041ª SESSÃO
SOLENE
Presidente: CÉLIA LEÃO
RESUMO
1 - CÉLIA LEÃO
Assume a Presidência e abre a sessão.
Passa a nomear as autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva
convocara a presente sessão solene, a requerimento da deputada Célia Leão, na
direção dos trabalhos, para prestar "Homenagem ao Dia da Comunidade
Alemã". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional
Brasileiro" e o "Hino Nacional Alemão". Relata a importância da
comunidade alemã na história do Brasil. Destaca a beleza das diferenças étnicas
e culturais entre os povos. Discorre sobre a imigração alemã no País. Dá
conhecimento de mensagens alusivas ao evento, encaminhadas por diversas
autoridades.
2 - STEFAN GRAF
VON GALEN
Presidente do Colégio Benjamin
Constant, agradece a deputada Célia Leão pela homenagem. Exalta as relações
entre o Brasil e Alemanha. Discorre sobre as atividades da comunidade alemã no
País.
3 - KLAUS-WILHELM LEGE
Presidente da Corporação Alemã em São
Paulo, relata a grande presença de descendentes de
alemães no meio empresarial brasileiro. Discorre sobre as relações industriais
e comerciais entre Brasil e Alemanha.
4 - MICHAEL PEUSER
Presidente da Associação Kolping, saúda as autoridades presentes. Destaca as origens
germânicas da imperatriz Leopoldina. Discorre sobre a vida e a importância da
imperatriz na história do Brasil. Relata fatos históricos do 1º Reinado do
Brasil. Realiza a entrega de diversos retratos comemorativos a autoridades presentes.
5 - DOM BERTRAND DE ORLEANS E BRAGANÇA
Chefe da Casa Imperial Brasileira, saúda as autoridades presentes. Discorre sobre a história
da independência brasileira. Destaca o papel dos povos diversos que formaram a
Nação brasileira. Enaltece o período de governo de Dom João VI. Agradece a
deputada Célia Leão pela homenagem.
6 - FRIEDRICH DÄUBLE
Cônsul-Geral da República Federal da
Alemanha em São Paulo, discorre sobre o histórico da
imigração alemã no Brasil. Destaca os fortes laços sociais e econômicos que
unem Brasil e Alemanha. Saúda a deputada Célia Leão pela homenagem à comunidade
alemã.
7 - PRESIDENTE CÉLIA LEÃO
Anuncia homenagem, com entrega de
diploma comemorativo, aos Srs. Stefan Graf Von Galen,
Klaus-Wilhelm Lege, Michael
Peuser, Friedrich Däuble e
a Dom Bertrand de Orleans e Bragança. Lembra trechos
dos discursos de cada um dos homenageados. Destaca a grandeza econômica e a
beleza da Alemanha. Discorre sobre a tecnologia de produtos alemães. Declara
grande admiração pelo povo alemão. Anuncia a exibição de vídeo sobre diversos
monumentos históricos e paisagens alemãs. Faz agradecimentos gerais. Encerra a
sessão.
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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Célia Leão.
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A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em Plenário, está dispensada a leitura da Ata.
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A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Faremos
agora a chamada e o convite para que as autoridades entrem no plenário e façam
parte da Mesa desta sessão solene. Com muita honra e alegria, queremos convidar
para fazer parte, nesta noite, da Mesa principal de trabalho a Alteza Imperial
e Real Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe
Imperial do Brasil. Por favor, uma salva de palmas para a Alteza Imperial e
Real. (Palmas.)
Queremos
convidar com a mesma alegria e emoção o Sr. Friedrich Däuble,
cônsul-geral da República Federal da Alemanha, e sua esposa Claudia Däuble. Por favor, uma salva de palmas ao nosso Cônsul-Geral
e à Sra. Claudia. (Palmas.)
Queremos
convidar o Sr. Stefan Graf von
Galen, presidente do Colégio Benjamin Constant;
(Palmas.) com a mesma alegria e emoção, queremos convidar o Klaus-Wilhelm Lege, porta voz da comunidade alemã
Quero
cumprimentar as senhoras e os senhores presentes. Tenham a certeza, permitam-me
chamá-los de amigas e amigos, dizer que a nós da Assembleia
nos honra a presença de cada um com a mesma importância, sem nenhuma diferença
dessas grandes autoridades da comunidade alemã que fazem parte dessa mesa.
Sintam-se todos de alguma forma também sentados na Mesa principal, se não fosse
a presença de cada um, não teria razão dessa sessão
solene. Portanto, cumprimentando-os, quero convidar a todos para que, de pé,
ouçamos o Hino Nacional Brasileiro, regido pelo 2º tenente músico Jássen Feliciano. (Palmas.)
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- É executado
o Hino Nacional Brasileiro.
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A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Peço
ainda que todos permaneçam de pé para ouvirmos o Hino da Alemanha.
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* *
- É executado
o Hino da República Federal da Alemanha.
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* *
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito
obrigada. Uma salva de palmas a ambos os hinos e comunidades, do Brasil e da
Alemanha. Por favor, podem se sentar. (Palmas.)
Dando continuidade aos nossos trabalhos, nós queremos registrar que essa
sessão solene acontece como solicitação do presidente desta Casa, deputado
Samuel Moreira, que convocou a sessão a pedido desta deputada que, com muita
alegria, muita honra, teve, pela segunda vez nessa noite, o privilégio de poder,
juntamente com os presentes, viver um pouquinho da história, viver um pouquinho
da lembrança que nós temos de toda a história da comunidade alemã.
São os
senhores e as senhoras e milhares de outros alemães ou seus descendentes aqui
no Brasil que trazem para nós um gosto diferente, um sabor gostoso de viver a
Alemanha nesse Brasil tão distante da Europa; ao longo desses 189 anos em que a
comunidade alemã faz parte da história do Brasil.
Quero
agradecer de pronto ao sempre deputado Romeu Tuma, que foi quem teve a
iniciativa, lançou o projeto e aprovou nesta Casa, desde 2009, o dia 25 de
julho, dia para ser memorável e comemorado como o Dia da Comunidade Alemã. E
agradecer também, não só ao deputado Romeu Tuma, que sempre fica na história e
na nossa lembrança, no nosso carinho, respeito e agradecimento, mas também ao
deputado Roberto Engler, que por algumas vezes teve o privilégio, assim como
estou tendo, de presidir as sessões solenes e participar da festa e da
festividade da comunidade alemã.
Trago aqui o
abraço do deputado Samuel Moreira, Presidente, que como praxe faz a abertura
das sessões solenes, mas nesta noite ele tinha algumas outras obrigações que
não poderia faltar e nos delegou já de pronto a abrir, iniciar e dar
continuidade aos trabalhos desta sessão solene. É uma alegria que fica não só
nos anais da Casa, mas também nosso coração, na nossa lembrança, na nossa
emoção e na nossa alma.
Quero, antes
de passar a palavra, agradecer à banda que já se retirou, também na pessoa do
nosso 2º tenente que esteve aqui. Quero fazer algumas justificativas de pessoas
que não puderam estar presentes: deputado Antônio Mentor, deputado estadual; do
secretário de Educação, Dr. Herman; do Dr. Rogério,
secretário estadual de Desenvolvimento Social; Dr. Rodrigo Garcia, secretário
de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo; Dra.
Linamara Battistella,
secretária estadual das Pessoas com Deficiência, dos Direitos das Pessoas com
Deficiência; Dr. Heiner Müller, cônsul-geral adjunto
alemão; Dr. Carlos Ortiz, secretário estadual do Emprego e Relação do Trabalho;
vice-almirante Liseo Zampronio,
comandante do 8º Distrito Naval; Sr. Márcio Elias Rosa, procurador geral de Justiça;
também representando o delegado geral de Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, Sr. Cristian Lanfredi; representando o coronel da PM Sr. Benedito
Roberto Meira, está conosco o 1º tenente Alexandre João Salomão. A todos
aqueles que justificaram e os que estão representando, também os nossos
agradecimentos.
Dando continuidade
à nossa noite, quero mais uma vez dizer da nossa alegria e registrar que
gostaria de poder passar o microfone, e tenho certeza que se passasse aos
presentes, cada um teria uma manifestação de alegria, uma manifestação de
história para registrar nesta noite de 25 de julho, embora hoje não seja mais o 25 de julho. Mas não é somente a data que fica registrada,
mas aquilo que alguém possa ter como história na sua vida, no seu coração. Mas
é absolutamente impossível repassar o microfone a todas as pessoas presentes; portanto,
algumas delas estão representando a nossa comunidade alemã.
Digo nossa
comunidade, porque aqueles que estiveram aqui no ano passado,
e eu faço questão de repetir, sendo filha de baiano como sou com muita
honra e brasileira da gema, quero dizer que cada vez mais eu me integro na
comunidade alemã, me sinto um pouquinho mais alemã. Estou pensando até em
pintar meu cabelo de louro para ficar mais parecida e tomar menos sol para a
pele ficar mais clarinha e bem parecida com a comunidade alemã. Mas esse carinho e essa brincadeira fazemos com muito respeito
para dizer que são as diferenças e na diversidade que uma sociedade cresce. Dr.
Stefan, é na diversidade, nas diferenças que as
pessoas tem a possibilidade de se encontrar e encontrar caminhos para fazer uma
sociedade comum.
As pessoas
são diferentes, é só olhar no nosso plenário, cada um com seu jeitinho, um
cabelo diferente, uma roupa, um perfume, um batom, uma altura, um modo de ser,
de falar, os gestos diferentes, mas na verdade todos nós somos iguais. A
essência do ser humano ou na essência do ser humano todos nós somos iguais. Mas
essas belezas das diferenças fazem com que a nossa sociedade, do Brasil e de
fora, procurem caminhos para viver em paz e harmonia.
Esta sessão
solene, ela não é nada mais e nada menos, além de uma data oficial importante
no calendário do estado de São Paulo e dos dias, 365 dias do ano que nós vivemos, o 25 de julho comemorado hoje nesta data é um dia
para se pensar na comunidade alemã que está aqui no Brasil há 189 anos, fazendo
história. Comunidade alemã essa que conta hoje com quase mil empresas alemãs de
pequeno, micro, médio e grande porte, de escolas, colégios alemães aqui na capital
e também no interior do Estado. Ou seja, não só no Rio Grande do Sul, não só
Isso
significa dizer que o coração dos alemães se mesclou e se misturou com o
coração brasileiro, e dizem as boas línguas de que o coração brasileiro pulsa
muito e, com isso, nós soubemos mais uma vez e aprendemos cada vez mais saber
abraçá-los. E para mim que convivo de alguma forma, na minha vida do dia a dia
com a minha que tem um pedacinho que é um pedação,
porque meu marido e meus filhos, que têm uma história viva além da minha
família, família de Daniel, Daniel que eu sei que está conosco em algum canto
do plenário, eu não sei bem onde, mas daqui a pouco ele aparece,
que é o meu marido, que eu queria aqui depois apresentá-lo também.
Foi o Daniel
que me inseriu literalmente, de corpo e alma, na comunidade alemã. Casei-me com
um alemão, de família alemã e tive filhos também que hoje têm o privilégio e a
honra, cônsul, de poder portar um passaporte alemão, que não sei se para
algumas pessoas isso pode parecer simples, mas é uma coisa importante. Quem tem
um passaporte alemão tem porta aberta no mundo. Isso significa dizer que os
alemães são importantes, então eu fiquei importante ou me sinto importante,
porque tenho todos vocês perto da gente no dia a dia e aqui na Assembleia hoje.
Com esse amor
verdadeiro, com esse carinho verdadeiro, quero convidar o Dr. Stefan para fazer
a sua homenagem à comunidade alemã. Por favor, se o Sr.
quiser se assomar à tribuna principal é uma honra para nós desta Casa, da Assembleia Legislativa. Peço uma salva de palmas ao nosso
querido Stefan Graf von Galen, que é presidente do Colégio Benjamin Constant e que
nesta noite tenho certeza que representa todos os colégios da comunidade alemã
no Brasil e mais precisamente no estado de São Paulo. Por favor, professor
Stefan, o microfone e a palavra estão com o senhor, muito
obrigada pela sua presença.
O SR. STEFAN GRAF VON GALEN - Prezada deputada e amiga Célia Leão, seja
bem-vinda de braços abertos à comunidade alemã. Sua Alteza Imperial e Real Dom
Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do
Brasil; prezado cônsul-geral da República Federal da Alemanha, Sr. Däuble; prezado Sr. Peuser, presidente
de honra da Associação Kolping; prezado Sr. Lege, presidente da Corporação Alemã
Pelo nono ano
consecutivo, estamos comemorando o Dia da Comunidade Alemã e assim homenageando
os nossos antepassados que desbravaram o solo brasileiro, principalmente no sul
do país. A comemoração deste ano tem um significado especial, pois estamos
comemorando o Ano Alemanha-Brasil, Quando Ideias se
Encontram, iniciado em maio passado com a presença do presidente da República
Federal da Alemanha, Sr. Joachim Gauck, e que
terminará em maio de 2014.
As relações biculturais entre os dois países iniciaram-se há 189 anos,
quando os primeiros imigrantes chegaram às margens do Rio dos Sinos,
Essas
empresas que, juntamente com outras empresas de outras nacionalidades ou
puramente brasileiras, é que dão o impulso ao desenvolvimento do País, que
apostam no futuro desta nação e transmitem a confiança para novos investimentos
estrangeiros, em especial da Alemanha. Estados da Alemanha como, por exemplo, a Baviera, têm escritório de representação aqui
Esperamos que
no próximo ano, ao completarmos e comemorarmos os 10 anos do Dia da Comunidade
Alemã e os 190 anos da imigração alemã no Brasil, possamos
contar com a presença dos aqui presentes. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito
obrigada, professor Stefan, pela sua aula de forma sintética do que significa
ou significou a vinda e a chegada dos alemães no Brasil. Brasil que tem 513
anos e, portanto, há quase 200 tem o privilégio de ter a comunidade alemã
participando da nossa terra e da nossa gente.
Nós queríamos
convidar agora para trazer a sua manifestação em nome de todos os outros
alemães ou as suas gerações, primeira, segunda, terceira, já estamos na quarta
geração em
O SR. KLAUS-WILHELM LEGE - Prezada deputada Célia Leão; sua Alteza
Imperial e Real Dom Bertrand de Orleans e Bragança,
Príncipe Imperial do Brasil; cônsul-geral da Alemanha, Friedrich Däuble; senhoras e senhores. A Aliança das Instituições de
Língua Alemã
Atualmente,
muitos associados ainda falam a língua de seus antepassados e muitos deles
trabalham em empresas com capital alemão. Na Grande São Paulo, há cerca de
1.100 dessas empresas. Em todas elas o domínio do alemão é um fator diferencial
importante, mesmo que a atividade do funcionário independa do conhecimento
desse idioma. Os associados das muitas instituições de língua alemã de São
Paulo também se interessam por produtos de consumo e bens duráveis de origem
alemã, austríaca e suíça. Eles sabem onde encontrá-los e geralmente conhecem
seus fabricantes. Esse não é o caso da grande maioria dos brasileiros, portanto,
vou agora tratar um pouco do Dia da Comunidade Alemã e, bem breve, das empresas
de capital alemão e das empresas fundadas por alemães no Brasil, bem como dos
produtos alemães fabricados aqui ou em outros países do mundo e consumidos por
brasileiros.
Poucos
brasileiros sabem, por exemplo, que a Grande São Paulo é a maior cidade
industrial alemã do mundo. A maioria das empresas industriais de origem alemã
instaladas no Brasil tem sede
Existem
também empresas fundadas por alemães no Brasil sem capital da Alemanha, entre
as quais se destacam Gerdau, ferro e aço; Hering, têxteis; Mangels, autopeças;
Odebrecht, construção civil, petroquímica; Renner, têxtil, porcelana e H.
Stern, Hans Stern, joias. Como os produtos com a
marca de uma empresa alemã são produzidos não só na Alemanha ou no Brasil, mas
também em outras partes do mundo, os importadores ocupam um papel de destaque
especialmente no que se refere à distribuição. Nesse grupo de produtos, podemos
incluir as especialidades da indústria alimentícia, produtos de marcas ligadas ao
lazer e à aventura, bem como marcas de luxo. Alimentos alemães importados são, por
exemplo: Marzipan, da Niederegger,
chocolates Sarotti Stollwerck,
Trumpf, cervejas König Pilsener, Krombacher, Paulaner-Brauerei e muitos outros. Além dos carros, entre
os produtos alemães importados vale citar: tênis e calçados esportivos
Adidas e Puma, moda praia e roupa íntima Bruno Banani,
roupas masculinas Hugo Boss, perfumes Kölnisch Wasser, etc.
Mesmo que não
haja restrições orçamentárias e mesmo que o preço não influencie a decisão de
compra, a fase de pós-vendas é de grande importância para a satisfação do
cliente. As empresas alemãs no mundo inteiro estão bem preparadas para esta
fase, beneficiando desta forma também os seus clientes brasileiros da maior
cidade industrial alemã.
Já no início
do século XIX, dois alemães, Johann Karl August von Oeynhausen e Daniel
Peter Müller, se destacaram
Muito
obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Uma
salva de palmas. Muito obrigada
pelas suas palavras, com mais um pouco da história do que representa a Alemanha
e do que representa a Alemanha no Brasil. Com muita alegria, neste momento,
também convidamos o presidente de honra da Associação Kolping,
Sr. Michael Peuser.
O SR. MICHAEL PEUSER - Exma. deputada estadual Célia Leão; Alteza Imperial e Real Dom
Bertrand Orleans e Bragança, príncipe imperial do
Brasil; exmo. Cônsul-geral da Alemanha, Friedrich Däuble; exmo. Sr. Graf von Galen; exmo. Klaus Lege; exmos. presidentes
e diretores das entidades alemãs; prezados senhoras e senhores, o tema do meu
discurso hoje é a influência alemã na história do Brasil através da Imperatriz
Leopoldina. Por ocasião da minha visita à capela imperial, na cripta, no
monumento do Ipiranga, juntamente com meu filho Oliver, era minha intenção
ficar apenas alguns instantes e em silêncio diante do sarcófago da Imperatriz
Leopoldina. Em vez de minutos, fiquei uma hora inteira. Meu filho e eu tivemos
a oportunidade de conversar com os três funcionários encarregados por aquele
santuário nacional.
Em diálogo
com esses funcionários, podemos constatar o pouco e superficial conhecimento da
história e, principalmente, em relação ao papel da Imperatriz Leopoldina na
formação da nação brasileira. Não recebeu a Imperatriz Leopoldina, em seu
tempo, as mais altas honrarias que um país pode conceder como, por exemplo, mãe
da independência brasileira, mãe da nação, matriarca da independência, anjo da
guarda do povo? Não devia justamente no Ipiranga, não só queimar a eterna chama
independência, mas estar presente uma guarda de honra como é de costume em
outras nações? Não seria justo prestar-lhe homenagem a essa grande
personalidade na nossa história? Não é nos ensinado que uma nação sem passado
não tem futuro? É nossa obrigação preservarmos esse passado e aprendermos a
amar os personagens da história que formaram esta grande nação que hoje é a nossa
pátria.
Nascia num
domingo de 22 de janeiro de 1797, na corte de Viena, a arquiduquesa Leopoldina,
filha do Imperador do Sacro-Império Romano-Germânico Francisco II, da casa Habsburgo-Lorena. Estavam os pais de comum acordo quanto à
educação honrosa dos filhos. Era dever dos instrutores educá-los
para serem sinceros e abertos, que tivessem aversão às mentiras, às frases de
duplo sentido, falsidade, fofocas, intrigas e que cultivassem a única paixão
que deveriam ter em relação à humanidade, a compaixão e o desejo de tornar o
seu povo feliz. Tinham que direcionar os seus sentimentos em favor dos menos
afortunados, se um de nós herda um país, não é mais um bem pessoal adquirido,
mas uma carga muito pesada. Temos que quebrar a cabeça para conseguir reinar com
a máxima sabedoria.
A jovem
Leopoldina cresceu desenvolvendo ao máximo suas inclinações espirituais e
interesses científicos. Na idade em que as outras crianças ainda brincavam,
ocupava-se ela com física, astronomia e mineralogia. Na sala de mineralogia,
ficava muitas vezes o dia todo. Da mesma forma dedicava-se à zoologia e à
botânica e seguia seus dons musicais. Seu talento para desenho era incomum.
Tocava piano como uma concertista. Para aquela época era incomum uma menina ter
estes dons e, portanto, Leopoldina via-se isolada.
Leopoldina
era a única das irmãs que tinha um envolvimento com a religião e que traduzia
em prática o amor ao próximo. Sua compaixão pelos desfavorecidos era notória.
Se tivesse algum pedido a fazer ao pai, com certeza não era para si e sim para
outros. Em 1806, perdia Leopoldina sua segunda mãe, Maria Ludovica.
E numa breve observação do seu pai, o Imperador, descobre que em breve teria
que deixar o círculo familiar. Insegura, escreve à sua irmã mais velha, Maria
Luísa, em Parma, perguntando mais detalhes. A mesma responde que não tinha
conhecimento de nada, mas teme por saber que tudo estaria nas mãos de Emer. Emer não era ninguém mais
que o chanceler do estado, senhor todo poderoso sobre o destino das crianças de
Habsburgo em idade de se casarem. Após ter arranjado
o casamento de Maria Luísa com Napoleão e Maria Clementina com o Príncipe de Salerno, brincava ele com a ideia
de, pela primeira vez na história, uma princesa europeia
ser enviada ao novo mundo, à América. Sua escolha recaiu sobre a inocente
Leopoldina. O escolhido chamava-se Dom Pedro, da Casa de Bragança, futuro
herdeiro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.
As negociações para o casamento não ocorreram através de Lisboa, mas através do
Rio de Janeiro, onde a família real portuguesa, em 1807, havia se refugiado da
invasão de Napoleão a Portugal.
Brasil é um
país grande como a Europa. Pouco povoado e com
Nove dias
duraram as festividades por ocasião da chegada de Dona Leopoldina no Rio de
Janeiro. O auge das festividades foi em 15 de novembro, dia onomástico da Dona
Leopoldina, quando então Dom João IV declara esse dia como feriado nacional em
sua homenagem. Mais tarde, as relações com Portugal tornavam-se tensas.
Portugal decaiu em insignificâncias políticas e estava praticamente ocupado
pela Inglaterra. Houve uma revolta militar e os ingleses foram expulsos. Dom
Pedro deveria ser enviado a Portugal, porém, sem a esposa. Depois de muitos
desentendimentos com a Corte, decidiu-se que o casal de príncipes viajaria
junto após o nascimento do filho.
Grande foi a alegria de Dona Leopoldina com a chegada do herdeiro e a
possibilidade de retornar à Europa. Maior então, no entanto, foi a sua
desilusão quando Dom João VI muda seu plano e opta ir
pessoalmente a Portugal, levando consigo os dois netos. Dom Pedro deveria ficar
no Brasil como príncipe regente, que em caso de impedimento, doença ou morte,
Dona Leopoldina seria então comandante suprema.
Após muito
vai e vem, consegue Dona Leopoldina ficar com a guarda das crianças no Brasil.
O estilo de governo de Dom Pedro era confuso e independente. Ele se perdia em
insignificâncias e logo perdeu a visão sobre o País, que ameaçava desmoronar
O senso de
responsabilidade de Leopoldina fez com que ela permanecesse firme nessa
situação crítica. Quando se tornou claro que o rei em Portugal não tinha
nenhuma possibilidade de voltar a governar e não era mais do que um prisioneiro
da corte que, com um simples traço de pena, seriam anuladas todas as liberdades
e direitos do Brasil. Iniciou-se um movimento popular de patriotas no Brasil,
onde Leopoldina, saindo da sombra, colocou-se à frente desses movimentos. Ela reconheceu
que somente um país unificado poderia escapar de um destino semelhante às
colônias espanholas desligadas entre si, em constantes guerras internas. De
Lisboa, recebe Dom Pedro a ordem de retorno imediato para prestar contas.
Leopoldina faz tudo para impedir a viagem. Sabia o que estava fazendo e agia de
olhos abertos. Estava disposta a viver eternamente exilada, e escrevia ela: “O
bom povo brasileiro passou a ter prioridade sobre os meus desejos pessoais”.
Graças à sua intensa persistência, Dona Leopoldina consegue convencer Dom Pedro
a ficar.
É o Dia do
Fico, que entrou na história como histórica frase proferida por Dom Pedro. “Se
é para o bem da nação, diga ao povo que fico”. Como fracasso do esquema de
monarquia atual defendida pelos brasileiros nas cortes, a preservação da
autonomia passava a pressupor a separação. Caminhava-se, portanto, lentamente
para o projeto da independência. Quanto ao príncipe Dom Pedro, embora há meses não viesse cumprindo as ordens da corte de Lisboa,
parecia titubear, como escreveu sua esposa, Dona Leopoldina a Jorge Antônio
Fonseca em 1822. “O príncipe está decidido, mas não tanto quanto eu desejava.
Os ministros vão ser substituídos por filhos do País. Que sejam capazes. O
governo será orquestrado de modo análogo aos Estados Unidos da América do
Norte”. Fonseca contratou mais tarde aproximadamente 5 mil imigrantes alemães
para o Brasil.
Dom Pedro
informava-se com a esposa sobre muitas coisas da Europa. Além de possuir uma
boa visão política, era ela a pessoa que mais podia influenciar o príncipe a
renunciar o retorno a Portugal. O príncipe regente Dom Pedro viajou a São Paulo
em agosto de 1822 para apaziguar a política. No dia 13 de agosto de 1822, entregou Dom Pedro, antes da viagem, todos os poderes
constitucionais a Dona Leopoldina, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e
princesa regente interina do Brasil com poderes legais para governar o País
durante a sua ausência. Partia, então, Dom Pedro para apaziguar São Paulo.
Os
brasileiros já estavam cientes de que Portugal pretendia chamar Dom Pedro de
volta, rebaixando o Brasil para estatuto de simples colônia, em vez de um reino
unido ao de Portugal. Havia temores de que uma guerra civil
separasse a província de São Paulo do resto do Brasil. A princesa regente
recebia as notícias de que Portugal estava preparando ações contra o Brasil e
sem tempo para aguardar o retorno de Dom Pedro, aconselhada por José Bonifácio
de Andrada e Silva e usando de seus atributos de chefe interina do governo, reúne-se
na manhã de 2 de setembro de 1822, com os conselheiros de Estado e assina o
decreto da independência, declarando assim o Brasil separado de Portugal.
A princesa
regente, Dona Leopoldina, envia a Dom Pedro uma carta, juntamente com outra de
José Bonifácio, além dos recém-chegados comentários de Portugal criticando a
atuação do marido e Dom João VI. Oficiais chegam ao
príncipe em 7 de setembro de 1822, cinco dias depois da decretação oficial da
independência pela regente Leopoldina. Dona Leopoldina aconselha a Dom Pedro
que proclame a independência do Brasil e encerra a carta. “O pomo está maduro,
colha-o já, senão apodrecerá”. E Dom Pedro, de comum acordo com a esposa,
confirma a independência com seu grito das margens do Ipiranga. “Independência
ou morte”.
Enquanto se
aguardava o retorno de Dom Pedro, Leopoldina, matriarca da
independência do Brasil e governante interina de um Brasil já independente,
idealiza-se a bandeira do Brasil, na qual uniu o verde da casa real de
Bragança e o amarelo-ouro da casa imperial Habsburgo-Lorena
no reino. Outros autores opinam que João Batista Debret,
o artista francês, desenhou o que via no Brasil nos anos 1820, sendo autor do
pavilhão nacional que substitui o da vetusta corte portuguesa, símbolo da
opressão do antigo regime. Divisa Debret o projeto da
bela bandeira imperial em colaboração com José Bonifácio de Andrada e Silva, em
que o retângulo verde dos Braganças e o retângulo
amarelo, cor da dinastia Habsburgo-Lorena no reino,
representava a feliz união de duas dinastias. Segundo as investigações do
especialista em heráldica, João Francisco Pereira Lessa, estas cores já haviam
sido esboçadas muito antes pelo próprio rei Dom João VI,
quando o filho Dom Pedro, herdeiro deste, casara com a arquiduquesa, Dona
Leopoldina.
Através desse
casamento, o Reino Unido de Portugal, Brasil, Algarves ligaria a casa de
Bragança a uma das mais fortes monarquias europeias,
além da possibilidade de se livrar do jugo político da Inglaterra. Já para a
casa de Habsburgo-Lorena, era a possibilidade de
participar do comércio de produtos tropicais. Sob essa proposição verde e
amarela, colocavam-se, depois de setembro de 1822, as armas imperiais
brasileiras que flutuavam à frente de nossos soldados e marinheiros na defesa
de nossos brios e da nossa honra nacional, lembrada em todos os cantos do
Brasil, onde a discórdia fizera periclitar a própria unidade da pátria.
No dia 12 de
outubro de 1822, o príncipe regente é aclamado imperador do Brasil como Dom
Pedro I, e Leopoldina, imperatriz. Dona Leopoldina acompanha Dom Pedro em
muitas apresentações oficiais e é ela que desenvolve, em seguida, um programa
intensivo de imigração. Dezenas de milhares de camponeses, artesãos e soldados
vinham da Alemanha, Áustria e Suíça, seguindo o chamado da imperatriz. Ela
costumava receber os colonizadores pessoalmente no porto e se fazia de
intérprete. Isso informou uma testemunha que se percebia claramente seu tom
suave vienense. Os primeiros assentamentos dos imigrantes, por ela convidados,
em solo brasileiro receberam o nome de São Leopoldo em sinal de respeito,
admiração com uma mulher que revelou no estilo de seu tio-avô, imperador José
II, com uma espécie de imperatriz do povo. Assim, sempre era permitido a cada
um se apresentar aos aposentos da imperatriz. Quando saía para cavalgadas ou de
carruagem era alegremente saudada e estava sempre disposta a conversar e dar
conselhos quando consultada.
Até a chegada
dos imigrantes de língua alemã em 5 de junho de 1824, todo o trabalho no Brasil
era realizado pelas mãos de escravos africanos e índios. Os latifundiários
portugueses consideravam qualquer trabalho físico como desonroso. A mudança só
aconteceu com a chegada dos imigrantes convocados por Leopoldina. Formou-se uma
sociedade moderna de pequenos proprietários rurais. O sistema latifundiário foi
substituído principalmente por uma democracia rural que é indispensável para
criar um verdadeiro amor à pátria, ajudando a assegurar as fronteiras no sul.
Posteriormente,
as relações se consolidavam graças ao lorde Cochrane, chamado e nomeado por Leopoldina, que
montou uma grande frota e conseguiu satisfazer as províncias que ainda estavam
sob influência de Portugal, conseguindo assim finalmente a unidade nacional.
Graças a uma concessão moderna e liberal, Leopoldina entrega sua obra prima
diplomática com uma intensiva correspondência, conseguindo o reconhecimento de
seu império pelas outras grandes nações, e Portugal passa a considerar o Brasil
como um reino de igualdade de direitos.
Espero que
esta pequena palestra contribua para retificar esse equívoco
em relação à Dona Leopoldina, acerca do movimento de emancipação
política. Nenhuma mulher, com exceção de sua neta, a princesa Isabel, teve em
na nossa história papel de tamanho destaque. A ela seria dado fazer tanto com
inalterável discrição, habilidade e persistência. Sem dúvida, seriam esses,
aliás, dons e qualidades constantes das tradições de muitas princesas e
príncipes de sua família de Habsburgo-Lorena. Dona
Leopoldina os teve no mais alto grau. Orgulhemo-nos desta grande personagem
alemã da independência oficial do Brasil, que foi filha do imperador
romano-germânico Francisco II, casada com o imperador Dom Pedro I, mãe do imperador Dom Pedro II, o qual reinou quase cinco
décadas no império Brasil, mãe da rainha de Portugal, Maria II casada com
Ferdinando II da casa alemã Saxe-Coburgo-Gotha, assim
dando início à dinastia alemã em Portugal, da mesma casa real a qual pertence
atualmente a rainha Elisabeth II da Grã-Bretanha, foi avó da princesa Isabel,
imperadora do Brasil, libertadora dos escravos e atualmente em processo de
beatificação no Vaticano. E Dona Leopoldina foi também cunhada do imperador
Napoleão I.
Conclamo que
unifiquemos todos os nossos esforços para não deixá-la cair em esquecimento e,
em justa homenagem, trabalhamos para edificar o monumento à sua real grandeza.
Muito
obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito
obrigada, Sr. Peuser, por trazer mais um pedaço
importante da história e contribuição da comunidade alemã, de pessoa, especificamente,
que certamente a maioria das pessoas não conhecia, esse lado da história e que
o senhor nos traz. Muito obrigada.
O SR. MICHAEL PEUSER - No ano passado, no Dia da Imigração Alemã,
tivemos a oportunidade de entregar ao Colégio Imperatriz Leopoldina um quadro
da imperatriz. É nosso desejo que seja tradição durante muitos anos no Dia da
Imigração Alemã brindar uma instituição alemã com um quadro. No dia de hoje
queremos entregar um quadro da imperatriz Leopoldina ao Colégio Benjamin
Constant, e solicitamos a gentileza do representante do mesmo comparecer para
receber o quadro. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Uma
salva de palmas ao Sr. Peuser e também ao Sr. Stefan,
que recebe este presente em nome de toda a comunidade. (Palmas.)
*
* *
- É feita a
entrega do quadro.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Podemos
aplaudir. (Palmas.) Mais uma vez, também, pelo gesto do Sr. Peuser.
O SR. MICHAEL PEUSER - A instituição alemã que, no ano anterior,
recebeu o quadro da imperatriz Leopoldina, irá receber no ano seguinte o quadro
do pai da imperatriz Leopoldina, o imperador Francisco II, do Império
Sacro-Romano da Nação Germânica. Convido o representante do Colégio Imperatriz
Leopoldina que receberá o quadro, Dona Eveline Matos. (Palmas.)
*
* *
- É feita a
entrega do quadro.
*
* *
O SR. MICHAEL PEUSER - Temos hoje a grande honra da presença de
sua Alteza Imperial e Real Dom Bertrand de Orleans e
Bragança, príncipe imperial do Brasil e descendente direto da imperatriz
Leopoldina. É para nós uma grande alegria podermos presentear a Casa imperial
com um quadro de Dona Leopoldina. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Por
favor, Sua Alteza Imperial e Real,
Dom Bertrand de Orleans e Bragança, para receber este
presente das mãos do Sr. Peuser, o quadro da
imperatriz Leopoldina.
*
* *
- É feita a
entrega do quadro.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Uma
salva de palmas pelo presente e por Sua Alteza Imperial. (Palmas.)
O SR. MICHAEL PEUSER - No Dia da Imigração Alemã, V. Exa., deputada Célia Leão, da Assembleia do Estado de São Paulo, é para nós também um
grande prazer podermos presentear esta Casa com um quadro da imperatriz
Leopoldina, o qual quero entregar a Sua Excelência, a deputada Célia Leão.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Eu vou
pedir, Sr. Peuser, por gentileza, que o senhor possa
entregar ao Daniel, meu esposo, este quadro e depois, ao final, traremos para a
Mesa dos trabalhos. Com muita honra e alegria, se possível entregar ao Daniel,
é entregar a mim também, muito obrigado. (Palmas.)
*
* *
- É feita a
entrega do quadro.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Só um pouquinho,
Sr. Peuser, onde o senhor está, na tribuna principal,
depois de toda essa história que nos trouxe - é um ensinamento, muitos de nós
não conhecíamos esse lado da história -, além do carinho com um presente tão
importante, tão significativo. Peço a todos os nossos convidados uma forte
salva de palmas ao Sr. Peuser. Muito obrigada pela
presença aqui na Assembleia. Muito obrigada.
(Palmas.)
Dando
continuidade aos nossos trabalhos nesta Sessão Solene, que certamente todos
estão vendo, de forma direta, a importância da noite, a importância da sessão,
a participação das grandes lideranças. Nós queremos comunicar que esta sessão
está sendo transmitida ao vivo pela TV WEB e será transmitida
no dia 18 de agosto, próximo domingo, às 20 horas, pela TV Assembleia,
NET, canal 13, TVA, canal 66, TVA digital, canal 185 e TV digital aberta, canal
61.2. Muito obrigado a todo o pessoal da imprensa por transmitir ao vivo esta
sessão.
Continuando
as falas, pois todas elas contribuem muito para nosso crescimento,
conhecimento, fica nos Anais da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo a história contada em verso e prosa por quem
conhece a história. Quero chamar nosso próximo orador e dizer que, ao longo da
nossa vida, principalmente quando somos jovens, ainda nos nossos sonhos -
porque todos nós sonhamos, quem não sonha não vive, e
a realização dos nossos sonhos e a felicidade que nós alcançamos em cada
vitória que conquistamos. Quero dizer a Sua Alteza Imperial Dom Bertrand Orleans e Bragança que eu sempre sonhei, quando assistia
filmes, principalmente desenhos, que são tão lindos e tão bem projetados hoje
em dia, penso, imagino, Sua Alteza Imperial, que todas
as pessoas, e de forma mais direta as mulheres - como foi cantada em verso e
prosa a imperatriz Leopoldina agora pelo Sr. Peuser
-, que todas as meninas e todas as mulheres sempre sonharam um dia em ficar
perto de um príncipe. Eu, particularmente, sempre sonhei. Eu tenho o meu
príncipe, o Daniel, mas assim, príncipe de verdade, não é? De sangue, de alma e
de nome.
Para nós da Assembleia Legislativa é uma alegria especial, é uma honra,
como eu disse, receber todos, todos são importantes,
mas de forma diferenciada, porque não é o nosso dia a dia, nem a nossa vida do
cotidiano e nem na Assembleia Legislativa receber Sua
Alteza Imperial - para nós uma alegria diferenciada que ficará, mais do que nos
anais da Casa, na história da Assembleia, mas ficará
no meu coração. Vou poder dizer à minha filha, que só tem 18 anos e, portanto,
sonha com seu príncipe, que esta noite eu estive ao lado de um príncipe. Com
muita honra, passo a palavra a Sua Alteza, por favor. Podemos aplaudir.
(Palmas.)
O SR. BERTRAND DE ORLEANS E BRAGANÇA - Exma. deputada Célia Leão; meu caro amigo Von Galen;
Sr. Cônsul, Friedrich Däubler; meu caro amigo
professor Von Galen, Graf von
Galen, aliás neto, sobrinho-neto de um grande homem
alemão, León de Münster Graf von Galen; meu caro amigo professor Michael Peuser;
minhas senhoras e meus senhores, toca-me profundamente o coração esta homenagem
feita esta noite por iniciativa da deputada Célia Leão para a comunidade alemã
e minha tetravó, Dona Leopoldina. De fato, a nossa história somou, não só os
alemães que aqui vieram, mas uma das características do povo português foi
exatamente a grandeza de alma, daquele pequenino país que, com menos de um
milhão de habitantes, conquistou a metade do mundo. Porque, em 1500, Portugal
tinha menos de um milhão de habitantes e plantou os marcos
com a cruz de Cristo nos quatro cantos da humanidade, aquele pequeno país fez
uma obra maravilhosa aqui no Brasil.
O Brasil era
considerado a joia da coroa de Portugal. De fato,
nosso desenvolvimento, nós tivemos no início da colonização, ainda na dinastia
de Avis, até 1580; depois tivemos o período dos Felipes, do qual a coroa portuguesa passou para a Espanha,
de
Há um aspecto
interessante que seria importante que se ressaltasse na nossa história: que o
Brasil, do ponto de vista jurídico, nunca foi colônia. Não há
nenhum documento, quer seja na Torre do Tombo de Lisboa, quer seja no Arquivo
Nacional do Rio de Janeiro, em que, anterior a 1822, anterior a este grande ato
da princesa Leopoldina, dia 2 de setembro de 1822, quando de fato, do ponto de
vista jurídico, foi decidida a independência do Brasil, não há nenhum documento
que se refira ao Brasil como sendo colônia. Pelo contrário, era o Estado
do Brasil. Os deputados brasileiros, na corte em Portugal - a corte era a
câmara dos deputados em Lisboa - tinham os mesmos direitos dos deputados
portugueses; como hoje em dia um deputado do Acre tem o mesmo direito que um
deputado paulista em Brasília, é um estado do Brasil.
O príncipe
herdeiro da coroa de Portugal tinha o título exatamente como Príncipe do
Brasil, como hoje, na Inglaterra, o príncipe herdeiro da Inglaterra tem o
título de Príncipe de Gales. O Brasil desenvolveu-se, o Brasil acolheu a todos
os povos que aqui chegaram. Em primeiro lugar, vieram os portugueses, depois
vieram colonos de várias partes do mundo, vieram os africanos, houve aí uma
benção da nossa civilização, que foi a miscigenação. Em que foram se somando as
características dos diversos povos que aqui se encontraram. Em primeiro lugar,
nós somamos ao espírito empreendedor e à fé do espírito português a intuição e
o espírito maravilhado dos índios, nós devemos enormemente a nossa cultura aos
índios. Mesmo o nosso modo de falar português é diferente dos portugueses de
Portugal, nós falamos de uma forma muito mais aberta, por conta da influência
dos índios. A intuição brasileira vem dos índios. Seria um detalhe um pouco
prosaico, a nossa sacrossanta mania de tomar banho todo dia vem dos índios, na
Europa não se toma banho todo dia.
Depois aqui
vieram os negros e a bondade, a força, o afeto, o calor humano, característico
do povo brasileiro, vem dos negros. Depois aqui foram chegando povos do resto
do mundo, nós fomos somando as qualidades desses diversos povos. Donde dá esse
povo fascinante que é o povo brasileiro.
Eu tenho
muitos parentes europeus, alemães, não só de Dona Leopoldina, mas minha mãe
também é alemã, minha mãe é princesa da Baviera, tenho parentes franceses pelo
lado Orleans, tenho parentes
ingleses, tenho parentes austríacos, húngaros, de todos os quatro cantos, de
toda Europa, mas todos vêm ao Brasil com frequência;
eles ficam fascinados não apenas com as belezas naturais do Brasil, mas,
sobretudo, com o calor humano brasileiro. Há algo que distingue o povo
brasileiro, que é exatamente este calor. Nós fomos somando as qualidades de
diversos povos, acolhendo esses povos com os braços abertos e todos colaboraram
de uma forma extraordinária para o nosso progresso.
Hoje nós
estamos homenageando exatamente os descendentes, os povos germânicos, quer
sejam alemães, austríacos ou de qualquer parte da Alemanha, da Baviera, por
exemplo. Nós acolhemos todos estes povos e essa é uma das principais
características do povo brasileiro. Isso nós devemos a quem? À alma grande do
povo português, daquele povo empreendedor, que saiu para a conquista do mundo,
para expansão, em primeiro lugar, da fé. Está na carta de Pero Vaz de Caminha,
no fim da carta, em que o escriba da esquadra de Cabral diz ao rei de Portugal,
Dom Manuel: “Mas, senhor, o melhor que podeis fazer a esse povo é dar-lhe a fé
católica, aquilo que a Vossa Majestade tanto deseja”. E essa foi a característica do povo brasileiro, dizia Gilberto Freyre,
que foi certamente um dos maiores sociólogos da nossa história, um dos maiores
sociólogos, dizia: “O que cimentou a unidade nacional foi exatamente a fé”.
A dinastia de
Bragança reinou em Portugal e em 1808 para cá veio. Napoleão Bonaparte, com
qual não simpatizo em nada, odiava a Dom João VI porque, dizia ele, “foi o
único rei que me enganou”. Nós aqui, os descendentes alemães aqui presentes, os
brasileiros sabem, há uma expressão que nós usamos quando nós faltamos a um
compromisso, ou quando alguém falta ao compromisso conosco, nós dizemos “deixou
a ver navios”. A origem desta expressão exatamente vem do fato que Dom João VI deixou as tropas napoleônicas, chefiadas pelo general Junot, que queria exatamente prender o rei de Portugal,
como fez com todos os outros reis da Europa, com exceção do czar da Rússia e do
rei da Inglaterra, queria prender o rei e submetê-lo a seu serviço. Quando as
tropas do general Junot chegaram às colinas que
circundam Lisboa, elas viram as velas das naus portuguesas que para cá vinham.
Ficaram a ver navios.
E aqui
chegando, Dom João, como regente - Dona Maria I ainda vivia -, deu-se conta que
um estudo, um projeto de um deputado brasileiro na corte em Portugal, um grande
paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva, era de fato o futuro do mundo
luso. José Bonifácio havia apresentado um estudo que sugeria a formação de uma
comunidade língua lusa, que englobasse Portugal,
Brasil, Algarves, Angola, Moçambique, Índia, Macau, Timor, todo o mundo luso,
com capital no Rio de Janeiro. E isso explica a obra extraordinária de Dom João VI aqui no Brasil.
Diz Euclides
da Cunha, republicano histórico, portanto insuspeito para fazer essa afirmação:
“Nunca na história do Brasil se sentiu a ação benéfica do governo central com
tanta intensidade como quando no período de Dom João VI”.
Ele lançou todos os fundamentos da nossa nacionalidade. Ele criou o Jardim
Botânico, a Biblioteca Nacional, que ele trouxe de Portugal. Criou o Banco do
Brasil, que foi o primeiro banco da história do Brasil, da história de
Portugal, ele criou a Escola Naval, ele criou a Academia Militar - hoje a
Academia Militar das Agulhas Negras tem um busto em homenagem ao Dom João VI, como sendo seu fundador, no hall de entrada. Ele
nunca teria uma academia, uma escola naval ou uma academia militar se ele
quisesse manter o Brasil submetido a Portugal.
E ele mesmo
ficou no Brasil durante muitos anos depois da queda de Napoleão. Napoleão caiu
em 1814 e ele só voltou a Portugal por causa da Revolução Liberal do Porto, que
ameaçava criar um caos
Enquanto a
nossa independência foi muito mais a emancipação de um filho a conselho
paterno, a independência dos países hispano-americanos resultou das ambições
dos caudilhos que queriam ser presidentes da república
em suas respectivas áreas de influência. Daí a grande diferença da harmonia social
extraordinária que há no Brasil em comparação com o resto da América Latina; eu
diria até com o resto de toda a América. Isto nós devemos à sabedoria do Dom
João VI, mas também devemos a Dona Leopoldina, porque, como disse muito bem o
professor Michael Peuser, Dona Leopoldina, aqui
chegando, assumiu inteiramente a nação brasileira como a sua pátria, a pátria
do seu coração. Ela tinha saudade da Áustria, mas o seu coração estava no
Brasil e foi ela que, na plenitude dos poderes, como chefe de Estado, assinou a
ata de independência do Brasil, ato do conselho, da reunião de Conselho de
Estado. Decidiu-se a independência de nossa pátria em 2 de setembro de 1822.
Ela foi a primeira chefe de Estado da nossa história.
A segunda foi a princesa Isabel, nas três regências na
ausência de seu pai.
Perdoe-me,
mas uma das características do Brasil, sua mudança de clima, e um resfriado
forte.
Essa foi a grande sabedoria da Dona Leopoldina; e o Brasil
desenvolveu-se, o Brasil cresceu e hoje nós temos no Brasil um país com um
futuro absolutamente extraordinário pela frente. Uma das características do
povo brasileiro, segundo um sociólogo inglês, em um estudo que li recentemente,
é ser um dos países que têm mais esperança com relação ao seu futuro. Eles
sabem que eles têm nos desígnios da grande Providência uma grande missão a
realizar.
Essa missão
iniciou-se com a chegada dos portugueses em 1500, com a formação do Brasil, o
Estado Brasil em 1640, com nossa independência em
Portanto, eu
felicito a deputada Célia Leão por ter acolhido os alemães, hoje à noite, nessa
comemoração da comunidade alemã, que faz anualmente em agradecimento ao
progresso que a comunidade alemã tem proporcionado a nossa pátria já há tantos
anos.
A todos,
muito obrigado. Peço a Deus que, todos unidos, que Deus, nosso Senhor, nos
ajude a realizarmos esse destino extraordinário em nossa pátria. Dessa pátria
acolhedora, desta pátria que aqui recebe os alemães e a maioria dos quais,
muitas vezes, vêm aqui como presidentes de algumas empresas, terminam o seu
mandato na presidência da empresa e aqui permanecem. Permanecem por quê? Por
causa do aspecto acolhedor do povo brasileiro, essa principal característica do
povo brasileiro; mas também uma das nossas características é a gratidão com
relação a tudo que os povos germânicos fizeram pelo progresso de nossa pátria.
Muito
obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito
obrigada, nós é que agradecemos. Uma salva de palmas e agradecemos a presença
da Sua Alteza aqui conosco nesta noite.
Já estamos
chegando ao final dessa sessão solene. Na verdade, na vida da gente, no dia a
dia, nós sempre usamos do tempo, o tempo é nosso, o tempo é para nós, usamos o
tempo para estar com a nossa família ou estar no trabalho, ou na escola ou nos
estudos, ou para um passeio, ou para ficar se cuidando, ou num cabeleireiro, ou
onde for, nós usamos o tempo. Nós gastamos o tempo.
Quando falamos “gastamos”, parece mais pejorativo, mas o gastar o tempo é
gastar, empreender em coisas que nos satisfaçam, em coisas boas.
Embora nossa
sessão esteja um pouquinho adiantada e com certo
atraso de 30 minutos, pelo trânsito e por tudo que dificultou a chegada tanto
do cônsul quanto da Sua Alteza - e nós fizemos questão absoluta de aguardar a
ambos -, mas tenho certeza que esse tempo que nós estamos usando, empreendendo
ou gastando nesta noite, na verdade, é um momento de alegria e felicidade a
todos nós. Afinal de contas, durante um ano para fazermos essa sessão solene
que sempre aguardamos com muita emoção.
Daqui a pouco
finalizaremos, mas ainda temos alguns momentos de prazer, de satisfação e de
marcar a história nesta noite. E nada mais forte, nada mais importante para
marcarmos definitivamente a sessão solene para celebrar a comunidade alemã, o dia 25 de julho, celebrado hoje no 12 de agosto da comunidade alemã, do que ouvirmos
literalmente a voz viva de alguém que representa toda esta comunidade alemã no
nosso País, no nosso Brasil acolhedor, como disse Sua Alteza nesse momento na
sua fala.
Chamou-me a
atenção, primeiro porque ele chegou de forma muito simples. E diz que a
grandeza de um homem está na sua simplicidade. Quem olhasse de fora e a ele não
fosse apresentado, talvez, assim como eu, não soubesse de quem se tratava. Além
do mais, veio falando um português bastante bom e interessante. E eu fiquei
pensando, “nossa, esse senhor deve ter ficado na Alemanha - quer dizer, eu não
sei em que parte do planeta ele estava antes de vir para cá, mas estivesse onde
estivesse, deve ter ficado estudando muito português
para poder falar como ele está falando”. E para surpresa minha, isso junto à
sua simplicidade, com certeza competência, inteligência, ele de forma simples
disse: “Estou aqui há cinco, seis semanas”. E aí perguntamos a ele: “Não veio
com esse português?”; e ele: “Não, foi aqui mesmo que aprendi”. E eu fiquei
muito entusiasmada. Eu não sei se em cinco, seis semanas, se eu tiver o
privilégio de poder ficar esse tempo na Alemanha, eu falarei melhor do que duas
palavras que já aprendi até hoje, mas eu vou me esforçar. E é com essa alegria
que nós recebemos na Casa esse novo cônsul que chega ao Brasil - e tenho
certeza, cônsul, que o povo brasileiro e esse País acolhedor, como disse o nosso príncipe, assim vai acolhê-lo, aliás, já o
acolheu.
Com muita
satisfação queremos receber a fala, as palavras e o coração do cônsul geral da
República Federal da Alemanha, aqui também com sua esposa, Claudia Däuble, o Sr. Friedrich Däuble,
por favor. Uma salva de palmas. (Palmas.)
O SR. FRIEDRICH DÄUBLE - Exma. Sra. deputada Célia Leão, muito obrigado por essas palavras
muito gentis; Sua Alteza Imperial e Real Dom Bertrand; apreciado Sr. Von Galen; apreciado Sr. Lege;
apreciado Sr. Peuser. Há mais de seis gerações, teve
início a imigração alemã para o Brasil. Para um novo
mundo, para um país extenso e promissor.
Os imigrantes alemães queriam fugir das precárias condições de vida em
seu país. Eles foram motivados por uma expectativa de vida melhor. O Brasil
acolheu-os de braços abertos. A fertilidade desse País, o clima e, sobretudo, a
simpatia de seus habitantes facilitaram o recomeço de todos os imigrantes
alemães de seis gerações atrás até os dias de hoje.
Eu, pessoalmente, não imigrei para o Brasil, apenas viverei aqui por
alguns anos. A minha família e eu também apreciamos a hospitalidade brasileira.
Estamos
Os imigrantes de então esperavam encontrar no Brasil mais liberdade e um
futuro melhor para suas famílias. Aqui no estado de São Paulo, mas também no
Rio Grande do Sul e no Paraná,
Considera-se que 10% de todos os brasileiros têm antepassados alemães;
com isso, a imigração contribuiu significativamente para a construção da identidade
brasileira. Em todo o mundo globalizado, as atenções estão voltadas para o
dinamismo econômico do Brasil e para o imenso potencial desse País. Também os
brasileiros, como esses alemães, colaboraram de maneira significativa para esse
desenvolvimento, através de seu trabalho e de seu espírito empreendedor, com a
sua persistência e com uma vontade de construir uma nova existência. Eles
também prepararam o terreno para o grande engajamento econômico da Alemanha no
Brasil; todas essas empresas alemãs de renome estão representadas nesta cidade.
O Sr. Lege mencionou muitas.
Sem a comunidade alemã, não existiria necessidade dessa forte presença
cultural alemã, fato surpreendente também para mim, que sou um novato aqui.
Temos
A conexão entre os nossos dois países encontra-se sobre uma base sólida.
Para isso contribuíram os imigrantes alemães, a
comunidade alemã no Brasil e vocês. Para mostrar a profundidade, a
confiabilidade e a força dessas adesões, a presidente brasileira Dilma Rousseff e o presidente da República Federal da Alemanha
abriram juntos, em maio, o Ano da Alemanha no Brasil. Neste âmbito, aconteceram
muitos eventos interessantes e muitos ainda serão realizados também aqui
Agradeço muitíssimo à Assembleia Legislativa
de São Paulo, representada pela deputada Célia Leão que novamente organizou a
cerimônia esse ano. O fato do estado de São Paulo realizar anualmente essa
comemoração mostra os fortes e contínuos laços com a Alemanha. Espero que eu
também possa contribuir para o aprofundamento desses vínculos nos próximos
anos, contando com a colaboração dos senhores para isso.
Sra. deputada, você me permite uma palavra em alemão?
(Pronuncia-se em alemão)
Meus parabéns para o Dia da Comunidade Alemã no Brasil. Agradeço a
atenção de todos. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito
obrigada por suas palavras. De verdade, eu não entendi quando o cônsul falou em
alemão, mas pelo olhar, pelo rosto, pelo semblante, pelos olhinhos, o brilho
das pessoas, certamente falou no coração de cada um que pôde entender esse
idioma difícil e maravilhoso.
Dando
continuidade a nossa sessão, e agora já chegando verdadeiramente ao final, de
forma muito singela, nós preparamos um mimo muito simples a cada uma das
pessoas que aqui estão nesta Mesa. Quero entregar este mimo que a Assembleia Legislativa, o presidente Samuel Moreira - tenho
certeza que um pedacinho do coração dele está nessa sessão também -, acompanhado
de um vaso, de uma flor muito singela também, mas que marca um povo, um pouco
do nosso povo mais que acolhedor, como disse Sua Alteza nas suas palavras,
repetida por demais oradores, a pimenta. A pimenta brasileira, que faz o sabor
da nossa comida, mas também um pouquinho do nosso povo brasileiro. Um povo
forte, corajoso, destemido, um povo que deixa a sua marca, como a pimenta deixa
na comida.
Nós queremos
aqui convidar e já para fazer essa entrega o Sr. Stefan Graf von Galen,
que representa todos nós nessa noite; ao Sr. Klaus Lege,
que também vem aqui em cima para receber este diploma da Assembleia
e a nossa pimenta; ao Sr. Michael Peuser, por
gentileza, também Sua Alteza Imperial e Real, Dom Orleans
e Bragança e nosso cônsul Friedrich Däuble.
Vou pedir
escusas a Sua Alteza, que deem a ele nossa pimenta,
mas nosso diploma chegará ainda esta semana. Eu vou convidar também a Sra.
Claudia Däubler, para que receba flores em nome de
toda a nossa comunidade. Então, todos em pé, eu farei a entrega, tiramos as
fotos, para depois chegarmos ao encerramento desta sessão.
*
* *
- É feita a
entrega das flores, diplomas e pimentas.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Pediria
aos homenageados que mostrassem o quadro, para que toda a comunidade pudesse
ver que receberam. E receberão suas pimentas também, Sua Alteza, Sra. Claudia Däubler, esposa do cônsul.
Estamos
chegando ao final. Quero dizer da alegria, de forma muito rápida, transformar
em palavras um pouco da nossa emoção nesta noite. Não poderia deixar de
registrar, além das pessoas que nos ajudaram, já estarei fazendo daqui a
pouquinho, mas marquei, na hora da fala de cada um de nossos convidados,
lideranças e oradores, de tudo que trouxeram de conteúdo, de verdade, de
história. Quando o Sr. Peuser falou, deixou uma marca
muito forte, dizendo que, se não existe passado, não há futuro. E é verdade.
Tanto o Sr. Stefan quanto o Sr. Klaus Lege trouxeram,
de forma sintética, importante, a contribuição que a comunidade alemã trouxe
para o Brasil. E certamente levou para todos os rincões do planeta, onde essa
comunidade pôde se fincar e viver. Sua Alteza Real trouxe para nós mais do que
história, literalmente trouxe a história viva, porque Sua Alteza é esta
história viva. Com sua família, com seus antepassados, dá a todos nós o
privilégio de ser brasileiro. Assim podemos chamá-lo, com a família
diversificada em todo mundo, todas as partes do planeta, como o senhor mesmo
nos disse.
E o cônsul-geral,
na sua forma simples de falar, certamente de viver e de trabalhar, disse em
toda sua fala que os imigrantes alemães queriam fugir dos dias difíceis da
Alemanha e, portanto, vieram ao Brasil. E nesses quase 200 anos houve a
imigração da comunidade alemã ao Brasil. No momento difícil naquele país, as
pessoas procuravam aquilo que é mais sagrado para todos nós, que se chama paz.
Saíram da Alemanha, certamente fugidos, refugiados para procurarem aquela paz.
E nesse Brasil maravilhoso, acolhedor, como disse Sua Alteza, certamente
encontraram, tanto que aqui ficaram. Tanto que são várias gerações no Brasil de
filhos, netos, bisnetos, construindo o Brasil também com sentimento e a
inteligência alemã, o que muito trouxe de progresso para a nossa comunidade.
Mas eu tenho
que, ao encerrar as minhas palavras, dizer de que, se as pessoas fugiram
naquele momento da Alemanha procurando um porto seguro e encontraram no Brasil
um pedacinho desse porto seguro, hoje a história está invertida.
Hoje somos
200 milhões e lamentavelmente nem todos podem; estamos crescendo, somos uma economia
bem-vista pela comunidade mundial, do nosso trabalho, do nosso povo, do nosso
PIB, mas ainda estamos caminhando, então não são todos os brasileiros que têm o
privilégio de ir à Alemanha. Mas tenha a certeza de que se pudessem ou se
pudéssemos, nós fugiríamos para lá também, só que no século atual e no ano de
2013, tal ficou a beleza da Alemanha. A guerra quase terminou com aquele país,
dizimou o seu povo, fez sofrer milhares de pessoas, mas mais do que a questão
financeira - que também é importante, não podemos abrir mão dela, certamente,
professor Stefan, que a questão financeira ajudou na construção e reconstrução
da Alemanha, mas foi mais do que o dinheiro. Foi a
força de um povo, foi a crença das pessoas, foi a união da sociedade, foi
querendo construir novamente a vida sob a ótica alemã e da Alemanha, que hoje é
um país, literalmente, no bom sentido, invejável.
Não há quem
não queira comprar da ciência, da pesquisa e da tecnologia alemã. Vou falar com
propriedade de algo que conheço, convivo e agradeço. Tenho liberdade hoje, os
senhores e senhoras estão me vendo em uma cadeira de rodas, coisas da vida e da
fragilidade humana; foi em um acidente de automóvel, há pouco mais de 38 anos e
que, ao longo dessas quatro décadas, aprendemos a viver e a reviver com alegria
e com vontade de realizar os sonhos porque os sonhos continuam.
Mas não tenha
dúvida que para poder estudar, que para poder casar,
Daniel está ali, depois eu o encontrei num canto aqui do Plenário, para poder
ter meus filhos, para poder ser deputada, para poder viver, nós precisamos de
equipamentos que nos ajudem, porque eles não são inimigos, eles são amigos e
são bonitos. Esses equipamentos nos ajudam a dar liberdade e certamente uma
cadeira de rodas, no meu caso específico, com outras deficiências existem
outros equipamentos para apoio e ajuda, mas no meu caso específico é uma
cadeira de rodas que hoje é minha amiga e minha companheira, para me dar a
liberdade, a vida, a paz, a alegria e o amor. Não foi coincidência eu ter uma
cadeira que é alemã. Há outras, de outras nacionalidades e também tem a questão
financeira, para quem pode adquirir essa ou aquela; a minha família, eu própria
e meu marido fomos procurar a melhor, aquilo que pudesse ser as minhas pernas,
e foi uma cadeira de rodas alemã, com alta tecnologia, que me fez viver
novamente com a liberdade que eu tenho para poder fazer de tudo.
Em um simples
exemplo, quero aqui dizer quantos alemães são
importantes, quantos, permitam-me por um segundo chamá-los de vocês e não de
senhores e senhoras, que merecem ter o meu respeito, mas chamá-los de vocês.
Talvez vocês não saibam, não imaginam quanto é
importante a tecnologia, o trabalho, a ciência, a pesquisa, a grandeza, a
competência dos alemães, mas mais do que isso, a importância de vocês
descobrirem, no Brasil, um lugar em que podem crescer e fazer o brasileiro, o
povo do Brasil, crescer.
Quero
encerrar dizendo que o Sr. Stefan que está à minha esquerda, ao lado do meu
coração e não é por acaso, é um dos grandes responsáveis por esta noite e ele
não me deu sossego. Ele ligava, fez um encontro, queria saber o andamento das
coisas para que a sessão acontecesse e a sessão aconteceu. Quero fazer um
agradecimento especial ao professor Stefan, que nos ajudou muito nessa noite,
para que a sessão pudesse ser realizada.
Quero ainda
acrescentar, voltando ao nosso cônsul - e com ele eu quero terminar – que, se
de lá fugiram e hoje nós brasileiros queremos voltar, essa é uma verdade
inconteste.
Ano passado
eu disse que cada vez mais meu coração de baiano iria ser alemão, e é verdade.
Tenho três filhos, como já contei no ano passado, para quem não sabe, está ali
Daniel, meu marido, com os nossos três filhos, Rodrigo, de 25 anos, Diogo, de
23, fez agora e a Stephanie Vitória está com 18. Por
escolha deles, e fico feliz com isso para ajudar a nossa comunidade, o nosso
Brasil, por escolha deles, eles pensaram, estão estudando para serem médicos,
os três. Os três estudaram em um colégio alemão, que é o Porto Seguro,
estudaram
Para nossa
surpresa, no ano passado meu filho fez uma prova para poder fazer um estudo
durante um ano fora, fazer medicina, ele podia eleger a Espanha, Estados Unidos
ou Alemanha. Ele aprendeu um pouco de alemão no colégio, mas não foi o melhor
nem o mais brilhante aluno; chegou um dia, ele nos comunicou,
cônsul, que ele tinha escolhido onde ele queria fazer um ano do curso de
medicina: ele disse que era a Alemanha. Hoje faz exatos 15 dias que o Diogo
Guilherme está na Universidade de Münster, na
Alemanha, o que para mim é uma emoção, uma alegria, porque eu tenho certeza que
os senhores, através da Alemanha, onde ele está, farão do meu filho um grande
homem. Ele já é um grande jovem, porque tem em casa berço, amor, carinho e
educação, e o principal, os valores da vida, isto é importante, é o básico. Mas
só isso não basta para ser um grande homem. Tem que ter cultura, aprendizado e
sabedoria e tenho certeza que quem dará isso ao meu filho são os alemães na
universidade onde ele está.
É assim que
encerro, dizendo que esta filha de baiano está cada dia mais se tornando uma
alemã, aprendendo a respeitar o povo, a conhecer a história e amar as pessoas,
não necessariamente só aqueles alemães que nasceram lá, mas aqueles que têm o
sangue e a história do povo alemão.
Quantas vezes
o professor Stefan me convidar, me conclamar ou me obrigar - entre aspas - com
o amor e carinho dele a fazermos mais uma sessão solene, eu só não farei uma
sessão solene para prestigiar e celebrar e parabenizar a comunidade alemã o dia
em que eu não for mais deputada. Mas o dia em que isto acontecer, eu espero que
demore, algum deputado fará a celebração para a comunidade alemã e esta
“alemãzinha” estará sentada aí embaixo junto com a comunidade para aplaudir as
lideranças alemãs e também o deputado que fizer essa sessão.
Portanto, foi
para mim uma alegria, uma honra poder crescer ao lado de pessoas como as
senhoras e senhores. E, para finalizar, tem um vídeo que nós criamos. E eu
quero agradecer a TV Assembleia; o serviço de som,
Machado e Claudemir; o serviço de atas, o Márcio; a fotografia, Vera; a TV Legislativo, Alexandre Rodrigo; o cerimonial, a Vera e
o Edson; o nosso gabinete, nas pessoas da Vera, que é minha chefe de gabinete,
a Samanta, que ajudou a fazer o vídeo, a Sônia e a todos os meus amigos,
funcionários e assessores da cidade de Campinas, que nos ajudaram a fazer esta
sessão nesta noite.
Para
encerrar, convido a todos para assistir a um vídeo que, Daniel, meu marido,
ajudou a escolher as fotos e a música para que todos apreciem de forma muito
rápida o que significam - mais uma vez eu peço licença de chamá-los de vocês -
o que significam vocês no Brasil para esses 200 milhões de brasileiros.
Muito
obrigada, uma salva de palmas e depois nós encerramos a sessão. (Palmas.)
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É feita a
exibição do vídeo.
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A SRA. PRESIDENTE -
CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito
obrigada. Tudo isso foram as senhoras e os senhores
que construíram e Deus abençoou. Agora nós vamos para o coquetel que está sendo
servido no Hall Monumental, e que o Clube Transatlântico, o Colégio Benjamin
Constant e a Livraria Livro Fácil patrocinaram para todos nós esta noite. Eu
estou melhorando, meus professores são ótimos, o cônsul e o professor Stefan me
ajudaram. Para encerrar quero dizer “dankeschön”.
Muito obrigada.
Não havendo mais nada a ser tratado, estão encerrados os nossos trabalhos.
Está
encerrada a sessão.
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- Encerra-se
a sessão às 22 horas e 27 minutos.
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