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15 DE MAIO DE 2015

008ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA DO ISLAMISMO”

 

Presidente: ALENCAR SANTANA BRAGA

 

RESUMO

 

1 - ALENCAR SANTANA BRAGA

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que o presidente Fernando Capez convocara a presente sessão solene, a requerimento do deputado Alencar Santana Braga, na direção dos trabalhos, para "Comemorar o Dia do Islamismo". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Defende o respeito a todas as religiões. Destaca a importância desta homenagem. Ressalta que a comunidade islâmica contribui de forma positiva para a economia do País. Nomeia as autoridades presentes.

 

2 - MOHAMAD AL BUKAI

Xeique, recita o Alcorão.

 

3 - PROTÓGENES QUEIROZ

Ex-deputado federal, questiona o motivo de leitura de trecho do Alcorão não ter sido registrada nos anais da Câmara dos Deputados, quando era deputado naquela Casa. Lê passagem do livro sagrado islâmico, o qual exaltou. Critica a intolerância entre os diferentes segmentos religiosos. Repudia a vinculação de atos terroristas ao Islamismo. Ressalta que o Alcorão prega a paz e união entre os povos.

 

4 - LAMÉ SMAILI

Vereador à Câmara de Guarulhos, saúda todos os presentes. Manifesta-se orgulhoso por ser muçulmano. Condena atos de fanatismo e violência atribuídos ao Islamismo. Defende a tolerância entre as diversas crenças religiosas e a paz e harmonia entre as pessoas. Considera que a comunidade muçulmana contribui para o crescimento econômico do Brasil.

 

5 - ANTONIO GOULART

Deputado federal, elogia a iniciativa do deputado Alencar Santana Braga. Cumprimenta autoridades religiosas presentes. Lamenta que africanos muçulmanos tenham sido vítimas da escravatura no Brasil. Dá conhecimento de matérias relativas ao antiterrorismo em tramitação na Câmara dos Deputados. Repudia a associação feita pela mídia entre o Islamismo e o terrorismo. Ressalta que a religião visa à paz. Mostra-se orgulhoso por defender a causa islâmica no País.

 

6 - KHALED REZK TAKY ELDIN

Xeique, transmite mensagem de paz a todos. Manifesta-se honrado por participar desta homenagem. Condena atos de terrorismo que levam o nome do Islã. Enfatiza que o Islamismo prega a paz e a tolerância entre os credos. Defende o reconhecimento do Estado Palestino.

 

7 - PRESIDENTE ALENCAR SANTANA BRAGA

Anuncia apresentação de vídeo do Sr. Fauzi Mansur, sobre o Islamismo.

 

8 - MOHAMAD BACHA

Cumprimenta a todos. Declara-se honrado por comemorar a data junto à comunidade islâmica presente. Considera que atos terroristas de radicais islâmicos denigrem a imagem do Islamismo. Elogia o caráter pacífico e democrático do Brasil. Discorre sobre o significado da justiça no Islã. Ressalta a importância do respeito ao próximo, independentemente de crenças religiosas.

 

9 - PRESIDENTE ALENCAR SANTANA BRAGA

Presta homenagem a diversas personalidades, com entrega de placas.

 

10 - ARMED AHMAD MAHAIRI

Xeique, saúda a todos. Tece comentários acerca da presença do Islamismo na América Latina. Faz reflexão sobre o monoteísmo. Cita passagem bíblica em que o profeta Maomé mostra-se tolerante aos cristãos. Destaca a existência de 90 mesquitas no Brasil e centenas de livros islâmicos em língua portuguesa. Elogia a generosidade do País ao acolher a comunidade islâmica em decorrência de problemas socioeconômicos no Oriente Médio.

 

11 - PROTÓGENES QUEIRÓZ

Ex-deputado federal, lembra que hoje é o Dia Internacional da Família. Agradece a homenagem recebida.

 

12 - ROSÂNGELA FRANÇA

Enaltece o trabalho realizado por mulheres muçulmanas, a quem dedicou a homenagem recebida.

 

13 - PAULO ILLES

Jornalista, manifesta-se honrado por celebrar o Dia do Islamismo, nesta Casa. Defende a tolerância entre as religiões. Dedica a homenagem recebida a todos os imigrantes e refugiados muçulmanos no Brasil.

 

14 - AHMAD AREF ABDUL LATIF

Cumprimenta os presentes. Elogia o Brasil por receber imigrantes sem distinção religiosa ou racial. Considera que a comunidade islâmica no País cria oportunidades de emprego, principalmente na área do comércio. Manifesta gratidão pelo acolhimento recebido desta Casa.

 

15 - MOHAMED KADRI

Saúda os presentes. Faz histórico de seu engajamento na causa palestina. Presta homenagem a algumas personalidades que o apoiaram em sua luta. Dedica a homenagem recebida a todos os envolvidos em manifestações em prol da liberdade, justiça e igualdade no Oriente Médio. Entrega presente ao deputado Alencar Santana Braga.

 

16 - PRESIDENTE ALENCAR SANTANA BRAGA

Agradece o presente recebido. Enfatiza a importância do princípio do respeito e da tolerância ao próximo. Faz comentários sobre o acolhimento de imigrantes na cidade de São Paulo. Critica a prática da guerra em nome da religião. Tece considerações sobre projeto de lei antiterrorismo em tramitação na Câmara dos Deputados. Considera equivocada a associação entre atos de terrorismo com o Islamismo. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Alencar Santana Braga.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Primeiro, eu quero agradecer aqui a presença de todos. Senhoras e senhores deputados, minhas senhoras e meus senhores. Essa sessão solene foi convocada pelo presidente efetivo desta Casa, atendendo à solicitação deste deputado, com a finalidade de comemorar o Dia do Islamismo.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, sob a regência do subtenente, o músico Borghese.

 

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- É feita a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Agradecemos aos integrantes da Banda da Polícia Militar do estado de São Paulo. Obrigado.

Senhoras e senhores, solicitamos esta sessão solene, inicialmente, a pedido do nosso amigo, vereador Lamé, da cidade de Guarulhos, que nos contatou, dizendo da importância de fazermos aqui, novamente, uma sessão solene. Ele, que é secretário do trabalho da nossa cidade, contatou o nosso gabinete para que a gente fizesse, novamente, a sessão solene em homenagem ao Dia do Islamismo.

O ano passado - não sei se foi no ano passado ou no ano retrasado - nós fizemos aqui, também, Mohamad nos ajudou muito na organização desse evento. Eu me sinto honrado de poder presidir essa sessão solene.

Afinal de contas, a Assembleia Legislativa, como Casa do Povo do Estado de São Paulo, é uma casa plural, é uma casa que representa toda a nossa população. E deve ela, também, respeitar todas as religiões, todos os credos, todas as culturas, todos os povos. Por isso é importante a gente estar fazendo aqui, hoje, nesta noite, essa sessão solene.

Afinal de contas, nós estamos fazendo uma sessão solene para homenagear um povo que tem também raízes, que muito colaborou com o nosso país, com o nosso estado.

Na cidade de Guarulhos, também nós temos uma forte comunidade, eu sou da cidade de Guarulhos. Lá eles têm também a associação. Então, eu fico feliz em poder, a pedido de vocês, dos senhores e das senhoras, ter marcado essa sessão solene.

Estão aqui conosco o Xeique Khaled Taky Eldin, presidente do Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil; cônego José Bizon, representando o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer; Mohamad Bacha, presidente da União Islâmica; deputado federal Antonio Goulart. Agradecemos a presença, do ex-deputado Protógenes, sempre deputado, aqui conosco.

Mais adiante citaremos as demais autoridades.

Dando sequência, eu convido o Xeique Mohamad Al Bukai para fazer a recitação do Alcorão Sagrado.

 

* * *

 

- É feita a recitação do Alcorão.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Comunicamos a todos aqui presentes que a sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela “TV Web”. E será transmitida, também, pela “TV Assembleia”, nesse domingo, dia 17 de maio, às 23 horas; pela NET, canal 7; pela “TV Vivo”, no canal 66, analógico, e 185, digital; e pela “TV Digital Aberta”, canal 61.2.

Vou citar aqui, também, o vereador Lamé - já citei - que é vereador da cidade de Guarulhos, secretário municipal do Trabalho; Mustapha Abdouni, cônsul honorário do reino hashemita da Jordânia, em São Paulo; Ahmed Safiani, presidente do Centro Marroquino Brasileiro; Xeique Mohamad Al Bukai, diretor de assuntos islâmicos da União Nacional das Entidades Islâmicas - UNI; Xeique Essadik El Otomani, diretor de assuntos islâmicos da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil; Xeique Mohamad El Moghrabi, representante do Dar El Fatwa, da República Libanesa no Brasil; Sam Ould Mohamed El Hacen, supervisor da Cibal Halal - Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal; e o deputado Protógenes, já citado.

Quem não se identificou, por favor, tem o Cerimonial aqui ao lado.

Concedo a palavra ao ex-deputado Protógenes Queiroz. Por favor, deputado.

 

O SR. PROTÓGENES QUEIROZ - “Assalamaleico.” Boa noite a todos e a todas. Peço a vossa permissão, dos xeiques presentes, para estar às mãos do Alcorão Sagrado, com comentários de versículos, o qual, esse mesmo Alcorão Sagrado, eu tive a honra e a felicidade de ler, meditar e respeitar esta escritura sagrada tão bela, tão humana e tão verdadeira para os dias atuais.

Faço questão, senhor deputado Alencar, que preside esta importante sessão solene na Assembleia Legislativa, de ler o mesmo texto sagrado que eu li no Congresso Nacional.

E por que vou fazer esta releitura, deputado Goulart, que também estava presente na nossa sessão, Xeique Mohamed, nosso Mustapha Abdouni, cônsul da Jordânia, meu tio querido, família honrada e que tanto nos traz uma felicidade muito grande de estar no Brasil, vindo do Líbano, por quê? Porque a nossa fala não consta dos Anais da Câmara dos Deputados ao qual eu fui deputado, de 2011 a janeiro de 2015.

Não sei qual a razão. Eu não sei se a razão está na escritura sagrada, eu não sei se a razão está em ser cristão e defender os ensinamentos do profeta Muhhamad. Eu não sei a razão, se foi de estarmos na Câmara dos Deputados, de homenagear o povo muçulmano e o Islã. Eu não sei a razão, se foi a importância do Islã no mundo e nos dias atuais que nós vivemos.

Por isso que eu me permito a reeditar aquilo que foi alvo, talvez, de equívoco da comunicação da Câmara dos Deputados, talvez um esquecimento, ou talvez algo que não nos traz a lembrança de que esse dissabor lhe seria permitido ao estar às mãos dessa escritura sagrada e ler o belo texto que aqui estava, para que todos nós possamos nos embevecer, estar feliz e respeitar aquilo que veio de Deus. Então, me permita a reeditar o que eu li na Câmara dos Deputados.

Obrigado, Xeique Khaled Eldin, lembrado nessa sessão e na outra sessão. Obrigado Mohamad Bacha, presidente da União Nacional Islâmica; ao nosso Jamel que está ali, que foi o ex-presidente da UNI, da União Nacional Islâmica; ao vereador Lamé, vereador de Guarulhos e secretário do Trabalho; ao Xeique Mohamad Al Bukai, que aqui nos trouxe a felicidade de dizer aqui algumas palavras vindas das suratas sagradas, do Alcorão Sagrado; ao Xeique Mohamad El Moghrabi, que ali está.

E eu cumprimento a todos os demais xeiques na pessoa do Xeique Mohamad. A Oxana, que é uma jornalista, importante jornalista de televisão, da TV Russa, que também acompanha essa sessão. E a todos aqui presentes, irmãos queridos. Eu vejo aqui queridos empresários, comerciantes de longa história, filhos dessa terra, e alguns já são brasileiros, porque aqui escolheram viver em paz e trazer o que há de bom lá dos povos árabes, principalmente do povo muçulmano.

Finalizo a minha apresentação afirmando que o Alcorão Sagrado é um milagre de Alá, da terra, com o qual ele desafiou os intelectuais árabes e persas, como desafiou os gênios e os humanos a produzirem algo semelhante a ele, com a sua eloquência e significado sempre atual, pois, cada vez que a ciência se desenvolve, os cientistas descobrem no Alcorão Sagrado provas claras de que é ele um livro revelado por Alá. Está lá, pois encontram nele as provas de muitas descobertas científicas e hodiernas, em geologia, botânica, astronomia e etc..

Os árabes só conseguiram descobrir o formato arredondado da Terra, as camadas terrestres, as camadas celestiais, as profundezas do mar, as nebulosas, as galáxias, que representam os sinais da grandiosidade e da unicidade de Alá, por intermédio do Alcorão Sagrado.

O livro de leis divinas, que abrange todas as necessidades em todo o tempo, em todo lugar. Se cada profeta tem um milagre, o Alcorão é um milagre de Alá revelado ao profeta Muhammad, durante 23 anos, como prova da veracidade de sua missão.

E eu, naquela sessão solene, de muita importância para nós, brasileiros, porque nos aproximamos mais do Islã, nos aproximamos mais dos nossos irmãos muçulmanos, nos aproximamos a ter contato com um dos livros sagrados, talvez, de real importância para todas as religiões.

Não só para nós, cristãos, que temos a Bíblia, não só para os judeus, que têm a Torá, não só para os espíritas, que têm o Livro dos Espíritos, mas aqui traz os porquês e os porquês de muitas omissões e muitas dúvidas que nós trazemos.

Falávamos também, relembrávamos que tivemos um importante ato na nossa mais antiga mesquita do Brasil, a mesquita do Brasil, a SBM, aqui no estado de São Paulo, aonde nós fizemos o encontro contra a intolerância religiosa, o encontro e a celebração da fé de todos os segmentos religiosos.

Está aqui o nosso cônego representando, Dom Odilo Scherer, que leve, também, a nossa felicidade de estar presente. E lá nós reunimos católicos, nós reunimos muçulmanos, nós reunimos espíritas, nós reunimos todos os cultos de matriz africana, nós reunimos evangélicos.

Inclusive, nós tivemos a oportunidade de agradecer, também, um representante dos Estados Unidos, vindo com uma missão da Casa Branca, da Presidência dos Estados Unidos, agradecemos publicamente ao presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, pela oportunidade de enviar ao Brasil um mensageiro para tratarmos do diálogo a respeito de intolerância e de violência no mundo, principalmente de nós rechaçarmos qualquer vinculação ou qualquer ato de violência que se pratica em nome do Islã, que se pratica em nome do povo muçulmano, a querer vincular direta ou indiretamente com esses atos de violência o que contém o livro sagrado, o que contém o comportamento e a beleza de cada muçulmano, de cada mulher muçulmana ou de cada criança muçulmana.

Não nos permitimos a ter qualquer indício de vinculação com esses conflitos supostamente religiosos, com um acobertamento de interesses escusos econômicos e políticos e muitas das vezes de escravizar o próprio povo muçulmano a querer traduzir que aqui existe violência. Ao contrário, senhores. Se abrirmos cada página do texto sagrado, nós vamos revelar a paz e a boa convivência e a unidade e a união entre os povos. (Palmas.)

Então, senhores e senhoras aqui presentes, parabéns pelo dia de hoje. Parabéns à deputada Haifa Madi, que tanto também honrou essa Casa e que foi a sua iniciativa de aprovar o Dia do Povo Muçulmano no estado de São Paulo, como nós fizemos quando estávamos na Câmara dos Deputados.

E seguindo o nosso trabalho, apenas nós lançamos uma semente, deputado Goulart, que ela é infinita, deputado Alencar. Apenas uma semente a qual os senhores estão tendo a oportunidade de seguir regando essa planta, de seguir divulgando os ensinamentos, de seguir a respeitar, a que nós brasileiros respeitemos a importância do Islã, a importância do povo muçulmano aqui no Brasil, na América Latina e em qualquer parte do mundo.

Muito obrigado pela oportunidade e que Deus nos abençoe e nos proteja. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Muito bem, deputado. Obrigado. Eu quero citar aqui Mohamad Ozgun Arman, cônsul-geral da República da Turquia, e o Xeique Ibrahim Ali El Kurdi.

Eu queria chamar aqui para fazer uso da palavra também o vereador Lamé, que é secretário de trabalho na nossa cidade e que nos contatou inicialmente para que a gente solicitasse aqui o plenário.

E dizer, vereador Lamé, que a influência da cultura árabe no país vem da nossa própria organização municipal. O próprio prefeito, antes, era chamado de alcaide, que era o prefeito da época. Sofremos a influência, no caso, dos portugueses à época, que vieram da Península Ibérica.

Por favor, vereador.

 

O SR. LAMÉ SMAILI - Obrigado, deputado Alencar Santana. Além de deputado, meu amigo pessoal, foi um grande secretário na cidade de Guarulhos, e eu posso te chamar, desde já, o próximo prefeito da cidade de Guarulhos.

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Quem dera. O povo que vai dizer.

 

O SR. LAMÉ SMAILI - Porque o futuro está longe, mas o próximo é o imediato. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Obrigado, vereador. Obrigado.

 

O SR. LAMÉ SMAILI - E desde já você pode ter certeza que conta com o apoio irrestrito da comunidade árabe-muçulmana de Guarulhos, porque a gente é parte integrante do governo do prefeito Almeida.

E a gente se sente muito orgulhoso em participar desse governo. E em nome da comunidade muçulmana, nós assumimos a secretaria do Trabalho e sempre estivemos ombro a ombro, lado a lado, em defesa das pessoas que precisam do poder público. Portanto, muito obrigado, deputado.

Eu quero aqui saudar os meus irmãos, minhas irmãs muçulmanas, o deputado federal Goulart, que é um grande aliado, um grande amigo, um grande irmão da comunidade muçulmana. O deputado Protógenes, sempre deputado Protógenes, também um grande irmão muçulmano.

Meus irmãos xeiques, e cônsules que estão aqui, o Xeique Khaled, que foi o nosso grande líder lá em Guarulhos, quando a entidade esteve fechada, foi o responsável por sua abertura. E hoje faz parte da Federação das Entidades Islâmicas e também da UNI. É um prazer revê-lo aqui.

Nosso presidente da UNI, da União Nacional das Entidades Islâmicas, Mohamad Bacha, enfim, todos, senhoras e senhores, eu digo para vocês que eu, como homem público, na segunda cidade do estado de São Paulo, que é Guarulhos, eu me sinto orgulhoso de dizer que eu sou muçulmano, que eu professo a religião islâmica e, portanto, é uma honra para nós participar desse evento, que é o evento da nossa família.

E eu quero dizer, deputado, que a religião muçulmana, diferentemente do que se propaga pela mídia, onde atribuem à religião atos de fanatismo e de violência, a religião muçulmana - desde pequeno eu aprendi a ser solidário com as pessoas, independente de religião, independente de cor, independente de posição social - a minha religião sempre me ensinou a ser tolerante com as pessoas diferentes; a minha religião me ensinou a ser sempre em defesa da paz, em defesa da harmonia entre as pessoas; me ensinou a sempre respeitar as leis onde o muçulmano vive.

No caso, aqui no Brasil, a comunidade muçulmana não só respeita a Constituição Federal, como as leis locais das cidades e dos estados onde vive, mas, também, contribui com a construção deste país, contribui trabalhando, construindo e fazendo com que esse país seja uma grande nação.

E o nosso objetivo, sempre, como muçulmanos, é a paz e a tranquilidade das pessoas. Portando, deputado Alencar, você pode ter certeza, a comunidade muçulmana é parte integrante deste Brasil. E como parte integrante deste Brasil, fará de tudo, seja através dos seus membros, seja através das suas entidades, seja através das suas mesquitas, para que a paz social, para que o desenvolvimento, para que a justiça faça parte dessa nação, porque é o que ensina a nossa religião, é o que ensina o nosso Deus, que é o Deus de toda a humanidade.

Muito obrigado e boa noite a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Muito bem, vereador Lamé, obrigado. Obrigado pelas palavras.

Eu queria chamar aqui o deputado federal Antonio Goulart. Por favor, deputado. Não estamos muito felizes pelo nosso Corinthians, mas, vamos lá, ?

 

O SR. ANTONIO GOULART - “Salamaleque.” Boa noite a todos. Eu não ia falar de futebol, Alencar, mas a noite aqui é muito especial para lembrar-se de coisas ruins. Mas, fica aqui expresso o meu amor pelo Corinthians e por toda a nação corintiana, que eu tenho certeza que são a maioria das pessoas que estão aqui.

Eu quero cumprimentar o nosso presidente Alencar, agradecê-lo muito por esta noite maravilhosa, por ter convocado, proposto essa sessão solene em homenagem à comunidade muçulmana e dizer que estamos torcendo pelo seu sucesso lá em Guarulhos.

Guarulhos é uma cidade que a gente tem um carinho muito grande. Eu vou muito a Guarulhos por vários motivos, inclusive quando do falecimento de algum irmão, em que vamos ao cemitério islâmico que tem lá em Guarulhos, e que estamos lutando muito para que logo, logo, tenhamos o de Itapecerica.

Eu quero cumprimentar aqui o meu querido amigo Xeique Mohamad, em seu nome e do Xeique Khaled, cumprimentar a todas as autoridades religiosas. Quero cumprimentar o meu querido amigo, irmão, Mohamad Bacha, que é presidente da UNI, e o padre José Bizon, representando a Igreja Católica.

Ao meu querido amigo, irmão, sempre deputado Protógenes Queiroz, que, ao longo dos seus mandatos, sempre teve uma atuação muito eficaz lá na Câmara dos Deputados, representou com muita dignidade islâmica. E que tenha certeza que seguiremos os seus passos, e vou fazer que seja transcrito nos Anais da Casa a sua fala da última sessão que nós tivemos na sexta-feira da semana passada.

Quero cumprimentar aqui o Lamé, que é um grande amigo, um grande parceiro, um brilhante vereador e secretário do Trabalho. Cumprimento os meus grandes líderes na comunidade, que são o Ali Taha e o Jamel, que são os meus queridos amigos e irmãos. O Ali, que voltou a ser presidente agora da nossa entidade, da Sobem. Cumprimento a minha querida sobrinha, a Dina Hussein, a Dina Dargham, que é presidente lá da Juventude Islâmica.

E quero dizer a todos que só tivemos dois momentos muito importantes na Câmara dos Deputados na sexta-feira da semana passada, comemorando o Dia do Islã e onde podemos, vários deputados, de vários estados do Brasil, dizer da nossa gratidão ao povo islâmico. Que, desde o descobrimento do Brasil, faziam parte da esquadra de Pedro Álvares Cabral dois navegadores islâmicos, muçulmanos. Então, o povo brasileiro tem gratidão a toda comunidade muçulmana.

Tivemos, também, uma sessão na tarde de ontem que me causou curiosidade. Fomos convidados na Comissão de Relações Exteriores, da qual eu faço parte, para uma sessão especial que estava discutindo a perseguição muçulmana aos cristãos. Às vezes eu falo até brincando, que às vezes eu me belisco para ver se eu estou acordado -, sendo que vários deputados que estavam lá - e a gente respeita todas as religiões, todos os credos, deputados evangélicos -, é como se a comunidade muçulmana estivesse perseguindo os cristãos, fazendo ilação ao Estado Islâmico e que os cristãos estavam sendo mortos e tudo o mais, sendo que a maior parte dos mortos pelo o que está acontecendo são muçulmanos.

Quando se joga uma bomba, você não sabe quem está lá embaixo, se ele é cristão, se é muçulmano, se é ateu. E todos sofrem, e todos os religiosos, todos os irmãos sofrem com o que está acontecendo lá.

E perseguição o povo muçulmano sofreu aqui no Brasil à época da escravatura. Muitos negros trazidos da África para cá eram muçulmanos, sofreram, foram açoitados. E a comunidade muçulmana teve no Brasil um papel fundamental na libertação, na luta pela libertação da escravatura, em defesa do Quilombo dos Palmares. Então, nós temos uma história muito importante do povo muçulmano com o Brasil.

E agora, pessoal, nós temos que tomar um cuidado muito importante, e até seria muito melhor se nós não estivéssemos comemorando o Dia do Muçulmano, do Islã, aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, seria muito bom não ter que dizer disso. Mas, tramita na Câmara dos Deputados, que parece que foi encomendado para a perseguição aos muçulmanos, um projeto antiterrorista. Tem endereço certo. Uma vez aprovada essa lei, os telefones serão grampeados, uma perseguição ainda maior.

Então, cabe a cada um de nós, com a liderança que cada um exerce, em cada um dos estados brasileiros, conversar com todos os deputados, para evitar que esse projeto seja aprovado. E tudo caminha a passos largos, em função da publicidade negativa que se faz da religião, que não tem nada a ver com violência, que sempre pregou a paz.

Eu tenho privilégio de morar numa região da cidade de São Paulo que tem pessoas maravilhosas, onde temos lá a Mesquita de Santo Amaro, onde temos uma entidade que faz o trabalho fantástico, que é a Sobem. Em todo o comércio que eu passo, eu nunca saí sem tomar um chá, sem tomar um café, sem ouvir uma palavra de esperança, uma palavra de carinho.

Então, não podemos aceitar esse tipo de ilação, falando de perseguição de muçulmanos aos cristãos, de aprovar projeto, lei antiterrorista num país em que sempre todos pregaram a paz. Nunca tivemos nenhum ato e nem vamos ter aqui de violência e de terrorismo.

Então, eu queria cumprimentar a cada um de vocês por esse dia maravilhoso. Agradecer a Deus, nosso criador, pela oportunidade da convivência e de ter sido aceito na comunidade islâmica como um irmão. Eu tenho orgulho de defender a causa islâmica do Brasil.

Contem com o meu mandato, será um prosseguimento do mandato do deputado Protógenes, estou lá à disposição 24 horas por dia. Que Deus abençoe a cada um de vocês. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Obrigado, deputado. Tem a palavra, eu passo aqui a palavra ao Xeique Khaled Eldin, presidente do Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil. Por favor, Xeique.

 

O SR. XEIQUE KHALED TAKY ELDIN - Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso, louvado seja Deus, senhor do Universo, que a paz e a benção de Deus estejam com todos os profetas e mensageiros de Deus.

Senhor deputado Alencar Santana; senhor deputado federal, senhor Goulart; senhor padre José Bizon, representante da Igreja Católica de São Paulo; senhor vereador Lamé, irmão, companheiro, trabalhou junto para passar a imagem verdadeira do Islã em Guarulhos; senhor Protógenes, amigo do Islã, dos muçulmanos aqui no Brasil; senhor cônsul da Turquia, senhor cônsul da Jordânia; irmãos e irmãs; senhor presidente da UNI, irmão Mohamad El Bacha, graças a Deus, que Deus deu essa oportunidade para homenagear a religião islâmica e a comunidade islâmica aqui no Brasil. Uma honra para nós que os muçulmanos fazem parte do Brasil, dessa terra, de cultura brasileira, da história do Brasil. Graças a Deus, a comunidade muçulmana é uma comunidade que luta pela paz, são trabalhadores, lutadores, e estão participando em cada lado, cada sentido, dentro de Brasil.

A comunidade muçulmana aqui segue os mandamentos islâmicos, os mandamentos do Alcorão Sagrado, que Deus enviou para o profeta Muhammad, que a paz esteja com ele. A mesma mensagem, o nosso padre, a mesma mensagem de Moisés, de Jesus Cristo, a mesma mensagem que divulga a tranquilidade, a felicidade para a comunidade.

Em nome de todos os xeiques aqui no Brasil, declaramos que todas as mesquitas no Brasil, as mussalas, os lugares das orações divulgam, lutam pela mensagem de paz, a mensagem de convivência com a comunidade brasileira.

Então, eu acho que é absurda essa lei que alguns deputados estão apresentando na Câmara dos Deputados Federais sobre terrorismo.

Terrorismo não tem religião. Temos radicais muçulmanos, têm cristãos, têm judeus. Assim, eles não fazem parte da nossa religião. Leiam o Alcorão Sagrado, leiam a mensagem do profeta Muhammad, que a paz esteja com ele. Deus o mandou como a misericórdia para toda a humanidade. O profeta Muhammad, que a paz esteja com ele, visitava judeu, cristão, e os tratava com carinho e com respeito. Essa é a mensagem do Islã.

Então, deputado, nós estamos juntos nesse navio. No Brasil, nós estamos trabalhando juntos para fortalecer. O Brasil é o melhor lugar no mundo inteiro, tenham certeza disso. Se qualquer pessoa, seja o nome dele muçulmano, falar “eu sou muçulmano” e fizer qualquer ato de terrorismo, então, que ele seja levado para a Justiça. Nós estamos juntos. Levar ele para a Justiça brasileira, para qualquer lugar.

O Islã não tem nada a ver com o Estado Islâmico. Não tem nada a ver com isso. Qualquer ato de terrorismo, o Islã está longe.

Então, graças a Deus, com muita honra, eu vos falo “eu sou muçulmano”. Eu sou muçulmano. Por quê? Porque respeita a todos, acredita em todos os mensageiros de Deus. Faz parta da fé, da nossa crença. Moisés, Jesus Cristo, Muhammad, que a paz esteja com eles. Com muita honra sou muçulmano que acredita em todos os livros sagrados de Deus: Antigo Testamento, Novo Testamento, Salmos, Alcorão Sagrado.

Então, na realidade, a mensagem de Deus é mensagem de paz. Uma única mensagem: adorar o nosso Criador, o nosso Criador único, Deus. Em árabe, “Allah”, em inglês, “God”, não tem nenhuma diferença. Se chamar Ele a qualquer hora, Alá atende a sua chamada.

Eu quero nessa oportunidade também parabenizar e enviar essa mensagem para o Vaticano, em nome do Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil, levar para o Vaticano o reconhecimento do Estado Palestino. (Palmas).

O povo palestino está sofrendo há quase 50 anos. Uma mensagem de paz, que ele tem que viver, aproveitar esta vida, para a construção. Junto com toda a humanidade, o povo palestino está sofrendo em casa e nos outros lugares também.

Então, está na hora, deputado, para fazer um trabalho, para fazer um barulho contra o sionismo, porque não tem nada a ver com judaísmo, não tem nada a ver com cristianismo. Todas as religiões divulgam a paz e tranquilidade para toda a humanidade.

Parabéns para a comunidade muçulmana no Brasil. Parabéns para todos vocês. Viva, Brasil! Viva a comunidade muçulmana de Brasil, nós estamos juntos, unidos, para melhorar a nossa presença aqui no Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Muito obrigado, Xeique. Dando sequencia, nós vamos assistir agora uma apresentação de um vídeo de Fauzi Mansur. Por favor.

 

* * *

 

- É feita a exibição do vídeo.

 

* * *

 

O SR. FAUZI MANSUR - A palavra Islã significa submissão total e voluntária, mas não submissão às necessidades do homem comum, submissão apenas integralmente à vontade de Deus.

Alá, para os muçulmanos, é o criador de tudo o que há nos céus e na terra. É o único, sem parceiros ou filhos. É termo utilizado também pelos cristãos e judeus de língua árabe ao se referirem a Deus.

O Islã é a submissão para com Deus e somente a ele. Ser muçulmano é acreditar que não existe outra divindade digna de adoração, a não ser Deus. E que o profeta Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam é o seu mensageiro.

Ele foi o único profeta enviado à Terra. Foi encarregado de trazer de volta a mensagem de unicidade de Deus.

Diferente de que muitos acham, os muçulmanos não adoram Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam, mas o seguem.

O profeta reviveu o monoteísmo na Terra, recebeu a primeira revelação em 610 d.C., na cidade de Meca, Arábia Saudita. As revelações eram trazidas diretamente pelo anjo Gabriel, e todas elas foram compiladas em um livro, o Alcorão Sagrado.

O Alcorão significa recitação, é o livro sagrado dos muçulmanos. Os cinco pilares:

· Shahadah’. A fé. Testemunho de que não existe outra divindade digna de adoração, a não ser Deus, o único. E o profeta ‘Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam’ é o seu mensageiro.

· Salat’. A oração. Purificação da alma. Liga o ser humano ao Criador. Na oração, a pessoa sente felicidade, paz interior e conforto. E que Deus está satisfeito com ele ou com ela. O profeta ‘Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam’ que foi encarregado de chamar as pessoas para as orações.

· Zacat’. Tributo. Dar o ‘Zacat’ significa dar uma porcentagem específica sobre certas propriedades para certas pessoas necessitadas.

· Jejum. A cada ano do mês do Ramadan todos os muçulmanos jejuam, da alvorada ao pôr do sol, se abstendo de bebidas, comida e relações sexuais.

· Hajj’. Peregrinação à Meca, uma obrigação de todos os muçulmanos uma vez na vida, desde que haja condições físicas e financeiras. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Eu tive a felicidade de acompanhar algumas dessas ações comunitárias em Guarulhos quando eu era secretário de governo, como o vereador Lamé citou, 2009 também, e 2010.

Agora, tem a palavra o Dr. Mohamad Bacha, presidente da União Islâmica.

 

O SR. MOHAMAD BACHA - (Saudação em língua árabe). Que a paz e a benção de Deus estejam sobre todos vocês.

Eu queria cumprimentar o nosso presidente, deputado Alencar Santana. Nos dignifica muito essa oportunidade de estarmos aqui nessa Casa hoje, para comemorar esse dia maravilhoso.

Eu queria também cumprimentar o nosso querido deputado federal Goulart, que nos acompanha há tanto tempo e tantos anos. E isso mostra o quanto nos tornamos amigos e uma religião respeita a outra sem nada para atrapalhar.

Eu queria também cumprimentar o deputado federal Protógenes, um amigo que se tornou um irmão, e foi ele quem abriu, realmente, as portas para nós no Congresso Nacional, onde já comemoramos por três oportunidades o Dia do Islamismo. E isso, deputado, jamais será esquecido.

E eu queria também cumprimentar o nosso querido irmão vereador Lamé por também ter nos ajudado em estar aqui hoje e, como sempre, nos ajuda em todas as oportunidades.

Queria cumprimentar o Xeique Khaled Taky Eldin, presidente dos teólogos no Brasil e, através dele, cumprimentar todas as autoridades religiosas, todos os xeiques aqui presentes.

Cumprimento os cônsules aqui presentes, o representante José Bizon, do cardeal arcebispo Dom Odilo Scherer, de São Paulo.

E também quero cumprimentar a todos os presidentes de entidades aqui presentes, e todas as pessoas, senhores e senhoras aqui presentes. Fico muito orgulhoso de poder comemorar esse dia aqui com a minha comunidade. E me desculpem se esqueci de alguém.

Eu, por ser um brasileiro-muçulmano, eu fico meio sem poder compreender algumas coisas que eu escuto; algumas coisas que a gente vê na mídia; algumas coisas que escutei aqui, hoje, numa entrevista que eu tive ali, algumas perguntas que me foram feitas; e na fala do nosso querido Xeique Khaled Taky Eldin, com essas leis, com essas coisas que querem sempre tentar prejudicar o Islamismo.

Mas, isso nunca será possível, porque ela tem a proteção de Deus, tenho certeza disso. Mas, para mim, como brasileiro, é muito difícil entender ou achar que alguma coisa vai nos atingir. Porque eu nasci e cresci aqui, junto com meus amigos católicos, nunca senti nenhum tipo de diferença entre nós.

Até hoje convivo nessa cidade, nesse país, também nunca tive nenhum problema, nunca senti nenhuma diferença entre nós, pelo contrário. E nunca vai existir, porque essa religião, ela é uma continuidade das outras.

E o que eu sinto pelos meus irmãos é o que eu aprendo na religião, ter solidariedade, amar ao próximo, sermos unidos e fazer o bem. É isso que a minha religião ensina, não tenho nada a temer, nem de perseguição alguma, porque sou apaixonado por esse país, agradeço muito a Deus por ter nascido brasileiro e muçulmano.

Eu e a minha comunidade, eu tenho certeza, nós queremos simplesmente justiça. Não tememos a nada, porque não devemos nada. Podem grampear, podem fazer o que quiser. Aquele que não deve, não teme. O Islamismo não tem o que temer. (Palmas.)

Sou pai de três filhos, e são as coisas mais caras que eu tenho na vida. E convivo nesse país com muita tranquilidade, porque eu tenho certeza que eu vivo num país que jamais, jamais deixará que a injustiça recaia sobre o seu povo. E como brasileiro, eu tenho essa garantia.

Agora, nesses dias de hoje, a gente se preocupa muito com a humanidade. E eu vejo uma coisa, que faz com que o mundo fique triste, que é a falta de justiça; que pessoas passam fome por falta de justiça; que as pessoas não consigam, às vezes, ir e vir injustamente. Isso é algo que incomoda qualquer ser humano.

O fato de fazer parte dessa entidade, União Nacional Islâmica, o nome já começa a refletir o que pensamos, o que somos, o que buscamos, que é a união. E eu tenho certeza que todo o muçulmano busca isso.

Agora, eu queria citar alguma coisa sobre a justiça no Islã, que eu vejo que é fundamental, sempre foi fundamental, mas, nos tempos de hoje, é algo primordial e necessário para que se diminuam as diferenças entre os seres humanos.

Sobre a justiça, Deus revelou no Alcorão Sagrado: “Realmente revelamos-te o livro, a fim de que julgues entre os humanos, segundo o que Deus te ensinou e não sejas defensor dos traidores”.

Nós temos, depois da morte do nosso querido profeta, os califados. E o segundo califa foi Omar, onde Deus colocou a justiça na sua língua e no seu coração. O homem mais justo de todos os tempos, por uma infinidade de demonstrações durante o seu califado, que ele efetuou e demonstrou.

Mas, eu queria também mostrar mais alguma coisa sobre justiça, para mostrar, mais ou menos, o que é o Islã. A justiça no Islã, ela não faz nenhuma distinção segundo preceitos divinos. Isso é reconhecido por muçulmanos ou por não muçulmanos.

Como prova disso, citamos a famosa Faculdade de Direito da Universidade Harvard, que colocou um versículo do Alcorão na sua entrada principal, por ser a mais importante de justiça dita até hoje através dos tempos.

O versículo diz: “Ó, crentes! Sedes firmes em observardes a justiça, atuando como testemunhas por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho, ou vos recusardes a fazê-lo, sabei que Alá está bem inteirado de tudo quanto fazerdes”.

Assim é o Islã. Assim é o que o Islã nos ensina sobre a justiça. E eu queria, mais uma vez, aqui, dizer que o Islamismo nos ensina a ser melhor a cada dia, a amar ao próximo, a estar bem com o seu vizinho, a respeitar a mulher, a respeitar a sua esposa, a respeitar qualquer ser humano, seja ele de qualquer raça ou qualquer religião.

Tanto que foi dito uma vez pelo nosso querido profeta que o “melhor entre vós é aquele que melhor tratar a sua esposa”. Isso demonstra o amor que essa religião nos ensina a ter com qualquer ser humano, dentro de casa, fora de casa.

E eu queria, mais uma vez, assim, falar o quanto nos honra hoje, deputado Alencar, estarmos aqui e termos essa oportunidade. Eu queria agradecer, mais uma vez, a todos dessa Casa, que nos deram essa oportunidade, e a todos que trabalharam para que hoje pudéssemos estar aqui comemorando esse dia.

Muito obrigado. “Salamaleico.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Senhoras e senhores, nós vamos agora passar às homenagens. Eu convido o senhor Abdul Nasser para fazer a entrega de placas da UNI. Por favor, quero chamar aqui o Xeique Ahmad Mahairi.

 

O SR. ABDUL NASSER - Boa noite a todos e que a paz e as benções de Deus estejam com todos. Deus disse no Alcorão Sagrado: “O bem só pode ser retribuído com bem”. E partindo deste conceito, a diretoria da União Nacional das Entidades Islâmicas, todo ano elege personalidades, cinco, seis, sete pessoas, todo ano, que se destacaram pelos seus trabalhos. Essas pessoas podem ser muçulmanas ou não, mas, o que é mais importante para a União Nacional Islâmica é que essas pessoas, de uma maneira ou de outra, contribuíram para o trabalho da União Islâmica, contribuíram para o melhor da sociedade.

E o primeiro homenageado - na verdade, ele não se destacou apenas em 2014 não, ele se destacou durante 50 anos pregando o amor, a paz e as palavras de Deus - é o Xeique Ahmad Saleh Mahairi (Palmas.)

E para entregar essa homenagem a ele, eu gostaria de chamar o nosso Mokadam Ahmad (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. XEIQUE AHMAD SALEH MAHAIRI - (Expressão em árabe). Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso.

Digníssimo presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Dr. Fernando Capez; digníssimo deputado, Sr. Alencar Santana Braga; Dr. Mohamad El Bacha, presidente da União Islâmica; Xeique Khaled Taky Eldin; o presidente de Conselho Superior dos Irmãos Islâmicos; senhores presentes; senhor deputado federal; queridos xeiques, ‘Assalamu Alaikum Warahmatullahi Wabarakatuh’, que a paz de Deus esteja convosco.

Com muita honra, participo hoje da celebração do Dia do Islamismo, para homenagear a religião islâmica e a sua comunidade.

Na América Latina, o Islamismo vem se espalhando pela causa, que o Islã resolve todos os assuntos da vida, do ser humano, sendo que é a última religião, e a mesma concorda com as religiões passadas.

Queridos, todos sabem que Deus mandou seus mensageiros para advogar uma crença que se chama a crença de monoteísmo. Nós achamos isso nos livros sagrados, inclusive, de Alcorão Sagrado. Por que a fé de monoteísmo, esse direito de Deus? Porque Deus, como é o único Criador, deve ser o único a ser adorado pelas suas criaturas.

Para cumprir os mandamentos de que achamos nos livros sagrados, o muçulmano, deve afastar religiosamente, afastar de crime, violência, drogas, jogo de azar, roubo, mentira e difamação, até o fanatismo religioso é proibido.

Deus, no Alcorão Sagrado, disse: (Recitação em língua árabe). Quer dizer: “Ó humanos! Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros. O mais honrado dentre vós é o mais temente de Deus”.

O profeta Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam recebeu, dentro da mesquita dele, uma delegação de 60 líderes religiosos cristãos. Não somos contra padres, arcebispos, pastores, todos são cristãos que chegaram da cidade de Najran, na época do profeta Muhhamad, para perguntar ao profeta Muhammad a respeito da religião islâmica e de Jesus e sua mãe, Maria.

O profeta Sallallahu Alaihi Wasallam, dentro da mesquita, recebeu-os generosamente três dias seguidos e explicou para eles o que significa a crença de monoteísmo. Quando a hora de oração deles, pôr de sol, chegou o profeta, não pediu a eles que saíssem da mesquita para fazer oração. Permitiu-lhes fazer a oração deles, de cristãos, dentro da mesquita de Madina Al Munawara.

Isso não é cortesia, essa é a verdade da história islâmica. Então, o problema não é a religião.

Aliás, o profeta Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam disse para eles dentro da mesquita, para aqueles arcebispos, ele disse em árabe: (pronuncia em língua árabe), que significa: “Eu sou o mais próximo dos homens a Jesus, pois não existe nenhum profeta entre nós. E ele - Jesus, essa é crença nossa - era retornar do Céu para essa Terra, antes do Dia do Juízo Final”. Essa é a palavra de profeta Muhammad Sallallahu Alaihi Wasallam.

Queridos, o problema, então, não é a religião, o problema é aquele que não sabe a religião e quer falar em nome da religião.

Os muçulmanos brasileiros conseguiram praticar a religião islâmica pelas várias maneiras corretas. Por exemplo, através das mesquitas, são 90 mesquitas aqui no Brasil, nas 45 cidades brasileiras. Escolas e centenas - centenas, não ‘é’ dezenas - centenas livros islâmicos na língua portuguesa foram lançados aqui no Brasil gratuitamente, em nome de Alá, em nome da democracia de Brasil.

Queridos, essa homenagem me deixou emocionado. Obrigado. Gostaria de agradecer o senhor presidente desta Casa e os senhores deputados. Agradeço a todos que organizaram essa data para nós, para muçulmanos.

Esse evento na Assembleia traduz o respeito de governo brasileiro junto com a comunidade islâmica. Os jovens muçulmanos, nossos filhos e netos, são brasileiros. E que esses jovens muçulmanos manifestem sempre o seu orgulho do Brasil. (Palmas.)

Eles falaram a respeito de Brasil, antes de terra de pai ou de avô dele, porque nós lembramos ainda que os primeiros muçulmanos que aqui chegaram, fugindo da Primeira e Segunda Guerra Mundial, foram bem recebidos aqui no Brasil pelo governo e povo brasileiro. Hoje, ainda o governo e o povo brasileiro recebem os fugitivos de guerra. Nós não podemos falar nada, pelo menos a frase “Allahu Akbar”. (Palmas.)

Somos orgulhos da democracia do Brasil, da generosidade do Brasil que acolheu fugitivos de lá com generosidade. Viva o Brasil! “Allahu Akbar”. “Allahu Akbar”. “Allahu Akbar”. (Palmas.)

 

O SR. ABDUL NASSER - Querido deputado Protógenes, por favor, compareça aqui na tribuna.

 Para entregar a homenagem para o nosso querido ex-deputado federal Protógenes de Queiroz, gostaria de chamar o nosso presidente do Conselho Deliberativo da União Islâmica, para conceder essa homenagem ao ilustre irmão, Protógenes de Queiroz, pelo seu trabalho e dedicação em prol do Islã. São Paulo, dia 12 de maio, Dia da Comunidade Muçulmana de 2015. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. PROTÓGENES QUEIROZ - Não podia deixar de lembrar de dedicar essa homenagem, que não é digna desse deputado federal, é digna das nossas crianças, do povo muçulmano e, sobretudo, do Islã. Hoje é o Dia Internacional da Família, que traduz muito bem o que nós estamos celebrando hoje aqui.

E quero também estender essa singela homenagem à grandiosidade do evento da primeira celebração de todas as religiões na mesquita do Brasil, presidida por Nasser Feres. Muito obrigado (Palmas.)

 

O SR. ABDUL NASSER - Quando a gente fala de Congresso, quando a gente fala de acampamento, rapidamente, a gente lembra de um nome. Nome de uma grande pessoa, uma grande mulher. Essa mulher se chama Rosângela França.

Vamos homenageá-la. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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A SRA. ROSÂNGELA FRANÇA - Meu nome é Rosângela França. Eu estou muito feliz em estar aqui, em nome de Deus, o clemente e misericordioso. Eu estou feliz, e essa felicidade, eu agradeço a Deus, o único, de estar aqui.

As mulheres muçulmanas não são de falar muito não. Elas são de agir, em todas as direções. Então, eu fico nessa palavra, que esse prêmio não é só meu, é de um trabalho meu e de muitas outras mulheres, de pessoas muçulmanas, as primeiras no sentido de reversão.

Então, eu acredito que esse prêmio é nosso. E é isso. A mulher muçulmana, ela não fala muito não, ela só age, é assim que eu tenho feito, graças a Deus! (Palmas.)

 

O SR. ABDUL NASSER - A Prefeitura de São Paulo fez um trabalho para os nossos irmãos sírios e, na verdade, a Secretaria dos Imigrantes, junto com a irmã Leila e o irmão Amer Masarani, conseguiram deixar a nossa cabeça bem orgulhosa por acolher os irmãos sírios que chegaram ao Brasil e fizeram um trabalho magnífico. E a UNI destacou o nosso querido irmão Paulo Illes.

Paulo Illes é o coordenador de política para imigrantes da Prefeitura de São Paulo. Para entregar essa homenagem, eu gostaria de chamar o nosso querido irmão Mohamad Saada, presidente da entidade de Guarulhos, para fazer a entrega dessa homenagem. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. PAULO ILLES - Boa noite a todos vocês. É um grande prazer celebrar o Dia do Islã com vocês, essa religião de paz. A minha formação também foi religiosa, eu estive por 11 anos num seminário da Igreja Católica, e pude conviver e aprender também como viver em paz entre todas as religiões.

Eu tive a honra de ser convidado pela gestão do prefeito Fernando Haddad para criar ou implementar a primeira coordenação de política para imigrantes do Brasil, na cidade de São Paulo.

E essa homenagem que eu recebo hoje, aqui, eu queria dedicar a todos os imigrantes e a todos os refugiados do mundo inteiro que estão aqui no Brasil hoje, na cidade de São Paulo, na cidade de Guarulhos, e em todo o país.

E eu tenho muito orgulho de trabalhar com o Amer, com a Leila, e também com a minha esposa Tânia, que está aqui, que também se dedica a essa causa do imigrante.

Então, um viva para o Islã. Muito obrigado, eu fico muito honrado. E a Prefeitura de São Paulo está com as portas abertas para a gente trabalhar cada vez mais e melhor. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. ABDUL NASSER - Quando a gente fala de bondade, quando a gente fala de uma pessoa positiva, quando a gente fala de uma pessoa que a gente visita para levar um projeto, ele é o primeiro a levantar bandeira; quando a gente fala de ação comunitária, é o primeiro a ajudar e financiar. O homem que se destacou em várias obras. Ele, que é o ex-presidente da SBM. Ele, que é mais conhecido, acho, do que a bandeira do Líbano. Ele que é o Ahmad Aref.

Gostaria de chamá-lo aqui, o Sr. Ahmad Aref Abdul Latif, e faço questão de eu entregar essa homenagem para o meu querido irmão e professor. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. AHMAD AREF ABDUL LATIF - Em nome de Deus, o clemente e o misericordioso, que a paz de Deus esteja com todos vós.

Nobre deputado, presidente dessa sessão, patrocinador do Dia do Islã, Alencar Santana, autoridades diplomáticas, autoridades políticas, autoridades religiosas, senhoras e senhores, boa noite.

Sentimento maior, modéstia parte, de emoção e prazer, no Dia do Islamismo, receber esta homenagem.

Se dedicar e servir não é mérito pessoal, mas também, recomendação religiosa. Porém fez muita diferença a oportunidade cedida por esse país maravilhoso, que vem de longa data, de braços e coração abertos, recebendo imigrantes do mundo inteiro, sem distinção religiosa ou racial.

Os milhares de muçulmanos do estado de São Paulo, que vêm construindo mesquitas, escolas de língua árabe, hospitais e entidades de cunho filantrópico e beneficente, e atuando em todos os segmentos, o principal deles comercial, criando vários empregos e oportunidades, nos sentimos honrados e felizes por fazer parte dessa máquina chamada progresso.

Igualmente honrados por sermos acolhidos nesse Dia do Islã, por esta conceituada Casa, com os seus diferenciados deputados, pelos quais testemunhamos a razão pela qual foram eleitos. E que não vieram somente para praticar política, mas também, justiça e igualdade social, com dedicação, determinação e respeito.

Com o mesmo sentimento de gratidão e louvor a esse país maravilhoso dedicamos essa homenagem, para junto com outras ganhas ao longo do tempo, e mais um título de cidadão paulista, que servirão como referência aos nossos filhos e descendentes.

Senhores deputados, diretores da União Nacional Islâmica, aos amigos aqui presentes que vieram para nos prestigiar, o nosso muito obrigado. Que a paz e a benção de Deus esteja com todos vós. Viva a Assembleia Legislativa, viva o imigrante árabe e viva o Brasil! (Palmas.)

 

O SR. ABDUL NASSER - Quando a gente fala de passeata, rapidamente nós vamos recordar o nome de quem? Rebeldia, nome de quem? Esforço de passar noites e noites organizando as coisas, a gente lembra de um nome, nome que se destacou por muitos anos, e foi merecido e justo. Mohamad Sami El Kadri. (Palmas.) Esse pequeno palestino, grande libanês.

Para entregar essa homenagem a ele, eu gostaria de chamar o presidente da nossa mesquita em São Miguel, o irmão Hassan Saleh, para fazer a entrega desta homenagem. A UNI, União Nacional das Entidades Islâmicas, concede essa homenagem ao ilustre irmão Mohamad Sami El Kadri, pelo seu trabalho e dedicação em prol do Islã. São Paulo, 12 de maio de 2015. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. MOHAMAD SAMI EL KADRI -Salamaleico.” Eu fico muito emocionado. Até porque, hoje também fui homenageado lá na Paulista, porque comemoramos os 67 anos da Nakba. E os companheiros de diversos partidos, inclusive, a nossa irmã Soraya, que estava lá, prestaram uma homenagem para nós, que foi uma mera coincidência na nossa luta.

Deputado Alencar, meu companheiro de partido, com muito orgulho, estou aqui nessa cerimônia que você dirige. Queria cumprimentar a todos aqui presentes e a todos vocês.

Há 35 anos eu abracei uma causa. A causa palestina. Essa causa palestina me mostrou que ela representa todas as outras lutas do meu dia a dia. Essa causa me mostrou que, quando a gente luta aqui no Brasil por coisas que nós reivindicamos aqui, é representada pela causa palestina.

 Essa luta, que começou em 80, em que naquela época, ainda ditadura, para fazermos as manifestações saíamos à noite fazer pichações, porque era proibido fazer pichações, e conseguimos fazer uma grande manifestação em 82, na primeira guerra do Líbano. E de lá para cá a gente não parou.

Esses dias, eu até conversando com o meu filho, eu falei: “Olha, eu já estou cansado. Alguém tem que continuar levantando essa bandeira”. E meu filho falou para mim: “Pai, você é insubstituível nessa luta”. E aquilo me deu mais força e gana para dizer “realmente, eu preciso continuar”.

Nós lutamos em diversas áreas, desde o início, contra todas as guerras que já tiveram, a primeira do Iraque, a segunda. Criamos vários comitês de solidariedade à causa palestina. Saíamos nas ruas, não é, Jamel? Para defender naquela questão da “Veja”, fizemos plantão lá na frente do Fórum João Mendes. Essa é a nossa luta.

Eu queria homenagear algumas pessoas. Primeiro eu queria homenagear a nossa irmã Soraya, que estivemos recentemente para entrar na Palestina e fomos impedidos pelos sionistas de poder entrar na Palestina, eu e a companheira Soraya. (Palmas.)

Quero homenagear aqui também o meu irmão, o Dr. Ali, que em todo esse tempo que a gente correu, lutou, ele deu um grande apoio para nós. E dizer que hoje nós temos uma mussala lá na Zona Norte, porque o meu irmão comprou o prédio para deixar como mussala na comunidade. Muito obrigado, doutor. (Palmas.)

E, por fim, quero homenagear o nosso irmão Xeique Saleh, que está aqui presente, porque todo o trabalho que começou na Zona Norte, foi ele que começou nas reuniões nas casas, que pôde levar a gente a ter um dia lá uma mussala. Muito obrigado, Mohamad Xeique Saleh.

Quero dedicar isso aqui a todas as crianças e homens palestinos que lutaram pela Palestina, e lutam. (Palmas.)

Quero dedicar isso aqui aos nossos irmãos que estão dando o sangue e a vida na revolução síria. (Palmas.)

Quero dedicar isso aqui para os nossos irmãos no Egito, que sofreram um golpe militar apoiado pelos regimes fascistas.

Quero oferecer esse prêmio a todo o cidadão do mundo que luta por liberdade, justiça e igualdade, porque a causa palestina é a causa de toda a humanidade! (Palmas.)

Para terminar, eu não poderia deixar de brindar o senhor, meu grande deputado e companheiro. Quero colocar em ti isso que é o símbolo da nossa revolução.

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Por favor. Por favor. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. ABDUL NASSER - Senhor presidente, missão aqui cumprida, muito obrigado pela oportunidade e a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - ALENCAR SANTANA BRAGA - PT - Obrigado, Abdul.

Senhoras e senhores, antes de a gente encerrar, primeiro eu queria agradecer o Mohamad aqui pelo presente, eu fico muito orgulhoso.

Quero parabenizar a todos os homenageados, cada um pela sua luta, cada um pelo seu trabalho, a palavra de todos.

Eu queria não só destacar a palavra final do Mohamad, da importância das causas, de todas aquelas causas em que a gente busca um mundo melhor, um mundo de paz, de igualdade, que eu acho que esse tem que ser o objetivo de todos nós.

E para que a gente possa alcançar isso, algumas coisas são fundamentais, é o respeito, é a tolerância, é a gente poder compreender o outro do jeito que ele é, naquilo que ele pensa, naquilo que ele acredita, da maneira como ele age. Acho que esse deveria ser o objetivo e o princípio de agir de qualquer ser humano.

Então, hoje, onde a gente celebra aqui o Dia do Islã, pelo Islamismo, a gente observa essa importante mensagem por todos aqueles que utilizaram a palavra. Por isso, nesse sentido, a Assembleia Legislativa também dá a sua demonstração de que ela prega a paz de que a gente, de fato, quer um mundo melhor.

Quero, também, parabenizar e deixar aqui, na pessoa do Paulo, um abraço ao nosso prefeito, que faz esse trabalho importante com os imigrantes que vieram para cá porque estão sofrendo violências, agressões, não só os sírios, mas também, o povo haitiano, que também foi muito bem acolhido aqui pela gestão do nosso prefeito Haddad, assim como outras comunidades latinas. Então, Paulo, leve aqui a nossa saudação ao nosso prefeito e parabenize pelo trabalho.

O mundo, infelizmente, desde que é mundo, tem guerras. O homem luta pelo poder, pelo território, pela riqueza, seja a riqueza de um minério, da água, do petróleo, do ouro, do diamante, do gás, e assim vai. Mas, alguns se utilizam da religião, como vocês mesmos disseram, alguns aqui, para fazer outras guerras, não só usando o Islã, como já usaram na história outras religiões. Aí, a gente tem que deixar claro que o que se busca são outras coisas, são outras riquezas.

E o mundo árabe tem riquezas não só naturais, minerais, como riqueza de conhecimento, da sua cultura, da sua história, que também precisa ser preservada. E a gente espera que não só lá, nos países que, infelizmente, ainda têm guerra, como outros lugares do mundo, a gente possa, de fato, encontrar essa sociedade, esse mundo melhor para todos, não é?

Os interesses econômicos é que infelizmente estão vigorando, vide também, às vezes, algumas ameaças ou outras tentativas de domínio econômico no sentido de desestabilizar alguns países. Na América Latina não é diferente, onde alguns outros interesses agem no sentido de afetar determinados governos.

E aqui no Brasil, nesse momento que ainda a gente vive muita disputa política - o caso, por exemplo, da nossa Petrobras, não trata tão somente de um caso de A ou B querer, por exemplo, fazer investigação sobre determinadas condutas de algumas pessoas, ilícitas, que merecem ter a sua devida investigação e punição, como as instituições democráticas estão atuando -, mas, não podemos também negar interesses econômicos internacionais para meter a mão no nosso petróleo, na nossa riqueza, que o Brasil também tem, assim como diversos outros países do mundo, e os países árabes são dos maiores.

Então, a gente tem que estar atento para que a gente possa compreender de fato aquilo que ocorre.

E deputado Goulart, acho que Vossa Excelência aqui deixou uma importante mensagem, duas coisas que são importante a gente destacar nessa questão.

Primeiro, é a distorção da imprensa na mensagem, por exemplo, em relação à imagem do mundo islâmico, das guerras que ocorrem no Oriente Médio, enfim, alguns países, deturpando, ou por falta de conhecimento, ou porque têm algum outro interesse por detrás.

Se ela passa essa mensagem, não todos os órgãos, mas alguns, talvez os principais, levando essa mensagem equivocada, errada, com determinado objetivo político, econômico, financeiro, ou, podemos até dizer que, eventualmente, alguns não conheçam a realidade ou não queiram, de fato, conhecer, e aí, quando alguns parlamentares defendem de fato essa lei para combater o terrorismo, isso é de uma agressão à história do povo brasileiro que a gente não pode permitir.

Nesse sentido quero, naquilo que este deputado aqui, como deputado estadual, possa ajudar nessa luta para que isso não aconteça. Conte conosco. E tenho certeza que tantos outros parlamentares em Brasília não deixarão que essa agressão aconteça aqui, porque nós não podemos, de fato, permitir, porque é uma visão equivocada, errada, preconceituosa. Enfim, que não condiz aí com a cultura brasileira, que tem a diversidade também presente em todos os momentos.

Senhoras e senhores, esgotado o objeto da presente sessão, quero agradecer aqui as autoridades, todos os deputados, vereadores, autoridades religiosas, à equipe toda que nos ajudou, os funcionários dos serviços de Som, de Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa - quem está chorando ali é minha filhinha, viu, gente? - e das Assistências Policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito dessa solenidade. Convido a todos, agora, para o coquetel no Hall Monumental.

Boa noite a todos. Obrigado aos xeiques aqui presentes, a todos vocês. Um forte abraço. (Palmas.)

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 24 minutos.

 

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