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21 DE MARÇO DE 2016

012ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS 70 ANOS DA FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS.

 

Presidente: RITA PASSOS

 

RESUMO

 

1 - RITA PASSOS

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que o Sr. Presidente Fernando Capez convocara a presente sessão solene, a requerimento da deputada Rita Passos, na direção dos trabalhos, com a finalidade de "Homenagear os 70 anos da Fundação Dorina Nowill para Cegos". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro", executado pela Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo; a quem tece agradecimentos. Anuncia a exibição de vídeo institucional da Fundação Dorina Nowill para Cegos e a apresentação musical pela Camerata da Polícia Militar.

 

2 - REGINA FÁTIMA CALDEIRA DE OLIVEIRA

Coordenadora de revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos, membro do Conselho Mundial do Braille e do Conselho Ibero-Americano do Braille, em nome dos clientes e colaboradores da Fundação, cumprimenta as autoridades presentes. Lembra sua entrada na Fundação, aos oito anos de idade, seis meses depois de ter perdido a visão. Ressalta seu orgulho e felicidade por fazer parte desta Fundação. Menciona sua lembrança de um lugar encantado, com sons agradáveis e das máquinas que produziriam os livros que povoariam sua infância. Cita sua determinação e o apoio da família e dos colaboradores da Fundação para que seu sonho se tornasse realidade. Relata que, após a saída do Ensino Médio retornou à Fundação para que iniciasse sua inserção no mercado de trabalho. Diz ter sido contratada para trabalhar como telefonista na própria Fundação. Destaca sua alegria em retribuir tudo que recebeu da instituição. Discorre sobre suas experiências, representando a Fundação Dorina Nowill nacional e internacionalmente. Homenageia Dorina Nowill e todos que colaboraram com ela na construção deste trabalho. Agradece a deputada Rita Passos e esta Casa. Afirma que sua história de vida se confunde com a história de muitas outras pessoas que fizeram parte desta fundação.

 

3 - MARTA SUPLICY

Senadora, parabeniza Regina Fátima Caldeira de Oliveira pelo comovente depoimento. Destaca a importância da oportunidade. Parabeniza a deputada Rita Passos e o presidente desta Casa, Fernando Capez, pela homenagem à Fundação Dorina Nowill para Cegos. Ressalta os serviços de excelência prestados pela Fundação. Discorre sobre as dificuldades passadas por qualquer instituição para manter e expandir o trabalho. Cumprimenta as autoridades presentes. Explica que foi aprovada internacionalmente, lei na qual os direitos autorais de qualquer produto que beneficie pessoas com deficiência visual serão quebrados. Afirma ser necessário que 20 países ratifiquem e sancionem esta lei nas suas Casas Legislativas para que a mesma seja válida. Informa que em 13 países já foi aprovada. Pede ajuda e o apoio de Ika Fleury, presidente do Conselho Curador da Fundação Dorina Nowill para Cegos, para conseguir que os sete países restantes ratifiquem esta lei, para que qualquer material possa ser impresso em Braille. Ressalta que a lei é inédita e auxiliará toda a comunidade que necessita deste auxílio, aumentando o acesso à informação. Destaca a necessidade das pessoas com deficiência terem oportunidades e possibilidades. Agradece todos os presentes na cerimônia.

 

4 - MARIANNE PINOTTI

Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, cumprimenta a deputada Rita Passos e as autoridades presentes. Elogia o discurso de Regina, que brindou a todos com um sentimento de que estão no caminho correto, buscando fortalecer as pessoas com deficiências, e quebrando todas as barreiras para tal. Defende a vida plena e a contribuição das pessoas com deficiências para a sociedade. Parabeniza Regina e todos os colaboradores da Fundação Dorina Nowill. Lembra emenda constitucional que permite que estes cidadãos sejam plenos de direitos. Menciona a colaboração das instituições que abrigam estas pessoas, colaborando para a construção de vidas plenas e felizes. Parabeniza todas as pessoas que possuem deficiências. Afirma que o poder público tem a obrigação de construir um País melhor para todas estas pessoas. Comenta que a Prefeitura de São Paulo busca aumentar os volumes em Braille nas bibliotecas, assim como os livros em áudio. Destaca o trabalho da senadora Marta Suplicy na aprovação da lei para que as pessoas com deficiência tenham acesso pleno a Cultura. Agradece o governador Luiz Antônio Fleury Filho por ter iniciado o trabalho das secretarias para pessoas com deficiência. Cita sua aproximação com Ika Fleury para construir os projetos da secretaria. Informa que hoje é o Dia Internacional da Síndrome de Down. Deseja força para todos que trabalham nesta fundação.

 

5 - LUIZ ANTÔNIO FLEURY FILHO

Governador do Estado de São Paulo no período de 1991 a 1995, cumprimenta a deputada Rita Passos, as autoridades presentes e esta Casa por promover esta sessão de homenagem a Dorina Nowill. Cita a presença de ex-presidentes da Fundação, que contribuíram excepcionalmente para que a mesma pudesse chegar até aqui. Diz que Ika, sua esposa, sempre o fez acompanhar todas as iniciativas da Fundação. Lembra que em 1991 o seu governo foi o primeiro na história que teve projetos voltados para as pessoas com deficiência, já que nesta época não se falava destas pessoas com cidadania plena. Diz ter conhecido Dorina Nowill nesta época. Afirma que ela enxergava com o coração e a mente muito além do seu tempo, já que ainda nos anos 40 defendia os direitos humanos. Afirma que a memória de Dorina deve ser cultuada por todos, sendo a melhor maneira a dedicação cada vez maior à Fundação, fazendo com que ela seja uma referência para todos. Menciona o discurso da primeira oradora, Regina, que emocionou todos os presentes, falando de suas dificuldades, oportunidades e conquistas, sempre com perseverança e trabalho. Cita a presença de meninas que conheceu na AACD, que hoje se tornaram artista plástica e advogada. Demonstra sua fé no futuro. Afirma que Dorina Nowill é um exemplo e que estará sempre presente na Fundação, inspirando todos nós.

 

6 - ENCARNACIÓN LEMONCHE

Mestre de cerimônias, anuncia a entrega de homenagens, pela Sra. Ika Fleury, com leitura de breve histórico dos homenageados à: Adriana Rocha, Adelaide Padilha e Tomás Carvalho, "in memorian" à Sra. Adelaide Reis Magalhães, presidente da Fundação no período de 1946 a 1951; ao Sr. Cristiano Nowill, "in memorian" à Sra. Dorina de Gouvêa Nowill.

 

7 - CRISTIANO NOWILL

Filho de Dorina Nowill, cumprimenta as autoridades presentes. Diz que, como filho de Dorina Nowill, aprendeu a respeitar as pessoas com deficiência. Menciona os ex-presidentes da Fundação, com quem conviveu desde criança. Afirma que onde tiver a Fundação nunca haverá escuridão. Agradece a lembrança e parabeniza a Fundação Dorina Nowill.

 

8 - ENCARNACIÓN LEMONCHE

Mestre de cerimônias, anuncia a entrega de homenagens, pela Sra. Ika Fleury, com leitura de breve histórico dos homenageados à: Maria Real Vicente de Azevedo, em nome do Sr. João da Cruz Vicente de Azevedo, presidente da Fundação Dorina Nowill, na gestão 1991 a 2000; ao Sr. Roberto Faldini, presidente da Fundação Dorina Nowill, na gestão 2000 a 2003; ao Sr. Carlos Alberto Lancellotti, presidente da Fundação Dorina Nowill, gestão 2004 a 2009; e ao Sr. Alfredo Weiszflog, presidente da Fundação Dorina Nowill, gestão 2011 a 2014.

 

9 - PRESIDENTE RITA PASSOS

Afirma que completar 70 anos de vida não é fácil para as pessoas, e muito menos para as fundações. Destaca a coragem e a ousadia de Dorina Nowill, que em 1946 montou uma fundação para tratar de um assunto que muitas pessoas achavam desnecessário. Discorre sobre a perda da visão de Dorina Nowill aos 17 anos, e toda a sua luta e coragem para montar esta Fundação com o objetivo de ajudar milhares de pessoas. Ressalta o grandioso trabalho dos colaboradores da Fundação, que é hoje reconhecida fora do Brasil, ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento. Agradece todas as pessoas que fazem parte da Fundação. Diz serem pessoas motivadas e abençoadas. Parabeniza Ika Fleury por seu trabalho. Diz ter conhecido Dorina Nowill, uma pessoa sempre animada, com visão da alma e do coração. Menciona diversos projetos de lei, de sua autoria, que contribuem para a melhoria de vida das pessoas com deficiência. Diz que o nome de Dorina Nowill não deve jamais ser esquecido.

 

10 - IKA FLEURY

Presidente do Conselho Curador da Fundação Dorina Nowill para Cegos, agradece a deputada Rita Passos e o governador Fleury, que disse ter feito muito pelos deficientes em seu governo. Cumprimenta as autoridades presentes. Relata que Dorina Nowill foi dirigente da Fundação por mais de 50 anos, sempre lutando pelos direitos humanos, sem perder a vontade de sonhar e lutar. Diz ser Regina também um exemplo de luta e de vida. Lê a história de Dorina Nowill, desde a perda de sua visão aos 17 anos e vários dos desafios superados por elas. Lembra o dia 11 de março de 1946, no qual foi registrada a Fundação Dorina Nowill, com o objetivo maior de facilitar a inserção das pessoas com deficiência visual na sociedade. Discorre sobre o crescimento da Fundação e de sua influência nas leis nacionais; informou que na década 90 a Fundação foi a maior produtora de livros em Braille. Agradece todos que participam da Fundação, oferecendo oportunidades desde crianças até os idosos. Convida a todos para participar desta história.

 

11 - PRESIDENTE RITA PASSOS

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Rita Passos.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Bom dia, senhoras e senhores, sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Neste momento, daremos início à sessão solene com a finalidade de homenagear os 70 anos da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Convido para compor a Mesa de trabalhos a Exma. Sra. Rita Passos, deputada estadual; a Sra. Ika Fleury, presidente do Conselho Curador da Fundação Dorina Nowill para Cegos; o Exmo. Sr. Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo na gestão 1991-1995; a Exma. Senadora Marta Suplicy.

Chamamos também a Exma. Sra. Marianne Pinotti, secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, representando o Exmo. Prefeito da cidade de São Paulo, Sr. Fernando Haddad. Chamamos também o Prof. Dr. Antonio Vargas de Oliveira Figueira, diretor executivo da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo, representando, neste ato, o magnífico reitor da USP, Prof. Marco Antonio Zago.

Com a palavra, a nobre deputada Rita Passos.

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Senhoras e Senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado Fernando Capez, atendendo solicitação desta deputada, com a finalidade de comemorar os 70 anos da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Convido todos os presentes para, em pé, cantarmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do sargento Gleidson Azevedo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Esta Presidência agradece à Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Comunico aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será retransmitida pela TV Assembleia no dia 26 de março, sábado, às 21 horas: pela Net, canal 7; pela TV Aberta, canal 61.2; e pela TV Vivo digital, canal 185.

Registramos aqui mais uma vez a presença de Felipe Sígollo, secretário de estado adjunto de Desenvolvimento Social. Seja bem-vindo. Também agradecemos as presenças do Sr. Arthur Roquete de Macedo, conselheiro do Ministério da Educação - Conselho Nacional de Educação - Câmara de Educação Superior; de Ester Rosemberg Tarandach, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social; de Ney Cardoso, representando o deputado estadual Antonio Salim Curiati; e de Helvécio Siqueira de Oliveira, representando o presidente da Fiesp, Paulo Skaff.

Assistiremos agora à apresentação do vídeo institucional da Fundação Dorina Nowill Para Cegos.

 

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- É feita a exibição de vídeo.

 

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A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Ouviremos agora a Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo realizar uma apresentação musical.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Esta Presidência agradece a Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo pela belíssima apresentação. Neste momento, convidamos a Sra. Regina Fátima Caldeira de Oliveira, coordenadora de revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos, membro do Conselho Mundial do Braille e do Conselho Ibero-Americano do Braille, para receber sua homenagem.

A Sra. Regina Fátima falará em nome dos clientes e colaboradores da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

 

A SRA. REGINA FÁTIMA CALDEIRA DE OLIVEIRA - Exma. Deputada Rita Passos; senhores deputados; autoridades presentes; Sra. Ika Fleury, presidente do Conselho Curador da Fundação Dorina; Sr. Ademir Filho, superintendente da Fundação; senhores homenageados; senhores conselheiros; amigos; e colegas da Fundação, bom dia.

Ao me preparar para pronunciar estas breves e singelas palavras, vi-me diante de um dilema. Embora convidada para falar em nome dos colaboradores, toda vez que eu tentava iniciar um parágrafo, vinha-me à mente a lembrança daquele distante fevereiro em que, aos oito anos de idade, seis meses depois de ter perdido a visão quase por completo, entrei na então Fundação para o Livro do Cego no Brasil, levada pela mão carinhosa e protetora de minha mãe.

E por que a lembrança daquele momento mágico? Mesmo evocado com frequência, nunca deixa de me causar muita emoção. Acabei optando por iniciar por ele esta minha fala, afinal, não tivesse o momento mágico acontecido e não tivéssemos, eu e minha família, sido acolhidas com tanto carinho e competência por tantos colaboradores da Fundação, eu não estaria hoje aqui, orgulhosa e feliz por fazer parte da história desta instituição.

Como já disse, era fevereiro e, ao subir a rampa de entrada, o quase nada que me restava de visão ainda me permitia perceber o dourado do sol, os tons azuis do céu e o vermelho do piso, enquanto o meu coração pulsava de ansiedade, porque ali, naquele lugar encantado, eu iria realizar o sonho de aprender a ler e escrever. Lá dentro também havia muita luz natural, muitos sons agradáveis de vozes e de risos e, principalmente, o som das máquinas que produziam os livros que encheriam de alegria a minha infância.

No mês seguinte, fui matriculada em uma escola regular do meu bairro graças ao empenho de minha mãe e da professora especializada que me alfabetizou. O tempo foi passando e, graças à minha determinação, ao apoio da minha família e à dedicação de cada um dos colaboradores da Fundação, remunerados ou voluntários, o meu sonho foi se tornando realidade. Os momentos mágicos se sucediam. Cada atendimento, cada texto lido, cada mapa tateado me tornava uma criança mais feliz e ampliava os meus horizontes.

Depois de completar o ensino médio, voltei à Fundação em busca de mais independência e autonomia e da realização de mais um sonho, a inserção no mercado de trabalho. Novamente fui acolhida por profissionais carinhosos, dedicados e competentes que acreditavam nas minhas possibilidades. Alguns meses depois, vi o meu sonho se transformar em uma realidade que eu sequer imaginara: fui contratada para trabalhar como telefonista na própria Fundação.

Além da oportunidade indescritível de trabalhar e aprender com D. Dorina, todos esses meus anos de atividade como colaboradora da Fundação tem me proporcionado a grata alegria de poder, de alguma maneira, retribuir tudo o que recebi dessa instituição: o ingresso na universidade, a ascensão profissional, a oportunidade de representar a Fundação nacional e internacionalmente. O convívio com pessoas dedicadas e que acreditam na superação de uma deficiência é uma experiência inenarrável.

Enquanto houver crianças, jovens e adultos cegos ou com baixa visão, espero que nós, colaboradores, remunerados ou voluntários, possamos proporcionar-lhes o mesmo acolhimento que eu recebi naquele fevereiro e que transformou a minha vida, que possamos continuar comemorando condignamente esses 70 anos da Fundação Dorina, ampliando cada vez mais o nosso trabalho.

Durante o culto ecumênico do dia 11 tivemos a oportunidade de render graças a Deus pela força e inspiração de todos esses 70 anos. Hoje, neste espaço público que tão carinhosamente nos acolheu, renovamos as nossas homenagens à querida e saudosa professora Dorina de Gouvêa Nowill e a todos os que com ela colaboraram na construção e execução desse grandioso trabalho. Na pessoa da Exma. deputada Rita Passos, agradecemos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo juntar-se a nós nesta celebração, na certeza de que muitas das leis que garantem a cidadania das pessoas cegas e com baixa visão tem emanado de legisladores que aqui atuaram ou atuam, e que acreditam nos ideais que nortearam a vida de D. Dorina.

Peço desculpas por ter abusado dos verbos na primeira pessoa, mas estou certa de que a minha história se confunde com a de milhares de outras pessoas de todo o Brasil que ao longo dessas sete décadas encontraram na Fundação o apoio que buscavam para a superação da deficiência visual. É em nome de todas essas pessoas que eu digo: muito obrigada, Fundação. Muito obrigada, Dona Dorina. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Quero registrar a presença do Sr. Osmar Pereira Machado Júnior, representando o Sr. Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo - ACSP. Também está conosco o Sr. Airton Grazzioli, promotor de Justiça, curador de Fundações. Também registramos que está aqui a Dra. Ana Maria de Castro Carms, promotora de Justiça Cível e Fundações, e também o engenheiro, Sr. Evando Reis, subprefeito da Mooca.

Nesta oportunidade, queremos convidar a senadora Marta Suplicy para fazer uso da palavra.

 

A SRA. MARTA SUPLICY - Bom dia a todos. É um enorme prazer estar aqui hoje. Antes de começar, quero parabenizar Regina Fátima Caldeira de Oliveira pelo comovente depoimento. É exatamente quando escutamos palavras assim que percebemos a importância da oportunidade. Foi muito bom ouvi-la. Dá sempre a vontade de fazer mais.

Quero parabenizar a deputada estadual Rita Passos e o presidente da Casa, Fernando Capez, pela realização dessa sessão em homenagem à Dorina Nowill. Não é fácil uma fundação ter uma vivência de 60 anos prestando serviços de excelência. Emendo então na Ika Fleury, que é presidente do conselho fundador dessa Fundação. Sabemos as dificuldades pelas quais qualquer tipo de fundação passa. É preciso ser realmente uma guerreira, como todos são nessa Fundação, para conseguir continuar esse trabalho e expandi-lo.

Cumprimento também Luiz Antonio Fleury, caro amigo; Marianne Pinotti, secretária municipal da Pessoa com Deficiência; professor Dr. Antonio Vargas, diretor executivo da Fundação, e Felipe Sígollo, secretário adjunto de Desenvolvimento Social. Eu já disse o que essa Fundação representa e gostaria de acrescentar um pedido, Ika, você que está como presidente do conselho.

Quando fui ministra da Cultura, em 2013, fomos representar o Brasil em Marraquexe. Era um encontro da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMP). Achávamos que poderíamos ter ali, na discussão principal, que era sobre propriedade intelectual na internet, alguma discussão sobre direito autoral.

O Brasil teve um papel muito importante, porque não é nada fácil, em uma organização internacional, conseguir um diálogo com Direitos Humanos. Eles se preocupam muito com a propriedade intelectual, mas Direitos Humanos não é o normal para eles dialogarem, mas tínhamos ali um número de pessoas com deficiência visual muito forte e também países sensibilizados para isso.

O Brasil tomou a dianteira e aprovamos uma lei que foi extremamente importante. Foi aprovado pela primeira vez na OMPI que a propriedade intelectual - o direito autoral - seria quebrada em relação a qualquer produto relacionado que pudesse beneficiar as pessoas com deficiência visual.

Ela foi aprovada internacionalmente, agora 20 países precisam ratificar. Como senadora, aprovamos, na Comissão de Relações Exteriores, a lei, que é uma emenda constitucional, e está aprovada e sancionada pela presidente. Agora precisamos de 20 países que sancionem a lei em suas respectivas casas legislativas. Já temos 13, precisamos de mais sete países. É uma lei internacional e vamos poder imprimir qualquer material em Braille, em Daisy e colocar na internet. Houve um adendo segundo o qual só pessoas com deficiência visual devem estar registradas em uma entidade conhecida para poderem ter um acesso à internet.

Agora vou ver os sete países que foram mais parceiros naquele momento, o mais parceiro de todos foi o Vaticano, para vermos se conseguimos que esses países aprovem em suas Casas Legislativas essa lei. Aí teremos isso no mundo todo, não apenas no Brasil. Tenho certeza de que isso vai facilitar enormemente o trabalho da Fundação e de que vai ser algo inédito para toda a comunidade que necessita desse auxílio.

Foram muito bem apresentadas aqui as diferentes possibilidades com as quais podemos aumentar o acesso à informação. O mais importante é que uma pessoa que tenha uma deficiência visual tenha uma possibilidade, tenha acesso para que possa melhorar sua vida. Tendo essa possibilidade, vimos o exemplo aqui, a pessoa cresce, tem sua cidadania plena.

Muito obrigada, agradeço a todos. Tenho outro compromisso e, infelizmente, não vou poder ficar, mas, de coração, estarei presente com vocês. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Agradecemos a presença de nossa senadora, Marta Suplicy, que chegou até um pouquinho antes do horário, mas aguardou mais pessoas chegarem e permaneceu conosco até agora.

Convidamos para que se sente no lugar dela aqui à Mesa o senhor Felipe Sígollo, secretário de estado adjunto de Desenvolvimento Social.

Com a palavra a senhora Marianne Pinotti, secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.

 

A SRA. MARIANNE PINOTTI - Bom dia a todos e a todas. É um enorme prazer estar participando desta sessão, hoje. Quero cumprimentar a nossa nobre deputada Rita Passos pela proposição desta sessão, porque é fundamental que construamos uma cidade, um país, um estado mais inclusivo para todas as pessoas com deficiência. É lógico que o Poder Legislativo tem que estar junto conosco nessa grande empreitada.

Quero falar também da Regina. Acho que não há nada sobre nós sem nós. Não é, Regina? Então, você fazer este primeiro depoimento, essa primeira fala, nos brinda a todos com um sentimento de que estamos no caminho correto, que é o caminho de fortalecer as potencialidades das pessoas com deficiência e garantir os direitos em todos os espaços, quebrando todas essas barreiras que você contou para nós - você sempre quis aprender a ler e escrever.

Hoje, há que se quebrar barreiras para permitir que as pessoas com deficiência vivam uma vida plena, possam contribuir para a sociedade, ser protagonistas da própria vida e da vida da nossa cidade e do nosso País. Parabéns, Regina, pela sua trajetória.

Aproveito, aqui, e dou os parabéns para todos da Fundação Dorina Nowill, que constroem essa possibilidade no dia a dia para as pessoas com deficiência visual que vivem em São Paulo e no Brasil inteiro, com tanta competência e honestidade.

É fundamental que lembremos que hoje temos como emenda constitucional no nosso País a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que hoje são cidadãos e cidadãs plenos de direitos, mas que nem sempre foi assim. Nem sempre o poder público se preocupou com as pessoas com deficiência. Nem sempre as empresas se preocuparam.

Quem se preocupou, lá atrás, foram as instituições que puderam abrigar essas pessoas - que muitas vezes viviam dentro das instituições - e construir a possibilidade de uma vida plena e feliz para pessoas que são, antes de tudo, pessoas. Por isso, temos o termo mais correto que utilizamos hoje, “pessoas com deficiência”, para a deficiência ser uma característica e não uma questão que impõe barreiras e limites para as pessoas.

Parabéns, Regina. Eu quero cumprimentar todas as pessoas com deficiência que estão aqui ou que estão nos escutando, porque este trabalho da Fundação Dorina Nowill sempre foi voltado para elas e suas famílias. Que continue por mais 70 e, depois, mais 70, sempre nessa construção do direito.

Essa função das instituições vai se modificando. Um dia, as crianças estudavam nas instituições. Hoje, as crianças estão nas escolas regulares, mas continuam precisando das instituições para fazer o seu contraturno, para frequentar outros ambientes, para poder se aprimorar nos seus estudos.

Então, passo a passo, juntos, vamos construindo um País melhor para todas as pessoas com deficiência. É função de todos nós - do poder público e da iniciativa privada, que dá emprego para as pessoas com deficiência. Isso é fundamental. É função das instituições e de cada um de nós, cidadãos brasileiros e brasileiras, que precisamos viver em um País cada vez mais inclusivo. Isso vai fazer bem para todos nós.

Quero cumprimentar a Mesa. A deputada eu já cumprimentei. Cumprimento nossa senadora que acabou de sair, cuja fala me emocionou também. Nós, que acompanhamos a necessidade de a literatura estar posta e oferecida para as pessoas com deficiência visual, sabemos como essa luta é difícil.

Na Prefeitura, nós tentamos, a cada dia, aumentar um pouco o número de volumes em Braille nas nossas bibliotecas e possibilitar que as pessoas tenham o scanner de áudio para poder escolher o seu livro e também passar para o áudio. Entretanto, no momento em que o livro vem acessível da editora e é oferecido a todas as pessoas, com e sem deficiência, é quando vamos ter a possibilidade de oferecer para todo mundo.

Então, o trabalho feito pela senadora constrói essa lei que vai possibilitar que todas as pessoas com deficiência visual tenham acesso pleno a todo esse material fundamental para o crescimento como pessoa e para o crescimento profissional de todos eles.

Gostaria de cumprimentar o sempre governador e amigo Luiz Antônio Fleury, que, com a primeira-dama, Ika Fleury, construiu o início da luta pelo direito das pessoas com deficiência no nosso estado. Se hoje estamos aqui, com secretaria municipal e secretaria estadual, com a possibilidade de ter essa conversa com as instituições em sessões como esta, devemos muito ao senhor. Muito obrigada e parabéns por sua trajetória.

Gostaria de cumprimentar ainda o Dr. Antonio Vargas, o secretário Felipe Sígollo e, por fim, minha amiga querida Ika Fleury. Tenho certeza de que não estaríamos aqui se não fosse por você, Ika, e pela nossa nobre deputada Rita Passos, é lógico. Você é uma guerreira no dia a dia pelas pessoas com deficiência.

Assim que recebi essa missão do prefeito Fernando Haddad, assumir a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, liguei para a Ika na hora e pedi, pelo amor de Deus, que ela me ajudasse a construir um projeto, um programa. Lembro-me da conversa longa que tivemos em sua casa, quando você me convidou para tomar um café e me deu uma aula do que precisávamos construir para as pessoas com deficiência.

Ika, eu baseei muito do que eu faço hoje na secretaria naquela nossa conversa. Você estava correta em tudo o que me disse aquele dia. Por isso, onde a Ika estiver lutando pelo direito das pessoas com deficiência, nós estaremos junto. Tenho certeza de que as pessoas com deficiência estarão em boas mãos nesta sua gestão na Dorina Nowill e em qualquer espaço em que você for trabalhar por essa causa, que já virou um projeto de vida seu.

Queria lembrar que hoje é o Dia Internacional da Síndrome de Down, por isso estamos comemorando a Fundação Dorina Nowill e também estamos comemorando o dia das pessoas com síndrome de Down em todo o País e em todo o mundo. Que Deus abençoe esta fundação e continue dando muita força às pessoas que estão na direção, trabalhando todos os dias para que vocês possam continuar construindo uma cidade e um país mais inclusivo para todas as pessoas que vivem aqui. Parabéns, uma ótima sessão a todos e muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Tem a palavra o excelentíssimo Sr. Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo de 1991 a 1994.

 

SR. LUIZ ANTÔNIO FLEURY FILHO - Bom dia a todos. Gostaria de cumprimentar em primeiro lugar a deputada Rita Passos e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo por promoverem, por iniciativa dela, esta sessão em homenagem aos 70 anos da Fundação Dorina Nowill. Quero também cumprimentar as autoridades presentes, cujos nomes já foram devidamente mencionados pelo cerimonial, e agradecer por sua presença.

Quero cumprimentar minha mulher, a Ika, e dizer que vejo aqui ex-presidentes da Fundação, como Carlos Lancellotti e Alfredo Weiszflog, que deram uma contribuição excepcional a essa Fundação para que ela chegasse aos 70 anos. Tive a oportunidade de conviver com eles, afinal de contas, manda quem pode e obedece quem tem juízo, e a Ika sempre me fez acompanhar todas as iniciativas que a Fundação tinha, já que ela fazia parte, àquela época, do conselho da Fundação, inclusive da diretoria. Quero cumprimentar o Ademir, que é o superintendente da Fundação e que dá uma nova orientação para essa Casa que tanto já fez.

Mas, meus amigos, permitam-me, neste momento, fazer três observações que me parecem extremamente importantes. Em primeiro lugar, gostaria de lembrar-lhes que, em 1991, o meu governo foi o primeiro na história que teve um projeto voltado para as pessoas com deficiências. Na época, não se falava dessa que é uma função do estado, no sentido de que as pessoas com deficiência tenham uma cidadania plena. Muita coisa do que foi feito foi inspirada nos exemplos de pessoas maravilhosas que se dedicaram a vida inteira, com sucesso, para que isso se tornasse uma realidade, a realidade que vivemos hoje.

Conheci a Dorina naquela época e, desde logo, percebi que ela era uma pessoa que enxergava com o coração e a mente muito além do seu tempo. Era uma pessoa que, já nos anos 40, defendia os direitos humanos quando não se falava em direitos humanos. Era uma pessoa que enxergou a possibilidade de fazer com que as pessoas com deficiência pudessem avançar na vida muito além do que qualquer outra. Foi uma pessoa iluminada, que aprendi a respeitar, admirar e cultuar, porque a memória de Dorina tem que ser cultuada por todos nós. Qual a melhor maneira de cultuar a memória de Dorina? É dedicando-se, cada vez mais, à fundação, fazendo da fundação uma referência para os portadores de deficiência visual, para que eles tenham acesso pleno à cidadania.

Vejo aqui exemplos maravilhosos. Temos a Regina, que fez uso da palavra e emocionou todos pela sua história de vida, pelas oportunidades que teve e que conquistou com a sua inteligência, com a sua perseverança, com o seu trabalho.

Vejo também duas meninas queridas que conheci na AACD, cuja evolução acompanhamos: uma é artista plástica, a Lorena; e também a Raiane, que se formou em Direito. Agora, é uma advogada que venceu a sua deficiência, não se deixou abater. Ao contrário, elas mostram, tanto quanto a Regina, as oportunidades que as pessoas com deficiência podem ter na vida. O estado e a sociedade brasileira têm obrigação de garantir que essas oportunidades sejam cada vez mais constantes. Quando a pessoa se agarra a essas oportunidades, pode vencer e ser um exemplo.

Fico muito feliz, pois conheço essas meninas desde pequenas. Acompanhamos a evolução delas, quando a Ika era vice-presidente da AACD. Temos um carinho muito grande por elas. Vejo as mães da AACD, que se fazem representar também nesta homenagem à Fundação Dorina Nowill.

Meus amigos, eu não vou me estender. As homenagens são muitas, mas não podemos ficar só nas homenagens. Temos de olhar para frente e acreditar que o nosso País vai vencer todas essas dificuldades. A crise é passageira. O Brasil só precisa de uma oportunidade para sair da crise. Tenho certeza de que o País vai se agarrar a essa oportunidade e vai sair da crise, sim, porque o Brasil é maior do que qualquer crise. Não há crise quando se acredita, quando se tem fé no futuro, esperança no coração e a mente, a consciência, a inteligência voltada para a construção de oportunidades.

Quero cumprimentar todos os integrantes da Fundação e dizer a vocês que hoje tenho uma rival dentro de casa. Já não consigo mais ter da Ika a atenção que ela sempre me dava em tempo integral. Mas faço com que ela disponha desse tempo com muito prazer, com muita satisfação, porque ela está fazendo aquilo em que acredita, aquilo de que gosta e se ela for 1% daquilo que foi essa mulher extraordinária, Dorina Nowill, eu me darei por extremamente feliz e satisfeito.

Dorina é um exemplo, Dorina estará sempre presente. Ela está aqui conosco, estará sempre presente na Fundação, inspirando todos nós a acreditar no Brasil sempre com sorriso nos lábios mesmo nos momentos de dificuldades. Por certo ela estaria dizendo a todos nós: vamos em frente, isso passa.

O que interessa é a união de todos para construir uma vida melhor para todos.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Neste momento faremos uma homenagem aos presidentes da Fundação.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Convidamos a Sra. Ika Fleury para fazer as homenagens.

Chamamos as Sras. Adriana Rocha e Adelaide Padilha e o Sr. Tomás Magalhães para receberem a homenagem “in memoriam” da Sra. Adelaide Reis de Magalhães presidente da Fundação Dorina Nowill gestão 1946 a 1951.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ENCARNACIÓN LEMONCHE - A Sra. Adelaide Reis de Magalhães era paulistana, poetisa, cronista e escritora.

Em 1946 foi instituidora e doadora do primeiro Fundo para a constituição da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, sendo a primeira presidente.

Idealizadora da campanha de prevenção à cegueira Salve um Brasileiro da Cegueira (1947).

Teve seu livro “Estações” transcrito para o Braille.

Sua atuação na Fundação buscou ampliar o ensino Braille e a luta pela inclusão dos deficientes visuais com atividades educativas ao lado da Sra. Dorina.

Faleceu em 2014.

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Chamamos o Sr. Cristiano Nowill para receber a homenagem “in memorian” da Sra. Dorina de Gouvêa Nowill.

A Sra. Dorina de Gouvêa Nowill era paulistana, pedagoga. Foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Caetano de Campos. Especializou-se em educação de cegos no Teacher’s College, da Universidade Columbia, New York, USA. Ocupou cargos em organizações internacionais e, em 1979, foi eleita presidente para o Conselho Mundial para o Bem-estar dos Cegos. Discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em 1981, no Ano Internacional da Pessoa Deficiente.

Em 1956 escreveu sua autobiografia “E eu venci assim mesmo”. Perseverança, caridade, resignação e paciência são as lições deixadas por esta paulistana que enxergava o mundo com os olhos da alma. Exerceu até a sua morte o cargo de presidente emérita e vitalícia. Faleceu em 29 de agosto de 2010, aos 91 anos.

 

O SR. CRISTIANO NOWILL - Bom dia a todos, Sra. Deputada Rita Passos, Sra. Ika Fleury, governador, a todos vocês meus amigos de tantos anos, hoje eu não poderia deixar de falar alguma coisa da mamãe. O governador foi brilhante na sua colocação da cultuação às colocações dela. Isso é um norte que eu aprendi a respeitar e também a cultivar. De vez em quando eu me lembro das pílulas do Carlos Lancellotti, precisamos pegar as filas da Dorina para repetir e aplicar.

O Ademir, no seu trabalho, todos vocês participaram da minha vida desde criança. Desde os cinco anos de idade eu ando na Fundação. Hoje participo como conselheiro. Lembro-me da Regininha no dia da morte da mamãe falando aquelas frases. No Encontro Internacional em que a Regininha disse para a mamãe que ela ia descansar e ela disse “Não, Regininha, vamos trabalhar porque na morte nós descansamos”. E eu nunca me esqueci de agradecer a lembrança dessa frase “Por onde for Dorina, não haverá escuridão”. Isso foi agora transferido para a Fundação. Por onde for a Fundação, não haverá escuridão. Onde estiverem essas pessoas de bem, que hoje conduzem a Fundação, nunca haverá escuridão.

Quero agradecer também à Mimi, minha mulher, que é uma grande inspiração para mamãe, que fez dela uma filha. E até hoje nós dois nos lembramos com muito carinho de tudo. Muito obrigado pela lembrança e parabéns à Fundação. Obrigado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Chamamos agora a Sra. Maria Real Vicente de Azevedo, que receberá homenagem em nome do Sr. João da Cruz Vicente de Azevedo, presidente da Fundação Dorina Nowill, na gestão 1991 a 2000). O Sr. João da Cruz Vicente de Azevedo é paulista, advogado, empresário e colecionador. Atuou na Presidência do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Chamamos o Sr. Roberto Faldini (Presidente da Fundação Dorina Nowill, gestão 2000 a 2003). O Sr. Roberto Faldini é paulistano, administrador de empresas e empresário. A partir de 1970 atuou no Grupo Safra, e em 1976 atuou na empresa Metal Leve S/A. Desde 1990 atua como conselheiro independente nas áreas de governança corporativa, atuando em empresas como Bovespa, Metal Leve, Sadia, Br Foods, Inpar, Eliane, Vulcabrás, Emibra, Tedesco, Hochtief do Brasil, Endeavor, Cegil, Breithaupt, Ko Maquinas Agrícolas, BoxnetMaxpress, Grupo Tavares de Melo, Nativ, entre outras. Foi conselheiro e diretor da Associação Brasileira das Companhias Abertas - Abrasca, Associação Comercial de São Paulo e Câmara Americana de Comércio de São Paulo. Sua atuação na Fundação buscou discutir princípios de governança, contribuindo para a profissionalização do trabalho. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Chamamos o Sr. Carlos Alberto Lancellotti, presidente da Fundação Dorina Nowill na gestão de 2004 a 2009. O Sr. Carlos Alberto Lancellotti é paulistano, engenheiro civil e empresário, com atuação empresarial na Beter Engenharia e Comércio, na Calansa Participações e Factoring Ltda. e Bom Jardim Empreendimentos S/C Ltda. Participou do conselho da administração da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Sua atuação na Fundação buscou reestruturar os processos administrativos, contribuindo para a profissionalização do trabalho. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Chamamos o Sr. Alfredo Weiszflog, presidente da Fundação Dorina Nowill na gestão de 2011 a 2014. O Sr. Alfredo é paulistano, jornalista e empresário, com investimentos em tecnologias como o livro digital acessível - LIDA. Grande incentivador da prestação de consultoria a terceiros, atuou na diretoria da Companhia Melhoramentos de São Paulo. Foi presidente do Grupo Interamericano de Editores, da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos e ex-conselheiro da Publishing Board da Unesco. Sua atuação na Fundação buscou investimentos em novos processos editoriais, contribuindo para a profissionalização do trabalho. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - ENCARNACIÓN LEMONCHE - Com a palavra, a nobre deputada Rita Passos.

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Primeiramente quero agradecer a presença de Orchidea Corciolli, presidente da Confederação Women´s Club do Brasil.

Senhoras e senhores, uma pessoa completar 70 anos de vida não é fácil. A pessoa passa por muitas dificuldades ao longo dos anos - preocupações de saúde e tudo o mais. Imagine agora uma fundação completar 70 anos. Estamos falando de uma fundação que foi fundada em 1946. Montar uma fundação hoje é uma coisa. Imagine naquela época alguém ter de fato a ousadia e a coragem de montar uma fundação para tratar de um assunto que muitas pessoas não percebiam que era necessário. Naquela época era tudo mais difícil, até mesmo para poder divulgar os seus trabalhos e poder conseguir pessoas que somassem a esse trabalho.

Há 70 anos tivemos uma pessoa muito especial, a D. Dorina Nowill, que teve a coragem de montar este projeto, de montar esta Fundação. É uma pessoa que perdeu a visão aos 17 anos, mas isso não a abateu. Ela continuou sua luta, casou-se, teve filhos e teve a ousadia e a coragem para beneficiar tantas e tantas pessoas. Milhares de pessoas foram beneficiadas com esta Fundação que foi montada. Por isso que hoje estamos parabenizando os seus 70 anos.

Como eu já falei, uma pessoa sobreviver durante 70 anos não é fácil. Imagine uma fundação. É obvio que nessa Fundação tivemos que ter pessoas incríveis para poder mantê-la viva, saudável e de uma maneira que ela pudesse ir para frente. Hoje, essa Fundação que é conhecida nacionalmente e fora também do Brasil, e a cada ano vai ganhando mais espaço e mais reconhecimento.

Jamais poderíamos deixar passar em branco uma data tão importante como essa: 70 anos de Fundação. Uma pessoa acreditou que poderia dar certo, e deu certo. É uma fundação que tem ajudado milhares de pessoas. Tem muita coisa para fazer ainda? Claro que tem, não tem fim. Sempre temos que ter algo mais para poder completar, algo mais para poder ajudar. E nesse momento quero agradecer a todas as pessoas que fazem parte, porque trabalhar para sanar as dificuldades não é fácil. Você trabalhar numa causa para sanar dificuldades de outras pessoas é uma tarefa muito árdua e difícil. As pessoas têm de estar motivadas, têm de ser empreendedoras, têm de acreditar naquilo, mas com certeza são pessoas abençoadas por Deus.

Nesse momento, até aproveitando um pouco a fala do nosso governador Luiz Antônio Fleury Filho, quando ele fala da Ilka. Quero nesse momento também cumprimentar Ika Fleury. Por diversas vezes eu já ouvi ela falando “Eu acho que vou me afastar um pouco, vou pegar um pouco mais leve porque tenho muitos netos agora e tenho de cuidar deles.” Mas quando ela pensa assim, Deus já põe a mão no coração dela e fala “Ilka, de jeito nenhum. Você vai continuar trabalhando com todo afinco, com toda força que você tem, porque você é uma peça fundamental.” Da mesma maneira que Deus toca no coração da Ilka, toca no coração dessas pessoas que foram homenageadas hoje, e tantas outras que estão aqui e outras que não puderam aqui estar também. Mas que cada uma vai realizando a sua parte. Não deixe jamais essa Fundação morrer. Essa Fundação tem de ganhar mais força, tem de se expandir cada vez mais. Pensem no futuro: quantas milhares de pessoas vão precisar dessa Fundação, quantas milhares de pessoas estão à espera ainda nos dias atuais da ajuda dessa Fundação?

Vamos melhorar a legislação, fazer o melhor por essa Fundação. Enfim, conheci Dorina Nowill. Fiquei maravilhada quando a vi, a sua alegria. Eu nunca a vi com rosto fechado, está sempre com sorriso, sempre animada e para frente. Ela plantou essa semente lá atrás, há 70 anos. E cada um dos senhores e das senhoras estão regando essa semente. A árvore está crescendo, e nós vamos dar muitos frutos. Enquanto há pessoas que acreditam nesse projeto, nessa Fundação, nenhuma pessoa portadora de deficiência vai ficar cega, como foi bem dito aqui. Realmente vai ter a visão da alma, a visão do coração, a visão do amor. E com certeza Deus se alegra muito disso.

Gostaria nessa oportunidade de apresentar a vocês de alguns projetos de lei que apresentei nesta Casa. Apresentei um projeto de lei, de 2008, que autoriza o Poder Executivo a implantar o curso de Libras, que é a língua brasileira de sinais nas escolas públicas do Estado. Está na Ordem do Dia e infelizmente até hoje nós não conseguimos aprovar. É difícil, mas não vamos desistir. Todos os momentos, estou falando “E o nosso projeto?” Há um ditado que fala “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” Esse projeto é muito importante e eu vejo isso.

Outro projeto de minha autoria, que é de 2011, torna obrigatória a impressão com código de Braille nas carteiras de identidade de pessoas portadoras de deficiências visuais emitidas no Estado. Também está pronto, na Ordem do Dia.

E outro, recente, de 2016, que dá a denominação de Professora Dorina de Gouvêa Nowill à Escola Estadual 31 de Março, em Campinas.

Campinas é uma cidade muito grande. Acho que é a terceira. Deve ser a segunda depois de São Paulo, aqui, do nosso estado.

A escola se destacou entre os quatro finalistas da diretoria de Campinas-Leste, e são mais de 80 escolas lá. É uma escola que já tem um trabalho nesse sentido. Então, receber uma homenagem desta querida Dorina Nowill numa escola que tem seu reconhecimento será de grande valia para que o nome dessa mulher jamais seja esquecido.

Agradeço a todos vocês. Que Deus abençoe a todos.

Neste momento, passo a palavra para a Sra. Ika Fleury, presidente do conselho curador da Fundação Dorina Nowill Para Cegos.

 

A SRA. IKA FLEURY - Amigas e amigos, um bom dia. Quero cumprimentar a nobre deputada, que vem trabalhando há muitos anos na área do social, trabalhando para as pessoas com e sem deficiência.

Muito obrigada por ter tido esse gesto para a Fundação Dorina Nowill nos seus 70 anos. Quero cumprimentar o governador Fleury, meu íntimo amigo e companheiro, que muito fez no seu governo, na área da deficiência.

E o mais importante é: quando você sai de um governo ou sai de uma fundação, você encontrar as pessoas que participaram e que foram atingidas por ações desenvolvidas. Esse é o melhor presente que temos.

Cumprimento nossos promotores públicos da Curadoria, que aqui estão. Agradeço muito a presença do nosso eterno reitor, Arthur Roquete Macedo, os nossos representantes das secretarias de Estado, Marianne Pinotti. Como ela descreveu aqui, tivemos a conversa, mas a aluna foi muito boa. Está fazendo um trabalho importante na cidade de São Paulo.

Agradeço a presença da senadora Marta Suplicy, que veio para somar, ser uma parceira nesse momento em que ela é senadora e muito pode fazer pela causa na área da deficiência.

Eu trouxe uma colinha aqui bem grande, viu, gente? Porque, quem me conhece, já há algum tempo, eu detesto ler. Mas, hoje, para não esquecer... Desde que eu estou na Fundação eu estou assim: para não esquecer, para não ficar nervosa, eu trago a colinha. Mas chega uma hora que a gente vai esquecer essa colinha.

Ao falar da nossa trajetória de 70 anos, quero iniciar dizendo que temos muito orgulho do nosso passado e do nosso presente. E, com certeza, teremos do nosso futuro.

Poucas são as entidades que tiveram como dirigentes por mais de 50 anos uma das maiores ativistas no campo dos Direitos Humanos: a professora Dorina de Gouvêa Nowill, considerada uma das mulheres mais influentes do século XX no Brasil.

Ao perder a visão, aos 17 anos, em 1936, não perdeu a vontade de sonhar e lutar. Regina, você que esteve aqui falando, também é, para nós, um exemplo. Toda hora que eu preciso eu vou à sua sala conversar um pouquinho para aprender bastante.

O que você falou aqui na Fundação e da sua trajetória nos emociona muito. Mais uma “Dorininha” está aqui conosco.

Com sua inteligência de Dorina e liderança, trouxe seus pais, colegas e familiares para somarem e lutarem juntos.

Desta forma, modificou, num primeiro momento, o ambiente escolar, ao lutar para se matricular na escola normal Caetano de Campos, tornando-se a primeira aluna cega a frequentar uma escola regular. Se hoje, em pleno século XXI, ainda estamos lutando para a inclusão de alunos com deficiências nas escolas, imagine na década de 40, em que o modelo era a segregação, onde a educação e a cultura eram barrados para as pessoas cegas.

Mas contava a Dorina que o apoio dos colegas, professores e, especialmente, da supervisora, Regina Pirajá - que chegou a inventar um sistema rudimentar para a transcrição do braile - foram fundamentais para ela continuar a sua caminhada. Um dos primeiros desafios foi o de convencer a Escola Caetano de Campos a implantar o primeiro curso experimental de especialização de professores para o ensino de cegos que, mais tarde, deixou de ser experimental para ser o curso especializado em ensino de cegos, ao lado de dois cursos de educação de surdos e deficientes mentais.

Em 1946, Dorina deu os primeiros passos para um dos seus grandes sonhos. Mesmo antes de se formar, pediu para a presidente da Cruz Vermelha um local para ministrar o Curso de Preparação de Copistas Braille Voluntárias. No dia 11 de março de 1946, com um grupo de colegas da Caetano de Campos, registrou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, com um conceito inovador para a época ao criar produtos para facilitar a inserção da pessoa cega na sociedade.

O grupo tinha a consciência de que o Braille, para as pessoas cegas, era a porta da emancipação - como ainda é até hoje. Se os videntes necessitam de letras e números para a alfabetização, as crianças cegas precisam ser alfabetizadas no sistema Braille e continuar por um bom tempo lendo e escrevendo em braile, para não se tornarem analfabetas funcionais, infelizmente, como muitos brasileiros.

Voltando a 1946, o apoio de Adelaide Reis de Magalhães foi fundamental para o crescimento da fundação recém criada, pois ela entrou com os recursos financeiros que permitiram o crescimento das ações. Adelaide foi a primeira presidente da Fundação para o Livro do Cego no Brasil.

No mesmo ano, Dorina ampliou os seus conhecimentos através de uma bolsa de estudos na Universidade Columbia nos EUA, onde também ampliou seus contatos com instituições americanas, como a Kelox Foundation, que fez a doação da primeira impressora braile para a Fundação, o que facilitou o trabalho antes feito à mão.

Ao voltar em 1951, assumiu a presidência da Fundação e ficou por mais de cinco décadas com o apoio de muitas companheiras da Primeira Hora e do seu presidente do Conselho Curador, João da Cruz Vicente.

Naqueles anos, estimulou as discussões de mais alto nível com políticos, empresários e as próprias pessoas com deficiência. Influenciou políticas públicas, assumiu presidências nacionais e de organismos e organizações internacionais, influenciou nas leis brasileiras em favor da pessoa com deficiência e sempre trouxe para dentro da Fundação as grandes discussões, o que possibilitou estarmos atualizados no conhecimento, seja na criação de produtos, nas metodologias de trabalho para o serviço de reabilitação e tudo mais.

A procura de livros em Braille cresceu, não só os didáticos como os de literatura brasileira e estrangeira. A busca foi incessante atrás de recursos financeiros. Dorina e suas diretoras - como lembram Tarsila Novaes e Dulcia Avancine, nossas conselheiras até hoje - ora faziam eventos beneficentes, ora acompanhavam Dorina em reuniões com grandes empresários em busca de verbas para responder as demandas exigidas.

Em 1991, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil passou a se chamar Fundação Dorina Nowill Para Cegos, em uma justa homenagem à sua fundadora.

Na década de 90, a Fundação se tornou a maior produtora de livros em Braille na América Latina. Ao mesmo tempo, novos produtos foram criados com a vinda da tecnologia e serviços ampliados.

Após vitórias, desafios e muitas noites sem dormir como presidente, Dorina começa a pensar no novo desafio. Por volta de 1999, dizia: “Chegou a hora de chamar gente de sucesso no mundo competitivo em que nossa instituição se insira como uma igual. Precisamos das mesmas armas e do conhecimento de que se valem as grandes empresas”.

Então, surgem pessoas como Celso Feitosa, padre Corbeil, Carlos Lancellotti, Alfredo Weiszflog, Luiz Roberto Novaes, José Mindlin, Roberto Faldini, Antonio Delfim Netto, Antoninho Trevisan, Emídio de Carvalho, Humberto Neiva e tantos outros.

Em 2000, Dorina achou que deveria se afastar da diretoria executiva e assumir o cargo de presidente emérita e vitalícia, mas nunca deixou de participar das reuniões do conselho e trabalhar para a inclusão da pessoa com deficiência até o fim da sua vida. A percepção da Dorina foi verdadeira. Com a vinda de empresários, eles trouxeram resultados para a entidade, passando a ser uma empresa eficiente, com o aumento da produtividade e oferta de muito mais serviços.

Homens brilhantes, com o conhecimento administrativo, cada um com a sua expertise, presidiram o Conselho Curador da Fundação, como Roberto Faldini, Carlos Lancellotti e Alfredo Weiszflog, dando uma grande contribuição, assim como os membros do Conselho. Os mais antigos contribuíram com o seu conhecimento da entidade e da causa da deficiência; os mais novos com o entusiasmo da juventude.

Faldini teve um papel importante para essa mudança de gestão sugerida por Dorina. A chegada do novo presidente que o sucedeu, Carlos Lancellotti, levou para a instituição a cultura empresarial e tantos outros benefícios. Na gestão do Weiszflog, além dos importantes trabalhos na organização dos produtos, ele percebeu que a Fundação necessitava de uma superintendência e não mais uma diretoria voluntária.

O superintendente escolhido foi o presidente da diretoria voluntária, Sr. Adermir Ramos Filho. Todos os que passaram pela Fundação Dorina - funcionários, voluntários, clientes, familiares, mantenedores, o poder público, os parceiros e os amigos da causa - ajudaram a construir a nossa história.

E assim chegamos a esta data, atendendo mais de 1.400 pessoas por ano, distribuindo livros nos quatro formatos por todo o Brasil e disseminando o nosso conhecimento de 70 anos, nos seminários e capacitações. Oferecemos cursos para a inclusão das pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho, vamos às escolas para trabalhar na capacitação da comunidade escolar, possibilitando uma verdadeira inclusão educacional. Continuamos laborando com as pessoas com deficiência visual na busca da sua independência e autonomia. Além disso, promovemos tantas outras ações. Temos orgulho de escutar que, no Brasil, nos últimos 70 anos, não há um cego que não teve em suas mãos ao menos um livro feito na fundação.

Agradecemos o presente, com os atores que estão realizando e dando continuidade a esta história. Que sempre se lembrem de que temos em nosso DNA a marca da inovação e da excelência.

Trabalhamos para honrar as inspirações e aspirações da nossa fundadora Dorina e de seu colegiado, possibilitando que todas as pessoas com deficiência visual - da criança ao idoso, independente da sua condição social - tenham serviços e produtos de qualidade, além de lutar - com eles e para eles - para uma verdadeira inclusão social, porque esta é a nossa razão de existir.

Para finalizar, convido todos a participarem desta história, porque vale a pena vivê-la. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - RITA PASSOS - PSD - Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Assembleia, das assessorias policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade. Deus abençoe a todos.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 49 minutos.

 

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