frente da sua família.

  Quer dizer que tem uma guerra aqui em São Paulo. É necessário que o governo federal, estadual comecem a enxergar isso. Não adianta comprar pistola de brinquedo para treinar choque nos outros enquanto os policiais são mortos a tiro de fuzil. O sargento, como o tenente, foi assassinado a tiro de fuzil. Alguma coisa tem de ser feita com urgência na segurança pública, porque a situação vai de mal a pior. Não adianta ficarmos pregando que está tudo bem. O salário está mal, porque criam essas disparidades e obriga-se o policial, um soldado a ser prejudicado porque ele não pode sair da Polícia porque perde quase que a metade do salário. O tenente-coronel também não sai. As próprias pensionistas acabam sendo prejudicadas porque se dá aumento em termos de gratificação e ao que sempre fomos contra nesta Casa.

  Os policiais têm que ter condição para combater o crime. Para isso, primeiro eles têm que ter condição de sustentar sua família, de estar nas ruas sem pensar que no outro dia terá que fazer bico. Porque o policial trabalha oito horas na Polícia Militar e mais oito horas no bico. Não sei como que o presidente Lula falou que trabalha 24 por 72. Na Polícia Militar aqui em São Paulo ninguém trabalha 24 por 72 não. Trabalha um dia sim, um dia não; trabalha, às vezes, doze horas, sim. Mas é preciso pagar um bom salário, sim, como o próprio presidente Lula falou. O policial tem que ganhar bem. Pensamos assim também e brigamos por isso há mais de 20 anos. Agora, além de ganhar bem, o policial tem que ter vida. E para ter vida é importante que nossos governantes deem condições de combate ao crime. Bandido está com fuzil do exército americano, do exército russo e nós não podemos dar uma pistola de choque, de brinquedo para o policial exercer sua atividade.

  Obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados. 

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CANDIDO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente José Candido, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, é um prazer recebê-los aqui, telespectadores, funcionários é impossível não nos referirmos ao blecaute, ou ao apagão. Queremos apenas ponderar pelo que ouvimos, acompanhamos. Temos acompanhado todo esse processo de investimento do governo Lula e concordamos que houve problemas que precisam ser resolvidos, mas na verdade só no governo Lula foram investidos 990 milhões de reais na construção de 1.537 quilômetros de novas linhas de transmissão e 663 milhões de reais na construção de outros 642 quilômetros de novas linhas. Sem falar nos investimentos nas novas usinas não só hidrelétricas como térmicas.

De qualquer maneira houve um problema que precisa ser mais bem averiguado e temos certeza de que isso não deve se repetir. Lembrando, como disse o nobre Deputado Rui Falcão, que esse apagão que atingiu vários estados, causando prejuízos e preocupações não tem semelhança com o apagão ocorrido no governo Fernando Henrique, aquele sim por falta de geração de energia.

Mas gostaria de falar também a respeito do caso da jovem estudante da Uniban. Esperei que os deputados homens o fizessem antes, e vários deputados usaram esta tribuna para se manifestar a esse respeito. Fico contente com a manifestação deles criticando a ação da universidade, que havia expulsado a aluna e que agora recuou. Inclusive por proposta dos Deputados Caruso, Giannazi e Milton Flávio, faremos um convite para que o Sr. Reitor compareça a esta Casa.

Hoje vejo na entrevista do reitor, que voltou atrás com expulsão, dizendo que num primeiro momento o caso foi tratado de forma disciplinar e, numa segunda avaliação, vamos dizer de currículo, de comportamento, de papel da universidade enquanto espaço educador.

Acho que o caso é mesmo extremamente grave e que a universidade deve fazer todo esse debate a respeito do ocorrido. As mulheres, historicamente, têm sido acusadas. Isso desde a Bíblia. Eva foi tentada pela serpente e a própria Bíblia diz que as mulheres darão à luz seus filhos com dor, que obedecerão a seus maridos. Por outro lado, na cultura grega temos o caso de Pandora, que recebeu uma caixa com todas as maldades e bondades do ser humano, que não deveria abri-la, e que, ao abri-la, todas as maldades se espalharam.

Quer dizer, é uma questão cultural. Penso que nós, mulheres e homens, que queremos uma sociedade diferente, estamos construindo essa igualdade de gênero ao longo de séculos e, diria, até de milênios. Mas um espaço educacional deve sempre tratar as questões de maneira multidisciplinar, com discussões, com debates e não meramente uma questão disciplinar.

Agora quero falar também a respeito de um requerimento de informações que fiz ao nobre Secretário da educação, Paulo Renato, a respeito daquele livro “Dez na área, um na banheira e ninguém no gol”, destinados e distribuídos a 1.216 escolas, integrado no kit de leitura da 3ª série do Ensino Fundamental”. Alguns poderão dizer que o assunto já passou, mas o assunto não foi resolvido. O livro foi retirado realmente das escolas. A compra desse livro importou em R$ 38.101,91, e a devolução desse valor pela editora passa – segundo o secretário – pelo processo de averiguação preliminar. E a principal pergunta que fiz a ele não foi respondida.

Vamos repetir nosso requerimento de informação porque historicamente a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas é responsável por essa indicação dos livros. Mas desta vez terceirizou os serviços, porque a lei permite a terceirização. Mas não tivemos a resposta de qual empresa ou de quais profissionais e quanto custou essa escolha dos livros com inúmeros erros – como vimos -  no sentido de palavrões, termos e histórias não apropriadas a nenhum espaço educacional.

Então, vamos reiterar o requerimento, porque até hoje não temos a resposta de quem indicou esses livros.

Obrigada pela tolerância, Sr. Presidente.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes. 

                                                

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

                                  

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Por permuta de tempo com o nobre Deputado Roberto Morais, tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres companheiros deputados, deputadas, público que nos acompanha, fiquei feliz com o pronunciamento do Deputado Rui Falcão. Já estava me sentindo em Marte. Tinha eu impressão de que todos os deputados moram em um outro estado, aliás, em um outro estado além daqueles 14 ou 15 que viveram o apagão, porque já findava o Pequeno Expediente e os deputados estaduais não haviam se manifestado sobre a ocorrência do dia de ontem.

O Deputado Rui Falcão é competente, veio aqui e já começa antecipar as explicações que seguramente ouviremos daqui para frente a respeito do apagão.

Concordo com o Deputado Rui Falcão. É absurdo, é inadequado acusar a população brasileira, sobretudo aquela de baixa renda, os pobres deste país que puderam eventualmente chegar à linha branca, ou eventualmente trocar seus bens antigos de maior consumo de energia por um novo mais econômico.

Mas o que gostaria que o deputado pudesse nos explicar é qual foi realmente a razão do apagão. Quais são as explicações que justificam. Ele disse que isso acontece em outros países e em quais países. Tirando, por exemplo, a Venezuela, quando nesse instante pede para que o venezuelano, ou bolivariano como ele gosta de chamar, ao acordar durante a madrugada para ir ao banheiro, não acenda a luz, pegue uma lanterna para economizar. Fico pensando que quando Hugo Chávez assumiu, embora a brecha social da Venezuela fosse grave e grande, talvez equivalente ao do Brasil, o país vivia uma situação sólida economicamente. Chegou a financiar campanhas políticas no Brasil. Lembro-me de uma acusação de que teriam vindo dólares do Hugo Chávez para financiar campanha do PT neste país, em vários estados. Financiou escolas de samba no carnaval carioca, tanto eram os petrodólares que ele tinha. E agora tem a cara de pau de pedir para os venezuelanos para, ao acordarem de madrugada para ir ao banheiro, pegar uma lanterna.

Espero que essa sugestão não seja copiada pelo presidente Lula. Aliás, vou fazer um pouco de brincadeira; dizem que sou sempre muito bravo.

Sou urologista. Estava em casa ontem, ligou-me um paciente velhinho, chamado Luiz, de Garanhuns, feliz da vida e disse: “Deputado, seu tratamento deu certo. A minha impotência foi resolvida. A minha velhinha ficou tão satisfeita, tão satisfeita, que apagou a luz na minha casa.” Perguntei-lhe: Luiz, você tem certeza? Pergunte ao porteiro se não apagou no prédio inteiro. Ele disse: “Não, deputado. Não ouvi sininho, mas estou ouvindo buzina.” Disse-lhe: Luiz, no meu prédio também apagou e não estou fazendo tratamento. Coitado do Luiz. Descobriu depois de algum tempo que não era seu desempenho que tinha provocado o apagão, nem na sua casa, nem no seu prédio, nem em São Paulo, nem em 15 estados brasileiros. Mas nesse momento o Luiz deve estar se perguntando: “se não fui eu com meu desempenho, qual foi e quem foi o responsável pelo apagão?”

Até agora explicações consistentes não vieram, e o que é mais grave não é o fato de que nesse momento não estamos com os reservatórios vazios como estavam no tempo do FHC. É porque estando eles cheios, vivemos 12 horas de pânico em São Paulo e no Brasil.

Quais são as condições gerenciais que permitiram, eventualmente, que uma intempérie – daqui a pouco vamos culpar Deus de novo -, que um raio, sei lá o que, tenha colocado na berlinda e numa situação de pânico 15 estados brasileiros?

Ora, será que não está na hora de termos mecanismos de segurança que garantam aos nossos amigos, aos nossos cidadãos, uma certa tranquilidade? Porque amanhã de novo vai acontecer um outro raio, amanhã pode acontecer de novo uma tempestade, uma outra intempérie. E vamos continuar vivendo neste país o que vivemos ontem em São Paulo? Aquela calamidade? Pessoas dormindo na rua por não terem condição de voltar para suas casas? É uma loucura.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Não gostaria de interromper o discurso de V. Exa., sempre lúcido, corajoso e preciso. V. Exa. é um orgulho da bancada do PSDB, tem coragem de dizer aquilo que deve ser dito. Tenho certeza de que todos os deputados desta Casa prestigiam muito V. Exa. pela sua coragem. V. Exa. é um homem autêntico.

Somente quero cumprimentar a Associação de Subtenentes e Sargentos do Estado de São Paulo aqui presente, representada por um de seus membros, o presidente Hélio César Silva. Quero dizer que ele encaminhou um pleito dessa associação, que é de toda a Polícia Militar, Civil e Científica, para que o governo do Estado de São Paulo encaminhe um projeto de lei complementar para que seja determinada a incorporação do Adicional do Local de Exercício, em seu nível máximo, para todos os policiais. Porque esse adicional que tinha por objetivo dar um estímulo ao policial que trabalhasse numa cidade com número maior de habitantes acabou na prática revelando várias distorções e criando policiais de primeira, segunda e terceira categoria.

Apresentei uma indicação ao governador do estado, José Serra, para que encaminhasse o projeto de lei complementar. E a Associação de Subtenentes e Sargentos do Estado de São Paulo, que sempre faz um trabalho muito forte em defesa da classe está aqui presente.

Cumprimento seu presidente, Hélio César Silva; o Deputado Milton Flávio que nos concede esse aparte, e quero dizer que esperamos que nossa bancada lute para que seja encaminhado esse projeto de lei complementar.

Muito obrigado pela sua compreensão e parabéns pela sua manifestação e pela sua atuação. V. Exa. é um deputado que dignifica esta Casa.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Eu é que agradeço a V. Exa. pela sua luta e, sobretudo, pela sua promoção. Ainda há pouco o Deputado Rui Falcão comunicou a esta Casa que V. Exa. daqui a pouco assume o novo cargo, que também com isso não apenas amplia os seus horizontes, a sua carreira, mas sobretudo, dá a esta Casa a segurança de que um dos seu membros atingiu o patamar mais alto da carreira, que com todo o orgulho atingiu.

            Queria só continuar dizendo - até aproveitando a presença dos nobres membros da corporação - que gostaria de ouvir dos deputados que são apoio ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta Casa explicações que fossem convincentes, não ficar, de novo, atribuindo à imprensa marrom, à imprensa paga; não. Não é como fez ainda há pouco, e vi o Deputado Rui Falcão sair ainda há pouco do plenário, talvez justificando mais uma vez que não responderá a esse Deputado que tem por hábito, por preocupação criticar o Governo Federal. Não, Deputado Rui Falcão. Amigos deputados do PT - já que não posso chamá-los de companheiros - as explicações que cobro não são para mim; são explicações que merece a nação brasileira. Até porque - lembro-me - quando a Ministra das Minas de Energia Dilma assumiu, prometeu de pés juntos que “apagão no Brasil nunca mais”. Ao contrário, conseguiram produzir o maior apagão da história do Brasil. Nunca tantos ficaram tanto tempo sem energia neste país. Esse recorde o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode mandar para o Guinness. Agora, o que estamos cobrando são explicações. Será que se houver outro raio acontece de novo amanhã? Será que agora quem sai de casa vai ter que ficar preocupado, explicando para seus familiares que se demorar mais do que não sei quanto tempo, ligue a televisão para saber se não houve mais um novo apagão?

            Sr. Presidente, vou voltar a falar sobre esse assunto,  mas não poderia deixar de fazer aqui uma acusação grave. Fui procurado ontem por uma aluna da Unicastelo da Faculdade de Medicina lá de Fernandópolis, se não me engano, e essa menina, durante um ano, frequentou o Campus da Faculdade, foi aprovada em praticamente todas as matérias, mas viveu, Deputado Pedro Tobias, uma dificuldade econômica e pediu trancamento de matrícula tentando ir para uma outra faculdade. A Unicastelo, alegando que a menina estava inadimplente, não trancou sua matrícula.

Seu pai, sem condições, entrou na Justiça para tentar evitar que esse prejuízo se estendesse, Deputado Olímpio Gomes. Perdeu na Justiça, Deputado Pedro Tobias; quitou o débito mas não conseguiu, até agora, a documentação.

            A Unicastelo diz que ela perdeu o prazo para trancar a matrícula. Não, ela não perdeu o prazo, argumentei eu com a direção da Unicastelo. Ela simplesmente pediu no prazo e, por questões burocráticas, regimentais, eu diria abusivas, dessa Universidade que - para ser bem franco, não sei se tem competência para formar alguém em medicina - não atenderam a sua solicitação. Não é por outra razão que seus alunos não apenas não podem pagar, mas não devem continuar pagando essa instituição. Agora, obrigar essa aluna - depois de receber todas as mensalidades - a voltar a fazer vestibular, ora, isso é quase um crime!

            Portanto, quero aqui comunicar o seguinte: falei ainda há pouco, com o Presidente da CPI das Escolas Médicas, Deputado Celso Giglio, que vou entrar com requerimento convocando esse Reitor, Deputado Luis Carlos Gondim, para vir aqui se explicar. Primeiro, por que oferece um curso tão ruim nos seus Campus na área de medicina e, segundo, a que preço e a que justificativa ele investe contra alunos que não conseguem pagar preços extorsivos que aquela Universidade cobra.

            Quero dizer ao Reitor que não precisa responder telefonema, não. Pode ser grosseiro comigo no telefonema, Vossa Magnificência ou os seus subordinados, prefiro que V. Exa. venha falar aqui conosco na CPI, responder para nós, olho no olho, não como autoridade, mas como convocado para prestar depoimento.

 

            O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Antes de chamar o próximo orador inscrito, esta Presidência faz a seguinte convocação: Sras. e Srs. deputados, esta Presidência, nos termos do art. 18, Inciso III, alínea “d”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Orçamento, a realizar-se hoje às 15 horas e 50 minutos, no salão nobre da Presidência, com a finalidade de se apreciar a seguinte matéria em regime de urgência: Projeto de lei nº 511/07, de autoria do nobre Deputado Said Mourad.

Esta Presidência também quer cumprimentar os membros da Polícia Militar que visitam este plenário, e também, da mesma forma como foi colocado aqui pelo nobre Deputado Fernando Capez, tudo que realmente venha a favorecer e se fazer justiça aos policiais militares, tenham certeza de que os senhores terão o apoio deste Presidente em exercício.

Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim, em permuta com o nobre Deputado Vinícius Camarinha.

 

            O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, Deputado Conte Lopes, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, estivemos ontem junto ao Incra para solucionar o problema da Chácara dos Baianos, a situação em que se encontram 2.500 famílias que já estão assentadas, que já estão produzindo. Hoje elas são responsáveis por 15% da produção de hortaliças que chegam ao mercado em São Paulo.

Fomos falar com o Presidente do Incra após um levantamento de dois anos feito pelo Incra de São Paulo, na pessoa do engenheiro agrônomo Sinesio, que fez todo o levantamento, chácara por chácara - quem produz, quem não produz - e chegou ao brilhante resultado de que as chácaras são produtivas e que essas chácaras pertencem a essas pessoas há cerca de vinte, trinta, cinquenta anos.

Esses terrenos pertenciam à Santa Casa de São Paulo, que os vendeu para uma empresa mineradora chamada Itaquareia. A Itaquareia gostaria que aqueles senhores saíssem daquelas terras produtivas para que eles pudessem fazer a exploração de minério de areias. Batemos firme, criamos uma Frente Parlamentar em defesa da Chácara dos Baianos em Jundiapeba, município de Mogi das Cruzes, e começamos a trabalhar com o Incra para mostrarmos que aquelas são terras produtivas, que são terras onde cada chacareiro tem três, quatro famílias que vivem daquelas terras.

Ontem fizemos um desfecho final no Incra. Fomos muito bem recebidos pelo Dr. Houff, Presidente do Incra, que após a leitura de toda a documentação, após a vista de todos os documentos, fotos dessas terras produtivas, comentou conosco que temos que fazer, urgentemente, um documento para que possamos indenizar a Itaquareia e que, esse documento, através de um decreto do ministro, seja assinado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela Ministra Dilma e enviado a essas pessoas que possam dizer “eu sou dono da minha chácara, eu sou dono da minha terra”.

Essa Frente Parlamentar, aqui na Assembleia Legislativa, teve um trabalho árduo de várias visitas ao Incra, e agora terá uma visita maior junto ao Ministro Guilherme Kasset, Ministro de Desenvolvimento Agrário. Quero aqui agradecer  aos deputados José Cândido, Simão Pedro, Carlos Giannazi, todos os deputados que se empenharam conosco para que pudéssemos fazer esse assentamento. E eu comentava ontem com o presidente do Incra que era uma reforma agrária ao contrário. Estamos produzindo, temos a responsabilidade de alimentar 15% da população de São Paulo com verduras e legumes e estamos pedindo para sermos donos dessa terra.

  O desfecho foi brilhante, com a presença do Deputado William Woo, deputado federal, de representantes do Senador Mercadante, do Deputado Arlindo Chinaglia. Todos se empenharam para esse desfecho junto ao Ministro para que possamos passar realmente a documentação de posse definitiva para essa população. São 380 famílias diretas assentadas de imediato. Em cada chácara há mais ou menos três ou quatro famílias. Portanto, de imediato, vamos assentar 1.200 famílias, num valor de quatro milhões e meio a cinco milhões de reais. É um dinheiro bem gasto pelo Ministério e pelo Incra, porque vamos solucionar, em caráter social, uma demanda de brigas, de desapropriações que havia em Mogi das Cruzes. Há vários processos na Justiça, mais de 550. Fizemos acordos com o advogado Zambotto e os chacareiros. Todos os juízes foram favoráveis que isso permanecesse parado até que o Incra pudesse elaborar o desfecho final e dar a essas famílias a condição de donos da terra.

  Então queria aqui agradecer todos os que se empenharam, mas faltou um pouco. Esperamos que agora essa frente parlamentar vá em peso para despachar com o Ministro Guilherme e o Presidente Lula para que possamos dar definitivamente a posse dessas terras a essas famílias que vivem em Jundiapeba, entre Mogi das Cruzes e Suzano.

  A Santa Casa sempre alugou, sempre fez com que esses posseiros não tomassem conta das terras imediatamente. Ao abrir uma negociação e vender para uma empresa particular, a empresa também cedeu e foi participante desse movimento.

  É uma vitória da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, uma vitória dessa população de chacareiros, que vai agora continuar produzindo em suas terras.

  Sinto-me orgulhoso por estar junto a esses deputados que conseguiram trabalhar para que pudéssemos assentar essas famílias. Agora, o Incra, através de seu representante José Raimundo, do Sr. Sinésio, desempenhou esse trabalho brilhante, estudando chácara por chácara, terreno por terreno, o que era área urbana e o que era área produtiva.

  Isso nos enche de orgulho e nos dá o direito de dizer que a Assembleia Legislativa está fazendo o seu papel, o seu trabalho de fazer um assentamento justo com pessoas que realmente estão produzindo.

  Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, nós hoje estamos aqui comemorando a vitória de um assentamento de mais de 1.200 famílias. Estamos para resolver o problema de mais 100 famílias, talvez em janeiro ou fevereiro, e quiçá possamos fazer também o assentamento das outras mais 1.300 famílias, fazendo com que 10 mil pessoas sejam donas de suas terras, das suas casas. Foi um trabalho que se iniciou em 2007 e que agora teve seu desfecho final.

  Queria agradecer a todos os que compõem essa frente parlamentar e também o Ministro Guilherme e o Holf, que nos atendeu ontem, e dizer que todos nós temos que trabalhar continuamente para que as pessoas possam se orgulhar de ter a sua casa, a sua chácara.

  Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. Há, sobre a mesa, requerimento de permuta de tempo entre os nobres Deputados Mauro Bragato e Pedro Tobias.

Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias, por permuta de tempo.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, nobre Deputado Conte Lopes, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, hoje recebemos nas galerias representantes da Polícia Militar. Temos na Casa o Deputado Major Olímpio, o Deputado Conte Lopes e o Deputado Edson Ferrarini. Acho que a cidade toda tem agradecimentos para com a Polícia Militar. Há muitos problemas, mas os policiais militares sacrificam muitas vezes a própria vida, como ontem, que morreu um tenente. Contem comigo. Sempre fui porta-voz da Polícia Militar com muito orgulho. Claro que há falhas, problemas, mas eu mesmo sinto na pele o problema dos aposentados: o salário diminui e todos reclamam com razão. Temos consciência disso e é nosso papel, como parlamentar, dar apoio e pedir ao Executivo que consiga alguma coisa para vocês.

Sr. Presidente, o Deputado Fernando Capez foi promovido a procurador, mas hoje vou falar sobre essa liminar de um desembargador do Tribunal de Justiça que proíbe a tramitação do Orçamento. Já está passando do limite. O Poder Judiciário quer ser Executivo, Legislativo e Judiciário. Daqui a pouco o Legislativo vai fechar as portas e iremos todos para casa. Cada poder tem seu papel. Aqui é o Poder Legislativo e é ele que resolve, mal ou bem, a respeito do Orçamento. Deve haver bom senso por parte da cúpula do Judiciário para cassar essa liminar. Já virou brincadeira essa história de proibir o andamento do Orçamento. Isso é muito grave. O Poder Legislativo cada vez mais abaixa a cabeça para outros poderes e está se tornando cada vez menor. O Executivo sempre manda; agora o Judiciário legisla. E nós, o que vamos fazer aqui? Vamos para casa, Deputado Conte Lopes. Vossa Excelência poderia voltar a combater na rua e eu, como médico, operar alguém em vez de fazer apenas discursos.

Hoje está havendo uma reunião política do PT, a Marcha de Prefeitos a São Paulo. Eu falei ao meu prefeito de Bauru: “V. Exa. deveria liderar uma marcha de agradecimento”. Mas, marcha de cobrança em Brasília? Não vejo nenhuma obra da área federal na minha região. E na minha cidade, em obras, hoje, temos a AME, que deve ser inaugurada a qualquer hora. Uma só avenida custou 49 milhões de investimentos do Estado. No Centrinho da USP, estão sendo investidos 40 milhões, para o término de um prédio, além de seis ou sete escolas.

  É tudo fundo perdido, não é empréstimo, como fazem no PAC de saneamento. Mas eles querem fazer frente. O povo de São Paulo, como falou o Deputado Rui Falcão, “o povo é sábio”. Lógico que é sábio. É o quarto mandato do PSDB.  E vai ganhar mais um mandato, que significa que a maioria da população está aprovando o nosso trabalho.

  Na minha região, independente de partido político, Deputado Milton Flávio, ontem participei da assinatura de um convênio com a prefeita de Presidente Alves, do PT. Várias pessoas ajudaram a prefeitura nesse primeiro ano.

  Fazer ato político é natural. Mas falar, no convite a prefeito, que José Serra vai comparecer à reunião, é exagero, porque não vão conseguir. Agora encontrei com o prefeito de uma cidade da região, e “onde está José Serra, não está aí?” Não, não vem. Estão usando a política. E ele vai embora.

  Deputado Milton Flávio, da Liderança do Governo, V. Exa. sabe muito bem. Nenhuma cidade está sem ajuda, independente de cor partidária. O Governador, tanto o atual, José Serra, quanto Mario Covas, como Geraldo Alckmin, sempre atenderam todas as cidades. É obrigação do governante.       

É o contrário do Governo Federal. Existem algumas emendas de deputado, uma delas do deputado Madeira, foi dada para a Cidade de Iacanga. Foi autorizada a compra de um caminhão; o dinheiro não chegava e o caminhão foi devolvido. Não liberam nenhum tostão, se não é do seu grupo partidário.

Pode ser que o Prefeito Emidio queira ser candidato a Governador, tem todo o direito, mas o PT está importando Ciro Gomes, do Ceará, para ser Governador de São Paulo, porque não está encontrando candidato. Penso que a população é sábia e elege quem acha que é melhor.

Penso que o meu candidato - sempre falei, não nego - a Governador, é Geraldo Alckmin; ele vai voltar a governar este Estado. Meu candidato a Presidente é José Serra. Todos nós devemos assumir a candidatura, conforme julgue, mas enganar prefeito dizendo que José Serra está aqui, que Aloysio está aqui, em uma reunião de prefeitos? Querem fazer um ato político.

Lamento muito que o prefeito de minha cidade tenha entrado nesse jogo. Se há uma obra, nos últimos 8 ou 10 anos em Bauru, é obra do Governo do Estado, nem municipal nem federal. Só há obras do Governo do Estado de São Paulo. Em breve teremos o centro poliesportivo para deficientes. É o primeiro centro do Estado, e vai ser em Bauru. Cada um faz o que achar melhor, mas tem que abrir os olhos e ver o que o Governo está fazendo na cidade, na região e no Estado.

Na nossa região administrativa, de 40 cidades, foram 250 milhões só em vicinais. Obras fora da cidade, só o Acessa SP. Só isso. Única coisa, somos fracos, não sabemos fazer propaganda. O Governo Federal é muito esperto, vende até mercadoria que não tem, mas faz muita propaganda, o PAC do saneamento, por exemplo. A única cidade foi Lençóis Paulista; foi empréstimo de dinheiro, não é dinheiro de fundo perdido.

Nos últimos três anos, na região administrativa de Bauru, 25 milhões foram liberados, dinheiro de fundo perdido, para o Projeto Água Limpa, que a maioria das cidades está inaugurando atualmente. É dinheiro de fundo perdido. Ao contrário, numa cidade foi empréstimo da Caixa Econômica Federal, que sempre emprestou, porque banco empresta dinheiro, que é a mercadoria dele.

Para concluir, parabéns a todos os presentes. Ninguém dá nada a ninguém. As coisas são conquistadas, e não são dadas. Devem vir várias vezes aqui, ir aonde devem ir, brigar para conseguir. A Polícia Militar tem três grandes representantes aqui: Major Olímpio e  Presidente Conte Lopes e Cel. Ferrarini. Mas vocês podem contar comigo, porque eu vi que sem a Polícia Militar não sei como ficaria esta cidade. Temos problemas, sim, mas sem a Polícia Militar, fico preocupado. A população tem muito medo. Hoje a população tem medo, imaginem então sem a Polícia Militar.

Major Olímpio, parabéns pela corporação da Polícia Militar, da qual me orgulho muito, e onde tenho muitos amigos. Ela tem falha, sim, mas mínima. É a política da seriedade, de corrigir quando alguém sai da linha. Isso queremos, e isso é o que a sociedade quer. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, por cessão de tempo do nobre Deputado Rogério Nogueira.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, minha fala de hoje tem muito a ver com manifestações que já foram feitas neste dia, em relação as necessidade da família policial militar, e em relação à presença de policiais militares e pensionistas da Associação de Subtenentes da Polícia Militar, que vem democrática e respeitosamente cobrar da Assembleia Legislativa uma postura que a Assembleia não tem tomado, ao longo do tempo, de respeitabilidade à família policial no Estado de São Paulo.

Aproveito, com muita satisfação, pelo mesmo motivo de estar visitando a Casa hoje, para saudar o vereador Edgley Jone Máximo Leandro, do PDT, do meu partido, de Caieiras, que vem também a esta Casa hoje para dizer: “Deputado, V. Exa. está no meu partido; os policiais da minha cidade - e Caieiras tem 80 mil habitantes - recebem 650 reais a menos do que um policial em Guarulhos, que é onde fica o CPA M-7, ou um policial em São Paulo, na divisa, que muitas vezes é simplesmente um marco geográfico.”

Deputado Conte Lopes, V. Exa. que há mais de 20 anos vem labutando nesta Casa, em defesa da família policial, é hora realmente se dar um basta.

Ao falarmos nesse funesto Adicional de Local de Exercício (ALE) é necessário que se estabeleçam algumas verdades. A primeira delas: quem está pleiteando o ALE ao Governo do Estado, com verdadeira transparência e sem hipocrisia, é o Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Camilo, e o Delegado-Geral de Polícia, Dr. Domingos. Não adianta querer pegar carona política nessas coisas. Em nome da verdade, após quase 32 anos que ingressei na Polícia Militar, agora vejo um comandante-geral e um delegado-geral manifestarem-se em público, colocarem na Intranet, pedirem a mobilização para um pleito mais do que justo.

É preciso falar do Orçamento do Estado encaminhado a esta Casa, a peça orçamentária, que chamo de “péssima” orçamentária. Vereador Edgley, o mais votado dos vereadores de Caieiras, o seu pleito é mais do que justo em nome da família policial militar e da família policial civil. Vossa Excelência disse-me: “Ninguém mais quer ser policial na minha cidade: o risco é igual ou maior; o custo de vida é maior; e tem que ganhar menos?” Imagine, Vereador, ali estão dezenas de policiais militares e pensionistas. Muitos deles já são inativos, trabalharam 30, 35, 40 anos no serviço policial; ou pensionistas, cujos maridos trabalharam 30, 35, 40 anos. E quando vem qualquer tipo de adicional, para eles é zero.

O Orçamento que veio para esta Casa não tem um centavo para qualquer reajuste aos servidores públicos do Estado de São Paulo. Não adianta querer fazer graça e dizer: “Olha, vamos juntos!” Vamos juntos aonde? Vamos votar contra, aqui? Deputado Pedro Bigardi, V. Exa. tem votado contra posicionamentos do Governo do Estado que ferem a dignidade dos servidores públicos. Mas não adianta dizer: “Estou com vocês, mas na hora que o Governador quiser, estou com ele.” Não vai dar certo; não dá para ficar com o pé em duas canoas.

O momento da dignidade é agora. Não tem indicação coisa nenhuma. A paridade - que vai deixar o adicional igualitário para o policial de Guarulhos, de São Paulo ou de Caieiras e que vai contemplar o inativo e a pensionista - só poderá ser feita através da incorporação desses adicionais. Isso custa para o Estado de São Paulo 840 milhões de reais por ano; 70 milhões de reais por mês. No Diário Oficial, vocês poderão ver uma emenda que apresentei ao Orçamento no valor correspondente a isso. Mas não tenho a hipocrisia de achar que a minha emenda vai ser acolhida. Se o Governador tratasse com o mínimo de dignidade a família policial militar, já teria incluído isso no Orçamento e enviado à Assembleia Legislativa, em 30 de setembro; não permitiria faturazinha de deputado, nem de ninguém: ele iria faturar sobre isso.

Em relação aos deficientes físicos, existem quase cinco mil na Polícia Militar. Vou mostrar o vídeo de um policial militar que foi baleado em serviço. Como foi antes do advento da lei que estendeu o adicional para quem é ferido em serviço, ele não recebe. Recorreu judicialmente, ganhou. O juiz determinou a tutela antecipada, ou seja, o pagamento imediato. Vocês vão ver o que aconteceu: o Governador está mandando recorrer, pagando multa de 500 reais por dia: “Recorro para não abrir precedente, para não pagar os outros cinco mil deficientes físicos da polícia.” Se nem os deficientes físicos esse maldito Governo quer contemplar, imaginem em relação às pensionistas, aos inativos, aos policiais que estão morrendo ao defender a sociedade.

  Vamos mostrar a manifestação do Capitão Mondadori, baleado em serviço, tetraplégico.

 

* * *

 

            - É feita a exibição de vídeo.

 

* * *

 

  Esse rapaz era um menino de 25 anos, tenente da Polícia Militar, quando foi baleado com um tiro na quarta vértebra cervical e tornou-se tetraplégico, só mexe a cabeça. Ele ganhou judicialmente; o juiz viu a situação em que ele se encontrava. Vejam nas imagens as instalações e as adaptações feitas na casa do Mondadori. Teve que se fazer um guincho. Ele tem mais de um metro e noventa de altura, é pesado. A filha de 12 anos e a esposa são os cuidadores dele, como ele mesmo disse. Para ele, o Governador está virando as costas e mandando recorrer, pagando na Justiça multa de 500 reais por dia para não abrir precedente, para não pagar aos demais policiais militares deficientes físicos.

Esse moço, corajosamente, procurou-me e disse: “Quero que as pessoas tomem conhecimento do meu caso.” Ele não recebe o adicional, a Justiça reconheceu, o juiz arbitrou a tutela antecipada: paga antes; recorre depois. O Governador vem desobedecendo, pagando uma multa de 500 reais por dia para não abrir precedente.

  Há de se imaginar que sem mobilização, sem a presença constante de vocês aqui e em todos os 645 municípios paulistas, pedindo uma moção de apoio à incorporação desses adicionais, nada vai acontecer.

 

  O Sr. Presidente - Conte Lopes - PTB - Nobre Deputado Olímpio Gomes, V. Exa. continua com a palavra por dez minutos.

 

  O SR. Olímpio Gomes - PDT - Agradeço, Sr. Presidente. Tenho a dizer a vocês que a questão é de mobilização. Mas não acreditem em discursos hipócritas, não acreditem que vá acontecer simplesmente porque há bondade estampada no coração do Governador e de alguns seguidores dele. Não vai. Tem que se colocar 840 milhões de reais. Isso significa acrescer 12% à folha da Segurança Pública. E mais, sempre que foram discutidos nesta Casa projetos de interesse de servidores públicos, mais especialmente projetos de interesse da família policial militar, temos tomado uma abordoada, como na São Paulo Previdência, em que suprimiram garantias nossas com a maioria esmagadora de deputados. E o Governador obriga a votar nos seus projetos. Não adiantam manifestações de amor e de paixão pela instituição policial militar, pelo que cada um de vocês fez, se, na hora do vamos ver, vota-se contra.

  É preciso acompanhar a manifestação de cada um dos deputados na sua manifestação de voto. É muito fácil parecer aliado de serviços públicos, da família policial civil ou militar, que apoia o serviço policial. O Deputado Conte Lopes sabe disso há muito mais tempo que eu e está tomando essas abordoadas e revezes há mais de 20 anos nesta Casa. Todo mundo é apaixonado pela Polícia Militar e pelos policiais, mas na hora de haver ações concretas a coisa se complica. E é essa vigilância que vocês devem fazer permanentemente.

 

  O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PTB - Nobre Deputado Olímpio Gomes, com assentimento de V. Exa., esta Presidência faz a reconvocação da reunião da Comissão de Finanças e Orçamento, a realizar-se agora, às 16 horas e 25 minutos, com a finalidade de apreciar o Projeto de lei nº 511, de 2007, do nobre Deputado Said Mourad.

  Esta Presidência devolve a palavra ao nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

  O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Mas esta vigília permanente, que deva ser também dos 645 municípios nas chamadas bases dos nossos colegas deputados, acompanhando não só a fala, as indicações e as emendas para, depois, ser nomeado relator especial, e votar contra a própria emenda. É a manifestação final, o posicionamento e o dizer não para o que o Governo está fazendo de massacre com a família policial.

            Quero lembrar à família policial presente e à família policial militar de todo o Estado que enterramos hoje um jovem tenente da Polícia Militar, com 22 anos de serviço: o 2º Tenente Pontual, filho do 1º Tenente Pontual, da Escola de Educação Física da Polícia Militar, e que tinha e tem como grande orgulho de vida o seu menino que, desde os quatro anos de idade, desejava ser policial militar feito o pai, que começou soldado da Polícia Militar. Hoje é instrutor de tiro, de técnica policial e da Escola de Educação Física, e recebeu na madrugada passada a notícia de que o seu filho de 22 anos, formado em 13 de dezembro último, na Academia do Barro Branco, foi morto por marginais, em serviço, com um tiro de fuzil na cabeça, no tórax e no punho esquerdo. Que, no último domingo, o Sargento Frederico, também do 15º em Guarulhos, quando, na frente de sua casa, em Osasco, foi atacado a tiros de fuzil e executado na frente da sua família. Só na Praia Grande, este ano, quatro policiais militares foram executados; em São Vicente mais quatro; em Cubatão um, na semana passada. E de tiros de fuzil, Deputado Conte Lopes. O tiro que matou o Tenente Pontual saiu de um fuzil calibre 556, igual aos 22 fuzis 556, e 762, roubados do Centro de Tática de Treinamento de Tiro junto a CBC, em 10 de março. E que, Deputado Roberto Felício, Deputado Pedro Bigardi e Deputado Milton Flávio, até agora nenhuma dessas armas foi localizada, nenhum marginal foi preso.

Sabe qual a diferença, em relação à Segurança Pública, de São Paulo e do Rio? É que no Rio há praia. “Ah, mas estão derrubando helicópteros com metralhadora 0.5 no Rio!” Arma utilizada aqui em Amparo, para assaltar um carro de transporte de valor: 0.5. Na última quinta-feira, para abordar carros de transporte de valor na Anhanguera, e no seu caminho de casa - parecia cena de filme, com a Rodovia Anhanguera obstruída por ônibus, marginais com 0.5, com fuzil 762, atiraram contra dois carros de transporte de valor, e uma bala perdida acertou um coitado do cidadão que se deslocava pela estrada - vosso caminho também, Deputado Roberto Felício -, e foi morto com um tiro de fuzil no queixo. Simplesmente porque o cidadão cometeu a ousadia de se deslocar na Anhanguera.

  Sabe por que não acontece nada? Porque há uma preocupação política de tentar mentir à opinião pública, dizendo que não existe crime organizado no Estado de São Paulo, que não existe organização criminosa dentro de presídios, mandando executar policiais, que não entram equipamentos e celulares e que não tem comunicação permanente. Enquanto isso, os nossos pobres milicianos estão morrendo. E morrendo por serem policiais, como o Sargento Frederico, executado com mais de 12 tiros de fuzil. Não é porque é um cidadão que mora em Osasco que teve o azar de ser roubado num domingo. É porque ele é o Sargento Frederico e foi caçado e executado por marginais. Como ele estava fora do serviço, sabe o que vai acontecer? A sua viúva não vai receber o seguro de vida, tão pouco o Adicional de Local de Exercício, como todos os senhores que deram os melhores anos da sua vida pelo serviço policial, que estão inativos e que hoje não recebem.

  Essa é a verdade, sem hipocrisia. É necessário nesse momento, primeiro, que o Governo faça um mea culpa e diga “Somos incompetentes para administrar a Segurança de São Paulo. Estamos improvisando e fazendo com que os policiais morram e a população fique, permanentemente, apavorada.” Segundo, que se dê dignidade ao serviço policial. Vamos lutar pela incorporação de todas as formas, vamos nos mobilizar. Mas será necessária uma pressão muito grande.

De antemão sou grato a esta Casa. Tenho de reconhecer que nas votações relacionadas à família policial militar o Deputado Conte Lopes, policial militar genuinamente, eu, por obrigação - somos policiais -, a bancada do PT, a bancada do PSOL e a bancada do PCdoB, em todas as situações, fecharam questão em defesa da família policial militar. Não se enganem com aqueles que vêm com sorrisos, mas que têm estampado uma marca chamada PSDB: “pior salário do Brasil”. Esse quer o seu voto e a sua desgraça. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB -  PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, ouvindo as palavras do Deputado Olímpio Gomes, gostaria de me solidarizar com a luta dos policiais, daqueles que atuam na área da Segurança Pública,, pois r realmente, as imagens apresentadas mostram a sua situação difícil situação.em que se encontram. Nós nos solidarizamos com a luta em favor da classe dos policiais e da Segurança Pública, em que pese serem dignos representastes  da classe, os Deputados Conte Lopes e Olímpio Gomes.

            Podem contar com a nossa luta e com a nossa disposição para trabalharmos juntos.

  Outro assunto, Sr. Presidente, importante, é a questão da Saúde pública. Há algumas semanas, usei desta tribuna para falar da situação da Casa de Saúde da Cidade de Jundiaí, que está fechada há dois anos. Um grupo médico comprou o prédio, ofereceu à Prefeitura um andar inteiro para trabalhar pelo SUS. A, a prefeitura não aceitou, desapropriou o prédio já comprado, e, a partir da desapropriação, se iniciou-se um processo de parceria entre Estado e Prefeitura para se viabilizar o seu funcionamento. da Casa de Saúde.

  Eu trouxe duas gravações, uma do final do ano passado e outra do mês passado, em que o Governador José Serra dizia que, no final do ano passado,, estava sendo feita uma parceria com a Prefeitura de Jundiaí, para viabilizar o funcionamento daquela Casa de Saúde, com investimentos do Estado.

  Para surpresa minha e de toda a região de Jundiaí, o Governador José Serra esteve na cidade para inaugurar o Poupatempo, e disse que não tinha nada a ver com a Casa de Saúde, que não falou em nenhum momento em fazer investimentos.

  Este Deputado tentou esclarecer essa questão. C, coloquei as duas gravações, a do ano passado e a deste ano. Cobrei,  e cobrei do Governo do Estado, por meio de um requerimento de informações, qual a era a situação real da Casa de Saúde, o que pretendia o Estado, qual a parceria que estava sendo noticiada, inclusive pela imprensa, com representantes do próprio Estado, falando durante esse tempo todo, em termos de investimento e de funcionamento da Casa de Saúde. E ficou uma grande dúvida. Fiz o meu papel de Deputado, cobrando o funcionamento da Casa de Saúde, e essa parceria entre Estado e Município, já que a questão da Saúde é extremamente grave na região, faltandofaltam aproximadamente 200 leitos para atender à a população. E, e ficamos na expectativa de uma resposta.

  Hoje, o vice-Prefeito da Cidade de Jundiaí vai a público e critica o Deputado Pedro Bigardi, dizendo que este Deputado fez politicagem em relação ao assunto da Casa de Saúde. É uma situação muito grave, porque a Prefeitura de Jundiaí também estava trabalhando pela parceria com o Estado.

E de repente, critica o Deputado que faz o seu papel de cobrar o Estado, cobrar o Governador José Serra, para dizer qual a palavra que está valendo: a palavra do ano passado ou a palavra deste ano. Fiz o meu papel de Deputado, defendendo a nossa região, defendendo a Saúde pública e cobrando explicações do Estado de São Paulo. 

  É lamentável que o vice-Prefeito de Jundiaí venha a público

  fazer críticas, aliás, críticas rasteiras, mesquinhas, que não cabem a uma pessoa que está num cargo público, especialmente como vice-Prefeito, que deveria  também estar se somando aos deputados, para lutar pela Saúde pública do Estado de São Paulo.

  Lamentável o que fez o vice-Prefeito de Jundiaí que, em vez de lutar pela Saúde pública, entra num jogo político mesquinho, pequeno.

  Gostaria de deixar muito claro que vou continuar trabalhando pela Saúde pública na nossa região, vou continuar lutando para que o Estado explique para a população do Estado de São Paulo e da  nossa região, qual é a situação da Casa de Saúde, qual é a pareceria que está sendo feita e para que respondam ao nosso requerimento.

  Inclusive, vou fazer gestões junto à Comissão de Saúde desta Casa, para que se posicione, porque o que queremos realmente é a Saúde funcionando e bem, e não um hospital fechado há dois anos, quando a população vive uma dramática situação de Saúde na região.

  Muito obrigado.

 

  O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, gostaria de fazer uma saudação à presença de prefeitos, vice-prefeitos, assessores e acompanhantes que, hoje e amanhã, estarão realizando a VI Marcha de São Paulo, reivindicando melhor atendimento e mais atenção aos municípios. E, em especial porque os municípios são convocados às vezes a prestar serviço, às vezes a ceder servidores, inclusive em diversas áreas, como Educação, Saúde, Segurança Pública, por falta de iniciativa do próprio Governo do Estado.

  Sr. Presidente, em nome da minoria desta Casa, gostaria de dar as boas-vindas aos prefeitos.

            Gostaria também de saudar os nossos visitantes das galerias e cumprimentar o Deputado Pedro Bigardi e o Deputado Olímpio Gomes pelos pronunciamentos. Gostaria de dizer que na minha condição de servidor público, na área da Educação, sei das dificuldades, e da situação dramática e dos  problemas vivenciados pelos funcionários públicos do Estado de São Paulo, da Segurança Pública, Saúde, Educação, de todos os setores, com gratificações que depois não se estendem à aposentadoria, com diminuição do salário na prática no momento de se aposentar -, e no caso da Polícia Militar, quando passam para a Reserva. Então, manifesto a minha solidariedade.

            Gostaria de fazer referência ao episódio dos últimos dias que a imprensa divulgou. A, e assistimos no País a mais uma manifestação de intolerância, de preconceito, de ciúme político, de inconformismo dos adversários políticos, que parecem mesmo não se conformar de que o Presidente Lula vem governando este País com êxito e que o Brasil melhorou, e melhorou muito nesses quase sete anos de Governo Lula.

            Evidentemente, que não poderia criticar ninguém por discordar. É um direito de todo cidadão deste País discordar e até discordar da pesquisa, que dá aprovação dao Presidente Lula, com mais de 80% de reconhecimento do êxito do Governo Lula. E agora, a mais recente pesquisa do Vox Populi mostra, em que o Presidente Lula, que tinha 65% de aprovação na pesquisa anterior, sobe para 69 por cento.%, p Portanto, uma aprovação que nenhum presidente da história da República brasileira obteve, em especial, quando já no sétimo ano da Presidência. É fácil ter um índice alto de aprovação da opinião pública no primeiro ano de gGoverno, mas depois de sete anos, continuar com índices altíssimos é um fato inédito na história republicana do nosso País. Volto a dizer que alguém pode discordar.

Mas é preciso que se discorde fazendo debate político sem o ranço do preconceito de classe. Eu me refiro ao fato de que desta vez um artista, um cantor popular, Caetano Veloso, fez uma referência, primeiro, muito pouco educada, desrespeitosa e injusta para com o Presidente da República, inclusive fazendo referência ao fato de que o Presidente da República seria analfabeto.

O que não é verdade. Todo mundo sabe que o Presidente da República concluiu inclusive o ensino médio, na formação que teve como profissional na área de metalurgia, na área mecânica. O Presidente Lula não teve a sorte, não teve a felicidade, como parte dos brasileiros tiveram, de frequentar o ensino superior. Mas foi o Presidente da história do Brasil que mais abriu vagas, que mais construiu novas universidades também da nossa história, como a Universidade do Vale do Sino, do Recôncavo Baiano, do ABC, o aumento do tamanho de algumas universidades, da reformulação de alguns institutos. Portanto, é um Presidente que se dedicou parte do seu mandato para melhorar a Educação do nosso País.

Teve gente que, em resposta ao Caetano Veloso, disse que não gosta mais dele e sequer admira seu trabalho estético. Eu não vou me somar a esses, não. Continuo gostando do Caetano Veloso como um grande músico do Brasil. Aliás, como um dos melhores músicos do País, mas discordo da forma preconceituosa quando se refere ao Presidente.

  Sr. Presidente, eu, hoje, fiz questão de trazer aqui um artigo assinado pela Profª Marta Peres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que faz uma reflexão sobre esse episódio, mas fazendo referência a outros episódios de preconceito que assistimos nesses sete anos de mandato do Presidente Lula.

            Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, passo a ler este artigo para que conste dos Anais da Casa e seja publicado no “Diário Oficial” para que a população possa ter também uma manifestação de opinião e de como essa professora da Universidade Federal enxerga o problema do ranço, do preconceito de classe que existe no nosso País quando a intolerância se revela sobretudo quando alguém  vem do Nordeste como imigrante, mas que com sua inteligência, sua capacidade política se transformou numa das maiores personalidades da história do Brasil e é reconhecido no mundo todo hoje como um dos  maiores estadistas do planeta.

“Por que Luiz Inácio desagrada Caetano Veloso

Atualizado e Publicado em 12 de novembro de 2009 às 10:56

por Marta Peres, Professora da UFRJ

Grande artista, não faz falta a Caetano Veloso um diploma de nível superior. Seus recentes comentários injuriosos a respeito do presidente com a maior aprovação da História do Brasil são indiscutivelmente coerentes - com sua visão de mundo, com a visão da classe a que pertence, assim como dos meios de comunicação que as constroem incansavelmente, bloqueando qualquer ensaio de questionamento ao seu insistente pensamento único.

Ao se referir a Lula como 'analfabeto', o termo está sendo utilizado de forma equivocada, pois 'analfabetismo' significa 'não saber ler nem escrever'. Imagino que ele esteja se remetendo, de maneira exagerada, ao fato de Lula não ter diploma de graduação, coisa que o compositor tampouco possui. Esse tipo de exigência não é nem mesmo cogitada ante outros artistas geniais como Milton, Chico, Cora Coralina... Gilberto Gil, ex-ministro do governo Lula, graduou-se, mas não em música... 'Ah, mas eles são artistas...'. E não seria a Política uma arte? Um pouco de Platão e Aristóteles não faz mal a ninguém...

Quanto à suposta 'cafonice' de nosso presidente, situado na revista americana Newsweek em 18° lugar entre as pessoas mais poderosas do mundo, Pierre Bourdieu (1930-2002) nos traz uma contribuição preciosa. De origem campesina, como Lula, o sociólogo francês criou conceitos que desmoronam o velho chavão do 'gosto não se discute'. Para Bourdieu, não só se deve discutir, como estudar, compreender, aquilo que se trata de, mais que uma questão de 'classe', uma questão de 'classe social'. Além do enorme abismo do ponto de vista propriamente econômico, os 'gostos diferenciadores', referentes ao 'estilo de vida', consistem na maior marca de violência simbólica e num fundamental instrumento de legitimação da dominação das classes dominadas pelas dominantes. Não somente é desigual a distribuição de renda numa sociedade dividida em classes, mas também o acesso à educação formal e informal - o hábito de freqüentar museus, espetáculos de teatro, música, dança - à sofisticação do vocabulário, às regras de etiqueta, à constituição da apresentação pessoal, dos 'modos' e atitudes corporais.

Obviamente, alcançar maior poder aquisitivo não possibilita a aquisição desse 'capital cultural' adquirido ao longo de toda uma vida no convívio com 'outras pessoas elegantes', ou seja, com a 'elite'. Uma expressão precisa para designá-las, utilizada corriqueiramente na Zona Sul do Rio, é 'gente bonita' - como sinônimo de portadores de determinadas marcas de classe evidentes pelo vestuário, linguajar, cabelos, corpos, modos, atitudes. Bourdieu demonstrou os aspectos, às vezes despercebidos, da 'construção social' do gosto, seja o gosto de Caetano, das elites, dos que gostariam de ser elite, pretendendo se distinguir da massa supostamente 'inculta'. Em outras palavras, as classes às quais pertencemos determinam, em grande parte, nossos critérios aparentemente inatos do que vem a ser elegância, numa relação de constante imitação, pelos 'cafonas', dos considerados detentores dos critérios de julgamento estético.

Lula não segue a corrente dos imitadores: mantém-se fiel à cafonice que o identifica com suas origens populares. Ah, como isso incomoda...

Embora seja assistido desde tempos imemoriais, lembrando que Norbert Elias estudou como a nobreza francesa era imitada por suas congêneres do resto da Europa no Ancien Régime, aqui, no Brasil, o fenômeno da distinção alcança as fronteiras do 'nojo', das reações fisiológicas desagradáveis, diante de tudo que possa remeter a atributos das classes populares, tudo que venha do 'povão'.

Não é à toa que o REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais que tem como objetivo "criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível da graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas Universidades Federais" - seja alvo de críticas ferrenhas, apesar de vir ao encontro de demandas por mais vagas já presentes nos protestos estudantis da França e do Brasil há quarenta anos, os quais, aqui, jamais sequer haviam sido objeto de atenção pelos governos. A demanda por cidadania e não por privilégios restritos é assunto que dá nojo, dá 'gastura', como se fala no interior do Brasil. Mas isso são outros quinhentos...

Embora o acesso universal à educação deva ser uma meta, podemos questionar - como muitos eminentes acadêmicos questionam - que a universidade seja a única fonte de conhecimento legítimo, sob o risco de repetirmos, em outros moldes, o papel de detentora do saber exercido pela Igreja Católica Medieval. O que seria de nós sem a contribuição inestimável de tantos notáveis que por ela não passaram?

Pode-se argumentar, contudo, que o referido compositor não tem preconceito de classe ou contra a falta de diploma, pois pretende votar em Marina Silva que, como Caetano, não possui graduação, e que, como Lula, tem origem humilde. (O curioso é que, sendo a candidata à sucessão de Lula uma economista, dessa vez, a mesma é cobrada por não possuir mestrado e acusada de ter lutado contra a ditadura militar: sempre inventarão motivos contrários a políticas públicas que ferem ideais de distinção de classe). Ao contrário do que parece, os atributos de Marina caem como uma luva para nossa conservadora classe média leitora do Globo e da Veja e que jamais se assumirá preconceituosa: portar a nobre e indignada bandeira da causa verde faz disparar sua pontuação no quesito 'elegância'. Os que se preocupam ardentemente com a possibilidade de vida de seus netos e bisnetos são tocados em seu íntimo pelas questões ligadas à salvação das florestas.

Só que, mais uma vez, como a História sempre ajuda a enxergar, o buraco - na camada de ozônio - é mais embaixo: a destruição do planeta é a consequência inexorável de um sistema perverso que nele vem se instalando há alguns séculos. Ao longo de suas notáveis transformações, atingiu um ponto em que passou a se dar conta de seu próprio potencial de destruição e de identificar na preocupação com a natureza uma boa - e quem sabe, lucrativa - causa.

Do ponto de vista das chamadas 'Gerações' de Direitos Humanos, ao longo dos desdobramentos do capitalismo, a causa ecológica nasceu como a terceira filha. Enquanto a primeira, a segunda e a terceira gerações são identificadas com os ideais da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - a quarta, mais recente, relaciona-se a questões da Bioética e aos movimentos de segmentos minoritários ou discriminados da sociedade. A liberdade refere-se aos direitos civis e políticos, chamados de 'direitos negativos', pois limitam o poder exorbitante do Estado, que deve deixar o indivíduo viver e atuar politicamente. A igualdade consiste na luta pelos direitos sociais, culturais, econômicos, e demandam uma atuação 'positiva' do Estado no sentido de realizar ações que proporcionem condições de acesso de todos os indivíduos à educação, saúde, moradia, assistência social, dignidade no trabalho. Finalmente, a fraternidade esta ligada à ecologia, à preocupação com o destino da humanidade, irmanada por sua condição de habitante do planeta Terra.

Como se situaria o Brasil nessa História? Não vivemos mais no tempo de Marx, das jornadas de trabalho de 18 horas que não poupavam mulheres e crianças caindo mortas de fome ao redor das grandes máquinas sujas das fábricas. Hoje, longos tentáculos buscam mão de obra barata como a planta se dirige à luz do sol e os dejetos - da poluição e os seres humanos excluídos da participação em suas benesses - são escondidos do campo de visão dos que têm 'bom gosto'. Depois de destruir suas próprias florestas, os países ricos se preocupam e ditam regras da etiqueta politicamente correta aos pobres, abraçando a 'causa ecológica' com a mesma eloqüência que ontem defenderam que a 'mão invisível do mercado' traria a felicidade geral. Hoje, uma mão visível segura imponente a bandeira do orgulho verde. Porém, o corpo do qual faz parte constitui-se de fome, miséria, doença, condições abaixo de qualquer noção de dignidade da pessoa humana. A bandeira parece ser de um médico, mas o sujeito que a segura é um 'elegante' monstro. Chega a ser apelativo falar em salvar o planeta tirando de contexto uma causa que ninguém ousará contestar. Mas que tal pesquisar casos concretos de vínculos incontestáveis entre partidos verdes de diferentes países com os setores mais conservadores das respectivas sociedades? Visualizando a imagem do monstro, de braços dados com uma chiquérrima Brigitte Bardot salvando animais, faz todo sentido. A Bela e a Fera...

De modo algum defendo qualquer teleologia e que tenhamos que passar por fases que os outros já passaram. Nem que os sete anos de Governo Lula tenham se proposto a enfrentar bravamente, contra tudo e contra todos, o capitalismo que domina quase toda a superfície do planeta. Ninguém falou em Revolução, aliás, não era esse o combinado. Apenas assisto a um esforço hercúleo de instaurar políticas que ferem o coração desses mecanismos de violência, real e simbólica, que o julgamento do que é ou não cafona só vem a perpetuar, no sentido de minimizar o enorme fosso que separa os que têm e os que não têm acesso a conquistas históricas impreteríveis do Ocidente, independentemente de obediência a qualquer cronologia, identificadas com os direitos humanos: combate à fome à miséria, acesso universal à educação, à energia elétrica, diminuição da desigualdade ímpar que nos assola. Fraternidade, também quero, mas junto com a Liberdade, e principalmente, o que mais nos falta, Igualdade! Não igualdade no sentido anatômico, igualdade de condições, junto com a quarta geração.

Não indignar-se com a miséria, agarrar-se ferrenhamente a seus privilégios, assim como espernear diante de sinais de mudança, faz parte do aprendizado de cegueira, inércia e arrogância por que passam nossas elites com seu gosto sofisticado. Mas ao contrário de um regime de concordância geral, o ideal de democracia é caracterizado justamente pela coexistência de opiniões diversas a respeito das políticas do governo. À insatisfação proveniente de certo campo ideológico correspondem, certamente, avanços jamais assistidos na História do Brasil. Com vínculos ideológicos resumidos na figura de ACM, nutridora de uma ordem social desigual desde 1500, existe uma indiscutivelmente sincera elite baiana à qual, desagradar, é sinal de que Lula está no caminho certo!”

 

O SR. RAUL MARCELO - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero aqui, em nome da Liderança do PSOL, inicialmente manifestar a nossa total solidariedade aos servidores públicos da área da Segurança, que estão aqui nas galerias, acompanhando a reunião da Assembleia Legislativa.

Infelizmente, eles não têm sido reconhecidos pelo Governo do Estado, não apenas nessa atual gestão do Governador José Serra, mas, também, na gestão do Governador Geraldo Alckmin, na gestão do Governador Covas, na gestão do Governador Quércia. Desde o tempo do Governador Franco Montoro que acontece esse processo de arrocho em relação aos servidores públicos do Estado de São Paulo. Infelizmente, essa questão tem se agravado do Governo Covas para cá, porque o Governador Covas fez renegociação da dívida pública de São Paulo com o Governador Fernando Henrique Cardoso e, de lá para cá, o arrocho aos servidores públicos tem aumentado a cada ano que passa. É por isso que nós temos até uma situação de desprestígio das carreiras públicas no Estado de São Paulo. Basta ver a situação dos servidores da área de Segurança, tanto o policial civil, como o policial militar.

Eu tinha uma expectativa de que o Serra, ainda que pese  ter se auto-exilado no Chile, iria fazer uma reforma ou, no mínimo, dar um espaço para que debatêssemos nesta Casa uma reforma na estrutura da Segurança Pública, em particular no Estado de São Paulo. Por quê? Porque, infelizmente, um profissional de segurança, que é militarizado, que está dentro de um quartel não cabe no estado democrático de direito.

Deveríamos ter todos os servidores da área de Segurança sendo policiais civis, com direito a se sindicalizar, com direito a se associar, com direito de manifestação e tendo que prestar conta, única e exclusivamente, para os cidadãos porque é assim que diz  o estado democrático de direito, onde o soberano é o povo e não o alto comando como acontece hoje, infelizmente, com a Polícia Militar, que acaba sendo quase que uma guarda pretoriana.

É uma tristeza muito grande ver que está terminando o mandato desse Presidente da República e ele não deu um passo sequer no sentido de iniciar o processo de reforma que muitos países já fizeram. Infelizmente, o Brasil está muito atrás, em especial o Estado mais rico da Federação, que é o Estado de São Paulo.

Vimos, em que pese todo arrocho que a Polícia Militar sofre, que ela não pode sequer fazer uma manifestação que é um direito universal  do trabalhador, que é o direito da greve. Por quê? Porque é militar. Então, transpõe a legislação do Exército para dentro da estrutura de segurança. Isso é da época em que nós tínhamos inimigos internos, que foram aqueles eleitos pelos militares na época da ditadura.

Hoje, no estado democrático de direito, por mais absurda que seja a atitude de um cidadão, ele tem direitos. Portanto, ele tem que ser tratado como tal. Não existe mais inimigo interno. Portanto, não tem razão de ser termos a Polícia Militar 

A legislação militar tem que existir, sim, mas com o Exército e não para tratar de segurança interna, porque todos são cidadãos, todos têm direitos. Portanto, todos devem ser tratados com dignidade e com respeito. Infelizmente, isso não aconteceu.

  A segunda questão, Sr. Presidente, estamos entrando agora na Semana da Consciência Negra, dia 20 de novembro, data do assassinato da maior liderança popular deste País, que é o Zumbi dos Palmares, uma referência extraordinária de resistência e de luta contra a escravidão no Brasil, que, infelizmente, no nosso País durou 320 anos e  a abolição no Brasil foi 25 anos depois que os Estados Unidos.

O Brasil foi o último país grande a abolir a escravidão. É por isso que essa estrutura de racismo, como aconteceu recentemente com um trabalhador negro, no hipermercado na Cidade de Osasco, que, ao chegar com seu carro, foi confundido com um bandido e foi levado pelos seguranças para dentro da estrutura de segurança desse estabelecimento.

 Essa estrutura de racismo ainda permanece na sociedade brasileira porque, infelizmente, foi feita a abolição da escravidão e não foram feitas reformas sociais. Aos negros libertos não foi dada terra, não foi feita a reforma agrária, não foi dado acesso à Educação com qualidade, não foi feito investimento em habitação e, em grande medida, essa desassistência do Estado brasileiro fez com que os grandes contingentes da população mais pobre seja composta pela população negra .

A diferença salarial de um trabalhador negro, que  exerce  a mesma função de um trabalhador não negro, chega até 40 por cento. Portanto, o racismo continua na sociedade brasileira.

Eu tive uma satisfação muito grande em conseguir aprovar na Câmara Municipal de Sorocaba, quando fui vereador, o feriado no dia 20 de novembro para que possamos debater essa questão com profundidade no Brasil.

Fizemos um projeto nesta Casa para homenagear essa maior liderança da história do nosso País, que foi o Zumbi dos Palmares. Está tramitando a proposta nesta Casa e não conseguimos aprovar até agora, o que, na minha avaliação, é um retrocesso contra a causa da igualdade racial no Estado de São Paulo.

O Estado não tem ainda o feriado de 20 de novembro, mas muitos municípios têm, como é o caso da Capital - Sorocaba tem, Campinas, várias cidades têm - e não é feriado estadual. Infelizmente, estamos andando para trás nessa matéria muito importante, que é no sentido de termos de fato a democracia racial no Brasil, ou seja, uma situação de igualdade para todos e acabar com esse estigma que ficou presente na sociedade brasileira por conta desses 320 anos de escravidão e dessa desassistência do Estado brasileiro com esse contingente que é mais de 50% da nossa população negra.

  Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero deixar registrado, aqui, a posição da nossa bancada de que o fundamental é que na Semana da Consciência Negra esta Casa aprovasse o feriado estadual em homenagem à maior liderança da história do Brasil, que foi o Zumbi dos Palmares. Ele é um orgulho para todos nós e precisa ter um lugar dele na história. O Estado de São Paulo precisa fazer essa reverência a essa liderança tão importante para o Brasil. Muito obrigado.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobres companheiros deputados, deputadas, público que nos acompanha das galerias, eu não vou disputar a simpatia dos senhores.

Já vi aqui ainda há pouco um deputado questionar a indicação aqui apresentada pelo Deputado Fernando Capez como sendo insuficiente. O importante é o discurso e o voto na Casa. Na verdade, torço para que todos alcancem os seus objetivos, mas não acho legítimo desrespeitar a inteligência do cidadão que nos visita e usar a desgraça alheia para eventualmente conquistar votos na próxima eleição.

Ainda há pouco ouvi o Deputado Olímpio Gomes dizer que o Governador José Serra é injusto porque não quer atender a viúva ou não quer pagar aquilo que foi determinado por um juiz e recorre.

            Aqueles que acompanharam recentemente as notícias dos jornais viram que a ex-Prefeita Luíza Erundina está recorrendo a seus amigos para pagar uma dívida que decorre de uma ação popular pelo entendimento de que uma determinada publicação feita ao tempo em que era prefeita foi indevida. E a Lei de Responsabilidade Fiscal nos atribui responsabilidade, que já fomos administradores públicos. Qualquer pagamento que tenha sido feito sob nossa gestão e com nossa autorização e que eventualmente no futuro seja interpretado por um jurista qualquer como indevido, deverá no futuro ser pago com seus próprios bens.

            O que o nosso Governador faz é se proteger e tem por obrigação recorrer, sim, até a última instância para que amanhã, eventualmente a reforma da sentença não o obrigue a pagar não apenas este mas todos os benefícios que sejam considerados incorretos. Então, não é maldade não e o Deputado Olímpio Gomes sabe que não é maldade. Maldade é o que ele faz do microfone contra o nosso Governador. (Manifestação das galerias.)

Eu pensei que a educação fosse um predicado de V. Sas. Parece que o aplauso é usado quando é do agrado de vocês.

Esta Casa é da adversidade e as pessoas aqui têm obrigação de manifestar sua divergência contra seus amigos e a favor até eventualmente dos seus inimigos.

            A segunda questão que quero abordar diz respeito a uma colocação feita pelo Deputado Raul Marcelo que disse aqui - não é a primeira vez que ele fala isso -  que o Governador José Serra  se autoexilou no Chile.

Pelo que me consta, se o deputado não tivesse ido para o Chile teria sido preso na época como todos os demais que - entre aspas - “se autoexilaram”. Não se autoexilaram, não! Fugiram deste país para que não fossem presos pela ditadura. O autoexilamento que fala é para tentar menosprezar, para tentar diminuir a luta que todos nós sabemos teve o governador ao tempo da ditadura lutando como líder estudantil e depois como militante das hostes democráticas para que neste País a ditadura não perdurasse ou o Deputado Raul imaginava que devesse ele ter ficado aqui para ser preso e depois como fez José Dirceu, ser trocado por um embaixador sequestrado? Não me parece que fosse esta uma exigência e uma necessidade.

Por fim, quero dizer que o Deputado Roberto Felício é uma pessoa que respeito muito, fala com muita propriedade, aliás, um dos deputados mais preparados que conheço aqui na Casa, mas de vez em quando erra na conta matemática. Atribui ao Presidente Lula  sete anos de mandato. Parece-me que não atingiu seis ainda. Da mesma maneira que erra, quando interessa, nas pesquisas de opinião pública. Mas pensei que ele viesse aqui para nos tranquilizar em relação ao blecaute, pensei que ele viesse aqui para dizer para todos aqueles que ontem não chegaram em casa, para todos aqueles donos de estabelecimentos comerciais que não puderam receber as contas porque os cartões magnéticos não passaram e não ficariam eles ilhados e presos até o dia seguinte, para todos aqueles que perderam os seus bens perecíveis, para todos aqueles que perderam seu plantão, para todos aqueles que foram assaltados, que essa situação do apagão não voltaria mais a acontecer, mas isso não aconteceu e ninguém veio aqui explicar o inexplicável e por isso lerei algumas reportagens feitas pela "Folha de S.Paulo", uma delas em que o ministro dizia para todos nós que o nosso sistema é o mais seguro do mundo. É o sistema mais seguro do mundo mas basta um raio para que nove ou dez estados fiquem horas e horas com suas atividades interrompidas.

E se um novo raio cair amanhã? E se um novo temporal acontecer no sul do País  depois de amanhã? Eu não estou fazendo uma crítica irresponsável, não porque soluções técnicas existem. São difíceis? Deve ser, mas a pergunta é: vamos continuar durante quanto tempo ainda submetidos a essa expectativa de que eventualmente uma intempérie, por mais forte que seja, possa penalizar milhões de brasileiros, dezenas de estados e milhares de municípios?

Os artigos são os seguintes: ‘Sistema é dos mais seguro, diz ministro’, ‘Novo blecaute retoma dúvidas sobre confiabilidade do sistema’, ‘Inteligência dos EUA fala da ameaça hacker’ - aliás, a televisão americana já avisava há questão de uma semana que o sistema poderia inclusive, através dos hackers, ser interrompido a qualquer momento, da mesma maneira que o Dr. José Goldemberg divulgava pelo “Estadão” que o apagão rondava os gabinetes dos ministros porque prenunciava o que aconteceu no dia de ontem e ninguém até agora respondeu - e por fim o artigo da jornalista Eliane Cantanhêde com o título ‘Lula administra empurra-empurra’ para saber se culpa Deus ou o diabo pelo que aconteceu ontem no Brasil.

“Sistema é dos mais seguros, diz ministro

Edison Lobão (Minas e Energia) evita comparar situação com racionamento de energia em 2001, no governo FHC

Da Sucursal de Brasília

O apagão de ontem, o maior dos últimos dez anos, afetou cerca de 800 cidades, de acordo com estimativas do governo, em nove Estados e no Distrito Federal e levou as autoridades federais a ficarem preocupadas com eventuais casos de violência nas áreas às escuras.

O Estado mais afetado, segundo o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), foi o Rio, mas a pane afetou SP, MG, PR, GO, MT, MS, ES, PE e  até o Paraguai, além de pontos do DF. A Folha, no entanto, apurou problemas em mais cinco estados.

"Houve um desligamento completo da usina de Itaipu", disse o ministro Edison Lobão (Minas e Energia). Segundo ele, o problema aconteceu em uma linha de transmissão, que foi desligada, o que levou ao desligamento de outras.

A usina de Itaipu perdeu 14 mil megawatts do total de 17 mil que pode produzir. A queda teria sido causada pelos fortes temporais no Paraná. O problema estaria nas linhas de transmissão entre Ivaiporã (norte do PR) e Tijuco Preto (SP).

Por volta da meia-noite, o ONS (Operador Nacional do Sistema), responsável por administrar o fornecimento de energia no país, divulgava a informação de que o problema de falta de energia persistia apenas nos Estados do RJ, SP e ES.

Lobão disse que o fornecimento no Brasil seria restabelecido até a manhã de hoje. A usina de Itaipu estava parada e as causas ainda não haviam sido totalmente identificadas até pouco depois da meia-noite.

Em entrevista ao “Jornal da Globo”, o assessor de comunicação de Itaipu, Gilmar Piola, disse que a normalização no fornecimento de energia pode durar até dois dias. De maneira emergencial, poderão ser acionadas usinas termelétricas.

Havia três suspeitas: queda de linhas de transmissão, defeitos em uma das subestações ou pane na própria usina. Lobão evitou comparações com a crise no fornecimento de energia registrada no país em 2001. "O sistema não é frágil. É um dos mais seguros do mundo", disse.

"O que houve em 2001 foi falta de energia e excesso de consumo", afirmou. Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a afirmar que o racionamento ocorrido em 2001 era "página virada" -em outra ocasião, dois anos depois, disse que o episódio ocorrido no governo FHC havia sido uma "vergonha nacional".

A situação foi avaliada como grave pelo governo, que recebeu a informação do apagão logo após a sua ocorrência. O presidente Lula foi informado durante reunião em que discutia com os governadores do Rio, Sergio Cabral, e Espírito Santo, Paulo Hartung, mudanças no projeto do marco regulatório do pré-sal. Em seguida, determinou a Lobão, que participava da reunião, que tomasse as providências para solucionar o problema e esclarecesse à população o que estava ocorrendo.

Logo após a reunião com Lula, Lobão confirmou que a origem do problema é a usina de Itaipu e que a causa poderia ser relacionada a questões atmosféricas  Estavam reunidos ontem na sede provisória do governo, além de Lula e Lobão, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Cabral e Hartung. Dilma saiu da reunião sem falar sobre o assunto.

Assim que soube do apagão, Cabral ligou para a Secretaria da Segurança do Rio para colocar o Bope (grupo policial de elite) na Linha Amarela e Vermelha e na avenida Brasil. Também conversou com o prefeito Eduardo Paes e pediu para pôr a Guarda Civil na rua.

 

Novo blecaute retoma dúvidas sobre confiabilidade do sistema

Agnaldo Brito

Em Manaus

O blecaute de ontem retoma uma dúvida sobre a confiabilidade do sistema elétrico brasileiro, sobretudo em um momento em que as represas estão com reservatórios com os níveis mais altos em uma década.

O episódio de ontem repetiu o apagão que ocorreu em 11 de março de 1999, quando o desligamento de um circuito em Bauru, interior de São Paulo, provocou um efeito dominó no SIN (Sistema Interligado Brasileiro), levando às escuras milhões de brasileiros das regiões Sul e Sudeste. Aquele foi considerado o maior apagão da história do país, algo que pode ter sido suplantado ontem.

Carlos Augusto Kirchner, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, que avaliou com uma equipe de engenheiros as causas do apagão de 1999, disse ontem que considerou surpreendente esse novo desligamento. "Pelas providências tomadas em termos de alívio de carga para o sistema, não era para ocorrer."

Um dos problemas em 1999 foi, segundo ele, a inexistência de linhas de transmissão que poderiam absorver a carga que estava sendo desviada de um circuito para outro. Quando a carga gerada por uma usina não consegue passar por um circuito, ela automaticamente tenta utilizar uma linha alternativa.

O problema se agrava se essa mesma linha estiver sendo usada para o escoamento da energia de outra usina. Se as linhas de transmissão daquele circuito não forem dimensionadas para suportar a sobrecarga, o sistema derruba a transmissão.

Isso é feito para evitar o aquecimento do fio e um dano maior à infraestrutura.

É por isso que as usinas, então, são "derrubadas" e param imediatamente de gerar energia, pois não possuem canais para o escoamento.

Segundo ele, os investimentos em transmissão na última década no Brasil tornaram o Sistema Interligado Nacional mais robusto e com possibilidade de absorção de energia de outros circuitos sem, em princípio, o desligamento de várias regiões em cadeia. É por isso que o novo blecaute gerou dúvidas sobre as razões reais para o colapso de parte do sistema.

O Sistema Interligado brasileiro é o maior do mundo com esse tipo de configuração. É apresentado pelo governo brasileiro como um exemplo mundial de eficiência de gestão. Por ele, é possível, por exemplo, melhorar a performance das bacias hidrográficas e permitir a transferência de energia de uma região do país para outra, sem qualquer tipo de prejuízo.

 

Inteligência dos EUA fala de ameaça hacker

Fernando Rodrigues

Da Sucursal de Brasília

Autoridades do serviço secreto dos EUA repassaram informações ao presidente Barack Obama a respeito de ataques de hackers a empresas de energia no Brasil. Por causa desse relato, o americano usou uma frase cifrada num discurso em maio: "Sabemos que invasores cibernéticos têm colocado à prova nosso sistema interligado de energia e que, em outros países, ataques assim jogaram cidades na escuridão".

Os "outros países" citados por Obama incluem o Brasil, segundo a Folha apurou e de acordo com reportagem veiculada pela rede de TV americana CBS, no domingo. O programa "60 Minutes" fez uma matéria de 17 minutos a respeito das vulnerabilidades do sistema dos EUA e citou também o Brasil. É possível assisti-la em: http://bit.ly/ 2vfAYY.

Ninguém na Casa Branca confirma publicamente que Obama se referia ao Brasil. Mas, em entrevistas reservadas, funcionários do governo chegam a citar datas específicas nas quais hackers teriam atuado -26 de setembro de 2009, no Espírito Santo e norte do Rio, e 19 de janeiro de 2005, em algumas cidades da mesma região.

No Brasil, a Folha indagou a todas as autoridades envolvidas com o setor de energia sobre os riscos de hackers invadirem empresas e derrubarem os serviços. A Aneel e o ONS disseram desconhecer o envolvimento de hackers em apagões. Raphael Mandarino Junior, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse ter checado o assunto com empresas de energia "sem achar rastros". Ele pondera que o país está "de certa forma protegido", por ter chegado tarde a avanços tecnológicos. "As empresas não têm sistemas operacionais conectados diretamente à internet", afirmou.

 

Análise

Lula administra empurra-empurra

Eliane Cantanhêde

Colunista da Folha

Vendaval, raios e árvores caindo no Paraná, pane na linha de transmissão de Furnas, queda automática de 100% do sistema de Itaipu. E boa parte do país, principalmente o nevrálgico Sudeste, fica às escuras durante horas, a partir das 22h13. Nem o Paraguai escapa.

Nada como um episódio assim, seja ele uma fatalidade, uma fragilidade do sistema ou até uma improvável sabotagem, para nos lembrar a todos o quanto a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está longe. Um ano é prazo suficiente para muita coisa. E qualquer coisa pode se refletir no desfecho de uma eleição assim. Precedentes há aos montes.

Foi certamente pela gravidade da situação, mas também pelos riscos políticos, que Lula entrou pessoalmente na operação de coleta de informações ontem, ligando diretamente para o presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek.

Lula queria saber tudo, como foi, onde foi, o que foi atingido, quando seria restabelecida a normalidade. Enquanto isso, as TVs transmitiam ao vivo as imagens de São Paulo, o centro político e econômico do país, completamente parado, com filas quilométricas de faróis brilhando na escuridão. No Rio, o pavor de sempre: o de assaltos.

O primeiro lugar a restabelecer a energia foi o Paraguai, animando o pessoal de Itaipu. A volta da energia e o entusiasmo, porém, não repetiram o efeito cascata da queda. Cair o sistema foi fácil. Recuperar a normalidade, não tanto. E ninguém entendia exatamente por que a operação de reserva, inclusive com as termelétricas, não funcionou.

Começou, então, o inevitável: o empurra-empurra. Na primeira versão, Furnas jogava a culpa para Itaipu. Logo, Itaipu passou a dizer, especialmente para o presidente, que a crise não era de geração; era de transmissão. Ou seja: era de Furnas. E o governo de São Paulo, claro, tratou de se isentar de responsabilidade, mas dizendo que fazia tudo o que "estava a seu alcance".

Apagões não são novidade, mas o que começou ontem foi o mais grave e justamente na área de origem e de domínio da ministra Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia, atual chefe da Casa Civil e virtual candidata do PT à Presidência.

Na expressão de Itaipu, as turbinas "rodavam no vazio", sem ter onde entregar energia. Mas, em Brasília, certamente Lula, Dilma e a turma da política e do marketing já atuavam a cheio, a mil. Afinal, alguém vai ter que levar a culpa.”

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste das galerias, quero saudar a todos, agradecer pela presença e iniciar dizendo que o Deputado Milton Flávio é um sábio. Sabe do que ninguém sabe.

Que razões houve para o blecaute desta noite/madrugada? Ninguém sabe ainda. Está sendo discutido, está sendo pensado, está  sendo pesquisado, mas ele já sabe e sabe que a culpa é do Presidente Lula. (Manifestação das galerias.) Aliás, não vai ser só do Lula. Agora vão dizer que é da Dilma também. Toda a parafernália que causou o apagão de 2001/2002 também é culpa do Lula; que fez racionamento no Brasil também é culpa do Lula. Daqui a pouco, o furacão Rita, que passa pelo mundo, é culpa do Lula. Na cabeça do Deputado Milton Flávio qualquer desgraça que acontecer no mundo certamente será do culpa do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Não se recorda o Deputado Milton Flávio que é culpa do presidente Lula 11 milhões de novos empregos com carteira assinada, 14 milhões de bolsa-família que estão levando dignidade ao povo brasileiro, 550 mil bolsas de estudo através do Universidade para todos, o ProUni. Essas coisas certamente nem passam pela cabeça do Deputado Milton Flávio.

  Mas, Deputado Zico, queria comentar aqui com V. Exa. a forma habilidosa, inteligente, até, como o governo do PSDB trata determinadas questões. Escândalo em cima de escândalo, mas a estratégia é: escândalo novo eu deixo ficar antigo, deixo ficar velho; escândalo velho eu esqueço. É assim. Vejam o episódio da Eletropaulo, de 1998. Foi aquela maracutaia na privatização; a CPI da Eletropaulo só foi instalada em 2006, oito anos depois, quando as provas, as declarações, os testemunhos já tinham sido apagados pelo tempo. CPI da CDHU, solicitada em 2000, só foi instalada em 2009, depois que Goro Hama já tinha ido para o palácio, ficou lá escondido, daí descobriram que ele estava no palácio, aí mandaram-no não sei para onde, se para a Sibéria, mas está desaparecido. Da mesma maneira o escândalo atual, que não foi nem descoberto por nós, paulistas, brasileiros, nem por nenhum deputado, tampouco por deputada da oposição. É o episódio que envolve alguns bilhões de reais da Alstom. Isso também eles vão esperar ficar velho, para todo mundo esquecer.

  O Sr. Andrea Matarazzo, que tem ligações íntimas - dizem até que o nome dele passará a ser Andrea Alstom Matarazzo, onde anda? Na prefeitura não está mais. Será que está no Palácio dos Bandeirantes, no gabinete do prefeito, guardado, ou será que está fazendo alguma outra coisa? Ele é uma das figuras mais íntimas desse episódio escandaloso de milhões e milhões de dólares, que chegou ao Brasil por uma denúncia do Ministério Público da Suíça. Não fomos nós. Passou pela França, pelo Canadá, pelo México, toda a América Latina envolvida e o Brasil também por meio de empresas importantes como a CPTM, a companhia do Metropolitano, todos coordenados pelas administrações do PSDB. E aqui ninguém pode falar nada. No Ministério Público isso está sendo tratado a sete chaves. Não sei por quê. A imprensa paulista, paulistana, a grande imprensa brasileira  não move uma palha para divulgar, para informar o povo paulista a respeito dos episódios gigantescos, mirabolantes que envolvem a Alstom. E onde estão essas informações? Por questão o povo paulista não tem acesso a elas? Por que aqui na Assembleia não se pode agora, imediatamente, instalar uma CPI equilibrada que cumpra a sua tarefa de informar a população brasileira, de investigar, de fiscalizar e de denunciar aqueles que promoveram essa grande maracutaia no Estado de São Paulo? Alstom! Uma grande empresa internacional, que promoveu no Estado de São Paulo as maiores barbaridades. E todos estão calados, Deputado Zico. Por que não falam sobre essas questões aqui, neste microfone? Ninguém fala. Eu falo.

Acho que todos nós devemos estar atentos a todas essas questões porque dizem respeito aos interesses do povo paulista, dos deputados desta Casa, que temos obrigação a cumprir e devemos cumprir a nossa obrigação de legislar, de fiscalizar e de acompanhar a execução orçamentária e a utilização dos recursos públicos do Estado de São Paulo.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, tenho impressão de que o Deputado Mentor usou da sua receita. Diz que o PSDB tem por norma empurrar os fatos recentes para um tempo mais distante, para depois esquecê-los. E, ao invés de falar do apagão de ontem, veio falar da privatização da Eletropaulo de 1998, há 11 anos atrás.V. Exa., nobre Deputado, atribui-me um conhecimento que não tenho. Ao contrário, a preocupação de todos nós, depois de quase 24 horas de um episódio grave como esse, é V. Exa. vir ao microfone dizer que não sabemos até agora o que aconteceu. Se não se sabe o que aconteceu, não se pode responder se poderá voltar a acontecer. E essa é a preocupação da população paulista, que represento, e do restante da população brasileira. É saber se ao sair de casa hoje, ou amanhã, para o trabalho, se o que aconteceu ontem poderá voltar a acontecer hoje. Já que não se sabe - e V. Exa. talvez tenha razão - se foi de fato uma intempérie, um raio, por exemplo, se foi uma ação de hacker, se foi uma sobrecarga. Seja ela qual for o que os interessa neste momento é que poderá acontecer de novo. Amanhã! É responsabilidade, sim, do nosso presidente, da ex-ministra ou do atual ministro que isso não mais aconteça. Não. O que vai acontecer na China, nos Estados Unidos, na Europa esse não é problema do Lula. Embora seja possível que ele tenha de compartilhar, já que vive visitando e viajando. No mês de novembro parece que ficará tão somente cinco dias no nosso país.

Mas o que estou querendo saber não é de notícias requentadas. Queremos saber o que aconteceu hoje no Brasil. Não é nem ontem. Porque em muitos estados, em muitas cidades, ainda hoje de manhã, e segundo os jornais de hoje, vai demorar dois dias  para que tudo aquilo que aconteceu possa ser restabelecido. Do ponto de vista da energia elétrica. Porque remanescem problemas que não sei quando serão resolvidos. Por exemplo, o que está nos jornais de hoje, do dono do bar que atendeu seus clientes e não pode cobrar deles suas contas nem segura-los até o dia seguinte, ou até que a energia elétrica voltasse. Quem fará esse pagamento para ele? Esse é um exemplo que seguramente se repetiu aos milhares no Brasil.

Agora, V. Exa., prefere falar da Alstom, da privatização de 98, da Eletropaulo. Fala de hoje, Deputado, que é o que interessa á população de São Paulo e do Brasil.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Gostei de ver a manifestação do Deputado Milton Flávio agora. Ele disse: não se sabe o que aconteceu. Talvez tenha sido isso, aquilo, aquilo outro. Vamos esperar para saber o que efetivamente aconteceu sem ficar acusando, tomando posições radicalizadas, ofensivas. Deputado, a sua posição de agora é bem melhor do que a anterior.

Respondendo a V. Exa. o episódio Alstom é de hoje. Não é de dez anos atrás, é de agora, de hoje, de ontem e será de amanhã também porque não tem esclarecimento nenhum. Não sabemos se foi um raio que provocou a roubalheira da Alstom! Não sabemos se foi intempérie. Sabemos que tem pessoas ligadas ao seu governo absolutamente envolvidas nesse episódio. Isso é verdade. Eu queria saber se o Sr. Andrea Alstom Matarazzo está envolvido nisso ou não. É minha obrigação fazer essa pergunta. O presidente Lula realmente tem viajado bastante. Ele recuperou a credibilidade do Brasil no cenário internacional, triplicou as nossas exportações, trouxe para o Brasil os dois maiores eventos do mundo: a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, por conta da credibilidade que o Brasil tinha perdido no governo do acadêmico FHC, que foi reconquistada pelo metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero responder ao Deputado Milton Flávio que diferentemente dele – ele é médico, teve oportunidade de estudar, teve oportunidade de fazer tantas outras coisas – infelizmente fui trabalhar na fábrica muitos anos, fui sindicalista, metalúrgico. Mas eu sei, Deputado Milton Flávio, de quem é a culpa do apagão de ontem, e V. Exa. também sabe. É daqueles que compraram na bacia das almas as empresas energéticas do Estado de São Paulo. Está fácil de responder: foram eles que ganharam de presente do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que entregou tudo nas mãos deles. Eles são culpados. Não precisa ir longe. Não tem de indagar de tanta gente. É só perguntar quem comprou, quanto foi investido e em que condições foram feitos os contratos. Os contratos estão lá só para eles ganharem dinheiro, não tem investimento. E foi o presidente do partido de V. Exa. que fez, não foi o Lula.

Mas quero aproveitar a oportunidade para dizer que ontem foi realizada uma assembleia dos funcionários da Sabesp. Diferentemente daquilo que está acontecendo no Brasil, o governador José Serra e o presidente da Sabesp estão demitindo mais de 300 funcionários da Sabesp. Uma empresa que deveria estar contratando trabalhadores, tendo em vista as condições de saneamento do Estado de São Paulo. Essa é a questão. Está sucateando para depois vender. E no futuro governo, quando o PT estiver no poder, vai perguntar quem foi e nós vamos ter de responder. Está entregando a Sabesp, sucateando tudo. Por quê? Porque faz isso ao contrário daquilo que o Brasil está fazendo: o país está crescendo, as indústrias estão contratando. Mas não é por isso. É porque a política do Governador José Serra é de sucateamento para terceirizar os serviços da Sabesp; não é por outro motivo. Hoje ele demite 300 para depois as empreiteiras contratarem outros 300 e ganhar milhões do estado nas costas dos trabalhadores. Está demitindo trabalhador para o qual falta um ano e meio para aposentar. Coisa que a iniciativa privada não faz a Sabesp está fazendo. Essa é a questão que temos de discutir aqui. E para discutir isso quero dizer: Deputado Milton Flávio, V. Exa. tem mil argumentos, mas na minha simples compreensão sei bem quem fez o blecaute de ontem à noite. Chama-se governo do PSDB e do Fernando Henrique Cardoso.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Deputado Mentor, o sábio aqui não sou eu. V. Exa. agora tem alguém nesta Casa, alguém que sabe por que tivemos o apagão ontem. Ela já conseguiu a explicação. Podia encaminha-lo para conversar com o presidente Lula, que até agora não teve essa resposta, talvez porque não sabia desse conhecimento prévio que tem o Deputado José Zico Prado.

Deputado José Zico Prado, V. Exa. fez aqui uma provocação e acho que quero responder a V. Excelência. V. Exa. disse que sou um professor de medicina, um médico, tive oportunidades que V. Exa. não teve porque V. Exa. teve que trabalhar em fábrica.

Quero aqui, Deputado, insistir. Sou neto de carpinteiro, comecei a trabalhar com nove anos de idade como boy de cartório, lavei muito banheiro. E se cheguei a médico foi por outras razões, talvez porque tivesse tido um pouco mais de vontade para chegar lá. Da mesma maneira que metalúrgicos, como o Vicentinho, chegaram à universidade e hoje têm um diploma superior. Outros tão metalúrgicos quanto ele não chegaram lá não por falta de oportunidade, mas por falta de vontade. Tem gente que tem azia quando lê jornal; imagino que seja incapaz de ler um livro.

Então, não é por falta de tempo, não por falta de oportunidade; é por falta de vontade.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença do sempre deputado estadual, que muito honrou esta Casa, e que hoje é prefeito de Araçatuba, Cido Sério, que aqui vem acompanhado do vereador Ermenegildo Nava, 1º secretário da Câmara Municipal. Esta Casa unanimemente os aplaude e se sente honrada com a presença de V. Excelências. (Palmas.)

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Deputado Barros Munhoz, quero cumprimentá-lo nesta tarde, se não o mais, um dos mais atuantes presidentes que esta Assembleia viu, tanto em plenário quanto em atividades externas, do que muito nos orgulhamos. Também quero cumprimentar nosso querido prefeito Cido Sério, que até o ano passado esteve conosco nesta Casa. Quero saudar os demais deputados.

Ouvi atentamente a exposição de motivos extremamente legítima de ambas as partes; alguns exageros especialmente da bancada do PT, que formalmente já condena a pessoa.

A sociedade precisa saber a verdade. Existe um processo de investigação, como existe em vários governos, em prefeituras, no governo de São Paulo, na União, o que é mais do que legítimo. Todos nós aplaudimos as ações do Ministério Público, que tem contribuído com a sociedade, tem investigado, mas não existe condenação formal de ninguém. Não existe condenação nem da Alstom, muito menos – e aqui me permito dizer o tratamento desrespeitoso que foi dado a esse grande agente público que é Andrea Matarazzo. Então, quero aqui trazer o respeito ao então secretário, um homem que deu grande contribuição a este estado e à cidade de São Paulo, e diga-se de passagem, por pouco não foi aplaudido por petistas aqui, quando teve a coragem de pedir demissão da Secretaria de Subprefeituras por não concordar com o modelo que o prefeito Kassab está impondo à cidade de São Paulo. O Deputado Roberto Felício está dizendo que foi aplaudido. Então, não podemos rasgar a história de um homem público da envergadura de Andrea Matarazzo com palavras que o condenam se não existe nenhuma condenação. Eu o vi até hoje uma ou duas vezes, e se ele me cumprimentar tenho certeza que ele não sabe quem sou. Mas quero aqui resgatar sua história.

Segundo, tivemos um blecaute ontem. Perdoem-me todos que buscam culpados imediatos. Uma pane que pode ocorrer em qualquer situação. Ouvi especialistas pelo rádio e pela TV – não políticos – dizendo que várias razões podem ter ocasionado esse grande apagão na noite de ontem.

Mas prefiro vir à tribuna – e é uma questão particular – para sabermos de que maneira poderemos ajudar inúmeras pessoas que tiveram o seu refrigerador queimado, o seu micro-ondas, o seu equipamento eletroeletrônico. Está comprovado, e acredito que até parlamentares presentes tiveram prejuízo por conta dessas idas e vindas do abastecimento de energia elétrica também não souberam onde se socorrer. Tenho certeza de que quem está em casa me ouvindo sabe do que estou falando. Com certeza o prejuízo causado à sociedade por esse blecaute de ontem é muito grave, muito grande. Mas não bastassem esses prejuízos domésticos que não serão contabilizados, até porque poucos irão ao Procon reclamar contra as distribuidoras de energia elétrica, como ressarcir o prejuízo, após o país retomar seu crescimento econômico e o aquecimento da atividade industrial, por essas quatro, cinco, e até oito horas sem abastecimento de energia elétrica? Alguém parou para fazer essa reflexão. Cabe à Assembleia Legislativa criar uma Comissão Especial, ou a Comissão da qual eu mesmo faço parte, que é a Comissão de Obras e Serviços Públicos, ou integrada a outras Comissões, inclusive a Comissão dos Direitos do Consumidor, abrir uma porta, tomar explicação das concessionárias, se necessário for, convocar os responsáveis e aí, efetivamente, termos uma resposta clara, transparente.

Hoje - todos assustados - estamos num dia de especulação. Amanhã a especulação vai embora, a energia já terá sido restabelecida. E os prejuízos causados a todos os segmentos sociais? A indústria de panificação não conseguiu honrar os seus compromissos hoje pela manhã, porque não tinha pão. A Volkswagen do Brasil teve a sua atividade interrompida porque não tinha energia elétrica; a dona de casa perdeu o seu refrigerador e o custo daquele equipamento para ela tê-lo restabelecido é caro. Tenho plena convicção de que deveríamos buscar essa sinergia de bancadas de oposição, do PT, do meu Partido PSDB, integrado com os demais partidos, e efetivamente saber o que de mais concreto podemos oferecer enquanto agentes políticos e, por que não dizer, abrir as portas para ser um prestador de serviço público.

 

  O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

                       

                       * * *

 

- Passa-se à

 

           ORDEM  DO  DIA

 

                                   * * *

           

O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, ouvi hoje inúmeros deputados fazendo debates sobre isso que alguns estão chamando de “apagão”, que foi uma interrupção no sistema de fornecimento de energia elétrica. Até para que o Deputado Orlando Morando não pense o contrário, quero esclarecê-lo, em função da brincadeira que fiz - evidentemente, não para molestá-lo - no momento em que usava o microfone, que não aplaudi exatamente o Andrea Matarazzo, mas brinquei com ele dizendo que aplaudi o Andrea Matarazzo quando deixou a Administração do Prefeito Gilberto Kassab, que é um herdeiro político, aqui na prefeitura de São Paulo, do Governador José Serra; foi ele que o promoveu à condição de prefeito no primeiro momento.

            Deputado Milton Flávio, não sou especialista nesse setor, mas acho que não podemos confundir a opinião pública.

            Em primeiro lugar, eu estava ontem por volta de 22 horas e 15 minutos - acho que foi mais ou menos esse horário - em casa, quando houve interrupção de energia elétrica, aliás, tinha acabado de usar a máquina de lavar roupas; por sorte minutos antes já tinha estendido a roupa no varal - já tinha terminado de usar - e por sorte não queimou nenhum. É possível que tenha queimado algum aparelho.

Mas quero, em primeiro lugar, manifestar solidariedade a todas as pessoas que tiveram um contratempo nas suas vidas; é desagradável a interrupção do fornecimento de energia elétrica. Deputado Orlando Morando, o que eu dizia é que não podemos confundir; num passado muito recente, à época do Presidente Fernando Henrique Cardoso, tivemos um apagão no País e o Governo tomou a iniciativa de fazer racionamento de energia elétrica, todos recebemos um informe da empresa fornecedora, em alguns casos da CPFL, noutros casos a Eletropaulo, de que precisaríamos racionar energia, inclusive nos fornecendo um papelzinho onde trazia o consumo dos meses anteriores para que pudéssemos ser enquadrados e consumir na média; isso foi na época do Fernando Henrique Cardoso.

Por que aconteceu isso? O Brasil estava naquele momento consumindo mais energia elétrica do que estava produzindo. Houve uma irresponsabilidade do Governo de não tomar as precauções necessárias, e aquilo contribuiu muito, inclusive para a recessão, que foi uma marca muito forte do Governo Fernando Henrique Cardoso; foram oito anos de recessão no nosso País.

            Isso foi o “apagão”. O que tivemos na noite de ontem, no início da madrugada do dia de hoje, foi uma interrupção do fornecimento de energia, que eu como não sou especialista, não arriscaria dizer “será que vamos ter que ter racionamento de energia elétrica?”. Todo mundo está dizendo que não. Hoje o Brasil produz mais energia elétrica do que o necessário para o consumo industrial, comercial e doméstico, para todas as necessidades do País. Não tenho informação de que pode acontecer outra coisa.

A informação mais precisa que consegui - lendo na imprensa - foi de que teria havido uma interrupção nas transmissões de energia, exatamente aqui no Estado de São Paulo, onde inclusive a Ministra Dilma Rousseff fez a defesa da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica do Estado de São Paulo, que se lembram bem os deputados do PSDB aqui presentes, o Deputado Orlando Morando que vai falar talvez vá lembrar-se disso, que é exatamente aquela companhia que foi vendida apelo Governo Paulista, que hoje está nas mãos da iniciativa privada; aliás, o Governo paulista que vendeu tudo, especialmente o setor elétrico. Só sobrou um pedacinho da CESP, que não deu para vender porque não apareceu comprador na Bolsa de Valores aqui do Estado de São Paulo.

            Então, se essa crise vai ter as características da crise anterior, ainda não sabemos. Tentar dizer isso é, das duas, uma: ou exercício de pura adivinhação, ou é tentar confundir a opinião pública e criar, evidentemente, um embate que vai ter consequência eleitoral. O que os senhores estão querendo, aplaudindo a interrupção de energia ocorrida, é ver se conseguem tirar algum proveito eleitoral no próximo ano; esse é o esforço. Mas o tempo revelará se dará certo, ou não, essa estratégia. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, tentei fazer uma exposição bem aberta, transparente, a todos da sociedade que foram prejudicados por esse blecaute e prestem muita atenção que em nenhum momento este Deputado falou em apagão, porque são coisas totalmente distintas. A palavra expressada e não contestada começa a virar uma verdade. Há inclusive uma síndrome que tentaram usar em algumas guerras: “minta, minta, minta, que até o adversário acredita”. Quem a trouxe aqui nesta tarde - eu estava neste plenário - claramente acusando a culpa do blecaute foi o Deputado José Zico Prado, que foi mais longe, dizendo que foi problema do PSDB, do Governador José Serra, como se o Governador José Serra tivesse ido à caixa geral de energia do Estado de São Paulo e a tivesse desligado.

            Fizemos uma intervenção aqui respeitosamente. Mas não podemos misturar as coisas. Quem faz uma retórica lembrando do Governo Fernando Henrique Cardoso - que está muito distante disso - trazendo para um blecaute ocorrido ontem são vocês, da Bancada do PT, não somos nós do PSDB; precisamos separar muito claramente as duas coisas.

             Quem, assim como este Deputado - e eu adoro os assuntos que envolvem meteorologia - tem acompanhado os artigos referentes à meteorologia pode observar que, por todo o Brasil, os reservatórios de água das nossas hidroelétricas estão acima da média. No Estado de São Paulo, tivemos um índice pluviométrico bem acima da média; choveu até setembro o que era previsto para o ano inteiro.

            Naturalmente que ninguém está aqui alardeando um apagão generalizado de energia elétrica. Agora, verdade seja dita: não cabe ao Governador José Serra explicar as causas do blecaute ocorrido ontem; quem tem que vir aqui explicar porque tivemos um grande blecaute na noite de ontem é o Ministro Lobão, amigo do José Sarney, indicado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, não tentem fazer uma inversão de responsabilidades acusando o Governador José Serra, que não tem culpa  alguma sobre o blecaute ocorrido e que não deve explicações, mesmo sendo Governador do Estado de São Paulo. O Governador José Serra nunca se esquiva de suas responsabilidades. Não venham dizer que a culpa é dos tucanos. Não quero atribuir culpa a ninguém; mas se alguém deve respostas à sociedade é o Ministro de Minas e Energia, cargo ocupado pelo Sr. Edíson Lobão, amigo do Sarney, indicado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É esse cidadão que esperamos que vá hoje aos telejornais para efetivamente dizer quais as razões da grande queda de energia elétrica ocorrida em nove estados e que deixou o Brasil às escuras na noite passada e madrugada de hoje; acabou o assunto.

            Sr. Presidente, finalizo solicitando para que não se distorça o assunto, senão daqui a pouco vão começar a achar que o blecaute foi culpa do Fernando Henrique Cardoso - coitado - que a essa altura dos acontecimentos passa a ser vítima; e se não contestarmos, daqui a pouco quem nos assiste acabará acreditando que os culpados pelo blecaute de ontem foram o Governador José Serra e o Fernando Henrique Cardoso, o que é lamentável.

 

            O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, ainda há pouco o Deputado Roberto Felício fez uma cobrança aos deputados da oposição dizendo que pretendíamos trazer aqui uma discussão para ter eventualmente um ganho político e que ele não chamaria, assim como fez esse Deputado, o episódio de ontem de apagão.

            Então queria, até para restabelecer, Sr. Presidente, pois V. Exa. naquele momento não estava presidindo a sessão, que quem trouxe, Deputado Roberto Felício, em primeiro lugar a discussão desse tema hoje ao plenário foi o líder do PT, Deputado Rui Falcão. Este Deputado apenas e tão-somente recebeu o chamamento para o debate, e venho fazendo desde que o Deputado Rui Falcão colocou esse assunto em pauta.

  A segunda coisa, Presidente, que me parece fundamental, é de que também não foi este Deputado que chamou o episódio de ontem de apagão. "O Estado de S.Paulo": “Falha em linha de Itaipu causa apagão em 12 estados.”; "Folha de S.Paulo": “Apagão atinge nove estados e Distrito Federal.”; “Jornal da Tarde”: “O Brasil apagou.”; “Diário de S.Paulo”: “A noite do apagão.”; “Agora S.Paulo”: “Apagão gigante.”; “O Globo”: “Pane em Itaipu causa apagão em 10 estados.” E até o jornal “O Valor”, um jornal absolutamente preocupado com outros valores chama a atenção: “Apagão deixa parte do País no escuro.” Portanto, que não se atribua a este Deputado a ampliação e a nova denominação de um episódio que poderia ser corriqueiro como sendo apagão. Não, não. Quem tratou o episódio de ontem como apagão foi toda a imprensa brasileira.

  Mas para terminar, Presidente, eu aqui ouvi o Deputado Antonio Mentor fazer cobranças e perguntar onde se encontram personagens que eu respeito, como Andréa Matarazzo. Será que ele está com o cidadão Delúbio Soares? Ou com o “Genoino Cueca Dólares”? Não sei. Acho que não. São figuras muito diferentes. Poderia estar com Palocci, por exemplo, ou com José Dirceu, do mensalão, mas não fiz esse tipo de acusação. Agora, acho que é muito baixo tentar misturar episódios que não têm nada em comum. O que estamos discutindo aqui hoje é um episódio que interessa a milhões de brasileiros e que aconteceu na madrugada de hoje. Não vamos tentar transformar e misturar na cabeça da população brasileira episódios sérios, importantes, que merecem ser discutidos sempre, mas não têm nenhuma relação com a situação atual. Porque se começarmos a mexer nesse tipo de coisa vai sobrar para muita gente. E aí vão dizer que o Deputado Milton Flávio é especialista em requentar casos. Não fui eu que trouxe. Agora, se é para discutir esse tipo de coisa, vamos ter que trazer muita coisa à tona e vai sobrar para muito mais gente do que esses dois personagens citados ainda há pouco pelo Deputado Antonio Mentor.

 

   O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, por uma questão até de delicadeza, para não deixar o Deputado Milton Flávio sem resposta. Tenho um carinho especial pelo Deputado Milton Flávio e ele sabe disso. Estamos juntos na Casa combatendo o bom combate, no campo das ideias, sempre. O que não dá para aceitarmos é ele dizer que estamos requentando um caso relativo à empresa Alstom. Não é requentado, é atualíssimo. Lamento que em alguns momentos o Deputado Milton Flávio tenha feito uma referência muito triste - falo isso com absoluto respeito - ao meu companheiro José Zico Prado, um homem que veio da luta, da roça, foi metalúrgico, operário, venceu na vida. Escolheu o seu caminho; provavelmente não tenha tido vontade de ser letrado, haver cursado uma faculdade de Medicina, talvez não tenha sido essa a opção da vida dele. E ele se orgulha do caminho que escolheu. Nem por isso ele é menor do que qualquer um de nós. Mas a referência foi feita de maneira clara, como se fosse ele um incompetente, incapaz de ler um livro. Absolutamente. O Deputado José Zico Prado é um homem absolutamente esclarecido.

Deputado Milton Flávio, foi isso o que todos nós que estávamos aqui no plenário entendemos. Lamento. Acho até que foi infeliz a colocação do Deputado Milton Flávio.

 

  O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Deputado Antonio Mentor, é conhecido e público o fato de o Presidente Lula ter dito textualmente inúmeras vezes que tem azia quando lê jornal e que não consegue ler um livro. A referência que fiz não foi ao Deputado José Zico Prado, mas ao Presidente Lula, que sendo metalúrgico tanto quanto o Deputado José Zico Prado e tanto quanto o Deputado Vicentinho se louva do fato de não ter tido oportunidade. Eu mostrei que muitos que têm a mesma origem do Presidente, seguiram o mesmo trajeto, tiveram os mesmos espaços, chegaram à universidade, porque não têm azia por lerem jornal e nem ódio de lerem livros.

 

  O SR. ANTONIO MENTOR - PT - Deputado Milton Flávio, a universidade pode não ser o objetivo de muitas pessoas. As pessoas podem ter outros objetivos na vida e eu nunca ouvi falar que o Presidente da República tenha azia por ler jornal ou um livro. Ele nunca disse isso. Ao contrário, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um homem extremamente inteligente, esclarecido, de uma capacidade enorme e seu maior diploma foi o de Presidente da República Federativa do Brasil.

 

  O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, apenas para dizer ao Deputado Milton Flávio que toda vez que ele faz esse tipo de referência fico indignado. Ela foi preconceituosa, sim, com o Deputado José Zico Prado, como tem sido sempre as intervenções de V. Exa., preconceituosas. Na semana passada V. Exa. fez insinuação de que o Presidente Lula poderia ter perdido um dedo, não como acidente de trabalho, mas se cortando com um cálice. Vossa Excelência fez isso na semana passada.

Aliás, toda vez que V. Exa. faz isso, primeiro V. Exa. fala de seu êxito, do seu próprio êxito acadêmico: “porque sou médico, apesar de minha origem humilde; porque isso, porque aquilo.” Falo aqui com a tranquilidade de quem teve a sorte. Aliás, fiz duas faculdades, mas não vim aqui para falar de mim mesmo. Como disse o Deputado Antonio Mentor, tem gente que fez opção de não fazer faculdade. Tem gente que fez a opção de fazer doutorado, mestrado, fazer duas ou três faculdades. Há artistas hoje de renome que ficaram milionários. Estavam fazendo Economia, Arquitetura e abandonaram o curso porque optaram pelas artes. Qual o problema nisso? Agora, devemos incentivar as pessoas a ir para a universidade? Vamos cotejar uma coisa, Deputado: quantas novas vagas nas universidades federais o sociólogo Fernando Henrique criou para a juventude brasileira e quantas novas vagas, novas universidades o Presidente Lula, o mecânico que V. Exa. disse que não gosta de ler livros. Não ouvi o Presidente falar isso, mas V. Exa. insiste em dizer. O problema é que V. Exa. sempre quer divulgar alguma coisa.

O Presidente Lula, aliás, já é doutor honoris causa em várias universidades. Já tem convite para isso. Vossa Excelência me parece um pouco invejoso nesse quesito quando fala do Presidente Lula. Na semana que vem trazemos as informações. O mecânico do ABC criou muito, muito mais vagas no ensino superior do que o sociólogo Fernando Henrique. Isso V. Exa. não concorda em discutir, porque em todos os quesitos há uma desvantagem de Fernando Henrique Cardoso vis-à-vis o Presidente Lula.

  Muito obrigado.

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - COMUNICAÇÃO - Presidente, não consegui falar com V. Exa. anteriormente. Em virtude do uso comum da TV Cultura e da TV Câmara, o horário dos deputados estaduais é um horário marginal para São Paulo e para a Grande São Paulo. Até em Sorocaba e Campinas entramos de madrugada no ar. Penso que pelo menos neste ano, que é o ano nosso, dos Deputados estaduais, a nossa vez, deveria haver uma inversão com a Câmara Municipal, que entra ao vivo até as oito horas da noite, e nós entramos nos horários marginais.

  Vossa Excelência já foi Líder do Governo, e sempre nos tratou com urbanidade e com respeito, primeiro da sua educação e da sua formação, e que nós merecemos, mas o Deputado Milton Flávio se autodenominou - não sei se foi indicado - como vice-Líder do Governo.

  Não acredito que ele tenha recebido essa orientação, porque pelas barbaridades que ele fala, em nome do Governo, aqui, não acredito que externe a opinião do Governo. O Presidente Lula ele chama de bêbado, desqualificado, analfabeto, e daí para baixo. E ele, como grande médico.

  Deputado Barros Munhoz, Deputado José Augusto, ou o Deputado assume que fala em nome próprio, ou o Governo o credencia, para falar em nome do Governo, e aí parece a opinião oficial. Ele vem com esse laptop ridículo, como se fosse um grande intelectual, um grande pensante, e xinga todos. Ele escolhe o dia, o Presidente Lula, quadrilha, formação de bando, esse é o jargão da falta de decoro.

  No outro dia o Deputado Rafael Silva veio aqui justificar que ele invadiu a sede da Apeoesp. Ainda bem que o Deputado José Augusto fez de tudo para que ele fosse embora. E ele foi lá falar em nome do Governo, justificar a atitude do Deputado Rafael Silva. Sei que o Governador não concorda com isso. Vimos aqui, fazemos críticas ao Governador, ao Governo, aos seus Secretários, mas nunca os achincalhamos com desqualificação.

  Então, por favor, Sr. Presidente, com a sua postura, com a sua autoridade, defina-nos se o Deputado Milton Flávio é Líder do Governo, é vice-Líder, fala em nome do Governo? Ou fala em nome de Botucatu? Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Proposições em regime de urgência.

  Há sobre a mesa requerimento solicitando tramitação em regime de urgência para o Projeto de lei nº 330/06, assinado pela então Líder do PV, Deputada Rita Passos.

  Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado. 

  Sobre a Mesa temos também o requerimento regimentalmente formulado, solicitando a inversão da Ordem do Dia, para a seguinte conformidade:

  1. que o item 100 - veto ao Projeto de lei 284/01 - passe a constar como item 1;
  2. que o item 221 - veto ao Projeto de lei 247/04 - passe a constar como item 2;
  3. que o item 245 - veto ao Projeto de lei 740/04 - passe a constar como item 3;
  4. que o item 419 - veto ao Projeto de lei 1286/07 - passe a constar como item 4;
  5. que o item 446 - veto ao Projeto de lei 280/08 - passe a constar como item 5;
  6. renumerem-se os demais itens.

Em votação.

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO - PT - Sr. Presidente, solicito a suspensão dos trabalhos por um minuto, para consultarmos a nossa assessoria.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado José Zico Prado, e suspende a sessão por um minuto.

Está suspensa a sessão.

 

                       * * *

 

- Suspensa às 17 horas e 44 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 45 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

                                                           * * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em votação o requerimento de inversão. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado. 

  Item 1 - Veto - Discussão e votação - Projeto de lei nº 284, de 2001, (Autógrafo nº 27530), vetado totalmente, de autoria do deputado Aldo Demarchi. Autoriza o Poder Executivo a implantar o Programa Estadual de Moradia do Idoso - PEMI. (Artigo 28, § 6º da Constituição do Estado).

  Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo com o projeto e contrários ao veto queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado o projeto e rejeitado o veto.

  Item 2 - Veto - Discussão e votação - Projeto de lei nº 247, de 2004, (Autógrafo nº 27048), vetado totalmente, de autoria do deputado Eli Corrêa Filho. Obriga a informação dos valores dos veículos automotores nos anúncios de classificados de jornais, revistas, periódicos ou outros meios de divulgação. (Artigo 28, § 6º da Constituição do Estado).

  Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação.

Há sobre a mesa o seguinte requerimento: “Requeiro, nos termos regimentais, que a votação do Projeto de lei nº 247/04, vetado totalmente, se processe na seguinte conformidade:

1.      Projeto de lei nº 247/04 salvo parte destacada;

2.      Destacadamente, os Artigos 3º e 4º.”

O requerimento é regularmente assinado pelo nobre Líder Estevam Galvão.

1. Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado. 

Em votação o Projeto de lei nº 247/04 salvo parte destacada. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo com o projeto salvo parte destacada e contrários ao veto queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado o projeto salvo parte destacada e rejeitado o veto.

2. Em votação, destacadamente, os Artigos 3º e 4º. Os Srs. Deputados que forem contrários ao projeto e favoráveis ao veto queiram permanecer como se encontram. (Pausa) Rejeitado o projeto e mantido o veto.

Item 3 - Veto - Discussão e votação - Projeto de lei nº 740, de 2004, (Autógrafo nº 28337), vetado totalmente, de autoria do deputado Antonio Salim Curiati. Obriga a instalação de Centros Assistenciais Comunitários - CAS, nas localidades onde existam presídios, penitenciárias, casas de detenção ou outros estabelecimentos penais. Parecer nº 1399, de 2009, de relator especial pela Comissão de Justiça, favorável ao projeto. (Artigo 28, § 6º da Constituição do Estado).

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo com o projeto e contrários ao veto queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado o projeto e rejeitado o veto.

Item 4 - Veto - Discussão e votação - Projeto de lei nº 1286, de 2007, (Autógrafo nº 28331), vetado totalmente, de autoria do deputado Rogério Nogueira. Estabelece critérios para a dispensa do pagamento da taxa de estacionamento nos shopping centers e hipermercados. Parecer nº 1209, de 2009, de relator especial pela Comissão de Justiça, favorável ao projeto. (Artigo 28, § 6º da Constituição do Estado).

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Há sobre a mesa requerimento sobre o método de votação. O requerimento pede que a votação se processe na seguinte conformidade:

Item 1 - Projeto de lei nº 1.286, de 2007, salvo expressões destacadas;

Item 2 - As expressões “e hipermercados”, constantes dos Artigos 1º e 4º;

Item 3 - A expressão “ou hipermercado”, constante do Art. 3º.

Assina o nobre Deputado José Bittencourt.

Em votação o requerimento sobre o método de votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação o item 1 - Projeto de lei nº 1.286, de 2007, salvo expressões destacadas. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis ao projeto, salvo expressões destacadas, e contrários ao veto, permaneçam como se encontram. Aprovado o projeto, salvo expressões destacadas, e rejeitado o veto.

Em votação o item 2 - As expressões “e hipermercados”, constantes dos Artigos 1º e 4º. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários ao projeto e favoráveis ao veto, permaneçam como se encontram. Rejeitado o projeto e mantido o veto.

Em votação o item 3 - A expressão “ou hipermercado”, constante do Art. 3º. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários ao projeto e favoráveis ao veto, permaneçam como se encontram. Rejeitado o projeto e mantido o veto.

Item 5 - Veto - Discussão e votação - Projeto de lei nº 280, de 2008, (Autógrafo nº 27743), vetado totalmente, de autoria do deputado Ed Thomas. Dispõe sobre a afixação, nas farmácias e drogarias, de placas informando nome e número de inscrição no Conselho Regional de Farmácia-CRF do profissional farmacêutico responsável. Parecer nº 3145, de 2008, de relator especial pela Comissão de Justiça, favorável ao projeto. (Artigo 28, § 6º da Constituição do Estado).

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis ao projeto e contrários ao veto permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado o projeto e rejeitado o veto.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária, a realizar-se hoje às 19 horas, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:

- Projeto de lei nº 330, de 2006, de autoria do nobre Deputado Afonso Lobato;

- Projeto de lei nº 1.439, de 2007, de autoria da nobre Deputada Ana Perugini;

- Projeto de lei nº 241, de 2008, de autoria do nobre Deputado André Soares;

- Projeto de lei nº 765, de 2008, de autoria do nobre Deputado José Bruno.

 

O SR. Roberto Felício - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - Barros Munhoz - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia de hoje, lembrando-os ainda da Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, às 19 horas.

Está levantada a sessão.

 

                                         * * *

 

- Levanta-se a sessão às 17 horas e 53 minutos.

 

                                         * * *