26 DE NOVEMBRO DE 2008

171ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOÃO BARBOSA, MARCOS MARTINS, EDSON GIRIBONI e WALDIR AGNELLO

 

Secretário: MARCOS MARTINS, BRUNO COVAS e EDMIR CHEDID

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOÃO BARBOSA

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a visita de alunos da Associação Cultura dos Educadores e Pesquisadores da Universidade de São Paulo, da Mooca, nesta Capital, acompanhados pelos professores Fernando Américo e Paulo Edison de Oliveira.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Manifesta apoio à opinião do Presidente Vaz de Lima, exposta em artigo publicado pelo jornal "Folha de S. Paulo".

 

003 - MARCOS MARTINS

Assume a Presidência.

 

004 - JOÃO BARBOSA

Enaltece o trabalho realizado pelos deputados desta Casa em defesa da população paulista. Expõe fato ocorrido em evento, em que considerou ter sido desrespeitado. Informa que tomará providências cabíveis sobre o assunto.

 

005 - EDSON GIRIBONI

Assume a Presidência.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Concorda com o pronunciamento do Deputado João Barbosa, sobre o desrespeito aos parlamentares. Reclamou a falta de consulta aos Deputados, na venda do Banco Nossa Caixa. Afirma não ter havido audiência pública ou discussão a respeito do assunto. Repudia a determinação da Secretaria de Educação, em aplicar prova seletiva para os professores contratados da rede pública. Considera a medida punitiva e reafirma que só haverá promoção da qualidade de ensino através de mais investimentos.

 

007 - MARCOS MARTINS

Apóia o pronunciamento do Deputado João Barbosa sobre tratamento descortês recebido em algumas ocasiões. Parabeniza o município de Osasco, pelos 1º e 2º lugares em prêmio nacional do programa Bolsa Família. Explica que foram contempladas duas experiências desenvolvidas junto a beneficiários do PBF, o Portal do Trabalhador e a Oficina Escola Têxtil.

 

008 - ROBERTO MORAIS

Tece considerações a respeito da aprovação, ontem nesta Casa, de projeto relativo à Habitação. Relata questionamento que fez ao Secretário da referida Pasta, que informou que investirá todo montante orçamentário destinado à construção de casas, através dos convênios celebrados com as prefeituras.

 

009 - JOSÉ CÂNDIDO

Informa a realização de audiência pública, com a finalidade de discutir o tema "Reintegração Social Penitenciária", amanhã, nesta Casa. Salienta a importância dessa discussão para apresentar sugestões e soluções para problemas enfrentados pelos reintegrados.

 

010 - CONTE LOPES

Relata assalto ocorrido no município de Embu das Artes que, pela intervenção de policiais militares, terminou sem vítima. Enaltece o trabalho da Polícia. Afirma ser favorável à pena de morte para alguns tipos de crime

 

GRANDE EXPEDIENTE

011 - CONTE LOPES

Faz reflexão sobre a marginalidade. Relata casos policiais veiculados pela mídia. Pede o reconhecimento profissional e salarial dos policiais. Lembra que o trabalho policial é um dos mais difíceis e dos mais honrados. Elogia o recurso da videoconferência para audiência de detentos.

 

012 - MARCOS MARTINS

Lamenta o volume de dois mil projetos que compõem a Ordem do Dia de hoje. Questiona o fato de se apreciar projetos do governador, em detrimentos de matérias dos deputados. Repudia a venda do banco Nossa Caixa. Comenta relatório sobre e falta de higiene no Pronto Socorro do Hospital de Clínicas. Informa que levará o assunto ao conhecimento da Comissão de Saúde.

 

013 - ED THOMAS

Assume a Presidência.

 

014 - EDSON GIRIBONI

Endossa a fala do Deputado Marcos Martins, no que tange à apreciação de projetos dos Parlamentares. Relata sua participação em evento no Memorial da América Latina, organizado pela Secretaria do Meio Ambiente, sobre o programa "Município Verde". Espera que o assunto ganhe repercussão nacional. Cita projetos de sua autoria relativos ao tema. Propõe que este Legislativo tenha agenda ambiental.

 

015 - MARCOS MARTINS

Para comunicação, faz referências à fala do Deputado Edson Giriboni. Argumenta que se faz necessária a colaboração do Secretário do Meio Ambiente sobre problemas provocados pelo uso do amianto nas cidades de Avaré e Itapira.

 

016 - CARLOS GIANNAZI

Afirma que aumentou a arrecadação na gestão José Serra. Manifesta-se contrário à venda do Banco Nossa Caixa. Argumenta que a negociação vai gerar desemprego. Pede a valorização do serviço público. Combate a quantidade de praças de pedágios criadas na rodovia Castelo Branco e no Rodoanel, bem como a privatização de cinco estradas estaduais. Pede a mobilização de seus pares em relação ao assunto. 

 

017 - EDSON GIRIBONI

Assume a Presidência.

 

018 - ED THOMAS

Saúda o sargento Sandro Moreira, da Polícia Militar, em visita à Casa. Cita sua participação no evento "Município Verde". Informa que 2009 será o "Ano da Educação Ambiental". Parabeniza os prefeitos de sua região que assinaram o protocolo de intenções do programa. Apela aos demais prefeitos que façam o mesmo. Elogia as autoridades de Presidente Prudente quanto ao tratamento dado aos rios Cedro e Cedrinho.

 

019 - Presidente WALDIR AGNELLO

Assume a Presidência.

 

020 - ESTEVAM GALVÃO

Tece considerações sobre artigo, do Deputado e jornalista João Mellão Neto, publicado no jornal "O Estado de S. Paulo". Faz comentários sobre infração de trânsito, cometida por brasileiro residente nos Estados Unidos.

 

021 - Presidente WALDIR AGNELLO

Registra a presença do Sr. "Testinha", Prefeito eleito da Cidade de Poá, acompanhado do Deputado José Bittencourt.

 

022 - SIMÃO PEDRO

Pelo Art. 82, informa que houve entendimento na Comissão de Educação para a convocação da Secretária da Pasta, para tratar das dívidas trabalhistas das associações de pais e mestres e a bonificação aos professores. Recorda lei federal que trata da jornada de trabalho do Magistério. Faz convite para o seminário "Paz nas Escolas", a ser realizado no dia 10/12, nesta Casa.

 

023 - AFONSO LOBATO

Pelo Art. 82, fala sobre a realização de audiência pública, na Câmara Municipal de Caraguatatuba, dia 01/12, convocada pelos deputados da Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Paraíba, do Litoral Norte e da Serra da Mantiqueira, com a participação da Polícia Militar, para discutir o aumento da criminalidade na região. Acrescenta que foram convocados os prefeitos do Litoral Norte e os Consegs.

 

024 - SIMÃO PEDRO

Pede a suspensão dos trabalhos por trinta minutos, por acordo de Lideranças.

 

025 - Presidente WALDIR AGNELLO

Defere o pedido. Suspende a sessão às 16h41min.; reabrindo-a às 17h23min.

 

ORDEM DO DIA

026 - Presidente WALDIR AGNELLO

Põe em votação, e declara, a votos, aprovado requerimento, do Deputado José Bittencourt, de urgência ao PL 709/08. Põe em votação e declara, sem debates, a votos, aprovado requerimento, do Deputado Barros Munhoz, de urgência ao PLC 56/08.

 

027 - BRUNO COVAS

Requer a suspensão dos trabalhos até as 18 horas, por acordo de Lideranças.

 

028 - Presidente WALDIR AGNELLO

Defere pedido. Suspende a sessão às 17h25min.; reabrindo-a às 18h04min. Coloca em discussão o PL 580/08.

 

029 - JONAS DONIZETTE

Requer a prorrogação dos trabalhos por 15 minutos.

 

030 - Presidente WALDIR AGNELLO

Põe em votação, e declara, a votos, aprovado o requerimento de prorrogação da sessão por 15 minutos.

 

031 - SIMÃO PEDRO

Discute o PL 580/08.

 

032 - SIMÃO PEDRO

Solicita Verificação de Presença.

 

033 - Presidente WALDIR AGNELLO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada, que interrompe quando observa quórum.

 

034 - HAMILTON PEREIRA

Discute o PL 580/08.

 

035 - OLÍMPIO GOMES

Discute o PL 580/08.

 

036 - BRUNO COVAS

Pede a suspensão dos trabalhos por dez minutos, por acordo de Lideranças.

 

037 - Presidente WALDIR AGNELLO

Registra o pedido. Nos termos regimentais, convoca as Comissões de Constituição e Justiça, de Segurança Pública e de Finanças e Orçamento, para uma reunião conjunta a realizar-se hoje, às 19 horas e 03 minutos; e as Comissões de Constituição e Justiça e de Serviços e Obras Públicas para uma reunião conjunta, a realizar-se um minuto após o término da reunião anterior. Defere o pedido. Suspende a sessão às 19h03min.; reabrindo-a às 19h13min. Nos termos regimentais, convoca os Srs. Deputados para duas sessões extraordinárias, uma a realizar-se hoje, à hora regimental, e outra, no dia 27/11, às 11 horas, com a Ordem do Dia que anunciou. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/11, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, às 19 horas e 25 minutos de hoje. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. João Barbosa.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Marcos Martins  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - MARCOS MARTINS - PT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO  EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a visita a esta Casa dos alunos da Associação Cultura dos Educadores e Pesquisadores da Universidade de São Paulo - Mooca, São Paulo -, acompanhados pelos Professores  Fernando Américo e Paulo Edison de Oliveira. É uma alegria muito grande poder recebê-los nesta tarde. Nosso caloroso respeito ao bairro da Mooca, tão próspero e receptivo, e, acima de tudo, é o bairro onde o nosso Governador José Serra morou e estudou. Em nome do Presidente efetivo da Casa, Deputado Vaz de Lima, e dos 94 Deputados, agradecemos a visita. Parabéns. Sejam bem-vindos. (Palmas.)

Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Davi Zaia. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PV - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, jovens da Mooca que nos visitam, sejam bem-vindos. Hoje, também está nos visitando o Paulinho da Mooca, nosso amigo que, para mim, simboliza a Mooca muito mais do que o Governador.

Assomo à tribuna para falar sobre um artigo na “Folha de S.Paulo” de terça-feira, 25 de novembro, assinado pelo Presidente efetivo da Assembléia Legislativa, Deputado Vaz de Lima, que fala sobre a videoconferência e o federalismo. Esse artigo, que representa hoje a manifestação do nosso Presidente, portanto, a manifestação da Assembléia Legislativa, demonstra o inconformismo dos paulistas com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que julgou inconstitucional a lei que estabeleceu a possibilidade do procedimento de videoconferência para oitiva de presos no Estado de São Paulo. Na interpretação do Supremo Tribunal Federal, o Estado invadiu competência, legislando na esfera penal ou processual penal, sobre o que não seria de competência do Estado-membro, desconhecendo a própria competência concorrencial, previsível no próprio Art. 24 da Constituição.

Em outras matérias, por exemplo, a lei de proibição do uso de amianto, do Deputado Marcos Martins - lei fantástica -, é tão boa que o Governo esconde ser um projeto de Deputado e coloca que é um projeto de Governo.

Mas, na argüição de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal, ao “contrario sensu”, reconheceu a competência do Estado para legislar nesse procedimento.

Em relação à videoconferência, a própria Ministra Ellen Gracie, que foi voto vencido, deixa claro que o Estado legislou o aspecto da videoconferência num procedimento e não no processo penal, no instrumento.

Hoje são feitas nove mil escoltas de presos por mês no Estado de São Paulo. As escoltas de presos têm quatro, 10, 12, 20 policiais, dependendo do grau de periculosidade do preso. Grande parte dos policiais, que poderia estar nas ruas fazendo policiamento preventivo para que não ocorressem crimes, acaba sendo utilizada para fazer o que chamamos de “turismo do preso”. Ou seja, essas escoltas são colocadas na estrada, facilitando o resgate de presos e colocando a vida dos policiais em risco.

No Estado de São Paulo, onde o Governador proibiu as escoltas de usarem fuzis, imaginem o risco para o policial. Total. E, no momento em que temos, além de um gasto vultoso do Estado, o desvio de finalidade de policiais para exercer essa atividade.

Congratulo-me com o posicionamento do Presidente da Assembléia Legislativa quando ele faz um artigo dizendo que há o anseio desta Casa de fortalecer o federalismo para que o Estado possa legislar, sim, em esferas de interesse público, haja vista - para que as pessoas possam entender - a complexidade e a multiplicidade de situações no nosso País.

No Estado de São Paulo, por exemplo, temos 23% da população brasileira.Quase a metade dos presos do Brasil, 45%, está no Estado de São Paulo e para transportar esses presos para serem ouvidos desviamos quase que todo efetivo policial para isso.

Hoje estamos na era da Informática. O computador permite uma ampla defesa, permite que o juiz possa ter, pela imagem, um juízo de valor em relação ao preso. Então, a minha manifestação de satisfação pelo posicionamento da Assembléia Legislativa de São Paulo, através do nosso Presidente, nesse artigo.

Espero que o Supremo Tribunal Federal, as autoridades constituídas do nosso País comecem a pensar mais no interesse público, em atender a população disponibilizando os policiais para que a proteja antes que o crime ocorra e não colocar todo efetivo policial para sair fazendo escolta de presos, simplesmente para dar mais morosidade aos processos, para facilitar a vida de advogados e a não condenação de facínoras que não merecem estar no seio da sociedade. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOÃO BARBOSA - DEM - Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Waldir Agnello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.)

 

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-              Assume a Presidência o Sr. Marcos Martins.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa.

 

O SR. JOÃO BARBOSA - DEM - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia e jovens que nos acompanham das galerias, o que me traz, hoje, à tribuna é fazer um desabafo com uma certa dor, uma certa tristeza. Todos temos conhecimento da grandeza deste Parlamento e temos visto a dedicação dos nossos pares, o trabalho de cada um dos Deputados para fazer com que este Estado seja bem administrado e quantas horas de debates, quantos dias aqui de trabalho para fazer com que o povo deste Estado seja respeitado, bem remunerado. Cobramos, exigimos os direitos da sociedade.

Sr. Presidente, a minha tristeza é porque, quando nós somos convidados a ir a uma Secretaria ou a algum outro lugar, somos tratados como se fôssemos ninguém. Não queremos ser tratados com honras e glórias. Queremos ser respeitados e é o que fazemos aqui neste Parlamento: respeitar a sociedade, a população. A única coisa que queremos é respeito.

Pasme, Sr. Presidente, quando precisamos falar com um Secretário de Estado ou do Município, temos que identificar com a secretária do Secretário. A minha secretária liga para a secretária do Secretário para marcar com ele uma reunião ou uma audiência – é natural um parlamentar marcar uma audiência, ele tem o direito de ir a uma Secretaria - passa-se o telefone para o Secretário e ele volta para sua secretária dizendo para perguntar ao Deputado se pode adiantar a sua conversa, o que tem a tratar com ele. É dessa forma que temos sido tratados nas Secretarias - não digo todas. Primeiro, nós temos que dizer ao Secretário o que queremos falar com ele. Tivemos aqui uma parlamentar que teve que abrir a sua bolsa para ser vistoriada quando saía de uma Secretaria.

Recebi um convite para ir a um evento num memorial. Hoje, fui a esse evento, mas não fui bem recepcionado. Convidei prefeitos das nossas bases, vereadores, que ganharam as eleições nos seus municípios, para abraçá-los e lá vi uma cena desagradável, desconfortável, tudo o que se possa imaginar de desorganização. Mais triste ainda foi quando cheguei lá para me identificar e não tinha crachá. Perguntei por que não tinha e a menina disse que o meu gabinete é desorganizado. Liguei para minha secretária para chamar a sua atenção. A menina disse que estava brincando comigo. É assim que tem nos tratado. É com brincadeira que se trata um parlamentar, imagine como se trata a população. Fiquei estarrecido porque um parlamentar tem de esperar ser anunciado, ser chamado para compor uma mesa. Fomos convidados! O Deputado Mauro Bragato, o Deputado Samuel Moreira, Líder do PSDB, o Deputado Gilmaci Santos, Líder do PRB, eu, que não sou nada, sou apenas um vice-Lider do partido, e outras autoridades ficamos encostados.

Sr. Presidente, saindo daqui, vou para o Conselho das Prerrogativas dos Parlamentares para levar isso ao competente Líder, por quem tenho o maior respeito, Deputado Campos Machado. Vamos tratar com ele sobre esse assunto com muito cuidado porque os Parlamentares desta Casa não têm sido respeitados, não têm sido tratados com respeito. Eles têm tratado os Parlamentares de uma forma insignificante.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCOS MARTINS - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Eli Corrêa Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.)

 

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-  Assume a Presidência o Sr. Edson Giriboni.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembléia, professores, alunos, o Deputado João Barbosa acabou de fazer uma grave denúncia em relação ao Poder Executivo, que tem tratado a Assembléia Legislativa com desprezo.

Deputado Marcos Martins, se o Deputado João Barbosa, que é da base governista, é tratado dessa maneira, imagine nós da oposição, do PSOL, do PT e o Deputado Olímpio Gomes. A situação é muito pior ainda, mas esta tem sido a tônica deste Governo. O Executivo tem desprezo pelo Legislativo. O Legislativo é um óbice que o Executivo tem de enfrentar, um peso que tem de carregar constantemente. Estamos acompanhando o caso do Banco Nossa Caixa. O Governador José Serra vai vender o Banco Nossa Caixa, um banco público do Estado de São Paulo, para o Governo Federal e nem discutiu com a Assembléia Legislativa. Não tivemos nenhuma discussão, nenhuma audiência pública e pior, Deputado Marcos Martins: tenho informações de que nem houve discussão com a própria bancada governista, muito menos com a Bancada do PSDB. A Bancada do PSDB não foi consultada. Para o Governo Estadual a Assembléia Legislativa não serve para nada, só para homologar suas decisões e atender seus interesses.

Mas eu gostaria hoje de levantar uma outra questão extremamente preocupante.

Recentemente a Secretaria Estadual da Educação publicou no “Diário Oficial” uma resolução fruto de um decreto também da Secretaria da Educação, o Decreto nº 53.037/07,criando a chamada prova seletiva para os 100 mil professores ACTs e OFAs, aqueles professores que foram admitidos pela Lei nº 500, de 1974, uma avaliação seletiva sem o menor cabimento, sem a menor necessidade. Essa medida tem como objetivo punir e perseguir os professores ACTs e OFAs da rede estadual. Não há outro objetivo.

Essa legislação - o decreto complementado pela resolução publicada recentemente no “Diário Oficial” - vem no sentido de perseguir, de punir os professores da rede estadual de ensino pela crise educacional do Estado, crise educacional causada não pelo desempenho do professor mas pela falta de investimento governamental. Não há política educacional, não há financiamento da Educação, mas o Governo quer encontrar um bode expiatório e o bode expiatório para o Governo é o professor, é o Magistério estadual. Entre as diversas medidas punitivas da Secretaria Estadual da Educação temos mais essa ainda: os professores serão obrigados a fazer uma prova seletiva anualmente, quer dizer, um gasto desnecessário para o Estado, um desperdício do dinheiro público, dinheiro do orçamento da Educação, uma prova seletiva sem fundamento que é feita a partir de uma proposta curricular extremamente duvidosa e discutível do ponto e vista pedagógico, que, aliás, já foi muito criticada não só pelo Magistério mas por especialistas. Contudo, está aí a prova: os professores terão de passar por ela sem a mínima necessidade.

Nosso mandato já protocolizou um PDL para revogar essa medida absurda, insana, perversa, danosa da Secretaria Estadual da Educação, que vai prejudicar mais de 100 mil professores ACTs e OFAs admitidos pela Lei nº 500, de 1974.

Nesse sentido, faço um apelo aos 94 parlamentares da Assembléia Legislativa: votem no nosso projeto para revogar essa medida que vai prejudicar o Magistério e indiretamente os seis milhões de alunos da rede estadual de ensino. Um verdadeiro absurdo.

A Secretaria da Educação, ao invés de atacar as verdadeiras causas da degradação da crise educacional no Estado de São Paulo,  fica atacando os professores ACTs. Cem mil professores ACTs serão prejudicados por essa malfadada prova seletiva, que não tem o menor cabimento e repito só vai desperdiçar recursos públicos da Educação. Por isso pedimos apoio para que o nosso projeto seja aprovado imediatamente e a resolução anulada.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembléia, público presente nas galerias, quero registrar também minha solidariedade ao Deputado João Barbosa pelo tratamento recebido pelos Secretários de Estado mencionados. Deputado precisa ser respeitado como tal, não mais que isso.

Peço licença para registrar uma homenagem à Cidade de Osasco, um prêmio que a cidade recebe pelo Ministério do Desenvolvimento Social.

“Osasco ganha 1ª e 2ª colocação nacional em prêmio do Bolsa Família

Ontem, dia 25, o Ministério de Desenvolvimento Social, por meio do 2º Prêmio Práticas Inovadoras na Gestão do Programa Bolsa Família, reconheceu duas experiências desenvolvidas pela Prefeitura de Osasco, como as melhores práticas brasileiras junto a beneficiários do Bolsa Família: o Portal do Trabalhador e a Oficina Escola Têxtil. Ambas são desenvolvidas pela Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão (SDTI), sendo a segunda em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com a Associação Eremim.

Foram analisadas 692 experiências, vindas de municípios e estados de todo o Brasil. A bancada examinadora era formada por acadêmicos e representantes da ONU (Organização das Nações Unidas), Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

O Prefeito em exercício Faisal Cury e a Secretária Dulce Helena Cazzuni (SDTI), foram a Brasília receber a premiação. O prêmio inclui duas viagens internacionais para intercâmbios voltados a projetos de inclusão. Dois técnicos da SDTI, um do Portal do Trabalhador e outro da Oficina Escola Têxtil, embarcarão em 10 de dezembro para o México, onde conhecerão práticas inovadoras na área.

O Portal do Trabalhador é experiência pioneira no Brasil. Com duas unidades na cidade, reúne políticas públicas de trabalho e programas sociais. Com sua criação, Osasco passou a ser uma das 14 cidades brasileiras que municipalizaram e integraram as políticas públicas do setor, que incluem intermediação de mão-de-obra, qualificação profissional e geração de renda. Além disso, Osasco é a primeira cidade do País a reunir esses serviços a ações de cadastro e atualização de dados em programas sociais como o Bolsa Família.

O Oficina Escola atende beneficiárias do Bolsa Família, promovendo formação profissional na área de confecção de roupas. As costureiras bolsistas adquirem a prática do oficio produzindo os uniformes escolares dos alunos da rede municipal. Recebem formação pelo Senai e ganham auxílio financeiro mensal.

Embora não tenha chegado à etapa final, o Projeto Desafio, parceria da Secretaria de Esportes com a SDTI, também inscrita pela Prefeitura de Osasco no concurso, foi selecionado para fazer parte do Observatório de Boas Práticas na Gestão do Bolsa Família, e será exposto no site e em uma publicação do Ministério do Desenvolvimento Social. O projeto proporciona acesso ao aprendizado de uma modalidade esportiva (natação, atletismo e ginástica olímpica) a crianças de famílias de baixa renda.”

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Bruno Covas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.)

Srs. Deputados, esgotada  a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra  nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Te a palavra o nobre Deputado Vanderlei Siraque. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Said Mourad. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado  Mário Reali. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia, nossa assessoria, poderemos ter aqui hoje a votação dos quatro projetos da Polícia, cujo acerto foi feito ontem no Colégio de Líderes.

Entendo que a Casa está no caminho correto para podermos fechar o ano votando o Orçamento e tudo mais ainda neste ano de 2008, como ocorreu no ano passado. O esforço dos deputados e dos líderes de partido é nesse sentido.

Ontem a Casa votou o 1% da Habitação. Recordo-me que em anos anteriores houve muitas discussões em cima desse projeto e ontem, após uma discussão plenária, ocorreu a votação e a aprovação do 1% para a Habitação.

Tive hoje uma audiência com o Secretário Dr. Lair Krähenbühl e fiz a ele alguns questionamentos. Ontem fiz a defesa da sua gestão enquanto Secretário da Habitação do Governo Serra e falamos do Programa PHAI, programa de construção das casas próprias com três dormitórios; falamos da colocação dos aquecedores solares nas casas, que são inovações levadas à Secretária da Habitação para dar um pouco mais de tranqüilidade para aquelas pessoas que têm a sorte de conseguir, por sorteio nos seus municípios, a tão sonhada casa própria, ter uma condição de vida um pouco melhor, o que tem sido proporcionado por esse Governo.

Questionei sobre o 1%, já que ontem foram feitas aqui algumas críticas no sentido de que nesses anos de governo tucano esse 1% não está sendo investido. Tenho os números deste ano. No Orçamento que aprovamos no ano passado para este ano 1% representa 550 milhões, dos quais 450 milhões foram investidos até outubro. Faltando dois meses para acabar o ano, o Secretário disse que pode até faltar dinheiro, embora ele ainda tenha no seu orçamento a previsão de gastar mais 300 milhões. O 1% que vamos aprovar no Orçamento do ano que vem vai significar algo em torno de 843 milhões para a Habitação.

Isso é muito importante já que o Secretário disse que precisa desses recursos. Se há o convênio com os prefeitos, as prefeituras sendo ágeis, entregando no decorrer do período toda a planilha, assinando os convênios com a CDHU, o dinheiro é imediatamente liberado. E se não for, acaba ficando empenhado para o ano subseqüente.

Esse esclarecimento é importante já que o Secretário Lair Krähenbühl, juntamente com seus técnicos, tem feito um trabalho muito sério à frente da Secretaria da Habitação e esse dinheiro tem sido muito bem usado.

Falo isso pela minha região. Disse aqui ontem que nesses quase dois anos de mandato do Secretário, estive reunido várias vezes com prefeitos e vereadores na região de Piracicaba. Na semana passada ele assinou mais um convênio para 600 casas para a Cidade de Piracicaba e nós estamos na expectativa. Vamos trazer os novos prefeitos, os eleitos e os reeleitos, para São Paulo, para que possam começar a despachar ainda este ano, mesmo antes de tomar posse e iniciar o mandato; para que possam começar a conversar com o Secretário e fazer os seus pleitos. Muitas cidades já têm os terrenos prontos para fazer o convênio com o Estado e construir as casas. Hoje mesmo o prefeito de Charqueada – município onde nasci - esteve em nosso gabinete. O bairro de Paraisolândia, na zona rural dessa cidade, tem o terreno da Prefeitura, que vai dar toda a infra-estrutura. Ali há espaço para construir de 60 a 70 casas. Então, as prefeituras têm os terrenos, a CDHU tem o dinheiro, e o Secretário está preocupado em melhorar a condição de vida do povo do Estado de São Paulo.

É esse o esclarecimento que faço em relação ao uso desse 1% que aprovamos ontem.Vamos votar o Orçamento do Estado e o valor para o ano que vem significa em torno de 843 milhões para que possamos ter investimento na área social, que também é a construção de casas, e como eu disse, melhorando as condições acrescentando um quarto, dando melhores condições de vida àquelas pessoas que forem contempladas com suas casas próprias.

Obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, e a todos aqueles que estão nos acompanhando através da TV Assembléia.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado José Cândido, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. JOSÉ CÂNDIDO - PT - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, mais uma vez venho à tribuna para fazer um comentário e ao mesmo tempo um convite à reflexão para a população brasileira, principalmente para a população paulista.

Vamos realizar uma Audiência Pública amanhã, na Assembléia Legislativa, para discutir o problema dos egressos do sistema prisional, ou seja, dos presos que após cumprirem a pena voltam para a sociedade e às vezes não são aceitos por ela, ficam sem emprego, sem apoio da própria família e da comunidade, e acabam voltando para o crime. Por isso, como presidente da Comissão de Direitos Humanos conversei com o Dr. Mauro Bittencourt, que é responsável por essa área no Estado de São Paulo, também conversei com o Presidente desta Casa, nobre Deputado Vaz de Lima, quando surgiu a idéia de realizarmos uma Audiência Pública para ouvir sugestões e conhecer projetos que estão no papel e não entram em prática nas cidades do nosso Estado.

Para fazer as discussões nessa importante Audiência Pública foram convidadas pessoas comprometidas e representantes de entidades ligadas ao assunto. É notória a reclamação da sociedade. É complexo falar em construção de penitenciárias e presídios, porque muitas cidades não querem sediá-los. Mas é preciso construí-los porque há muitos condenados para ocupá-los. Acho também que há discriminação da sociedade em relação aos egressos do nosso sistema prisional. Por isso é importante ouvir as pessoas da sociedade civil e do poder público que têm sugestões e soluções que podem ser colocadas em prática para resolver o problema.

Aproveito a oportunidade para, de público, convidar a sociedade civil e as entidades interessadas no assunto para participarem dessa importante Audiência Pública que será realizada amanhã, às 14 horas e 30 minutos, no auditório Teotônio Vilela, no 1º andar da Assembléia Legislativa.

Obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aqueles que nos acompanham pela TV Assembléia, nesta madrugada, policiais militares do 36º Batalhão, em patrulhamento em Embu das Artes, viram que um táxi entrou na contramão, abordaram o veículo, dois homens e uma mulher tentaram fugir. Os policiais conseguiram deter as três pessoas. Enquanto eles averiguavam o veículo, eles ouviram gritos de socorro. Verificaram o porta-malas do veículo e lá estava uma taxista de 62 anos que foi assaltada às três horas da madrugada de hoje. Ela atendeu o chamado de um casal para fazer uma corrida; o casal pediu que ela parasse em determinado local e entrou mais um indivíduo no carro; eles começaram a usar drogas, anunciaram o assalto e colocaram a mulher no porta-malas do veículo. Um dos bandidos e a taxista se conheciam.

Então, no momento em que os policiais militares do 36º Batalhão pararam aquele táxi e salvaram aquela mulher, ela estava sendo levada para ser assassinada. Ela gritava: “Esses caras iam me matar porque eu os conhecia.” Inclusive o táxi havia sido vendido pela mulher que estava dentro do carro enquanto a taxista estava no porta-malas.

Vejam que tipo de bandidos nós temos: covardes, covardes, covardes. Se não fossem os policiais militares evidentemente essa taxista estaria morta. E é importante falar que a taxista paga com os impostos o salário do Presidente da República, do Serra, do meu, de todos os deputados, dos juízes, do promotor, e foi colocada no porta-malas do táxi e  ia ser assassinada. Vejam o ponto a que chegam os bandidos.

Por isso somos favoráveis à pena de morte em determinados tipos de crime. Recuperação? Mas que recuperação? Os dois homens são já têm passagem pela polícia; a mulher não, porque completou 18 anos recentemente. Vejam o procedimento dos bandidos: eles condenaram essa taxista à morte, uma mulher que estava trabalhando às três horas da madrugada. Que dinheiro ela tem? Que riqueza ela tem? Seria assassinada porque reconheceu os bandidos. Notem a periculosidade dos marginais que temos em São Paulo e no Brasil. Eles não acreditam na Justiça. Se há 150 mil presos em São Paulo é porque as Polícias Civil e Militar trabalham, prendem. Aliás, o trabalho mais difícil que existe é o da Polícia. Juiz ganha bem – parabéns, tem que ganhar; promotor ganha bem – parabéns, tem que ganhar; mas o policial também deveria ganhar bem pela função que exerce, pelo trabalho que acaba executando. É só uma colocação que queríamos fazer aqui a respeito da periculosidade dos bandidos que atacam uma taxista a ponto de assassiná-la para roubar 50 reais.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE  EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra, por permuta de tempo com o nobre Deputado Vinícius Camarinha, o nobre Deputado Conte Lopes, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, agradeço a permuta de tempo com o nobre Deputado Vinícius Camarinha e continuo o meu raciocínio.

Na verdade, se há 150 mil presos em São Paulo, é porque essas pessoas optaram pelo mundo do crime. Existem várias profissões para escolher. Pode ser pedreiro, jornaleiro, enfim, há muitas profissões a seguir sem se enveredar pelo mundo do crime. Mas se a pessoa quer seqüestrar, quer assassinar, evidentemente é uma opção de vida que o indivíduo tem. Ele optou por ser bandido, optou pelo mundo do crime. Ele não quis ser trabalhador. Quem vai dar trabalho, vamos dizer assim, para um estuprador homicida? Alguém tem coragem de dar trabalho a um cidadão com essa ficha criminal? Se você tivesse uma filha, teria coragem de levar para sua casa um indivíduo como esse? Ele não é só estuprador. Ele é estuprador homicida; além de estuprar ele mata. Quem pode dar colher de chá a um cara desses? Alguém o leva para casa? Esse tipo de gente é bom colocar na casa dos outros. Porém na própria casa ninguém quer.

Por falar em estuprador homicida, esta manhã, também na Rádio Cidade, falamos com um investigador de polícia, o Armando, que prendeu um outro bandido. Olha o que o bandido fez: o bandido se aproxima de uma mulher no Itaim Paulista, divisa de Ferraz de Vasconcelos, diz para ela “faz de conta que você é minha namorada” - isso à noite, uma menina evangélica de 18 anos de idade - “e você me acompanha de mãos dadas”. E ele com uma faca na cintura. Ele a leva para uma empresa onde trabalhou, lá abusa sexualmente da mulher e depois tenta cortar o pescoço dela com a faca. Sem conseguir, acaba enterrando essa mulher viva. Acabou colocando-a dentro de um bueiro de 50 centímetros de diâmetro. A imprensa toda noticiou; todo mundo sabe disso. E os policiais de Ferraz de Vasconcelos, fazendo uma investigação, um levantamento, conseguiram localizar o criminoso e colocá-lo na cadeia.

Essa moça foi ouvida. Ela ficou 40 horas dentro do bueiro. No outro dia ele voltou ao local, abriu o bueiro e ela se fingiu de morta. E ele, achando que ela já estava morta, foi embora.

Os investigadores de Ferraz Vasconcelos, com quem conversamos na manhã de hoje, conseguiram chegar ao criminoso. O bandido já puxou 10 anos de cadeia. É filho de uma vereadora de um município do Maranhão, mas já puxou 10 anos de cadeia por assalto. E aí perguntamos: que recuperação tem um cara desses? E estava trabalhando. Era vigia da firma. E usou o local de trabalho para jogar a moça dentro, uma menina de 18 anos de idade.

Infelizmente muitas pessoas optam pelo mundo do crime porque querem. Evidentemente se a pessoa não quiser ser estuprador, assaltante, enfim criminoso, não entra no mundo do crime. Dessa forma ele não vai encher nossas cadeias.

Há 150 mil presos nas cadeias, o que demonstra que tanto a Polícia Civil quanto a Militar de São Paulo trabalha. Não é reconhecida em termos salariais? Não, não é reconhecida. E falamos isso há 20 longos anos. Talvez a polícia não saiba buscar seu valor enquanto policial. Fica olhando o salário do promotor, do juiz. Se a polícia se unisse mais, trabalhasse unida e demonstrasse para a sociedade o trabalho que faz, talvez lhe dessem o devido valor.

O presídio da Polícia Civil está lotado de policiais corruptos. O presídio da Polícia Militar também está lotado de policiais corruptos, que também cometem crimes como os policiais civis. E quem prende os policiais corruptos? Alguém já parou para pensar nisso? Quem prende o policial que não presta, aquele que burla a lei? É o bom policial. Não é o juiz de direito, não é o promotor, nem é o jornalista. É noticiada a denúncia do promotor, o julgamento, mas quem faz a investigação e quem vai prender é o policial bom. É aquele que trabalha honestamente e por isso mesmo deveria ser valorizado por ser honesto.

Quando pagamos um péssimo salário, criamos uma inversão de valores. Às vezes o bom policial é jogado de lado. Por isso achamos que o policial tem que ser valorizado pela sua função, ou seja, a de policial, que é a profissão mais difícil e mais honrada do mundo.

Quem é que trabalha sábado e domingo? A Polícia está lá trabalhando. Estão lá o policial militar, o investigador, o delegado e o escrivão exercendo sua atividade. Carnaval, Ano Novo, Natal, lá está o policial trabalhando, como este Deputado trabalhou muitas noites de Natal e Ano Novo; se foi escalado tem que trabalhar. Qual é outra profissão que faz essa atividade? Mas, infelizmente, a Polícia mesmo não consegue bater nessa tecla da valorização daquilo que faz. O reconhecimento pelo trabalho feito tem que vir, realmente, das autoridades.

Se as cadeias estão lotadas de bandidos é porque a Polícia trabalha. O pior é que eles saem e vão assaltar novamente. Pode fazer o que quiser para tentar recuperá-los. Pode dar carinho, beijo na boca, que o desgraçado saindo de lá vai novamente cometer crime. Pode prometer o que quiser; todo mundo sabe disso. E o cara fala que está arrependido do que fez etc. Logo ao chegar na Casa de Detenção o cara já vira evangélico. O detento pega uma Bíblia e diz “agora estou recuperado”. Recuperado coisa nenhuma. Saiu de lá já parte para o mundo do crime novamente. Falamos isso com conhecimento de causa.

Precisamos valorizar o policial. E muitos acabam perdendo a vida. Policiais civis e militares estão sendo caçados em suas casas.

Ontem mesmo recebemos a visita de alguns desembargadores e estávamos falando, entre outras coisas, sobre videoconferência. A melhor coisa que pode ter para a sociedade é a tal videoconferência. Ter que trazer o Marcola lá de longe para ser ouvido aqui? Para essa operação são necessários não sei quantos policiais; isso tudo só para levar um cara do PCC daqui para lá. E esses desembargadores estão assustados, e dizem que podem até ser anulados os julgamentos desses detentos que, assim, serão colocados na rua.

Outro dia o Supremo Tribunal Federal decidiu colocar 12 ou 15 bandidos do PCC na rua, bandidos esses que foram presos pelo Deic, armados com fuzis, metralhadoras, no momento em que iriam atacar o presídio de Franco da Rocha. A polícia foi lá e prendeu todo mundo. O advogado entrou com recurso pelo tempo que ficaram presos e o Supremo Tribunal Federal já estava liberando os bandidos. Foi preciso uma juíza de São Paulo manter a prisão; uma juíza corajosa.

Às vezes a Polícia fica de seis meses a um ano para prender um bandido e numa penada se solta um monte deles na rua. Isso ninguém vê.

Portanto, nos dois casos que citei hoje temos que valorizar o policial. Primeiro, o caso da taxista que foi salva pela Polícia Militar. Ela ia ser assassinada quando foi encontrada dentro do porta-malas do veículo. Ela estava ouvindo a conversa dos bandidos de que ia ser morta porque ela conhecia o assaltante. No outro caso, o Armando, juntamente com sua equipe - os investigadores de Ferraz de Vasconcelos - prenderam o bandido que jogou a moça viva dentro de um bueiro para morrer. Ela ficou lá 40 horas e só não morreu porque Deus não quis. Que recuperação tem para um cidadão que comete um crime dessa natureza? Pelo contrário, temos que valorizar o policial. Não adianta termos uma polícia de primeiro mundo pagando um salário de terceiro mundo. Tem policial dirigindo helicóptero de três milhões, delegados do Garra, tenente da PM; soldado dirigindo carro de bombeiro importado.

E o policial, não tem de ser valorizado? Não tem de receber um bom salário? Sabemos muito bem até do êxito de policiais que acabam indo embora para as empresas privadas de segurança, ou que vão trabalhar em outro estado. Em Brasília, um delegado começa com 11, 12 mil, e um soldado com sete. São Paulo, o estado mais rico da Nação, infelizmente paga um dos salários mais baixos. É importante que as nossas autoridades constituídas esqueçam um pouco a ditadura militar e lembrem que os policiais civis não são o Delegado Paranhos Fleury, que os soldados da PM não são o Castelo Branco. Que a Polícia seja reconhecida pelo trabalho que faz, dando segurança à sociedade.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins, por cessão de tempo do nobre Deputado Antonio Mentor.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia, público presente, eis o nosso pacote de projetos para serem votados. Em 173 anos de Casa, os projetos chegaram ao número dois mil. Quantos projetos e vetos de deputados temos aqui para serem votados? Não temos de votar apenas os projetos do Governo do Estado que chegam em regime de urgência, mas também os da Assembléia. São 94 deputados; certamente todos devem dar algum tipo de contribuição, apresentando projetos. Devo ter uns oito, aproximadamente, na fila, aguardando para serem apreciados. Temos de valorizar o Parlamento, votando projetos dos deputados, senão viramos uma extensão do Executivo, votando só o que o Executivo deseja.

Por exemplo, recebemos o projeto do Governo que autoriza a venda do Banco Nossa Caixa. É uma atitude na contramão da História. Trata-se do único banco público do Estado de São Paulo. O maior estado da Federação, o mais pujante, abre mão de um banco público que sempre ajudou no crescimento e desenvolvimento do Estado, das prefeituras, dos micro e pequenos empresários. Ainda bem que está sendo comprado por um banco público, o Banco do Brasil. Mas lamentamos que o Governo queira abrir mão desse banco público tão importante. Já vendeu o Banespa e já mandou fazer avaliações de diversas empresas estaduais, inclusive as extremamente importantes, como o Metrô e a Sabesp, para futuras privatizações. E depois, quem vai dar as regras de preços e onde aplicar os recursos é a iniciativa privada. Aí o Estado, que deveria fazer a mediação, vai ficar pedindo com pires na mão para a iniciativa privada fazer isso ou aquilo. É lamentável que essa onda privatista continue imperando no Estado de São Paulo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Ed Thomas.

 

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Por falar em ondas privatistas, temos a seguinte denúncia numa manchete de jornal: “Sem sabão, com aparelhos sujos, você está no Hospital das Clínicas. Denúncia de falta de higiene. Relatório do próprio Hospital das Clínicas aponta falhas graves de infecção no seu pronto-socorro. A situação do pronto-socorro é igual à de muitas outras unidades públicas e privadas do País.”

Gostaria de deixar também a minha indignação. Já assistimos a muitas denúncias, inclusive a dos parasitas, que envolve 21 hospitais públicos do Estado de São Paulo. E agora mais essa, envolvendo o nosso querido Hospital das Clínicas, um hospital renomado até internacionalmente. Isso coloca em risco a saúde da população.

“Nada menos do que 20 falhas no controle de infecções no pronto-socorro do maior hospital da América Latina são apontadas no relatório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.”

Como membro da Comissão de Saúde vou pedir que nos enviem cópias desse relatório para que os deputados da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa tomem alguma posição. Quando pedimos que aqui comparecessem os diretores dos hospitais envolvidos no caso da Operação Parasitas, um dos deputados da base do Governo disse que era inoportuno. Outro disse que a Polícia já estava investigando e, para não a atrapalhar, não deveríamos chamá-los. É lamentável que um deputado transfira a sua responsabilidade, a sua tarefa de fiscalização para a Polícia. Apoiamos aqui o movimento da Polícia. Ela tem de ser respeitada, ter um salário decente, mas tem a sua função. Agora, o deputado também tem a sua função: além de apresentar projetos, votá-los, não pode deixar que nenhuma situação chegue a esse ponto vergonhoso. Os deputados têm contribuições para dar à sociedade - foram eleitos para isso - e têm também de exercer o seu papel de fiscalização e não achar que é inoportuno fiscalizar os hospitais denunciados pela Polícia.

Devemos exigir do Governo do Estado respeito quando visitamos uma Secretaria, já que o Deputado João Barbosa se sentiu constrangido ao visitar uma Secretaria do Estado. É por isso, porque nós não assumimos o nosso papel. Ficamos transferindo para a Polícia o papel de deputado, e nem a Polícia pode transferir as suas funções para um deputado. Cada um tem a sua função.

Vamos pedir cópia desse relatório do Hospital das Clínicas para que a Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia Legislativa se manifeste. Sem sabão, com aparelhos sujos, com manchas de sangue - assim se encontra o Hospital das Clínicas. É uma questão de saúde pública a situação do HC.

Já tivemos denúncias nos Hospitais Dante Pazzanese, Pérola Byington e Emílio Ribas, onde os laboratórios foram privatizados. A Comissão de Saúde visitou o Hospital Emílio Ribas, na Avenida Dr. Arnaldo. E temos inúmeros problemas também no Hospital do Servidor Público Estadual.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ED THOMAS - PSB - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Edson Giriboni, por permuta com o nobre Deputado Antonio Salim Curiati.

 

O SR. EDSON GIRIBONI - PV - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente nas galerias, funcionários, telespectadores da TV Assembléia, eu ouvia o Deputado Marcos Martins, vendo a sua ansiedade, a sua vontade de que projetos dos Deputados sejam votados por esta Casa de Leis.

Realmente, é uma dificuldade muito grande. Há um afunilamento, e poucos dos nossos projetos são votados por esta Casa. O nobre Deputado Marcos Martins me lembra que alguns, quando votados, acabam sendo vetados. Tive o privilégio de ter um projeto - sobre Licença-Maternidade - que acabou virando lei. Fui um dos poucos privilegiados, mas precisamos de mais.

Hoje pela manhã estive num evento no Memorial da América Latina, com relação ao programa “Município Verde”, do Governo do Estado, comandado pela Secretaria do Meio Ambiente, do Secretário Francisco Graziano. A grande maioria dos 645 municípios, com a exceção de alguns poucos, aderiu ao programa, e hoje foram apresentadas as primeiras avaliações quanto às ações que os municípios vêm fazendo ao longo do ano, objetivando as metas estipuladas pelo programa.

Muitos municípios realmente priorizaram a questão ambiental e procuraram atingir as metas estabelecidas. Foi divulgada no evento a classificação dos municípios, com as notas aferidas mediante as avaliações das metas em relação a cada item do programa.

Ficamos muito entusiasmados com os resultados. Pudemos presenciar alguns municípios que cumpriram praticamente todas as obrigações previstas no “Município Verde”. Alguns municípios foram contemplados, outros não, mas também apresentando os seus planos de ação e as suas metas dentro do protocolo entre a Secretaria do Meio Ambiente e os municípios. Alguns poucos municípios não apresentaram seus planos de trabalho.

A partir de hoje essas informações estão disponibilizadas no “site” da Secretaria do Meio Ambiente. É importante que todos os munícipes dos 645 municípios do Estado de São Paulo acessem esse “site”, onde o cidadão comum pode verificar se o seu município está realmente priorizando a questão ambiental, como está a situação do seu município, a classificação de cada município dentre os 645 do Estado.

Tenho a plena convicção de que aqueles municípios que não assinaram ainda o protocolo de adesão ao programa, ou aqueles municípios que assinaram, mas que ainda não apresentaram o seu plano de trabalho - são vários municípios ainda nessas condições -, e aqueles municípios que apresentaram o plano de trabalho e começaram a agir, mas ainda apresentam uma classificação inferior em relação àqueles municípios que realmente têm cumprido a sua responsabilidade ambiental, tenho a certeza de que esses municípios, a partir de agora, começarão a colocar a questão ambiental como prioridade no seu governo, principalmente agora que estamos prestes a iniciar um novo mandato nos municípios, para os próximos quatro anos.

Quando o cidadão, ao acessar o “site” da Secretaria, constatar que o seu município ou não assinou o protocolo, ou está deixando de cumprir as metas estabelecidas, ou sequer apresentou um plano de ação para atender às demandas ambientais, tenho a certeza de que esse cidadão cobrará imediatamente o prefeito ou o vereador de sua cidade, para que o seu município também dê a contribuição ao Estado de São Paulo, ao Brasil e ao próprio planeta, na questão ambiental.

É uma responsabilidade de todos os cidadãos, paulistas e brasileiros, mas principalmente daquelas pessoas que detêm o poder, para atuar de forma mais concreta e eficaz, na contribuição do Estado de São Paulo à questão ambiental.

Fica portanto essa responsabilidade aos municípios e aos cidadãos, que têm hoje a possibilidade de acessar essas informações, e poder, dentro de seu município, fazer essa parceria com os seus representantes, seja vereador, seja prefeito, para permitir realmente que o Estado de São Paulo caminhe efetivamente, como tem caminhado na questão ambiental.

Como deputado do Partido Verde, não poderia deixar de registrar nesta tribuna a nossa alegria e satisfação, ao constatarmos que no Estado de São Paulo a questão ambiental passou a ser prioridade de governo, não só do Governo do Estado, mas começa também a ser prioridade dos governos municipais do Estado de São Paulo.

Esse exemplo, tenho a certeza, estará ainda melhor no ano que vem, mais eficaz e com mais resultados. O exemplo que o Estado de São Paulo está dando, com toda a certeza, terá repercussão em todo o Brasil. Esperamos que num futuro próximo, não muito distante, os mais de cinco mil municípios brasileiros também venham a aderir a programas ambientais, colocando a questão do meio ambiente como prioridade dos governos.

A somatória de ações dos municípios brasileiros, nesse sentido, permitirá que o Brasil também possa dar um exemplo ao mundo, na questão da nossa responsabilidade ambiental.

Portanto, ficamos felizes porque no Estado de São Paulo o Poder Executivo estadual e os Poderes Executivos municipais caminham efetivamente e rapidamente para cumprir a lição ambiental. Cabe a nós, Deputados, a esta Casa, Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a responsabilidade de cumprir uma agenda ambiental.

O conceito desta Casa é aprovar mais projetos de deputados, e, dentre esses projetos, temos inúmeros voltados à questão ambiental. Essa é a contribuição que esta Casa pode dar ao Estado de São Paulo no sentido de complementar as ações realizadas pelo Executivo Estadual e Executivos Municipais do nosso Estado.

Acredito que a grande maioria dos deputados tem projetos que podem contribuir para a questão ambiental. Eu, particularmente, como deputado do Partido Verde, não poderia deixar de apresentar vários projetos voltados a essa aérea. Tem o projeto que batizei de “Água no Sítio”, similar ao projeto do Governo Federal, “Luz para Todos”, com o objetivo de levar água potável a todas as propriedades rurais, com destinação de recursos para projetos de recuperação ambiental.

Outro projeto nosso determina que todas as instalações do Estado de São Paulo tenham lâmpadas de última geração, que comprovadamente consomem menos energia para produzir o mesmo nível de luminosidade. Portanto, com menos impacto ambiental.

Não apenas eu, mas também outros deputados desta Casa têm outros projetos na área ambiental. Talvez possamos unificar todos os projetos nesse sentido para que essa Casa cumpra uma agenda ambiental. Quem sabe poderemos dar um exemplo, às outras Assembléias Legislativas deste País, sobre nossa responsabilidade como cidadãos, como legisladores, para que saiamos da teoria, do discurso e passemos para ações efetivas a favor do meio ambiente deste Estado e do País.

Com certeza, as próximas gerações, em um futuro próximo, irão nos agradecer por cumprirmos o que é de nossa responsabilidade com relação ao meio ambiente.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero aproveitar o que foi dito pelo Deputado Edson Giriboni e dizer sobre a necessidade da colaboração do Secretário Xico Graziano para a solução dos problemas ambientais.

A Cidade de Avaré tem 200 toneladas de amianto que, além de contaminar o meio ambiente, também contamina a saúde pública. Solicitamos uma audiência há dois meses aproximadamente, para tratar desse assunto, e ainda não obtivemos resposta.

Além do problema da Cidade de Avaré, existem também outros problemas na Cidade de Itapira. O Secretário precisa receber os deputados. Vamos deixar registrada nossa queixa nesta Casa.

Certamente, muitos municípios não cumprem suas obrigações, mas o Estado precisa cumprir. A Sabesp também precisa acelerar os serviços de despoluição do Tietê, do Pinheiros e não retardar a aplicação dos recursos do PAC.

 

O SR. PRESIDENTE - ED THOMAS - PSB - Srs. Deputados, por permuta de tempo com o nobre Deputado Baleia Rossi, tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Edson Giriboni.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, público presente, telespectadores da TV Assembléia, temos manifestado - até a exaustão - nossa preocupação sobre a grande fúria arrecadatória do Governador José Serra, que vem sacrificando instituições públicas construídas pela população do Estado de São Paulo, como o anúncio agora da venda do Banco Nossa Caixa, um banco estadual, que recebe mais de 15 bilhões de depósitos judiciais.

O Banco Nossa Caixa, um banco de fomento importante, que dá lucro para o Estado, está sendo praticamente entregue ao Banco do Brasil, por meio de um acordo entre o Governador José Serra e o Presidente Lula.

Registro de antemão, como já registrei em outros momentos, a nossa contrariedade e o nosso voto contrário a esse projeto, que terá de ser discutido e votado nesta Casa ainda este ano. Nossa Bancada já fez uma análise, já conversou com vários servidores - inclusive do Banco Nossa Caixa -, com setores sindicais da área bancária, e temos informações concretas de que haverá um grande prejuízo para nosso Estado, principalmente com relação ao emprego. Teremos desemprego à vista, principalmente para os servidores do Banco Nossa Caixa.

Sr. Presidente, essa é uma questão gravíssima, pois significa a venda do único banco que o Estado de São Paulo tem. O Estado mais rico da Federação ficará sem um banco público, um banco de fomento para financiar o pequeno agricultor, o pequeno empresário, a agricultura familiar. São Paulo perderá o Banco Nossa Caixa, o único banco público do Estado, e isso é grave. A sociedade não pode aceitar essa decisão do Governador José Serra. O banco será vendido por aproximadamente sete bilhões de reais.

Temos no Governo do Estado um excesso de arrecadação que beira os oito bilhões de reais; até o final do ano, pode chegar a dez bilhões. O Governador está fazendo caixa, está havendo excesso de arrecadação, e não está dando a contrapartida. Ou seja, não são feitos investimentos nas áreas sociais, na melhoria dos serviços públicos, principalmente na valorização dos servidores públicos do Estado de São Paulo, que estão vivendo uma situação de calamidade pública, Sr. Presidente.

A notícia mais recente estampada nos jornais diz que o Governador José Serra também está instalando novos pedágios nas vias expressas da Rodovia Estadual Castelo Branco, no seu início. Isso significa mais ônus para os trabalhadores, para a população de São Paulo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje fui ao Rodoanel e visitei a construção das novas praças de pedágio, que estão sendo instaladas. São treze. Antes do Natal, essas praças já estarão cobrando pedágio. Os trabalhadores irão pagar um preço muito alto por isso.

Foi feito também o anúncio do leilão da privatização de cinco lotes de estradas estaduais, que logicamente também terão seus pedágios. Ou seja, uma verdadeira farra dos pedágios no Estado de São Paulo. Não posso deixar de fazer justiça e acrescentar que o Governo Federal está pedagiando duas rodovias neste ano, a Rodovia Régis Bittencourt e a Rodovia Fernão Dias.

Sr. Presidente, São Paulo está recebendo um grande presente de Natal: pedágios e mais pedágios. Queremos manifestar a nossa indignação com essa atitude do Governador José Serra e do Presidente da República. A população é que vai pagar.

O que mais me estranha é que quase não há pronunciamentos de deputados contra os pedágios. Temos 94 deputados que são, na maioria, do interior de São Paulo, que trafegam por essas rodovias. Faço um apelo aos deputados: reajam! Não é possível tanta passividade, tanta submissão. Os parlamentares são os representantes da população, que está indignada com os pedágios já existentes e mais ainda com os mais de 60 pedágios novos no Estado de São Paulo que serão instalados nos próximos dias. A população de São Paulo tem de reagir, mas os parlamentares também. A Assembléia Legislativa não pode assistir passivamente como se não fosse conosco. Cada parlamentar tem a obrigação de se colocar contra, de pressionar o Governador José Serra.

O caso do Rodoanel é o mais grave de todos. É um crime de lesa-pátria. O Governo do Estado construiu o Rodoanel com dinheiro público, é um empreendimento extremamente novo que será entregue para a iniciativa privada. As empresas terão muito lucro e não vão precisar fazer praticamente nada, só algumas sinalizações e construir as praças com os pedágios. Como disse, já estão quase prontas. Fui lá hoje ver pessoalmente as construções que já estão muito avançadas. Acho que daqui a duas semanas estarão prontas.

Sr. Presidente, temos de reagir a isso. Faço um apelo a todos os deputados para que reajam, independentemente de serem da oposição ou da base governista. Esse é o desejo da população de São Paulo. É importante que a população cobre seus parlamentares nos seus municípios. Muitas pessoas têm de passar pelas estradas todos os dias para irem ao trabalho e serão prejudicadas. O Rodoanel foi construído para desafogar o trânsito da Grande São Paulo, principalmente da Cidade de São Paulo, e para interligar as estradas estaduais, mas vai perder essa função com o pedagiamento. É um verdadeiro contra-senso. Já estamos tomando providências no sentido de que essa situação seja revertida. Estamos fazendo estudos jurídicos, talvez façamos um movimento na Justiça para tentar impedir a cobrança de pedágios, principalmente no Rodoanel. Mas precisamos que a Assembléia Legislativa reaja.

Sr. Presidente, este é o apelo que fazemos a cada parlamentar, a cada partido político. Tem de ser uma luta suprapartidária. Não vamos assistir passivamente ao Governador José Serra fazer caixa para sua campanha de 2010. É isso que está por detrás dessa fúria arrecadatória e da volta da farra dos pedágios no Estado de São Paulo. Apelamos à Assembléia Legislativa e também convocamos toda a população do Estado de São Paulo a reagir nas suas cidades. Cobrem os deputados, os partidos políticos. Só assim vamos poder reverter essa situação de uma nova farra dos pedágios no Estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDSON GIRIBONI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Waldir Agnello.

 

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O SR. ED THOMAS - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembléia, funcionários da Casa, cidadãos do Estado de São Paulo, em primeiro lugar quero saudar com muito respeito, muito carinho meu amigo Sargento Moreira, de Presidente Prudente, da digna Polícia Militar. É um digno trabalhador da Segurança do Estado de São Paulo, de Presidente Prudente e agora está em São Paulo, na Área Centro. Seja bem-vindo, parabéns pelo trabalho prestado.

Juntamente com o nobre Deputado Edson Giriboni, participamos do Projeto Município Verde, um projeto grandioso. No ano passado, acompanhamos o lançamento desse projeto. Cinqüenta e um por cento dos municípios paulistas aderiram ao projeto. Quarenta e quatro municípios foram premiados. O ano de 2009 é o ano da Educação Ambiental.

Cumprimento em particular os prefeitos da Região do Oeste Paulista, região que represento, e também as Câmaras Municipais, professores, alunos que participaram desse projeto. Cumprimento as cidades premiadas da nossa região: Junqueirópolis, na pessoa do Prefeito Osmar Pinatto; Inúbia Paulista, na pessoa do Prefeito Wladimir Romão; Regente Feijó, na pessoa do Prefeito Marco Rocha; Adamantina, na pessoa do Prefeito José Francisco;Salmourão, na pessoa da Prefeita Sandra Isabel; Álvares Machado, na pessoa do Prefeito Luiz Takashi e Presidente Epitácio. Dizem que Presidente Epitácio é a última cidade do Estado, mas não. Para quem vem do Mato Grosso, Presidente Epitácio não é a última, é a primeira, além de estar numa região muito bonita.

Passo a ler documento para que conste nos Anais da Casa.

“Em respeito ao meio ambiente

De parabéns o município de Presidente Prudente pela aprovação da Lei nº 6.878/08, que declara as Bacias Hidrográficas dos Córregos do Cedro e Cedrinho como mananciais de interesse local para o abastecimento público e cria a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfica dos córregos do Cedro e Cedrinho.

Este projeto, no valor de R$ 4 milhões, com a conclusão prevista para 2010, é o resultado de uma parceria envolvendo entidades como os Rotary clubes de Presidente Prudente; a Sabesp; a Uniesp; o Município de Presidente Prudente, através da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo e Secretaria de Educação; a Fehidro - Fundo Estadual de Recursos Hídricos, através do Comitê da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema; a Sabesp; o DPRN; a Polícia Ambiental e o DER.

Sua importância para Presidente Prudente é que este é o único rio que nasce e deságua no município.

A Região de Presidente Prudente, mais especificamente a Bacia Hidrográfica do Córrego do Cedro, está praticamente desprovida de vegetação natural e o uso do solo da bacia, teve como finalidade a pastagem, no entanto observasse a expansão da malha urbana na região, o que a sobrecarrega ainda mais.

A conservação dos recursos naturais renováveis - solo, água, fauna e flora,há muito deixou de ser um assunto estritamente dependente da ação governamental, tornando-se uma preocupação tanto dos que vivem nas comunidades rurais quanto urbanas, como dos que habitam às grandes cidades.

Os trabalhos serão desenvolvidos na área total da Bacia Hidrográfica do Córrego do Cedro, ou seja, 31,331 km2 e o plantio de árvores ao longo dos 3,5 anos do projeto inicial, e o projeto será acompanhado por um programa de Educação Ambiental, voltado a questões legais, institucionais, regionais e cultural, com objetivo de conscientizar a população para a importância da preservação e recuperação dos córregos em questão, um dos mais importantes mananciais de abastecimento público local e,que por longas décadas foi responsável pelo abastecimento público de Presidente Prudente.

Prevê-se, ainda, a criação do Jardim Botânico de Presidente Prudente, visando ter dentro da cidade uma área verde com espaços de contemplação e lazer, já que o desenvolvimento da cidade se deu sem maiores cuidados para com as áreas de preservação.

Configura-se, desta forma, um exemplo louvável de parceria entre entidades públicas e privadas, em torno de um objetivo comum, que é a preservação do meio ambiente, numa região que se empenha pelo progresso, com qualidade de vida.”

Quero parabenizar a Câmara de Vereadores de Presidente Prudente, a própria cidade, o Prefeito Biancardi e todos que estão participando deste grandioso projeto. Ao mesmo tempo, parabenizo o Secretário Xico Graziano pelo Projeto Município Verde e solicito aos municípios que ainda não assinaram o protocolo, que o façam. É necessário fazê-lo porque, com certeza, 2009 será o ano da Educação Ambiental.

Sr. Presidente, cedo o tempo que me resta neste Grande Expediente ao nobre Deputado Estevam Galvão.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - Waldir Agnello - PTB - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão, por cessão de tempo do nobre Deputado Ed Thomas, pelo tempo restante.

 

O SR. ESTEVAM GALVÃO - DEM - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, vou tentar fazer um comentário a respeito de um artigo publicado no Jornal “O Estado de S.Paulo”, de autoria do jornalista e nobre Deputado João Mellão Neto.

Tenho certeza de que esse não foi o melhor dos artigos do Deputado Mellão, já que ele possui uma quantidade enorme de bons artigos. Esse, no entanto, chamou minha atenção pela sutileza. Ele conta que a corrupção existe em todos os países, mas que nos países mais amadurecidos, mais aplicados - principalmente na Cultura e na Educação -, a capacidade de indignação da população é muito maior. Muitas vezes, ao cometer um erro ou uma transgressão, uma pessoa preocupa-se muito mais quando penalizada pela própria população com desprezo, com hostilidade etc.

No Brasil, a todo instante, ao ligarmos uma televisão ou um rádio, ao lermos um jornal, ouvimos sobre corrupção aqui, ali e acolá, sanguessuga, mensalão, mensalinho, dólar na cueca - e parece que o povo perdeu a capacidade de indignação!

O Deputado Mellão conta que um amigo dele, nos Estados Unidos, cometeu uma transgressão no trânsito. Ele foi pego, apresentou-se perante o juiz e a sua carteira de motorista foi apreendida. É claro que ele ficou incomodado com aquilo, mas, depois de 15 dias aproximadamente, a carteira foi-lhe devolvida. Ele pegou a carteira e pensou: “Que bom, não aconteceu nada. O juiz ouviu-me, ouviu testemunhas e, ao final, acabou devolvendo a carteira”. Logo na primeira esquina, ele percebeu que as coisas não aconteceram como ele estava imaginando.

No Brasil, ao se falar neste ou naquele crime, discute-se muito a mudança do Código Penal, a ampliação das penas, quando, na verdade, a grande preocupação é a falta da certeza da punição. A população não acredita na punição.

Esse senhor que teve a carteira de motorista apreendida, recebeu-a de volta e foi a um restaurante. É bom lembrar que nos Estados Unidos não existe carteira de identidade, o RG que temos no Brasil. Lá, utiliza-se a carteira de seguridade ou a carteira de motorista, que têm fé pública. Ele foi ao restaurante, almoçou e, na hora de pagar, deu o cartão de crédito e a carteira de motorista. Para a surpresa dele, dentro de alguns minutos, o garçom voltou e disse: “O senhor terá que pagar a conta à vista, com dinheiro”. Ao que o senhor perguntou: “Mas por quê? Qual o problema com o meu cartão de crédito?” O garçom respondeu-lhe que com o cartão de crédito não havia nenhum problema, mas sim com a carteira de motorista.

Nos Estados Unidos, na carteira de motorista vem escrito, em letras menores, “safe driver”. “Safe” quer dizer seguro; numa tradução mais liberal, quer dizer responsável. O garçom explicou-lhe que na carteira dele só estava escrito “driver” e que, portanto, ele não era uma pessoa responsável. Ele sentiu-se muito humilhado e, daquela data em diante, passou a viver um grande calvário. No momento em que apresentava a carteira de motorista, ele estava sendo rejeitado pela própria população, que tem a capacidade de indignação. Isso tudo só acabou quando, após o período de mais um ano, ele recebeu de volta a carteira de motorista com a inscrição “safe driver”.

Digo isso muito mais para homenagear o nosso colega João Mellão e para dizer que teremos isso tudo também no nosso País quando nos preocuparmos em investir verdadeiramente na Cultura e na Educação. Não investir apenas em prédios e equipamentos, mas investir na qualidade da Educação.

Destarte, espero estar homenageando um colega nosso, o Deputado João Mellão Neto. Obrigado.

 

O Sr. Presidente - Waldir Agnello - PTB - Srs. Deputados, está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.

Esta Presidência quer anunciar a visita do Prefeito eleito da Cidade de Poá, Sr. Testinha, do PDT, acompanhado do nobre Deputado José Bittencourt. Em nome de todos os deputados desta Casa, seja bem-vindo! (Palmas.)

 

O sr. Simão Pedro - PT - pelo art. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, público que nos acompanha, boa-tarde! Quero também dar as boas-vindas ao Prefeito eleito de Poá, Sr. Testinha, e desejar-lhe uma boa gestão à frente dessa importante cidade da Região Metropolitana.

Tenho o privilégio de falar pela Bancada do PT e quero informar que conseguimos hoje, na Comissão de Educação, entrar em acordo com os deputados da bancada da situação, que é maioria também na Comissão. Havia vários requerimentos pendentes travando o debate, o que não permitia que tivéssemos avanço na pauta, inclusive um requerimento solicitando a presença da Secretária de Educação, Dra. Maria Helena Guimarães de Castro, nesta Casa, para esclarecer vários assuntos.

Primeiro, por determinação do Ministério Público, as escolas tiveram de suspender um expediente. A Secretaria jogava a responsabilidade da contratação dos serventes, faxineiros e seguranças para as Associações de Pais e Mestres, mas fazia o repasse para a Associação. O Ministério Público considerou essa prática ilegal e determinou que cancelasse essa ação.

Só que os pais, que se dispuseram a ajudar a escola, ficaram com as dívidas trabalhistas, e essa pendência não foi resolvida até hoje. A Comissão esteve conversando com a Secretária em junho, quando ela ficou de encaminhar um Projeto de lei a esta Casa para resolver a situação; mas nada foi feito.

Segundo, o Governo enviou para cá um projeto muito polêmico, recebendo a contestação de praticamente todas as entidades do funcionalismo público. Sou contrário a esse projeto, que institui o pagamento de um adicional aos profissionais da Educação através de um critério muito polêmico, que é o de merecimento. Ou seja, a escola cumpriu determinadas metas: se os profissionais merecerem bonificação, eles receberão; os que não merecerem não receberão.

É uma idéia importada - como muitas deste Governo - de outros países. Há apoio em alguns setores da sociedade a essa idéia, mas nós entendemos que ela merece ser discutida numa audiência, com a presença da Secretária antes de votarmos o projeto. O Governo pediu relator especial para a idéia e, assim, ela não será debatida na Comissão, infelizmente. Esse é um assunto que queremos discutir com a Secretária.

Quero também falar do problema da aplicação da lei federal, que institui uma jornada para os profissionais da Educação - professores -, determinando que um terço da jornada seja dedicado à preparação das aulas.

São assuntos que estavam pendentes, mas muito importantes.

É bom registrar que o Governo do PSDB, juntamente com os governos do Partido Democratas, entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra essa lei - votada no Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República - que, além da jornada, determina um piso mínimo a ser pago aos professores no âmbito nacional. Isso, para que não tenhamos o problema de os Estados pagarem salários muito baixos para os professores, contribuindo para o péssimo desempenho da Educação.

Acertamos que na próxima quarta-feira, às 14 horas, a Secretária comparecerá à reunião - ela mesma tomou a iniciativa - e retiramos os requerimentos de convocação, transformando-os em convite. Vamos torcer para que ela compareça e possamos fazer um debate democrático e de alto nível, dando espaço para que as entidades e os deputados - da oposição e da situação - se manifestem.

A Comissão de Educação também aprovou a realização do Seminário “Paz nas Escolas”, para debatermos com especialistas, pais e entidades sobre o assunto que assolou o Estado de São Paulo - caso da Escola Estadual Amadeu Amaral, da zona Leste -, que é sobre a violência nas escolas. É um problema do cotidiano, mas é preciso melhorar a situação não só quando alguma coisa explode e quando interessa à mídia: o problema vem à tona e depois é esquecido. Assim, sofrem os professores, os alunos e os pais, ajudando a piorar a qualidade de ensino no nosso Estado.

Realizaremos esse seminário no dia 10, com especialistas. Quero já convidar todos à Assembléia Legislativa para contribuir, com o debate, na melhoria da situação da escola pública. O Legislativo tem um papel importante nesse debate. Muito obrigado.

 

O SR. EDSON GIRIBONI - PV - Sr. Presidente, como vice-Líder do PV, por cessão de tempo, passo a palavra ao nobre Deputado Afonso Lobato, para falar pelo Art. 82.

 

O SR. WALDIR AGNELLO - PTB - Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato pelo Art. 82, em nome da Bancada do PV.

 

O SR. AFONSO LOBATO - PV - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Assembléia, o que me traz a esta tribuna são dois assuntos específicos. O primeiro é sobre a realização de uma audiência pública em Caraguatatuba, na próxima segunda-feira, dia 1º de dezembro. Os deputados da Frente Parlamentar em defesa dos municípios do Vale, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira, se reuniram - inclusive este Deputado - com os Consegs, as associações, a Polícia Civil e a Polícia Militar dos quatro municípios, no dia 17 de novembro, para discutir o aumento da criminalidade no Litoral Norte, sobretudo na Cidade de Caraguatatuba.

Apenas para que V. Exas. tenham uma base da seriedade do assunto, ontem à noite foram mortas mais cinco pessoas de uma só vez em Caraguatatuba. O aumento na taxa de homicídios em Caraguatatuba foi de mais de 100% e a Frente Parlamentar convida os prefeitos do Litoral Norte - Ilhabela, Ubatuba, Caraguatatuba e São Sebastião -, vereadores, Consegs, Polícia Militar e Polícia Civil para discutir este grande problema, principalmente agora que Caraguatatuba é base de gás natural, com aumento de população. Temos já o problema da população que vem aumentando sem planejamento, o que ocasiona problemas não somente na área da Segurança Pública, mas também de trânsito, de saúde e muitos outros.

Nessa audiência pública, queremos discutir com a Frente Parlamentar e com a população, sobre as possíveis causas do aumento dos homicídios. Após conclusões concretas, vamos encaminhá-las aos Governos Municipais, Estadual e Federal. Queremos fazer uma audiência enxuta e, para tanto, tivemos um grupo de trabalho preparando essa audiência, que acontecerá no próximo dia 1º de dezembro, às 19 horas, na Câmara Municipal.

Aproveitamos para falar da importância dessa audiência, e para pedir à Assembléia Legislativa que repassasse a nossa fala à Secretaria de Segurança Pública, solicitando - já o fizemos por telefone - o empenho do Sr. Secretário. Se não for possível a sua presença nessa audiência, que se delegue para outro, em nome da Secretaria.

A população reclama, e com razão. O número de efetivos durante o período de férias nessas cidades do Litoral Norte é muito menor do que o de Campos do Jordão. Há um privilégio, um aumento do efetivo, muito maior em Campos do Jordão por ocasião do inverno, do que nas cidades do Litoral Norte.

Aproveito este momento para falar da preocupação da comunidade de Taubaté, onde resido. Estamos assumindo uma bandeira, que é a da desativação da Casa de Custódia, que é um presídio no meio da cidade. Há 10 dias quase houve uma fuga em massa.

Os presos ficaram a dez metros da porta da frente do presídio. Nessa rebelião houve três presos feridos e queima de colchões. Tivemos outras rebeliões com vários mortos. São rebeliões constantes, e o presídio hoje fica quase no centro da cidade. Não há mais razões para que a Casa de Custódia esteja ali. Pensamos em desativar o presídio. A comunidade merece outro projeto que possa reverter em algum benefício para a população. É um complexo penitenciário muito grande, Taubaté-Tremembé, e todos os presos vão para lá. Recebemos o ônus disso e, em contrapartida, não há nenhum benefício para a população. Não dá mais para que a Casa de Custódia permaneça no centro da cidade de Taubaté, e estamos organizando um movimento para desativá-la.

Por isso, Sr. Presidente, queremos convocar todas as forças da cidade para que se unam nesse objetivo: dar à população maior segurança e mais conforto.

Muito obrigado.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Simão Pedro e suspende a sessão por 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e 41 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 23 minutos, sob a Presidência do Sr. Waldir Agnello.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Há sobre a mesa requerimento de autoria do nobre Deputado José Bittencourt, do PDT, nos termos regimentais, para tramitação em regime de urgência do Projeto de lei nº 709, de 2008, de autoria do Sr. Governador, que autoriza a Fazenda do Estado a alienar, mediante doação ao município de Lucélia, imóvel onde se encontra instalado o Centro de Saúde. Com número regimental de assinaturas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Há sobre a mesa requerimento de autoria do nobre Deputado Barros Munhoz, do PSDB, nos termos regimentais, para tramitação em regime de urgência do Projeto de lei Complementar nº 56, de 2008, de autoria do Sr. Governador, que institui o Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários para os servidores das classes que especifica e dá outras providências. Com número regimental de assinaturas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. BRUNO COVAS - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito a suspensão dos nossos trabalhos até as 18 horas.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - É regimental. Havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, a Presidência suspende os trabalhos até as 18 horas.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 17 horas e 25 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e quatro minutos, sob a Presidência do Sr. Waldir Agnello.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Proposições em regime de urgência.

Item 1 - Discussão e votação adiada - Projeto de lei nº 580, de 2008, de autoria do Sr. Governador. Autoriza o Poder Executivo a realizar operações de crédito com organismos multilaterais de crédito, para os fins que especifica. Com mensagem aditiva e 15 emendas. Pareceres nºs 3578, 3579 e 3580, de 2008, respectivamente, de relatores especiais pelas Comissões de Justiça, de Economia e de Finanças, favoráveis ao projeto e à mensagem aditiva, e contrários às emendas. Com emenda apresentada nos termos do inciso II do artigo 175, do Regimento Interno. Pareceres nºs 3644, 3645 e 3646, de 2008, respectivamente, de relatores especiais pelas Comissões de Justiça, de Educação e de Finanças, contrários à emenda nº 16.

Em discussão. Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro, pelo tempo regimental.

 

O SR. JONAS DONIZETTE - PSB - Sr. Presidente, gostaria de solicitar a prorrogação dos trabalhos por 15 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Perfeitamente, Deputado. É regimental o pedido de Vossa Excelência.

Esta Presidência coloca em votação o pedido do Deputado Jonas Donizette.

Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovada, portanto, a prorrogação dos nossos trabalhos por 15 minutos.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembléia, inscrevi-me para falar a favor deste projeto porque não fizemos ainda a discussão na bancada para definir nosso posicionamento.

É mais um projeto que o Governo do Estado encaminha à Assembléia Legislativa, pedindo para que este Poder autorize o Governo a realizar operações de crédito com organismos multilaterais de crédito, ou seja, para contrair empréstimo ou com o BNDES, ou com o Banco Mundial, para aplicar em obras importantes: expansão da Linha 5 do Metrô, modernização da Linha 11 da CPTM, recuperação sócio-ambiental da Serra do Mar, várzeas do Tietê, recuperação da malha rodoviária do Estado de São Paulo. São projetos importantes que há muito tempo reclamam uma intervenção mais incisiva do Governo do Estado e situações que foram sendo deterioradas ao longo desses anos de governos tucanos aqui no Estado de São Paulo.

Qual o problema que identificamos nesse tipo de operação? Estou aqui há cinco anos e meio como deputado - no segundo mandato - e já votamos, inclusive favoravelmente, várias outras operações de crédito. Lembro-me no ano passado quando discutimos e votamos a autorização para que o Governo contraísse um empréstimo de seis bilhões com o Banco Mundial e BNDES para a expansão do metrô, para a recuperação das estradas vicinais, modernização do sistema penitenciário.

Só estamos fazendo isso porque o Brasil hoje vive uma outra conjuntura na administração da sua Economia. O Brasil está crescendo graças às políticas corretas que o Governo Lula vem implementando no País, desde quando assumiu, de recuperar a estabilidade monetária, de investir fortemente na expansão do mercado interno. Aliás é isso que tem permitido a sustentabilidade da nossa Economia. O Governo criou um novo paradigma, um novo modelo de Estado, diferente do governo anterior. Muita gente diz que o Lula está conseguindo esse sucesso porque deu continuidade às políticas do Governo Fernando Henrique Cardoso. Não é verdade. Não é verdade, porque o modelo econômico dos tucanos, de Fernando Henrique Cardoso, era baseado na diminuição do Estado e do seu papel, com as terceirizações e as privatizações. Nunca se fez tanta privatização, com a idéia de que destinaríamos esses recursos para as políticas sociais, o que não aconteceu.

Ao contrário, durante oito anos o Brasil quebrou três vezes; qualquer crisezinha no México, nos países asiáticos, na Rússia, causava o caos. Tínhamos que ir “de joelhos” ao FMI, para pedir o empréstimo para que a nossa economia não se quebrasse mais ainda, e para não criar uma situação de calamidade. O desemprego aumentou, assim como o arrocho salarial dos funcionários públicos, a não-realização de concursos públicos, o aumento das terceirizações; era esse o modelo.

Do ponto de vista da política externa, era uma relação privilegiada, senão exclusiva, que era a idéia da Alca, um acordo de entregar o nosso mercado consumidor aos Estados Unidos. Os EUA viviam um momento em que os seus habitantes não tinham mais como consumir: já tinham três televisores, duas geladeiras, dois carros. A indústria americana precisava empurrar essa situação, e o Brasil era um grande mercado consumidor.

Eles estavam portanto assinando esse acordo, mas o Presidente Lula brecou, direcionando os acordo para a China, aos países africanos, para abrir esses mercados, e também com os países árabes; fizemos até uma cúpula aqui, dos países do Mercosul com os países árabes. Com os Estados Unidos, sim, vamos fazer, mas num outro patamar.

Isso permitiu que a nossa economia tivesse essa sustentabilidade, permitindo aos municípios e aos Estados a aumentar a sua arrecadação.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - Sr. Presidente, o Plenário está esvaziado, e portanto, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados José Bruno e Edmir Chedid, para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, esta Presidência constata quorum regimental para a continuidade dos nossos trabalhos, agradece aos nobres Deputados Edmir Chedid e José Bruno pela condução dos trabalhos, e devolve a palavra ao nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - Sr. Presidente, agora com um número maior de Srs. Deputados em plenário, continuamos o debate sobre o Projeto nº 580/08, onde o Governo pede a anuência desta Casa e a aprovação do projeto, para que possa contrair novos empréstimos.

Eu dizia que estamos vivendo um outro momento no País, que permite, graças à boa condução e à conjuntura econômica sob o Governo Lula, com a economia recuperada, um outro modelo de Estado, onde o Estado é protagonista, induz o crescimento, regula, coloca recursos do Orçamento e cria um clima de credibilidade para que haja também a participação da iniciativa privada em investimentos.

É por isso que o Governador recuperou essa possibilidade de o Estado voltar a se endividar. Até há pouco tempo, até 2003/04, isso era impossível. E por que o Senado e o Governo têm apoiado essas iniciativas dos Estados? Justamente porque queremos que haja crescimento econômico. Queremos que haja participação dos Estados em programas como o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, em que é importante a participação dos Estados e municípios nas políticas de habitação, saneamento, recuperação da malha viária, da infra-estrutura, para permitir que o crescimento da produção seja sustentado.

E por que estamos discutindo esse projeto? Porque não temos o menor controle sobre esses recursos. Como o Estado vai pagar esses empréstimos? Como o Governo vai prestar contas? A Bancada do PT tem feito emendas a esse tipo de projeto, para que haja um mínimo de transparência. O Governo vai pegar, quatro, cinco bilhões, dizendo que vai aplicar nos projetos do Metrô, da CPTM, Várzeas do Tietê, uma necessidade - principalmente na Região Leste de São Paulo, pois está completamente deteriorada e ocupada de forma irregular. O problema é que não temos mecanismos de fiscalização.

O objetivo do Governo acaba sendo pedir um “cheque em branco” da Assembléia. Nós fechamos os olhos na confiança de que o Governo irá aplicar os recursos nessas áreas, mas não temos mecanismos de fiscalização, não temos mecanismos para prestação de contas. Precisamos aprovar isso juntamente com esse projeto.

Provavelmente, votaremos a favor desse projeto, porque é um compromisso nosso. São bandeiras de lutas históricas da nossa Bancada junto com os nossos prefeitos, com as lideranças das regiões. Aliás, temos brigado muito no sentido de que haja o mínimo de regras para que haja investimento do Orçamento nas regiões.

Temos regiões pobres, pouco desenvolvidas, como a Região do Vale do Ribeira, de onde veio nosso querido Deputado Samuel Moreira, Líder do PSDB, que precisa de política de investimento. Essa região necessita de construção de pontes, de uma política séria na área do fortalecimento da agricultura familiar, nas cidades. É preciso haver a participação do Estado na indução da economia, na formação de cooperativas, de agroindústria.

Uma região que também necessita de atenção especial é a do Pontal do Paranapanema. Temos regiões que não têm sequer uma universidade pública. Uma delas é a Região da Mogiana - onde recebi muitos votos, com muita honra -, São João da Boa Vista, Vargem Grande, Aguaí.

O primeiro curso universitário público que acontece naquela região - esperávamos que fosse da Unesp - é da Cefet, instalado pelo Governo Lula, uma escola técnica federal. Era um projeto esquisito. Três cursos foram transformados em escola técnica federal e um desses cursos agora se transformou em um curso universitário.

O Estado precisa ter propostas e participar, ajudar a indução da economia.  Isso se faz com recursos, com investimentos, não apenas com discurso e boas intenções, Deputado Uebe Rezeck.

O Orçamento tem de ser regionalizado. O Governo precisa dizer quanto dos 115 bilhões que serão arrecadados em 2009 irá para o Vale do Ribeira, para a Mogiana, para Ribeirão, para o Vale do Paraíba - onde temos problemas crônicos na área da habitação, do saneamento -, e nas nossas regiões metropolitanas.

Isso não pode ficar na mão de meia dúzia de burocratas. O Governo não pode pensar que, sozinho, terá o conhecimento suficiente para resolver esses problemas. Parece-me que a preocupação do Governo Serra é apenas obter recurso, aumentar receita.

Iremos analisar, em breve, o projeto da substituição tributária, incluindo outros setores, que terão de pagar ICMS antecipadamente com base em uma perspectiva de produção. Alguns setores promoviam descontos e não mais poderão fazer isso, o que irá gerar inflação, aumento dos preços dos produtos na ponta do comércio. Mas o Governo quer arrecadar mais dois bilhões.

Quer vender o Banco Nossa Caixa. O projeto já está na Casa. Provavelmente, será analisado e votado ainda este ano, porque o Governo tem pressa de vender o Banco Nossa Caixa.

Estava comentando com meus colegas o discurso dos governos tucanos. Quando foram privatizar o Banespa, o argumento era que o Governo não precisava de dois bancos estaduais. Então, resolveram vender o Banespa. Venderam, não, entregaram ao Governo Federal a troco de dívidas. E o Governo Federal, Fernando Henrique Cardoso, teve de privatizar o Banespa.

Ficamos apenas com o Banco Nossa Caixa. Agora, o Governo quer entregar o Banco Nossa Caixa, de olho em cinco bilhões de reais que entrarão livres nos cofres do Governo do Estado.

Na minha opinião, o Estado não pode abrir mão de um banco de fomento para ajudar na indução da sua economia, principalmente um Estado como São Paulo que se vangloria de ser a “locomotiva” do País. Se concretizada essa operação de venda do Banco Nossa Caixa para o Banco do Brasil, o Estado fica sem qualquer instrumento para discutir projetos de financiamento para setores da economia.

O Governo do Estado está acenando com uma agência de fomento, uma espécie de BNDES estadual. Esse projeto carece de ser entendido, discutido. O que temos de concreto é a possibilidade de, até o final do ano, o Estado de São Paulo ficar sem nenhum banco.

Sr. Presidente, há oportunidade de se conseguir empréstimos a juros baixos, pois a economia possibilita isso. A política do Governo Federal é fazer com que os Estados entrem também com sua quota de participação, com políticas de investimento na infra-estrutura, na melhoria das condições de transporte público dos trabalhadores, na recuperação da malha viária, das condições de moradia, do meio ambiente. É por esse motivo que se estimula esse tipo de empréstimo.

Nós precisamos ter controle. O papel desta Assembléia é fiscalizar, acompanhar. Peço o apoio dos deputados para que aprovemos as emendas, garantindo maior transparência nesses mecanismos que o Governo, vez ou outra, traz para nós avaliarmos.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Para discutir contra, tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira, pelo tempo regimental.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero saudar os cidadãos de São Paulo que hoje se encontram nesta Casa, acompanhando os trabalhos das galerias. Sejam bem-vindos à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a Casa do Povo.

Quero também me congratular com a Comissão de Valorização e Fortalecimento das Igualdades Raciais, que, em instantes, estará promovendo uma premiação a pessoas que se destacaram nesta semana de combate às discriminações, de valorização da igualdade racial. Essas pessoas receberão uma premiação de reconhecimento pela luta que fazem. Participaremos daqui a alguns instantes.

Sr. Presidente, gostaria de entrar na discussão do projeto que me traz a esta tribuna. Trata-se do Projeto de lei n° 580, de 2008, de autoria do Sr. Governador, que pede autorização da Assembléia Legislativa para realizar operações de crédito com organismos multilaterais de crédito para as finalidades de investir em infra-estrutura no Estado de São Paulo, como a continuação da Linha 5 do Metrô, recuperação e modernização de estradas. Um projeto dessa magnitude exige discussão, exige autorização do Poder Legislativo do Estado. É esse o projeto que passamos a discutir.

Temos notado, desde que os tucanos se instalaram no poder no Estado de São Paulo, não só uma sanha privatista, uma vontade de privatizar todos os serviços públicos - Saúde, Educação, Segurança Pública - mas também uma vontade avassaladora de endividar o Estado de São Paulo.

Em 1995, quando cheguei a esta Casa para minha primeira legislatura como Deputado estadual, a dívida do Estado de São Paulo somava 33 bilhões de reais. Em meados do ano passado essa dívida já atingia 154 bilhões de reais. Em que pese a força e a pujança de São Paulo, o estado mais rico do nosso sistema federativo, responsável por 35% do PIB nacional, o estado que mais arrecada é também o que mais contrai empréstimos com os organismos financeiros internacionais. Isso tem elevado substancialmente a dívida do Estado de São Paulo com esses organismos de empréstimo, que geralmente emprestam em dólares.

É preciso ressaltar que há necessidade de investimento na infra-estrutura no Estado. Temos cobrado investimentos na recuperação de estradas. A despeito de terem sido entregues para a iniciativa privada, que semeou praças de pedágio por todo o Estado de São Paulo, o fato é que essas empresas não conservaram essas estradas. Elas não fazem a manutenção necessária à qualidade de trafegabilidade nessas estradas.

E agora o Governador José Serra, justificando a necessidade de investir nessas estradas que entregou para a iniciativa privada, solicita a esta Casa a autorização para contração de empréstimo vultoso com instituições multilaterais de empréstimos para o Estado de São Paulo. Quero lembrar que aqui prevalece a vontade do Governador. O projeto de lei chega a esta Casa já com pedido de tramitação em regime de urgência para que tramite rapidamente e, portanto, suprima o processo de discussão. Não temos uma discussão aberta ao público, aos cidadãos do Estado de São Paulo, que deveriam ser chamados para participar de audiência pública para discutirem um empréstimo dessa magnitude.

Verificamos que o Governador se reporta diretamente à Assembléia Legislativa confiante na maioria que detém nesta Casa. E ele tem razão para confiar nisso. Vejam que interessante. O nobre Deputado Roberto Morais, da nossa querida Piracicaba, foi nomeado como relator especial dessa matéria, pela Comissão de Economia e Planejamento. Os Srs. Deputados produziram 15 emendas no sentido de aprimorar esse projeto, fazendo com que seja burilado de tal maneira que não traga prejuízo aos cofres públicos do Estado. As emendas todas visam, portanto, a melhorar significativamente o projeto, garantindo que o povo do Estado de São Paulo não seja chamado a pagar as contas mais tarde sem que as obras constantes na justificativa desse empréstimo sejam efetivamente realizadas. Por isso mesmo o Governador confia em sua maioria. Tanto é que um deputado da sua base de sustentação da Assembléia Legislativa, o nobre Deputado Roberto Morais, da Comissão de Economia e Planejamento, nomeado como relator especial, simplesmente ignorou as 15 emendas dos Srs. Deputados e das Sras. Deputadas que visavam a melhora este projeto para adequá-lo àquilo que julgamos mais coerente, para que pudesse ser votado aqui, não sem antes passar por uma discussão.

Ontem à noite, numa Sessão Extraordinária, aprovamos um projeto de lei que aumentou em 1% a arrecadação do ICMS no Estado de São Paulo. As pessoas, as empresas jurídicas, públicas e privadas, que hoje contribuem com 17% do ICMS no Estado de São Paulo, passam a pagar 18 por cento. A justificativa do projeto é de que esse 1% a mais será destinado para a construção de habitações, para a política habitacional no Estado de São Paulo. Portanto, esses recursos vão para a Secretaria de Habitação, para a CDHU, sob a justificativa de que a CDHU, de posse desses recursos que chegam a somar perto de um bilhão de reais, terá condições de fazer frente ao déficit habitacional do Estado de São Paulo.

Algumas instituições calculam que o déficit habitacional no Estado é de 750 mil moradias. O Movimento dos Sem-Teto calcula que esse déficit é de 850 mil moradias. Portanto, é louvável que se destine 1% do ICMS arrecadado no Estado para a construção de moradias populares, sobretudo para a população de baixa renda. Mas também era de se esperar que o projeto aprovado ontem fosse submetido a audiências públicas, que pudéssemos ter aqui movimentos populares participando desses debates.

Tivemos em 2003 um projeto de autoria do nobre Deputado Mário Reali e do nobre Deputado Simão Pedro aprovado nesta Casa propondo que esses recursos teriam de passar por audiências públicas e constituiriam um fundo popular de moradia para o Estado de São Paulo. Portanto, esses recursos seriam discutidos com a população por meio de audiências públicas realizadas tanto no âmbito da Assembléia Legislativa quanto fora da Assembléia, nos movimentos populares, nos conjuntos habitacionais. No entanto, essa lei foi solenemente ignorada pelo Governador e por aqueles que dão maioria a ele nesta Casa. Essas audiências públicas jamais foram realizadas. Esse 1% destinado à Habitação no Estado de São Paulo nunca passa pelo crivo da discussão popular, da discussão dos deputados porque não há audiência pública sequer com os deputados desta Casa, que são chamados a autorizar esse aumento de 1% de ICMS.

Concordamos com a premissa de que é preciso termos um fundo para fazermos um enfrentamento ao déficit habitacional do Estado de São Paulo, seja ele de 750, 800 ou 850 mil moradias. Continuamos aqui exigindo que haja um debate aberto, democrático, através de audiências públicas.

Se não bastasse tudo isso, chega agora à Assembléia Legislativa, também com pedido de tramitação em regime de urgência, um projeto para vender o Banco Nossa Caixa, sob a justificativa de que esse banco não vai para iniciativa privada, de que não vai ser comprado pelo Banco Itaú ou Bradesco. Ora, ela vai ser comprada pelo Banco do Brasil, menos mal, mas também essa é uma questão que exige muito debate e muita reflexão.

Lembro aos Srs. Deputados e às pessoas que acompanham este debate que, nos idos de 1996, tivemos um debate sobre a privatização do Banespa. Os banespianos lotaram esta Casa e atravessamos noites e noites debatendo. Nós, Deputados da bancada de oposição, posicionamo-nos contra a privatização do Banespa, que era responsável por 65% de todos os recursos destinados à agricultura, era o grande banco de fomento da agricultura no Estado de São Paulo.

No entanto, em que pese o debate que fizemos e o esforço da oposição para impedir a venda do Banespa na bacia das almas, infelizmente, com a maioria que o Governador da época já tinha nesta Assembléia, o banco foi privatizado. Repito: 65% de todas as operações de crédito agrícola do Estado de São Paulo eram feitas, à época, pelo Banespa. E perdemos aquele banco de fomento para um grupo espanhol, o Grupo Santander.

Hoje, o Banespa é um banco privado, é um banco particular, perdeu a característica de ser um banco de fomento ao desenvolvimento do Estado. Agora, o Governador José Serra quer vender o Banco Nossa Caixa, que é o único banco estadual que sobrou como banco de fomento ao desenvolvimento do nosso Estado. É um banco que tem colocado recursos na agricultura, para o financiamento das pequenas e microempresas e também aos pequenos e médios empresários.

Infelizmente, o Governador do Estado de São Paulo quer vender o Banco Nossa Caixa, mesmo com a resistência de todos os funcionários. Aliás, o Governo tem tirado um argumento muito interessante da manga: diz que os funcionários do Banco Nossa Caixa irão, inclusive, ser promovidos e se transformarão em funcionários do Banco do Brasil. Ora, ledo engano. Vamos lutar também contra a venda do Banco Nossa Caixa.

Quanto a esse empréstimo que o Governador José Serra pretende obter desta Casa, continuaremos insistindo em que ele tem que passar também por audiências públicas. O povo do Estado de São Paulo tem que ser chamado a opinar se quer que o Estado seja endividado e venha a pagar uma conta fabulosa no futuro, o que vai onerar o bolso de cada cidadão.

E nós, como representantes do povo do Estado de São Paulo, eleitos para defender os seus interesses, temos que nos posicionar contra mais esse empréstimo, contra mais esse endividamento. Ora, são necessários recursos para investir em infra-estrutura no nosso Estado? Então, tire-se desse Orçamento fabuloso que o Estado de São Paulo tem. O nosso Estado é o que mais arrecada, responsável por 35% da produção do PIB nacional, e também tem recursos para investir em saneamento básico, infra-estrutura, estradas. Aliás, deveríamos aproveitar para investir na recuperação das ferrovias, que os tucanos desmontaram e sucatearam no Estado de São Paulo.

Obrigado.

 

O Sr. Presidente - Waldir Agnello - PTB - Srs. Deputados, está em discussão o PL nº 580, de 2008. O próximo orador inscrito para falar a favor é o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. Enio Tatto - PT - Sr. Presidente, gostaria de ceder o meu tempo ao nobre Deputado Olímpio Gomes. Terei outras oportunidades para encaminhar esse projeto, que trata do empréstimo do Metrô para a Zona Sul, Largo 13 de Maio, Santo Amaro.

Gostaria de homenagear o Deputado Olímpio Gomes pela luta que fez, junto com este Deputado, com o Deputado Carlos Giannazi e com toda a população da Zona Sul, mudando o projeto da Estação Adolfo Pinheiros. O Deputado Olímpio foi de uma importância enorme para que o Metrô se sensibilizasse e mudasse o projeto para atender aos comerciantes daquela região.

 

O Sr. Presidente - Waldir Agnello - PTB - O nobre Deputado Olímpio Gomes tem o tempo de 15 minutos para discutir o referido projeto.

 

O SR. Olímpio Gomes - PV - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembléia, boa-noite.

Agradeço ao nobre Deputado Enio Tatto, em primeiro lugar, pela cessão do tempo para discussão. Em segundo lugar, agradeço pela manifestação em relação ao meu pequeno auxílio na luta desencadeada pelos Deputados Enio Tatto, Carlos Giannazi e alguns outros parlamentares. O Deputado Barros Munhoz não só como Líder do Governo, mas como indivíduo que tem responsabilidades com a população santamarense. O Deputado Jorge Caruso, morador da região, também participou efetivamente deste processo, que dignificou a luta da população de Santo Amaro que há mais de 25 anos faz jus a isso.

Deputado Enio Tatto, transmita aos moradores de Santo Amaro, já que V. Exa. é da região, que eles conquistaram efetivamente as modificações mais do que próprias no projeto. Se, em algum momento, servimos como instrumento dessa modificação, valeu demais e que sirva de exemplo a outros segmentos da sociedade. Quando se quer, realmente, a população pode modificar atos que muitas vezes o Governo já tem como certos e que não são mutáveis. A população tudo pode, tudo quer, quando é, para o interesse público.

Assomo à tribuna para discutir a favor desse projeto que trata de operações de crédito. Não é com o intuito de dar um cheque em branco ao Governo, já que a operação de crédito é um sistema normal e legítimo para que o Estado incremente a sua capacidade de investimento, principalmente em estruturas de grande porte. Normalmente, as receitas líquidas correntes não seriam suficientes para esse tipo de ação. Como exemplo disso, temos o Metrô de Santo Amaro, a recuperação sócio-ambiental da Serra do Mar e o sistema de mosaicos da Mata Atlântica. Como membro do Partido Verde e militante ecológico, temos que apoiar efetivamente essa operação de crédito de 196 milhões e 470 mil reais que será destinada à recuperação sócio-ambiental da Serra do Mar. Também em relação às várzeas do Rio Tietê, há o investimento de 140 milhões de reais, além de investimentos na recuperação da malha viária, na modernização da Linha 11 da CPTM.

O que há de se colocar em relação à forma de encaminhamento do Governo de um projeto dessa monta, em primeiro lugar, é que a operação de crédito é própria, autorizada pelo Governo Federal e está dentro dos limites, haja vista que a dívida consolidada líquida nunca poderá ser maior do que duas vezes as receitas líquidas correntes. No caso do Estado de São Paulo, que não tem operação de crédito desde 2007, esse percentual está de acordo com a legislação.

Mas venho a esta tribuna para discutir a forma. Quinze emendas foram apresentadas ao projeto e, mais uma vez, o relator especial manifesta a incompetência do Legislativo em aperfeiçoar projetos.

Ora, as emendas, de um a 15, tratam justamente de dar maior transparência, e fazer com que o Governo preste contas através de relatórios quadrimestrais, de balanços mensais e de cópias de contratos a serem encaminhadas à Comissão de Finanças e Orçamento desta Casa.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, antes até de ser uma Casa Legislativa, estamos aqui para representar os 41 milhões de habitantes deste Estado. Observem que são quantias vultosas, e que o não aproveitamento, simplesmente, como tem acontecido em todos os projetos do Governo, colocando-se um relator especial, já vem o mesmo chavão pela aprovação do projeto: rejeitadas as emendas de “a” a “x”, sejam elas quantas forem.

Será, que há capacidade legislativa dos deputados em aperfeiçoar projetos - entendemos nesse momento a necessidade -, que nenhuma dessas 15 emendas que dão justamente suporte, transparência e mecanismos fiscalizadores, faz a Assembléia cumprir a sua missão de fiscalizar?

No momento em que estamos aqui discutindo o aval para o empréstimo, para a operação de crédito ou não, está no Diário Oficial de hoje quatro Editais de Licitação da Linha 5 do Metrô. O Governo já está gastando dinheiro por conta, na certeza absoluta de que a Assembléia Legislativa vai dar uma chancela, um cheque em branco, sem discutir.

Isso é o que na verdade nós acabamos sentindo. Por que não se criar mecanismos de fiscalização, de prestação de contas? Isso não interessa. O Governo que se diz sério, transparente e focado no interesse público,  precisa dar demonstrações de transparência nas suas ações. Observando as 15 emendas, todas elas estão afetas a mecanismos de controle e de fiscalização. No momento em que se aproveitar esse conjunto de emendas, aí sim, estaremos dando à Assembléia Legislativa, ao próprio Tribunal de Contas, instrumentos mais eficazes de fiscalização e gestão dos recursos públicos.

Vejam bem, as quantias são vultuosas. Somam quatro bilhões, 149 milhões e 895 mil reais. O mundo está discutindo nesse momento formas de minimizar os efeitos de uma crise econômica mundial. Qualquer recurso público, ou qualquer operação financeira que se faça para a ampliação de recursos públicos, mais do que nunca acompanhando os princípios esculpidos no Art. 37 da Constituição, que fala dos princípios da administração pública, há que ter a probidade com os recursos públicos como uma meta primeira da administração. Precisamos dar à própria administração, e a quem tem a obrigação de fiscalização, instrumentos adequados a isso.

Mas não é o que temos sentido. Numa seqüência macabra, os projetos de Governo chegam a esta Casa, normalmente, já com a tramitação em regime de urgência, com a nomeação de relatores especiais, não necessariamente com familiaridade em relação ao objeto e o relator especial. Isso acaba diminuindo a importância do Legislativo, dentro desse processo de gestão e de fiscalização.

Portanto, as operações de crédito são próprias, o Estado apresenta dentro do que é o objeto de controle para a legislação federal, e até do Governo Federal, dentro dos padrões de normalidade, para contrair empréstimos dessa ordem. E são coisas fundamentais: Metrô, recuperação sócio-ambiental da Serra, Várzea do Tietê, modernização da CPTM.

Não vamos discutir a importância, mas a probidade no uso desses recursos. Temos aí a lama de escândalos da Alstom, que são mais do que motivos para que haja a preocupação da população e da Assembléia Legislativa, e que se tenham mecanismos de controle mais efetivos sobre o uso de recursos públicos.

Mas, a pretensão de se criar mecanismos ficou afeta às emendas. Emenda é coisa de deputado, e em projetos de Governo não se acolhem emendas. Então, acaba a nossa Assembléia tendo um papel de homologador das ações e dos projetos de Governo, para não se falar em projetos de deputados. E aqui, deputados que não têm veto em seus projetos é deputado que não teve projeto.

Seja da base do Governo, seja de oposição, a desconsideração em relação ao Legislativo é total. Por maior que seja a necessidade, quando a pressão da opinião pública chega a limites insuportáveis, o Governo veta o projeto do deputado e depois o envia como sendo seu. Daí, “180 dias da Licença Gestante”, projeto do Deputado Edson Giriboni, do PV, foi vetado, e depois encaminhado, com pompas, pelo Governo.

Os projetos que estão afetos aos servidores públicos de todas as áreas são encaminhados, e as entidades associativas e sindicais procuram os parlamentares que apresentam as emendas que, por mais pertinentes que sejam, serão rejeitadas pelo relator especial, que na maioria das vezes não tem a menor familiaridade com a área. Somos sete Deputados na Comissão de Segurança Pública, e a nenhum projeto dessa área fomos designados relatores. Por que se esses sete deputados foram indicados pelos seus partidos, pois em tese conhecem ou têm familiaridade com a área de Segurança Pública?. É um desrespeito à comissão, um desrespeito à Assembléia Legislativa.

Portanto, assomo à tribuna para discutir favoravelmente ao projeto, uma vez que ele está com o embasamento técnico e jurídico adequado, mas vou votar pelas emendas porque as 15 emendas aperfeiçoam o projeto no intuito de criar instrumentos à Comissão de Finanças e Orçamento, presidida pelo Deputado Bruno Covas, bem como à própria Assembléia Legislativa, de controlar, através de balancetes, relatórios e acompanhamento de contratos, a lisura no uso do dinheiro público nessas operações de crédito.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, nos termos do disposto no Art. 18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 68, ambos da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça, Segurança Pública e Finanças e Orçamento, a realizar-se hoje, às 19 horas e três minutos, com a finalidade de serem apreciados os Projetos de lei Complementar nºs 63 e 66, de 2008, no Salão Nobre da Presidência.

Nos mesmos termos regimentais, um minuto após o encerramento do congresso anteriormente convocado, convoco V. Exas. para reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça, e de Serviços e Obras Públicas, para apreciar o PL nº 709, de 2008.

 

O SR. BRUNO COVAS - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por dez minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Bruno Covas e suspende a sessão por dez minutos.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 19 horas e três minutos, a sessão é reaberta às 19 horas e 13 minutos, sob a Presidência do Sr. Waldir Agnello.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência, nos termos do Art. 100, inciso I da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoca V. Exas. para uma Sessão Extraordinária a realizar-se hoje, às 19 horas e 25 minutos, com a finalidade de apreciar a seguinte Ordem do Dia: PLC nº 63/08; PLC nº 64/08; PLC nº 65/08; PLC nº 66/08; PL nº 622/08; PL nº 709/08, votação do pedido de retirada do PLC nº47/05.

Esta Presidência convoca, também, uma Sessão Extraordinária para as 11 horas de amanhã, com a finalidade de apreciar o PL nº 580/08.

Esgotado o tempo da presente sessão, a Presidência convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 19 horas e 15 minutos.

 

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