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09 DE FEVEREIRO DE 2015

002ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS “85 ANOS DO GRÊMIO RECREATIVO E CULTURAL ESCOLA DE SAMBA VAI-VAI”

 

 

Presidentes: CHICO SARDELLI /  LECI BRANDÃO

 

 

 

RESUMO

1 - THOBIAS

Mestre de Cerimônias Anuncia os componentes da Mesa.

 

2 - PRESIDENTE CHICO SARDELLI

Abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que o Presidente Samuel Moreira convocara a presente sessão solene, a requerimento da deputada Leci Brandão, para "Comemorar os 85 anos do Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Vai-Vai". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Parabeniza a iniciativa. Elogia os componentes da Escola de Samba Vai-Vai, pelo trabalho realizado ao longo desse período. Lembra que o Carnaval é a festa popular de maior impacto nacional. Enaltece o time de futebol Rio Branco, de Americana, sua cidade natal. Tece referências ao desfile deste ano.

 

3 - LECI BRANDÃO

Assume a Presidência. Pede bênçãos à Velha Guarda e às Baianas da Vai-Vai. Relata seu envolvimento com o samba paulistano, a partir dos desfiles na avenida Tiradentes. Lembra convite para ser comentarista dos desfiles das escolas de samba na Rede Globo. Cita o primeiro desfile da Vai-Vai que presenciara, que lhe recordou as escolas cariocas Império Serrano e Mangueira. Afirma que as cores preto e branco da agremiação lhe chamaram a atenção. Lamenta a diminuição da negritude nos desfiles. Comenta os ensaios técnicos da escola do Bixiga. Cita a repercussão do seu trabalho como comentarista. Agradece o carinho da comunidade. Entoou samba.

 

4 - VALQUÍRIA RIBEIRO

Mestre de Cerimônias, anuncia homenagem ao músico Osvaldinho da Cuíca.

 

5 - ALCIDES AMAZONAS

Subprefeito da Sé, cumprimenta a todos. Elogia a iniciativa da deputada Leci Brandão. Louva a história da escola, que está na sua área de atuação. Fala apreensão de seus integrantes sobre obra do Metrô, que vai afetar a sede atual. Cita o esforço de autoridades, que cederam espaço no Vale do Anhangabaú. Trouxe saudação do deputado Orlando Silva. Enaltece o tema deste ano, em homenagem à Elis Regina. Cumprimenta a ex-deputada estadual Ana Martins. Informa que, neste ano, 300 blocos devem desfilar na Capital.

 

6 - VALQUÍRIA RIBEIRO

Mestre de Cerimônias, anuncia a exibição de vídeo, com mensagem do deputado federal Orlando Silva.

 

7 - JAMIL MURAD

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, cumprimenta a deputada Leci Brandão. Recorda a sua ligação com a Vai-Vai, desde 1981. Acrescenta que a agremiação não só é a escola que tem mais títulos, mas a que une várias tendências da sociedade, visando o ideal comum. Ressalta o orgulho dos componentes da escola na preservação do samba. Argumenta que a Vai-Vai se assemelha a um quilombo de primeira grandeza.

 

8 - VALQUÍRIA RIBEIRO

Mestre de Cerimônias, anuncia a presença e faz saudação à Corte do Carnaval de Jundiaí. Dá conhecimento de mensagens alusivas à efeméride, encaminhadas por várias autoridades. Anuncia apresentação musical, feita por componentes da Velha Guarda Musical e da Ala dos Compositores da Vai-Vai, acompanhados do Sr. Fernando Penteado, diretor de Harmonia, e do músico Osvaldinho da Cuíca.

 

9 - FERNANDO PENTEADO

Diretor de Harmonia da Vai-Vai, que fez histórico sobre a Escola de Samba Vai-Vai, faz distinção da escola. Enaltece o legado deixado pelos ancestrais. Recorda a memória dos fundadores. Lembra sambas de 1930, já no prenúncio da Revolução Constitucionalista de 1932. Entoa um dos primeiros sambas-enredo, feito por "Henricão". Recorda sambas antológicos. Informa o significado da coroa e os ramos de café da bandeira da escola. Recorda que a escola é oriunda do Quilombo do Saracura. Louva o trabalho das quituteiras nas festas dos barões do café. Comunica que as cores são do time de futebol de então. Informa o surgimento formal da escola, que ostenta 14 títulos desde 1972, quando da oficialização do Carnaval, além de oito títulos como cordão.

 

10 - AMERICO CALANDRIELLO

Vice-Presidente de Futebol Amador da Federação Paulista de Futebol, revela-se sensibilizado pelo convite. Ressalta o significado desta efeméride. Cumprimenta os integrantes da Velha Guarda. Fala de suas ligações com a escola. Recorda que era chefe da delegação que levou a escola para a Rússia, com 160 componentes. Enaltece a importância do samba paulistano. Elogia a atividade da deputada Leci Brandão. Faz louvação aos demais componentes da Mesa. Propõe o nome "Bela Vista Vai-Vai" à futura estação do Metrô a ser inaugurada na região.

 

11 - PRESIDENTE LECI BRANDÃO

Destaca a importância do trabalho da Velha Guarda da Vai-Vai. Lamenta a ausência da mídia neste evento. Presta homenagem à Escola de Samba Vai-Vai, na pessoa da Sra. Olímpia dos Santos Vaz.

 

12 - CLEUSA CARLOS VAZ ROSSI

Agradece a honraria prestada à sua mãe, Sra. Olímpia.

 

13 - OSVALDINHO DA CUÍCA

Músico, enaltece a responsabilidade na defesa do pavilhão da escola. Recorda sambas de "Henricão". Lembra a biografia de vários compositores do bairro da Bela Vista, entre eles, o argentino Alfredo Le Pera, compositor de músicas de Carlos Gardel. Recorda vivências do bairro.

 

14 - PRESIDENTE LECI BRANDÃO

Recorda suas origens cariocas. Agradece às conquistas que teve em São Paulo, como o título de "Cidadã Paulistana", fruto do reconhecimento da população. Destaca o seu comprometimento com questões populares. Cumprimenta o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, da qual foi paraninfa de uma das turmas. Enfatiza o seu amor por São Paulo. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

                                                                   * * *

 

- Abre a sessão o Sr. Chico Sardelli.

 

* * *

 

o SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - THOBIAS - Sessão Solene com a finalidade de homenagear a Escola de Samba Vai-Vai e eu convido, para compor a Mesa principal, o nosso deputado Chico Sardelli, presidente da Assembleia Legislativa. (Palmas.)

A deputada Leci Brandão, proponente desta sessão. (Palmas.)

Deputado, nosso querido, sempre vereador também, Jamil Murad. (Palmas.)

Deputado estadual, hoje subprefeito da Sé, Alcides Amazonas. (Palmas.)

Professor Doutor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares. (Palmas.)

 

A SENHORA MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Na extensão da Mesa principal, acomodamos, nas cadeiras laterais, o Sr. Américo Calandriello, vice-presidente Futebol Amador da Federação Paulista de Futebol. (Palmas.)

Representando a Cohab de São Paulo, Sr. Edmundo Fontes. (Palmas.)

 

o SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - THOBIAS - Com a palavra, o deputado presidente desta Casa, Chico Sardelli. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CHICO SARDELLI - PV - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Boa noite a todos. Eu gostaria, em nome da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, desejar as boas-vindas a todos vocês que nos abrilhantam essa noite com essa sessão solene proposta e aprovada pela grande deputada Leci Brandão. Quero citá-la. Parabéns, deputada. A senhora, que eu tive a oportunidade de ver, de torcer, em muitos momentos, essa grande carioca, grande paulista, grande brasileira, grande carnavalesca, é isso, compositora, sambista, enfim, que nos honra muito, nos abrilhanta muito com seu trabalho profissional, coerente, sempre capacitado, aqui na Assembleia Legislativa. Com certeza, a deputada Leci Brandão é um exemplo para todos nós, parabéns. Parabéns por esta proposta, hoje, dos 85 anos nessa sessão solene da Vai-Vai.

Saudar meu companheiro, também querido amigo, Itamar Borges, que nos prestigia aqui, essa noite, com sua presença.

Meu amigo e deputado, sempre deputado federal, Jamil Murad, que eu tive a oportunidade de conviver em Brasília.

Deputado, sempre deputado estadual também, Alcides Amazonas, nosso companheiro, um prazer recebê-lo aqui.

Professor Doutor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, um prazer enorme recebê-lo aqui.

Ao vice-presidente da Escola de Samba Vai-Vai, Thobias, aqui presente também.

Ao meu querido companheiro, Ameriquinho Calandriello, prazer revê-lo aqui entre nós.

Agora, eu convido a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

- É feita a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

O SR. Presidente - CHICO SARDELLI - PV - Eu queria só parabenizar, mais uma vez, em nome da Assembleia Legislativa, em nome de todos os parlamentares que compõem esta Casa, a Escola de Samba Vai-Vai.

Mestre Thobias, aqui presente, figuras importantes dessa cultura brasileira que, não tenha dúvida nenhuma, a festa popular de maior impacto, seja no Brasil, como no mundo também. E hoje é o povo dentro da Casa do Povo, porque a Assembleia Legislativa nada mais é que a Casa do Povo.

Então, estou muito feliz por vocês. Me reporto, Ameriquinho, ao Rio Branco Esporte Clube, nas cores preto e branco, ? Que nosso querido Rio Branco de Americana, que é a minha cidade natal, parabéns. Que Deus abençoe a cada um de vocês, que vocês possam fazer um excelente Carnaval. E confesso que esse ano eu estava em dúvida, mas já tenho certeza que eu vou estar na televisão ouvindo e torcendo por vocês. Que Deus abençoe a cada um de vocês. (Palmas.)

Eu gostaria, obrigado... Eu gostaria, nesse momento, de poder chamar a deputada Leci Brandão para, a partir deste momento, presidir esta Sessão Solene tão importante na história do Carnaval brasileiro, na história da vida dessa grande deputada, que é a nossa querida parlamentar Leci Brandão. (Palmas.)

 

* * *

 

- Assume a Presidência a Sra. Leci Brandão.

 

* * *

 

A SRA. Presidente - LECI BRANDÃO - PCdoB - Quero, inicialmente, pedir bênçãos à Velha Guarda da Vai-Vai e às senhoras baianas da Vai-Vai. Estou abençoada, ? Estou abençoada. Então, está tudo certo. Eu não vou fazer aqui uma fala, de forma como a Assembleia Legislativa sempre tem inúmeras Sessões Solenes aqui, mas a gente sempre procura fazer, nos poucos eventos que tivemos a oportunidade de estar aqui, uma coisa do nosso jeito. Quando eu digo do nosso jeito, é o nosso jeito simples, o nosso jeito popular, o nosso jeito respeitoso, porque ninguém está fazendo nada demais.

Eu, ainda há pouco, falava aqui para a TV Assembleia, que eu não estou fazendo absolutamente nenhuma coisa, sabe, glamorosa, eu não estou fazendo nada para me promover, absolutamente. Porque poucas pessoas sabem que eu comecei a conhecer de fato o Carnaval de São Paulo, enquanto comentarista, lá na Tiradentes.

Quando o Sambódromo foi inaugurado, eu estava fora do Carnaval. Eu estava, inclusive, afastada dos comentários.

E no ano de 1988, se eu não me engano, a Alice Maria, que era diretora de jornalismo da Rede Globo, me convidou para que fizesse o comentário aqui em São Paulo.

E eu não vou esquecer, era eu e o Tramontina, num sobradinho, um barraco que fizeram lá na Tiradentes para a gente poder fazer os comentários. E eu vi uma escola de samba, de cor preta e branca, entrar na avenida. Me lembro que o cantor era um rapaz mulato, magro, usava um “summer”, uma gravata borboleta, cantando no chão, não tinha carro nesse tempo, e eu vi uma ala, uma não, várias alas, muito bem vestidas. Todo mundo de veludo, plumas, botas de couro. Aquilo me chamou a atenção porque eu via desfile de escola de samba no Rio de Janeiro desde pequena.

E aí eu não aguentei. No dia seguinte, pela manhã, eu liguei para minha mãe. Falei, “Mãe, eu vi uma escola de samba passar aqui na Tiradentes, que é a Vai-Vai, que me reportou muito ao tempo que eu era pequena e que eu via ao Império Serrano e à Mangueira, desfilando com fantasias, fantasias bonitas de tecido bom, sabe, os calçados bons, eu fiquei deslumbrada”. E o que me chamou também a atenção foi a cor da escola, a cor do povo da escola. É claro que vocês sabem que eu sou uma criatura que tenho na minha vida uma marca, uma tatuagem, que é a defesa da minha etnia.

E a Vai-Vai é uma escola que tem essa legitimidade. Não só a Vai-Vai, eu sei que outras escolas também têm essa legitimidade. E eu sou obrigada a falar isso porque eu tenho percebido, inclusive nos ensaios técnicos, que a nossa população, ela está um pouco ausente. A nossa etnia está ficando ausente dos desfiles das escolas e isso me preocupa bastante.

Agora, a Vai-Vai está tendo esse cuidado. A Vai-Vai trata bem a sua Velha Guarda, trata bem a sua Ala de Baianas, trata bem a sua comunidade e, mais do que nunca, mostrou... Agora, no ensaio técnico, eu tive o prazer de assistir a garra, a alegria e, enfim, aquela coisa, sabe, eu sou Vai-Vai, eu estou aqui, chegou o Bixiga, chegou a Bela Vista, e isso me deixou mais feliz ainda porque nós já tínhamos encaminhado essa Sessão Solene pelos 85 anos desta escola.

Então, meus queridos amigos, eu quero pedir desculpas a vocês, se durante todo esse processo de Carnaval, eu tenha cometido alguma falha nos nossos comentários, mas eu acho que não, porque muita gente tem dito que está sentindo a nossa falta, que as pessoas não falam mais o nome dos protagonistas desta festa, eu lamento profundamente que seja assim, mas quero é dizer que, para mim, sendo uma pessoa que começou na Estação Primeira de Mangueira, que é uma escola que respeita demais a Vai-Vai, que a oportunidade que São Paulo me deu, de me colocar nessa Casa Legislativa, faz com que a gente hoje, independente de ser uma pessoa que veio do mundo do samba, esteja aqui na condição, esteja, porque eu estou deputada, eu não sou deputada, eu sou artista, e quero agradecer a todas as pessoas da Vai-Vai pelo carinho. A bonequinha que a Ala de Baianas me deu, a bolsa social que a Velha Guarda me deu, e quero agradecer até a chuva que caiu nas vezes que eu fiz show lá na Bela Vista e todo mundo estava lá, cantando comigo.

Obrigada pelo carinho que vocês me deram, obrigada por todo o reconhecimento... (Palmas.)

E para não perder a nossa vida, a nossa essência, a nossa emoção, eu queria pedir ao Paulo Henrique, o Paulo Henrique está aí? Tem um cavaquinho...

Pode ser um pouquinho menos? Nós estamos dentro da Assembleia, tem que ser um pouquinho mais devagar.

 

* * *

 

- É feita uma apresentação musical na qual a deputada Leci Brandão canta uma música em homenagem ao Sr. Osvaldinho da Cuíca.

* * *

 

A SRA. Presidente - LECI BRANDÃO - PCdoB - Osvaldinho da Cuíca, para você. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - E agora, a nossa deputada Leci Brandão irá prestar uma homenagem ao Sr. Osvaldinho da Cuíca.

 

A SRA. Presidente - LECI BRANDÃO - PCdoB - Acabou de ser feita a homenagem para o Osvaldinho da Cuíca.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Mais uma salva de palmas. Por favor, de pé o Sr. Osvaldinho. Muito obrigada. (Palmas.)

Comunicamos aos presentes que essa Sessão Solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela TV Assembleia no dia 14 de fevereiro, sábado, às 21h, que é transmitida pela TV Net no canal 7, pela TVA no canal 66, TVA Digital canal 185 e TV Digital aberta, canal 61.2.

Com a palavra, agora, o senhor subprefeito da Sé, Sr. Alcides Amazonas. (Palmas.)

 

O Sr. ALCIDES AMAZONAS - Bom, a todos e a todas, uma boa noite. Quero, aqui, cumprimentar o deputado Chico Sardelli, cumprimentar o Itamar Borges. Tive a honra de conviver nesta Casa aqui, exercendo mandato de deputado, até março do ano passado, e cumprimentar e parabenizar a deputada Leci Brandão pela iniciativa de homenagear esta tradicional escola de samba de São Paulo chamada Vai-Vai, que tem uma história muito rica aqui na cidade de São Paulo, com seus títulos e, portanto, é uma homenagem mais do que justa.

Eu tive a honra de conviver aqui, de compor a bancada do PCdoB aqui na Assembleia, junto com a deputada Leci Brandão. Fui liderado por ela, foi um período importante aqui da minha vida, um grande aprendizado, e hoje estou na subprefeitura da Sé, como subprefeito.

E na área de jurisdição da subprefeitura da Sé está a Vai-Vai. Aliás, eu queria dizer para vocês que têm uma certa apreensão, e com razão, de todos aqueles que compõem a Vai-Vai, daqueles que gostam da Vai-Vai, que aprecia o Carnaval da Vai-Vai, têm uma certa apreensão com relação a uma obra do metrô que vai ter início ali na Praça 14-Bis, aonde vai ter, ali, uma estação do metrô.

Eu queria dizer para vocês que existe todo um esforço, envolvendo o governo municipal, através da subprefeitura da Sé, envolvendo a própria diretoria da Vai-Vai, o governo do Estado, o consórcio que vai construir aquela obra. E eu queria dizer para vocês que nós já estamos na fase final das negociações e posso garantir para vocês que a Vai-Vai vai continuar ali na Bela Vista, do lado do Anhangabaú, vai continuar no centro da cidade, portanto, não vai ficar desalojada. (Palmas.)

Em breve, devemos fazer esse anúncio formal, estamos combinando aqui com o Thobias da Vai-Vai, com o Neguitão, que é o presidente, para que a gente possa, junto com o Jamil, junto com o Orlando Silva, aliás, eu queria dizer que eu estive há pouco com o deputado federal Orlando Silva e ele disse, Leci, pra eu transmitir um abraço para você, aqui, para todos, que ele não pôde marcar presença, mas ele pediu aqui, carinhosamente que eu transmitisse esse abraço aqui para vocês.

Portanto, eu queria dizer que a Vai-Vai está com um Carnaval muito bonito este ano, não é? “Sempre Elis”, vai fazer bonito na avenida, tenho certeza que vai disputar e vai ganhar o Carnaval, eu estou aqui até já... porque eu vou desfilar também, então a gente está aqui meio que tendencioso. Mas não é, é que a gente já conhece a Vai-Vai há bastante tempo, está na nossa área ali, certamente... O Gilmar Tadeu está ali, que é o nosso chefe de gabinete, também vai desfilar.

Aliás, eu quero cumprimentar aqui a nossa sempre deputada estadual. Quantas vezes ela não esteve aqui na Mesa, prestando diversas outras homenagens, nossa querida Ana Martins, está aqui na frente, aqui, parabéns aqui para a Ana, que está aqui prestigiando. (Palmas.)

Eu queria concluir dizendo para vocês que cada vez mais o governo municipal vem incentivando o Carnaval. No ano passado, nós tivemos cento e poucos blocos desfilando aqui na cidade de São Paulo. Esse ano nós temos 300 blocos de Carnaval desfilando aqui na região central, aliás, em toda a cidade de São Paulo, e 90 só na região central. Portanto, todo o apoio também ao Carnaval de rua, aos blocos, ao Carnaval promovido pela OESP, pela Liga, portanto, São Paulo está em festa.

Não sei quem foi que inventou esta semana que deveríamos cancelar o Carnaval em função da falta de água. É verdade que está faltando água, mas eu acho que a gente até vive com racionamento, até vive sem água, mas sem Carnaval, sem samba, não é possível. Portanto, parabéns a todos e um grande abraço. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Agora quero pedir a apresentação do vídeo do senhor deputado federal Orlando Silva.

 

* * *

 

- É feita exibição de vídeo.

 

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o SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - THOBIAS - Queria destacar aqui as presenças do Sr. José Nelson Banhara, representando o deputado federal Vicentinho, também Marquinhos Jaca, músico compositor, presidente da Associação de Sambistas.

E com a palavra, agora, gostaríamos de ouvir o senhor vereador Jamil Murad. (Palmas.)

 

O Sr. JAMIL MURAD - Boa noite. Em primeiro lugar, queria cumprimentar a presidenta desta Sessão, a ilustre e querida companheira, artista, ilustre deputada, respeitada pelo povo de São Paulo, pelo povo brasileiro, Leci Brandão. Parabéns por tomar essa iniciativa de convocar uma Sessão Solene em homenagem aos 85 anos da Vai-Vai.

Meus companheiros Alcides Amazonas, Zé Vicente, meu companheiro Ameriquinho, está meio entristecido hoje, mas...

Edmunda, nossa companheira ali, os deputados que participaram aqui, Itamar e o Chico Sardelli, a nossa deputada Ana Martins.

Companheiras e companheiros, eu cheguei na Vai-Vai em 1981, era médico aqui do Hospital do Servidor. E o pessoal que morava lá e trabalhava no Hospital me levou para lá. Nunca mais saí, eu me incorporei a essa família Vai-Vai.

A Vai-Vai é uma paixão, ninguém consegue... Há paixão, há paixões que às vezes acabam, mas a paixão pela Vai-Vai não acaba nunca.

E a nossa escola, não é por ser a que teve, que tem, mais títulos de campeã no Carnaval de São Paulo, é verdade que tem mais títulos, mas ela é uma escola que une a sociedade, une o nosso povo, une a nossa comunidade. Lá tem a criança e o idoso, lá tem o palmeirense e o corintiano, o santista. Lá, tem a mulher e o homem, lá é uma união da comunidade, todos se respeitam, todos se apoiam, todos procuram se ajudar para as coisas irem bem.

Vocês não estão vendo, nós aqui de cima, Leci, estamos vendo, não é, Zé Vicente, a imagem aqui, que imagem linda, as pessoas representando a Vai-Vai aqui, bonitas, bem-vestidas, caprichadas, que orgulha todos aqueles que são da Vai-Vai, mas também todos aqueles que amam o samba, amam a cultura popular.

Eu tenho sempre pensado, não é, a escola de samba, ela é como se fosse um quilombo, onde as pessoas convivem e se protegem, se ajudam, dão a mão um para o outro numa hora de necessidade. Aquelas crianças, desde pequenas, são protegidas pelos que são adultos ou idosos. Então eles crescem, e dali a pouco estão moças ou moços... existe uma... é como se fossem filhos de cada um de nós. A gente torce para ver o progresso de cada criança que convive ali na Vai-Vai. Dali a pouco, é moço, é moça, tem uma profissão, ou disputa na parte artística, vai cumprir uma missão dentro da sociedade e, então, a Vai-Vai é um quilombo de primeira grandeza. Todo mundo torce para cada um sair bem, para a comunidade ter progresso, ter uma vida melhor, a se respeitar, ter bem-estar, e cada um respeita o jeito do outro.

Eu estou vendo aqui companheiros... Tem companheiro aqui que está sóbrio demais. Está quieto, está quieto... É uma alegria, é uma alegria. Todo mundo sabe quem é, ninguém vai falar, porque ele é irmão nosso, é nosso irmão, e quando está com alguma dificuldade, ele é protegido por todos nós. Ele é nós.

Quer dizer, então, é assim, assim é a Vai-Vai. Então, Leci, homenagear uma escola de samba como a Vai-Vai, é homenagear o samba brasileiro, é homenagear a cultura popular brasileira, é homenagear o povo brasileiro, e é homenagear o Brasil.

Então, parabéns para a Vai-Vai, parabéns para a nossa comunidade, e vamos ganhar esse título de 2015, porque eu estou louco para tomar um chope lá na quadra. Um grande abraço. Parabéns. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Eu gostaria de chamar para fazer a extensão da nossa Mesa principal, a corte de Jundiaí, suas princesas e rainha. Por favor. (Palmas.)

Enviaram cumprimentos pela Sessão Solene as seguintes autoridades: deputado federal Vicente Cândido; deputado João Caramez; secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes; reitor da Universidade de São Paulo Professor Doutor Marcos Antonio Zago; presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antônio Donato; deputado federal Floriano Pesaro, secretário de Estado de Desenvolvimento Social; prefeita de Guarujá, senhora Maria Antonieta de Brito; deputado estadual Estevam Galvão.

E agora, nós teremos a apresentação da nossa Velha Guarda musical e Ala dos Compositores do Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Vai-Vai. (Palmas.)

 

O SR. - Aproveitando também para dizer do nosso orgulho de ter nos nossos quadros da harmonia, o nosso amigo Julião, que compõe o quadro de assessores de nossa ilustre deputada Leci Brandão. (Palmas.)

 

O SR. - Boa noite gente, boa noite Vai-Vai. Estamos felizes em estar aqui, 85 anos. Já foi anunciado na nossa quadra e eu quero avisar para o nosso subprefeito, viu subprefeito, que nós somos uma escola de samba da rua, e pode preparando aquele Viaduto do Chá, que nosso ensaio vai ser embaixo do Viaduto do Chá, é ou não é? Vamos sair dali, e vamos para debaixo do Viaduto do Chá. (Palmas.)

Que nós estamos 85 anos na rua não dá para acostumar dentro de uma quadra. E lá não tem barulho... quer dizer, barulho vai ter, mas não tem vizinho, só se o prefeito reclamar, mas é de domingo, ele está em casa. Certo? Certo? (Palmas.)

Está fechado, hein? Vamos cercar lá, pôr barraca, já viu, ? Bixiga é Bixiga. Nós saímos da nascente do Saracura e estamos na foz. Estamos ali no nosso Bixiga.

 

O SR. - Eu quero também deixar aqui a minha homenagem a uma das primeiras escolas de samba de São Paulo, que hoje, dia 9 de fevereiro, ela completa também seu aniversário. Que ela foi fundada em 9 de fevereiro de 1937. A Lavapés. (Palmas.)

E a minha homenagem à Velha Guarda com um dos mais antigos, seu Diamantino, Nenezinho, representando a Ala Masculina, e a dona Olímpia Vaz, que eu tenho um respeito muito grande, pelas mulheres, também a dona Cleosi, que representa a família raiz da nossa escola de samba, a família Penteado. Obrigado gente. (Palmas.)

 

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- É feita apresentação musical.

 

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          O SR. - O nosso compositor maior, Oswaldo Barros, quer prestar uma homenagem para a Velha Guarda.

 

O SR. OSWALDO BARROS - Bem, eu tive a felicidade de compor a segunda parte do samba do Luiz Vagabundo, que é um hino da nossa escola.

 

* * *

 

- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Quero registrar a presença da Sra. Mari Medeiros, executiva nacional Unegro e gestor CEU Caminho do Mar, a Sra. Simone Nascimento, representando Secretaria Municipal Promoção e Igualdade Racial de São Paulo, a Sra. Ana Martins, direção estadual da União Brasileira de Mulheres, UBM - São Paulo.

Gostaria de chamar o Sr. Fernando Penteado para fazer a leitura do histórico da Escola de Samba Vai-Vai. (Palmas.), atual diretor de harmonia.

 

O Sr. FERNANDO PENTEADO - Boa noite mais uma vez. Me pediram para escrever o histórico da Vai-Vai, mas o histórico da Vai-Vai está aqui presente: a Velha Guarda, Baiana... (Palmas.)

Casal de mestre-sala e porta-bandeira, Paulo Pingo, casal mirim, Ala Mirim, algumas passistas, enfim, a escola está representada na sua essência. Os diretores, a diretora social, Sandrinha, diretores de harmonia que estão por aí espalhados. E a Vai-Vai é uma escola que é diferente de todas as outras, não querendo faltar com o respeito a ninguém.

E tem um samba que a gente fez que eu falo (cantando) “me perdoe as coirmãs, mas ser Vai-Vai é algo mais, e não peçam para explicar, quem quiser entender, tem que nela desfilar”, porque a essência da Vai-Vai somos nós. Esse algo mais que a gente fala no samba são vocês porque as outras escolas não nos têm.

Então, a Vai-Vai, que hoje tem 85 anos, é porque foi passado de legado para legado. Muitos aqui, assim como eu, são filhos de fundadores, tem netos de fundadores. E começou por aqueles cinco malucos em 1928. Mil novecentos e vinte e oito, porque o Henricão mesmo disse que em 1928 ele fez o primeiro samba, que falava assim (cantando) “saiu à janela / veio espiar / a Vai-Vai passar / turma de valor / gente do valor vem do Carnaval”. E depois ele falou que ele fez em 1929, ele fez (cantando) “se ela não sair na Vai-Vai / em outra escola não sai / quero ver, ai quero ver, a minha fiel companheira / dançando de porta-bandeira do Vai-Vai / dançando de porta-bandeira”. E assim começou a história.

Em 1930, ele já fez um samba-enredo, porque tem escola aí que se alvora de ter feito o primeiro samba-enredo de São Paulo. Nós vamos discutir isso aqui. Mas só que em 1930 já há um prenúncio para a Revolução de 1932, a Vai-Vai saiu com soldadinho de chumbo, soldadinho Fritz, aquela roupinha Fritz, e ele fez um samba, a cabeça era assim (cantando) “Salve São Paulo / Tu és meu pendão varonil / Mistura de raça e riqueza / És o coração do Brasil”. Henricão, 1930.

Para quem não conhece Henricão, é Henrique Felipe da Costa, Henricão, ele foi o primeiro Tio Barnabé do Sítio do Pica-Pau Amarelo, mas mesmo assim tem gente com um ponto de interrogação na cabeça. Mas se eu... Tem uma marcha de carnaval que ele imortalizou, que eu duvido que alguém não cantou. No fim de ano, festa na escola, formatura que é, quem sabe? Canta para mim, aí quem sabe?

 “...O dia já vem raiando meu bem / eu tenho que ir embora”. Esse é Henricão. Também tem “eu tenho uma casinha lá na Marambaia, fica na beira...” e assim, ele vai embora. Henricão foi o nosso primeiro compositor de samba, dentro da Vai-Vai. Aí depois veio Leco, Tino, Guariba, vieram outros que foram se agregando, e tem muitos sambas antológicos, que a gente canta até hoje. Por isso que a nossa escola, hoje, realmente tem tradição.

A jovem guarda de hoje canta samba que foi feito em 1937. A garotada. E é aí que nós mantemos a nossa tradição.

Aí já temos um compositor. Mas precisávamos de um pavilhão. O que nós vamos tentar? Aí entrou em cena Frederico Penteado, Fredericão, que idealizou a coroa com um ramo de café. Idealizou, e assim foi feito. Por que a coroa? Por que a coroa? Porque até aquela época, até meadinhos de 1970, nós, que somos dessa época de 1970, lá naquela época, a gente se tratava de “ô meu rei, ô minha rainha”. Aqui também era assim. Salvador, lá na Bahia, é comum isso. Mas aqui também nós nos tratávamos de rei e rainha. Olhávamos um ao outro “e aí meu rei, tudo bem? E aí, minha rainha?”. Por quê? Se eu não sei o nome da pessoa, eu tratava de minha rainha, de meu rei. Mas por quê? E aí vem a explicação. Se lá na nossa terra-mãe nós éramos reis e éramos rainhas e viemos para cá como escravos, por que não vamos ser aqui também? Então, o tratamento de rei e rainha era para a negritude do Bixiga.

Então, hoje essa coroa que nós ostentamos no nosso pavilhão é a negritude do Bixiga, que era misturada com os italianos. É a negritude do Bixiga.

Mas aí precisava também de verba, então teve o ramo de café. Porque as nossas avós, e bisavós de muitos de vocês, ou tataravós, de alguns de vocês, nós morávamos ali no quilombo da Saracura, que era ali onde a escola está hoje, que é o morro dos Franceses hoje. Ali era um quilombo.

E acima, tinha o Alto do Caaguaçu e a avenida Paulista, aonde moravam os barões do café. E as nossas avós, bisavós, tataravós, eram as pretas velhas quituteiras. Quem fazia as festas, as grandes festas, porque naquela época não se existia o buffet, então, eram as pretas velhas quituteiras que eles contratavam. Então, a festa era boa quando tinha a quituteira fulana, quituteira beltrana, e elas iam lá e faziam as festas.

Então, mas eles já contribuíam com alguma coisa, com um cordão carnavalesco. Então, vamos pôr o ramo de café aqui, a coroa e o ramo de café. Se eles contribuem sem nada, vamos fazer uma homenagem para eles dar um tiquinho a mais, entendeu? Aí foi feito o Vai-Vai com a coroa e o ramo de café.

As cores preto e branco é porque o time famoso que tinha lá na Vai-Vai, lá na Bela Vista, que era o Cai-Cai, e que era branco e preto. Então as cores inverteram. Se o time lá é branco e preto, nós vamos ser preto e branco.

Então já tínhamos o samba e tínhamos o pavilhão. Mas tinha que registrar tudo isso. Tinha que fazer ata. Então, seu Lourival de Almeida, avô do Lourival de Almeida Campos, que era guarda-livros na época, fez toda a escrituração da Vai-Vai. Fez toda a documentação da escola. Então um fez o samba, outro idealizou o pavilhão e outro fez a documentação.

Aí tinha o mestre do apito, seu Livinho, que tomava conta da batucada do cordão. E ali, foram nascendo a escola e era a turma do Sardinha, liderada pelo seu Benedito Sardinha, Henricão, Fredericão, Loro, Livinho e Sardinha, que saiu essa grande nação, que hoje tem 85 anos.

Um pouco da nossa história, tem muito mais para contar, mas acho que já deu para saber o porquê do legado que essa escola tem. É uma escola que... de 85 anos, a gente repete isso, que ostenta 14 títulos, mas como escola de samba. O pessoal fala assim, , mas a escola tem 85 anos e só tem 14 títulos? Porque os títulos só passaram a ser contados de 1972 para cá, na gestão do prefeito Faria Lima, que oficializou o Carnaval.

Aí, de 1972 para cá, começaram a ser oficializados. Aí se conta esse título, de 1972, nós ganhamos a primeira vez em 1978, como escola de samba, e hoje somos a escola de samba que tem mais títulos. Mas temos oito títulos como cordão carnavalesco, que eu sempre falo para o nosso presidente incluir no nosso pavilhão isso.

Porque tem escola que tem “tricampeã”, “pentacampeã”, mas conta título de 1940, que não era oficializado. Então, também nós temos o direito de contar esses títulos. Como cordão, mas nós só mudamos de escola de samba para cordão. Mas na realidade então são 14 com mais oito.

Aí eles matam a gente, , gente? Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Ouviremos, agora, uma breve saudação do Sr. Americo Calandriello. (Palmas.)

 

O Sr. AMÉRICO CALANDRIELLO - Bom, boa noite a todos, Ala das Baianas, Velha Guarda, logo vou estar aí, viu, que eu tenho 70 anos e estou caminhando para estar aí, com muito orgulho. Harmonia, evolução, casal de mestre-sala e porta-bandeira, mestre-sala mirim, evolução, eu fiquei muito sensibilizado quando recebi este convite da deputada Leci Brandão, que resgata esses nossos 85 anos de vida.

Então, eu fiquei emocionado, fiz questão de estar presente aqui, neste momento muito especial. E muito orgulhoso de ver a nossa Velha Guarda cantando, vibrando, mostrando que a Vai-Vai tem uma história e tem uma biografia que foi toda contada aqui pelo Penteado. Eu até me surpreendi com estes 22 títulos, mas para mim foi muito especial.

Gostei demais da palavra do deputado Jamil Murad quando ele coloca que você vai ao Vai-Vai protegido. E eu me sinto um dos protegidos do Vai-Vai, porque frequento o Vai-Vai há muitos anos, sou conselheiro há 15 anos, quando presidi o Anhembi e fui o chefe da delegação que levou o Vai-Vai para a Rússia. Quando teve uma Olimpíada comunista cultural, o partido fez este convite, fez na minha sala e nós fomos a Moscou com 160 componentes. Um pouquinho de cada ala esteve presente em Moscou, e a testemunha viva aqui é o Osvaldinho da Cuíca, que esteve conosco, o Thobias com a Elisete. Então, um pouco de nós esteve presente na Rússia, mostrando o que é o Carnaval de São Paulo.

No Carnaval de São Paulo existe respeito, existe um carimbo, nós temos aqui a nossa Corte, que quando eu presidi, respeitei demais. Fomos a todos os programas de televisão, todos os programas que eu tinha questão. E me orgulhava de levar a Corte. A Valquíria foi a minha rainha, o Marco Antônio foi o meu rei momo. Eu falo porque andei com eles, o que antecedia o Carnaval de 2000.

Então, foi para mim muito especial, hoje, ouvir as palavras do Jamil Murad, eu me sinto protegido, todo mundo sabe que eu fui diretor, sou conselheiro do Palmeiras, mas adotei o Vai-Vai, o Vai-Vai está no meu coração, o Vai-Vai faz parte do meu DNA. (Palmas.)

Então, deputada Leci Brandão, fiquei orgulhoso de receber esse seu convite, e pode ter certeza que estarei divulgando, nos mais longínquos rincões, essa sua linha de conduta, essa postura. E temos aqui presente também o Zé Vicente, o magnífico reitor da Universidade dos Palmares, que é uma escola que é vocacionada em passar o saber, principalmente esse segmento do mais necessitado e do carente. Parabéns, viu, nosso amigo José Vicente. (Palmas.)

Ao Alcides Amazonas, que hoje fez uma revelação aqui que nós precisamos estar alertas, que o Vai-Vai deve sair ali da Bela Vista, onde vai ser a estação Bela Vista do metrô, mas a nossa... Onde nós estamos instalados, junto com o posto de gasolina.

E a gente pode reivindicar que aquela estação possa se chamar Bela Vista - Vai-Vai. Então está certo? (Palmas.)

Essa pode ser uma reivindicação, que nós estamos na maior Assembleia Legislativa do Brasil, esta aqui, e o local é aqui, onde estão os legisladores que vão autorizar essa qualificação: estação Bela Vista - Vai-Vai. (Palmas.)

Meus companheiros, meus colegas, o Vai-Vai, quando faz aniversário, não pode ser em um dia só, tem que ser uma semana comemorativa. É muita história, é muita biografia. E o Alcides Amazonas, o nosso subprefeito e deputado, que falou da nossa mudança. Sabe para onde a gente vai? A gente vai próximo da Ladeira da Memória, que é onde o Vai-Vai tem que ficar, porque essa escola tem muita memória. Parabéns a todos e à senhora deputada. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Quero registrar a presença do Sr. Joalve Vasconcelos, do Sindalesp.

Nesse instante, a deputada Leci Brandão transfere a Presidência para a parte de baixo do plenário, de onde fará a homenagem à Escola de Samba Vai-Vai, na pessoa da dona Olímpia. (Palmas.)

 

O sr.Olha, gente, não existe um Vai-Vaiense no Bixiga que não passou pela mão dessa jovem senhora. Nós sabemos disso. Nós, que somos Velha Guarda hoje aqui sabemos que todo mundo levou puxão de orelha, levou aquele beliscão, puxão de cabelo dessa jovem senhora. Então, para quem eu peço uma grande salva de palmas que, no momento, está recebendo uma placa em comemoração aos 85 anos da escola, em nome do nosso presidente.  (Palmas.)

E nada mais do que uma figura maior como ela para receber essa homenagem, da nossa nobre deputada Leci Brandão.

 

* * *

 

- É feita a entrega da homenagem.

 

* * *

 

A SRA. Presidente - LECI BRANDÃO - PCdoB - Bom, que Deus abençoe, proteja, ilumine, todos e todas que aqui estão. Benção para quem é de benção, boa noite para quem é de boa noite, muito axé para todo mundo que está aqui.

Homenagem aos 85 anos da Escola de Samba Vai-Vai.

“A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por iniciativa desta deputada que vos fala aqui, tem a honra de homenagear o Grêmio Recreativo Social Cultural Escola de Samba Vai-Vai pelos seus 85 anos de atividade carnavalesca, pela relevante contribuição na defesa da preservação do Carnaval e divulgação da cultura popular. São Paulo, fevereiro de 2015.” (Palmas.)

Dona Olímpia, para a senhora, muito obrigada.

 

A SRA. OLÍMPIA DOS SANTOS VAZ - Não posso falar nada, porque eu não escuto nada... Sou surda... Passo a palavra à minha filha.

 

A SRA. CLEUSA CARLOS VAZ ROSSI - Para que agradecer? Eu agradeço você, Leci Brandão, por tudo o que você tem feito pela minha mãe. Ela, essa homenagem maravilhosa que você faz por ela. Muito obrigada, viu, de coração. (Palmas.)

 

A SRA. Presidente - LECI BRANDÃO - PCdoB - Eu estava ouvindo o Penteado falando aqui e falei que pena que a mídia não esteja presente, porque foi um momento único, um momento ímpar, porque o Penteado, hoje, provou que ele é um griô, é um verdadeiro griô, porque o que ele contou aqui, o que ele passou para todos nós, o que ele nos ensinou, porque nem todo mundo tem essa sensibilidade de procurar saber da história. Que a história não é uma coisa que dá para jogar no lixo. E Vai-Vai tem uma história.

A única coisa que eu quero aproveitar é para pedir a todas essas pessoas que hoje têm o poder da mídia, que têm o poder de estar fazendo a divulgação, o marketing, tudo isso que vocês veem aí, que eles possam, um dia, abrir um canal, para fazer um programa, semanalmente, mostrando a história dessas pessoas que tanto contribuíram para a nossa cultura. A gente não aguenta mais ser engambelado, ser enganado por uma cultura que não leva ninguém a lugar nenhum. Entendeu? (Palmas.)

A gente quer ver esses rostos na TV. São essas pessoas que precisam ser mostradas. Eu acho que não seria nada demais, as pessoas que mostram esse Carnaval e que detém o poder de mostrar o Carnaval, não dando condição para mais ninguém mostrar, que mostrem essas pessoas.

Antes da Vai-Vai desfilar, tinha que entrar uma fala do Penteado, mostrando a história, sabe, quem são os protagonistas, quem são os fundadores, quem são os verdadeiros artistas do Carnaval, que foi com esse povo que tudo começou.

 No entanto, essas pessoas hoje não são mostradas, não são citadas porque inverteram a história desse país. Nós estamos sendo tragados por pessoas que se consideram intelectuais, se consideram importantes, se acham, se acham, entendeu, e não estão dando mais oportunidade para a nossa gente.

E eu quero aproveitar esse momento que tenho, de estar deputada da maior Assembleia do país, que é a Assembleia Legislativa de São Paulo, é a maior do país, para fazer esse desabafo.

Eu, inclusive, cometi um deslize, porque por ser a pessoa que estava presidindo, eu teria que me reportar às autoridades que estavam ali. Só que eu sou uma pessoa do samba, eu fiquei muito emocionada, não cumprimentei as autoridades e fui direto pedir a benção para as Baianas e para a Velha Guarda que é o que traz o meu axé. (Palmas.)

Por isso que eu fiz isso. Quebrei o protocolo, sabe, naturalmente. Nem percebi, porque quando eu vejo essas pessoas, eu sempre choro. Ninguém nunca entendeu porque, no Carnaval de 2010, eu desabei quando terminou o desfile. Porque eu sabia que eu não ia mais ter a oportunidade, se eu fosse eleita, eu não poderia mais ter a oportunidade de falar dessas pessoas. Eu sabia que ali eu estava dando a minha despedida. Foi por isso que eu chorei muito.

Espero que algum dia alguém tenha a sensibilidade, acorde, enquanto é tempo e, por favor, não deixem o samba morrer, porque a Vai-Vai é, sabe, a Vai-Vai, a escola de samba do Bixiga. (Palmas.)

Ouso dizer, ouso dizer, pelo que eu vi no Anhembi, há dois dias, vai ser difícil vocês não levarem esse campeonato. (Palmas.)

 

 

O SR.Que todos os anjos e orixás dizem Amém, . (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Com a palavra, aí mesmo de baixo da plenária, senhora deputada, gostaria de dar a palavra ao Sr. Osvaldo da Cuíca, que em nome da Escola de Samba Vai-Vai, irá dizer algumas palavras.

 

O SR. OSVALDINHO DA CUÍCA - Bem, primeiramente, quero agradecer a presença de todos, à nossa deputada Leci Brandão, à Casa, Dr. Jamil Murad que é muito nosso amigo, e agradecer a presença da Corte de Carnaval de Jundiaí, que aqui se encontra presente, que foi o interior São Paulo, da zona rural, que nós herdamos a cultura mesclada com o samba do Estácio de Sá do Rio de Janeiro, que hoje nós estamos praticando.

É uma responsabilidade muito grande falar desse pavilhão, falar da Escola de Samba Vai-Vai. Cada vez que eu me refiro à Vai-Vai, a gente treme um pouquinho, porque como o Penteado falou, quem teve uma pessoa, mil pessoas na escola como o Henricão, que nasceu em 1908 em Itapira, e que foi parceiro de Bucy Moreira, no tempo em que o samba não era sambado, era sapateado, por isso os sambas antigos falam muito de sapateado.

A ligação que temos hoje Elis Regina, que cantou Henricão “eu tenho uma casinha lá na Marambaia”, Elza Soares, cantou Henricão, a divina Elisete Cardoso cantou Henricão, o mundo inteiro canta Henricão, que é uma versão mexicana de Fernandes, mas ele teve a sacada de fazer a versão da música mais cantada nos estádios. Henricão, quem teve a felicidade, esqueceram dos nossos heróis do passado. Quem não se lembra?

Nasceu na rua Major Diogo um grande sambista negro, Risadinha. Tivemos um que nasceu ali também, no Bixiga, Augustinho do Santos. O maior poeta do planeta, porque o mundo inteiro cantou, sabe? Quem fez um grande sucesso de Carlos Gardel, nasceu ali no Bixiga, na Major Diogo, Alfredo Le Pera, foi registrado no cartório da Consolação, foi embora para a Argentina, não queria se naturalizar, mas segundo um jornalista, acabou se naturalizando, morreu em 1935, com Carlos Gardel, mas a música dele é cantada no mundo inteiro, todas. Ele produziu filmes, produziu todos os shows de Carlos Gardel, ele que deu praticamente a ressocialização do tango no mundo.

Quem não conhece (cantando) “El dia que me quieras”. Quem não conhece? E “Corrientero” e todos os sucessos do mundo do tango, foi um argentino. Foi um brasileiro, não foi um argentino.

Então, alguma música dele e de toda a Argentina, as demais foram feitas por dois negros do Uruguai, “La Cumparsita”. E a gente conviveu com tanto racismo, e não sabe que toda a história nasceu aqui no Bixiga e algumas aqui no Uruguai, de pessoas que têm... foi tão discriminado, , que nem os autores não só de “La Cumparsita” como de tantos sucessos que Carlos Gardel gravou.

Então, eu não vou me alongar, porque a história é muito rica, é muito rica, da nossa escola, e do nosso bairro, que precisariam meses a gente falando, para poder falar. Sem contar das personalidades que passaram por nossa escola e continuam passando.

Então, quero agradecer e dizer que Bixiga é a comunidade onde ficavam pobres e negros. Bela Vista, a parte superior do Alto do Caaguaçu, que começava lá onde tinha a Brahma, o depósito da Brahma, o morro, e vinha a parte onde não enchia d’água, era dos barões do café. O Bixiga, mesmo, era do pessoal de pobres e de negros, praticamente, que fizeram a história da música nesse país.

Eu quero agradecer e encerrar porque, senão, fico o dia inteiro falando. Passar o microfone para outra pessoa, com muita felicidade no meu coração por vocês deixarem eu fazer parte da história do Vai-Vai. Muito obrigado Leci, muito obrigado a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VALQUÍRIA RIBEIRO - Ouviremos, agora, as palavras de encerramento da nossa deputada Leci Brandão.

 

A SRA. Presidente - LECI BRANDÃO - PCdoB - Bom, eu quero pedir a Deus que nos abençoe, que nos ilumine, que nos proteja. Dizer não só para a Vai-Vai, como para todo o povo que é ligado às escolas de samba de São Paulo que eu tenho muita honra, muita honra de conviver com as senhoras e com os senhores.

Sou uma carioca, nascida em Madureira, criada em Vila Isabel, compositora da Estação Primeira de Mangueira, mas não me canso de dizer, não só aqui, como em qualquer lugar deste país, obrigada São Paulo, por tudo que vocês fizeram na minha vida. (Palmas.)

Obrigada por vocês terem, sabe, vocês recuperaram uma carreira que estava parada há cinco anos. Lá em 1985, quando eu cheguei aqui com “Papai Vadiou” e “Isso é Fundo de Quintal”. Obrigada por vocês terem me dado o primeiro Disco de Ouro da minha carreira. Que eu tinha uma carreira intensa, mas nunca tinha recebido um Disco de Ouro, e foi São Paulo que me deu.

Obrigada pelo título de Cidadã Paulistana.

Obrigada pelo reconhecimento a toda luta que a gente faz pelo povo, porque talvez nós não tenhamos o nosso nome mais divulgado, muita gente até pensa que eu parei com tudo. Parei com a carreira, sumi do mapa, mas não é isso. É quando você está dentro de uma coisa chamada política, e que você não faz coisas somente para você aparecer na mídia, as pessoas não querem saber do que você faz.

Mas eu tenho muita honra, e eu isso eu quero falar para o nosso querido Amazonas, que é um camarada do PCdoB, que foi esse partido que me convidou para entrar nas suas fileiras, foi esse partido que me tornou deputada estadual. E se não fosse São Paulo, eu não teria sido eleita. Fui reeleita, graças a Deus, com menos votos, mas pelo menos a gente teve uma coisa chamada avaliação, por ter feito um mandato com muita simplicidade, com muita humildade, mas principalmente com muito comprometimento, comprometimento com as questões populares.

Quero agradecer publicamente aqui ao sempre deputado e amigo, Jamil Murad, por tudo que ele me ensinou, e tudo o que ele fez por mim. (Palmas.)

Quero agradecer ao nosso querido reitor, o professor Vicente, por ter me colocado pela primeira vez como paraninfa de uma turma de universidade. Eu nunca pensei que isso ia acontecer na minha vida, ser paraninfa de uma turma.

Então, minha gente, dizer que eu amo São Paulo, eu não estou falando nada demais, é a pura verdade, e isso é assinado embaixo pela minha mãe, dona Leci de Assunção Brandão, que adora esse estado. Porque ela lembra da filha dela na fábrica, ela lembra da filha dela varrendo sala de aula, ela lembra da filha dela carregando marmita, andando de trem, entendeu, e ela, hoje, vê a filha dela deputada, segunda mulher negra a entrar nessa Assembleia. (Palmas.)

Obrigada São Paulo, obrigada Vai-Vai, obrigada Vai-Vai e obrigada a todas as coirmãs, todas as coirmãs, todas merecem o nosso carinho e o nosso respeito. Quero agradecer à minha assessoria por ter nos ajudado a construir esse evento, quero agradecer a todos que estão aqui, ao Julião, à Rosina, agradecer ao meu chefe de gabinete Eliseu, agradecer à Eliane, agradecer ao Juliano, agradecer ao Marcivan, que está aí cobrindo a Damasi, Roberto Almeida, todo o nosso pessoal que me aturam, viu, eu não sou mole não, eu perturbo os meus neguinhos e as minhas neguinhas lá, mas a gente perturba porque a gente quer ter a condição de continuar andando olhando para frente. Eu nunca quero olhar para baixo, estou com vergonha. Eu quero sempre estar olhando... não é altivez, é a dignidade. É poder olhar as pessoas de frente, foi isso que a minha mãe me ensinou.

Muito obrigada, Saracura, por tudo o que você fez por mim, também, obrigada Regiane, Deus abençoe vocês. (Palmas.)

Agora, eu não sei se eu quebro o protocolo fazendo assim: viva Elis Regina! (Palmas.)

Eu quero convidar a todos para se dirigirem ao nosso Salão Monumental para participarem de um coquetel.

Muito obrigada e boa noite.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 25 minutos.

 

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