http://www.al.sp.gov.br/web/images/LogoDTT.gif

 

02 DE SETEMBRO DE 2016

055ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO PROFESSOR DOUTOR FELIPE FREGNI

 

Presidentes: FERNANDO CAPEZ e CÉLIA LEÃO

 

RESUMO

1 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Nomeia as demais autoridades presentes. Informa que convocara a presente sessão solene, a requerimento da deputada Célia Leão, com a finalidade de "Homenagear o Professor Doutor Felipe Fregni". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

 

2 - RICARDO BARROS

Ministro da Saúde, frisa o número de aposentados por invalidez no Brasil. Comenta a aprovação do Marco Legal da Primeira Infância, que esclarece tratar-se de uma lei que cria uma série de programas voltados à promoção do desenvolvimento integral das crianças até os seis anos de idade. Ressalta a importância do reconhecimento de personalidades em destaque na área da Saúde.

 

3 - CÉLIA LEÃO

Assume a Presidência. Tece considerações acerca da importância de se homenagear o Prof. Dr. Felipe Fregni, cujo trabalho enaltece. Destaca o papel da família do homenageado em sua criação. Elogia o trabalho desenvolvido por Linamara Rizzo Battistela, secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

4 - LINAMARA RIZZO BATTISTELA

Secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e coordenadora do Centro de Pesquisa Clínica do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (Imrea) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, salienta a importância da criação de políticas em prol da justiça e inclusão social. Considera que o trabalho desenvolvido por Felipe Fregni promove a valorização do potencial humano e a melhoria da qualidade de vida de deficientes físicos. Adiciona que os cursos ministrados pelo professor tencionam o progresso da ciência e são fonte de estímulo para jovens médicos. Destaca o grande número e a abrangência de publicações científicas do médico.

 

5 - PRESIDENTE CÉLIA LEÃO

Manifesta-se admirada com a trajetória de sucesso profissional de Felipe Fregni, apesar de sua pouca idade.

 

6 - MARTA IMAMURA

Médica fisiatra do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (Imrea) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, cumprimenta todos os presentes. Afirma que Felipe Fregni colocara o Brasil no cenário científico mundial. Elogia o trabalho desenvolvido pelo professor em prol da melhoria da saúde de pessoas com deficiência física. Menciona que Felipe é fonte de inspiração para outros médicos e pesquisadores.

 

7 - SUELY REIKO MATSUBAYASHI

Aluna do Prof. Dr. Felipe Fregni, elogia Felipe Fregni pelo papel na transferência de conhecimento na área da medicina. Discorre sobre o significado do curso ministrado pelo professor para a vida dela.

8 - MARCEL SIMIS

Médico neurologista do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (Imrea) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, menciona que conhecera o trabalho de Felipe Fregni em publicações de revistas científicas importantes. Afirma que o professor e pesquisador tem a característica de dedicar-se incondicionalmente à ciência. Acrescenta que a principal motivação do referido médico é o aperfeiçoamento do tratamento de pessoas com deficiência física.

 

9 - PRESIDENTE CÉLIA LEÃO

Enaltece o esforço pessoal e profissional de Felipe Fregni, que afirma ter sido agente promotor de mudanças positivas na vida de diversas pessoas.

 

10 - DYLAN EDWARDS

Professor associado em neurofisiologia clínica pela Weill Cornell Medical College e co-diretor do curso intensivo de Estimulação Magnética Transcraniana da Escola de Medicina de Harvard, discursa em língua estrangeira.

 

11 - PRESIDENTE CÉLIA LEÃO

Anuncia exibição de vídeo com depoimentos de colegas médicos do Dr. Felipe Fregni. Presta homenagem, com entrega de placa, ao Prof. Dr. Felipe Fregni.

 

12 - LINAMARA RIZZO BATTISTELA

Secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e coordenadora do Centro de Pesquisa Clínica do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (Imrea) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, tece considerações acerca da simbologia dos materiais utilizados na confecção da placa entregue ao homenageado.

 

13 - PRESIDENTE CÉLIA LEÃO

Lê o conteúdo da placa entregue a Felipe Fregni.

 

14 - FELIPE FREGNI

Professor doutor, agradece a todos pela homenagem. Tece considerações acerca do que o Brasil representa para ele e de sua conexão com o País. Destaca a importância da simplicidade em técnicas de medicina, pesquisa e educação. Dá exemplo da importância da atividade física e alimentação na saúde das pessoas. Defende o desenvolvimento de cursos com foco nos alunos. Manifesta intenção de desempenhar sua carreira profissional de forma a promover melhorias sociais.

 

15 - PRESIDENTE CÉLIA LEÃO

Conta que ficou paraplégica após acidente de automóvel. Discorre sobre as dificuldades enfrentadas pelos deficientes físicos no dia a dia, motivo pelo qual, a seu ver, necessitam de maior atenção médica. Enfatiza a importância da reabilitação na vida de deficientes físicos. Elogia o esforço e a determinação de Felipe Fregni. Comenta como realizou seu sonho de ser mãe. Menciona que seus três filhos seguiram a carreira de medicina. Lê mensagem de um de seus filhos, que afirma ter se espelhado em Felipe Fregni como profissional. Cita a seguinte frase de Cora Coralina "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". Anuncia a presença de comitiva do Japão composta por Sr. Hajime Terukina, representante do governador de Okinawata, Takeshi Onaga; Sr. Yonekichi Shinzato, presidente da Assembleia Legislativa de Okinawa; Sra. Mikiko Shiroma, prefeita de Naha; Sr. Toshiyasu Shiroma, prefeito de Haebaru e líder do grupo dos municípios que vieram ao Brasil; e Sr. Haruki Gibo, prefeito de Tomigusuku; todos acompanhados pelo deputado estadual Hélio Nishimoto e pelo presidente Fernando Capez. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão a Sr. Fernando Capez.

 

* * *

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB

 

 

- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Muito bom dia a todos aqui presentes. Televisão, vamos entrar em 30 segundos para dar início à nossa sessão, hoje prestigiada pelo nosso ministro da Saúde, ministro Ricardo Barros, e pela secretária de Apoio à Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella. E prestigiadíssima pela proponente, deputada Célia Leão.

Sessão solene com a finalidade de homenagear o professor Dr. Felipe Fregni, proposta pela deputada estadual Célia Leão.

Convido para compor a Mesa principal dos trabalhos S. Exa., o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Uma salva de palmas, sobretudo, pelos 348 milhões de reais economizados em 100 dias de gestão. Convoco aqui também, honrosamente, a presença da Dra. Linamara Rizzo Battistella, secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Para sentar ao lado do presidente e logo mais assumir a Presidência da sessão, nossa amada e querida deputada Célia Leão. E o nosso grande homenageado, com todos os méritos, professor Dr. Felipe Fregni, associado de medicina física e reabilitação em neurologia da Harvard Medical School. Chamamos também para compor a Mesa o professor Dr. Aluísio Segurado, diretor técnico de visão clínica de moléstias infectuosas e parasitar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; professor Dr. Paulo Sérgio Boggio; Dr. Marcel Simis; professora Dra. Marta Imamura; Sra. Gilda Sabadin, mãe do homenageado, um beijo dona Gilda; Sr. Edson Fregni, pai do homenageado, um beijo para o senhor também. Sra. Bruna Thiele, esposa do homenageado, um abraço; Sra. Gabriella Fregni, irmã do homenageado; Sra. Maria Vitoria Ventura Fregni, irmã do homenageado; Naief Haddad, cunhado do homenageado; Carlos Pereira Coelho, amigo da família; Sra. Edy Silva Sabadin, avó do homenageado; Paulo Olivato, primo do homenageado. E os meus cumprimentos, Dr. Fregni, por incluir o seu cunhado nesta lista aqui, uma alegria.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta não é uma sessão comum, é uma sessão solene, que obedece à rígida forma sacramental do Regimento Interno desta Casa. Foi convocada por mim, presidente desta Casa, por solicitação desta grande deputada, deputada Célia Leão, para homenagear o professor Felipe Fregni.

Convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro. Lembrando que não se volta para a bandeira, uma vez que não há hierarquia entre os símbolos da Nação.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Nosso ministro da Saúde, por conta de inúmeros compromissos, terá que se retirar, de maneira que eu vou acompanhá-lo para que a deputada Célia Leão possa presidir a sessão. Por essa razão, passarei a ele a palavra para a sua saudação, com muita honra, agradecendo o prestígio que deu a esta Assembleia e a todos nós.

 

O SR. RICARDO BARROS - Bom dia, presidente Fernando Capez. Bom dia, deputada Leão, que faz esta homenagem. Bom dia ao Felipe Fregni, que é o homenageado, neurocientista, importante área de atuação da Saúde.

Reabilitação é uma das ações mais importantes que devemos fazer. Dezessete por cento dos aposentados no Brasil o são por invalidez. É um número muito alto, a média mundial é nove. Nós temos no Brasil um excesso de aposentados por invalidez, temos dificuldades enormes com as perícias médicas. Gastamos 50 bilhões por ano com pagamento de benefícios que não precisariam ser pagos se a perícia fosse feita adequadamente.

O senhor vem da Universidade de Harvard. Nós tivemos recentemente a aprovação do marco legal da primeira infância com o a presidência da Comissão Especial pela minha esposa, deputada federal Cida Borghetti e hoje vice-governadora do Paraná, que esteve em Harvard várias vezes. Este foi um trabalho feito. A construção do Marco Legal da Primeira Infância foi feita em parceria com a Universidade de Harvard, com um grupo de trabalho muito amplo de vários parlamentares, de várias reuniões, e é hoje a lei mais moderna do mundo, tratando da ação de atenção integral às crianças até os seis anos, quando ela forma a sua capacidade cognitiva, com a sua capacidade de aprender para o futuro.

Então eu quero, respeitosamente, transmitir as minhas homenagens, dizer que é fundamental que nós possamos, deputada Célia, fazer um trabalho de reconhecimento das pessoas. Secretária Linamara, obrigado pela oportunidade de nos convidar para participar deste evento. E quero dizer que estamos lá no ministério à disposição para cooperação com suas ações, com suas pesquisas, naquilo que pudermos colocar em prática esses novos conhecimentos, para favorecer especialmente a reabilitação de nossos brasileiros. É uma grande honra poder ter essa parceria, parabéns pela homenagem. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Nesse momento o ministro e eu nos retiramos, passando a Presidência à nossa querida deputada Célia Leão. Boa sessão solene a todos. Parabéns, professor Felipe Fregni.

* * *

 

- Assume a Presidência a Sra. Célia Leão.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Gostaria de pedir uma salva de palmas para o presidente, deputado Fernando Capez, que está saindo agora com o nosso ministro, Dr. Ricardo Barros, muito obrigada pela presença de V. Exas., tanto o nosso ministro quanto o nosso querido e grande presidente, deputado Fernando Capez. (Palmas.)

É uma alegria poder assumir a Presidência dos trabalhos em uma sessão solene que nós entendemos que São Paulo merecia, o Brasil merecia, além da família, obviamente, além do nosso homenageado, Dr. Felipe Fregni. Nós não podíamos deixar passar, como dizemos sempre, em branco, um tempo limitado e curto, porém importante, que o Dr. Felipe está no Brasil, uma visita, um momento de trabalho, de estudo, de rever a família. E não podíamos, Dr. Felipe, deixar de usar esse bom espaço democrático da Assembleia Legislativa de São Paulo - aqui se faz, se constrói, se escreve a história dos brasileiros e estrangeiros que por aqui no estado passam. E certamente o senhor, que já fazia parte do nosso coração, do nosso sentimento, da nossa torcida, do nosso aplauso, a partir de hoje, de forma definitiva, passa a fazer parte da história de São Paulo e ficará nos Anais desta Casa, literalmente, para sempre, na história que todos nós pudemos construir e que agora, com a sua presença, será um diferencial, tenha certeza disso.

Nós temos alguns representantes que eu quero registrar aqui, que não estão presentes, alguns deputados. Dos 94 deputados desta Casa, 78 mandaram a sua justificativa por não estarem presentes, mas pediram que eu trouxesse um abraço ao Dr. Felipe. Então, é um número absolutamente marcante para a história da Assembleia.

Eu gostaria ainda de dizer, para que todos tenham conhecimento, que nós temos uma televisão transmitindo ao vivo, neste momento pela TV Web. E esta sessão solene vai ser retransmitida no próximo domingo, dia 4, às 9 horas da manhã. Às 20 horas, pela NET, canal 7; pela TV Digital, canal 61; e pela TV Vivo, canal 9, para que os senhores e senhoras possam rever este programa e rever esta sessão.

Eu gostaria, antes de passar a palavra para ela que é uma das causadoras, uma das emoções que a gente tem na vida pública e pela parte da medicina, de dizer que a sessão solene é uma sessão, que o próprio nome diz, feita no plenário principal da Casa, que é aqui, sempre aberta pela figura máxima da Casa que é o presidente, no caso o deputado Fernando Capez. Hoje ainda tivemos o privilégio da presença do ministro da Saúde, Dr. Ricardo Barros. A sessão solene marca o diferencial de pessoas ou entidades que fizeram e fazem ou por São Paulo, ou pelo Brasil, ou por um tema específico. Eu quero aqui, antes de passar a palavra à Dra. Linamara, dizer que o Dr. Felipe fez por São Paulo, fez pelo Brasil, fez pela Saúde e fez por todos nós.

Para mim, particularmente, Dr. Felipe, tê-lo aqui é uma emoção à parte, não só pelo seu currículo - que nós brincamos com muito carinho e muito respeito ser um currículo invejável, é a boa inveja, porque quando algo é muito bom nós podemos ter a boa inveja -, mas por tudo isso que foi construído. Eu acredito muito que Deus abençoa tudo na vida da gente, cada um com a sua religião, com a sua fé, com o seu Deus, mas nada acontece sozinho, não acontece por acaso. Estou absolutamente convencida, na minha vida, de que a ação da mão humana é que faz, que constrói, que escreve a história, que realiza. E, certamente, se a sua família, se seus amigos, se seus professores não tivessem colaborado, o senhor não estaria onde está, eu não tenho a menor sombra de dúvida sobre disso. Mas tenho que dar ao Felipe o que é do Felipe. Certamente, também, sem seu esforço pessoal, sem sua capacidade, sem sua obstinação, sem o seu querer em realizar quase que milagre, pudermos chamar assim, o senhor não estaria aqui também.

O nosso presidente, deputado Fernando Capez, acabou, pela urgência do ministro, convidando, talvez com a emoção, obviamente, com o carinho e respeito, mas eu quero fazê-lo novamente. Gostaria de deixar aqui o nosso abraço, o nosso respeito, o nosso agradecimento ao Sr. Edson Fregni que é pai do homenageado, de forma carinhosa, de forma especial ao pai do Dr. Felipe. A dona Gilda que é mãe do Dr. Felipe, por favor, também receba aqui da Assembleia o nosso carinho. A querida Gabriella, que é irmã do Dr. Felipe. A querida Maria Vitoria Fregni, também uma outra irmã do Dr. Felipe. O Naief, cunhado que está conosco aqui neste momento. Também o Sr. Paulo Roberto Olivato que é o tio do homenageado. A dona Gilka Olivato, que é tia do Dr. Felipe; O Gilson e a Flávia Thiele que são sogros do Dr. Felipe.

Digo a todos os senhores e senhoras da família do Dr. Felipe que nós agradecemos pelo amor, pelo carinho que a família teve, e de forma especial, pelo pai e pela mãe de terem tido um filho, certamente os outros também, não tenho a menor dúvida disso, mas de terem tido um filho que hoje é reconhecido não só no Brasil, mas no mundo todo. E é um brasileiro que saiu daqui, do nosso cantinho. É um brasileiro que passou por uma universidade importante, que também é nossa aqui, e foi construir e escrever a história lá fora, em uma das universidades mais renomadas do mundo, a mais renomada e mais antiga dos Estados Unidos. Enfim, nós ficaríamos dias e dias falando aqui, porque a vitória do Dr. Felipe é interminável, e gostaria de  dizer que só está começando. Nós teremos muito caminho ainda e muita história para ser lida, doravante.

Então, agora, eu gostaria de chamar ela, que sempre me emociona. Eu tenho um contato, uma amizade pessoal, um trabalho conjunto na área de pessoas com deficiência, na área de reabilitação. Enfim, ela também é minha médica, eu que fujo muito dela, ela corre atrás de mim e eu fujo dela. Agora eu fiz a promessa de que eu não vou fugir mais, vamos ver se eu cumpro. Mas ela é uma pessoa diferente, Dr. Felipe. A Dra. Linamara é linda por fora e por dentro, bonita, bonita mesmo. Não estou fazendo carinho, é só olhar no espelho, só olhar para ela. Além de tudo isso é inteligente, além de tudo isso é esforçada, é estudada, continua estudando. Ela consegue ter 26 horas no dia dela, ela atende a tudo e a todos.

Quando o governador criou a Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência, eu não estou brincando, estou falando sério, ele criou porque tinha destino certo para a mão que iria. Não é que criou a secretaria e depois escolheu alguém que tenha capacidade para estar lá fazendo a gestão daquela secretaria, certamente há outras pessoas no Brasil com condições de ser secretário de uma pasta como essa também. Mas não tenha dúvida que os dois governadores, governador José Serra, que hoje é ministro das Relações Exteriores no Brasil, e o governador Geraldo Alckmin, que tem uma extensa trajetória no Palácio do Governo e como governador de São Paulo, ambos de forma inequívoca disseram, por duas vezes, que só manteriam a secretaria, ou que criariam a secretaria, se a secretária fosse a Dra. Linamara Rizzo Battistella. Não é força de expressão, não é brincadeira e não é carinho. A Secretaria existe porque existe a Dra. Linamara. Então, eu gostaria, com muita emoção, com muito agradecimento e com muito carinho, receber com uma salva de palmas a Dra. Linamara para fazer a sua homenagem ao Dr. Felipe. Muito obrigada, Dra. Linamara. (Palmas.)

 

A SRA. LINAMARA RIZZO BATTISTELLA - Queridíssima amiga, deputada Célia Leão. Não preciso nem falar que o que nos une é uma amizade de longa data, por isso ela é tão generosa quando se refere à nossa história, que não é só uma história realmente de amizade, mas de construção de políticas que possam dar sustentação a esse ideal que é o ideal de todos os brasileiros, e que se levanta a partir de São Paulo, que é o ideal de uma sociedade inclusiva, uma sociedade justa, uma sociedade em que cada um de nós possa exercer todos os direitos e ajudar a produzir as riquezas da Nação.

Por isso é tão importante o dia de hoje, porque quando nós temos um ideal com essa magnitude, nós precisamos de pessoas que façam a materialidade dos nossos sonhos, que traduzam em ações, em pesquisas, em movimento aquilo que nós acreditamos, que é a valorização do potencial humano que há em cada um de nós, de cada um dos humanos, de cada um dos cidadãos que moram neste Planeta. E é isso que acontece com o trabalho do professor Felipe Fregni, ele consegue descobrir cada área do cérebro que ainda não despertou depois de uma lesão. Cada atividade que faz a diferença na funcionalidade de uma pessoa. Ele consegue traduzir para os jovens médicos as oportunidades de pesquisa, oportunidades de fazer uma medicina melhor. Mas não se encerra na formação e no desenvolvimento dos médicos, ele abraça a equipe de Saúde fazendo com que todos nós, de forma sinérgica, trabalhemos para desenvolver e para melhorar a vida de cada uma das pessoas com doenças potencialmente incapacitantes, ou com incapacidades instaladas. E faz isso de uma maneira brilhante. Eu imagino que deva ter sido sempre assim.

Eu cumprimento aqui a Gilda, o Edson e toda a família, e agora mais recentemente a Bruna, que introduz uma nova forma de vida na atividade do Felipe, ela trouxe simpatia, charme e muita elegância nas coisas que o Felipe faz. Mas eu imagino que ele sempre foi assim, capaz de articular, capaz de somar as pessoas dentro de um mesmo objetivo. E é com esse formato de abraçar o mundo - no bom sentido, abraçar para que todos possam produzir -, que ele vai desenvolvendo estratégias de cursos que hoje reúnem 2.500 pessoas em salas de aulas diferentes do mundo, mas todos compondo um único ideal: melhorar a ciência, fazer com que a ciência seja um instrumento de promoção de direitos humanos. Nada pode ser mais valioso na nossa sociedade do que a garantia de direitos. E o acesso a uma saúde de qualidade, o acesso ao conhecimento, é a materialidade dos direitos, é a materialidade do direito de todos os humanos.

E é isso que o Felipe faz, despertando jovens médicos que ainda estão na sua fase de graduação. Médicos não tão jovens, que podem se associar a ideia de melhorar seus conhecimentos. Profissionais da área da Saúde que professam línguas diferentes, que vêm com histórias de nações diferentes, mas que, atrás de uma plataforma educacional, conseguem somar esforços para fazer a ciência chegar de verdade na vida das pessoas com deficiência.

Essa homenagem é muito devida. Não é uma homenagem que se encerra no Felipe, é uma homenagem que alcança cada um dos seus familiares, cada um dos estudantes que passaram por ele, cada uma das pessoas que usufruíram do seu trabalho, do seu conhecimento. E as pessoas vieram de longe para homenagear o professor Felipe, as pessoas se associaram por diferentes formas, utilizando as mídias, que ele conhece tão bem para chegar aos alunos, para chegaram aqui ao professor Felipe. Algumas vieram presencialmente, como é o caso do professor Dylan Edwards, que é o professor associado de neurofisiologia da Cornell Medical College. As pessoas fizeram questão de estar aqui, presentes ou através dos mecanismos das mídias digitais. E o professor Felipe vai saber como ele é querido. Querido pelos alunos que, como ele, fazem da ciência uma profissão de fé. E eu faço um cumprimento aqui ao Marcel Simis, à Dra. Margarida Harumi Miyazaki, e à professora Marta Imamura. Todas essas pessoas tiveram o desejo de estar aqui hoje para poder homenagear o professor Felipe, amigos que vieram de longe, amigos que têm uma trajetória de vida tão próxima a sua, que se valeram dos seus ensinamentos, das suas orientações, e amigos que vão construindo esta rede permanente de fortalecimento da assistência, de fortalecimento da educação médica, da educação na área da Saúde.

Eu quero fazer um cumprimento a todos os alunos do Felipe que, representados aqui pela Dra. Suely Reiko Matsubayashi, significam alguma coisa em torno de alguns milhares. Esses alunos ajudaram a produzir mais conhecimento. O Felipe lidera hoje 400 grandes publicações, com mais de 22 mil citações. Isso não é trivial, não em uma área emergente, não em uma área em que o conhecimento ainda exige tanta comprovação. Não em uma área em que as pessoas, por darem pouca atenção às questões que envolvem a deficiência, acabam dando pouca atenção a esse movimento de valorização do conhecimento. O Felipe está mudando essa história, o Felipe está fazendo com que todos os grandes cientistas, com que todas as grandes universidades prestem atenção a essa nova dimensão da pesquisa e da assistência, que são os problemas relacionados a incapacidade.

Na verdade, o que o Felipe está fazendo é um grande movimento pela inclusão social. Quando ele inclui mais conhecimento, ele inclui mais pessoas dentro da sociedade. E ele traz mais profissionais da área da pesquisa e da área da assistência para essa trajetória, que é uma construção, mas é uma construção que depende de muitos fatores. E é uma construção que hoje celebra, agradece e aplaude o Felipe Fregni. Que prazer estar aqui hoje, Felipe, que alegria poder compartilhar esse momento. E que alegria nós podermos olhar para todos que estão aqui e que representam certamente algumas dezenas ou algumas centenas, com exceção da Suely, que representa alguns milhares de pessoas, que gostariam de estar presentes, e se não vieram, mandaram uma representação, porque têm a dimensão de que esse é um momento histórico para o Felipe, mas é um momento histórico para a reabilitação.

Obrigada, Felipe, você fez a diferença.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada, Dra. Linamara. Receba uma salva de palmas também pelo seu trabalho, sua caminhada, nós estamos aqui entre vários doutores, vários professores. (Palmas.)

Nós queremos aqui ainda registrar a presença da Suely Reiko Matsubayashi, que é aluna do professor Dr. Felipe Fregni. Em nome de quem, além de cumprimentá-la, cumprimento todos os alunos presentes. Muito obrigada pela sua presença. Queremos, ainda, registrar também a presença do Sr. Ricardo Pires Ribeiro, que é gerente de desenvolvimento institucional do Hospital Beneficência Portuguesa, obrigada, Dr. Ricardo, pela sua participação. Queremos também registrar e agradecer a presença da Sra. Thais de Lima Marcarian Raposo, que é diretora de produtos e serviços da Sciere Tecnologias Educacionais Sociedade Anônima. Queremos ainda registrar e agradecer a presença do Sr. Tiago Lopes, que é diretor comercial também da Tecnologias Educacionais. Gostaríamos de registrar, também, e agradecer a presença do Sr. Ney Cardoso, representando o deputado estadual Salim Curiati. Gostaríamos ainda, mais uma vez, de registrar aqui e agradecer a presença da professora Dra. Marta Imamura, que é médica fisiatra da rede de reabilitação Lucy Montoro. Também o professor Dylan Edwards, que é professor associado em neurofisiologia clínica da Cornell Medical College e em Direito do curso intensivo de estimulação magnética transcraniana da escola de medicina de Harvard. Muito obrigada. Também gostaríamos de registrar aqui e agradecer a presença do Dr. Marcel Simis, da faculdade de medicina da USP, da rede de reabilitação Lucy Montoro, do serviço médico neurologista da coordenação de pesquisa clínica.

Pelo o que as senhoras e senhores podem ver, aqueles que estão nos assistindo agora pela TV Assembleia, este palco aqui, se assim posso chamá-lo, já foi um palco de inúmeras, emocionantes, grandes e importantes sessões solenes. Mas eu não tenho a menor sombra de dúvidas, Dr. Felipe. Pelo o que contou de forma muito rápida e suscita a sua trajetória a professora Linamara, certamente, eu não me lembro de alguém com uma trajetória em um tempo tão curto, o senhor que é tão jovem, que passasse por aqui para receber essa nossa homenagem, pelo menos se eu me lembro, enquanto estava aqui - e estou aqui há um certo tempo nesta Assembleia, pela bondade do povo e Deus abençoa a nossa caminhada, a nossa trajetória, nós estamos na metade do nosso sétimo mandato, então tenho um tempo bastante importante aqui. Portanto, para nós, a cada minuto que passa da sessão, eu me convenço mais de que hoje, de fato, é um dia muito especial.

Queremos agradecer também a presença da Sra. Edna Pontes, que é esposa do nosso senador José Anibal, muito obrigada Edna Pontes, leve o nosso abraço ao senador José Anibal que tem feito um trabalho diferenciado lá no Senado da República. Também queremos agradecer ao Sr. Gabryel Ferrari e Neimy Escobar, representantes da Fundação Lemann, muito obrigada pela presença também. E agora, então, eu vou convidar para fazer uso da palavra, também fazer a sua homenagem, na tribuna principal, à minha direita aqui embaixo, com muita emoção, com muita alegria, a professora Dra. Marta Imamura, que é médica fisiatra do Instituto de Medicina Física, e eu peço, por gentileza, que alguém possa conduzir a professor Dra. Marta para também fazer a sua homenagem ao Dr. Felipe Fregni. Ela que é do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Por favor, uma salva de palmas à professora. Muito obrigada pela presença e por sua manifestação. (Palmas.)

 

A SRA. MARTA IMAMURA - Nobre deputada Célia Leão, professora Linamara Rizzo Battistella, em nome de quem aqui eu cumprimento as autoridades presentes. Professor Felipe Fregni, nosso querido e admirado professor, em nome de quem eu cumprimento todos os familiares, os médicos e os colaboradores na área de Saúde.

Que momento histórico, que dia solene, mas, mais ainda, a concretização física de um sonho. Ao preparar estas palavras, me ocorreu o que estes gigantes do nosso país, professora Linamara Rizzo Battistella, a nobre deputada Célia Leão, o professor Felipe Fregni, têm em comum? E por que é que em tão pouco tempo eles conquistaram tanto? E colocaram o Brasil no protagonismo, no cenário mundial, no que tange as políticas públicas que norteiam o plano de ação da Organização Mundial da Saúde, 2014/2021, melhor saúde para as pessoas com deficiência?

E aqui eu vou compartilhar com os senhores as palavras que ficaram marcadas no meu coração desde 2007, o sonho deste nobre, deste gigante brasileiro que hoje conquistou não só admiração no cenário científico, um fator de reconhecimento H de 77 é para poucos cientistas no mundo inteiro. Mas é porque ele, sendo um brasileiro, o sonho dele era ir para a universidade mais renomada do mundo, e levar todos nós juntos. Então, imaginem os senhores uma médica pequenina aqui do estado de São Paulo, no Brasil, em uma sala, com meu nome sendo proferido pelos maiores professores da universidade de Harvard.

Professor Felipe é aquele que ensina, que capacita, que dá poder a cada um daqueles que estão ao seu redor para se tornarem também grandes como ele. E hoje, esta homenagem mais do que justa é para uma pessoa cujo sonho não é para si, o sonho é para os colegas brasileiros, aqueles que, naquela época, ainda em um passado recente, achavam que era impossível brilhar no cenário mundial, quer em publicações, quer na implementação de políticas em tantos países.

Hoje, nesta sessão solene, nobre deputada, nesta cerimônia tão histórica e memorável que até nos deixa emocionadas, marcamos, então, uma nova época, aquela em que dizemos: “Vale a pena fazer a diferença por não pensar só em si, mas querer amar ao próximo como a si mesmo”. Eu gostaria de deixar essa inspiração a todos nós que, a cada dia, trabalhamos junto à professora Linamara Rizzo Battistella, que conquista a cada dia algo que achávamos, no minuto anterior, que seria impossível em 800 anos, e é realidade hoje.

Porque a vida devolve para aqueles que oferecem para os outros. A vida devolve com conquistas como a de hoje, que serve para nos inspirar que, juntos, podemos construir um Brasil melhor, um Brasil que tem saúde para os seus 23% de pessoas com deficiência, um país que continua tendo um protagonismo nas suas ações, porque defende aquilo que acredita. E que possamos, cada um de nós, nas nossas ações, nos espelharmos nesses gigantes que nos lideram. Muitíssimo obrigada.

E professor Felipe, em nome dos médicos fisiatras de mais de 96 países, e da Sociedade Internacional de Medicina, Física e Reabilitação, eu trago os meus mais sinceros cumprimentos, e parabenizando-o por esta data. Obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada professora, uma salva de palmas. Obrigada pela sua participação, por suas palavras absolutamente sábias e verdadeiras. (Palmas.)

Uma coisa é a manifestação dos colegas - que também são muito importantes, crescerem junto com o Dr. Felipe, um faz o outro crescer, todos crescem -, mas outra coisa é a manifestação daqueles que vieram pela mão dele, estão construindo a sua história pela sabedoria, pela dedicação, pelo carinho, pela atenção do próprio professor. Então, nós temos um diferencial quando há no meio dos convidados aqueles que querem fazer o agradecimento, porque literalmente depende do professor que esses alunos sejam o que sonham ser. Então, com muita alegria, com muita emoção, com muito agradecimento, eu gostaria de chamar uma das alunas, que aqui representa todos os demais alunos. A nossa querida Suely Reiko, por favor, tome a tribuna principal da Assembleia para também trazer o seu carinho em palavras.

Isso, sobe por ali e aí vai até a tribuna para transformar em palavras um pouco, porque certamente é muito, mas um pouco do seu sentimento, aluna Sueli, que você tem pelo professor Felipe Fregni, por favor.

A SRA. SUELY REIKO MATSUBAYASHI - Nobre deputada, Dra. Linamara, professor Felipe Fregni, meus senhores e minhas senhoras, foi com uma grande surpresa que me pediram para falar algumas palavras sobre o professor Felipe.

Tive o prazer de ser aluna dele em 2009, e nesse curso de pesquisa clínica, ainda em fase de implementação, tomei-me pela paixão de poder fazer um pouco, vamos dizer, ajudá-lo em um objetivo que ele tinha, de poder ajudar as outras pessoas no acesso à pesquisa, aprender como fazer pesquisa.

Inicialmente, principalmente aqui no Brasil, o sonho dele que era trazer o conhecimento de Harvard e poder espalhar esse conhecimento com todos os brasileiros que tivessem o interesse de seguir a área da pesquisa. E eu falei: “Eu quero ajudar. Quero ajudar muito.” E me despertou também o interesse de poder lecionar. Então, foi uma forma com que eu pude começar a desenvolver esse lado de ajudar os outros a aprenderem o que é pesquisa.

Estou aqui desde então, dando o meu máximo para ajudar a realizar o sonho dele de fazer uma pesquisa de qualidade, não só agora no Brasil, mas ao redor do mundo, e fazer um time forte em pesquisa, não só no primeiro mundo, mas também nos países em desenvolvimento, algo extremamente prazeroso para mim. Desculpa, estou muito emocionada hoje. E gostaria muito de falar que, enquanto eu puder ajudá-lo, para ele seguir esse sonho de espalhar esse conhecimento aqui no Brasil, ou em qualquer parte do mundo - nós hoje estamos em cinco continentes -, eu estarei aqui para ajudá-lo. Muito obrigada a todos.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Uma salva de palmas. Muito obrigada, querida Dra. Suely, pelas suas palavras, simples e grandiosas. Diz que a grandeza de uma pessoa está na sua simplicidade. E a Dra. Suely, agora de forma muito simples, e por isso grandiosa, transformou em palavras o reconhecimento e o agradecimento do que significou e significa o professor Felipe na vida dela. Imaginem, se na vida dela é assim, imaginem na vida de centenas de outros alunos e alunas, professores e doutores que puderam e podem conviver e absorver da sabedoria do professor Felipe. (Palmas.)

Eu gostaria de convidar, agora, também, com muita honra, com muita alegria, e passar a palavra ao Dr. Marcel Simis, que é médico neurologista do Instituto de Medicina Física e Reabilitação, Imrea, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Por favor, Dr. Marcel, esteja na nossa tribuna de honra da Assembleia para que o senhor também faça a sua manifestação, certamente de amizade e reconhecimento ao professor Felipe. Muito obrigada pela presença do senhor.

 

O SR. MARCEL SIMIS - Bom dia, nobre deputada Célia Leão. Bom dia, professora Linamara Battistella. Bom dia, professor Felipe Fregni. Bom dia a todos. Para mim é uma grande satisfação estar aqui hoje presente para falar algumas palavras sobre o professor Felipe Fregni. E contar que o meu caminho para conhecer o professor Felipe foi um pouco diferente da maioria das pessoas. Eu conheci o professor Felipe, na verdade, vendo as publicações que estavam ocorrendo em revistas científicas de grande impacto, de grande peso, publicações essas que estavam fazendo o meio da reabilitação, o meio da neurologia, repensar a forma como nós fazemos a medicina.

Para a minha surpresa, esse grande professor da Harvard era brasileiro. Foi aí que eu entrei em contato. Gentilmente me recebeu como aluno, iniciei o trabalho com parcerias científicas e nos tornamos grandes amigos. Recentemente, conversando, o professor Felipe estava me contando sobre o livro que ele leu, que se chama “The Givers and The Takers”, ou seja, de modo simples, dividiam as pessoas em duas características, pessoas que tendem a sugar, e pessoas que tendem a se doar. Fazendo uma reflexão, eu acredito que, no meio científico, existem pesquisadores que querem viver da ciência, e pesquisadores que querem viver para a ciência. Os pesquisadores que querem viver da ciência muitas vezes têm o maior compromisso em fazer o currículo, são pesquisadores que por vezes se sentem incomodados se existem outras pessoas publicando no mesmo meio científico, no mesmo tema científico, que evitam ensinar, evitam dispersar o conhecimento.

o professor Felipe, acho que é um grande exemplo de pesquisador que tem como objetivo se doar para a ciência. No caso do professor Felipe, como ele sempre diz: “Não se preocupe em criar um currículo, trabalhe, trabalhe com dedicação, trabalhe com amor, com objetividade, que o currículo vai ser construído naturalmente.

E mesmo no caso dele, que consequência interessante, 400 trabalhos publicados. Como a professora Marta Imamura tinha dito, índice H de 77, já pulou para 80. É consequência desse trabalho, se manifestando no currículo.

Agora, é um pesquisador que quer, que vê outros pesquisadores desenvolvendo pesquisa no mesmo meio científico como algo bom, por estar ajudando a desenvolver um conhecimento. Então, pelo contrário, é uma pessoa que está o tempo todo ajudando a desenvolver pesquisadores. Reflexo disso são suas atividades, tem cursos de pesquisa clínica, o PPCR, o curso da Harvard que já formou mais de milhares de pesquisadores. Outro exemplo, o Simpósio Internacional de Neuromodulação, que já está no oitavo evento, no oitavo ano do simpósio, que é atualmente um dos principais eventos de neuromodulação do mundo, sendo um local de formação de pesquisadores nessa área de neuromodulação.

Agora, por que tanto interesse em desenvolver a pesquisa? Por que tanto interesse em desenvolver a ciência? Eu não tenho dúvida de afirmar que a verdadeira motivação do Dr. Felipe é melhorar o tratamento das pessoas com deficiência física, é melhorar o tratamento de pessoas com doenças neurológicas. Então, é por isso que essa homenagem da deputada Célia Leão veio de muito merecimento. Parabéns, Felipe.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada, nosso querido professor, que também transfere e transmite em palavras o que significa o professor Felipe na vida de milhares de pessoas. Eu sou absolutamente suspeita, até para fazer essa sessão, porque das palavras que o Dr. Marcel acabou de colocar, eu acho que uma das palavras fortes que entra no meu coração é quando ele diz que o Dr. Felipe quer fazer e tem tanto entusiasmo no estudo, na ciência, na pesquisa, nessa questão de reabilitação, é porque ele quer cuidar da vida das pessoas, ele quer melhorar a vida das pessoas, eu entendo, eu sei. Então, eu sou a primeira suspeita, porque sem reabilitação eu não estaria aqui. Então, mesmo às vezes distante, de longe, professor, tenha certeza que milhares de pessoas no mundo, não estou falando só do Brasil, agradecem o seu esforço pessoal, a sua inteligência, a sua obstinação em fazer esse trabalho.

Eu gostaria, agora, com a mesma emoção, com a mesma alegria, de convidar para que também ele, que vem de tão longe, que tem uma trajetória também especial, diferenciada, o professor Dylan Edwards, para que transformasse em palavras o que significa em Harvard e no mundo a presença e o trabalho do professor Felipe. O Dr. Dylan Edwards que é professor associado em neurofisiologia clínica pela Weill Cornell Medical College.

Por favor, na tribuna principal aqui do plenário. Muito obrigada. Thank you.

 

O SR. DYLAN EDWARDS - Bom dia senhoras e senhores. (Pronuncia-se em língua estrangeira.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada. Uma salva de palmas ao professor Dylan Edwards. Gostaríamos agora de pedir a todos que prestem atenção em um vídeo que vai ser passado, um vídeo curto, mas que tem depoimentos importantes dos colegas que são médicos do Dr. Felipe. Por favor, podemos passar o vídeo.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Uma salva de palmas aos colegas que tiveram também o carinho, a delicadeza, a emoção de enviar para esta sessão solene, de forma especial para o professor Felipe, também o reconhecimento que têm pelo trabalho do Dr. Felipe, enfim, a sua grandiosidade na área que foi escolhida.

Eu gostaria agora de convidar a Dra. Linamara para fazer uma homenagem ao professor Felipe, entregando a ele um mimo, que vai marcar também um pouco a sua história. Na mesa onde estiver, por favor.

 

* * *

 

- É entregue a homenagem.

* * *

 

A SRA. LINAMARA RIZZO BATTISTELLA - Nós queríamos alguma coisa que eternizasse de uma maneira absolutamente ímpar a força dessa união que junta o laboratório de São Paulo com o laboratório de Boston. Mas acima de tudo, que nos une ao Felipe nessa trajetória que tem contribuído tanto para a ciência. Nada poderia ser mais expressivo do que um cristal, que representa a força da natureza. Por isso nós escolhemos essa pedra, que tem o significado de ser Brasil; uma madeira que representa o que nós temos de mais caro, que é a madeira natural, o jacarandá; e colocamos uma placa, que tem o nome dele, para que ele coloque em cima da sua mesa e que todos os dias ele possa lembrar do carinho, da amizade, do respeito e da admiração de todos os brasileiros por você.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - A Dra. Linamara vai entregar também a nossa homenagem, um quadro para que o Dr. Felipe possa levar para onde for, na parede que for, mas que certamente estará no coração. Uma homenagem da Assembleia, simples, mas com certeza com reconhecimento do tamanho do talento do professor.

Deixem-me fazer a leitura, para que todos os senhores e senhoras possam saber. “A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez, e a deputada Célia Leão sentem-se honrados em homenagear o professor Dr. Felipe Fregni, chefe do laboratório de neuromodulação da Escola de Medicina de Harvard, pelos relevantes trabalhos desenvolvidos no âmbito nacional e internacional. Palácio 9 de Julho. São Paulo, 2 de setembro de 2016.”

Muito obrigada a todos por participarem e por podermos entregar essa homenagem ao professor Fregni.

Gostaria de registrar também e agradecer a presença do Dr. Edemilson Cavalheiro, que é presidente da Associação Paulista de Medicina do Guarujá e também ex-aluno do professor Felipe. Mais um ex-aluno que está conosco, muito obrigada pela presença, presidente.

Dando continuidade, daqui a pouco já encerrando os nossos trabalhos, nós vamos agora ouvir da própria boca, do coração. Porque uma coisa somos todos nós tentar fazer homenagem, porque por mais que tentemos como estamos tentando, não sei se conseguiremos fazer à altura do que o professor merece. Mas, certamente, se existem falhas ou na fala, ou na emoção, com certeza tudo isso soma para o professor. Centenas de amigos, a sua família presente - uma família bonita, uma família que certamente sente orgulho do seu filho, do seu irmão, do seu marido, cada um com a sua história. Mas para nós, aqui da Assembleia, é algo que vai ficar muito marcado, tenha certeza disso, não tenha dúvida disso. Volte para a sua trajetória, seu trabalho, sua caminhada com certeza disso.

Mas nós agora vamos ouvir dele, porque uma coisa somos nós fazermos homenagens, entregarmos um presente bonito - como entregou a Dra. Linamara, uma pedra e uma madeira que fazem história no Brasil -, entregarmos um quadro que ficará marcado também na história e trajetória do professor, as pessoas que vêm aqui e transformam em palavras o sentimento que têm por ele, pela sua trajetória. E outra coisa é nós ouvirmos desse jovem senhor que de menino se fez homem e de um grande homem se tornou um grande médico, reconhecido mundialmente. Então, por favor, professor, agora a palavra é sua. Uma salva de palmas ao professor Felipe. (Palmas.)

 

O SR. FELIPE FREGNI - Gostaria de começar agradecendo, caríssima e nobre deputada Célia Leão, minha querida professora Linamara Battistella. Eu gostaria de começar, obviamente, com um agradecimento à minha esposa, Bruna Thiele; meus pais, Gilda e Edson; minhas irmãs; meu cunhado; meus sogros, Gilson e Flávia; meus tios; meu querido amigo Marcel; Dylan, meu amigo e colega de trabalho, e todos vocês que vieram e estão conosco aqui nesta trajetória.

Para mim, o que eu queria falar um pouquinho hoje, é o que essa homenagem, esse prêmio, representa. É interessante que é muito mais pela emoção. Para mim, um prêmio como esse, uma homenagem como essa, tem um valor muito importante. Até vou contar uma pequena história, há duas semanas foi a abertura das Olimpíadas, foi no encerramento, na verdade, das Olimpíadas, eu estava vendo com a Bruna em casa o encerramento, começou a tocar o Hino Nacional e claro, emocionou, até caíram lágrimas. Então, o que representa para mim, na verdade, o Brasil - eu estando lá em Boston, tendo feito minha carreira em Boston -, mas como é importante para mim emocionalmente essa conexão com o Brasil. E logicamente que não só para cá, mas aqui tem um valor especial para mim. Então, a minha universidade é, e sempre vai ser, a Universidade de São Paulo, mesmo eu tendo feito outros mestrados lá fora e em meu país; mesmo tendo a nacionalidade americana, meu país é o Brasil. Então, para mim, isso realmente é uma homenagem importante.

E o que eu gostaria de falar um pouquinho, é até sobre esse prêmio, acho que ilustra bem essa trajetória. Ontem estávamos tendo aula no curso de pesquisa clínica e um dos tópicos foi uma aula de como escrever um artigo científico. E o tópico principal ficou sobre a simplicidade, então o quanto o simples é importante. E até lembrar que de acordo com a fala, como falou o Albert Einstein: “Simples, mas não simplificado.” E eu vejo essa ideia da simplicidade, como ela é importante, como às vezes nós deixamos isso para trás e complicamos sem ter necessidade. Nessas três áreas, pensando na medicina, na pesquisa e na educação, a simplicidade é essencial, acho que inclusive reflete muito até da reabilitação. E nós temos esquecido.

Na medicina, é interessante isso. Várias drogas, tratamentos caros, cirurgias. Mas o que nós estamos mostrando hoje em dia é que o simples pode ter efeito mais poderoso do que até intervenções mais complexas. Por exemplo, hoje em dia um dos professores de  psiquiatria de Harvard, professor Ratey, mostrou em um livro bem importante como o exercício físico, o exercício físico aeróbico, tem efeito muito maior em doenças como depressão, déficit de atenção, esquizofrenia, ansiedade,  entre  outros exemplos, dieta, onde cada vez mais existem estudos, estudos publicados na Nature, na Science, mostrando a dieta. Inclusive, um dos médicos da Harvard, neurologista, trata os pacientes com probiótico.

É justamente nesse ponto que eu acho que a ciência começou a voltar-se para esse aspecto, começou a olhar um pouco com mais cuidado. E isso é para a mim a  reabilitação, reabilitação para mim é justamente isso, voltar-nos para nós mesmos. E acho que por isso, até, que a reabilitação ficou um pouco escondida, um pouco deixada de lado nesses últimos 20, 30 anos, porque a reabilitação depende do quê? Depende da pessoa. Na reabilitação, o foco está voltando para a pessoa. O médico é um simples ajudante, um motivador, um orientador, mas vai vir de dentro para fora. Eu acho que cada vez mais nós temos visto isso.

Eu me lembro de conversar com a Dra. Linamara, isso foi em 2004, um pouquinho depois de ter mudado para Boston. Eu vim dar uma aula no instituto de reabilitação, falando até inclusive sobre um dos projetos de pesquisa e usando uma técnica muito simples, uma técnica de estimulação transcraniana, mas extremamente simples, que era usado há 20, 30 anos. Hoje, é uma das técnicas que está tendo o desenvolvimento mais importante nessa área de neurociência, nessa área de novos tratamentos. Inclusive, nos Estados Unidos, que se mede a importância da pesquisa, são garantias dadas pelo governo americano para pesquisas como essa, e ela tem liderado as verbas nessa área de pesquisa. E na Educação também, eu acho que a Educação é outro exemplo também da simplicidade, como ela é importante.

Nós vemos esse curso de pesquisa clínica, por exemplo, qual é a ideia do curso? O curso não é ter recursos tecnológicos bem avançados, conteúdos complexos, não. Qual é a ideia? É você jogar o aprendizado para o aluno. Tirar de você, do professor, e passar para o aluno. Essa é a ideia, ter a educação centrada no aluno. Nós esquecemos muito disso, nos esquecemos nesse trajeto daquela ideia, cada vez mais, da escola de medicina, os professores com slide, o professor com aulas de Power Point em todas as aulas, quando o importante não é o professor, de novo, não é o médico, é o aluno. Então isso que cada vez mais torna-se o tópico principal.

Só aproveitando que eu estou falando da história do curso, eu acho que muito disso que nós temos feito também é resultado dessa colaboração. Até hoje eu lembro a história, contando a história com a Dra. Marta, estava escondida aqui, Dra. Marta Imamura. Isso foi em 2007, 2006, eu estava em Boston há alguns anos e para mim aquele treinamento foi muito importante, foi muito importante para me ajudar nos próximos passos. E conversando com a Dra. Marta Imamura, Dr. Wu, sobre o que nós podíamos fazer. Nós estávamos jantando, na verdade foi com a Dra. Marta, e tivemos essa ideia: será que então não poderíamos criar esse concurso de pesquisa clínica? E começou por algo bem pequeno, algo simples, um curso de Boston cuja ideia seria fazer algo extremamente interativo, algo que pudéssemos discutir com os alunos e um grupo do Brasil. Com a Dra. Linamara ajudando, nós criamos essa primeira turma, isso foi em 2008. Hoje, o curso tem nove anos, cresceu de uma maneira que eu não esperava. Desde o começo, foram mais de 2.500 alunos treinados. Atualmente tem 30 sites no mundo inteiro, América do Sul, América do Norte, Europa, África, na Ásia, são mais de 30 países.

Recentemente nós nos mudamos da Escola de Medicina para a Escola de Saúde Pública lá em Harvard, os dois reitores envolvidos falaram muito bem do curso. Então, na verdade, é um dos cursos líderes lá na Universidade de Harvard, mostrando algo novo. E começou através de algo bem simples, através da ideia de o que fazer para aumentar o aprendizado em pesquisa clínica.

E outro ponto, até pensando nisso, nesse fechamento, gostaria de mencionar também, está lá o Gabryel da Fundação Lemann, que tem também o compromisso de fazer projetos que tenham impacto social, que tenham impacto no Brasil.

Então eu acho que a mensagem é que não precisa ser algo sofisticado, não precisa ser algo caro, complexo. Às vezes, o mais efetivo, o que vai causar mais mudanças, o que vai ter mais impacto na medicina, mais impacto na prática clínica, são os procedimentos simples, são as intervenções simples, são os cursos simples.

É isso que não podemos esquecer. Também não podemos pensar: “Então eu vou sempre fazer o simples.” Não. O único método de realmente ter certeza que o simples é o melhor é através do conhecimento. Eu acho que se nós conseguirmos implantar uma pequena semente, e essa semente continuar progredindo, eu terei cumprido essa missão.

Ainda há muito que fazer, e eu acho que essa homenagem, esse prêmio, ajuda, aumenta a motivação para fazer mais, para poder continuar contribuindo. E a minha contribuição é pequena, não é, obviamente, que a gente está falando, mas a minha contribuição é pequena e vem também dessa colaboração.

Eu gostaria de agradecer de novo a todos por esse carinho, essa homenagem. Vocês perderam a manhã de sexta-feira vindo aqui, fazer parte dessa homenagem. De novo, à deputada Célia Leão, à professora Linamara Battistella, à minha esposa, minha família, meus amigos, agradeço do fundo do meu coração por essa homenagem.

E uma última palavra, eu vou continuar nessa trajetória. E pensando, na verdade, em o que nós podemos fazer, como aumentar o impacto de pequenas intervenções, de coisas simples que possam trazer grandes melhorias. Portanto, o meu muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - CÉLIA LEÃO - PSDB - Muito obrigada, nós que agradecemos, professor Felipe. Eu peço uma salva de palmas em pé, façam o que eu não posso fazer, que é ficar em pé neste momento, façam por mim e vamos aplaudir o nosso professor Felipe Fregni, amigo de todos, professor de todos. Um grande filho, um ótimo filho, um maravilhoso irmão, excelente esposo, maravilhoso amigo de todos nós, que merece receber essa salva de palmas em pé como agradecimento, reconhecimento pela sua trajetória, pelo seu talento, pela sua pessoa. Muito obrigada, por favor. Tome assento aqui conosco, por favor.(Palmas.)

Eu ficava aqui torcendo para ele não parar de falar, mas será que agora ele vai parar? Tomara que não. Porque nós queremos ficar aqui ouvindo o professor Felipe falar tudo o que ele quiser, tem direito, que contasse da infância, o que ele quisesse falar. Contasse da família, da esposa, das brincadeiras quando menino. Fica aqui na torcida para poder absorver um pouquinho, saborear como se fosse mel a doçura do professor Felipe.

A nossa sessão daqui a pouquinho está se encerrando, professor Felipe. Eu gostaria de agradecer, obviamente, a todos, mas antes desse agradecimento, eu gostaria de dizer que, para mim, e a Dra. Linamara sabe disso, tem um sabor absolutamente especial. Gostaria de dizer para a dona Gilda, que é mãe, para a Bruna, que é esposa, linda, para o seu Edson, que é pai, para todos os familiares que estão aqui, mas especificamente a esses três que acabei de citar. A esposa porque escolheu, eu acho que foi escolhida, não importa, os dois se escolheram, que sejam felizes e continuem essa caminhada. Nós falamos Bruna como se fosse Bruna, assim, mas é Dra. Bruna, é uma médica também, também tem sua história e certamente um futuro brilhante.

Mas eu gostaria, Dra. Linamara, de falar com o seu Edson e falar com a dona Gilda. Nós nos emocionamos de verdade, porque eu fujo da Dra. Linamara porque às vezes ela é chata, aliás, médico já nasceu chato, porque fica atrás da gente para cuidar, para salvar, e nós às vezes nos cansamos o tempo todo - principalmente quem tem uma lesão, uma deficiência - porque é o tempo todo que precisa. Porque você tem um mal-estar, uma dor de cabeça, você vai ao médico e cura, sara. Você tem, sei lá, um problema de pele, você vai ao dermatologista, faz um tratamento e sara. Então as coisas têm começo, meio e fim. Eu digo primeiramente, que uma lesão, uma deficiência, principalmente a física, doutor - o senhor entende tanto quanto eu -, nós temos por livre e espontânea pressão, ninguém acorda de manhã e vai comprar uma deficiência, e muito menos ninguém acorda cedo e vai passear no shopping para comprar uma cadeira de rodas.

Eu tenho que dizer isso com verdade, dona Gilda, que eu estou sentadinha nessa cadeira de rodas há exatos 41 anos por livre e espontânea pressão. Porque eu era muito jovenzinha quando, em um acidente de automóvel, e o professor Felipe deve conhecer milhares dessas histórias, a professora Linamara também, assim como os professores doutores que estão aqui, doutoras também da reabilitação, sabem tanto mais que eu. Eu era muito jovenzinha quando sofri um acidente de carro. E essas coisas acontecem. Ainda bem que eu faço parte do resultado daquilo que sobraram, os vivos, porque nos acidentes do Brasil, só do Brasil, são por ano, ano passado foi aproximadamente 48 mil pessoas que perderam sua vida em um acidente de carro, moto, caminhão, atropelamento, etc. Eu faço parte, então, da estimativa dos vivos, o que já está muito bom, já está ótimo, não dá para reclamar de nada, porque a vida é o maior presente que podemos receber, é o maior bem que nós temos e é o maior talento que nó podemos usar todos os dias. Então, não podemos reclamar da deficiência.

Mas por outro lado, a deficiência também não é uma coisa tão simples na vida das pessoas, não é uma coisa corriqueira, que acordamos cedo, escovamos o dente, fazemos xixi, tomamos banho e saímos para a vida. Claro que nós acordamos cedo, tomamos banho, escovamos dente, saímos para a vida, ou pelo menos tentamos sair para a vida. Mas existem inúmeras outras dificuldades que não são aparentes. Pelo contrário, Dra. Bruna, a grande maioria das dificuldades que a lesão medular, no meu caso específico, e outras lesões que existem, outras deficiências físicas, amputações, entre outras, levam para a vida das pessoas. O que as pessoas enxergam não é o problema, porque eu diria que é o menor problema, dona Gilda. Mas o dia a dia tem que ser recheado com expectativa de vida, com a certeza da esperança, e que essa esperança seja na prática realizável. Porque só por ter esperança na oração ou na vontade, não saímos da cama, a esperança tem que ser mais do que isso. Então, eu digo que eu fujo dos médicos, nós brincamos muito com isso, mas a nossa deficiência, a nossa necessidade é pelos médicos. Eles não são importantes, são imprescindíveis.

Não dá para viver, não dá para sobreviver sem as senhoras e os senhores, sem as doutoras e os doutores. Isso eu não estou fazendo carinho, estou constatando o fato de quem está sentadinha nesta cadeira de rodas há 41 anos.

E para chegarmos onde queremos chegar, ou pensamos em chegar, ou temos vontade de chegar, ou sonhamos em chegar, literalmente sozinhas, nós não vamos chegar. Nós, pessoas, literalmente sozinhas, não vamos chegar. Nós precisamos 100% da inteligência, da determinação, do amor, do carinho, do bem querer, do querer fazer, da obstinação de um professor Felipe, de uma Dra. Linamara e de tantos doutores e doutoras que estão aqui conosco. Se vocês não fizessem isso, se vocês não fizerem isso e não continuarem fazendo, milhares de pessoas no mundo, que eu nem as conheço e não as conhecerei, certamente, não poderão ter o dia seguinte da esperança.

A reabilitação, e eu gostei muito de ouvir e tentar aprender como aula, que eu nunca tinha ouvido isso, professor, que a reabilitação é a pessoa, é o outro, está ali. E de forma muito simples, imagina, o senhor disse, nós somos um instrumento, não, o senhor usou uma palavra que não lembro agora, mas que o importante é o protagonista, é o reabilitando, é o paciente.

Eu, de fato, nunca tinha ouvido dessa forma, nunca tinha entendido, me sinto mais importante ainda hoje, daqui para frente. E é verdade. Eu só estou aqui hoje, eu só sou deputada e por isso posso fazer essa sessão solene, tenho a prerrogativa de pedir, de realizar essa sessão solene, com a presença de vocês - me permitam chamá-los assim, que é o mesmo respeito de senhoras e senhores - mas eu só estou aqui, nesta condição, porque um dia eu fiz reabilitação, porque um dia alguém me acolheu, Dra. Linamara, e eu pude reaprender a viver. E reaprender a viver, Dra. Bruna, é reaprender a viver mesmo, é reaprender a saber que você pode tomar um copo d’água, tomar banho, sentar e ser gente sentada. Reaprender a viver é você poder sair de casa, olhar para as pessoas na rua e não sentir que você é menos, ou que você tem menos, ou que você pode menos. Reaprender a viver é respirar outra vez com uma forma nova de condição de vida, professor Felipe, isso é reaprender a viver. E reaprender a viver tem sinônimo, é reabilitação. E sem reabilitação, Dra. Linamara, eu não estaria aqui.

Eu vou furtar mais dois minutos, talvez três, só para contar isso. Quando eu fiquei paraplégica, para mim o mundo virou um “não” enorme, porque eu não podia andar. Se eu não andasse não podia casar, não podia namorar, se eu não pudesse namorar, eu não poderia ser noiva; se não pudesse ser noiva não, casaria; se não eu  não casasse, não teria filhos; se não tivesse filhos, não teria família. Se eu não andasse, não iria para a escola; se não fosse para a escola, eu não aprenderia; se eu não aprendesse, eu não poderia trabalhar; se eu não tivesse emprego, eu não teria recursos, eu não ganharia salário; se eu não tivesse dinheiro, eu não seria livre; se eu não fosse livre, eu não faria parte da sociedade.

Então, o meu dicionário ficou enorme, do tamanho do planeta, e só tinha uma palavra: não. Até o dia em que a reabilitação jogou o meu dicionário fora e me deu um dicionário novo, que não era do tamanho do planeta, era do tamanho do universo. E esse dicionário novo que a reabilitação me deu tinha só uma palavra, que era “sim”. Porque então eu pude aprender, eu e milhares de pessoas do mundo, que com esse sim da reabilitação nós somos capazes de tudo dentro do nosso tamanho, dentro do nosso limite, dentro da nossa possibilidade. E todo mundo tem possibilidade, não importa o tamanho, é preciso descobrir, mas nós não descobrimos sozinhos, e são vocês doutores e doutoras que nos ensinam isso.

Pode ser simples, mas eu aprendi, quando parei de andar, que é igual usar brinco - se você tem um brinco para ir para a festa você põe um brinco, fica bonito, vai para a festa, mas se você perdeu o brinco, não tinha dinheiro para comprar o brinco, esqueceu de colocar o brinco e a festa está acontecendo, você vai para a festa sem brinco, porque a festa é o principal e o brinco é o acessório, você deixa o acessório de lado e vai viver e curtir o principal. Demoraram alguns anos para eu aprender isso, professor, mas eu aprendi para a minha vida. Então o principal é a vida, mas eu também tenho que dar esse testemunho. Só a vida pela vida, Dra. Linamara, não adianta, porque a vida pela vida tem que ter alguns componentes, a mais que é poder viver. E poder viver é a reabilitação.

Eu não quero me estender mais. Nós queremos agradecer de forma solene, com muita emoção. Na galeria, se os senhores olharem para trás, por favor, está uma comitiva do Japão que vem visitar a Assembleia Legislativa. O Sr. Hajime Terukina, está conosco representando o governador de Okinawa, Takeshi Onaga, e também o presidente da Assembleia Legislativa de Okinawa o Sr. Yonekichi Shinzato; a Sra. Mikiko Shiroma, prefeita de Naha; e também o prefeito de Haebaru e líder do grupo dos municípios que vieram ao Brasil, o Sr. Toshiyasu Shiroma. Que honra, que alegria, uma salva de palmas a todos os senhores e senhoras que estão aqui acompanhados pelo deputado Hélio Nishimoto e pelo presidente da Casa, deputado Fernando Capez. Muito obrigada, deputado Hélio Nishimoto, presidente Fernando Capez, grandes deputados desta Casa. E os senhores e senhoras que vieram fazer essa visita aqui hoje, vindos do Japão, estão bem acompanhados, muito bem acompanhados pelos grandes deputados, deputado Hélio Nishimoto e deputado presidente Fernando Capez. Uma salva de palmas a essa grande e bonita comitiva. Muito obrigada, presidente, pelo presente que o senhor dá a todos nós no encerramento da nossa sessão. (Palmas.)

Encerrando agora, tentando encerrar as minhas palavras, eu quero dizer que, para chegar aqui, eu tive que ter - e certamente não foi o senhor - mas eu tive que ter um Felipe na minha vida, como milhares de pessoas precisam ter os Felipes Fregnis na vida da gente. Então para mim, Dra. Linamara, essa sessão não é uma sessão solene apenas, é uma sessão que mostra na prática o que significa alguém pequenininho. E acho que a dona Gilda e o seu Edson puderam contar isso, que certamente já era um menino diferenciado, já era um menino que gostava de ler, que gostava de fazer coisas diferentes. Depois, jovem, estudou, passou na grande universidade do Brasil e da América Latina, uma das maiores do mundo também. Não se deu por vencido, continuou estudando, não se deu por vencido, foi para fora do Brasil. Não se deu por vencido, continuou estudando, virou o que é e ainda não se dá por vencido, vai ser muito maior do que ele já é, Dra. Linamara.

Então, eu tive o privilégio da professora Linamara contar quem era o professor Felipe Fregni e então eu fui buscar a história dele. Quanto mais eu buscava a história dele, mais eu tremia, eu falava: “Nossa, como é que pode ser tudo isso?” E é verdade, como pode ser tudo isso? E aí eu pude entender que ele não poderia vir para o Brasil e voltar para Boston sem nós da Assembleia Legislativa ganharmos o presente da presença dele, da presença da família e da presença dos convidados. Mas me permita, professor, dizer o porquê da minha emoção, além de tudo. Uma coisa é ser deputada, uma coisa é ser paraplégica e poder voltar para a vida, com vocês ajudando de forma direta, e outra coisa é ser deputada, é ser paraplégica, é ser mulher, é ser um ser humano, é ser, enfim, o que a gente consegue ser na vida e além de tudo conseguir ser mãe. Porque do meu dicionário não, professor, eu achava que eu não podia mais nada na vida. E também ninguém tinha dito para mim que eu podia. E depois, quando eu descobri com o dicionário da reabilitação que, sim, eu podia muita coisa, eu fui teimosa e descobri que eu podia tudo, não só muita coisa, porque tinha as Dras. Linamaras atrás da gente dizendo que pode.

E então eu me casei, me casei com uma pessoa muito querida, que é meu marido até hoje, há 32 anos. Somos muito diferentes, porque eu sou filha de baiano, ele é filho de alemão e polonês, eu sou católica ele é judeu praticante, eu sou brasileira e ele é argentino, mas é o melhor argentino que eu achei, viu gente? É bom o argentino, eu escolhi o melhor que tinha, tenha certeza disso. Mas tudo é tão bom na vida da gente que além de casar eu tinha mais um sonho como mulher, eu queria ser mãe. E mais uma vez veio a dúvida se eu podia ser mãe. E aí as Dras. Linamaras da vida disseram que eu podia ser mãe e eu acreditei que eu podia ser mãe. E eu tive três filhos, professor. E os três filhos, para a minha surpresa - e acho que até da área médica também, pelo menos de alguns médicos que foram muito queridos comigo, Dr. Sami é um deles -, nasceram de partos normais. E assim foi a minha vida. E essas três criaturinhas cresceram.

Eu estou na política há 29 anos. O meu filho mais velho, semana passada, no dia 14 de agosto, fez 29 anos. Os três nasceram dentro da política. Eu pouco pude ser mãe porque eu estava na rua trabalhando na vida pública. Não me arrependo, faria tudo outra vez se voltasse para o tempo. E essas três criaturinhas, talvez entendendo o papel da mãe na rua trabalhando, a cadeira de rodas, sei lá porque, eu não sei contar para vocês, mas eles escolheram um caminho que o primeiro queria desde pequeno, os outros dois eu achava que iam ser engenheiros e jornalista, ou advogado. Hoje o Rodrigo é médico, está fazendo terceiro ano de residência no HC, ele faz cirurgia, está na gastro. O Dioguinho, que ia ser engenheiro, hoje é médico, está fazendo o primeiro ano de residência no HC também, faz radiologia, imagem. E a pequenininha, que eu achava que ia ser jornalista ou advogada, está com 21 anos e no quinto ano de medicina.

Por essas coisas a gente agradece a vida, Dra. Gilda, e a gente agradece a Deus, cada um com seu Deus, e agradece a vocês, porque tudo isso que aconteceu na minha vida eu só pude, vou terminar com isso, fazer, realizar, sonhar, concretizar porque o Dr. Felipe, os Felipes da vida, nos reabilitaram. Então, tenha certeza, doutor, que o que o senhor faz é mais do que a medicina, é mais do que estudar muito, o senhor faz verdadeiro milagre, porque o senhor salva vidas, e vida é milagre.

Eu vou terminar com uma mensagem que eu recebi do meu filho, ele queria muito estar aqui. Ele achou que a sessão era ontem, aí ele falou: “Mamãe, eu vou.” Aí quando foi na sexta-feira ele tinha obrigações lá no HC, certamente não pôde vir. E agora pouco ele me mandou uma mensagem, que está aqui no WhatsApp. Ele escreveu: “Oi mami”, eles me chamam assim: “Oi mami. Queria muito ir para ver o Felipe.” É ele que está falando, viu? “Mas não consigo sair do hospital. Mande um abraço para ele, a homenagem é merecida, ele foi um exemplo para mim e me ajudou a chegar onde eu cheguei.” Esse é o meu filho, nós não combinamos, eu não pedi para ele me mandar mensagem. Então, não é só uma mãe, dona Gilda, não é só uma mãe, seu Edson, não é só uma mãe, Bruna, que fala aqui, é o filho dessa mãe que conheceu o seu marido, o seu filho dona Gilda, o seu filho seu Edson, o irmão de vocês, o seu cunhado, os seus sobrinhos, e que ajudou a ser gente também. Aqui tem um testemunho vivo de alguém que é gente por causa de vocês, um testemunho vivo de alguém que um dia, se Deus quiser, vai conseguir chegar lá. Se chegar 10% eu já vou feliz para outro planeta, se meu filho conseguir ser um doutor, ou os meus três, como é o nosso querido Felipe.

Do mais é só agradecer a todos que me ajudaram a fazer essa sessão solene, não foram poucas as pessoas para podermos fazer essa sessão. Eu tenho obrigação, mas faço com gosto de agradecer, não só às autoridades, mas à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Alesp, das assessorias das Polícias Civil e Militar, enfim, a todos aqueles que colaboraram para que essa sessão acontecesse.

Mas eu tenho que fazer um agradecimento. Eu falo que eu posso errar na vida, mas não posso deixar de ser justa, se eu cometer injustiça eu não durmo. Eu tenho que agradecer a muita gente, aos convidados que vieram de longe, de fora do Brasil, aos familiares também que vieram de longe, a todos vocês amigos aqui da USP, da Universidade de São Paulo, do Hospital das Clínicas, do Lucy Montoro - que eu sou paciente, graças a Deus também que existe esse Centro de Reabilitação Lucy Montoro que está me fazendo cada vez melhor. Mas eu tenho que fazer um agradecimento muito importante, porque sem o Dr. Felipe não teria sessão, mas sem a Dra. Linamara também não teria sessão. Então agradecimento a todos vocês e muito obrigada, tenha certeza que eu saio daqui muito maior do que eu entrei. Eu não sei o tamanho que eu tinha, mas eu saio daqui com muito mais força de continuar a viver e lutar para que as pessoas sejam felizes.

E me veio à cabeça agora Cora Coralina, que o presidente Fernando Capez gosta tanto do que ela falou uma certa feita, isso serve para o professor Felipe. A Cora Coralina disse o seguinte: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Eu acho que ela falou isso, professor, pensando na sua existência. No mais, muito obrigada, uma salva de palmas a todos vocês e uma salva de palmas ao nosso homenageado. Muito obrigada. Estão encerrados os nossos trabalhos. (Palmas.)

Só mais uma coisinha. Vocês vão sair pelos fundos do plenário, são duas portas, à direita e à esquerda e lá atrás tem o Salão dos Espelhos. Nesse Salão dos Espelhos nós estamos convidando a todos para um coquetel para podermos abraçar e tirarmos fotos com o nosso homenageado, professor Felipe. Muito obrigada.

Está encerrada a sessão.

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 11 horas e 51 minutos.

 

* * *