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22 DE NOVEMBRO DE 2012

162ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, ADRIANO DIOGO e CARLOS GIANNAZI

 

Secretário: SIMÃO PEDRO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Relata reunião realizada pela Comissão de Finanças e Orçamento com o Secretário de Planejamento e Desenvolvimento, Júlio Semeghini, sobre audiências públicas realizadas com o objetivo de discutir o orçamento do Estado de São Paulo. Comenta dados apresentados pela autoridade. Destaca a importância de que as sugestões da sociedade sejam levadas em consideração pelo Governo durante a elaboração do orçamento.

 

003 - SEBASTIÃO SANTOS

Ressalta a importância de decreto, assinado dia 13/11 pelo Governador Geraldo Alckmin, que prevê isenção da taxa de licenciamento para os pequenos criadores de atividades aquícolas. Lê trechos do decreto e destaca seus benefícios para a categoria.

 

004 - VITOR SAPIENZA

Fala da importância de emenda à Constituição do Estado de São Paulo, aprovada nesta Casa, que faculta a este Legislativo convocar reitores de universidades públicas. Considera necessárias melhorias na gestão dos recursos públicos do Estado. Defende a fusão entre as polícias Militar e Civil.

 

005 - EDSON FERRARINI

Relata sua presença em posse do novo Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella. Faz votos de bom trabalho à autoridade. Lamenta aumento de 92% no número de homicídios na capital paulista. Comenta dificuldades encontradas pelo ex-Secretário, Antônio Ferreira Pinto.

 

006 - Presidente JOOJI HATO

Registra a presença de funcionários da Câmara Municipal de Santa Gerturdes, a convite do Deputado Jorge Caruso.

 

007 - OLÍMPIO GOMES

Deseja sorte ao novo Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Considera apenas simbólica a troca no comando da secretaria. Lamenta a morte de ex-Sargento da Polícia Militar, ontem, na cidade de Praia Grande. Combate redução no salário de toda a força policial do Estado de São Paulo. Comenta possível greve dos investigadores e escrivães da Polícia Civil. Lamenta a proximidade do recesso parlamentar que, segundo o Deputado, impossibilitará a apreciação de diversos projetos de reajuste salarial por esta Casa.

 

008 - SIMÃO PEDRO

Combate a gestão do Governo do Estado de São Paulo no que tange à Segurança Pública. Critica o Executivo estadual pela demora em aceitar ajuda do Governo Federal no combate à violência. Comenta a saída do atual Secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, e deseja boa sorte ao novo detentor do cargo.

 

009 - CARLOS GIANNAZI

Lamenta o baixo índice de comparecimento de secretários estaduais às comissões temáticas desta Casa. Questiona a importância de CPIs instaladas por este Legislativo. Informa que é função do Poder Legislativo fiscalizar o Executivo.

 

010 - ADRIANO DIOGO

Assume a Presidência.

 

011 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

012 - LECI BRANDÃO

Comemora a aprovação, pelo Congresso Nacional, de projeto da Deputada Federal Benedita da Silva, que regulariza a profissão das empregadas domésticas. Dá conhecimento da importância da medida.

 

013 - ADRIANO DIOGO

Comenta troca no comando da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Afirma que as razões da substituição tiveram início durante a campanha eleitoral deste ano. Reflete acerca de uma possível incitação à violência ocorrida no período.

 

GRANDE EXPEDIENTE

014 - ADRIANO DIOGO

Pelo art. 82, lembra que o candidato eleito à Câmara Municipal de São Paulo, Coronel Telhada, jamais compareceu às Comissões desta Casa. Lê manchetes de jornais sobre a destituição de Antônio Ferreira Pinto do cargo de Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Combate diminuição salarial de todos os policiais da capital paulista. Clama pela identificação dos grupos criminosos que agem em todo o Estado.

 

015 - JOOJI HATO

Pelo art. 82, discorre sobre a violência atual que ocorre no Estado de São Paulo. Cita a má qualidade da educação como um dos fatores de causa desta situação. Pede pela implantação do conceito de "tolerância zero" pelo poder público e de leis mais rígidas para o controle da violência.

 

016 - JOOJI HATO

Solicita o levantamento da sessão, com anuência das lideranças.

 

017 - Presidente CARLOS GIANNAZI

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 23/11, à hora regimental, sem ordem do dia. Lembra a realização de sessão solene, dia 23/11, às 10 horas, para "Comemorar os 100 anos da CPFL". Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Simão Pedro para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - SIMÃO PEDRO - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Assembleia Legislativa, como já tínhamos anunciado na semana passada, hoje, pela manhã, a Comissão de Finanças e Orçamento teve uma reunião com o Secretário Julio Semeghini justamente para aprofundar o debate em relação a audiências públicas do Estado, que a Comissão de Finanças e Orçamento já tinha aprovado, em uma de suas reuniões, as emendas ora apresentadas por cada uma das regiões administrativas, aglomerados urbanos da região metropolitana, durante as audiências públicas no primeiro e no segundo semestre de 2012.

Apresentamos praticamente várias emendas pela Comissão de Finanças e Orçamento justamente para que a população, os vereadores, os prefeitos, a sociedade civil organizada, que participaram das audiências públicas, pudessem, de fato, ter voz na construção de orçamento não só descentralizados, mas, ao longo dos próximos anos, a população tenha participação cada vez mais ativa.

Quando pensamos em investimento nos hospitais regionais, na duplicação de rodovias, investimentos nas áreas da Saúde e Educação, é necessário que cada uma das pessoas que acompanha o Orçamento do Estado saiba de fato onde é preciso a aplicação desses recursos e possa dar sugestão, sugestão que efetivamente possa ser ouvida.

Ouvimos hoje do secretário, inclusive apresentando o relatório, que a previsão orçamentária prevista para 2013 é de 173 bilhões de reais. Isso dá um acréscimo praticamente de 10.52%, se comparado com recursos do Orçamento de 2012. Esse recurso, que será de 85 bilhões e 378 milhões de reais, vai vir do ICMS e 87 bilhões e 810 milhões de outras receitas. Isso demonstra o crescimento. Mostra que de 2012 para 2013 tem um crescimento de 10.52 por cento.

Não estamos falando de pouco recurso, de pouco dinheiro da arrecadação do ICMS, do IPVA do Estado de São Paulo, dos empréstimos que serão concebidos para o Governo do Estado no próximo período. São diversas receitas que compõem o Orçamento do Estado e esses recursos têm que voltar para a população de forma mais organizada e descentralizada.

Foram criadas, desde o ano passado, as Regiões Metropolitanas, os aglomerados urbanos, e não dá para aprovarmos legislações ou leis na Assembleia Legislativa que depois, na estruturação do orçamento ou no pensamento das ações das políticas públicas do Estado de São Paulo, não sejam levados em consideração leis debatidas e aprovadas na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Esperamos, a partir da reunião de hoje com o Secretário Julio Semeghini e a Comissão de Finanças e Orçamento, reapresentar emendas já apresentadas na Comissão de Finanças e Orçamento. A população está ávida em ver para o Orçamento de 2013 as sugestões apresentadas em cada uma das audiências públicas que aconteceu durante todo ano de 2012.

A população merece crédito, merece respeito porque participou, teve a preocupação de pensar em sugestões que fossem, de fato, regionalizados seja em relação à construção de novos hospitais, a reformas de hospitais, duplicação de estradas, investimento na Educação, investimento no funcionalismo público do Estado de São Paulo, principalmente a contrapartida do Iamspe porque hoje o funcionalismo paga os 2%, mas o Estado não paga na mesma proporção, a data-base do funcionalismo, que é o dia 1º de março, porque, hoje, cada funcionalismo tem uma data diferente: o servidor público da Saúde tem uma data, a Apeoesp da Educação na outra, o servidor público ligado à Polícia Militar e Polícia Civil na outra data. É necessária não só a unificação, mas ter a data-base em março como referência.

É importante pensar no investimento dos trabalhadores. Investimento maior para a agricultura porque não dá para ter o Estado de São Paulo, que é um Estado ainda predominantemente agrícola na maioria dos municípios, com menos de 1% do Orçamento destinado para a agricultura.

A reunião hoje foi proveitosa e lá estiveram presentes o Deputado Vitor Sapienza, da Comissão de Finanças e Orçamentos e o Deputado Simão Pedro, que também estão presentes aqui em nosso plenário. Enfim, eles estiveram na reunião participando da Comissão de Finanças e Orçamentos junto com o Secretário Júlio Semeghini.

Esperamos que a partir de uma reunião boa, ocorrida no dia de hoje, possam transformar de fato nos frutos, e que observando as demandas da população nas Audiências Públicas poderemos ter um Orçamento cada vez mais próximo da população do nosso Estado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos.

 

O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, assessores e público que nos assiste pela TV Assembleia, venho à tribuna nesta tarde para trazer à população, que nos assiste, e também para conhecimento desta Casa, uma ação do Governo do Estado de São Paulo que beneficiou todos os pescadores, aquicultores, piscicultores e produtores de peixes exóticos do Estado de São Paulo.

O decreto assinado no dia 13 de novembro de 2012 pelo Governador do Estado de São Paulo e com o Ministro da Pesca, Marcelo Crivella, foi de suma importância para o nosso Estado, pois esse Decreto nº 58.544 vai definir todo o ordenamento da produção pesqueira em nosso Estado. E nós sabemos que todos os produtores do estado estavam e, muitos ainda, estão com toda a sua produção irregular.

Agora, a partir dessa ação do Governo do Estado de São Paulo, ação que veio no último dia 13 pela mobilização de toda categoria, e também desta Casa porque foram inúmeros deputados na Frente Parlamentar da Pesca, coordenada pelo nosso Deputado Ferrarini, e também por ações focadas por pescadores, produtores e pela Fiesp, trazem esse benefício hoje ao nosso Estado, que é a produção documentada, organizada e ordenada.

O sistema chamado Via Rápida Ambiental da Aquicultura isenta atividades em função de seu reduzido potencial poluidor e degradador, simplifica os processos de licenciamento de atividades de médio porte e cria duas faixas de preços para os processos de grandes empreendimentos.

Antes, os processos de licenciamento custavam 19 mil e 362 reais, mas hoje já temos a faixa isenta, em que não se paga nada. E qual será a faixa? Nós temos discriminado aqui no Decreto quem serão os isentos e no Artigo 3º fala que “viveiros escavados cuja somatória de superfície de lâmina d'água seja inferior a cinco hectares.” Vejam que com cinco hectares hoje nós teríamos condições para produzir muito peixe, principalmente a tilápia que a cada três meses se faz uma despesca e conseguimos produzir 10 toneladas em um hectare. Então, com certeza cinco hectares para um pequeno produtor, ou para um pescador profissional que hoje migre para a produção em aquicultura será realmente uma condição de vida muito melhor. Haverá também geração de renda e de vários impostos.

Temos também as pessoas que querem trabalhar com tanque-rede. Próximos das prainhas, no interior onde existem muitas, as pessoas poderão colocar em uma área de mil metros cúbicos 60 tanques-redes a custo zero para a documentação desses locais. Tendo apenas que estar juntas com a Cetesb para verificar outras documentações, mas não terá ônus para essas pessoas. Inclusive, os ribeirinhos poderão pegar financiamentos através do Governo Federal e do Governo Estadual para comprar seus equipamentos: o tanque-rede, o barco, o motor, a ração e os alevinos para começar uma pequena produção que com certeza vai melhorar a situação de vida desses ribeirinhos.

Temos as pessoas que trabalham com ranicultura que também estarão isentas numa área de 400 metros quadrados. E assim vai se detalhando o decreto que foi um grande avanço para o Estado de São Paulo, que com certeza se tornará o maior produtor de peixes do nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza, decano desta Casa que honra muito a cadeira que ocupa. É um símbolo de respeito e de trabalho desta Casa. Parabéns, nobre Deputado.

 

O SR. VITOR SAPIENZA - PPS - Caro amigo Presidente em exercício nesta sessão, Deputado Jooji Hato, sinto-me gratificado quando ouço V. Exa. se dirigir de forma tão amável a minha pessoa.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas e público que nos honra com a presença, na semana passada eu tive a satisfação de ver meus colegas aprovarem uma Proposta de Emenda à Constituição Paulista que em 1989 eu e o Coronel Ferrarini ajudamos a fazer.

A mencionada emenda determina a obrigatoriedade dos reitores das universidades públicas de comparecerem anualmente a esta Casa a fim de prestarem contas a nós, Deputados, sobre as respectivas gestões.

Tive a oportunidade na manhã de hoje de participar com os Deputados Marcolino e Simão Pedro, de uma audiência com o Secretário de Economia e Planejamento na Comissão de Finanças e Orçamentos para acompanhar como deverá ser o nosso Orçamento do ano vindouro.

Sem dúvida alguma a fatia que cabe às universidades é bem representativa. Existe uma série de reivindicações no sentido de aumentar as porcentagens a elas destinadas. Mas, infelizmente, não sabemos como estão sendo aplicados aqueles recursos.

A minha impressão ao longo de todos esses anos, como delegado tributário e tendo participado das reuniões na Secretaria de Economia e Planejamento, é que o grande problema brasileiro é de gestão e de administração.

Eu tenho a oportunidade também de acompanhar um embate de um grande amigo meu, já do tempo em que ele era tenente e capitão, o Major Olímpio, e sei quantas e quantas vezes nós discutimos o problema de gestão.

E falando de Secretaria de Segurança, é uma pena que eu não tenha tempo suficiente para acompanhar um dos meus grandes ideais, que seria a fusão das Polícias. Eu não posso entender que um País como o nosso tenha que ter dois tipos de Policia: a Militar e a Civil.

Um dia eu gostaria de ouvir a opinião do deputado Major Olímpio, que é um estudioso da matéria e veemente batalhador, o que ele pensa sobre esse meu anseio.

Mas não posso deixar de lado aquilo que me propus a falar sobre a emenda que irá, se Deus quiser, fazer com que os senhores reitores das três universidades paulista venham a esta Casa e discutam com os Srs. Deputados o que está sendo feito e aceitem as sugestões.

Quero deixar bem claro que a autonomia que as universidades têm, deve ser respeitada, porém não podemos nos esquecer de que os recursos carreados para elas são fruto de impostos que a nossa comunidade paga e tem a obrigação de exigir que sejam bem empregados.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, amigos da TV Alesp, hoje cedo estivemos no Palácio do Governo para a cerimônia de posse do novo Secretário de Segurança Pública Dr. Fernando Grella. O Dr. Ferreira Pinto estava no Governo há seis anos e ocupou as duas pastas mais desgastantes do Estado: primeiro a Secretaria de Assuntos Penitenciários e depois, no Governo Serra, a Secretaria da Segurança Pública. São duas pastas em que o desgaste é natural. As duas Polícias que temos em São Paulo são as melhores do Brasil. Essa ideia de uma polícia única é assunto para ser discutido nos próximos 30 anos. Nos Estados Unidos, é grande o número de polícias que prestam serviço em alguns estados. São Paulo tem a melhor e a mais bem equipada Polícia Militar do Brasil, tem a melhor, a mais bem equipada e preparada Polícia Civil do Brasil.

Qual a função do secretário de Segurança Pública? A Polícia Militar tem o seu comandante-geral instituído pela Constituição do Estado. O comandante da Polícia Militar é o governador do Estado e a Polícia Civil tem o seu delegado-geral. A função do secretário de Segurança Pública é coordenar estas duas Polícias para que esse potencial todo seja canalizado para a boa atuação das Polícias e o grande inimigo de tudo isso é a criminalidade. No entanto, o que vimos nestes últimos meses é que o número de homicídios subiu 92%, está nos jornais. O Secretário Ferreira Pinto vinha fazendo seu trabalho, mas os números mostram que as coisas não iam tão bem assim. Foi um Secretário digno? Foi. Tinha boas intenções? Tinha. Contudo, o resultado do seu trabalho não estava mostrando eficiência. Isso tudo tem de funcionar em conjunto com a Secretaria de Assuntos Penitenciários, onde temos 196 mil presos e 70% dos que cumprem pena voltam para o crime quando saem. Essa ação conjunta tem de ser harmonizada, tem de ser coordenada.

Estou na Polícia Militar 58 anos, entrei em 1954 e nunca vi morrerem 93 policiais em um ano. Mas tem gente - provavelmente deve morar em outro país - que acha que o índice de criminalidade em São Paulo não fugiu da normalidade.

Estes falam do passado, à época em que o índice baixou a 10 homicídios por 100 mil habitantes. Hoje, esse índice subiu para 92 por cento. Nós queremos respostas para isso. A população não sai na rua. Os restaurantes à noite estão mais vazios.

Portanto, esperamos que o Dr. Fernando Grella consiga unir as duas Polícias e faça com que trabalhem de comum acordo. As funções são bem definidas. A Polícia Militar faz o policiamento ostensivo, ela vai buscar o bandido seja qual for o calibre da sua arma e a Polícia Civil faz a sua polícia judiciária. Não há conflitos de jurisdição, agora é preciso coordenar essa ação conjunta. O longo tempo do ex-Secretário no cargo foi gerando uma série de situações que estavam colocando a investigação em confronto com a operação. Então tudo isso motivou esta mudança.

Torcemos para que o novo Secretário consiga fazer a coordenação das duas Polícias. Se o homem já foi à Lua e você não consegue bloquear o celular, alguma coisa está falhando e isso é problema de gestão. Se você tem as melhores Polícias do Brasil e mesmo assim o índice de criminalidade cresceu 92%, alguma coisa está errada.

Alguns entendidos em segurança dizem que isso está dentro dos padrões. Como? Só se eles estiverem em outro lugar que não o Brasil. Essa guerra entre Israel e a Faixa de Gaza já matou 120 pessoas. Aqui estão morrendo 100 pessoas por semana. O policial civil e militar, o agente penitenciário representa o Estado e quando o bandido ataca o policial ele está atacando o Estado, as instituições constituídas.

O Dr. Grella pode não ter nenhuma experiência policial, mas pode coordenar as duas melhores Polícias do Brasil e conseguir baixar os índices de criminalidade, afastando a sensação que se tem, de que quem manda nesta cidade é o crime organizado ou ‘desorganizado’.

Esta cidade é nossa, é das pessoas que pagam impostos, é das pessoas decentes. Parece que aqui no Brasil temos vergonha de prender bandidos. Ah, ele não teve infância, foi abandonado, não teve estudo. Nada disso! Ao mal do crime impõe-se o mal da pena. É o normal. Tomara que o Dr. Grella consiga mudar esse quadro porque a persistir essa situação será a falência do Governo. As nossas Polícias podem não ser as mais bem pagas do Brasil, mas são as mais competentes e eficientes.

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a visita dos funcionários da Câmara Municipal da linda cidade de Santa Gertrudes. Eles visitam a Casa a convite do nobre Deputado Jorge Caruso.

Sejam bem-vindos. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Alesp, primeiramente quero desejar sorte - ele vai precisar de muita sorte - ao Dr. Fernando Grella, que assumiu hoje a Secretaria de Segurança Pública no Estado de São Paulo. A meu ver, mais um ato simbólico do Governo tentando minimizar a crise, e agora, falando da realidade da Segurança Pública.

Ontem, estavam na sua residência, na Praia Grande, o Sargento Carlos Alberto Lazarini e a sua esposa, quando chegaram indivíduos se apresentando como investigadores de polícia, ingressaram na casa, executaram o Sargento Lazarini e balearam a sua esposa.

O Sargento Lazarini, 50 anos, trabalhou no serviço ativo da Corporação até fevereiro, na Praia Grande, depois tirou os seus afastamentos, e agora, já estava na inatividade da Polícia Militar. Mais um sargento da Polícia Militar foi escolhido para morrer ontem, a 96ª vítima policial neste ano. Isso é realidade, triste realidade. E não vejo atitudes concretas sendo tomadas.

Torço realmente que o novo Secretário tenha a condição e a velocidade muito rápida de conhecer a estrutura da Segurança Pública e a estrutura das Polícias, Deputado Luiz Claudio Marcolino, porque não dá para ter treinamento-aprendizado no meio da guerra quando as pessoas estão tombando nas ruas, quando nós temos dezenas de pessoas sendo executadas sem que se esclareça realmente a autoria desses delitos e quando os policiais estão atônitos porque estão sendo massacrados, de um lado o PCC determinando execuções, e continuando a determinar, eles não se pautam pela agenda política do Governador e fazendo ameaças, não. E por outro lado, o próprio Governo massacrando os recursos humanos da Polícia.

Esse novo Secretário vai ter um grande desafio, sim, primeiramente com os recursos internos, recursos humanos da Secretaria da Segurança Pública, 85 mil PMs tiveram os seus salários reduzidos este mês. Isso é inédito na história do País! Perderam de 10% a 25% dos seus salários. Quanto aos policiais civis, investigadores e escrivães, há mais de um ano esta Casa votou a lei e Governador sancionou estabelecendo nível universitário aos escrivães e investigadores, e nada aconteceu. Aliás, amanhã, as associações e os sindicatos terão uma grande reunião em Assis, na qual estarei presente, onde se deliberará os próximos passos que devem culminar com uma paralisação de investigadores e escrivães, ou talvez com a adesão de todas as categorias profissionais da Polícia Civil, a partir de quatro de dezembro no Estado de São Paulo.

É isso que o senhor Fernando Grella vai ter que administrar agora!

E aí eu ouvi o Deputado Luiz Claudio Marcolino falando com muita sobriedade sobre os recursos orçamentários, ele que conhece mais do que ninguém, que se debruça nisso, sabe muito bem, e aí vai o meu aviso a todos os servidores, de forma especial ao servidor da Segurança Pública: não tem um centavo previsto para a revisão de salários de servidores da Segurança Pública e do Sistema Prisional para o ano de 2013. O que disserem para vocês, o que prometerem... Eu não sei o que vai dizer o Dr. Fernando Grella, mas só o discurso não resolve tem que ter o recurso, e no Orçamento não tem o recurso previsto.

Aliás, de promessas, meus amigos, principalmente meus irmãos policiais, o projeto que poderia restabelecer o recálculo de quinquênio e de sexta-parte, aqui para chegar a esta Casa, pode esquecer. Hoje, estão faltando 12 dias para entrarmos em recesso. Terças, quartas e quintas, temos 12 dias, Deputado Luiz Claudio Marcolino. Temos que votar o Orçamento, há o compromisso da Mesa de votar, pelo menos, um projeto por Deputado, só temos mais 12 sessões. Não vai dar tempo chegar nada aqui!

Então, em relação ao recálculo de quinquênio e de sexta-parte, 85 mil PMs, por enquanto esqueçam! Mais um “passa-moleque.”

Investigadores de polícia, o projeto versando sobre o valor do nível universitário, esqueçam! Mais um “passa-moleque” do Governo.

Oficiais da Polícia Militar, que passaram para inatividade de 1991 a 2011, que ficaram sem o posto imediato, tiveram o compromisso do comando do Governo, esqueçam! Tomaram um “passa-moleque.”

As seis centrais sindicais que estiveram aqui na semana passada para uma audiência pública, unidas porque tinham um compromisso do Governo de um piso regional único e estabelecido a partir de fevereiro de 2013, e a partir de 1º de janeiro de 2014, esqueçam! São 12 dias, não tem mais tempo, vão empurrar com a barriga, e no dia 20 nós entraremos em recesso.

O seguro de vida 24 horas para os policiais que o Governador anunciou, e tem que vir para esta Casa um projeto autorizando o Governo a pagar indenização para os familiares dos policiais mortos este ano, esqueçam familiares! Vão empurrar com a barriga, não tem mais tempo.

Mas eu gostaria muito de dar uma última mensagem, agradecendo a tolerância do tempo: “Pode ter certeza, Governador Geraldo Alckmin, os seus grandes aliados, 96 PMs mortos até então, como o Sargento Lazarini que nós vamos enterrá-lo amanhã, às 9 horas, no Cemitério do Jaraguá, em São Paulo, quatro policiais civis, 19 agentes penitenciários, centenas de corpos espalhados pelo chão, ônibus incendiados, o caos público, isso nós não vamos esquecer. Pode ter certeza absoluta que esses “passa-moleques” não serão mais tolerados pela população.”

Os policiais estão sendo massacrados pelo PCC e pelo Governo. Tomará que o novo Secretário da Segurança Pública venha com a pedra filosofal, com a grande solução, muito embora eu não acredite, e não é para fazer oposição não, é porque estou vendo a prática, o dia a dia, o sofrimento, a dor, as mentiras e não estou vendo uma solução minimamente decente dada por todos aqueles que têm responsabilidade pública.

E para encerrar, votamos um convite para que o Secretário da Segurança Pública viesse prestar contas nesta Casa. V. Exa. mesmo quem fez a sugestão de convocação que foi transformada em convite, só que já se esvaziou pelo tempo. O próximo, se vier, vem enrolando o paraquedas sem saber direito o que está fazendo ainda para se explicar do nada, e dizendo: “Me deem um tempo porque eu assumi agora.” Mais uma vez ficou sem papel a Assembleia Legislativa.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, eu cheguei a elogiar o Governador Geraldo Alckmin pela manutenção do Secretário Ferreira Pinto, Secretário que tinha dado demonstrações em várias ações de combater a corrupção, principalmente na área da Polícia Civil, um Secretário firme, mas várias outras vezes eu assomei esta tribuna para criticar a falta da Segurança Pública aqui em São Paulo, a não definição de uma política clara, a falta de investimentos, o atraso de que este Governo, apesar dos reajustes salariais concedidos depois da tragédia que foi a relação do Governador José Serra com o funcionalismo, lembro-me da greve dos policiais civis, ocorrida enfrente ao Palácio dos Bandeirantes, a guerra que houve com outros setores da Polícia.

Sempre fui um crítico da falta de investimentos, da falta de uma política de inteligência nessa secretaria, da política penitenciária de só construir presídios. Lembro-me aqui da luta que fizemos aqui, através de audiências públicas, a nossa união com vários prefeitos contra a construção de 48 presídios desrespeitando leis municipais, sem diálogo com as comunidades que seriam afetadas, ao invés de se fazer um mutirão pente fino junto com o judiciário para verificar aqueles que têm condições de cumprir penas, ou uma grande maioria que está presa em penitenciárias, em cadeias, e que por pequenos furtos está detida - usuários de drogas - enfim, fazer um esforço para solucionar essa questão. Não é só ir aumentando a população carcerária, instalando esse inferno que se criou aqui no Brasil. Até nosso Ministro da Justiça fez recentemente uma crítica pesada à situação dos presídios.

Agora, de fato, a situação do Secretário Ferreira Pinto era tornou-se insustentável, porque a violência explodiu, o Governo não conseguiu mais esconder o número de homicídios e tantas estatísticas negativas em relação à Segurança Pública e gerando esse clima de insegurança que estamos vivendo em São Paulo e na Capital, que está batendo recordes do número de homicídios, triplicando, quadruplicando o número de assassinatos.

Uma hora é a Polícia flagrada matando um servente de pedreiro já dominado, outra hora são os policiais que estão sendo assassinados de maneira covarde inclusive, às vezes à noite na hora que estão retornando às suas casas; é uma situação que se perdeu o controle. Nessa hora, então, o Governo tem que trocar o comando para que algo seja feito.

Mas a culpa não é só do Secretário. A culpa é do Governo que não investiu, que ficou com essa picuinha durante a eleição para não passar a imagem negativa com relação à Segurança Pública durante a eleição e não prejudicar o seu candidato aqui e em outras cidades de que a situação estava explosiva e não aceitava dialogar com o Governo Federal que, já mesmo durante a eleição acenava a mão para o Governo do Estado de São Paulo com o intuito de ajudar a solucionar a questão, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, deu declarações de que tinha procurado o Governo, mas por uma questão eleitoral - e aí infelizmente o Secretário Ferreira Pinto entrou nessa de seguir a orientação do Governador e dizer que aqui estava tudo em paz, que não precisava de ajuda, de que não precisava de cooperação - foi só terminar a eleição a Presidenta Dilma Rousseff, diante da situação explosiva, ligou dizendo: “Governador agora que terminou a eleição o senhor aceita conversar?”. E deu certo; hoje, ações efetivas estão sendo tomadas, como, por exemplo, o controle da fronteira, asfixia das operações financeiras do crime organizado, investimento na inteligência.

Infelizmente, colocar somente a Polícia Militar, que tem somente a vocação de reprimir, em tarefas que não são da sua alçada, que poderia estar mais integrada com a Polícia Civil, dando assim uma articulação maior com a Polícia Federal, enfim, essas medidas simples que deveriam ser tomadas há muito tempo, mas por questões de picuinhas políticas não foram implementadas, fizeram com que agora a corda arrebentasse no colo do Secretário.

Conheço o Dr. Grella, que tem dois mandatos como Procurador Geral de Justiça - parece-me que é um homem do diálogo - então quero desejar a ele boa sorte, que ele consiga recuperar o tempo perdido. Que ele prossiga e aprofunde a relação com o Governo Federal, que ele consiga unir a Polícia Militar com a Polícia Civil - essa separação está sendo trágica para a população de São Paulo - e desejar boa sorte para que ele consiga implementar uma política para solucionar esse problema; não adianta ações isoladas. Precisamos investir em inteligência; enfim, precisamos de articulação.

Sr. Presidente, esse é o meu pronunciamento aqui em relação a essa grave situação que estamos vivendo na Cidade de São Paulo relacionada à falta de Segurança Pública que está afligindo a população, criando um clima de medo e nos deixando preocupados. Muito obrigado Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício, nobre Deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectadores da TV Assembleia, primeiramente quero concordar com o Deputado Olímpio Gomes, em relação aos convites que nós aprovamos nas comissões permanentes desta Casa, que na verdade não são, de fato, realizadas. Os Secretários, os dirigentes das estatais, não têm comparecido aqui na Assembleia Legislativa para depor, para explicar, enfim, para debater as questões relacionadas aos pedidos que fizemos com nossos requerimentos.

Como exemplo eu dou um caso de FDE, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Já fizemos aqui um requerimento para a Comissão de Educação pedindo a convocação do Presidente de FDE que foi afastado agora pela Justiça, a pedido do Ministério Público, por improbidade Administrativa. Refiro-me ao Sr. José Ortiz, que foi nomeado para esse cargo, mesmo respondendo a mais de dez processos na Justiça. Assim mesmo o Governador Geraldo Alckmin nomeou esse senhor, que foi Prefeito em Taubaté, para ocupar um cargo tão estratégico e importante na área da Educação, para uma fundação que faz a gestão de aproximadamente três bilhões de reais. Mas até agora ele não compareceu na Comissão de Educação, para explicar todas as denúncias que pesam contra a sua gestão, contra a FDE, denúncias de corrupção, desvio de dinheiro, superfaturamento de obras. Inclusive quero registrar aqui que assinamos o pedido de CPI para investigar a FDE; mas até agora nada aconteceu, porque a Assembleia Legislativa não investiga nada também.

Estou vendo aqui no Diário Oficial de hoje uma das CPIs cosméticas, que não servem para nada, com o objetivo apenas de obstruir a pauta das CPIs que possam investigar o Governo e o desvio de recursos públicos. Vejo aqui uma matéria no Diário Oficial do Poder Legislativo dizendo o seguinte: “CPI da reprodução assistida vai ao Hospital Pérola Byington”. É um absurdo, Sr.Presidente. CPI da reprodução assistida aqui na Assembleia Legislativa? Essa é uma CPI que tem o claro propósito de impedir que outras CPIs sejam aprovadas e funcionem, aqui na Assembleia Legislativa, para investigar o Governo. Então, se a situação as CPIs são essas - CPIs cosméticas - fico imaginando a situação das Comissões Permanentes, porque aprovamos aqui convites, convocações, mas os Secretários não comparecem aqui na Assembleia Legislativa.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Adriano Diogo.

 

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É um absurdo! A Assembleia Legislativa, além de não votar, ela quase não legisla, estamos com o plenário vazio; e isso não é só hoje, mas quase todos os dias. Durante meses - praticamente o ano todo - a Assembleia Legislativa fica vazia; não vota nada. Só no final do ano, que vota o Orçamento, ou quando o Governo tem algum interesse em votar os seus projetos. Fora isso, quase não há votação.

Então, a Assembleia Legislativa não vota, não fiscaliza o Poder Executivo, até porque nós temos aqui 94 Deputados, sendo que 66 são da base do Governo. Então não tem investigação nenhuma. Os nossos requerimentos são obstruídos, enfim, é uma Assembleia Legislativa que não investiga. Logicamente que não estou me referindo aos Deputados da oposição, que esses sim estão sempre fazendo requerimento de informação, fazendo diligências, investigando, propondo a instalação de CPIs, pedindo a convocação de Secretários e de outros membros do Governo aqui na Assembleia Legislativa. Mas a maioria dos Deputados desta Casa, que formam a base governista, não investiga nada, fica jogando confete no Governo.

Então, Sr. Presidente, o que estamos aqui denunciando é que os Secretários têm a obrigação legal de depor, de virem aqui na Assembleia Legislativa quando forem convidados, ou convocados, porque é uma afronta aqui ao papel da Assembleia Legislativa, uma afronta ao Parlamento a não participação desses Secretários. Aprovamos requerimentos de convocações, fazemos convites, e nada acontece, os Secretários não comparecem aqui na Assembleia Legislativa.

Por tudo isso, Sr. Presidente, é que vamos continuar denunciando aqui exaustivamente o esvaziamento da Assembleia Legislativa, seu papel de legislar e sobretudo o papel fundamental, que é o de fiscalizar o Poder Executivo, dizendo que a Assembleia Legislativa, hoje, é apenas um cartório, um departamento do Palácio dos Bandeirantes, que tem a função básica apenas de homologar, de carimbar, de concordar com as decisões do Governo. E eu me refiro aqui à base do Governo, porque nós, oposição, vamos continuar aqui denunciando e lutando. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ADRIANO DIOGO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato. (Pausa.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Leci Brandão.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Carlos Giannazi, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, telespectadores da TV Assembleia, não poderia deixar de ocupar esta tribuna, hoje, porque tomei conhecimento de que a Deputada Federal, que já foi Governadora do Rio de Janeiro, onde nasci, uma pessoa que tem uma contribuição muito importante para a luta da população negra, Deputada Benedita da Silva, conseguiu com que os deputados, ontem, aprovassem uma lei que beneficia as empregadas domésticas.

As donas de casa, que têm condições, têm a sua casa muito bem administrada pelas empregadas domésticas. Eu, que sou deputada desta Casa e que tenho, na minha origem, avó e mãe que tiveram essas profissões, tenho que parabenizar a Deputada Federal Benedita da Silva pela iniciativa. Ela coloca algumas obrigações dos empregadores, no sentido de dar mais dignidade a essa profissão. As empregadas domésticas precisam ter sua carteira devidamente assinada; elas precisam ter horário de trabalho digno; precisam receber horas extras. Isso também está ampliado para motoristas, babás, jardineiros, etc.

Temos a obrigação, como cidadã, nem como deputada, de parabenizar Benedita da Silva por essa iniciativa. Esperamos que o Senado também aprove esse projeto e que decididamente o Brasil encare os empregados domésticos de forma digna, que eles possam ter os seus salários respeitados e que as pessoas entendam que sem as empregadas domésticas muitas famílias, hoje, não poderiam sobreviver tranquilamente como sobrevivem. Portanto, ocupo esta tribuna para parabenizar a Deputada Federal Benedita da Silva, por essa iniciativa. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo, pelo tempo remanescente do Pequeno Expediente.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Deputado Carlos Giannazi, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, venho, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e pela Comissão de Segurança comentar a queda do Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Caiu o Sr. Ferreira Pinto. No seu lugar, assumiu o novo Secretário, o promotor, ex-Procurador-Geral do Estado, Fernando Grella.

Por que caiu Ferreira Pinto? Caiu em consequência da política. Alguns dirão: mas por que Ferreira Pinto caiu em função da política? Da política de segurança pública do Estado de São Paulo? Não, caiu por causa da campanha eleitoral do Município de São Paulo. Alguns dirão: o que tem a ver a campanha eleitoral do Município de São Paulo, e na Grande São Paulo, com a queda de Ferreira Pinto? Pois bem, o que ocorreu nas campanhas eleitorais para vereadores e prefeitos na Cidade de São Paulo, em particular, e na Grande São Paulo, em geral, que levou ao aumento da violência, ao aumento do número de homicídios, à queda de Ferreira Pinto?

Quando da campanha eleitoral, uma quantidade enorme de candidatos a vereador foi para os bairros, para as favelas, para todos os lugares apregoar a violência; apregoar a pena de morte; apregoar a redução da idade penal; apregoar a criminalização da juventude, principalmente a juventude negra. Pois bem, esse movimento absurdo de rufar dos tambores, de chamar a violência, de tirar o gênio da lâmpada deu no que deu: as execuções em massa, as execuções sumárias. E qual era a palavra de ordem do comando? Matem! Matem! Matem! Gerou esse clima de guerra civil, a ponto de o jornalista da "Folha", André Caramante, ter que sair do país; instado por uma determinada campanha eleitoral de um candidato a vereador de São Paulo teve que abandonar o país e ir para o exterior.

Listas de dezenas de jovens protegidos em programas de ressocialização de entidades, que moravam nos bairros da periferia, os chamados “têm passagem”, foram distribuídas, e nos batalhões, sob orientação da Rota, esses jovens foram assassinados. Como consequência, houve um revide contra policiais militares, que foram assassinados na porta de escolas, hospitais e igrejas. E começou a guerra civil e essa mortandade.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PELO ART. 82 - A violência, senhoras e senhores, só gera violência. Por isso caiu Ferreira Pinto. Embora não haja pena de morte no Brasil, todos os jovens da periferia, principalmente de cor negra, estão sendo criminalizados. E, o pior, policiais militares que nada têm a ver com esse conflito também foram perseguidos nos seus bairros, nas suas casas.

Sr. Governador, todas as declarações dadas nesse clima de guerra levaram a um quadro de maior violência. Não adianta trocar o Secretário Ferreira Pinto, se todas as mortes que ocorreram nos últimos três meses, tanto de jovens da periferia como dos policiais militares que foram assassinados, não forem esclarecidas. Não adianta dar um “cala a boca” na sociedade.

E aqueles que insuflaram a violência, que instauram a violência, aqueles que comandaram e deram a palavra de ordem, para que houvesse as mortes generalizadas? Esses não serão punidos? De que adianta nós fazermos a Comissão da Verdade de fatos que ocorreram há 30 ou 40 anos, se o mesmo filme, ao vivo e a cores, dessa tragédia está ocorrendo, sem que as pessoas sejam responsabilizadas?

Sr. Governador, Sr. Dr. Fernando Grella, o que tem que haver é o esclarecimento das mortes de 2006 e das mortes atuais. Não adianta virar a página sem contar o que aconteceu. Não adianta. Não adianta colocar nas organizações que defendem os Direitos Humanos, nos Sedecas, nos centros de ressocialização, a culpa, a fama de defensores de bandidos e do crime organizado. Não adianta. Isso não “cola” mais.

Houve um pedido, uma ordem de execução. E novamente os atestados de óbito do IML registraram: resistência seguida de morte. Sabem o que quer dizer “resistência seguida de morte”? É o jeito que aparece quando um jovem da periferia é assassinado; aparece no atestado de óbito que esse jovem, ao ser abordado por qualquer forma de abordagem da Polícia Civil ou Polícia Militar, esse jovem resiste e, arma na mão, por consequência é assassinado.

Segundo, Ferreira Pinto deslocou, desqualificou, logo na sua posse, dizendo que a Polícia Civil era corrupta, que toda concentração da investigação dos Poderes deveria ficar a cargo da Polícia Militar.

Mas, e o Coronel Telhada, que na campanha eleitoral usou e abusou do chamado à guerra? Ele foi eleito vereador, está aposentado. Nós nunca conseguimos, quando ele estava no exercício da sua função, que ele aqui viesse. Assim também Ferreira Pinto não veio. Assim como o Secretário de Administração Penitenciária não veio.

Então, Dr. Grella, o senhor que foi Procurador, o senhor que disse que vai acabar com a ilegalidade, que não vai conviver com a pena de morte, assim que o senhor assumir, como assumiu hoje no Palácio, venha a esta Assembleia Legislativa antes do fim do exercício desta legislatura, e diga o que aconteceu, por que houve 90 dias seguidos de execuções. Por que os homicídios?

E quem está dizendo é a "Folha de S.Paulo" de hoje, é o "O Estado de S.Paulo" de hoje. Quais são as manchetes dos jornais? O "O Estado de S.Paulo", em seu caderno Metrópole: “mudança na Segurança, novo Secretário pretende enfrentar o crime dentro da lei”. "Folha de S.Paulo": “Crise na Segurança, assassinatos dobram em São Paulo, Secretário da Segurança Pública é demitido. No cargo desde 2009, Ferreira Pinto é substituído por um Procurador de Justiça, Fernando Grella Vieira”.

O que diz o Estadão, em comentário de Marcelo Godoy? “Duas escolhas definiram o destino de Ferreira Pinto. A aposta mais arriscada de Antonio Ferreira Pinto provocou sua queda. Em 2009, quando assumiu a Segurança Pública, no Governo de José Serra, ele decidiu usar a Rota na busca e captura de integrantes do Primeiro Comando da Capital - PCC, com base em informações da Inteligência da polícia e dos presídios.

Tudo parecia bem, até que o Secretário fez duas escolhas: nomear Salvador Modesto Madia para a Rota e Roberval França para o Comando da PM. Foi sob a chefia do primeiro que ocorreram as ações mais contestadas da Rota, e que provocaram a decisão do PCC de matar policiais. O problema com Roberval seria o estilo do comando, considerado imperial por vários coronéis: ele pensa que comanda apenas com regimento disciplinar, disse o coronel. E assim fica difícil comandar a PM. As matanças da periferia se sucediam a ponto de Ferreira Pinto desconfiar do envolvimento de PMs

E vai, por aí afora. Portanto, não adianta trocar o Secretário da Segurança Pública. O que precisa ser trocado é a política da Segurança Pública. Não adianta entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal, reduzindo o salário de todos os policiais militares, depois que eles ganharam em juízo no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo o recálculo dos seus proventos. Não adianta querer dobrar a carga de trabalho dos policiais militares através da Operação Delegada e criar essa condição de insegurança.

O Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria da Segurança Pública não têm ascendência sobre a Polícia Civil e sobre a Polícia Militar, e estão absolutamente desmoralizados. Não existe comando.

Dr. Grella, a população precisa de paz, de tranquilidade e segurança para estudar, para trabalhar, assim como todos os profissionais da área da Segurança e Serviços Penitenciários. Apresente-nos seu plano para a Segurança Pública, para que o povo de São Paulo possa dormir tranquilo. Chega de pena de morte, chega de resistência, e chega de matar jovens negros na periferia. Chega. A escravidão acabou, a ditadura também. Não ajam com os mesmos métodos usados pela ditadura. Chega de resistência seguida de morte. Chega de revide. Chega de assassinatos de policiais que não tinham nada a ver com as situações de confronto, que são assassinados no bairro, por revide. Que se identifiquem os grupos de criminosos que agem dentro e fora das prisões.

Esse é um pedido do povo brasileiro, do povo paulista. Muito obrigado.

 

O Sr. Jooji Hato - PMDB - pelo art. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Alesp, desta tribuna, vários deputados falaram acerca da crise da violência sem precedentes na história do nosso País, uma violência que infelicita, mata, amedronta a população paulistana e o povo brasileiro.

Acredito que esteja havendo até mesmo uma repercussão internacional por causa dessa violência inaceitável. Acredito também que seja por falta de estrutura; é erro estrutural. Não temos uma educação fortalecida; não temos um esporte que direcione os jovens para o caminho do bem; não temos uma cultura forte, como em outros países; não temos religiosidade, extremamente importante nos nossos corações, porque quem tem Deus no coração não pratica violência; não temos geração de empregos, porque a violência afugenta o emprego, o investimento.

Em qualquer lugar deste País, principalmente nos finais de semana, numa praia ou praça deparamo-nos com esta situação: um cidadão com um carro pequeno que parece um trio elétrico. Ele abre o som de madrugada, na frente da sua casa, incomoda todo o entorno e ficamos vendo. Chamamos a Polícia, mas parece que isso não é um delito. Concedemos música pornográfica, com apologia ao crime. Quando uma pessoa depreda um orelhão ou o banco de um jardim, concedemos. Quando as pessoas fazem barulho pelas ruas, concedemos. Vamos concedendo e a criminalidade aumenta cada vez mais.

Então, é um erro estrutural. Se conseguirmos implantar a tolerância zero, no futuro, colheremos ordem pública, como acontece em qualquer lugar do mundo. No entanto, ignoramos os pilares que sustentam a violência. O álcool, que os jovens estão consumindo nas lojas de conveniência, nas ruas. Ao se vender bebida alcoólica, concedemos tudo isso. Os jovens estão indo para o caminho do álcool, da cocaína, do crack e do oxi, que é o último degrau na escala das drogas ilícitas.

O cidadão vai para o Paraguai, para a Bolívia, para a Colômbia, traz drogas e nós concedemos. Não examinamos, não fiscalizamos as fronteiras internacionais e interestaduais. Concedemos tudo isso e qual é a consequência? É o que estamos vivenciando nos dias de hoje: essa violência inconteste, radical, que nos envergonha, que nos deixa constrangidos.

Como médico, luto pela vida, e essa vida é banalizada. De quarta-feira para hoje, onze pessoas foram assassinadas na Cidade de São Paulo! É um absurdo essa guerra que não interessa! Matam, praticam a violência com o quê? Com armas! Essas armas vêm de onde? Vêm do Paraguai, da Bolívia, desses países nos quais, por meio de um telefonema, consegue-se encomendar uma arma, recebê-la no hotel em que está hospedado e adentrar com ela numa cidade brasileira.

Temos que fazer algo; temos que construir leis que ajudem a minorar essa violência. Fiz a Lei Seca, que controla a bebida alcoólica, mas é preciso fiscalização, é preciso pôr em prática, é preciso fazer blitz do desarmamento para retirar as armas de menores, de marginais que estão andando pela Cidade de São Paulo.

 

O SR. Jooji Hato - PMDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - Carlos Giannazi - PSOL - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os da Sessão Solene a realizar-se amanhã, às 10 horas, com a finalidade de homenagear os Cem Anos da CPFL.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 46 minutos.

 

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