LEI N. 11.605, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2003

Dispõe sobre o Plano Plurianual para o período de 2004/2007

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1.º - Esta lei institui o Plano Plurianual para o quadriênio 2004/2007, em cumprimento ao disposto no Artigo 174, § 1.º, da Constituição do Estado, estabelecendo, para o período, os programas com seus respectivos objetivos, indicadores, valores e metas da administração pública estadual e dos demais Poderes do Estado para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
Artigo 2.º - Os programas a que se refere o artigo anterior constituem o elo básico de integração entre os objetivos do Plano Plurianual, as prioridades e metas fixadas nas Leis de Diretrizes Orçamentárias e as programações estabelecidas nos Orçamentos Anuais correspondentes aos exercícios abrangidos pelo período do Plano.
Artigo 3.º - O Poder Executivo submeterá à autorização legislativa eventuais alterações nos programas ou em seus respectivos objetivos, indicadores, valores e metas, referidos no Artigo 1.º, quando da elaboração de suas propostas de diretrizes orçamentárias e orçamentária, orientando a ação governamental para o exercício subseqüente.
Artigo 4.º - As codificações de programas deste Plano serão observadas nas leis de diretrizes orçamentárias e nas leis orçamentárias.
Parágrafo único - Os códigos a que se refere este artigo prevalecerão até a extinção dos programas a que se vinculam.
Artigo 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, 24 de dezembro de 2003.
GERALDO ALCKMIN

Andréa Sandro Calabi
Secretário de Economia e Planejamento
Arnaldo Madeira
Secretário-Chefe da Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 24 de dezembro de 2003.

CAPÍTULO I

APRESENTAÇÃO

O Plano Plurianual — PPA que se apresenta a seguir em obediência ao artigo 174, §1°, da Constituição do Estado, estabelece os programas do Executivo estadual e dos demais Poderes para o período 2004-2007 com seus respectivos objetivos, indicadores, custos e metas para as despesas de capital, e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada. Seguindo as orientações constitucionais, ele visa ainda a orientar as proposições das diretrizes orçamentárias e disciplinar as leis orçamentárias anuais.
Este Plano está sendo encaminhado à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para discussão e captação de contribuições dos parlamentares do Estado. O. PPA é um instrumento de planejamento dinâmico e flexível no qual os diferentes segmentos e setores da sociedade paulista não só se vejam retratados, mas, também, tenham espaço no qual suas demandas possam ser analisadas, discutidas e tornadas realidade.
Na sua elaboração foram incorporadas valiosas contribuições de diversos segmentos sociais, políticos, econômicos e culturais. Essas contribuições foram recolhidas em várias instâncias e, em particular, nas diversas reuniões realizadas no âmbito das audiências públicas relacionadas à elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do PPA e nas reuniões do "Fórum São Paulo: Governo Presente", as quais são oportunidades em que os agentes do Poder Executivo têm a experiência de interagir com a sociedade civil e com o setor produtivo das diferentes regiões do Estado para concretizar os investimentos destinados à geração de emprego, renda e trabalho que são os desafios da Administração do Estado.
Mais do que um documento formal, indispensável ao cumprimento das regras jurídico-institucionais, este Plano objetiva ser um instrumento de coordenação de esforços coletivos, do Governo e da Sociedade, que estabelece de forma clara e propositiva os compromissos quanto ao futuro considerados pertinentes para transformar São Paulo em uma sociedade mais justa e solidária, onde seja possível o desenvolvimento integral de todos os habitantes.
Para efeito de apresentação, o Plano está estruturado em cinco capítulos cujos temas guardam correspondência com as estratégias de ação a que se sujeitarão todos os programas de administração pública estadual durante os próximos quatro anos¹.
Este primeiro capítulo é introdutório aos demais. Ele contém: uma seção de apresentação na qual se expõem as principais idéias que norteiam o PPA; uma segunda seção, na qual se discutem as perspectivas para a economia brasileira no período de que trata esse. PPA; uma terceira em que se apresentam os rebatimentos econômicos do cenário nacional sobre a economia paulista. A quarta seção expõe a filosofia de gestão da coisa pública a que se propõe essa administração e a quinta seção enfatiza a importância das parceiras público privadas, com o governo federal e municipal. Finalmente, na sexta seção, estão relacionados os programas e ações que compõem o PPA 2004-2007.

1.1 Apresentação

1.1.1    O PPA 2004-2007: Objetivos, Diretrizes Estratégicas e Compromissos.

Pensar o futuro sempre foi uma preocupação das sociedades. Uma das diferenças fundamentais no desenvolvimento dos povos e nações é a que resulta das distintas formas de pensar o futuro. Algumas sociedades têm sido mais capazes do que outras em entender que o futuro não é o que irremediavelmente ocorrerá — o futuro não é imprevisível de forma absoluta — mas, sim, produto de decisões coletivas do momento presente que imaginam e projetam como as comunidades desejam que o futuro seja e como estabelecer uma trajetória para torná-lo realidade.
Essa nunca é uma tarefa fácil. As profundas transformações que ocorreram no Brasil na atual fase de democracia plena, assim como as grandes transições que se verificam em escala global, estabelecem desafios imensos. Mas representam oportunidades para novos caminhos.
O trilhar desses novos caminhos impõe à ação governamental; entre outras responsabilidades, a de estabelecer uma complexa combinação de continuidade e mudança. Isso requer atuar com sensibilidade para saber o que manter e o que modificar, pois na esteira das mudanças sempre existe o que preservar e o que mudar.
A essência do Plano Plurianual que ora apresentamos é a de fazer com que São Paulo responda, com o dinamismo e a firmeza que sempre caracterizaram nosso Estado, aos desafios que resultam das diferentes transições que o Brasil vem experimentando, seja no âmbito político, demográfico, econômico ou social. Nesse processo, tem-se em conta que o êxito não é produto da sorte ou da casualidade. Ele resulta, principalmente, do estabelecimento de objetivos claros e da aplicação correta de estratégias bem definidas para fazer possível o que todos desejam: construir uma sociedade mais próspera é com maior grau de inclusão social.

¹ Textos complementares, utilizados para a concepção deste PPA poderão ser encontrados no site da Secretaria de Planejamento.

As bases para isso foram solidamente fundadas no Estado de São Paulo ao longo de quase uma década de trabalho árduo. Em três eleições consecutivas, o povo do Estado consagrou uma proposta política e administrativa voltada para reerguer São Paulo. Nessa trajetória, graças à obra do saudoso Governador Mário Covas e do Governador Geraldo Alckmin, São Paulo passou por avanços significativos, quer éticos, no que diz respeito à governança pública; quer fiscais, que permitiram a retomada do espírito empreendedor característico de nossa gente. Esses avanços, que resgataram a dignidade de São Paulo, é que serão preservados e aperfeiçoados durante os próximos anos, de modo a garantir que o Estado esteja apto para seguir impulsionando os rumos do desenvolvimento do País.
Os objetivos maiores propostos neste Plano Plurianual são sintetizados num tripé: desenvolvimento para gerar empregos, educação para melhorar o capital humano e solidariedade para combater a desigualdade e a miséria.
Ciente das tarefas mais urgentes que se colocam para tanto, o Governo Geraldo Alckmin baseia as proposições deste Plano em um conjunto de quatro diretrizes estratégicas para ação, onde, simultaneamente, o Governo seja Empreendedor, Educador, Solidário e Prestador de serviços de qualidade:
•    Empreendedor - visando a um Governo pró-ativo, indutor do desenvolvimento, para gerar renda e emprego.
•    Educador - visando à universalização do acesso ao ensino médio e profissionalizante.
•    Solidário - visando à inclusão e à promoção social.
•    Prestador de Serviços de Qualidade - visando à transparência e à universalização do acesso aos serviços públicos, especialmente para a população de baixa renda, nas áreas de segurança pública, saúde, saneamento básico, infra-estrutura urbana, moradia, transporte público e a melhoria da qualidade de vida.
Essas diretrizes são complementares e sintetizam, para o quadriênio 2004-2007, a idéia-força subjacente à ação do governo — a permanente busca da eficiência em toda e qualquer iniciativa governamental. Esta deve ser entendida não como um fim em si mesma, mas, sobretudo, como pré-requisito para aumentar a competitividade sistêmica' da economia paulista, a crescente melhoria na prestação dos serviços ofertados à população, o uso mais eficaz dos recursos públicos e a eqüidade na sua distribuição.
Como é sabido, crescimento, renda e emprego dependem, em grande medida, de políticas públicas macroeconômicas de competência federal. Mas não apenas. O poder de emulação e de organização de São Paulo é indispensável para avançar segundo novos rumos. Q governo paulista, seguindo os passos caminhados nos últimos oito anos, continuará imprimindo a sua marca de governo dinâmico e empreendedor, utilizando integralmente seu poder de alavancar e incentivar a economia, além de estimular a iniciativa privada para garantir a retomada das taxas históricas de crescimento econômico.
Mas para São Paulo não basta crescer: É preciso crescer com melhorias nas condições de vida que possibilitem, ao mesmo tempo, integrar-se positivamente à economia brasileira e mundial e reduzir as assimetrias sociais e regionais.
Para responder a isso, as ações previstas no Plano promovem a responsabilidade pela articulação de políticas públicas em uma perspectiva integral, que reflita maior coordenação e congruência nos planos institucional e regional, eliminando-se a duplicidade de funções, o conseqüente desperdício de recursos e garantam eficácia aos resultados.
Na vertente empreendedora, são quatro os eixos básicos de atuação que orientam essa dimensão: forte estímulo às exportações e substituição seletiva de importações; rompimento dos gargalos na infra-estrutura, em particular de energia, transportes, água e saneamento; criação de mecanismos fiscais e estabelecimento de pólos de apoio à produção e exportação conforme a vocação de cada região e correspondentes cadeias produtivas; e a implantação de instrumentos eficazes de coordenação das ações públicas e privadas visando ao desenvolvimento e à conseqüente geração de postos de trabalho.
Os novos caminhos para o desenvolvimento exigem que a educação, mais do que nunca, como instrumento primordial de progresso individual e democratização de oportunidades, esteja organicamente vinculada ao mundo do trabalho. As ações na área da educação estão centradas na promoção de políticas educacionais que objetivam assegurar uma estratégia inteligente para alcançarmos o nosso futuro, mediante a ampliação das possibilidades de realização plena de cada cidadão e a qualificação necessária para um ambiente socioeconômico em constante mudança.
As carências que ainda permanecem na educação têm profundas raízes históricas que seguirão sendo enfrentadas. Os inegáveis avanços registrados nos últimos anos, onde se destaca a forte expansão do acesso ao ensino fundamental, comprovam que São Paulo acertou o passo e está recuperando o atraso nessa área. Há mais jovens hoje concluindo esse nível de ensino e prosseguindo os estudos, até mesmo por exigência de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
Como forma de ampliar os avanços já conquistados, a ação do Governo Educador, cuja premissa básica é a da qualidade da educação para todos os segmentos sociais, confere prioridade à expansão do ensino médio e profissionalizante, buscando assim garantir aos jovens na faixa etária relevante as condições indispensáveis à continuidade de sua escolarização e à possibilidade de maior mobilidade social. Além disso, objetiva a qualificação dos mestres de modo a melhorar a qualidade de ensino em todos os níveis.
A ação programática para combater a exclusão, por sua vez, está focalizada na ampliação dos programas estaduais de solidariedade social e na ênfase às políticas compensatórias que ajudam a combater a miséria, a fome e a exclusão, Nessa ótica, os rumos do combate à pobreza e de promoção do desenvolvimento não se restringem aos recursos públicos dirigidos à assistência social. Eles incluem também, e sobretudo, a promoção e a generalização de oportunidades que promovam as capacidades próprias, individuais e coletivas, especialmente daqueles que, por muito tempo, vêm esperando a justiça social e dependem quase que exclusivamente do Estado para assegurar a sua sobrevivência.
Nesse passo, cumpre ao Governo expandir ainda mais as parcerias com a sociedade civil, sobretudo com o terceiro setor, de modo a tecer uma rede de apoio mútuo que amplie a construção de espaços de colaboração da cidadania para o atendimento integral às pessoas.
Na dimensão da qualidade do serviço público, prioridade é dada à saúde e à segurança pública. Cabe ao Governo não apenas oferecer atendimento ágil e digno ao cidadão, mas, principalmente, garantir transparência e eficácia à gestão pública, com vistas a democratizar de fato o acesso da população aos serviços essenciais. O atendimento de boa qualidade já ocorre com o Poupatempo e ações correlatas e continuará a ser estimulado.

1.1.1.1    O Novo papel do Estado

A globalização, a abertura da economia e o Plano Real levaram a uma profunda reestruturação produtiva e institucional da economia brasileira. Os impactos dessas transformações sobre a economia paulista não são desprezíveis. Elas determinaram uma nova inserção internacional que, junto com o novo regime cambial de 1999 e o regime de metas de inflação, têm tido implicações sobre a competitividade e sobre o próprio desempenho da economia paulista, dados seus impactos diferenciados sobre os diversos setores e agentes econômicos nas diferentes regiões. Isso implica que é fundamental pensar o futuro de São Paulo dentro de uma nova inserção internacional do País.
Nesse contexto de transformações, a questão da responsabilidade fiscal, passou para primeiro plano tanto em âmbito nacional quanto estadual. Ela passou do nível da retórica para o da práxis efetiva na medida em que sua importância para a estabilidade permanente do sistema de preços - e, conseqüentemente, para a competitividade da economia como um todo — vem sendo progressivamente entendida e aceita pela sociedade.
Uma economia competitiva tem que ser, no atual contexto mundial, uma economia do conhecimento. Assim, a ênfase na criação da nova estrutura produtiva e social paulista estará em atingir estágios mais elevados na direção da economia do conhecimento, no desenvolvimento tecnológico por meio de maior integração universidade-empresa, no desenvolvimento de um moderno setor produtor de serviços, uma agropecuária eficiente e uma indústria competitiva.
E com esse pano de fundo que deve ser entendido o novo papel do Estado de São Paulo e a conseqüente construção de uma nova agenda de desenvolvimento para a qual se necessita de um governo moderno, empreendedor, solidário e prestador de serviços de qualidade que tenha a exata dimensão do seu papel pró-ativo, por meio de novos programas e instrumentos de atuação.
Trata-se de aproveitar a oportunidade criada pelas precondições dadas pelo saneamento das contas públicas do Estado de São Paulo, e que permitirão a mescla de continuidade e mudança que é a tônica deste PPA. A superação do conflito entre a manutenção da austeridade fiscal e as justas demandas da sociedade paulista na área social será atingida graças ao legado de saneamento fiscal do passado recente juntamente com novas articulações entre os setores público e privado e parcerias com o investimento estrangeiro que serão parte das novas linhas de ação do governo. Elas é que permitirão que a restrição financeira não seja impeditiva de ações públicas na direção do desenvolvimento humano e social almejado pela sociedade paulista.
Do ponto de vista dos objetivos estratégicos, a ênfase estará centrada:
I    -       na redução do custo São Paulo como uma das condições principais de melhoria
da competitividade sistêmica visando à atração de novos investimentos e sem comprometer o equilíbrio fiscal;
II    -      na redução das desigualdades-sociais não só como um dos aspectos da redução
do custo São Paulo, mas também pela melhoria contínua da qualidade de vida da população paulista;;
III   -    na redução das desigualdades regionais;
IV  -    na qualificação de sua mão-de-obra.
Os desafios para a consecução desses objetivos estão centrados em um conjunto de áreas-tema em relação às quais o PPA dedicará especial atenção: infra-estrutura, transportes, energia, meio ambiente, e desenvolvimento do enorme potencial de seus recursos humanos.
A implementação do PPA do governo de SP deverá basear-se nas seguintes estratégias principais:
•    Busca de sintonia estreita das ações do PPA às demandas e potencialidades das diferentes regiões do território do Estado de São Paulo.
•    Ação mais articulada entre os diferentes órgãos de Governo. A atuação integrada dos instrumentos setoriais de ação promove maior eficiência das políticas públicas.
•    Melhoria da interface com o setor privado e administrações municipais de modo a potencializar parcerias e investimentos no Estado.
•    Promoção da articulação e convergência dos programas do Governo Federal com os do Plano Plurianual de São Paulo.

1.1.1.2    O Novo PPA e a sua importância para o desenvolvimento paulista

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 165, introduziu um processo integrado de alocação de recursos compreendendo as atividades de planejamento e orçamento públicos, posteriormente reproduzido no artigo 174 da Constituição Estadual.
Esse processo deve se dar mediante a interação de três instrumentos: o Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA. O PPA é fundamental para a orientação da ação governamental, pois permite que a programação das ações de longo prazo, prevista para o quadriênio que se estende do início do segundo ano de mandato até o término do primeiro ano do mandato subseqüente, seja concretizada ao longo de quatro anos, sendo refletida nas respectivas leis de diretrizes orçamentárias e viabilizada com dotações específicas nas correspondentes leis orçamentárias anuais.
No plano formal, o PPA promove a estruturação das ações do governo em programas orientados para a consecução dos objetivos estratégicos definidos para o período de sua vigência. Para cada programa adota-se um modelo de gerenciamento por resultados, com a definição das unidades responsáveis, controle de prazos e custos, sistemas de informações gerenciais e a designação de gerentes responsáveis por cada um dos programas. Esses programas, núcleos de elaboração e controle das ações administrativas, devem ser avaliados quanto ao desempenho físico-financeiro, à obtenção de resultados e ao grau de satisfação da sociedade em relação aos produtos e serviços ofertados.
A importância do planejamento plurianual não é só destacada pelo fato de as ações previstas no Plano terem uma vida mais longa do que um mandato de governo, permitindo permanência e continuidade à ação governamental, mas, também, pela possibilidade efetiva da revitalização da função planificadora e a sua indispensável interação com o processo orçamentário.   
Fundamental, no entanto, é o seu propósito substantivo que é o de dar mais foco e perspectiva à visão da sociedade, do próprio governo e dos demais poderes do Estado sobre as políticas de longo, prazo que conformam a agenda pública eleita para ser implementada.
O Governo do "Estado de São Paulo, após quase uma década de trabalho cotidiano voltado para a recuperação dos instrumentos básicos de ação do poder público - entre os quais o planejamento governamental e a adoção de práticas orçamentárias realistas quanto à sua viabilidade de execução — tem hoje uma oportunidade ímpar para redesenhar e impulsionar os rumos do processo de desenvolvimento paulista.
A experiência acumulada com a implementação do Plano Plurianual 2000/2003 (Lei n° 10.694/2000), único com aprovação legislativa desde a edição da Carta de 1988, permitirá, com a necessária correção de desvios e a adequação de seus pressupostos à nova realidade nacional, aprimorar a coerência das ações de governo e ampliar as condições para o exercício regular da avaliação e do controle do gasto público.
Nesse cenário, apurar a coordenação executiva das ações governamentais, mediante a sua realista articulação nas várias dimensões do Plano e com os diferentes setores da sociedade é não só funcional para consolidar o ajuste fiscal realizado por São Paulo, mas concorre, também, para orientar o desenvolvimento de cada região, estimular suas vocações, promover seus eixos de desenvolvimento e complementar as cadeias produtivas instaladas em seu território.
Para tanto, o PPA 2004-2007 amplia a ótica do planejamento para além da perspectiva setorial dos órgãos governamentais e estende as suas proposições às diferentes regiões do Estado, cujas vantagens comparativas e competitivas reconhecidamente robustas não mais permitam que sejam vistas no estreito limite de suas fronteiras político-administrativas, mas, sim, como espaços econômicos integrados, ainda que de forma desigual, cujas carências e potenciais vocações socioeconômicas reclamam a ação integrada dos diferentes agentes do setor público e a sua indispensável articulação com as demais forças produtivas do setor privado para serem satisfeitas.
Ao planejamento governamental impõe-se a tarefa de organizar e traduzir as ações de governo capazes de alcançar o objetivo central: um estágio seguro de desenvolvimento sustentado. Esse objetivo, pôr todos perseguidos, não se materializa espontaneamente ou por um mero ato de expressão de vontades. Trata-se, como é sabido, do resultado de um processo a ser construído coletivamente, com esforço cotidiano, pelo conjunto da sociedade.
É indispensável, pois, que o poder público exerça de forma plena o seu papel insubstituível na condução desse processo, agindo de forma ativa na conformação de interesses, na coordenação de esforços e mobilizando todos os recursos disponíveis, com o estrito cumprimento da disciplina fiscal, em ações prioritárias, estruturantes e administrativamente integradas no que diz respeito aos programas e projetos sob a sua responsabilidade. Ele sinalizará, assim, rumos seguros para o investimento, fomentando novas formas de parceria Estado-Sociedade, combatendo as desigualdades e definindo de forma clara regras e compromissos que orientem os diferentes atores sociais.
Daí decorre um dos principais benefícios do PPA: o de promover a sinergia das forças ativas da sociedade de modo a impulsionar um novo ciclo de progresso e de redução de injustiças. Ao Estado de São Paulo, pela sua importância no cenário nacional, cabe a responsabilidade histórica de ser e de ampliar o seu papel como o centro irradiador de desenvolvimento em nosso País.
O governo Geraldo Alckmin, consciente dessa responsabilidade, propõe à sociedade o PPA 2004-2007, cujas diretrizes, democraticamente consagradas nas urnas, são sintetizadas nos conceitos do Governo Empreendedor, Educador, Solidário e Prestador de Serviços de Qualidade.
A formulação do PPA deve partir de um cenário macroeconômico que represente as expectativas mais prováveis de evolução do Produto Nacional Bruto, da inflação, da trajetória dos juros e da taxa de câmbio para o período de 2004/2007. Na próxima seção expomos o cenário macroeconômico hoje mais provável para o país, a partir do qual construímos ò cenário para São Paulo, que é parâmetro para a estimativa dos valores fiscais agregados do Estado. Tais agregados balizam nossa capacidade de ação por preservar a consistência orçamentária dos programas e ações do Governo do Estado.

1.2      Perspectivas da Economia Brasileira, Parâmetros Macroeconômicos e Projeções para o Médio Prazo.

1.2.1 Introdução

O Brasil passou por dois choques econômicos significativos nos últimos quatro anos. Em 1999, sob o peso de elevados déficits em conta corrente e da pressão do mercado financeiro internacional, o regime de câmbio administrado com desvalorizações graduais foi substituído por outro, baseado na flutuação da taxa de câmbio.
Em seu momento inicial, o novo regime produziu uma desvalorização nominal do real de cerca de 50%, mas os temidos efeitos inflacionários acabaram sendo relativamente modestos. Para isso foram fundamentais não só a mudança radical na política fiscal - que a partir do final de 1998, no contexto de um acordo com o FMI que disponibilizou US$ 41,5 bilhões ao País, passou a se orientar para a obtenção de superávits primários relativamente elevados - e a introdução do regime de metas de inflação, como as transformações na estrutura produtiva brasileira que vinham ocorrendo em decorrência da abertura da economia e do Plano Real.
Depois de um período de turbulências em 2001 que, apesar de revertido, resultou cm forte aumento da parcela da dívida pública indexada às variações da taxa de câmbio, em 2002 á taxa de câmbio voltou a se depreciar de forma significativa. As dificuldades da Argentina, a reversão do ciclo global de crescimento da segunda metade dos anos 90, o estouro da bolha de ativos de empresas de tecnologia nos Estados Unidos e as fraudes contábeis nesse mesmo país produziram um forte aumento da aversão ao risco e uma súbita interrupção de fluxos de capital para países emergentes.
No Brasil, esses fatores foram amplificados pelo ambiente de incertezas associado à perspectiva de chegada ao governo do principal partido de oposição, tradicionalmente contrário às políticas de austeridade fiscal e monetária que vinham garantindo uma transição relativamente suave no sentido de reduzir a vulnerabilidade externa. Como resultado, apesar da situação macroeconômica equilibrada no fim do primeiro trimestre, entre março e outubro de 2002 o câmbio desvalorizou mais de 60%.
Já em 2003, a manutenção das diretrizes básicas da política econômica por parte do novo governo - com o aprofundamento do ajuste fiscal para fazer frente à elevação da relação dívida-PIB ocorrida em 2002 e um aperto adicional na política monetária para reverter a aceleração da inflação - e o desenvolvimento de condições conjunturais favoráveis no mercado financeiro internacional levaram a uma retomada dos fluxos de capital para o Brasil.
Diante da seqüência de choques, e não obstante o crescimento de 4,5% do PIB real com inflação de apenas 6% em 2000, a economia brasileira caminha para o seu sexto ano consecutivo de taxas de crescimento -anual abaixo de 2% (exceto 2000). Por outro lado, é preciso reconhecer que houve avanços institucionais significativos no período, e que a questão externa deixou de representar uma restrição tão severa quanto há alguns anos. Nesse sentido, algumas das pré-condições para a retomada do crescimento sustentado parecem mais maduras do que em outros momentos do passado recente.
Infelizmente, entretanto, apesar das precondições para a retomada do crescimento estarem sendo enfrentadas, condições-importantes como a construção de uma política industrial moderna e um mercado de capitais que garanta o financiamento dos investimentos necessários para a retomada sustentada do crescimento ainda estão sendo tratadas marginalmente.

1.2.2    Perspectiva de curto prazo.

Quando se considera o curto prazo — por exemplo, um horizonte de 12 a 18 meses, até o final de 2004 — três fatores principais surgem com maior destaque na formação do quadro macroeconômico:
I – a capacidade de reverter a aceleração da inflação que resultou da instabilidade cambial de 2002, propiciando assim uma redução sustentada da taxa de juros;
II – á aprovação de parte das reformas estruturais, à medida que sinalizem com uma trajetória sustentável para a dívida pública, via reforma da Previdência;
III – e, por fim, o cenário externo, cujas perspectivas são ainda incertas em face dos desequilíbrios que dificultam a retomada do crescimento nas economias centrais.
Os efeitos da política monetária contracionista, colocada em prática a partir do final de 2002, começaram a ser sentidos com mais intensidade no segundo trimestre deste ano. Em particular, o consumo, que havia ensaiado uma recuperação no último trimestre de 2002, passou a refletir o impacto de taxas de juros reais elevadas e os efeitos da aceleração inflacionária sobre os rendimentos médios reais do trabalho.
Os resultados relativos ao mercado de trabalho — taxa de desemprego crescente, queda da massa real de rendimentos do trabalho desde o início do ano e forte redução dos rendimentos médios pelo conceito de rendimento habitualmente recebido — afetam diretamente o comportamento das vendas no comércio e, conseqüentemente, sinalizam um quadro pouco favorável a curto prazo — fenômeno que já vem se refletindo nas arrecadações estaduais de ICMS, especialmente em São Paulo.
A queda dos investimentos configura o elemento mais preocupante da conjuntura atual, na medida em que sinaliza para o segundo ano seguido sem crescimento, após a queda de 4% registrada no ano passado. Dentre seus componentes, a construção civil exibiu quedas nos dois últimos anos e a perspectiva para 2003 tampouco se desenha favorável. O consumo aparente de bens de capital, por seu turno, que chegou a se beneficiar indiretamente da crise de energia devido ao esforço de ampliação da capacidade de geração e de substituição das fontes hidroelétricas - tendo crescido quase 20% em 2001, perdeu dinamismo diante da instabilidade macroeconômica de 2002.
Essa situação é especialmente preocupante na medida em que diversos setores da economia apresentam crescente capacidade ociosa e, portanto, retardaram seus planos de investimento. As exceções estão nos produtores de bens intermediários, que têm desempenho superior à média da indústria. Isso indica que em alguns setores a mudança de preços relativos associada à desvalorização real da taxa de câmbio criou incentivos para a ampliação da utilização da capacidade produtiva instalada. Esse comportamento reflete, entre outros fatores, uma forte expansão no quantum exportado, na mesma base de comparação.
A preocupação com a queda dos investimentos amplia-se quando se constata que setores importantes da economia, de bens intermediários e/ou exportadores tais como celulose, papel e papelão, petroquímicos e metalurgia, entre outros, estão próximos ao limite de sua capacidade produtiva, criando um problema adicional tanto para a retomada do crescimento econômico quanto para a manutenção de taxas elevadas de crescimento das exportações.
As exportações líquidas contribuíram para sustentar o crescimento em 2002 e em 2003, mas não parecem capazes de sustentar o crescimento à frente. Vale destacar que o desempenho exportador está ligado ao esforço de diversificação de mercados. Assim, nos primeiros cinco meses do ano houve recuperação de vendas para a Argentina, com crescimento de 85%, bem como expansão em mercados não-tradicionais, com aumentos de 74% nas exportações para a Ásia e de 37% para a Europa Oriental. As importações, por outro lado, registram estabilidade na comparação com igual período de 2002. A maior queda está precisamente nas importações de bens de capital.
As perspectivas para 2003, do ponto de vista da balança comercial, são de que se atinja um superávit superior a US$ 17 bilhões, o que contribuirá para manter o déficit em conta corrente entre US$ 3 e 4 bilhões. A esse desempenho deve somar-se uma normalização dos fluxos de capital externo após a violenta retração ocorrida em 2002. Embora o retorno dos capitais externos esteja concentrado ainda nos fluxos de curto prazo, houve forte recuperação nos porcentuais de rolagem da dívida de médio e longo prazos do setor privado a partir de abril, com os porcentuais atingindo 90% no caso de créditos comerciais e empréstimos e cerca de 200% no caso de notes e commercial papers. Entretanto, apesar desse cenário relativamente otimista, a retração dos fluxos de investimento estrangeiro direto é preocupante porque se soma a outras dificuldades com severas implicações para a retomada do crescimento.
Do ponto de vista do setor externo, portanto, as perspectivas de curto prazo são bem mais favoráveis do que em anos anteriores, o que tem levado, inclusive, à reversão parcial da forte desvalorização ocorrida em 2002. Não obstante, a questão inflacionária permaneceu como foco central da política econômica na maior parte do ano de 2003, dada a magnitude do choque cambial de 2002. A condução da política monetária nos meses finais de 2002 e início de 2003 assumiram um viés marcadamente contracionista, dada a forte aceleração ocorrida a partir de setembro de 2002.
Assim, a trajetória da inflação, apesar do ritmo mais lento que aquele consistente com o cumprimento das metas em 2003, é de forte queda. A desaceleração da atividade econômica se acentuou no segundo trimestre deste ano e seus reflexos sobre a inflação aparentemente ganharam corpo, o que tem levado, inclusive, o Banco Central a reduzir a taxa de juros.
A perspectiva para essa taxa é a de que o Banco Central promova reduções graduais de modo a não comprometer a estratégia de redução da inflação e sua convergência para á meta de 2004. O impacto dessa estratégia gradual sobre o crescimento, contudo, não deve ser menosprezado. Desde o começo do segundo trimestre de 2003 que a estrutura a termo da taxa de juros tem sido negativa. Associada à superação das incertezas e à consolidação da confiança, essa expectativa de juros futuros em queda pode se traduzir em expansão da oferta de crédito á médio prazo.
A política fiscal tem sido o suporte mais importante para o resgate da confiança na economia e na capacidade de resposta dos instrumentos de política econômica, em particular da política monetária. A obtenção de superávits primários crescentes desde 1999, até atingiram cerca de 4% do PIB em 2002, resultou na manutenção de uma relação dívida-PIB sob relativo controle. Para o período 2003-2005 espera-se o aprofundamento do ajuste no superávit primário, fixado em 4,25% do PIB ao ano.
A manutenção desses superávits primários, associada a uma evolução mais favorável da taxa de juros, da taxa de câmbio e/T3o próprio crescimento, deve produzir uma trajetória declinante para a relação dívida-PIB.

1.2.3    O Médio e Longo Prazos

Em um horizonte de mais longo prazo, é preciso considerar que o recente ajuste do balanço de pagamentos implicou reduzir a absorção de poupança externa de cerca de 4,5% para 0,5% do PIB. O brutal aumento da transferência de recursos reais para o exterior (o saldo da conta de bens e serviços não-fatores saltou de um déficit de ÜSJ 16,7 bilhões para um superávit de US$ 8,1 bilhões, ou de - 2,2% para 2,1% do PIB, entre 1998 e, 2002) alimentou a inflação e deprimiu o investimento diante da necessidade de conter a demanda interna via aumento das taxas reais de juros. A medida que se for recuperando o controle sobre a inflação, e com a perspectiva de se afrouxar as amarras sobre a absorção doméstica, voltam a adquirir importância os fatores que irão garantir o equilíbrio macroeconômico num contexto de crescimento mais elevado.
Nesse sentido, se a retomada do crescimento pode ocorrer no curto prazo por meio de aumento da utilização da capacidade ociosa existente em alguns setores – ou seja, sem que haja necessidade imediata de aumento dos investimentos — a médio e longo prazos a continuidade do crescimento certamente exigirá que a taxa de investimento em capital fixo, que em 2002 foi de 18,7% do PIB, aumente de forma significativa para permitir que a expansão da demanda ocorra sem pressões seja sobre a inflação, seja sobre a balança comercial. No entanto, como já assinalado, ' existem setores nos quais as margens de utilização da capacidade estão muito elevadas, o que pode gerar pressões inflacionárias ou sobre a balança comercial.
Neste contexto macroeconômico, a questão do financiamento passa a ser central. Ampliar o crédito ao consumo, especialmente de bens duráveis, financiar a ampliação da capacidade instalada nos setores que trabalham no seu limite e financiar a expansão das exportações serão decisivos para a retomada sustentada do crescimento.
No cenário apresentado a seguir, a taxa de crescimento do PIB acelera apenas gradualmente de modo a permitir a obtenção de taxas de inflação declinantes — que permanecem, contudo, ainda acima das metas pelo menos até 2004 — e a consolidação do ajuste externo. O crescimento futuro reflete a aceleração do consumo e do investimento em decorrência da redução das taxas reais de juros e da própria queda da inflação, com seus efeitos colaterais positivos sobre os rendimentos reais do trabalho e sobre os indicadores de confiança.

1.2.3.1 Cenário Externo

A economia internacional passa por um momento caracterizado por elevada incerteza. A forte expansão da década de 90 nos Estados Unidos foi capaz de alavancar o crescimento em escala global, mas sua reversão a partir de 2001 parece atuar agora em sentido inverso, só não exercendo efeito mais negativo sobre a economia mundial devido à sustentação da atividade econômica na Ásia em função do dinamismo da economia chinesa. Por outro lado, os desequilíbrios em conta corrente entre os países centrais gerados ao longo da última década colocam questões delicadas para a articulação da política econômica desses países de modo a evitar a consolidação do cenário de baixo crescimento.
Projeções recentes indicam que os efeitos das políticas expansionistas tendem a ocorrer de forma relativamente Lenta nos países desenvolvidos, e que o crescimento mundial deverá recuperar-se apenas gradualmente em relação aos baixos níveis registrados em 2001 e 2002, quando a taxa média anual foi de 1,5% a.a. As projeções indicam crescimento de apenas 2,2% da economia mundial em 2003 (PIB), acelerando para 3,1% a.a. de 2004 em diante.



O comércio internacional tende a refletir essa retomada lenta do crescimento mundial sob a forma de recuperação apenas gradual dos fluxos de comércio. Em termos de exportações mundiais, após um crescimento de 11% em 2000 e queda de 1% em 2001, espera-se uma aceleração até 2004, quando ocorreria expansão de 7%, estabilizando-se nesse patamar para os anos seguintes. Vale notar que essas taxas são um patamar para o crescimento das nossas exportações. Estas têm se expandido desde 2002 num ambiente externo adverso devido à ampliação da parcela brasileira no mercado global e novos mercados.

1.2.3.2 Resumo das projeções: nível de atividade

Conforme discutido acima, a necessidade de reverter ò surto inflacionário gerado pela instabilidade de 2002 ainda deverá limitar o crescimento em 2003 e 2004. A austeridade monetária significa que as taxas de juros tendem a declinar apenas gradualmente no médio prazo, permanecendo relativamente elevadas em termos reais nesses dois anos, antes de declinarem no período 2005-07. Combinada ao cenário externo, em que prevalecem taxas de juros em patamar histórico relativamente baixo e uma melhora progressiva do risco-país, esse quadro gera um aumento de financiamento externo, permitindo relaxar um pouco a restrição do balanço de pagamentos.

O ajuste significativo no déficit em conta corrente - que deve alcançar 0,7% do PIB em 2003 - pode ser parcialmente revertido sem que isso implique aumentar a vulnerabilidade externa da economia brasileira no curto prazo. Abre-se assim espaço para uma recuperação do consumo e, principalmente, do investimento ao longo do período de projeção, conforme mostrado na tabela 1.2.

1.2.3.3 Resumo das projeções: Setor Externo
O ajuste externo da economia brasileira vem sendo obtido tanto por um crescimento das exportações quanto por uma contenção das importações - em parte substituídas por produção doméstica em face da forte desvalorização cambial dos dois últimos anos, em parte deprimidas pelo baixo crescimento, especialmente do investimento. Uma retomada do crescimento, portanto, deve produzir uma aceleração das importações em relação às taxas de crescimento observadas em 2002 e 2003, principalmente porque um dos motores do crescimento deveria ser a expansão do investimento, normalmente mais intensivo em importações do que o consumo. As exportações, por seu turno, tendem a manter taxas de crescimento ainda elevadas, porém menores do que neste ano.
1.3      Perspectivas para o Estado de São Paulo no Período do PPA 1.3.1    São Paulo no Contexto Nacional: Atividade Econômicas.
O Estado de São Paulo é o maior centro industrial, comercial e financeiro da América Latina. A economia paulista gera 34% do PIB nacional e é responsável por 32% das exportações e 45% das importações brasileiras. Do ponto de vista do mercado interno, a economia paulista possui grande parte do mercado consumidor nacional, com uma população de 37 milhões de habitantes e PIB per capita de US$ 5.463.
O grau de urbanização (93%) semelhante ao dos países mais desenvolvidos reflete a intensa modernização da agricultura e o rápido crescimento econômico liderado pelo setor industrial. Esse dinamismo determinou uma expansão ainda mais vigorosa nas atividades de serviços, estratégicos ao desenvolvimento futuro da economia do Estado.

INDÚSTRIA
A abertura da economia ao comércio internacional, nos anos 90, colocou novas exigências para o setor industrial, dentre elas a necessidade de rápida adequação ao processo de renovação tecnológica e a internacionalização de suas atividades. Mesmo as indústrias tradicionais, como a têxtil, foram reestruturadas e operam em São Paulo com grande sofisticação tecnológica.
A maior concorrência internacional, a busca por novos mercados e requisitos de qualidade tem estimulado enorme esforço de mudanças organizacionais, racionalização e modernização da indústria paulista. A indústria de São Paulo tem dado atenção cada vez maior para a qualidade e a inovação de produtos e processos, transformando as mudanças tecnológicas em oportunidades de novos investimentos, principalmente nas áreas de informática, biotecnologia, novos materiais e química fina. Esses setores geram impactos positivos sobre a produtividade dos demais setores econômicos e viabilizam o dinamismo e o progresso técnico das economias paulista e brasileira.
Nos últimos anos, a economia de São Paulo caminhou na direção de obter superávit na sua balança comercial. A partir de 2002 esse resultado foi obtido com amplo predomínio das exportações de setores mais industrializados. Nesse período, o Estado concentrou cerca de 50,5% do total das exportações brasileiras de bens manufaturados i (gráfico 1.1) sendo, dentre os Estados, o maior exportador do País. São Paulo participa também na exportação de produtos básicos e semimanufaturados (com, respectivamente, 7,8% e 16,8%, das exportações brasileiras).
GRÁFICO 1.1

A atividade econômica paulista, sobretudo a indústria, tem revelado tendência cíclica um pouco mais acentuada do que a média nacional: o PIB paulista tende a crescer acima da média nacional quando o crescimento acelera; e abaixo da média nacional na desaceleração. Isso se deve ao maior peso relativo dos ramos produtores de bens de capital e de bens de consumo duráveis na indústria do Estado.
A estrutura industrial paulista caracteriza-se por:
I – ser extremamente diversificada e integrada;
II – conter cadeias produtivas completas; e,
III – concentrar grande parte das indústrias mais modernas do País.

² Para uma análise mais detalhada, ver Capitulo 5.

O gráfico a seguir mostra a importância relativa de São Paulo no conjunto da economia nacional. O Estado participa com cerca de 51,6% dos salários pagos na indústria; 45,8% das vendas industriais; 45,3% do Valor da Transformação Industrial (VTI) e 38,6% do pessoal ocupado na indústria do País.
GRÁFICO 1.2

AGRICULTURA

A Agropecuária, a despeito de representar de 4 a 5% no PIB estadual, possui papel importante para a economia paulista em razão do forte efeito multiplicador do complexo agroindustrial sobre o nível de atividade e de seu peso na pauta de exportações. O complexo agroindustrial representa cerca de um terço do PIB estadual e São Paulo responde por mais de 30% das exportações do agronegócio brasileiro.
A competitividade paulista nesse setor reflete a potencialidade da economia do Estado. São Paulo é o maior produtor de suco de laranja, dominando 50% do mercado mundial. São produzidos anualmente quase 7,7 bilhões de litros de álcool e 14 milhões de toneladas de açúcar.
A agricultura paulista apresenta elevados índices de mecanização, intensificando o uso de modernas técnicas de produção (como correção dos solos, emprego de sementes selecionadas, aperfeiçoamento genético, mecanização, etc.) vem induzindo o fortalecimento das cadeias produtivas e a incorporação de inovações tecnológicas à produção e à comercialização de produtos agropecuários, seguindo uma tendência internacional no setor agroalimentar que combina especialização, com elevados requerimentos de produtividade e variedade, o que exige atenção ao consumidor e agilidade de resposta a mudanças na configuração de diferentes mercados.

SERVIÇOS

Como resultado do novo paradigma econôrnico-tecnológico, baseado no avanço da microeletrônica, das comunicações, das demandas surgidas com as mudanças no estilo de vida, aprimoramento dos serviços de saúde, educação, lazer, expansão da infra-' estrutura de transportes e comunicações, dentre outras, o setor de serviços tem sido o mais dinâmico em São Paulo do ponto de vista de ganhos de participação relativa no PIB paulista, tendo ampliado sua participação de 42%, em 1985, para 53%, em 2000 (gráfico a seguir).
GRÁFICO 1.3

Os líderes na expansão dos serviços no Estado são o comércio, as telecomunicações e o sistema financeiro. Traços comuns dessa expansão são a incorporação de novas técnicas produtivas e gerenciais, a crescente diversificação de serviços, produtos e a disseminação para todo o território paulista das novas modalidades de consumo e de integração produtiva.
O sistema financeiro nacional é, entre os componentes do terciário, um dos que mais se concentram em São Paulo. As sedes de sete dos 10 maiores bancos e de oito das 10 maiores companhias de seguro do Brasil estão em São Paulo e comportam mais da metade dos depósitos bancários.
Ainda no setor de serviços, São Paulo conta com mais de 250.000 estabelecimentos comerciais, nos quais emprega mais de 1.390.000 pessoas, e 92 shopping centers. Concentram-se no Estado as melhores redes de ensino básico e médio do País, as melhores universidades³, os mais bem equipados hospitais, modernos centros de convenções, grandes aeroportos e uma infra-estrutura hoteleira de excelente qualidade.
Favorecido por essa gama de serviços, o turismo tem sido uma atividade em expansão, principalmente o turismo de negócios, cuja importância e sofisticação têm acompanhado o crescimento da capital paulista, o mais importante centro de negócios da América Latina.
Nas telecomunicações, a importância de São Paulo decorre - da elevada concentração de atividades econômicas no Estado, o que demanda eficiente suporte de telefonia (nacional e internacional) e acaba alavancando o papel do Estado como centro gerador de informações.
³São Paulo concentra a maior rede de produção de conhecimento científico-tecnológico da América Latina e abriga universidades e institutos de pesquisa integrados às mais avançadas experiências e realizações no campo da ciência e tecnologia, formando pesquisadores que desenvolvem projetos nos setores de ponta.Além de inúmeras instituições de ensino e pesquisa federais e privadas existentes no Estado, destacam-se as três universidades estaduais - Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp), centros de referência em praticamente todas as áreas de conhecimento; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
No setor de telefonia móvel, São Paulo, além de ser o maior mercado do País com 8,7 milhões de celulares em 2002, também se destacou como um pólo.produtor de equipamentos. Novas fábricas foram instaladas no Estado, o que alterou seu perfil industrial e refletiu significativamente na cesta de produtos exportados, dentre os quais se destacam-se os terminais portáteis de telefonia móvel.
Na onda dessa transformação, a internet se desenvolveu rapidamente: aproximadamente 95% das cidades paulistas dispõem de internet de alta velocidade. Isso beneficia, sobretudo, as empresas com grande necessidade de transmissão de dados e a rede pública de ensino.
O setor de transportes é outra das vantagens comparativas do Estado para atração de investimentos. São Paulo possui um complexo e bem estruturado sistema de transportes, em que se destacam todos os meios: rodoviário, ferroviário, fluvial, aeroviário, portuário e dutoviário. A variedade da infra-estrutura disponível permite o rápido acesso não só aos diferentes pontos do mercado paulista como aos demais Estados brasileiros, ao Mercosul e às principais rotas de exportação, graças à sua posição geográfica estratégica. Ressalta-se, ainda, a facilidade de acesso ao exterior por meio do sistema de telecomunicações mais avançado do País e de seus modernos aeroportos.
São Paulo iniciou o processo de concessões das rodovias estaduais em 1996, concedeu gradativamente o sistema rodoviário à iniciativa privada garantindo atualmente não apenas rodovias modernas e bem conservadas como a ampliação de todo ò sistema, a exemplo da nova pista da Imigrantes. Os recursos das concessões estão permitindo a recuperação de toda a rede alimentadora.
O Estado também foi pioneiro no Brasil na articulação dos sistemas intêrmodais e na concepção de anéis de circulação. O Rodoanel e as negociações avançadas para o Ferroanel são obras fundamentais para o comércio internacional e no âmbito do Mercosul. As estratégias e investimentos em entrepostos articulados com os sistemas de transporte também assumem importância para a exportação, a, exemplo do CIASP - Centro Integrado de Abastecimento, que será implementado junto com o rodoanel e contará com mais de 2.000 operadores.
Dentre os investimentos em infra-estrutura para facilitar o comércio internacional temos a duplicação da Rodovia dos Tamoios e a ampliação e modernização do Porto de São Sebastião e a Hidrovia Tietê-Paraná que possibilitará a conexão do Centro-Oeste e Sul do Brasil com a Argentina, Paraguai e Bolívia, por meio dos seus 2.400 km e sua área de influência de 800 mil km2.

INVESTIMENTOS

A pesquisa e a indústria caminham juntas para o desenvolvimento do Estado. Os investimentos no setor industrial de alta tecnologia somaram mais de US$ 1,9 bilhão em 2002. A partir da rede de conhecimento que o Estado dispõe, a indústria paulista apresenta um dinamismo e competitividade sem igual no Brasil. Dos 4.650 certificados ISO 9000, 2315 são de paulistas. A articulação com os principais mercados mundiais e a especialização em manufaturas de maior valor agregado e conteúdo tecnológico, como aeronaves, eletrônicos, automóveis, máquinas, químicos e plásticos, equiparam a indústria paulista, em vários aspectos, às economias mais desenvolvidas do mundo. -.
Essa rede de conhecimento é maximizada pelas parcerias público-privadas (PPP). Adicionalmente, o Governo do Estado e o setor industrial, por meio de entidades especializadas, como o Senai, Sebrae, Senac, empreendem importante esforço de qualificação e requalificação da mão-de-obra para enfrentar os novos desafios de uma economia cada vez mais internacionalizada.
No período de 1996 a 2002 São Paulo atraiu investimentos que somam' aproximadamente US$ 152 bilhões, dos quais resultaram na criação de mais de 7.000 novos empreendimentos. São números que revelam o dinamismo e a competitividade da economia paulista.
A maior parte dos recursos aplicados pelos cinco principais países investidores no Brasil destina-se a São Paulo.
GRÁFICO 1.4

No que diz respeito ao Perfil dos Novos Investimentos, São Paulo, com a indústria mais diversificada e dinâmica e o maior mercado consumidor do País, uma infra-estrutura apropriada e a ciência e tecnologia mais avançada, tem todas as condições de inserir-se em um círculo virtuoso de atração de novos investimentos. As indústrias de maior densidade tecnológica, que exigem mão-de-obra altamente qualificada, serviços técnicos de apoio e rede de fornecedores também qualificados, tendem a se instalar no Estado, o que acaba contribuindo para o significativo aumento da produtividade de seu parque industrial.

1.3.2    Finanças Públicas Paulistas

No contexto de uma ampla reforma do Estado e de mudança das relações fiscais e financeiras entre os vários entes federados, o governo estadual adotou, nos últimos oito anos, uma série de medidas de ajuste fiscal que priorizaram a modernização operacional da estrutura administrativa, a ampliação da informatização e a maior eficiência da fiscalização. e arrecadação o que se refletiu na obtenção de crescentes superávits primários. Ademais, efetuou a renegociação da sua dívida com o Governo Federal e implementou amplo programa de privatizações em áreas de infra-estrutura, o que foi decisivo para a obtenção do equilíbrio orçamentário a partir de 1997.
No PP A 2004-2007 reforça-se a continuidade do esforço fiscal empreendido até agora, alicerçado no crescimento real da receita (11,6% em relação ao orçado em 2003). Destaque-se que as projeções fiscais adotaram os seguintes parâmetros e premissas:
a)    o cenário econômico projetado para a evolução do crescimento real do PIB estadual, das taxas de inflação, juros e do câmbio é o da tabela a seguir:

b)    continuidade do ressarcimento das perdas do ICMS, decorrentes da desoneração das exportações e do aproveitamento do crédito das operações de aquisição de ativo imobilizado;
c)   taxa de crescimento para a despesa de pessoal, e o recolhimento da contribuição de servidores como determinado pela LC 943, de-23/06/2003, de tal forma que as despesas líquidas de pessoal permaneçam abaixo de 60% da receita corrente líquida obedecendo ao limite legal definido pela LRF;
d)    gastos de custeio estáveis em relação à receita corrente líquida;
e)    expansão real dos investimentos no final do período;
f)    serviço da dívida definido pelas condições contratuais firmadas com o Governo Federal e com os demais credores; e
g)    contratação de novas operações de crédito limitadas ao cronograma definido pelo Acordo de Dívida com a União.
Com base nas hipóteses formuladas, é possível projetar um crescimento do resultado primário, que deverá ser da ordem de 6,7% da receita corrente líquida (RCL) em 2003, conforme ò estimado no Orçamento de 2003, alcançando 9,5% da RCL em 2007. Cabe notar ainda que em face da evolução positiva do saldo primário, as necessidades de financiamento deverão permanecer estáveis até 2007 (ver Gráfico 1.5).
GRÁFICO 1.5: Resultado Primário e Necessidade de Financiamento

O resultado esperado decorrerá da ampliação da receita corrente em razão do crescimento do PIB, do comportamento da taxa de inflação e do esforço de fiscalização. Conforme as projeções realizadas, as receitas próprias do Estado devem evoluir, em termos nominais, de R$ 52,9 bilhões em 2004 para R$ 66,5 bilhões em 2007 (ver Tabela 1.5). Considerando-se apenas a arrecadação da quota-parte do ICMS estadual, prevê-se um crescimento de 31,9 bilhões em 2004 para R$ 40,9 bilhões em 2007, o que representa aumento nominal de 28,4%.
TABELA 1.5
Por outro lado, a evolução do Resultado Primário estará condicionada pelo comportamento das Despesas. Com relação a pessoal, adotam-se os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os gastos com o custeio da máquina estadual, por sua vez, serão mantidos em torno de 23% da RCL para o período de 2004 a 2007.
Garantidas essas condições, a perspectiva para a despesa com investimento é bastante -favorável. Com base nas projeções realizadas, o investimento total deve passar de Rf 3,4 bilhões para R$ 4,5 bilhões, destacando-se o investimento da administração direta que, em média, será de R$ 1,1 bilhão no período — acima, portanto, da média realizada nó PPA anterior. Em termos da RCL, o investimento será 7,5% em 2003 • devendo atingir 8,2% em 2007.
Em síntese, as estimativas para as finanças estaduais sinalizam para a manutenção do ajuste fiscal para o período de 2004 e 2007. A elevação do saldo primário, amparada na expectativa de crescimento da receita própria e da estabilização do gasto com custeio deverá garantir o aumento dos investimentos do Estado com recursos próprios. O maior volume de inversões no território paulista dependerá da capacidade de endividamento do Estado e da sua habilidade quanto à atração de novas parcerias para investimento, expressa por sua competitividade sistêmica, de forma a viabilizar o crescimento e desenvolvimento esperados.

1.4    Gestão Pública   

A necessidade de uma nova gestão pública é uma questão que extrapola o âmbito de São Paulo. Essa nova gestão implica revisões das funções e formas de operação do Estado por três razões básicas:
•    a existência de limites fiscais bastante estreitos, quando confrontados com o elevado nível de demandas por parte das sociedades, seja para tomar suas economias competitivas em um mundo globalizado, seja para alcançar um novo patamar de qualidade de vida;
•    a emergência de novas concepções sobre a Democracia — que implicam uma maior participação dos cidadãos, um maior cuidado com seu atendimento, a escuta de suas demandas específicas e uma maior aproximação por meio de processos de descentralização;
•    o amadurecimento de um novo padrão tecnológico, baseado na Tecnologia da Informação, também associado à globalização.
Políticas de privatização, regulação, terceirização, delegação, descentralização, criação de parcerias, busca e monitoramento de resultados, transparência, responsabilização (accuontability), horizontalização de estruturas, intersetorialidade, gestão do conhecimento, inovação, tornaram-se elementos constitutivos de reformas de Estado, mais ou menos abrangentes. Todas essas estratégias têm buscado responder aos três desafios — a crise fiscal, os desafios da globalização e novas concepções democráticas - enquanto o uso das tecnologias da informação se oferece como apoio para novas
-    soluções. O Estado assume, portanto, o papel de catalisador e articulador de processos de mudança, cuja implementação é realizada por diversos protagonistas internos
-    diferentes níveis de governo, diferentes poderes — e externos, como o setor privado, a Sociedade civil e agências multilaterais.   
-  Os dois mandatos do Governador Mário Covas, marcados por um determinado ajuste fiscal, se caracterizaram por um significativo processo de privatização. Outras iniciativas devem ser mencionadas: a introdução do Governo Eletrônico, as centrais do Poupatempo, a modernização de sistemas administrativos (como o de compras), o Promocat e Promociaf de modernização fiscal e tributária, a criação do Sistema Estratégico de Informações, a Comissão de Serviços Públicos de Energia, a Comissão de Monitoramento, Concessões e Permissões de Serviço Público, a Lei de Defesa do Usuário de Serviços Públicos, as Organizações Sociais. Do ponto de vista da descentralização, tiveram prosseguimento os processos nas áreas de Educação, Saúde e Assistência Social.
Assim, é possível afirmar que as mudanças no Estado de São Paulo rumo a uma administração gerencial estão em curso. As propostas contidas neste PPA aprofundam e complementam esse movimento.
Esforços de Articulação, Territorialidade e Intersetorialidade são fundamentais.
A maior eficácia e aceleração nas estratégias de mudança são hoje obtidas a partir da cooperação de vários atores. Nenhum deles pode, isoladamente, alcançar o êxito necessário para a promoção de processos de desenvolvimento. A cooperação de diferentes agentes em espaços regionais é fundamental, por exemplo, para o fortalecimento de Arranjos Produtivos Locais (clusters), que facilitem a criação de redes de empresas e estimulem processos de aprendizagem e inovação, alavancando a competitividade.
Por outro lado, as políticas que visam à inclusão social dos segmentos vulneráveis da população têm que ser integradas e coerentes para que sejam obtidos resultados significativos. As múltiplas ações exercidas pelos governos estadual e municipais, entidades do terceiro setor e empresas devem permitir a intervenção simultânea nas várias dimensões sociais para que tenham maior impacto.
Em grande medida, é esse o papel contemporâneo dos governos estaduais: induzir o aparecimento dessas redes e proporcionar condições institucionais para o exercício de uma governança territorializada e intersetorial. Tomar a ação do governo estadual territorializada significa tomar a ação setorial adequada às especificidades de microrregiões, de espaços metropolitanos ou submetropolitanos, de aglomerações ou outros recortes espaciais, o que permite, ademais, a incorporação de parceiros nessas escalas geográficas.
Diversos programas de Gestão Pública permitirão a concretização dessas estratégias: ações de Governo Eletrônico, que possibilitarão tomar mais ágeis as transações dentro do Governo estadual e as transações com outros níveis de governo e com a sociedade; e a reunião em um mesmo lugar, sempre que possível, das representações regionais das secretarias estaduais. Atuando no território de modo coordenado, os diversos setores do governo estadual e os demais atores serão capazes de identificar as oportunidades para ganhos crescentes pela exploração de ativos regionais pouco ou ainda não utilizados.
Projetos de ações integradas, cadastros unificados e o fortalecimento operacional dos órgãos param a utilização ampliada do governo eletrônico deverão permitir a ação intersetorial, favorecendo os resultados na área social. A coordenação de governo induzirá fortemente a intersetorialidade e a formação de múltiplos vínculos da esfera estadual com agentes privados e públicos. A busca de parceiros internacionais em todas as frentes de atuação governamental fortalecerá as possibilidades dessas parcerias.
Para ampliar ações em parceria ou terceirizadas, o governo deverá reforçar suas funções de formulação, monitoramento e avaliação das políticas públicas. Nesse sentido, cabe ao governo estadual desenvolver capacidades que lhe permitam identificar as estratégias mais eficazes e eficientes para responder às demandas da sociedade que possam atrair terceiros para implementá-las. Esse processo de formulação e acompanhamento é realizado pelas Secretarias da administração direta. Para tanto, serão propostas novas formas de contrato de gestão nas quais metas e resultados sejam previamente acordados.
Identificação de metas, monitoramento da execução e incentivos para melhorias de desempenho passam a ser estratégicos para um controle mais amplo, dependendo, portanto, do aperfeiçoamento do sistema de avaliação e dos sistemas de análise de dados.
A separação entre as atividades de formulação e execução deverá dar ensejo à multiplicação de organizações sociais de interesse público, expandindo a experiência de sucesso que o Governo do Estado já alcança no setor de saúde.
Com os olhos voltados para os novos papéis do governo estadual, é preciso planejar qual o corpo de servidores públicos mais adequado para que o governo exerça suas funções. Deixando progressivamente de prestar serviços diretos ao cidadão, a nova forma de trabalhar do governo estadual requer competências necessárias para realizá-las.
Qual o perfil mais adequado da força de trabalho para a consecução de atividades como a articulação, a maior formalização de contratos, a negociação, a formulação de políticas e o monitoramento de políticas, a gestão eficiente de recursos e o trabalho baseado em tecnologia da informação? Que tamanhos devem ter esses contingentes? Que processos de trabalho podem substituir os existentes para uma estrutura de força de trabalho mais adequada? Como transitar para a nova situação? Essas são algumas das questões que devem ser enfrentadas por uma Política de Recursos Humanos para o Estado de São Paulo que deverá ser proposta. Para realizar essa mudança será necessário requalificar os servidores em atividade, adicionando anualmente novos talentos para que rejuvenesça o quadro atual.
Para se elevar a produtividade e o desempenho dos funcionários devem ser estudados:
•    contratos de trabalho mais flexíveis;
•    remuneração variável, conforme desempenho;
•    requalificação permanente;
•    redesenho dos processos de trabalho e gestão do desenvolvimento;
•    fortalecimento dos gerentes;
•    descentralização do poder e responsabilização das organizações e seus dirigentes pela gestão dos RH;
•    sistemas de informação ágeis;
•    monitoramento de variáveis motivacionais como clima organizacional, diversidade, ética e comunicação.
O desenvolvimento de novas competências, especialmente gerenciais, deverá ser apoiado por um amplo programa de capacitação; paralelamente, o sistema de capacitação estadual deverá ser reforçado.
Ao mesmo tempo, faz-se urgente a criação de um sistema de informações de recursos humanos que permita planejar e controlar adequadamente esse que é o mais importante ativo da administração pública estadual. O acompanhamento mais preciso dos gastos nessa área, que se tornará possível por meio de informações transparentes, deverá levar à contração de despesas desnecessárias e uso mais adequado dos recursos existentes:
A desburocratização virá combinada às ações de. governo eletrônico, propiciando assim os reais ganhos do novo padrão tecnológico.
A prática da Qualidade na Gestão Pública deve criar nas organizações a cultura de um permanente cuidado na gestão de todos seus ativos. A gestão do conhecimento garantirá que esse processo de aprendizado organizacional possa ser registrado e disseminado, barateando, portanto, o custo desse conhecimento.
O aperfeiçoamento metodológico do PPA, com a fixação de metas, indicadores e públicos-alvo, deverá dar crescente objetividade à ação governamental. A avaliação anual dos programas deverá possibilitar a correção de rumos. A gestão por programas, com gerentes claramente definidos e capacitados, dará a flexibilidade necessária a ajustes finos que devem se operar no curtíssimo prazo e nas situações concretas.
O PPA permitirá que a sociedade acompanhe a ação governamental por meio da transparência criada pelo sistema de informações e por sua divulgação. A alocação do gasto estará vinculada aos programas aqui presentes, para que os recursos públicos sejam utilizados da forma mais consistente possível.
Os investimentos na qualificação do Controle Interno continuarão contribuindo para um acompanhamento competente da contabilidade governamental, enquanto o Legislativo exercerá seu papel de controle externo, por meio dó Tribunal de Contas, de modo aprimorado.
Novas estratégias para as compras governamentais virão se somar às ações já iniciadas pela Bolsa Eletrônica de Compras, pregões eletrônicos ou presenciais, tomando o governo estadual um gestor de contratos mais eficiente.
Seja como usuário de serviços públicos, seja como contribuinte, o cidadão deverá cada vez mais receber um atendimento aprimorado pelas organizações públicas estaduais. A disseminação do Padrão Poupatempo, as ações de Desburocratização e o trabalho das ouvidorias terão por objetivo que o atendimento corresponda às necessidades de rapidez e conveniência do cidadão. Os investimentos relativos à inclusão digital visam a garantir que o acesso aos serviços disponíveis na Internet possa ser feito por segmentos cada vez mais amplos da população.
A publicidade dos dados estaduais, da gestão fiscal, do PPA e de suas avaliações periódicas, assim como o processo mais amplo de comunicação do Governo, deverão permitir a ampliação do controle social, da transparência e da responsabilização (accountability). O progresso das relações baseadas em contratos também implicará maior informação para que a sociedade possa acompanhar o desempenho governamental.
Novos investimentos nos diversos setores da Justiça darão maior celeridade ao andamento dos processos, fortalecendo dessa maneira a confiança nas instituições do Estado.
O Poder Legislativo também reserva recursos para dar maior transparência a seus atos e atividades, garantindo o aprimoramento dos procedimentos democráticos no Estado.
De outra parte, a defesa do Estado, protegendo o interesse público, será apoiada por meio do aprimoramento da Procuradoria-Geral do Estado. Recorde-se que enquanto não for criada a Defensoria Pública (art. 103, CE) cabe à Procuradoria a realização da assistência judiciária aos necessitados, nos termos do artigo 10 das Disposições Constitucionais Transitórias.
A atual gestão da PGE tem procurado otimizar os recursos existentes e aumentar os níveis de eficiência dos serviços jurídicos, estimulando a qualidade e agilidade na execução dos trabalhos afetos aos Procuradores do Estado, com foco em uma advocacia propositiva e sintonizada com os programas de governo.
A realização desses esforços implicou, em um primeiro momento, a regulamentação de disposições da Lei Orgânica da PGE, com a finalidade de melhor distribuir a atividade judicial entre as unidades, especialmente aquelas que dizem respeito às áreas do patrimônio imobiliário e ambiental do Estado. Ainda na regulamentação de disposições de sua Lei Orgânica, a Procuradoria-Geral do Estado estabeleceu como meta implantar a Procuradoria para Assuntos Tributários, prevista pelo artigo 3o, inciso III, letra "b", e 25, da Lei Complementar n° 478/86, para prestar consultoria e assessoria jurídica em matéria tributária ao Secretário da Fazenda, inclusive com análise jurídica dos atos normativos desta natureza.
Quanto à competência para a realização de procedimentos disciplinares não regulados por leis especiais (art. 99, IX, da Constituição do Estado), a Procuradoria-Geral do Estado atuou na elaboração de anteprojeto transformado na Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003, instituindo a chamada "via rápida".
A "via rápida" pressupõe a extinção das Comissões Processantes Permanentes nas Secretarias de Estado e, por conseqüência, das despesas que as Pastas tinham com a manutenção desses órgãos. Os procedimentos disciplinares punitivos dos servidores da administração centralizada e autárquica não regulados por lei especial passarão a ser realizados por unidade própria da Procuradoria-Geral do Estado, a Procuradoria de Procedimentos Disciplinares - PPD, cuja criação é objeto de projeto de lei complementar em fase de aprovação pela Assembléia Legislativa.
A PGE irá aprimorar suas atividades no quadriênio 2004-2007 por meio da melhoria quantitativa e qualitativa em face de suas múltiplas atribuições e novas competências; atualizará seus sistemas e equipamentos de informática, permitindo a formação de bases de dados consistentes que irão subsidiar a atuação do Procurador do Estado e viabilizar o planejamento estratégico e a implementação dos projetos de sua modernização. Pretende-se que a comunidade tenha acesso a parte desses dados, permitindo-lhe acompanhar os processos que tramitam pela PGE.

1.5 Parcerias

O novo papel do Estado e a agenda de desenvolvimento assumida por este governo por meio do presente PPA impõem um governo moderno que tenha a exata, dimensão do seu papel pró-ativo através de novos programas e instrumentos de atuação.
Entre os novos e mais modernos instrumentos de ação destacam-se as parcerias entre os setores público e privado (PPP). Essas parcerias são formas de gestão de projetos e serviços públicos que representam uma modalidade inovadora de colaboração, sobretudo para viabilizar projetos de infra-estrutura e a prestação de serviços de interesse público. Combinam elementos públicos e privados no tocante, natureza Jurídica, recursos financeiros e gerenciamento, e visam a maximizar os investimentos privados, que podem ser alavancados para atender ao interesse público. Paradas PPP, São Paulo se apresenta com longa experiência de respeito a contratos e regras claras em marcos institucionais estáveis.
Para o futuro próximo o governo do Estado de São Paulo enviará à Assembléia projeto de lei propondo nova legislação para reger essas parcerias.
Por outro lado, dada sua importância no conjunto da Federação, a parceria entre São Paulo e o Governo Federal é decisiva para que o País volte a crescer de forma sustentada a partir de uma inserção positiva na economia mundial. Um conjunto de investimentos estratégicos, tanto na área de infra-estrutura quanto na área social, é decisivo para que São Paulo possa contribuir para o aumento da competitividade dá produção brasileira e, através dela, das exportações.
Nesse contexto, os principais investimentos em infra-estrutura contemplados pertencem aos setores de transportes, infra-estrutura metropolitana, de água e saneamento e de energia. Na área social destacam-se parcerias em sistemas de aprimoramento da Segurança Pública e de estabelecimentos penais, em unidades de saúde e medicamentos de alto custo, além de atendimento a crianças, idosos, adolescentes e portadores de deficiência. Nos capítulos à frente, esses programas e ações serão detalhados.
O desenvolvimento regional sustentável também exige uma percepção espacial das ações que permita clara aderência entre a visão estratégica do Estado no longo prazo e as realidades regionais, aspecto que será mais adequadamente explorado no Capítulo 2.
Mas desde logo cumpre salientar que para dar maior efetividade às políticas públicas regionais o Estado poderá adotar o modelo de organização dos municípios em consórcios intermunicipais. Esse modelo de ação, baseado em parcerias entre o Estado, prefeituras e eventualmente também governo federal e sociedade civil, vem dando resultados positivos em experiências já realizadas, em áreas distintas, como é o caso dos consórcios do Pró-estrada, dos Consórcios Municipais de Saúde, dos Consórcios de Bacias Hidrográficas e dos Consórcios de Desenvolvimento Regional. Essas parcerias, de forma genérica aumentam a eficiência no atendimento das necessidades de cada município individualmente.   
Os consórcios serão estimulados, com autonomia regional e com as características organizacionais, para que permitam solucionar problemas de forma integrada, fortalecendo a cooperação como elemento catalisador das ações conjuntas dentro da realidade regional. Os consórcios serão, na execução do Plano Plurianual, a ponta de lança da ação governamental na busca da eqüidade de desenvolvimento, resgate do déficit social e geração emprego e renda.
4 Ver também o Capítulo 4.   
5 Um contrato de Parceria Público-Privada é aquele por meio do qual o particular assume a condição de encarregado de serviços, atividades, infra-estruturas, estabelecimentos ou empreendimentos de interesse público, sendo remunerado segundo seu desempenho, pelas utilidades e serviços que disponibilizar. Essas parcerias são caracterizadas pela repartição compartilhada entre os parceiros, dos investimentos, riscos, responsabilidades e ganhos. As condições para o estabelecimento de tais parcerias variam, mas geralmente envolvem o financiamento, projeto, construção, operação e manutenção dos equipamentos e serviços de infra-estrutura.

1.6    Síntese dos Capítulos: Programas e Ações do PPA

O PPA 2004-2007 inclui 212 Programas, com a seguinte distribuição segundo áreas de atuação: ....

Capítulo 1. Programas na Área de Gestão Pública (40 Programas)
Modernização e Reforma do Estado; Governo Eletrônico; Capacitação e
Promoção de Recursos Humanos - 11 Programas Reforma da Previdência e Ações no Campo Previdenciário - 8 programas Ações da Procuradoria-Geral em Defesa dos Interesses do Estado - 3 programas A Secretaria de Planejamento e a' Modernização do Processo Orçamentário - 7 programas
Aperfeiçoamento do Aparelho de Arrecadação e Fiscalização e as Ações da
Secretaria da Fazenda - 7 programas Ações da Casa Civil - 4 programas
Demais Programas do Executivo - 3 Programas Outros Poderes
Modernização dó Legislativo - 4 programas
Modernização do Judiciário - 7 programas
Ministério Público - 2 programas

Capitulo 2. Desenvolvimento Regional - 4 Programas
Regiões de São Paulo - 2 programas
Regiões metropolitanas — 1 programa
Região metropolitana da Baixada Santista — 1 programa

Capítulo 3. Desenvolvimento Social - 87 Programas
Educação - 10 programas Saúde — 13 programas.
Habitação Popular e infra-estrutura - 3 programas
Cultura, Esporte, Lazer e Juventude - 13 programas
Segurança Pública - 12 programas
Justiça - 21 programas
Emprego, Trabalho - 5 programas
Assistência e Desenvolvimento Social — 10 programas

Capítulo 4. Desenvolvimento da Infra-Estrutura - 37 Programas
Transportes - 11 programas
Transportes Metropolitanos - 4 programas
Energia - 9 programas
Recursos Hídricos - 8 programas
Saneamento — 4 programas
Obras -1 programa

Capítulo 5. Desenvolvimento Econômico - 31 Programas
Agropecuária e Agronegócios - 5 programas Estratégia de Indústria — 7 programas Serviços - 3 programas Turismo -1 programa
Ciência e Tecnologia e Tecnologia da Informação (Ações relacionadas à Economia do Conhecimento) —10 programas Recursos Naturais e meio ambiente - 5 programas.

Sínteses dos Programas e Ações do PPA
PLANO PLURIANUAL 2004 2007




























CAPITULO II
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E METROPOLITANO

2.1 O Enfoque Regional como Instrumento para a compreensão dos problemas do Estado e para a Formulação de Políticas Públicas
2.2 As Regiões de São Paulo
2.3 As Regiões Metropolitanas
2.4 Região Metropolitana de São Paulo
2.5 Região Metropolitana de Campinas
2.6 Região Metropolitana da Baixada Santista
2.7 Programas e Ações do PPA

2.1 O Enfoque Regional como Instrumento para a compreensão dos problemas do Estado e para a Formulação de Políticas Públicas

Na década de 70, em todo o Brasil, fora introduzidas importantes reformas nos padrões de gestão pública. Especificamente em São Paulo, o enfoque regional como instrumento para a formulação e implementação de políticas públicas foi introduzido e adotado de forma bastante ampla. O Estado foi dividido em regiões que passaram a pautar a ação pública, permitindo a homogeneização de bases de dados e a compatibilização das analises e avaliações que permitiam formular as políticas públicas setoriais. A regionalização do território permitia, igualmente, a ampliação da articulação entre essas políticas setoriais.
Desde então, em movimentos contraditórios, enquanto o debate sobre o assunto sofisticava-se, com participação crescente da universidade e dos segmentos responsáveis pelo planejamento das políticas públicas setoriais, a utilização de um enfoque regional único nas ações do governo diluía-se, com as ações governamentais pulverizando-se segundo uma estrutura setorial tradicional.
Historicamente, a lógica das estruturas setoriais de governo, em face da permanente insuficiência de recursos (humanos, financeiros e inclusive de gestão), é fundamentalmente pautada pela resolução de problemas imediatos e não por uma preocupação de planejamento estratégico para a construção do futuro. Ao mesmo tempo, as estruturas supra-setoriais, as quais compete em tese a gestão do planejamento estratégico, careceu por vezes o investimento político e gerencial que lhes consignaria a centralidade que é pressuposto da gestão estratégica.
Sem um enfoque regional unificado, sem processos permanentes e articulados de planejamento, perdia-se um importante instrumento. Cada Secretaria, segmento e órgão de governo passou a assumir a sua regionalização, a sua política, em busca de resultados imediatos, que, apesar de legítimos, enfraqueciam o resultado final da ação pública. As regiões foram sendo redivididas e reagrupados em função de problemas setoriais a enfrentar e não em função de uma visão de planejamento estratégico, contribuindo para que as políticas públicas permanecessem desarticuladas.
Evidentemente, não basta fazer coincidir os perímetros das regiões administrativas para garantir que as políticas setoriais sejam articuladas e ganhem eficácia. A região administrativa da Grande São Paulo, por exemplo, cujo perímetro sempre foi comum as diversas Secretarias para efeito de implementação de políticas públicas, não foi objeto de integração dessas políticas. Nessa região, como em outras, as políticas de habitação não mantém coerência com a de mananciais, assim como a de transportes não atende as necessidades da de habitação. Como resultado, proliferou, por décadas, não só o desperdício de recursos escassos, como também o enfraquecimento das políticas setoriais, tanto em termos de seus resultados sociais como na sua contribuição para o aumento da competitividades da economia paulista.
Nos anos 90, houve uma retomada no esforço de planejar, resultando na definição de novos formatos de organização da gestão pública, agora baseados em conceitos substancialmente distintos dos da década de 70. Nesse período, toda a reflexão sobre a regionalização buscou introduzir procedimentos de tomada de decisão pelo Estado que fossem descentralizados (ou seja, garantindo que as decisões), participativos (ou seja, garantindo tanto a presença de municípios como  da sociedade civil organizada nas decisões) e integrados (trazendo para as decisões tanto o cotejo das políticas setoriais, dos interesses públicos e privados e das três esferas de governo).
Esses princípios pautaram a formação de duas novas Regiões Metropolitanas, a da Baixada Santista e a de Campinas. Pautaram, também, a definição de uma estrutura de planejamento por bacias hidrográficas, o Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos, modelo esse reproduzido a seguir no governo federal e em grande número de Estados.
Curiosamente, na ausência de estruturas de tomada de decisão e de planejamento estratégico regionalizados ou, no mínimo, que refletissem sobre as questões regionais, o sistema de gestão de recursos hídricos, concebido como uma estrutura setorial, resvalava em definições que ultrapassavam sua competência, ressentindo-se da insuficiência dos processos mais amplos de planejamento estratégico.
Já as regiões metropolitanas criadas para Campinas e para a Baixada Santista tem estruturas gerenciais as quais compete planejar tanto do ponto de vista setorial (industria, agricultura, recursos hídricos, educação e transporte) como territorial (uso do solo, apropriação de recursos naturais), sendo necessário, para garantir esse esforço, fortes doses de suporte político e institucional.
Agora, no momento que o governo do Estado de São Paulo se prepara para apresentar, para a sociedade paulista e seus legítimos representantes, seu Plano Plurianual para 2004-2007, é o momento de retomar e aprofundar o enfoque regional como um instrumento fundamental para a formulação de Políticas Públicas.
Esse enfoque possibilita não só a maximização dos resultados da ação pública como muito mais, pois permite a integração de políticas, por meio da identificação de objetivos estratégicos comuns, da identificação e da minimização de conflitos e contradições, assim como garante ganho de sinergias como as diversas formas de organização da sociedade. O processo continuado de planejamento, quando estruturado com base na discussão local, na interlocução com diferentes segmentos interessados, e em procedimentos negociais, permite ganhos significativos para a gestão pública.
Nessa ótica, os critérios para a decisão a respeito de qual será a definição dos perímetros dessas regiões deixa de ser um problema setorial e passa a ser um problema estratégico, de governo.
No momento em que os procedimentos de planejamento voltam a ter centralidade nos processos de decisão pública, é preciso voltar a fazer novas escolhas, inclusive quanto aos novos perímetros a serem aplicados as regiões administrativas.
Não cabe, porém arbitrá-los, unilateralmente, ainda que com acuidade técnica. Pelo contrário, a regionalização e as políticas dela decorrentes partem do reconhecimento das identidades políticas e culturais, assim como dos padrões de ocupação do território e das sinergias econômicas de cada segmento do território paulista. Trata-se, fundamentalmente, de discussão a ser realizada de forma ampliada, com a participação política de segmentos variados, uma vez que definirá novos procedimentos de decisão governamental.
O Governador Geraldo Alckmin pretende realizar um grande esforço de articulação das diferentes políticas públicas, identificando as demandas locais e dando um tratamento regional para as decisões, enfrentando assim as questões de cada segmento do território de forma abrangente, pois acredita que desta forma os custos serão menores e os resultados maiores.
O Objetivo é, sem o abandono do enfretamento das questões emergenciais, que não são poucas, a formulação e a construção do futuro desejável, por meio do planejamento estratégico.
Na elaboração do Plano Plurianual 2004-2007, tomou-se como premissa que as regiões representam quadros diferenciados de desenvolvimento econômico e social, implicando, portanto, diversas estratégias de planejamento regional na implementação de ações de políticas públicas igualmente diversas.
Também tomou-se como premissa que as ações de governo devem estar sintonizadas como as necessidades, aspirações e desejos dos vários agentes econômicos e sociais, de forma a garantir um planejamento representativo das forças que agem na organização da economia, da sociedade e do espaço. Busca-se, assim, alcançar a formulação de estratégias territoriais consentâneas com a vontade regional.
O próprio desenvolvimento regional depende da participação ativa e integrada dos agentes sociais, econômicos e governamentais atuantes em cada segmento do território. Poder público, segmentos produtivas e sociedade são pilares fundamentais para a formulação de quaisquer ações voltadas ao desenvolvimento regional. A sinergia entre essas diferentes esferas pode criar as bases para o desenvolvimento socioeconômico, potencializado pela solidariedade e laços de confiança entre os agentes em torno de um projeto político comum: o do próprio desenvolvimento regional.
Assim, partindo dessas premissas, realizaram-se nas diferentes regiões do Estado diversas Audiências Públicas¹, fóruns regionais com amplo processo participativo e de consulta junto aos agentes públicos, privados e sociedade civil envolvidos na arquitetura, conscientização e implementação das ações de desenvolvimento socioeconômico em todo o território do Estado.
O resultado é um conjunto de demandas, as quais são a expressão do conhecimento das necessidades e vontades regionais, que passam a ser referência básica para as ações governamentais de articulação setorial-regional.
Esses procedimentos que precederam a formulação deste PPA manifestam o esforço do governo em promover o estreitamento da colaboração e do campo comum de ação entre as instâncias executivas da administração estadual, a iniciativa privada, o chamado terceiro setor, a União e os Municípios, com base em decisões construídas em comum, em prol do desenvolvimento econômico sustentável e, especialmente, de mais equidade social.
Mesmo antes da exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece a obrigatoriedade de audiências publicas, o Governo de São Paulo já as havia adotado para a feitura do Plano Plurianual 2000/2003. Isso indica claramente que estas se vem afirmando como instrumento de participação da sociedade.
Neste ano foram realizadas 19 audiências públicas, estrategicamente distribuídas de forma abarcar a totalidade das regiões do território paulista, com presença significativa de representantes dos poderes públicos, da iniciativa privada, da sociedade civil organizada, das universidades e a própria comunidade.
Reforçou-se, nesse processo, a concepção já assumida de enfoque multissetorial, integrando a analise de problemas e a definição de estratégias de governo, rompendo os limites típicos de ações segmentadas, restritas ao âmbito de cada órgão ou Secretaria de Estado. Amplia-se o potencial das ações governamentais, em particular nas articulações setor-espaço. Da mesma forma, ganha-se nova capacidade de sinergia entre iniciativa privada e setor público, gerando alternativas para alavancar a competitividade da economia paulista e para promover o desenvolvimento regional.
Dessa forma, as Audiências Públicas não foram aos isolados, mas fizeram parte de uma estratégia de planejamento, de um processo que se auto-alimentará, ao longo dos quatro anos de validade do PPA, por ocasião das audiências públicas anuaí a serem realizadas para a elaboração das LDO’s. Nessas oportunidades, as demandas levantadas passam a será analisadas no contexto de cada uma das regiões, qualificadas por meio de diagnósticos regionais e compatibilizadas com a elaboração de planos de intervenção governamental.
Planejamento é um processo permanente, não se esgotando neste PPA. Daí a opção por um processo de planejamento no qual a territorialidade das ações será
¹ O documento “Audiências Públicas LDO 2004 – PPA 2004/2007 Relatórios Regionais” foi disponibilizado para todas as Secretarias de Estado, outros órgão de Governo e Assembléia Legislativa. Está também disponível na internet.
permanentemente explicitada e os diferentes segmentos sociais de cada região serão chamados não só a identificar os problemas que obstaculizam o desenvolvimento social e econômico, como também a construir políticas para enfrentá-los. Fóruns Governo Presente, Comitês de Bacias², Conselhos das Regiões Metropolitanas, Consórcios Municipais e as microrregiões serão agentes pró-ativos desse processo.
Entre outras iniciativas para aprimorar políticas regionais, destacamos:
Articular a implantação de agências regionais de desenvolvimento;
Criar condições de competitividade, identificando e monitorando as ações para a eliminação de gargalos que restringem as oportunidades regionais;
Implantar infra-estrutura de pesquisa regionais e serviços especializados;
Promover a implantação de processos que incorporem proteção ambiental e a segurança industrial;
Promover o aprimoramento técnico aos municípios e a gestão;
Desenvolver projetos para orientar a aplicação de recursos de fundos regionais;
Desenvolver projetos de produção mais limpa nas indústrias paulistas;
Desenvolver estudos, pesquisa e monitoramento de regiões sujeitas a situações de risco;
Apoiar a implantação do sistema integrado de hidrometeorologia do ESP;
Promover estudos de prospecção de demandas locais e regionais.
Promover articulação dos programas de atendimento as comunidades indígenas.

2.2 As Regiões de São Paulo

Desde a década de 70 teve inicio um processo de “interiorização do desenvolvimento” que levou o interior paulista a se destacar no processo de crescimento econômico do Estado, até então concentrado na capital.
Esse movimento de descontração econômica pode ser explicado por vários fatores, de intensidade e natureza diversas, que ocorreram ao longo das ultimas três décadas. De um lado, as deseconomias de aglomeração, expressas na saturação da infra-estrutura de transporte, na valorização imobiliária, nas restrições impostas pela legislação ambiental, “expulsavam” os investidores da capital. De outro, as ações governamentais indutoras do crescimento industrial, os investimentos estatais em infra-estrutura energética e de transportes e o crescimento da agroindústria atraiam os investidores para o interior do Estado.
Hoje, portanto, o Estado de São Paulo conta com uma economia dinâmica, com vários pólos importantes espalhados por seu território, cujas especificidades estão sendo levadas em conta na concepção deste Plano Plurianual.

2.2.1 Região Administrativa de Araçatuba


2.2.1.1 Caracterização

A Região Administrativa de Araçatuba é composta por 43 municípios. Sua estrutura viária a torna importante rota de passagem do tráfego destinado ao centro-oeste do país. A região é cortada pelas Hidrovia Tietê-Paraná, Ferrovia Novoeste S.A. e Rodovia Marechal Rondon.
A economia regional baseia-se na agropecuária, sendo o principal centro estadual de comercialização de bovinos. Vem se configurando, também, como fronteira de expansão do cultivo de cana-de-açúcar. Na indústria, além do processamento de produtos agropecuários, com peso importante, destaca-se a indústria calçadista de Birigui.
A presença do Gasoduto Brasil-Bolívia e a existência de um pólo gerador de energia hidrelétrica de Jupiá, Ilha Solteira e Três Irmãos, ao lado da viabilidade de exploração das atividades turísticas da Hidrovia Tietê-Paraná, dos lagos, rios e paisagens privilegiadas, são destaques do setor terciário, com possibilidade de dinamizar a economia regional.

2.2.1.2 Potencialidades e necessidades

Implementação de ações no setor agropecuário, como a dinamização do Programa de Extensão Rural, a aplicação de recursos do Fundo de Expansão da Agropecuária e da Pesca-FEAP, a disponibilização de suporte tecnológico, pesquisa e laboratórios para os agronegócios regionais.
Exploração do turismo na Hidrovia Tietê-Paraná, com implantação de infra-estrutura, nas áreas dos lagos, e implementação de programas de turismo pesqueiro.
Melhoria da infra-estrutura viária, incluindo a operação do Porto Fluvial de Pereira Barreto.
Integração do Programa de MIcrobacias Hidrográficas com outras ações que visem a preservação ambiental.
Implementação de políticas de inclusão social, como a implantação ou a ampliação de programas de geração de emprego e renda, qualificação profissional e atendimento a crianças e idosos.
² Fóruns criados por lei em 1991 que articulam governo estadual, governos municipais e usuários de água (governos e setores da economia) para discutir planejamento estratégico de uso da água.

2.2.2 Região Administrativa de Barretos

2.2.2.1 Caracterização

A Região Administrativa de Barretos é composta por 19 municípios e é cortada pelas rodovias Brigadeiro Faria Lima, Armando Salles Oliveira e a Assis Chateaubriand. É servida também pela Ferroban e está na área de influencia da Hidrovia Tietê-Paraná.
A região tem sua base econômica na agropecuária, com destaque para as culturas de cana-de-açúcar, laranja, milho e soja, e sua estrutura industrial é direcionada ao processamento de produtos agropecuários. As agroindústrias concentram-se, principalmente, nos municípios de Bebedouro, Guairá, Olímpia e Barretos.
O turismo tem sido importante na geração da atividade econômica do município de Barretos, em função da grande tradição de rodeios, exposições e festas rurais, herdada do período em que a criação de gado era sua principal atividade econômica.
Os pequenos municípios da região encontram-se polarizados por municípios maiores e mais ricos, como Bebedouro, por exemplo, que é sede de grandes empresas de processamento de laranja e exportadoras de suco cítrico.

2.2.2.2 Potencialidades e necessidades

1.    Dinamização do espaço econômico regional, buscando a diversificação das atividades agropecuária e industrial.
2.    Apoio as micros, pequenas e médias empresas do setor agroindustrial, tendo em vista a base agropecuária da economia regional.
3.    Implantação de políticas de fomento ao turismo de eventos, ecológico e rural, envolvendo treinamento de mão-de-obra.
4.    Recuperação de estradas vicinais, objetivando o melhor escoamento da produção.
5.    Implantação de políticas de ocupação e uso do solo, que levem em conta a preservação ambiental, e complementação das redes de saneamento básico.
6.    Implementação de políticas de inclusão social, tais como: os programas de qualificação e capacitação profissional; de gestão de emprego e renda; e de atendimento ao idoso e à família.

2.2.3 Região Administrativa de Bauru
2.2.3.1 Caracterização

A Região Administrativa de Bauru é composta por 39 municípios e ocupa posição privilegiada para comércio, comunicações e transportes, em função de sua localização central, no Estado, e de se constituir um importante entroncamento rodo-hidro-ferroviário. Sua malha viária inclui as rodovias Castelo Branco e Marechal Rondon, ferrovias, o aeroporto de Bauru e a Hidrovia Tietê-Paraná. A região é servida pelo Gasoduto Brasil-Bolivia.
Tem como base econômica a agropecuária, sendo a cana-de-açúcar sua principal lavoura. Sua indústria está calçada em atividades de beneficiamento agropecuário e na produção de bens finais. A parte sudeste da região concentra a maior parte das indústrias, principalmente nos municípios de Bauru e Jaú, onde se localiza importante pólo calçadista.
As atividades terciárias estão em grande parte, localizadas no municípios de Bauru e, em menos escala, nos de Jaú de Lins. Bauru ostenta um comércio dinâmico, é entreposto de grande expressão e possui hospitais de referência nacional. O turismo é outra atividade importante para a economia regional, dada a presença da Hidrovia Tietê-Paraná e a riqueza arquitetônica de edificações erguidas no auge do período cafeeiro.

2.2.3.2 Potencialidades e necessidades

1.    Fomento a diversificação da agropecuária e implantação de novas agroindústrias, visando a aproveitar a matéria-prima local e gerar emprego e renda.
2.    Qualificação e capacitação de mão-de-obra, em especial daquela desempregada pela mecanização da colheita de cana de açúcar.
3.    Dinamização da economia regional através da ampliação do turismo cultural de lazer etc.
4.    Melhoria da infra-estrutura viária e aproveitamento do potencial do Gasoduto Brasil-Bolivia.
5.    Melhoria da infra-estrutura urbana, incluindo a expansão das redes de saneamento básico, e desenvolvimento de ações de preservação ambiental, para enfrentar os problemas de erosão e assoreamento dos cursos d’água.
6.    Implementação de ações sociais, envolvendo as áreas de saúde, educação, incluindo qualificação e capacitação da mão-de-obra, segurança pública e assistência social.

2.2.4 Região Administrativa de Campinas
2.2.4.1 Caracterização

A Região Administrativa de Campinas é formada por 90 municípios, dos quais 19 compõem a Região Metropolitana de Campinas. Na sua infra-estrutura viária, destacam-se o Aeroporto de Viracopos, a densa malha rodoviária, ferrovia e a Hidrovia Tietê-Paraná. A região é servida pelo Gasoduto Brasil-Bolivia.
Sua estrutura produtiva é bastante complexa, apresentado uma agricultura diversificada, fortemente encadeada com a agroindústria, com elevada participação de produtos exportáveis ou destinados ao mercado urbano de maios poder aquisitivo.
O parque industrial tem forte presença de industrias que se articulam em complexas cadeias produtivas e de empresas de alta tecnologia, que incluem, por exemplo, o pólo petroquímico de Paulínia, industriais do setor automotivo e de telefonia móvel e as empresas ligadas a nova tecnologia de informação.
O setor terciário é moderno e diversificado, abrigando, entre outros, o segundo maior Hospital das Clínicas do Estado e universidades e instituições de pesquisa, que lhe permitem possuir um dos mais importantes sistemas científicos e tecnológicos do pais. O turismo é atividade de destaque, principalmente nas estâncias hidrominerais e nas áreas de turismo rural, parques temáticos e exposições periódicas.

2.2.4.2 Potencialidades e necessidades

1.    Expansão das funções básicas da economia regional, através do apoio a constante modernização tecnológica e produtiva dos setores mais dinâmicos e a dinamização das micros, pequenas e médias empresas, especialmente nas localidades menos desenvolvidas.
2.    Incentivo ao turismo regional já instalado e aos novos empreendimentos turísticos e de lazer.
3.    Aprimoramento da infra-estrutura viária e urbana, envolvendo a ampliação do Aeroporto de Viracopos, melhoria dos transportes metropolitanos, expansão das redes de saneamento básico entre outros.
4.    Utilização do gás natural do Gasoduto Brasil-Bolivia, para geração de energia elétrica.
5.    Desenvolvimento de ações de preservação do meio ambiente, especialmente dos recursos hídricos, envolvendo a despoluição de rios e a preservação ambiental das bacias hidrográficas.
6.    Implementação de políticas sociais e de geração de emprego e renda, incluindo programas de assistência social, saúde, educação, segurança pública e qualificação e capacitação profissional.

2.2.5 Região Administrativa Central
2.2.5.1 Caracterização

A Região Administrativa Central é composta por 26 municípios. Sua privilegiada posição geográfica possibilita a utilização de um sistema viário multimodal, composto por importantes rodovias que tem como eixo a Rodovia Washington Luiz, ferrovias e um grande numero de vias secundárias, para o relacionamento com outras regiões do Estado e do país. Araraquara e São Carlos possuem aeroporto e são entroncamento da infovia, uma rede de comunicação de alta velocidade com tecnologia de fibra óticas, que interliga as principais cidades do país. A infovia passa por Araraquara, seguindo a malha da Rodovia Washington Luiz (SP-310) e da Rodovia Machado Santana (SP-225).
A região tem a agropecuária com a base da sua economia. As principais atividades econômicas são o cultivo e o processamento agroindustrial de citros para exportação e de cana-de-açúcar. Destaca-se, ainda, a indústria mecânica, com forte influência na fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas.
Araraquara e São Carlos abrigam importantes campi universitários e centros de pesquisa, que atraem empresas industriais e prestadoras de serviços a região, como é o caso do pólo aeronáutico e aeroespacial da Embraer, em Gavião Peixoto. Em São Carlos, localizam-se inúmeras empresas de base tecnológica, atuando nas áreas de automação, instrumentação eletrônica, mecânica de precisão, química fina, ótica, novos materiais etc.

2.2.5.2 Potencialidades e necessidades

1.    Diversificação da produção local, através do apoio aos pequenos empresários e proprietários rurais, e adensamento das cadeias produtivas.
2.    Aproveitamento da capacitação cientifica e tecnológica das universidades e centros de pesquisa da região, para promoção do desenvolvimento socioeconômico e do aumento da produtividade e competitividade das empresas.
3.    Melhoria e/ou expansão do sistema viário, para o escoamento da produção, e das redes de saneamento básico.
4.    Implementação de uma política de desenvolvimento sustentável, para a região, envolvendo ações de recuperação do meio ambiente.
5.    Qualificação e capacitação de mão-de-obra, para adaptação do trabalhador, especialmente daquele desempregado pela modernização da atividade agrícola, as novas atividades que vem surgindo, na região.
6.    Implementação de ações de inclusão social, envolvendo programas de saúde, segurança, pública, educação e assistência social.

2.2.6 Região Administrativa de Franca
2.2.6.1 Caracterização

A Região Administrativa de Franca compõe-se de 23 municípios. Sua principal via de acesso a Capital é a Rodovia Anhanguera. A Rodovia Cândido Portinari, que se estende no sentido norte-sul, paralela a primeira, ligando Franca a Ribeirão Preto, é o principal canal de escoamento da produção regional.
O principal produto agropecuário é a cana-de-açúcar, mas destacam-se, também, as culturas de soja, milho e café. A parte mais ao norte da região possui terras de menor qualidade, com formação típica de cerrado, motivo, pelo qual, historicamente, se dedicou mais a pecuária.
Entre os rios Pardo e Sapucaí, as terras de excelente qualidade permitiram o desenvolvimento da agroindústria de açúcar e álcool e de processamento de soja, concentradas em São Joaquim da Barra, Orlândia, Morro Agudo, Sales de Oliveira e Batatais.
Franca é um dos principais pólos calçadistas do país e o maior núcleo exportador de calçados masculinos, além de importante pólo diamantífero, com atividades de lapidação e ourivessaria. A presença da indústria de calçados atraiu curtumes, indústrias de borracha, de processamento de couros e de colas, formando um cluster de calçados, em Franca e municípios vizinhos.
O setor terciário, especialmente o comércio e o turismo, tem apresentado dinamismo. Os rios e a topografia da região estimulam o turismo ecológico.

2.2.6.2 Potencialidades e necessidades

1.    Diversificação das atividades econômicas agropecuárias e industriais, visando a criação de novas oportunidades econômicas e de emprego, na região.
2.    Desenvolvimento de ações que visem a agregação de valor aos produtos do setor coureiro-calçadista e a redução dos resíduos industriais, objetivando seu reaproveitamento.
3.    Melhoria da infra-estrutura viária, para o escoamento da produção, e das redes de saneamento básico.
4.    Desenvolvimento de ações de preservação ambiental, incluindo o reflorestamento e a recomposição de matas ciliares.
5.    Criação de uma agenda de desenvolvimento para o turismo ecológico, cultural e de lazer, na região.
6.    Implementação de ações sociais, especialmente nas áreas de saúde, educação, segurança pública e assistência social, envolvendo programas de qualificação e capacitação profissional e de geração de emprego e renda.

2.2.7 Região Administrativa de Marília
2.2.7.1 Caracterização
A Região Administrativa de Marília compõe-se de 51 municípios. Sua interligação com outras regiões do Estado e do país é feita através das rodovias estaduais, como a Abrão Assed e a Comandante João Ribeiro de Barros, e da rodovia federal BR-153. Outra opção de acesso é o transporte hidroviário, possibilitado pelo Terminal Intermodal de Pederneiras, na Hidrovia Tietê-Paraná, e o transporte aeroviário, através dos aeroportos de Marília, Ourinhos, Assis e Tupã.
A região tem como base produtiva a agropecuária, sendo que a tradicional cultura do café vem sendo renovada e a produção agrícola diversificada. São importantes a cana-de-açúcar, a pecuária leiteira e de corte e a avicultura.
A estrutura industrial, fortemente direcionada ao processamento de produtos agropecuários, encontra-se relativamente espalhada em diversos municípios.
No setor terciário, a região possui várias instituições de ensino superior, com destaque para a área de medicina. Além disso, seu patrimônio natural e a presença de estâncias termais e de importante acervo cultural lhe possibilitam o aproveitamento econômico do turismo.

2.2.7.2 Potencialidades e necessidades

1.   Estimulo ao setor agropecuário, através de assistência técnica e do apoio aos produtores agropecuários, visando a incrementar a produção e a produtividade, e ao setor agroindustrial, buscando agregar valor a produção primária.
2.    Aproveitamento do potencial de vários municípios para o turismo náutico, histórico, cultural, ecológico etc.
3.    Reforço do papel de Marília como centro regional de formação e prestação de serviços médicos e hospitalares.
4.    Melhoria da infra-estrutura viária, visando a facilitar o escoamento da produção, e das redes de saneamento básico.
5.    Aumento das ações de preservação ambiental, buscando proteger os mananciais, combater a erosão e o assoreamento dos corpos d’água e recompor as matas ciliares.
6.    Implementação de programas sociais, especialmente nas áreas de educação, incluindo programas de capacitação profissional, e de segurança pública.

2.2.8 Região Administrativa de Presidente Prudente
2.2.8.1Caracterização

A Região Administrativa de Presidente Prudente possui 53 municípios. Situada no extremo oeste do Estado, as margens da Hidrovia Tietê – Paraná, constitui-se um acesso tradicional ao Centro-Oeste brasileiro. A região é servida por ferrovia e pelas rodovias Raposo Tavares, Assis Chateaubriand e Júlio Budiski.
A economia regional é fortemente calçada no setor primário – com destaque para a pecuária e a cana-de-açúcar -, que não apresenta forte integração produtiva em direção a industria. Nesta, predomina a agroindústria, ligada a produção alimentícia de origem agrícola e animal, bebidas, líquidos e alcoólicos/vinagre e os frigoríficos. Existe um desequilíbrio espacial na localização das atividades industriais, uma vez que a maior parte dos estabelecimentos concentra-se nas proximidades do município de Presidente Prudente.
Além de problemas de titularidade das terras, os solos da região, por possuírem alto teor de areia, que gera problemas de erosão e déficit hídrico, também contribuem para o baixo dinamismo da agropecuária regional.
A localização da região, as margens da Hidrovia Tietê-Paraná, que propicia belas paisagens, com áreas de mata preservada e de grandes lagos, além das próprias barragens e eclusas, poderá dar á região um significativo dinamismo econômico.

2.2.8.2 Potencialidades e necessidades

1.    Incentivo a agropecuária, em particular aos pequenos agricultores, tendo em vista a base econômica regional estar centrada no setor primário.
2.    Apoio a expansão da agroindústria, para aproveitamento da produção agropecuária local e geração de emprego e renda.
3.    Incentivo ao turismo, principalmente ao aquático e de esportes náuticos, nos rios Paraná e Paranapanema.
4.    Melhoria e recuperação da malha viária, envolvendo rodovias estaduais e estradas vicinais, para facilitar o escoamento do produção regional;
5.    Implementação de ações de preservação ambiental, incluindo a recomposição de matas ciliares e a conservação do solo e da água, e expansão das redes de saneamento básico.
6.    Implementação de programas sociais, através de ações nas áreas de saúde, educação, incluindo capacitação profissional, segurança pública e assistência social.

2.2.9 Região Administrativa de Registro
2.2.9.1 Caracterização

A Região Administrativa de Registro é formada por 14 municípios. A Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), que liga São Paulo a Curitiba e corta a região longitudinalmente, estrutura seu sistema de transportes, constituindo-se uma rota para o sul do país e o Mercosul. Apesar de a região apresentar baixo desenvolvimento econômico, sua economia possui atividades nos segmentos agropecuário, agroindustrial, de mineração e de turismo. Na agricultura, predomina a produção familiar, e o principal produto comercial é a banana. Destacam-se, também, a pesca e o cultivo de chá, hortaliças, cebola e alho, além da pecuária.
Alem da agroindústria, os principais setores industriais são os de produtos químicos e metalúrgicos. No município de Registro, concentram-se pequenas e médias agroindústrias de processamento de banana e na produção de chá, que são importantes geradoras de empregos. A industria extrativa mineral, localizada principalmente em Cajati, tem papel fundamental, já que a região detém o principal potencial mineral do Estado.
O setor terciário vem se desenvolvendo, induzido pelo ecoturismo, aproveitando os atrativos das cavernas de Eldorado; das praias de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia; das áreas de pesca, como o Complexo Estuarino Lagunar de Iguape; das cachoeiras etc. A extraordinária riqueza ambiental dá à região um grande potencial de aproveitamento turístico, tendo em vista que diferentes ecossistemas forma ali o maior patrimônio de cobertura vegetal preservada do Estado de São Paulo.

2.2.9.2 Potencialidades e necessidades

1.    Desenvolvimento de ações de apoio a agricultura familiar, incluindo pesquisa agropecuária e extensão rural.
2.    Apoio as atividades turísticas, importantes geradoras de emprego e renda.
3.    Desenvolvimento de novas atividades econômicas compatíveis com a preservação do patrimônio ambiental da região.
4.    Melhoria da infra-estrutura viária e das redes de saneamento básico da região.
5.    Preservação ambiental, destacando-se, entre outros aspectos, a recuperação da matar ciliar do rio Ribeira do Iguape.
6.  Desenvolvimento de programas de geração de emprego e renda e sociais, especialmente nas áreas de saúde; educação, incluindo os de alfabetização de adultos e de capacitação e qualificação profissional; segurança pública; e justiça, buscando agilizar a regularização fundiária e o uso da terra.

2.2.10 Região Administrativa de Ribeirão Preto
2.2.10.1 Caracterização

A Região Administrativa de Ribeirão Preto é composta por 25 municípios e possui uma extensa rede viária. O município de Ribeirão Preto constitui-se um importante entroncamento logístico, onde se articulam a Rodovia Anhanguera e outras rodovias, possibilitam o acesso a diferentes regiões do Estado e do país, com uma linha-tronco da Ferroban e o Aeroporto Leite Lopes.
É um dos principais pólos econômicos regionais do Brasil, caracterizado pela elevada capitalização do setor agropecuário, pelo moderno setor industrial, com destaque  para a agroindústria sucro-alcooleira, e por um setor terciário diversificado e desenvolvido. Sua força econômica decorre de um conjunto de fatores: localização privilegiada, terra de ótima qualidade, presença de universidades e centros de pesquisa, mão-de-obra qualificada, boa infra-estrutura de transporte e comunicação e mercado consumidor dinâmicos, entre outros.
Ribeirão Preto é referencia nacional em serviços de saúde, atraindo pessoas de todo o Brasil a sua rede de consultórios, laboratórios, hemocentro e hospitais, principalmente para o Hospital das Clinicas da USP. Esse setor encadeia-se diretamente com a rede de serviços de apoio e com os segmentos industriais especializados que ali se implantaram.

2.2.10.2 Potencialidades e necessidades

1.    Incentivo a diversificação da atividade econômica – em especial da atividade agropecuária – e a produção das micros, pequenas e médias empresas do setor industrial, para a criação de novas oportunidades de emprego e renda.
2.    Melhoria da infra-estrutura viária, incluindo estradas vicinais, rodovias, ferrovias e aeroporto, para melhor escoamento da produção.
3.    Aproveitamento do ramal do Gasoduto Bolívia-Brasil e da co-geração de energia a partira da biomassa da cana-de-açúcar.
4.    Reforço do papel de Ribeirão Preto como pólo médico-hospitalar de referência nacional, incluindo apoio ao HC e treinamento de pessoal da área da saúde.
5.   Implementação de programas de preservação ambiental, com a recuperação das matas ciliares, controle da poluição atmosférica, da água e do solo, e expansão das redes de saneamento básico.
6.   Implementação de programas de geração de emprego e renda e sociais, especialmente nas áreas de saúde, educação, incluindo a capacitação e qualificação da mão-de-obra, segurança pública e assistência social.

2.2.11 Região Administrativa de São José do Rio Preto
2.2.11.1 Caracterização

A Região Administrativa de São Jose do Rio Preto localiza-se no noroeste do Estado e é composta de 96 municípios, que se interligam as avarias regiões do Estado e do país, através das rodovias Washington Luis, Assis Chateaubriand e Transbrasiliana (BR-153), de ferrovia e do Aeroporto Estadual Prof. Eribelto Manuel do Reino, localizado em São José do Rio Preto.
Sua economia é baseada na produção agropecuária que, além da pecuária de corte e de leite e da avicultura, se caracteriza pela produção de café, algodão, milho, cana-de-açúcar, cítricos, seringueiras e frutas. Fortemente integrada a ela, a região possui indústrias de alimentos, bebidas, líquidos alcoólicos/vinagre, frigoríficos, de borracha e de móveis, tendo destaque as grandes unidades processadoras de suco de laranja concentrado/congelado.
A estrutura do setor de serviços, no município de São José do Rio Preto, espelha suas funções regionais. Possui um comércio diversificado e modernos serviços pessoais e de apoio a produção, além de ser pólo educacional e médico-hospitalar, considerado centro de referência em diversas especialidades e na produção de equipamentos. O turismo é outra atividade de destaque dada a existência em diversas cidades de riqueza cultural e de lagos, praias fluviais, clubes náuticos e águas termais – além do represamento de rios, para a construção de usinas hidrelétricas, que resultou na formação de grandes lagos.

2.2.11.2 Potencialidades e necessidades

1.    Expansão dos agronegócios, especialmente nos pequenos e médios municípios, incluindo a capacitação e a formação de mão-de-obra, de forma a gerar emprego e renda.
2.   Reforço do papel de São José do Rio Preto como centro médico-hospitalar e produtor de equipamentos médico-cirúrgicos e aumento da produtividade e competitividade das micros e pequenas empresas, através da articulação das forças empreendedoras regionais, das instituições de ensino e pesquisa e do setor público.
3.    Apoio ao desenvolvimento do setor turístico regional, notadamente nos municípios de menor atividade econômica.
4.    Aprimoramento do sistema viário, para melhorar o escoamento da produção, a preços mais competitivos.
5.    Controle da erosão e da poluição da água e do solo, utilizando de forma racional os recursos hídricos para abastecimento humano e irrigação e recompondo as matas ciliares.
6.    Implementação de programas sociais, nas áreas de educação, incluindo capacitação e qualificação profissional, saúde, segurança pública e assistência social.

2.2.12 Região Administrativa de São José dos Campos
2.2.12.1 Caracterização
 
A Região Administrativa de São José dos Campos compõe-se de 39 municípios. É cortada pela Rodovia Presidente Dutra e pela ferrovia da MRS Logística, além de ser servida por outras rodovias que fazem a ligação com Minas Gerais, Litoral Norte, Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e o interior do Estado.
A região apresenta panorama econômico diversificado. Ao longo da Rodovia Presidente Dutra, há um eixo dinâmico com municípios industrializados e que apresentam complexa infra-estrutura urbana, mas, há, também, parcela de municípios cuja atividade econômica é centrada na agricultura de subsistência e nas atividades turísticas que estão em franca expansão.
A região apresenta uma estrutura industrial direcionada aos segmentos intensivos em capital e tecnologia, contando com grandes unidades ligadas aos setores químico e petroquímico, automobilístico, de telecomunicações, bélico, farmacêutico, veterinário e, sobretudo, aeronáutico, que inclui a Embraer e todo o cluster aeronáutico e aeroespacial, cuja produção constitui-se um dos principais itens da pauta de exportações do país.
Em São José dos Campos, encontram-se o Instituto Tecnológico da Aeronáutica-ITA, ligado ao CTA, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, além de inúmeras empresas do setor aeronáutico, constituído o maior pólo de alta tecnologia voltado a pesquisa, ao desenvolvimento e a produção industrial aeroespacial.
O turismo se desenvolve, principalmente, na área litorânea, na região serrana, em Aparecida do Norte e no “Vale Histórico”, cujo patrimônio foi construído durante os ciclos cafeeiro e aurífero.

2.2.12.2 Potencialidades e necessidades

1.    Intensificação do desenvolvimento dos agronegócios, com a expansão de produtos que utilizem a especificada da região e preservem seu meio ambiente.
2.    Estimulo ao adensamento da cadeia produtiva do setor aeronáutico – visando a formação de cluster exportador – e a diversificação da atividade econômica, em um numero maior de municípios.
3.    Apoio as atividade turísticas da região, dada a importância de seu patrimônio natural, histórico e religioso.
4.    Melhoria da infra-estrutura viária, para escoar a produção e facilitar o trânsito de pessoas, com ênfase na logística da cadeia automotiva e de autopeças.
5.    Desenvolvimento de ações de preservação e controle ambiental na bacia do Paraíba do Sul e de disposição adequada de resíduos sólidos, além de melhorias das redes de saneamento básico. 6.    Implementação de ações sociais, especialmente nas áreas de saúde, educação, segurança pública, justiça e de combate a pobreza rural.

2.2.13 Região Administrativa de Sorocaba
2.2.13.1 Caracterização

A Região Administrativa de Sorocaba compõe-se de 79 municípios. Possui posição privilegiada quanto a logística, sendo servida por rodovias como a Castelo Branco, a Raposo Tavares e a Santos Dumont, rede ferroviária e o Aeroporto Estadual de Sorocaba. O município de Conchas possui um porto fluvial, na Hidrovia Tietê-Paraná.
Apesar de a região apresentar expressivos indicadores econômicos nos setores agropecuário, industrial e de serviços, uma parte importante, localizada ao sul, sudoeste e sudeste, apresente fraca atividade econômica, baseada na agricultura familiar de subsistência.
Exceto nessas regiões, a agropecuária é bastante diversificada, incluindo a pecuária de corte e de leite, e a produção de carne suína, aves, ovos, café, citros, frutas, hortaliças, feijão e milho, além do reflorestamento.
A indústria regional é concentrada espacialmente no eixo da Rodovia Castelo Branco, com perfil bastante diversificado. Nos últimos anos novas empresas, sobretudo dos gêneros intensivos em capital, instalaram-se na região, atraindo diversas cadeias de fornecedores.
No setor terciário, destaca-se uma rede complementar de empresas prestadoras de serviços para a indústria e centros universitários, como o da Unesp, em Botucatu, importante no ensino e nas pesquisas de alta tecnologia, sobretudo na área biomédica.
Na região, há cidades históricas e locais de grande interesse ecológico, com potencial de exploração turística. O turismo tem especial importância para a população dos municípios que possuem extensas áreas de Mata Atlântica.

2.2.13.2 Potencialidades e necessidades

1.    Desenvolvimento de ações de apoio ao setor agropecuário, com implantação de sistema de oriental técnica de produção e comercialização para pequenos agricultores.
2.    Apoio a implantação de incubadoras de pequenas industrias e ao desenvolvimento de micros e pequenas empresas.
3.    Implantação de programas de fomento ao turismo regional, tanto o ecoturismo como o turismo histórico.
4.    Melhoria da infra-estrutura viária e das redes de tratamento de água e esgoto e aproveitamento econômico do tramo sul do Gasoduto Brasil-Bolivia.
5.    Desenvolvimento das atividades econômicas compatíveis com a preservação dos diferentes ecossistemas, em função de sua rica biodiversidade.
6.    Desenvolvimento de programas sociais, envolvendo ações nas áreas de saúde, educação, incluindo capacitação e qualificação de mão-de-obra, segurança pública e assistência social.

2.3 As Regiões Metropolitanas

A existência de três Regiões Metropolitanas no Estado de São Paulo revela, a um só tempo, a imensa complexidade da economia, da ocupação do território e, portanto, da gestão pública no Estado. Revela, igualmente, o seu enorme potencial.
Se de um lado as regiões metropolitanas concentram e potencializam os problemas das grandes desigualdades de renda e pouco planejamento estratégico, de outro lado estas regiões detém características que, corretamente tratadas, podem torná-las importantes agentes do desenvolvimento social e econômico do Estado e do País.
Nos anos 90, a redução do ritmo de crescimento econômico atingiu as regiões metropolitanas de São Paulo de forma contundente. O país foi levado a reestruturar rapidamente sua estrutura produtiva, e o impacto sobre esses aglomerados urbanos foi significativo. As três regiões metropolitanas, que respondem por 17% da área do Estado de São Paulo, abrigam 21 milhões de habitantes, representam 64% do PIB do Estado e 23% do PIB nacional, foram duramente atingidas.
Tendências latentes foram aguçadas, e assim, deseconomias decorrentes da concentração desordenada tornaram os custos imobiliários, de transporte de mão-de-obra e outros, proibitivos, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, tornando-a pouco atrativa para novos investimentos nos setores industriais tradicionais. Mesmo negócios já consolidados, preocupados em reduzir custos e aumentar sua competitividade deixaram essas regiões, localizando-se no interior do Estado ou em outras regiões do país.
Houve uma continuidade e aprofundamento da desconcentração das atividades produtivas. No entanto, por não ter sido feita organizadamente e, além disso, em meio a sucessivas crises econômicas que impediram a retomada de um crescimento sustentado, essa desconcentração acabou gerando novos problemas, principalmente de desemprego e, consequentemente, de aumento das desigualdades sociais. Não se realizou a expectativa de que se chegasse a “desafogar” as regiões metropolitanas.
Em meio a esse processo, por si já bastante intenso e de complexa gestão, as dificuldades econômicas pelas quais o país vem passando neste inicio de milênio, explicitadas especialmente pela dificuldade de retomar o crescimento de forma sustentada, atingem essas regiões de forma intensa, agravando os problemas e tornando ainda mais prementes as políticas públicas para sua solução.
O PPA pretende precisamente tentar romper essas dificuldades, a partir de uma combinação de políticas que consignam combater os problemas estruturais das regiões metropolitanas paulistas.
São Paulo não esta inventando esse caminho. Em todo o mundo as metrópoles estão passando por processos de adaptação. A maior parte das capitais européias, com grande destaque para Berlim, Londres e Paris, passou por processos de adaptação profundos. Metrópoles regionais, tais como Barcelona, Milão, Lyon, Roterdã, entre outras, adotaram planos de ação voltados para modernização dos respectivos territórios urbanos.
Entretanto, para se tornarem verdadeiros “motores do desenvolvimento” as metrópoles exigem investimento sob a forma de intervenções que transformem de maneira concreta o padrão de vida urbana da sua população. Para que o investimento feito pelo Poder Público promovo efetivamente o desenvolvimento urbano, e necessário que, ao lado da qualificação de alguns setores urbanos identificados como modernizadores, sejam também implementadas intervenções em setores precários da metrópole.
O equilíbrio desses investimentos é complexo e exige uma avaliação criteriosa das demandas. A existência de imensas áreas desprovidas de infra-estrutura básica não poderá ser “compensada” pela concentração de equipamentos e serviços muito avançados nas suas imediações. Vale lembrar algo simples que muitas vezes perdemos de vista: a qualidade urbana é resultado da clássica, e sempre complexa, conjugação entre a oferta de serviços de infra-estrutura básica (água e esgoto), de infra-estrutura viária, de transporte público, de sistemas de telecomunicações e de variadas formas de informação. Acrescente-se ainda a presença de recursos humanos qualificados e centros de ensino e pesquisa atuante.
A proposta do PPA é a estabelecer vínculos coerentes entre os diversos diagnósticos e propostas setoriais, para produzir ações concretas (projetos e obras). Tanto de iniciativa pública quanto privada, com base em processos continuados de participação organizada de todos os atores sociais urbanos. A participação não e um mero instrumento de legitimação da ação. Tal participação visa, sobretudo, a ampliar a margem de “acerto” na elaboração e implementação da intervenção proposta
Como a finalidade do PPA é a ação direta, e não a elaboração de um plano normativo de ordenação do território, sendo acima de tudo um “plano de ação” voltado para a realização de projetos e obras precisamente definidas, é vital para a sua consecução que as ações ali definidas sejam condutoras de processos de transformação do território. Da mesma forma, é vital que os procedimentos de decisão sejam definidos e acompanhados dentro de uma permanente apreciação da sociedade.
O principal traço das metrópoles brasileiras, não apenas no Estado de São Paulo. No âmbito da gestão, é a fragmentação administrativa caracterizada pela ausência de uma instancia que conjugue os municípios metropolitanos. A capacidade de gestão e a governabilidade das metrópoles dependem hoje do fortalecimento e redefinição de entidades metropolitanas já existentes. Essas novas formas de gestão devem ser formuladas a partir da revisão, atualização e modernização tanto das formas de associação intermunicipal como de articulação entre as esferas governamentais,  aprofundando os procedimento de cooperação em face de problemas comuns, cujas soluções se mostram mais racionais se enfrentadas conjuntamente.
No que toca as regiões metropolitanas brasileiras, a de São Paulo destaca-se das demais, entre outros fatores, por concentrar o maios contingente populacional, por apresentar a maior densidade demográfica (2.548,72 hab/km²) e por se relacionar intensamente no contexto regional – em um raio de 200 km – com um território ampliado, a Macrometrópole ou Complexo Metropolitano Expandido.
Esse complexo compreende, além da região metropolitana de São Paulo (17,9 milhões de habitantes), as regiões metropolitanas da Baixada Santista (1,5 milhão de habitantes) e de Campinas (2,3 milhões habitantes); as aglomerações urbanas de Sorocaba e do Vale do Paraíba; e microrregiões contidas no seu perímetro.
Nesse território está concentrado o mais avançado pólo produtivo, de pesquisa e tecnologia do país, que abriga as atividades metropolitanas típicas de centro financeiro, centro administrativo, centro direcional de empresas e organizações econômicas em geral, polarizadas na Grande São Paulo; centros de pesquisa e investigação cientifico-tecnologica, distribuídos pelo núcleo metropolitano, por Campinas e São José dos Campos; centros universitários e tecnológicos de formação de mão-de-obra qualificada (ao lado da Grande São Paulo, Santos, Sorocaba, Campinas, São José dos Campos); refinarias de petróleo (Baixada Santista-Cubatão, Vale do Paraíba, regiões de Campinas-Paulinea, Grande São Paulo-Capuava); amplos setores da produção industrial distribuídos ao longo das regiões de influência direta de pólos metropolitanos e dos que se caracterizam como capitais regionais; além de uma área portuária e retroportuária de grande capacidade, ainda que de implantação administrativa e operacional ineficientes (porto de Santos/Vicente de Carvalho-Guarujá).
Na década de 90, a redução nas taxas de crescimentos dos municípios sede e o crescimento das periferias é um fenômeno generalizado nas metrópoles brasileiras. No Estado de São Paulo, esse fenômeno é especialmente forte; na região metropolitana de São Paulo o Município sede São Paulo cresceu a taxas de 0,8% ao ano, enquanto os demais municípios cresceram a taxas medias de 2,9% ao ano; na região metropolitana de Campinas, o município sede cresceu 1,5% a.a. contra 3,3% a.a. nos demais municípios e na Baixada Santista, encontramos taxas negativas no município de Santos, -0,3% a.a. contra 3,1% a.a. nos demais municípios.
Campinas, o município sede cresceu 1,5% a.a. contra 3,3% a.a. nos demais municípios e na Baixada Santista, encontramos taxas negativas no município de Santos, -0,3% a.a. contra 3,1% a.a. nos demais municípios.

2.4 Região Metropolitana de São Paulo

2.4.1 Caracterização da RMSP

A região metropolitana de São Paulo¹, com 8.051 km², é formada por 39 municípios, sendo o de São Paulo com 1.509 km², o seu centro. Nessa região reside uma população de 17,9 milhões de habitantes e três características se destacam: 95,75% da população é urbana, 10,4 milhões estão concentrados no município de São Paulo e apenas 8 dos 39 municípios metropolitanos não formam um mancha urbana continua com os demais municípios². Os dados apontam que a participação da população do Município de São Paulo na RMSO vem reduzindo-se significativamente, com crescimento expressivo das periferias metropolitanas.
Os mapas a seguir mostram a divisão funcional dos municípios da região metropolitana de São Paulo classificados como diversificados, industriais, agrícolas e municípios dormitório.

¹ 7 Os municípios que compõem a região metropolitana são os seguintes: ao centro, São Paulo; a oeste Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Santa do Paranaíba, Itapevi, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Vargem Grande Paulista; a sudoeste, Taboão da Serra, Embu Itapecerica da Serra, São Lourenço da Serra, Embu-Guaçú e Juquitiba; a sudeste São Caetano do Sul, Diadema, Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, Ribeirão P ires e Rio Grande da Serra; a leste, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba, Suzano, Mogi das Cruzes Guararema, Biritiba Mirim, e Salesópolis; a nordeste, Guarulhos, Arujá e Santa Isabel; ao norte, Cajamar, Caieiras, Franco da Rocha, Mairiporã, e Francisco Morato.
² municípios não conurbados de Salesópolis, Biritiba-Mirim, Guararema, Santa Isabel, Mairiporã, Pirapora do Bom Jesus, Juquitiba e São Lourenço da Serra.
A mancha urbana metropolitana, que era de aproximadamente 1.765 km² em 1990, já chegou a 2.139 km². Grande parte deste incremento de área urbanizada ocorreu pela multiplicação de loteamentos populares – irregulares ou clandestinos – em áreas impróprias, geralmente em localizações classificadas como áreas de proteção aos mananciais metropolitanos. Foi uma ocupação desordenada, com baixos investimentos iniciais, tanto públicos quanto privados, que atingiu áreas de importância ambiental e legalmente protegidas, comprometendo recursos naturais e expondo essas populações a situações de risco.
A forma como tem avançado a urbanização nas bacias hidrográficas dos principais sistemas produtores de água da região metropolitana coloca em risco mananciais que deveriam permanecer protegidos da ocupação predatória. A região metropolitana de São Paulo, considerada de baixa disponibilidade hídrica, comporta uma das maiores aglomerações urbanas do país e depende atualmente da importação de 50% da água que consome de outras bacias.
Os subcentros regionais mais expressivos são quatro: Santo André (sudeste), na região do Grande ABCD, Guarulhos (nordeste), Osasco (oeste) e Mogi das Cruzes (leste).
Trata-se de pontos diferenciados do território metropolitano que concentram investimentos públicos e privados e têm uma oferta diversificada de equipamentos sociais e serviços, o que os torna pontos de irradiação de oferta de comércio e serviços para suas áreas de influência. Verifica-se também a partir desses subcentros a reprodução de padrões de expansão urbana semelhantes aos que se desenvolveram a partir do município sede da região metropolitana, São Paulo. Assim, os subcentros regionais desempenham papéis complementares ao do municípios sede e formam, em conjunto com os demais municípios metropolitanos, uma mancha urbana continua.
No decorrer da década de 80, o ritmo de crescimento na região metropolitana (1,89% a.a.) se reduziu a metade dos valores verificados na década anterior. O desaquecimento da economia no período, a redução na taxa de fecundidade, as políticas estaduais de descentralização do desenvolvimento industrial, bem como a busca por redução de custos por parte das empresas, explicam essa diminuição. Entretanto, é relevante observar que esse processo de desaceleração não se deu de forma uniforme, e enquanto o ritmo de crescimento da capital se reduzia significativamente, alcançando 1,18% ao ano na década de 80 e 0,88% ao ano na de 90, nos demais municípios metropolitanos sucedia o inverso, ocorrendo um expressivo crescimento populacional com valores médios de 2 e 9% a.a. nos anos 90. Em alguns municípios as taxas foram ainda mais expressivas, acima de 5% aa, como em Embu-Guaçu (5,13%aa); São Lourenço da Serra (5,40%a.a.), Caieiras (6,84%a.a.); Cabreuva (6,90%a.a.); Francisco Morato (5,32%a.a.); Itaquaquecetuba (5,75%a.a.); Arujá (5,16%a.a.) e Santana do Parnaíba (7,89%a.a.), confirmando o processo de periferização em escala metropolitana.
A análise por sub-regiões da metrópole na década de 90 acrescenta um aspecto significativo a compreensão das dinâmicas instaladas. Com exceção da sub-região centro (São Paulo) e sub-região sudeste (Santo André, São Caetano, São Bernardo do Campo, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) que cresceram respectivamente 0,88%a.a. e 1,56%a.a. próximo ou abaixo da media metropolitana de 1,63%a.a., todas as outras sub-regiões tiveram um crescimento superior, oscilando na faixa entre 3% e 5% e maior que 5%. Esse movimento indica que espaços regionais consolidados e mais antigos, como o município de São Paulo e a sub-região sudeste que contem o subcentro regional do Grande ABC paulista, estão em processo de desaceleração de suas dinâmicas populacionais, enquanto outras ainda em processo de consolidação mantém taxas de crescimento expressivas com a sub-região norte que cresceu 4,63%a.a. na última década, mantendo taxas próximas de 5%a.a. de décadas anteriores.
Na sub-região nordeste, polarizada por Guarulhos, verificou-se um crescimento populacional expressivo. A instalação do Aeroporto Internacional de Cumbica na década de 80, nos arredores do municípios de Guarulhos, provocou transformações significativas no quadro urbano deste municípios e seus arredores, especialmente na direção do aeroporto. Em 2000, Guarulhos se tornou o município mais populoso do estado, depois da Capital, com 1.072.717 habitantes. Ao longo da rodovia de acesso ao aeroporto desde Guarulhos a São Paulo multiplicaram-se os hotéis e atividades aeroportuárias e de serviços.
Esse movimento populacional revela uma situação paradoxal. Por um lado o crescimento expressivo das periferias metropolitanas com dispersão da população no território metropolitano – tanto da população de baixa renda quanto das classes mais favorecidas -, enquanto áreas urbanas com infra-estrutura e serviços estão sofrendo redução de população. A transformação funcional de espaços urbanos, especialmente na capital, tem sido acompanhada por uma redução no número de habitantes nas ares  mais estruturadas da cidade. Isso ocorreu na área central – Centro e bairro centrais – e também está ocorrendo em regiões com intensa dinâmica imobiliária no centro expandido. Os últimos dados censitários confirmam esse movimento: 53 dos 96 distritos do municípios de São Paulo estão perdendo moradores, e são distritos localizados no centro expandido entre os rios Pinheiros e Tietê, e distritos adjacentes. Como parte do mesmo processo, verificou-se o acréscimo significativo de moradores nos 43 distritos periféricos restantes, que são em grande parte regiões carentes de infra-estrutura e serviços públicos.
De acordo com estudos recentes, o déficit habitacional estimado na região metropolitana de São Paulo é de 596 mil unidades, praticamente metade do déficit do Estado de São Paulo. Como esse déficit está concentrado na faixa de renda de até três salários mínimos, seu atendimento depende da eficiência das políticas públicas metropolitanas, caso contrário o fenômeno das favelas na periferia tenderá a se agravar.
Embora o ritmo de crescimento da RMSP tenha se atenuado, o crescimento populacional em valores absolutos é expressivo (na década de 90 foi de 2,4 milhões de habitantes). Assim sendo, a população da região metropolitana em números absolutos cresceu na década de 90 15,70%, uma taxa de 1,63%a.a., enquanto a população em favelas cresceu 57,96%¹, uma taxa de 1,63%a.a., enquanto a população em favelas cresceu 57,96%¹, uma taxa de 5,21%%aa (ver tabela 2.3). Ao mesmo tempo se acentua o processo de dispersão de favelas no municípios metropolitanos.
Moram em conjuntos habitacionais de interesse social na região metropolitana de São Paulo aproximadamente 900 mil habitantes.
¹ O cálculo da população favelada foi feito com as informações disponíveis até o momento relativa aos setores subnormais em 25 municípios da região metropolitana, mas que congregam 95% da população metropolitana.
Desde a década de 70 o poder público – Estado e Município – construiu na região metropolitana de São Paulo aproximadamente 210.000 unidades habitacionais em conjuntos habitacionais de interesse social, sendo 130.574 unidades através da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP)², e 79.270 pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado (CDHU)³. Cotejando o estoque construído com os dados relativos ao déficit habitacional estimado na região, pode-se avaliar a dificuldade em atender a essa demanda, sobretudo se consideramos as dificuldades do setor público em suprir esta carência, e a baixa disponibilidade de financiamentos que atendam as faixas de renda de até três salários mínimos, onde esta concentrada a maior parte desse déficit.
Embora o volume da produção pública não dá conta das necessidades, a sua influência na qualidade do espaço urbano das periferias metropolitanas não pode ser desprezada. Os conjuntos habitacionais encontram-se concentrados nos municípios dormitórios de Carapicuíba, Itapevi, Jandira, e Franco da Rocha e nos distritos do extremo leste do município de São Paulo.
Apesar dos grandes investimentos nos serviços públicos de abastecimento de água e saneamento na década de 80 e das melhorias na acessibilidade e no transporte público, na década de 90, permaneceram insuficientes os serviços de saúde, educação, áreas de lazer e cultura, para atender ao expressivo contingente populacional ai instalado.
É conhecido que a universalização de determinados serviços urbanos, como o de abastecimento de água, impacta diretamente as condições de saúde da população, entretanto exerce pouca influencia nas dinâmicas de transformação nessas áreas, em comparação com melhorias nas possibilidades de mobilidade da população ou de acessibilidade a essas periferias mais distantes, como é o caso dos investimentos públicos mais recentes de melhorias no sistema de transporte urbano sobre trilhos, no sentido das periferias a leste e sudeste4, ou a construção de avenidas perimetrais de alcance regional que cortam periferias mais distantes, permitindo novas ligações entre regiões, como a de Guarulhos com o ABC paulista e o litoral, sem cruzar o Centro de São Paulo5.

2.4.2 As questões estruturais e conjunturais da RMSP

Para subsidiar decisões práticas de intervenção e gestão metropolitana, foi realizada uma extensa análise da realidade dos 39 municípios que integram a metrópole. O objetivo é a constituição de uma agenda para o planejamento metropolitano e para intervenções urbanas especificas em trechos precisos do território, envolvendo sempre aspectos multissetoriais e até mesmo supra-setoriais.
Tanto a constituição de uma agenda para planejar quanto a elaboração de propostas concretas para intervir no território deverão conter as duas dimensões da gestão urbana – a normativa e a executiva. Não é retórico afirmar que a simples articulação dessas duas dimensões será um considerável avanço para a criação de uma maior racionalidade no uso do território metropolitano.
As propostas devem ser estratégicas, isto é, conjugar diretrizes que visam a transformar a RMSP numa região socialmente equilibrada e moderna. De uma forma geral, as propostas se dividem inicialmente em dois grandes grupos de execução concomitante: aquelas que atendem as demandas de origem social e devem enfrentar os problemas e déficits internos, e aquelas que buscam consolidar a RMSP como um centro empreendedor com influência nacional. Os temas para a ação metropolitana devem voltar-se para as dinâmicas presentes tanto nos municípios metropolitanos como no Município Sede.
Dinâmicas dos municípios metropolitanos
•    Novos pólos de atração metropolitana: Osasco, Barueri, Guarulhos.
•    Antigos pólos industriais de municípios metropolitanos em processo de transformação funcional: Santo André, São Bernardo e Diadema.

² Até a extinção do Banco Nacional da Habitação – BNH em 1986, a produção habitacional da COHAB não se limitou ao município de São Paulo, tendo produzido 19.533 unidades nos municípios de Itapevi (4697), Guarulhos (476) e Carapicuíba (14360), correspondendo a 14,45% das unidades produzidas. Até 1999, a COHAB produziu 55 conjuntos habitacionais, sendo que 39 estão localizados no extremo leste do município, in SLOMIANSKY 2002.
³ Unidades Habitacionais por Gestão. Gerencia de Controle de Informações. GCI e Vice-Presidência SPE – CDHU 200. A CDHU produziu na região metropolitana 25% de sua produção total no Estado de São Paulo, das quais 51.834 unidades na capital e 27.886 nos demais municípios

4 Destacam-se as obras do Metrô no sentido leste (1982-1988) e seu prolongamento até Guaianazes, e sudeste no sentido Campo Limpo (2003), melhorias no sistema de trens metropolitanos (leste/oeste), a construção de corredores metropolitanos de ônibus, como o corredor São Mateus / ABC.
5 É o caso das avenidas Jacu Pêssego, do Iguatemi, da Passagem Funda e Aricanduva, nos quadrantes nordeste e sudeste, e o Rodoanel no trecho oeste.

•    Novos arranjos físicos sob a forma de “espaços controlados” (condomínios fechados, por exemplo): Barueri, Cotia, Arujá, Santana do Parnaíba.
•    Novos setores industriais: Arujá e Cajamar.
•    Pólo funcional de grande porte, com potencial de alcançar níveis elevados de auto-suficiência: Guarulhos / Aeroporto Internacional de Cumbica.
•    Municípios dormitório: Franco da Rocha, Ribeirão Pires, Poá, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos.
•    Impacto da presença ou potencial de grandes obras públicas: Traçado do Rodoanel, Traçado do Ferroanel, Orla Ferroviária, Realocação do Ceagesp.

Dinâmicas urbanas do Município Sede
•    Ampliação da precariedade em conjuntos habitacionais periféricos: Conjuntos Habitacionais nos municípios metropolitanos.
•    Impacto das novas acessibilidade viárias periféricas: Avenidas Aricanduva e Jacu Pêssego.
•    Novas Centralidades de Serviços Modernos: Águas Espraiadas, Av. Eng. Luiz Carlos Berrini, Rua Verbo Divino.
•    Disparidades sociais na ocupação residencial: Morumbi (Panamby e Paraisópolis).
•    Conjugação da fragilidade ambiental com altos índices de expansão habitacional precária e invasões: Área de Proteção ao Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo; APA da Várzea do Tietê.
•    Bairros centrais consolidados com forte processo de transformação de uso e processo de gentrification (expulsão da população de menor poder aquisitivo, melhorias que valorizam a região e “expulsam” a população de menor poder aquisitivo para áreas periféricas): Brooklin, Itaim, Tatuapé.
•    Novos setores com concentração de sedes de empresas: Vila Olímpia (Nova Faria Lima).
•    Verticalização residencial junto às saídas metropolitanas: Área urbana das rodovias Raposo Tavares e Regis Bittencourt
•    Esvaziamento residencial dos bairros centrais: Centro de bairros centrais (Barra Funda, Brás, Pari, Mooca, Bela Vista, Liberdade, Santa Efigênia, Campos Elíseos).
•    Áreas definidas pelo públicos municipal  para implantação de Operações Urbanas (1975/1997): Água Branca, Águas Espraiadas, Santana, Tucuruvi, Centro, Paraisópolis.

2.4.3 Programas, projetos e ações.
2.4.3.1 Elaboração de um Plano Metropolitano de Ações e Programas Integrados.

O Plano Metropolitano de Projetos e Ações Integradas deverá articular as diferentes diretrizes definidas nos planos e programas setoriais de escala metropolitana que oriental os grandes sistemas de infra-estrutura e estabelecer uma política de desenvolvimento metropolitano.
Foram selecionados os planos que envolvem o transporte público, a circulação metropolitana e acessibilidade, transporte de cargas, provisão de habitação e melhorias habitacionais, saneamento ambiental (água, esgoto, lixo e drenagem) e preservação de recursos hídricos. Essa seleção enfatiza a necessária relação entre funções urbanas cujos pontos de partida para elaboração de projetos obedecem a prioridades setoriais, mas que, no seu conjunto, interferem nas políticas de uso e ocupação do solo.
Entre os planos setoriais mais significativos destacam-se: Plano Integrado de Transportes Urbanos para 2020 – Pitu 2020 (transporte público e mobilidade); Rodoanel Metropolitano (circulação e acessibilidade); Ferroanel – (transporte de cargas); Plano Estadual de Habitação (provisão de habitação e melhorias habitacionais); Plano Diretor de Macrodenagem do Alto Tietê (drenagem urbana e pontos de inundação); Plano da Bacia do Alto Tietê (recuperar e conservar a qualidade da água na Bacia);  Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA) da Billings e Lei especifica; Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA) da Guarapiranga e Lei Especifica; Plano Diretor de Resíduos Sólidos da RMSP.
O resultado desses investimentos setoriais está diretamente associado a forma como são estabelecidas as prioridades de cada um dos setores e trabalhadas as suas interações. Além desse aspecto intersetorial, é necessário analisar também cada um desses planos e projetos selecionados, de um ponto de vista estritamente administrativo, isto é, procurando situá-los no interior dos municípios metropolitanos.
Por se tratar de uma série de planos e obras que envolvem investimentos de grande porte, é também indispensável analisar e propor as parcerias cabíveis com o governo federal, com instituições internacionais e com o setor privado. O fato de as ações relativas ao controle do uso e ocupação do solo serem de responsabilidade municipal, instância onde são formulados os planos diretores e a legislação de uso e ocupação do solo, produz claros conflitos de gestão na medida em que a instância formuladora de cada um dos planos selecionados acima e seu sistema de gestão (por exemplo, de recursos hídricos, de transporte público ou de saneamento básico e ambiental) dependem, para alcançar seus objetivos, de políticas de uso e ocupação do solo que são definidas e implementadas fora de seu sistema de gestão e controle.
No contexto metropolitano, onde as condições e interesses dos municípios são distritos e, algumas vezes, complementares, é evidente a necessidade de uma instância integradora, que defina parâmetros para o desenvolvimento metropolitano considerado os condicionantes impostos pelos planos e programas setoriais e os interesses metropolitanos. O planejamento urbano metropolitano, comprometido com o desenvolvimento econômico e social, não poderá mais prescindir de um território ordenado. A definição dos parâmetros e a busca de encaminhamentos de uma política de abrangência de escala metropolitana parte do pressuposto que não se trata de uma instância de governo, mas de instância de decisão colaborativa.
Portanto, a elaboração de um Plano Metropolitano de Projetos e Ações Integradas deverá conter uma dupla abordagem: partir de interesses e condicionantes metropolitanos e considerar, em outra escala, as necessidades e interesses de cada um dos municípios que a compõe. Tendo em vista a múltipla presença de instâncias municipais dotadas cada uma delas de regras, normas e planos diretores, um plano metropolitano torna-se em essência um proposição negociada em torno de vantagens e restrições comuns ao conjunto dos município envolvidos.

2.4.3.2 Precariedade urbana

A precariedade urbana em São Paulo é multifacetada. Hoje, depois de um processo de aprofundamento que vem ocorrendo há pelo menos quatro décadas, se apresenta de forma muito diversificada e complexa. Suas características mais essenciais são sem duvida de ordem material e, sobretudo traduzidas nos aspectos da vida cotidiana da população. A sua área de situação mais aguda no município de São Paulo é a periferia, na metrópole são os denominados “município dormitório”, áreas que se caracterizam pela baixa oferta de empregos e pela concentração de população de baixa renda em moradias precárias – produzidas ou não pelo poder público e que tem como traço principal a insuficiência de serviços básicos, como de educação, saúde e saneamento, e pela mobilidade limitada de seus moradores, dependentes de um transporte público de baixa eficiência. A precariedade assume também a configuração de um enclave urbano, isto é, inserida em áreas estruturadas da metrópole, na forma de ocupações, favelas e cortiços.
A maior parte dos planos e projetos previstos atinge positivamente as periferias metropolitanas. No entanto, consideramos que é necessária a elaboração de uma política urbana especificamente voltada para as “questões da periferia metropolitana”. O principal objetivo dessa política deverá será a melhoria de condições de habitabilidade, isto é, as condições da própria moradia, mas também da mobilidade das populações que vivem no conjunto de municípios denominados genericamente “municípios dormitório”. A qualificação metropolitana passa efetivamente por uma agenda ampla de questões voltadas para a organização da vida nesses municípios onde a concorrência de dois fatores está na origem do problema: a ausência de postos de emprego e a precária condição de mobilidade da população para os pontos de maior oferta.
Um programa de Requalificação Urbana nos Municípios Dormitório compreende um conjunto de ações, entre elas:
•    a gestão metropolitana da ilegalidade nos assentamentos populares, que deve estabelecer com os municípios as condições necessárias para aplicação do Estatuto da Cidade;
•    a construção de unidades habitacionais;
•    a requalificação de áreas de conjuntos habitacionais de interesse social;
•    a recuperação urbana e ambiental de áreas protegidas (área de proteção aos mananciais e áreas de proteção ambiental);
•    a urbanização de favelas e a atuação em cortiços.

2.4.3.3 Recuperação urbana e ambiental em áreas degradadas, de proteção aos mananciais e em áreas de risco.

Esses programas intersetoriais tem como meta o desenvolvimento urbano sustentável em áreas ambientalmente protegidas. Visam a múltiplos objetivos: a recuperação ambiental de áreas protegidas ocupadas ilegalmente, a proteção das áreas remanescentes e a prevenção de situações indesejáveis. A ênfase desses programas está na reurbanização dos assentamentos existentes (provisão de infra-estrutura e equipamentos sociais), no reassentamento habitacional de ocupações em áreas de risco; na proposição de medidas para o desenvolvimento econômico dos municípios que possuem parcelas significativas de seus territórios em áreas protegidas e na inserção social da população moradora.
A obtenção de desenvolvimento sustentável em qual escala – nacional regional, municipal, urbana e de bairro – significa o gerenciamento de objetivos muitas vezes conflitantes: o crescimento econômico, a equidade social e a sustentabilidade ambiental que não se alcança de forma automática senão a partira de uma série de acordos entre atores e gestores para conseguir adequado manejo do ambiente urbano e natural.

2.4.3.4 Requalificação urbanística dos Conjuntos Habitacionais de Interesse Social.

Este programa compreende a integração física, funcional e social de áreas formadas por conjuntos habitacionais de interesse social. Tem como meta a requalificação da área através de melhorias no interior do conjunto, de integração do conjunto com seu entorno e da integração do conjunto na cidade. Do ponto de vista social as proposições do programa se darão no âmbito da educação, cultura, saúde e esporte, de modo melhorar as condições de vida nessas áreas.

2.4.3.5 Adensamento habitacional de setores urbanos que estão em transformação funcional (Orla ferroviária)

Este programa visa o reaproveitamento de espaços intraurbanos, tais como os terrenos lindeiros ao leito ferroviário, da grande área denominado Orla Ferroviária. As mudanças de gestão e operação do sistema ferroviário paulistano, hoje privatizando, liberaram um considerável estoque de terras, que do ponto de vista legal permanecem propriedade pública, localizadas ao longo de seu trecho que atravessa o Município de São Paulo.
Pela própria conformação do sistema ferroviário, os terrenos associados ao seu funcionamento, tanto os espaços dos trilhos quanto os pátios de manobra, encontram-se hoje, devido a estas transformações, bastantes subtilizados. A localização estratégica dessas áreas, no interior de bairros de antiga urbanização e, bem servidos pelo transporte público, possuem na conjuntura atual um imenso potencial de renovação e refuncionalização de bairros tais como Água Branco, Bom Retiro, Pari, Mooca, Brás, Ipiranga, dentre outros. Situações semelhantes vividas por outras cidades, sobretudo européias, atestam o potencial de oferta de serviços e moradia em áreas plenamente servidas por infra-estrutura urbana.

2.4.3.6 Modernização e potencialização da RMSP

As metrópoles em todo o mundo estão vivendo um processo de modernização baseado, sobretudo, na sua capacitação para atuar como centros avançados do setor terciário avançado. Isso significa, basicamente, criar uma potente infra-estrutura de comunicação. Os programas já implantados ou em curso de implantação procuram cria uma metrópole de qualidade, explorando o potencial do fenômeno metropolitano contemporâneo criando as condições técnicas para o seu desempenho.

•    A Nova Indústria Metropolitana

Embora a tendência seja, evidentemente, a expansão do setor de serviços modernos, existe alguma evidência da permanência no território metropolitano de uma parcela da atividade industrial compatível com a metrópole terciária. Essa nova industria se distingue da “antiga” pela sua pequena escala e pelo fato de estar atrelada a demanda da atividade terciária. A reestruturação industrial é um fato que deve ser entendido pelo Estado como a modernização do território metropolitano tendo em vista a demanda por uma infra-estrutura técnica especifica.
Um exemplo dessa nova industria que tem origem no terciário avançado são as atividades e produtos publicitários e todos os desdobramentos que geram. A proliferação dos parques gráficos e centros de produção de vídeos e filmes é um exemplo desse novo perfil industrial. As principais exigências dessas novas atividades são muito distintas daquelas feitas pelas montadoras do ABC nos anos 60, que demandavam grandes glebas, proximidade e sistema rodoviário moderno conectado com o porto e abastecimento de água abundante.
O dado importante desse novo perfil industrial, para o estabelecimento de uma política urbana voltada para a qualificação do território metropolitano, é a ausência de uma lógica de localização tão restrita quanto foi aquela que guiou o sistema industrial no período anterior. Hoje, a infra-estrutura tecnicamente moderna deve estar disponível em todo o território.

•    São Paulo Centro de Tecnologia e Pesquisa

Criação de empresa (São Paulo Tecnologia) conectada as Universidades Paulistas e à FAPESP, assim como a outros centros universitários, visando ao desenvolvimento de produtos pesquisados na esfera acadêmica.

•    Oferta ampla de Centros de Logística

Localização em municípios estrategicamente selecionados de Centros de Logística para atender os setores novos da economia.

•    Centro de Turismo de Negócios

Desenvolver a infra-estrutura necessária para cria condições concretas de converter São Paulo em centro de turismo de negócios. As exigências centrais são: segurança pública; presença diversificada e de qualidade de atividades culturais de padrão internacional, como, por exemplo, teatros, salas de concerto, museus e etc.

•    São Paulo Centro de Referência em Saúde

Estimular e ampliar a presença de centros de saúde avançados reconhecidos no Estado de São Paulo, no Brasil e na América Latina.

•    Centro de Referência de Ensino Superior

2.4.3.7 Um novo instrumento de planejamento e ação para o governo do Estado.

Zona de Interesse Metropolitano – ZIM

A Zona de Interesse Metropolitano organiza-se como uma unidade urbana que incorpora aspectos físicos, espaciais e funcionais do território. A sua definição possibilita a consideração simultânea de questões que devem ser tratadas no contexto de um plano urbano e outras cuja características impõem a necessidade de abordagem através do projeto urbano.
Assim, a Zona de Interesse Metropolitano está baseada em uma dupla premissa de trabalho. A primeira relaciona-se a indispensável necessidade de estabelecer um plano que contemple as questões consideradas de âmbito sistêmico e global, levando em conta a inserção da Zona na área metropolitana. A segunda premissa está associada ao conjunto de questões que emergem da análise dos problemas e das potencialidades identificadas como pertencentes à escala local.
Um dos mais importantes objetivos para a criação e implantação de uma Zona de Interesse Metropolitano é o de promover a articulação e, consequentemente, a integração entre as duas escalas do território que emergem em pontos precisos do município e da metrópole, capazes de criar o indispensável dialogo entre as lógicas urbanas globais e setoriais. Busca-se através de sua criação identificar pontos do território urbano onde a presença de equipamento de escala metropolitana incidem em áreas que permaneceram com uma forte organização local. A convergência de problemas e de oportunidades de intervenção tornam esses pontos do território lugares propícios para a instalação de políticas públicas, tanto em nível do plano conjunto quanto de projetos urbanos específicos, tanto pelo seu conteúdo programático quanto pela sua configuração físico-espacial.
A União, o Estado e o Município possuem interesses comuns na área em questão. São detentores de imóveis e de equipamentos urbanos e de infra-estrutura com competências e atribuições legais a serem exercidas na região. Constitucionalmente, cabe aos três níveis de governo promover a manutenção, a ampliação e o desenvolvimento das condições materiais, culturais e ambientais da vida urbana. Com a criação de uma ZIM o Governo do Estado chama para si a iniciativa legal de estabelecer ZIM’s nas áreas (entorno/perímetro de ação) onde as suas diversas secretarias estão implementando seus projetos específicos.
A área deve recebera grande quantidade de investimentos, previstos pelos três níveis de governo, em função de sua importância na estrutura metropolitana. Assim, para propiciar o máximo de aproveitamento dos recursos mobilizados pelo Governo do Estado, toda a ação será através da articulação e integração dos órgãos e entidades com atuação na área.
A construção de um projeto único, de interesse metropolitano, que integre os demais planos, projetos e programas deverá ser coordenado por entidade pública de planejamento com atribuições técnicas e jurídicas para tal.
A concretização desse instrumento (ZIM) pressupõe a criação da Agência de Desenvolvimento Urbano Metropolitano.

Critérios para o estabelecimento de uma Zona de Interesse Metropolitano:

•    Acatamento e reconhecimento da importância das metas estabelecidas e priorizadas por um Plano Geral Metropolitano.
•    A constatação de dinâmicas de transformação oriundas de políticas abrangentes e sistêmicas, sobretudo aquelas que estão associadas aos projetos de infra-estrutura e transporte público.
•    Estabelecimento de um quadro que contemple o conjunto de ações públicas e privadas em andamento no setor a ser definido como ZIM;
•    Possibilidade de criar uma “peça urbana” sobre a qual o Plano/Projeto deverá considerar os seguintes elementos:
a procura de continuidade na trama viária deverá garantira a integridade do espaço proposto para a intervenção ;
perímetro proposto criará um trecho urbano que permanecerá submetido a um tratamento jurídico e institucional especial.
tanto a definição quanto a reavaliação do perímetro nas primeiras etapas do trabalho devem submeter-se as dinâmicas de trasnformação em curso.
•    Estabelecer estratégia de ação para que dentro de um cronograma preciso o conjunto de obras propostos no interior da ZIM possa efetivamente ser executado pelo poder público nas suas várias instancias: municipal, estadual e federal, e pelas possíveis parcerias que se estabelecem.
•    tendo em vista uma nova organização espacial da ZIM, ficam também definidas áreas adjacentes complementares e candidatas ao mesmo processo de intervenção
•    estabelecer relações e articulações funcionais e espaciais para que a área opere de forma integrada.
•    Estabelecer relações de complementaridade entre os equipamentos públicos e privados situados na área.

2.5 Região Metropolitana de Campinas

Nos últimos 30 anos a evolução socioeconômica e espacial da Região Metropolitana de Campinas (RMC) transformou-a num espaço metropolitano com uma estrutura produtiva moderna, com alto grau de complexidade e grande riqueza concentrada em seu território. Tornou-se o terceiro pólo industrial do país, respondendo por 9% do PIB do Estado de São Paulo.
Desde a década de 1970, quando a cidade de São Paulo começou a reduzir sua função industrial, desenvolvendo novas funções e papéis, altera-se a relação entre metrópole e interior paulistas, com a desconcentração relativa da industria metropolitana. Coube a cidade de Campinas um papel relevante, tanto ao comandar a região que assumiu em definitivo a liderança da expansão industrial no interior como ao assumir papéis e funções que configuram uma nova metrópole, de âmbito regional.
Contando com rodovias de alto padrão, sofisticados complexos aeroportuário e médico/hospitalar, áreas de comércio atacadista (como o de combustível) e importante centro de ensino superior na área de ciência e tecnologia (que prepara mão-de-obra altamente qualificada), a região atraiu importantes investimentos, especialmente para o segmento de base tecnológica, que se intensificaram nos anos 90 em decorrência das transformações ocorridas no Brasil após a abertura da economia e o Plano Real. Consolidou-se como um pólo de indústrias de alta tecnologia (informática, micro-eletrônica, telecomunicações, química fina), que se beneficia da proximidade com universidades e centros de pesquisa cientifica e tecnológica da região.
Na década de 90, como resultado de políticas de estimulo – inclusive de investimentos federais que procuravam uma descentralização da indústria metropolitana devido ao agravamento das condições urbanas da Região Metropolitana de São Paulo – a região de Campinas tem sido a mais dinâmica das regiões do interior paulista, com conseqüente processo de urbanização que resultou em acelerado processo de “metropolização”.
O perfil industrial do interior aproximou-se do da região metropolitana da Capital, na medida em que o peso relativo de sua produção no total do Estado saltou de 30% em 1970 para 34% em 1975, 41% em 1980 e 51% em 2000.
Três características tem distinguido Campinas das demais regiões dinâmicas do Estado:
•    base produtiva diversificada, tanto na agricultura quanto nas atividades urbanas;
•    função de centralidade, que adquiriu ainda na economia cafeeira;
•    posição estratégica no território, como interface entre a Capital e o interior.
Em decorrência dos processos específicos da região (sociais, econômicos e demográficos), a configuração metropolitana de Campinas expandiu o delineamento de sua espacialidade urbana para fora das fronteiras da metrópole.
O aglomerado urbano campineiro vem se delineando como um processo nítido de ocupação das áreas periféricas, acompanhado pela desconcentração da população da sede regional. Existe, portanto, permeabilidade entre os espaços urbanos e pouca heterogeneidade regional, com uma periferia aberta tanto para recepção migratória como para investimentos econômicos. Assim, o município de Campinas chegou a 2000 sem ter alcançado um milhão de habitantes, enquanto seu entorno já totalizada 1,4 milhão.
Essa reorganização da população no espaço metropolitano apresenta aspectos positivos: a desconcentração populacional contribui para a dinamização e inclusão de localidades na região de influencia metropolitana, bem como para menor crescimento de áreas precárias de infra-estrutura urbana na sede regional. Município vizinhos acabam por compartilhar problemas locais que, na verdade, são de âmbito metropolitano, tais como: expansão das áreas periféricas intramunicipais, alocação de população em áreas de riscos ambientais, imensas áreas conurbadas, entre outros.
O componente migratório (interestadual, intra-estadual e intrametropolitano) desempenhou papel fundamental na configuração populacional da área, desde a consolidação da sede regional até a conformação e estruturação do espaço metropolitano, mesmo com a tendência atual de menores volumes de migrantes.
A migração para a sede regional, nos anos 70, resultou mais de movimentos migratórios com origem em outros Estados e na Região Metropolitana de São Paulo. Uma vez diminuindo esse fluxo para o município sede, a migração dos anos 80 e 90 configurou-se como intra-estadual e, mais recentemente, intrametropolitana, dando novos contornos ao fenômeno migratório no âmbito regional. Os municípios que se vem constituindo em eixos do processo de expansão e ocupação regional tem sido marcados, desde os anos 70, pela forte presença da migração com origem na sede metropolitana (Município de Campinas). Este serviu de etapa intermediária entre a procedência e a direção final dos migrantes que chegaram a Região de Campinas.
A intensidade desse processo se manifesta através da “perda” populacional do município de Campinas para os demais município de área, marcando a formação do espaço urbano metropolitano, no qual os limites municipais passam a ser considerados praticamente apenas para efeito de divisão político-administrativa. Há uma configuração de subcentros regionais, que pode ser observada através do movimento pendular que para eles se dirige diariamente. Esse movimento é uma das conseqüências mais impactantes da redistribuição da população pela região, conforme atestam o surgimento e intensificação desses deslocamentos populacionais na área, atualmente um dos fenômenos mais característicos da região.
Hoje, a região apresente problemas típicos de grandes metrópoles de países periféricos que, dadas suas escala e complexidade, só podem ser enfrentados de forma integrada e cooperativa, já que dificilmente estão circunscritos a um único município ou podem ser passiveis de inserções pontuais ou descontinuas.
Apesar da grande diversidade e assimetria de situações municipais na RMC, por estarem próximos e se inter-relacionarem política, econômica, social e ambientalmente, seus 19 municípios necessitam se equipar para além das fronteiras locais, para enfrentar as dificuldades de reordenamento e desenvolvimento urbano-regional.
Esse enfrentamento exige investimento, monitoramento e fiscalização constantes, assim como uma atuação técnica capaz de promover maior sustentabilidade ambiental e equidade social.

2.5.1 Perfil da Região

2.5.1.1 Rede de infra-estrutura e serviços

A RMC tem uma sofisticada infra-estrutura regional, que atinge níveis comparáveis aos de países desenvolvidos nos setores de transporte, educação, saúde e tecnologia.
Seus complexos viário e aeroviário são responsáveis pelo maior volume de transporte de carga do país, resultante do entroncamento das rodovias Anhanguera, Bandeirantes, D.Pedro I, Santos Dumont e das linhas tronco das concessionárias FERROBAN, tendo como principais origens/ destinos os portos marítimos de Santos e São Sebastião e o Aeroporto Internacional de Viracopos.
Com importantes equipamentos e recursos humanos da rede pública, destacados hospitais universitários e da rede privada, na região de Campinas concretizou-se um aglomerado de saúde integrado por 87 municípios (num recorte territorial distinto da Divisão Regional de Saúde do Estado, ou mesmo da delimitação da Região Metropolitana), tendo Campinas como pólo. Configura-se como o segundo aglomerado de saúde do Estado de São Paulo, em número de habitantes e de autorizações de internação hospitalar–AIHs.
A inauguração, no final de 2000, do Hospital Estadual de Sumaré ampliou significativamente a oferta de serviços de saúde numa sub-área da RMC que concentra cerca de 600 mil habitantes (município de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Santa Bárbara d’Oeste e Monte-Mor). Essa unidade deverá se constituir em referência hospitalar, desafogando, ainda que parcialmente, o complexo hospitalar da Universidade Estadual de Campinas–Unicamp.
No tocante a saúde, entretanto, há diversidade de situações municipais, inclusive em relação as condições de saneamento básico, mas o Coeficiente de Mortalidade Infantil tem diminuído na maioria dos municípios da RMC.
Existe, por outro lado, uma grande variedade de programas de atenção à saúde sendo implementada por alguns municípios da região, tais como: atendimento domiciliar à família; atenção à saúde da criança, do adolescente, da mulher e do idos; acompanhamento de pacientes com problemas crônicos; de aleitamento, de suplementação nutricional e de fornecimento de medicamentos;

6 A Região Metropolitana de Campinas é constituída pelos seguintes municípios: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte-Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.

A situação educacional na RMC é privilegiada em relação ao conjunto do país e do Estado de São Paulo. Os indicadores educacionais mostram taxas elevadas de cobertura para todos os níveis de ensino e condições de oferta bastante adequadas ao perfil da demanda.
No tocante as taxas de analfabetismo, os indicadores são melhores que as médias nacionais, mais inferiores aos do Estado de São Paulo. A educação infantil apresenta taxas de cobertura similares as medias do Estado, porém ainda distantes da meta desejável do pleno atendimento de crianças de 4 a 6 anos de idade.
Como já foi destacado, o ensino universitário, englobando ciência e tecnologia, não só é de alta qualidade, como é um dos fatores de atração de investimentos para a região.

2.5.1.2 Principais pontos críticos

A Região Metropolitana de Campinas apresenta características típicas das regiões metropolitanas que cresceram desorganizadamente, apresentando alta concentração de renda, taxas elevadas de migração e recente aumento da pobreza. Por conseqüência, existem graves questões sociais e ambientais, com problemas que ameaçam as condições de vida da população. São eles: desemprego; violência; deterioração ambiental (sobretudo dos recursos hídricos, pela disposição de resíduos e tratamento de esgoto); e estrangulamento na infra-estrutura, particularmente em Habitação e Transporte.

•    Desemprego

Apesar de os indicadores sociais de Campinas não se assemelham ao perfil dramático da RMSP, colocando os municípios da região em melhor situação em termos de renda, longevidade e escolaridade, o desemprego e a pobreza são elevados entre os chefes de domicílios, transformando o desemprego em um grande desafio.
Não só o mercado de trabalho não absorveu os intensos fluxo migratórios para a região, como a mudança no perfil ocupacional que vem ocorrendo no país criou um processo seletivo que atingiu os trabalhadores menos escolarizados. Como conseqüência, a desigualdade de renda na população é marcante.

•    Violência
O aumento da violência e dos crimes em Campinas aponta para quatro tendências:
o    Crescimento da delinqüência urbana, em especial dos crimes contra o patrimônio (roubo, extorsão mediante seqüestro) e de homicídios dolosos (voluntários);
o    Emergência da criminalidade organizada, em particular em torno do tráfico internacional de drogas, que modifica os modelos e perfis convencionais da delinqüência urbana e propõe problemas novos para o direito penal e para o funcionamento da justiça criminal;
o    Violações de direitos humanos que comprometem a consolidação da ordem política democrática; Explosão de conflitos nas relações intersubjetivas, como conflitos de vizinhança que tendem a convergir para desfechos fatais.
Entre 1997 e 2001, a cidade de Campinas revelou taxas bem altas de crescimento de homicídios. Os de tipo doloso estiveram acima das taxas do município de São Paulo.
Uma das modalidades que vê contribuindo para exacerbação do sentimento seqüestro, item que tem destacado Campinas na mídia como uma das cidades mais vulneráveis a essa modalidade criminosa.

•    Deterioração ambiental

A evolução da região nas décadas de 1970 e 1980 disseminou problemas característicos das grandes cidades, como os relativos ao saneamento básico e a degradação dos recursos naturais – degradação resultante não só dos lançamentos de efluentes domésticos e industriais, feitos nos cursos de água sem prévio tratamento, como também pela devastação indiscriminada da cobertura vegetal, pela ocupação desordenada e imprópria de várzeas e cabeceiras de rios, pela invasão e, finalmente, pela incipiente gestão dos recursos hídricos.

•    Infra-estrutura: Habitação e Transporte

A questão habitacional é um dos temas sociais pendentes na RMC. Cerca de 221 mil dos 989 mil domicílios do Aglomerado Urbano Leste do Estado (área que compreende os municípios com 50 mil habitantes ou mais, compreendidos na Região Administrativa de Campinas) são inadequados a moradia (barracos em favelas ou quartos em cortiços, sem serviços básicos de infra-estrutura urbana, com espaço interno insuficiente). O déficit habitacional é de ordem de 30 mil moradias.
Os investimentos por família atendida pelos programas desenvolvidos pela Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano—CDHU do governo do Estado são relativamente altos, em decorrência de uma ação concentrada na produção de novas unidades habitacionais. A produção total, embora elevada, está sempre muito aquém da demanda – segundo informações do Escritório Regional de CDHU, no município de Campinas, para uma oferta de 2.340 apartamentos, houve inscrição de 13.509 interessados.
No tocante aos transportes, o setor é obrigado a suportar fluxos externos de carga e de passageiros, tanto os cativos da cidades (intercidades, metropolitanos, regionais), como os de turismo e de passagem, sobre os quais não tem governabilidade. Tudo isso resulta em perdas significativas de qualidade de vida e de produtividade econômica.

•    Outras Limitações

•    O Sistema Cantareira; de abastecimento de água para a Grande São Paulo, partilha água da bacia do Piracicaba, gerando necessidades de articulação para evitar problemas de abastecimento na área.

•    Investimentos imobiliários recentes, sob a fora de condomínios fechados, vem elevando os processos de exclusão e segregação social e espacial.

•    Ausência de integração entre municípios, com predomínio acentuado da visão local inibe soluções de porte regional para questões que se apresentam nesta escala.

•    O aumento da violência urbana, cujas causas são similares as presentes na Grande São Paulo comprometendo a competitividade da área.

2.5.1.3 Potencialidades

Caracteriza-se pela complementaridade de funções econômicas exercidas por seus 19 municípios, tais como:

•    Produção industrial diversificada, com ênfase em setores dinâmicos e de alto input científico-tecnológico, notadamente nos municípios de Campinas, Paulínia, Sumaré, Santa Bárbara d’Oeste e Americana.
•    O intenso intercâmbio com centros de pesquisa vem resultando em crescentes ganhos de competitividade nos mercados internos e externos.
•    Presença da Refinaria da Petrobrás, em Paulínia, pólo petroquímico indutor da atividade industrial, e do Gasoduto Brasil-Bolivia, trecho norte, ligando Corumbá a Paulínia e Paulínia a Guararema, com Estações de Entrega em sete municípios da Região.
•    Centro avançado de serviços médicos de alcance nacional e internacional.
•    Entroncamento estratégico multimodal para o transporte de carga, apoiando as operações de exportação e importação.
•    Centro de apoio ao desenvolvimento agropecuário, abrigando importantes áreas agrícolas localizadas, sobretudo, em Valinhos, Vinhedo, Monte-Mor, Sumaré e Holambra.
•    Atividade de comércio e serviços de expressiva especialização.
•    Presença de importante aeroporto especializado em cargas, integrante estratégico dos sistemas nacional e regional.

2.5.2 Proposições para a Região Metropolitana de Campinas

O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas fixou, para o exercício de 2004 e o Plano Plurianual 2004/2007, as diversas diretrizes para a região.
O Governo do Estado de São Paulo tratará de articular suas secretarias de forma a atender as proposições da Deliberação do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas nº 004/2003, que fixa diretrizes por campo funcional para a Região.
A coordenadoria de Planejamento Metropolitano da Secretaria de Economia e Planejamento se incumbirá de organizar a sistemática de acompanhamento, bem como o rebatimento possível das proposições nas Leis Orçamentárias.

2.6 Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS)
2.6.1 Perfil da Região

Terceiro maior aglomerado urbano do Estado, esta Região apresentou na última década uma taxa de crescimento médio anual de 2,16%. Atualmente, possui uma população fixa de aproximadamente 1,5 milhão de habitantes distribuídos pelos seus nove municípios.
A Região da Baixada Santista é uma área de especialização em ramos e segmentos complementares ao pólo paulistano caracterizados por grande diversidade:
•    Oferta de serviços, facilidades de veraneio e turismo de grande expressão, atendendo as demandas de lazer da Metrópole e do Interior.
•    Função portuária de grande relevância, com o principal equipamento portuário e retroportuário nacional, o Porto de Santos, por onde passam 37% das operações de produtos manufaturados, considerando o maior e mais moderno da América Latina, movimenta por não mais de 43 milhões de toneladas de carga em seus 12 quilômetros de cais.
•    Atividades de transportes, voltadas majoritariamente para as cargas e as movimentações de média e longa distância;
•    indústrias de refino do petróleo e de processamento de derivados associadas;
•    industria siderúrgica pesada especializada na produção de chapas planas;
•    atividades de veraneio, majoritariamente realizadas mediante a propriedade de imóveis residências destinados as mesmas, ou pela locação temporária, que se comportou historicamente como indutora da indústria imobiliária e da construção civil;
•    atividades da industria imobiliária e da construção civil;
•    atividades do comércio varejista voltadas essencialmente para o mercado local e regional constituído na aglomeração urbana que caracteriza a região;
•    atividades de serviços voltadas prioritariamente para o mercado fixo local e regional, bem como para a população flutuante gerada pelo segmento veraneio/turismo, com alguma expressão em segmentos com atratividade para mercados externos, a exemplo do de ensino superior;
•    atividade da indústria energética no segmento elétrico, outrora de grande expressão no provimento para as áreas mais dinâmicas do Estado, hoje bem restritas a complementação da oferta principal daquele segmento.
Excetuados os setores diretamente voltados para os mercados de aglomeração urbana, todos os demais que conformam a especialização regional são de importância estratégica para a economia paulista e nacional e, em parte, para o setor agropecuário externo à região. Nessa condição, apresentam fortes suscetibilidades as políticas e conjunturas definidas fora da região, seja no plano macroeconômico, seja no das políticas públicas nacionais de concessões, juros, incentivos, participação do setor estatal/privatização, e da política trabalhista. Em especial, as iniciativas de adaptação dos paradigmas produtivos e da prestação de serviços a produção, no âmbito nacional, tem imposto a região fortes desafios e sobressaltos. É o caso, por exemplo, do segmento portuário, no âmbito do qual o processo de privatização, indispensável a modernização do porto de Santos e conseqüente aumento da competitividade do país, que acarretou impactos negativos nos níveis de emprego nas atividades portuárias dos Municípios de Santos e Guarujá, com desdobramentos sobre os setores comercial e de serviços da área como um todo.
Por outro lado considerando os aspectos puramente internos as atividades econômicas da região, têm-se verificado problemas localizadas como no caso da poluição atmosférica e do solo gerada pela indústria de base implantada em Cubatão, que, abatendo-se com forte impacto sobre as áreas sensíveis, colocadas sobe regimes legais de conservação, da vizinha Serra do Mar, impuseram conotações negativas aquele segmento da produção.
É também, o caso da oferta de infra-estrutura de transportes, energética, e, principalmente, de saneamento básico, que, confrontada com parâmetros extremados de demanda correspondestes a baixa e a alta estação do veraneio/turismo, é forçada a operar no limite máximo de tensão.
Em seu conjunto, a Baixada Santista tem apresentado participação decrescente na economia do Estado, como aponta a queda do valor adicionado e do consumo de energia total da região no período de 1980 até o final da década de 90.
Em 1995, dos municípios da região, apenas Cubatão e Santos se apresentavam entre os vinte municípios de valor adicionado mais alto. Em 2000, apenas Cubatão mantinha sua inserção, como o oitavo município do Estado. Tal posição se deve ao componente da industria de base instalada no Município, também responsável por sua terceira colocação na arrecadação dentre os municípios da região. A esse respeito, em Santos é destacadas a presença, como fatores de geração de renda, das atividades portuárias e conexas e das ligadas a indústria imobiliária e da construção civil. Guarujá é outro município no qual esses segmentos alcançam grande destaque, refletindo o peso que a atividade de veraneio baseada na propriedade imobiliária mantém na economia regional.
A peculiaridade econômica regional da Baixada Santista é, em grande medida, determinada por sua peculiaridade fisiográfica e ambiental, que, ao mesmo tempo em que comporta amenidades naturais e paisagísticas de grande valor para o turismo, impõe severas restrições ao seu aproveitamento.
Das vinte praias da região pelo menos metade é dotada de grande beleza paisagística e boas condições de uso para fins de turismo. Os morros, isolados, ou se constituindo em estribações da formação serrana do Noroeste da região, são outro fator de grande atração paisagística, ainda que, no presente, menos desfrutados que as praias. Além disso, diversas áreas da Serra do Mar tem grande poder de atração turística, contendo espaços propícios para trilhas, cachoeiras e correntezas aptas ao desfrute para banhos e travessias desportivas.
No seu conjunto, esses elementos dão origem a uma paisagem de grande imponência e poder de atração, que se configura como um importante referencial da identidade regional.
Ao mesmo tempo, trata-se, todos, de elementos que requerem grande cuidado em seu desfrute, mostrando-se com forte suscetibilidade as agressões derivadas da poluição do ar, com origem industrial – caso das vertentes da Serra – do desmatamento indiscriminado – também verificado nessas vertentes – da ocupação de áreas de alta declividade e risco de erosão – caso das vertentes e topos de morros isolados e das vertentes ocupadas pelos chamados “bairros-cota” – dos trechos de braços de mar interiores, estuário e praias, afetados de forma extremamente negativa pelo lançamento de resíduos líquidos do esgotamento sanitário de origem doméstica e industrial – dos manguezais, destruídos, tanto pelo aterramento irresponsável voltado a construção quanto pela remoção para formação de atracadouros e base de calado para embarcações.
A tomada de consciência da sociedade civil e Poder Público a respeito dessas questões ambientais, e das ocorrências concretas de danos ambientais aos ecossistemas/unidades de paisagem da região, deu origem, já desde a década de 1960/70, a políticas e medidas e conservação e restauração, cujo resultados hoje se fazem sentir de forma positiva: foi grandemente reduzida a emissão de poluentes do ar e solo pelas indústrias do parque instalado junto a raiz da Serra do Mar, em Cubatão; forma intensificadas as restrições as agressões aos manguezais costeiros; medidas de contenção foram aplicadas a encostas suscetíveis de erosão; procurou-se conter a expansão dos “bairros-cota”. Esforços de grande monta forma despendidos no saneamento básico, notadamente na coleta, afastamento e lançamento final dos afluentes do esgotamento sanitário, indispensáveis a recuperação da qualidade das águas das praias e estuários, e a defesa da flora e fauna que tem seu “habitat” natural nos braços de mar e orlas adjacentes. No entanto, a obtenção de resultados mais efetivos nesses aspectos depende ainda de maios soma de investimentos, dada, inclusive, a demanda ampliada originada pela população flutuante nos picos sazonais do veraneio/turismo.
As peculiaridades ambientais da região, além de imporem fortes restrições de ocupação a atividade econômica em sua implantação, qualquer que seja o ramo/segmento considerado, implicam outra restrição, a de espaços aptos a receber o assentamento em geral. Do computo total de áreas da região – 2.373 km² – descontadas as áreas já ocupadas, e as que por razões ambientais não o podem ser, restam menos de 20% em condições de abrigar novos assentamentos. Cabe ressaltar que as áreas já ocupadas, mais centrais e muitas vezes ociosas, podem ser requalificadas para abrigar novos usos visando a aproveitar a infra-estrutura já instalada.
Uma situação desse tipo impõe a necessidade de definição e aplicação de políticas de uso e ocupação do solo concatenadas entres os diversos municípios da região e destes com o Estado. O atendimento dessa necessidade representa investimento de monta em organização administrativa e treinamento de pessoal de controle do uso e ocupação das prefeituras da região, bem como em sistemas de informação geográficas – SIG – que se constituem, hoje, em instrumentos indispensáveis a eficácia de disciplina de controle espacial e dos assentamentos.

2.6.1.1 Principais pontos críticos

Entre os pontos críticos da região destacam-se como fatores de bloqueio ao desenvolvimento regional;
•    dificuldades técnicas e urbanísticas para a interligação completa das duas pistas da Rodovia dos Imigrantes as áreas de produção industrial e atividade portuária da região;
•    persistência de dificuldades de controle, prevenção, e remoção de assentamentos de risco nas encostas de morros e da Serra, pelos chamados “bairros-cota”, que vão tornando permanentes as ameaças de ocorrências danosas ao meio ambiente e a urbanização regionais;
•   ausência, ou insipiência, de programas ou medidas singulares de prevenção de sobrecargas excessivas aos sistemas de infra-estrutura regionais, por ocasião dos picos sazonais de veraneio/turismo;
•    atraso no planejamento de âmbito regional, da atividade turística/de veraneio, a partir do qual uma programação concatenada, de longo e médio prazos, pudesse ser estabelecida, visando a estabilidade, sem processos prematuros de erosão, dessa atividade, e a captação ampliada de recursos para investimento na mesma.

2.6.2 Proposições

O debate na Baixada Santista tem polarizado entre duas opções estratégicas: promover a diversificação da produção, conseguindo, com isso, reter uma parcela maior do produto e da renda gerados nas atividades da área; ou prosseguir concebendo o desenvolvimento regional na linha histórica da complementaridade ao pólo metropolitano da Grande São Paulo.
A criação da Região Metropolitana da Baixada Santista,e a instituição de sua Agência de Desenvolvimento – Agem – ao lado da elaboração do primeiro Plano Regional, o PMDI – RMBS, contribuíram bastante para levar o debate regional quanto a essas linhas alternativas a um nível avançado de maturidade, propiciando a definição de um elenco de iniciativas fundamentadas, que podem propiciar uma conciliação positiva entre aquelas linhas.
Atualmente, as definições referentes a programação regional seguem as seguintes perspectivas:
•    prossegue em seu processo de ajuste a atividade do porto de Santos, sendo superadas as dificuldades iniciais enfrentadas nesse processo; o porto não só não teve reversões em suas operações e indicadores técnicos, como vem, a cada período considerado, superando sua marcas históricas de desempenho;
•    mostram-se consolidadas, ao que tudo indica sem perspectiva de reversão, as disciplinas de contenção da emissão de poluentes aéreos na área industrial da raiz da serra, em Cubatão, assegurando ao parque produtivo ai instalado condições de estabilidade e pré-requisitos favoráveis a sua expansão, que dependerá, menos que de fatores locais/regionais, do quadro conjuntural e das políticas macroeconômicas;
•    grandes intervenções na infra-estrutura regional vieram sendo equacionadas e encaminhas, podendo ganhar, no período emergente, condições de implantação, a saber:
•    instalações para aportamento em Santos de embarcações de passageiros de geração recente e grande porte, favorecendo o turismo internacional na região;
•    ampliação do calado em áreas criticas do estuário, com o derrocamento de formações rochosas submersas, já claramente identificadas;
•    abertura, por obra em túnel submarino sob o estuário, da ligação rodoviária entre as duas margens da área portuária;
•    reaproveitamento do antigo traçado da EFS/Fepasa interligando o planalto à Baixada, no trecho Itanhaém/Santos, para modo de transporte coletivo de passageiros, intensificando a ligação longitudinal entre os municípios da porção Sul da região e a cabeceira desta, a cidade de Santos (sistema TIM -Trem Intermetropolitano);
•    ampliação dos sistemas dc saneamento básico que servem à região, em especial do dc esgotamento sanitário, com apoio em financiamento parcial do Banco Japonês de Cooperação Internacional (jBIQ, em processo de encaminhamento final;
•    reaproveitamento dc áreas portuárias desativadas para implantação de facilidades culturais.
•    Implantação do Sistema de Veículo I^ve sobre Trilho na Baixada Santista - VLT-RMBS.
•    Plano Viáno Metropolitano da Região Metropolitana da Baixada Santista - Viário RMBS.
•    Programa de Integrado dc Despoluição do Estuário da Baixada Santista.
•    Implantação de Sistema de Informações Geo referenciadas - SIG.

2.7    Programas e Ações do PPA
Desenvolvimento Regional - 4 Programas
Regiões de São Paulo - 2 programas
Regiões Metropolitanas - 1 programa
Região Metropolitana da Baixada Santista  - 1 programa

Sinteses dos Programas e Ações do PPA



CAPÍTULO III
DESENVOLVIMENTO SOCIAL:
ORIENTAÇÃO E ESTRATÉGIAS DA POLÍTICA SOCIAL DO  ESTADO DE SÃO PAULO
3.1 Apresentação: Princípios e Objetivos da Ação do Estado na Área Social
3.2 Situação social do Estado: Sumário
3.3 Educação
3.3.1 Introdução
3.3.2 A Ação da Secretaria de Educação no Período do PPA
3.4 Saúde
3.4.1 Quadro da situação atual
3.4.2 Ações da Secretaria de Saúde no Período do PPA
3.5 Habitação Popular e Infra-estrutura
3.5.1 São Paulo no contexto nacional dos indicadores de habitação e infra-estrutura urbana
3.5.2 A questão habitacional
3.5.3 Ações da Secretaria no Período do PPA
3.6 Cultura, Esporte e Lazer
3.6.1 Cultura, Esporte e Lazer no Estado de São Paulo
3.6.2 Prioridades da Secretaria de Estado no Período do PPA
3.7 Segurança Pública
3.7.1 A Questão da Violência
3.7.2 A Ação da Secretaria de Segurança Pública no Período do PPA
3.7.3 A Segurança Penitenciária
3.8 Justiça
3.8.1 Ações da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania no Período do PPA
3.8.2 Regularização e Assentamento: Ações do ITESP
3.9 Emprego e Trabalho
3.9.1 Ações da Secretaria de Emprego e Relações de Trabalho no Período do PPA
3.10 Assistência e Desenvolvimento Social
3.10.1 Promoção do Desenvolvimento Social e Articulação de Ações
3.10.2 Ações da SEADS
3.11 Programas e Ações do PPA
3.1 Apresentação: Princípios e Objetivos da Ação do Estado na Área Social
O PPA é o instrumento que sinaliza, para o médio e longo prazos, a estratégia da política social do Estado de São Paulo, traduzindo seus princípios nos seguintes objetivos principais:
Enraizar a política social no desenvolvimento econômico a partir da sintonia com as necessidades territoriais. Esse processo não é um desdobramento natural do crescimento econômico. Para sua concretização é fundamental conhecer as potencialidades e demandas de cada região do Estado. Para elas é que serão orientados, com as especificidades requeridas, os esforços financeiros, regulatórios e institucionais do governo, visando desenvolvimentos individuais e contribuições para o progresso social e econômico do Estado.
Reduzir as desigualdades sociais entre pessoas, regiões e municípios. Para além da promoção do desenvolvimento humano do Estado e de suas regiões, o Governo Geraldo Alckmin objetiva, por meio das suas políticas e investimentos na área social, a redução das desigualdades ainda existentes. São consideradas inaceitáveis desigualdades no acesso à educação, à saúde básica, à água tratada, à coleta do lixo e à habitação digna.
O esforço na área social é no sentido de sua erradicação. Reduzir drasticamente as diferenças entre níveis de acesso a esses bens, ou brechas de equidade, é outro dos objetivos estratégicos do desenvolvimento humano a que se propõe o Governo do Estado.
Deve ser destacado, a propósito, que o Estado de São Paulo já alcançou níveis elevados de desenvolvimento econômico e social em vários campos, bem acima das médias nacionais, praticamente equiparando-se aos níveis observados em países mais desenvolvidos da América Latina.²
A concepção de políticas públicas subjacente à ação do Estado de São Paulo na área social é a de valorização do desenvolvimento humano, entendido como o resultado de um complexo processo que inclui fatores sociais, econômicos, demográficos, políticos, ambientais e culturais. Esse processo procura atingir as seguintes metas:
•    Aumento da Produtividade - pelo aumento do capital humano, o qual requer permanente investimento nas pessoas, assim como ambientes micro e macroeconômicos favoráveis.
•    Melhoria da Equidade - por meio da ampliação e garantia da igualdade de oportunidades para todos os setores e grupos humanos.
•    Melhorias Permanentes - pela adoção de mecanismos capazes de assegurar o livre acesso às oportunidades tanto no presente quanto no futuro; mecanismos que constantemente recomponham e regenerem todo o capital e os recursos utilizados, permitindo às futuras gerações igualdade de opções e no mínimo os mesmos recursos para seu bem-estar.
¹ Ainda que admita distintas interpretações, o conceito de brechas sociais ou brechas de equidade refere-se às assimetrias produzidas por fatores específicos, as quais geram diferenças observáveis e quantificáveis entre grupos, setores ou sociedades. Esse conceito é relativo aos parâmetros ou aos níveis de desenvolvimento almejados pela sociedade. Isto é, as distâncias às quais se refere são estimadas ou medidas em relação a um padrão adotado como meta.
² O Estado apresenta significativos indicadores de progresso social. O IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,814, tal como medido pelo IPEA, Fundação João Pinheiro e PNUD em 2000, situa o Estado de São Paulo na classe de alto desenvolvimento humano, juntamente com países como a Costa Rica (0,820), o Chile (0,831), a Argentina (0,844) e superando o México (0,796).

•    Melhoria na Capacitação das Pessoas (empowerment) - por meio do desenvolvimento humano, que não se confunde com assistencialismo, paternalismo ou caridade. Antes, tem por referência a dignidade humana e o suposto de que as pessoas têm capacidades para eleger por si mesmas oportunidades. Para tanto, devem gozar de liberdade e poder para influir nas decisões.
A universidade, a solidariedade, a integralidade das ações sociais e a eficiência da gestão pública na área social constituem os princípios que orientam as proposições de políticas públicas de que se ocupa este documento.
Universalidade. Os objetivos de melhoria dos padrões de equidade e igualdade serão tanto melhor alcançados quanto mais universais sejam as políticas e programas sociais oferecidos. Um dos pilares da edificação dos modernos Estados de bem-estar social, a universidade traduz, no escopo das políticas, o direito social. Programas universais em geral se referem a políticas sociais de base - tais como educação e saúde - , são financiados principalmente por recursos fiscais e não admitem, para seu acesso, discriminações de qualquer ordem, como sejam as de classe, renda, gênero, raça, religião, etc. Destaque-se que o universalismo não se contrapõe à diversidade sociocultural.
Solidariedade. A ação solidária do Estado se dá principalmente por meio das ações sociais voltadas à eliminação da pobreza e à redução das desigualdades socioeconômicas. Entre as várias dimensões e características da pobreza e da carência extrema está sua alta probabilidade de reprodução entre gerações, o que pode ocorrer mesmo quando as gerações mais novas das famílias pobres têm acesso a programas sociais universais que, em princípio, tenderiam a romper tal círculo de reprodução da pobreza. Isso se dá pelas conhecidas dificuldades de que essas pessoas se beneficiem completamente dos programas oferecidos. No caso da educação básica, por exemplo, tendem a apresentar dificuldades de permanecer na escola e cumprir a escolaridade básica, ou apresentam dificuldades de aprendizagem muitas vezes relacionadas com carências experimentadas na primeira infância. Por isso mesmo, ações focalizadas junto a tais populações tornam-se necessárias, seja para ampliar seu bem-estar, seja para reforçar sua posição relativa na apropriação dos benefícios dos programas universais.
Integralidade - Gestão Integrada e Eficiente dos Programas. A ação espacial do Estado, efetivada pelas intervenções programáticas integradas e coerentes, constitui o eixo da gestão eficiente dos seus programas sociais. O PPA, enquanto instrumento organizador e orientar da estratégia e das ações programáticas do governo, além de definir o adequado espaço que cabe aos programas de desenvolvimento social, permite um tratamento integrado e regionalizado das ações econômicas e sociais. A própria área social requer um esforço de integração e coordenação, além de sua especificação territorial, de modo a considerar a diversidade de demandas e a superar as fragmentações, sobreposições e dispersão que tradicionalmente comprometeram sua eficiência.
Três eixos estratégicos concentrarão de forma prioritária a ação de indução e de intervenção do Governo de São Paulo:
•    Universalização do Acesso a Bens e Serviços Essenciais. Trata-se aqui de articular e integrar, de forma específica e segundo carências e demandas definidas territorialmente, os serviços básicos de atenção à saúde, saneamento básico; infra-estrutura urbana e moradia visando a universalização gradativa do acesso por parte da população de baixa renda. Isso deverá ser feito sempre que possível de forma integrada e pactuada com os municípios.
•    Geração de Renda, Emprego e Desenvolvimento Social. Neste eixo procurar-se-á criar melhores condições de vida para a população de baixa renda por meio de ações combinadas de transferência de renda, geração de emprego, promoção social e agricultura familiar. Novamente aqui a especificação dos programas e suas prioridades de intervenção devem obedecer a critérios específicos de territorialização e, sempre que possível, articulados com os programas desenvolvidos nos outros eixos de intervenção.
•    Universalização do Acesso ao Ensino Médio e Profissionalizante. Com a universalização do ensino fundamental praticamente alcançada no Estado - devendo ser completada naqueles municípios onde ainda não ocorre - o foco central deste eixo é a universalização do Ensino Médio e a ampliação da oferta pública e privada do ensino profissionalizante, sempre de acordo com as vocações econômicas  das diferentes regiões do Estado. Será também atribuída maior ênfase ao Ensino Supletivo, devido à grande demanda por parte de jovens que procuram aumentam seus níveis educacionais tempos após terem saído da escola.
Para o planejamento das ações governamentais nesses termos é importante estabelecer metas com referência estadual. A identificação de áreas-problema para condução integrada de várias políticas coloca-se como imperativo para dar maior eficiência às políticas e para reduzir o seu custo. No entanto, também é imperativo que as regiões de risco sejam tratadas de forma específica, e para elas sejam estabelecidas submetas. Essas últimas devem atender à urgência da recuperação regional, intra-regional e à realidade do atraso, justamente para possibilitar uma intervenção setorial integrada factível e passível de monitoramento e avaliação contínuos.
Dois tipos de ação podem estar associado na superação dos problemas sociais do Estado. O primeiro se destina a enfrentar os problemas e as carências observadas nos municípios classificados como em situação de risco estadual, por meio de conjuntos específicos de programas tendo como meta alcançar indicadores sociais que reflitam o valor médio observado no Estado, isto é, o valor médio estadual como piso. O segundo, objetivando eliminar as situações críticas regionais, deverá envolver atuação incisiva para reverter os indicadores dessas cidades ao piso crítico regional no primeiro ano, e à média regional no segundo ano.

3.2  Situação social do Estado
A situação do Estado de São Paulo nos anos iniciais do século XXI pode ser caracterizada como de transição social, entendendo-se por isto um contexto que combina boas situações de bem-estar com indicadores de condições de vida ainda insuficientes para parcelas da população. Esta caracterização vale tanto para o Estado como um todo quanto para suas 15 regiões administrativas e municípios: é possível identificar no interior de cada uma dessas divisões uma dicotomia semelhante.
Essa situação de transição social retrata dois fenômenos que desafiarão a atuação governamental no futuro próximo. O primeiro é um aspecto positivo: no plano do progresso social, o Estado de São Paulo se encontra amadurecido e prestes a se afastar, definitivamente, das carências absolutas de condições básicas de vida.
O segundo é um aspecto negativo: ainda existem diferenças sociais básicas que dividem os paulistas, implicando um nível de desigualdade exatamente quanto às condições sociais básicas da população. Eliminar estas desigualdades mais agudas  das condições básicas de vida e  dar o grande salto nos níveis do processo social constituem os principais desafios da ação do governo estadual no futuro próximo.

³O site da Secretaria de Planejamento na internet permite ao público interessado ter acesso aos textos que serviram de apoio para a elaboração do PPA.

Dinâmica Demográfica e Ação Social. A dinâmica demográfica do Estado de São Paulo para estes primeiros anos do Século XXI projeta o crescimento da população para 42,7 milhões de pessoas em 2010. Isso significa uma taxa de crescimento de 15,6% frente aos 37 milhões observados em 2000, de onde resulta uma taxa de crescimento anual de 1,46%. Mas a dinâmica de crescimento das diversas regiões não será homogênea: das 15 regiões administrativas, 4 deverão superar a média de crescimento estadual e outras quatro ficarão abaixo dela. As sete regiões restantes deverão ter crescimento próximo da média estadual.
A amplitude das variações de crescimento regional deverá ter, na ponta inferior, de 0,83% e 0,88% de  crescimento populacional ao ano para presidente Prudente e Araçatuba, respectivamente. Enquanto na situação de crescimento mais intenso estarão Sorocaba (1,93%) e Santos (1,89%). O crescimento superior à média da RA de Campinas e a expectativa de crescimento inferior da RA Metropolitana de São Paulo deverão reduzir a distância entre as duas mais populosas regiões do Estado.
A dinâmica demográfica indica, também, uma forte tendência de redução da participação da população com menos de 14 anos e incremento da participação porcentual dos idosos na população total. Para o Estado, o porcentual de menores de 14 anos deve cair de 26,3%, em 2000, para 23,3%, em 2010. A relação entre a população de idosos (mais de 64 anos) e a  faixa de 15 a 64 anos deve subir, de 9,1%, em 2000, para 10,3%, em 2010.
A despeito dessa queda de participação da população com menos de 14  anos na população total, ter-se-á ainda até 2010 um crescimento de  seu numero absoluto em algumas regiões do estado. Além disso, a  queda não é muito expressiva. Isso significa que os municípios devem continuar atentos no atendimento em termos de serviços sociais destinados a essa faixa etária. Ao mesmo tempo, a população de mais de 65 anos cresce de forma significativa, tomando mais urgentes as necessidades de atendimento específicas dessa faixa etária.
Nesse sentido, o crescimento da população até 14 anos se dará exclusivamente em 4 regiões administrativas: Santos (6,9), Metropolitana de São Paulo (6,0%), Sorocaba (2,3%) e São José dos Campos (1,2%). As  regiões de  Campinas e  Franca permanecerão com o número de criança até 14 anos praticamente inalterado. Nas demais ocorrem quedas, muitas delas bastante significativas.
A população idosa, ao contrário, apresenta um crescimento expressivo em números absolutos no conjunto do Estado, e em todas as regiões, superior a 25%, atingindo mais de 40%  em São José dos Campos, Franca e mais de 30% nas outras regiões à exceção de Bauru.
As variações na população masculina até 14 anos são maiores do que na feminina nas regiões onde há crescimento do número absoluto de criança. No caso da população idosa, o crescimento da população feminina é sempre maior.
Saúde e ação social. A análise da mortalidade infantil oferece uma medida das condições da saúde para a população como um todo. De fato, os resultados dos anos recentes são animadores. O coeficiente de mortalidade infantil vem diminuindo no Estado de São Pulo de forma contínua desde a década de 70, de valores acima de 80 óbitos/ mil nascidos vivos no início daquela década, para 15,0 em 2002. Além disso, esta redução se deu em todos os componentes da mortalidade infantil, embora fosse mais acentuada no componente pós-neonatal. Os coeficientes para os diferentes componentes são 10,4 em 2002 de mortalidade neonatal total (sendo 7,7 de mortalidade neonatal precoce e 2,7 de mortalidade neonatal tardia) e 4,6 de mortalidade pós-neonatal.
A redução da taxa de mortalidade infantil por mil nascidos vivos foi de 16,9 entre 1999 e 2001 para o conjunto do Estado de São Paulo. Do ponto de vista regional, a amplitude de variação desta redução foi elevada: de menos que 13 na Região Administrativa (RA) central e de Ribeirão Preto, a 21,2 na RA de Santos. A situação é pior  nas Regiões Administrativas de Sorocaba e Registro.
A esperança de vida ao nascer, outro indicador síntese das condições de saúde da população, era de cerca de 71 anos em 1999-2001. As diferenças regionais são de, cerca de dois anos para mais e para menos. A melhor situação é da RA de São José do Rio Preto com 73,5 anos, seguida de Araçatuba e Presidente Prudente, ainda acima de 73 anos . A pior situação é de Santos (68,8). todas as demais regiões têm índice superior a 70.
Síntese das Carências Regionais e Intra-regionais. A avaliação da distribuição dos municípios em situação de risco entre as distintas regiões administrativas do Estado permite destacar a existência de carências. No que se refere á infra-estrutura urbana de água e esgoto, a inadequação dos serviços é mais importante nas RA de Santos, Registro, Baixada Santista e São Paulo. Enquanto isto, a questão de moradia afeta principalmente Santos e a Região Metropolitana de São Paulo.
Um segundo aspecto refere-se á taxa de escolaridade: os municípios que apresentam mais problemas situam-se nas RA de Santos, Registro, Franca, São José dos Campos e Sorocaba. No que diz respeito aos menores de 14 anos que vivem em famílias com renda de até dois salários mínimos, a RA de Registro é a mais problemática, sendo que Marília, São José do  Rio Preto e Araçatuba apresentam vulnerabilidade em mais da metade de seus municípios.
 Um terceiro ponto a destacar é a forte heterogeneidade regional nas questões de renda e desemprego. As Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista têm o desemprego em situação de risco quase universal entre seus municípios. Já no campo da carência de renda, definida a partir da participação da renda das famílias que ganham até 2 mínimos no total das famílias, Registro e Presidente atingem os mais deteriorados patamares.
Por fim, as questões da mortalidade infantil e da violência. No caso da mortalidade infantil, a situação é pior na Baixada Santista, onde 55% dos municípios estão em situação de risco. No caso das mortes por agressões, a situação mais delicada é a de Registro. 

3.3 Educação
3.3.1 Introdução
Uma das principais preocupações do Governo Geraldo Alckmin é não só com a universalização, mas, também, com a qualidade do ensino. Dada a dinâmica demográfica que se desenha para o Estado - em que o número absoluto de jovens tende a não crescer no futuro previsível - é possível pensar em investimento na qualidade do ensino. Isto se justifica quando se leva em conta que cerca de 1,57 milhão é o número de jovens de 7 a 19 anos que não freqüentam ou não completaram o Ensino Fundamental - sendo, portanto, candidatos naturais e potencias ao Supletivo. Isso significa também que, resolvido o problema do acesso ao ensino, o Estado poderá, conjuntamente com as Prefeituras, dedicar-se à melhoria de sua qualidade.
Outra questão importante é que ainda existe analfabetismo, embora em níveis baixos em termos nacionais. A taxa no Estado é de 6,0% no grupo etário de mais de 15 anos. Esta taxa é devida em  boa medida, aos maiores de 50 anos. Nas situações regionais, registro (11,8%) e Presidente prudente (10,5%) são as que apresentam os maiores porcentuais de analfabetos neste grupo etário. Vale notar que Registro é a região com pior situação em faixas etárias mais jovens, como será analisado posteriormente. Um aspecto relacionado é o das taxas de analfabetismo na população rural, as quais são bastante diferenciadas regionalmente.         
Já para a educação infantil, a cargo das prefeituras, registra-se uma taxa de atendimento de 29% no Estado, mas com grande variância regional. Quatro regiões têm atendimento classificado como alto, enquanto outras quatro situam-se bem baixo da média. As demais regionais estão próximas da média estadual de atendimento. Individualmente, vale destacar a RA de  Marília com a maior taxa de atendimento (cerca de 43%). Na outra ponta, a RA de Registro tem a menor cobertura (20%).
O Estado de São Paulo vem apresentando melhorias nos indicadores de escolarização e em suas taxas de atendimento no Ensino Fundamental e no Médio. Ainda assim, propiciar o acesso e permanência a toda e  qualquer criança em cada município do Estado no ensino fundamental é uma preocupação constante.
No Ensino Médio, a universalização, meta do Governo Alckmin, requer um esforço mais significativo dado que a taxa de escolarização líquida permanece em cerca de 53,7%. A taxa de atendimento da população de 15 a 17 anos é de 82,7% para o conjunto do Estado.
4Na população de maiores de 15 anos, a média estadual é de 12%, mas as RA de Registro (19%), santos (17%) e São José dos Campos (15%) apresentam porcentuais mais elevados. Ao contrário, a RA Metropolitana apresenta indicador de 9,4%. Nas três regiões em piores condições, a situação que mais chama atenção é a incidência do analfabetismo na população rural e na faixa de 30 a 49 anos de idade.

3.3.2 A Ação da Secretaria de Estado de Educação

A Atual Administração tem a preocupação de preservar e  garantir a continuidade dos programas e ações bem sucedidas implementadas nos últimos oito anos, estabelecendo, entretanto, claras diretrizes para uma nova política educacional, que privilegiará a qualificação do cidadão.
Para tanto, executa um programa de valorização profissional pela formação permanente dos educadores e transforma a escola num espaço em que o processo de aprendizagem é simultaneamente meio e fim, mantendo-se permanentemente capaz de alterar rumos, recolocar práticas e concepções e atender ás necessidades colocadas por uma sociedade em rápida transformação. A implementação dessa nova política tem como meta a  garantia de:
•    escola eficaz para o aluno;
•    boas condições de trabalho para os agentes educacionais;
•    integração dos órgãos por intermédio da: descentralização, da autonomia e da garantia da unidade na diversidade, evitando a fragmentação;
•    racionalização dos recursos;
•    otimização dos investimentos realizados no ensino.
A principal ação do Governo para o período do PPA estará voltada para atingir a meta de universalização do ensino médio. Outras ações planejadas pela Secretaria da Educação irão implementar uma política educacional fincada no contínuo aperfeiçoamento do pessoal docente e dos demais integrantes do Quadro do Magistério - visando a melhoria da qualidade do ensino - e para o desenvolvimento de ações preventivas, visando integrar o jovem na comunidade escolar.
Para atender a se objetivo, a Secretaria da Educação concedeu o Programa de Formação Continua - Teia do saber que a partir de 2003 atenderá às diferentes demandas da rede. Para isso, combina ações centralizadas com ações descentralizadas, geradas nas Diretorias Regionais de Ensino e escolas da rede. Em continuidade da política educacional de valorização do profissional do magistério, esta Administração lançou também o Programa Bolsa-mestrado, destinado aos docentes interessados no aperfeiçoamento e atualização profissional.
Com o objetivo de integrar os jovens e suas respectivas famílias ao cenário escolar, a  partir do segundo semestre as escolas da rede abrirão seus portões nos finais de semana, para que a comunidade tenha acesso ás atividades esportivas, culturais e de lazer, que terão lugar naquele espaço. Isso dará início ao o Programa "Escola da Família: Espaços de Paz", que agregará novos elementos ao ambiente escolar aberto à participação da comunidade, estimulando dessa forma a  interação democrática entre pais, alunos, educadores e toda população do seu entorno, viabilizando também a reversão do quadro de  violência escolar.
Outra ação iniciada no primeiro semestre de 2003 é o Programa de Alfabetização e Inclusão - PAI, que deverá alfabetizar cerca de 700 mil adultos com idade mínima de 15 anos prazo de quatro anos, assegurando dessa forma o cumprimento do preceito constitucional que determina que "o Ensino Fundamental Público e  gratuito será também garantindo aos jovens e adultos que, na idade própria, a ele não tiveram acesso".
No programa do atual Governo será assegurada, igualmente, a continuidade de diversos projetos e/ ou ações consolidadas nos últimos anos e  que são em grande parte responsáveis pela garantia  de atendimento à demanda da população do Estado. Com esse objetivo, e em cumprimento aos preceitos constitucionais vigentes e às determinações contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Estado continuará mantendo cooperação técnica e financeira com os Municípios, assegurando o funcionamento de escolas tendo em vista a oferta do Ensino Fundamental, com corpo técnico qualificado e elevado padrão de qualidade. São também implementadas ações que garantem às escolas da rede o recebimento do apoio indispensável para que a Merenda Escolar seja preparada e distribuída diariamente ao alunado da rede em todo  Estado.
5As ações centralizadas têm a grande abrangência e a simultaneidade como principais características. Por essa razão, serão veiculadas pela Rede do Saber - que nada mais é que uma rede gestora de formação continuada para agentes educacionais, com capacidade para atender, ao mesmo tempo, 12 mio pessoas por dia, utilizando vários ambientes e abrangendo todas as 89 Diretorias regionais de Ensino da rede. Essas ações serão veiculadas por intermédio de mídias interativas, na forma de teleconferências e videoconferências.
6A execução desse programa contará com a participação de 25 mil estudantes universitários, todos ex-alunos do Ensino Médio da  rede estadual, inscritos no Programa Bolsa - Universidade. Os candidatos receberão bolsa equivalente a até 50% do valor de suas respectivas mensalidades escolares, limitada a  um teto de R$ 267,00/mês. Em contrapartida, os estudantes bolsistas terão de cumprir uma carga horária mínima de 12 horas por final de semana, desenvolvendo atividades nas escolas da rede.
Esse programa é fruto de uma parceria entre o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria da Educação, e o Sindicato das Mantenedoras dos Estabelecimentos de Ensino Superior - SEMESP, contando com a adesão inicial de 106 Instituições de Ensino Superior Particulares, que se encarregarão de proporcionar, em suas respectivas unidades de ensino, toda infra-estrutura necessária para o sucesso dessa ação, tanto o ponto de vista físico, como na área de recursos humanos.
Há que se ressaltar também, que o Sistema de Cadastro de Alunos da Secretaria de Estado da Educação, permite a agilização e o aprimoramento do processo de matrícula na rede pública de ensino, unindo Estado e Município com um objetivo único: atender a demanda de forma racional, ágil e eficaz, permitindo sua completa desburocratização.

3.4 Saúde
3.4.1 Quadro da situação atual
A saúde pública brasileira é objeto de preocupação constante de legisladores e técnicos, apesar dos inegáveis progressos alcançados desde a Oitava Conferência Nacional da Saúde (1986), Constituição Federal (1988), regulamentação do Sistema Único de Saúde (1990) e Normas Operacionais Básicas (1993 e 1996). Os temas que sempre fizeram parte da agenda de discussões e prioridades da saúde pública no Brasil evoluíram muito nas três últimas décadas: a mortalidade infantil e materna e a desnutrição infantil. No caso específico da população de São Paulo, o perfil da morbi-mortalidade vem passando por fortes transformações. Juntamente com o aumento da expectativa de vida, da redução nas taxas de mortalidade infantil, da diminuição das doenças infecciosas, tem-se um aumento das doenças crônico-degenerativas, revelando as dificuldades inerentes ao combate às velhas endemias e o aparecimento de novas doenças.
O quadro da saúde pública no Estado no limiar do século XXI revela os seguintes aspectos em relação a essas doenças e condições a elas associadas:
•    Doenças imunopreveníveis (poliomielite, difteria, sarampo, rubéola, tétano acidental e neonatal): por meio de campanhas maciças de vacinações, essas doenças estão praticamente erradicadas, merecendo algum cuidado adicional apenas o sarampo.
•    Aids: ainda é um problema grave, particularmente na Capital (onde os casos notificados no período 1980-97 representam cerca de 47% do total do Estado). Observa-se um rápido crescimento da doença até 1995, estabilizando-se a seguir nesse patamar, numa proporção de dois casos masculinos para cada caso feminino.
•    Tuberculose: esta doença tem apresentado aumento no número de casos notificados, mantendo-se em um patamar acima dos 50/100.000 habitantes desde o início dos anos 90. Isso está associado à expansão da Aids, à persistência da pobreza, e a tratamentos mal conduzidos. Esta tendência, observada também em países desenvolvidos, aponta para previsões pessimistas para os próximos anos.
•    Dengue: o controle é difícil, tendo em vista sua fácil disseminação, a falta de vacina eficaz e a existência de algumas condições sanitárias precárias nas cidades, o que facilita a proliferação do mosquito transmissor.
•    Hanseníase: a doença ainda não está totalmente erradicada do Estado, mas em diversas áreas não têm sido detectados novos casos. Isso indica que o controle tem sido eficaz.
•   Tracoma: esta doença usualmente incide apenas sobre a população carente e está associada a condições inadequadas de habitação, grande concentração populacional e precariedade no abastecimento de água e coleta do lixo. A taxa de detecção da doença, depois de um pico de 32,1/100.000 casos por habitante, em 1991, vem apresentando queda, com uma taxa de 2,7/100.000 casos em 1996.
•    Saúde da Criança: a taxa de mortalidade infantil no Estado, como vimos, passou de 51,2/1.000 nascidos em 1980 para 15/1.000 nascidos em 2002. As principais causas mudaram de eixo: das diarréicas - parasitárias e respiratórias passaram para causas perinatais, resultantes das ausências de um pré-natal de qualidade, atenção à gravidez de alto risco, acompanhamento do puerpério e estímulo ao aleitamento materno. O quadro existente permite inferior que os grandes desafios a serem enfrentados serão: continuidade de redução da mortalidade infantil, controle da febre, redução das disparidades entre situações de saúde e nutrição nos grandes centros urbanos e entre as áreas urbanas e rurais.
•    Saúde da Adolescência: a preocupação com as causas da mobi-mortalidade na adolescência tem mudado de eixo, voltando-se para variáveis comportamentais. As pesquisas indicam precocidade nas relações sexuais, possibilitando aumento dos riscos de gravidez sem planejamento e ocorrência de doenças sexuais e da Aids. Indicam também crescente envolvimento no fenômeno da violência e o uso indevido do álcool e drogas.
•    Saúde da Mulher: o Programa da Saúde da Mulher da Secretaria de Estado da Saúde elegeu como prioridades: a redução da mobi-mortalidade materna; a realização de diagnóstico e tratamento precoce de DST (doença sexualmente transmissível); atenção à mulher vítima de violência; o incremento do atendimento à mulher no climatério e à terceira idade; implementação das ações educativas do conhecimento da sexualidade e dos direitos da mulher.
•    Saúde do Idoso: as principais causas de morte para idosos são a doença isquêmica do coração, as doenças cérebros-vasculares, a pneumonia e a diabetes mellitus. A análise dos dados referentes às internações hospitalares indicam custos médios de hospitalização mais altos para a faixa etária acima de 60 anos, como seria de se esperar.
8As taxas são de 38 casos para cada 100.000 habitantes na Capital e 25 por 100.000 no total do Estado.
9Têm-se os seguintes custo: acima de 60 anos, R$ 500,00; para a faixa de 0-14 anos, R$ 345,00; e para a faixa de 15-49 anos, R$ 360,00. O tempo médio de internação foi de 9,4 dias para os idosos, 5,4 dias para a faixa de 0-14 anos de idade e 7,3 para a faixa etária de 15-49 anos.

3.4.2 Ações da Secretaria de Saúde no Período do PPA
O Plano Plurianual da Secretaria de Estado da Saúde - SES para o período 2004 - 2007 contempla 16 Programas que refletem as diretrizes pelo Governo do Estado e buscam o aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde - SUS em São Paulo. No eixo do Governo Empreendedor incluem-se os programas que prevêem investimentos na produção de insumos essenciais para a saúde:
•   Programa de Produção de Imunobiológicos, Biofármacos e Hemoderivados, que tem como objetivos principais o desenvolvimento das tecnologias de produção e de processamento para a utilização no SUS, trazendo a auto-suficiência ao Estado e ao País nessas áreas estratégicas para a política de saúde.
•    Programa de Produção de Medicamentos, que prevê a ampliação e modernização das instalações de produção para ampliar também a linha de medicamentos produzidos e distribuídos no SUS e, com isto, melhorar a capacidade resolutiva das ações e serviços de saúde e beneficiar a população dependente do sistema público de saúde.
No eixo do Governo Educador destaca-se o Programa de Capacitação e Desenvolvimento de Recursos Humanos, voltado para a preparação dos servidores envolvidos direta ou indiretamente com a prestação de serviços de saúde à população, não só da SES, mas também dos municípios. A Secretaria é também responsável pelo Programa de Residência Médica e de outros aprimorados, no âmbito do SUS, garantindo novos profissionais com boa formação para atuação no sistema.
No eixo do Governo Solidário inclui-se o Programa de Apoio à Atenção Básica de Competência Municipal com o Objetivo de Universalidade, com atividades que reduzem as desigualdades de acesso aos serviços e ações de saúde, beneficiando os segmentos da população e as regiões mais vulneráveis aos problemas de saúde, como por exemplo, o auxílio do Governo do Estado às prefeituras para o Programa de Saúde da Família - QUALIS/PSF. Ele se destina aos municípios considerados prioritários segundo critérios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, às áreas de assentamento, às comunidades remanescentes de quilombos. Além disso, temos neste Programa os recursos para apoio às campanhas de vacinação e distribuição de medicamentos essenciais para todos os municípios do Estado.
No eixo do Governo Prestador de Serviços de Qualidade estão os Programas que envolvem a melhoria do padrão de qualidade dos serviços de saúde, o acompanhamento e avaliação das ações, tais como:
•   O Controle de Doenças e Promoção de Saúde, que integra as ações de vigilância epidemiológica e sanitária da SES, além do apoio e acompanhamento das atividades desenvolvidas nos municípios.
•    O Programa de Governo Eletrônico, que objetiva o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos serviços de saúde pela melhor utilização da tecnologia de informação aplicável à área de saúde.
•   O Programa de Inovação Tecnológica, Desenvolvimento Científico, Informação e Comunicação, com o objetivo de realizar e apoiar estudos e pesquisas de interesse em saúde pública que colaborem no desenvolvimento de novas tecnologias que possam ser utilizadas pelo setor.
•    O Programa de Atendimento Integral e Descentralizado no SUS/SP, que prevê recursos para reformar e ampliar a rede de serviços de saúde da SES, além do apoio aos parceiros do SUS, isto é, os hospitais filantrópicos (Santa Casas) e os serviços estaduais gerenciados pelas Organizações Sociais de Saúde, fundamentais para a garantia do atendimento à saúde da população, principalmente na atenção secundária e terciária.
•    O Programa de Suporte Administrativo, que garante os recursos para as atividades rotineiras da administração.
10Todos os demais Programas são referentes às unidades da Administração Indireta. A Fundação para o Remédio Popular - FURP, a Fundação Oncocentro de São Paulo - FOSP, a Fundação Hemocentro, a Superintendência de Controle de Endemias - SUCEM, o Hospital das Clínicas - HC de Ribeirão Preto e de São Paulo e o Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual - IAMSPE estão contemplados no PPA com Programas próprios, tendo em vista a peculiaridade dessas instituições, que facilitará o acompanhamento e implementação das ações nos 4 pilares de governo.
3.5 Habitação Popular e Infra-estrutura Urbana
3.5.1 São Paulo no contexto nacional dos indicadores de habitação e infra-estrutura urbana
As condições de habitação e infra-estrutura do Estado de São Paulo são bem melhores do que as observadas no restante do País.¹¹ O mesmo se observa no que diz respeito ao esgotamento sanitário.¹² A remoção de lixo¹³ e o acesso à água, são outros pontos nos quais o Estado de São Paulo ganha destaque no cenário nacional.
Ainda assim, o Estado de São Paulo possui mais de 600 mil domicílios precários, entre favelas, cortiços e improvisados. Isto significa 6,5% do total de 9,9 milhões de domicílios urbanos identificados em 2000. A questão dos domicílios em favelas é, certamente, a mais complexa. Em termos absolutos, a RA Metropolitana de São Paulo detém 387 mil dos 485 mil domicílios nesta situação. A participação destes no total de domicílios é de 8%, bem superior à média estadual de 4,9%. Em termos relativos, o principal problema é a RA de Santos, com 11,2% de seus domicílios localizados em favelas. Em conjunto, as duas regiões representam 90% dos problemas do Estado. Vale notar que o problema não existe nas RA de Registro, Franca, Barretos e Central.
Já o abastecimento de água é inadequado em apenas 3,6% dos domicílios urbanos paulistas. Nas RA Central, de Barretos, Franca e Bauru, este nível é de menos que 2%. Grave, no entanto, é a situação das RA de Registro (7,3%), São José dos Campos (6,1%), Santos (5,4%) e Campinas (4,6%). Vale notar que esta questão afeta relativamente pouco a maior parte da população, dado que apenas 16% dos domicílios estão nas três regiões que têm marcas superiores a 30% da média estadual.
3.5.2 A questão habitacional
A análise da questão habitacional revela que as necessidades do setor no Estado se concentram mais na categoria de inadequação do que de déficit de estoque. Cerca de um terço dos domicílios do Estado tem algum problema. A maior parte dessas necessidades demanda reformas nos domicílios existentes, não implicando a ampliação do estoque. As necessidades habitacionais do Estado no final dos anos 90 somavam cerca de 2,7 milhões, das quais 2,3 constituíam necessidades de inadequação, enquanto as restantes constituíam déficit. Para a RMSP, as necessidades somavam 2 milhões, sendo 1,7 de inadequação e o restante de déficit (dados da Fundação SEADE).
Observa-se, pois, que as carências habitacionais são mais prementes na RMSP do que no interior. Esses resultados contrastam com as polícias estaduais e municipais voltadas, sobretudo, para a construção de casa própria, deixando em segundo plano outras linhas de ação (intervenção em cortiços, urbanização e regularização de favelas locação social, lotes urbanizados, fornecimento de cestas de material de construção etc.)
¹¹As condições de habitação brasileiras, tomadas pelo tipo de material utilizado nas construções indicam que 90,4% dos 39,6 milhões de domicílios particulares permanentes urbanos do Brasil apresentam paredes de alvenaria. Já na Região Sudeste, 98,4% dos 19,5 milhões de domicílios são feitos de alvenaria. No caso do Estado de São Paulo, que tem 10,2 milhões de domicílios (25,8% do total nacional) este índice é de 98%. A RMSP supera o índice do conjunto do Estado, com 98,6%.
¹²Enquanto apenas 52,8% dos domicílios urbanos brasileiros dispõem de rede coletora, o Estado de São Paulo tem 87,7% de seus domicílios com este serviço. Vale frisar que o índice do Estado é superior ao da Região Metropolitana (82,9%) e ao do conjunto da Região Sudeste (79,0%). Cabe também destacar o fato de que os domicílios que dispunham de fossas rudimentares ou não tinham acesso ao esgotamento sanitário eram 5,8% no Estado, contra 9,8% na Região Sudeste.
¹³Enquanto 86,6% dos domicílios urbanos brasileiros são servidos por coleta direta, o mesmo índice para o Estado de São Paulo é de 94,8%, que é superior, também, ao índice da Região Sudeste, de 91,2%. Ao mesmo tempo, 5,1% dos domicílios urbanos brasileiros têm destinação do lixo inequivocamente inadequada, o que só ocorre em 0,6% dos domicílios urbanos paulistas.
14O Estado de São Paulo apresenta um índice de canalização interna de água vinculada à rede geral de 98,2%, enquanto o Brasil e a Região Sudeste apresentam índices razoavelmente inferiores, 88,5% e 95,3%, respectivamente. Na situação de maior precariedade encontram-se 6,7% dos domicílios brasileiros, sem acesso à canalização interna, enquanto este índice é de apenas 0,9% para os domicílios urbanos paulistas.
15Ver análise contida no Capítulo 2 deste documento, relativa à Região Metropolitana de São Paulo.
16Os programas estaduais de produção de casa própria têm se conduzido através de "empreitada global" (obras executadas por terceiros e licitadas pelo CDHU), "habiteto" (associação Estado, prefeitura e auto-construtores) e o Programa de Mutirão com Associações Comunitárias.

3.5.3 Ações da Secretaria no Período do PPA
Nas últimas duas décadas, o desafio de suprir o crescimento vegetativo de diminuir o déficit acumulado tem sido enfrentado pela ação da Secretaria da Habitação e da CDHU, essencialmente com a construção de moradias novas destinadas à habitação de interesse social. O público-alvo desta política é o das famílias com rendimento mensal entre 1 e 10 salários mínimos, com prioridade para aquelas com renda entre 1 e 3 salários mínimos. Na proposta da Política Habitacional de Interesse Social, que tem por base a estruturação do Programa PRÓ-LAR em 2003, as novas linhas de atuação e formas de acesso à moradia pretendem ampliar o leque de atendimento das necessidades habitacionais do Estado. Para tanto, está previsto um fortalecimento das parcerias com prefeituras, movimentos de moradia, ONGs, entidades governamentais e iniciativa privada para promover:
•    construção de casas pelo processo de autoconstrução assistida, em cidades pequenas e médias do interior;
•    mutirões associativos nas cidades médias e grandes das regiões metropolitanas;
•    remoção e reassentamento de famílias em áreas de risco;
•    construção e ampliação de casas para trabalhadores rurais assentados pelo Estado;
•    reformas e ampliações de moradias por meio de microcrédito pessoal pelo Banco do Povo;
•    reassentamento e urbanização de favelas;
•    atendimento às comunidades quilombolas e indígenas;
•    erradicação de cortiços;
•    financiamento para construção em lotes próprios;
•    melhorias de conjuntos habitacionais: equipamentos e infra-estrutura;
•    produção adequada de casas e edifícios para a população de baixa renda por meio de empreitada global e integral; e
•    programa e ações de regularização fundiária.

Este conjunto de linhas de ação tem por base uma política de financiamento e de subsídios às famílias de baixa renda que lhes possibilita o acesso às diferentes soluções habitacionais.
O Programa Pró-Lar objetiva diversificar sua forma de atendimento atingindo as demandas dos diferentes municípios e regiões do Estado, bem como priorizar os segmentos sociais que apresentam maior vulnerabilidade nas suas condições de moradia.
Para o período 2004-2007 estabeleceu-se como meta cerca de 270.000 atendimentos habitacionais, incluídas as obras em andamento em 2003. Desse total, 25% dos casos deverão ser melhorias habitacionais.
O Pró-Lar - Autoconstrução é feito em parceria com as prefeituras para a construção de casas populares de baixo custo, com infra-estrutura e terreno doados pelas prefeituras. É a linha de atuação prioritária com os municípios paulistas de pequeno e médio porte.
O Pró-Lar - Rural destina-se às famílias em assentamentos do ITESP/INCRA, promovendo a melhoria das condições de produtividade e vida social no campo.
O Pró-Lar - Ação em Favelas e Áreas de Risco privilegia as situações críticas e emergenciais que as prefeituras enfrentam nas áreas degradadas de seus municípios, por meio de vários tipos de atendimento: desfavelamento, autoconstrução, cartas de crédito, infra-estrutura.
O Pró-Lar - Melhorias Urbanas e Habitacionais é direcionado à requalificação dos núcleos habitacionais e assentamentos urbanos degradados, oferecendo possibilidades de ações de infra-estrutura, equipamentos comunitários e projetos de inclusão social em parceria com prefeituras e entidades sociais.
O Pró-Lar - Núcleo Habitacional por Empreitada promove a construção de casas e edifícios para a população em geral, por meio de empreitada global ou empreitada integral, tendo uma grande participação em todo o Estado.
O Pró-Lar - Microcrédito é uma linha de financiamento a baixo custo para famílias que necessitam ampliar ou reformar suas moradias, em parceria com o Banco do Povo.
O Pró-Lar - Crédito Habitacional é uma linha de financiamento destinada aos proprietários de lotes próprios, que já contam com os benefícios da urbanização, sendo executado em parceria com prefeituras e associações de profissionais.
O Pró-Lar - Mutirão Associativo trabalha diretamente com as associações organizadas de moradia que promovem a construção de casas e edifícios em processo de mutirão.
O Pró-Lar - Atuação em Cortiços se dirige às famílias moradoras em cortiços nas áreas centrais degradadas das regiões metropolitanas do Estado. Esse programa conta com a parceria do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O Pró-Lar - Moradias Indígenas e Comunidades Quilombolas, atende a populações específicas que merecem uma atenção especial do Estado.
Além desses programas de provisão de moradias e melhorias urbanas, a Secretaria da Habitação/CDHU, com a adesão dos municípios, se empenha numa ação propositiva de regularização de núcleos habitacionais de interesse social para promover a integração das comunidades de baixa renda às conquistas dos benefícios da cidade legal.
É importante, por fim, ressaltar o papel estratégico do Plano Habitacional de Interesse Social, que integra essa propositura do PPA, tanto no campo do fortalecimento da cadeia produtiva da construção civil, gerando uma média de 75.000 empregos diretos e indiretos, quanto da revitalização das redes de inclusão social e promoção da cidadania e qualidade de vida.
3.6 Cultura, Esporte e Lazer.
3.6.1 Cultura, Esporte e Lazer no Estado de São Paulo.
A Constituição Brasileira destaca a cultura no elenco de direitos e deveres que se combinam no exercício da cidadania (Artigo 215, da seção 2). Ao assumir a abrangência das questões culturais, o País faz um movimento para sua recuperação - embora esses assuntos ainda sejam considerados secundários na ordem hierárquica das urgências nacionais.
As questões culturais assumem, nos dias de hoje, caráter estratégico no processo de afirmação das identidades coletivas de cada comunidade ou nação no reconhecimento da diversidade como fator primordial e indissociável dessa nova universalidade, acelerada pelos meios de comunicação. O grande desafio da ação do estado é o de implementar um projeto cultural e educacional interdisciplinar, voltado à pesquisa e à informação, ao estímulo da inventividade e da criatividade, à produção de diferentes expressões culturais e à preservação do patrimônio cultural, criando meios para que o cidadão reflita sobre a sua realidade particular, a relacione com outras realidades, de seu país e do mundo, e que a transforme com o desempenho do seu trabalho. Assim sendo, cada sociedade tem a responsabilidade, por meio dos vários mecanismos tecnológicos de que hoje dispomos, de trazer para seu cidadão a cultura acumulada pelo seu povo e pela humanidade para situá-lo historicamente e provê-lo assim dos instrumentos necessários para a construção do seu trabalho atual.
Uma síntese da situação da infra-estrutura do Estado de São Paulo destaca os seguintes aspectos:
•    Teatros - Cerca de 20% dos municípios possuem teatros; mas 70% da população vive em cidades onde existem teatros. Logo, sua presença nos municípios é diretamente proporcional ao número de habitantes.
•    Bibliotecas Públicas - Há no Brasil uma carência de bibliotecas públicas, e é fato exaustivamente comentado a pouca familiaridade dos brasileiros com a leitura. Apesar do aumento substancial do mercado editorial nos últimos anos, o consumo de livros não-didáticos per capita é de apenas 0,8 livro por ano. Um destaque do Estado de São Paulo é que a biblioteca pública é o mais presente de todos os equipamentos culturais.
•    Centros Culturais/Casas de Cultura - 37% dos municípios paulistas possuem Centros de Cultura. Nesses municípios, porém, reside a maioria da população paulista: 79%. Na RMSP chega 90% a parcela da população que vive em cidades que dispõem desse equipamento. Assim como acontece com os demais equipamentos culturais, os centros de cultura são mais presentes nos municípios mais populosos. Nos municípios com mais de 50 mil habitantes, mais de 70% os possuem.
•    Museus - 24% dos municípios possuem museus. Mas nesses municípios residem 76% dos habitantes do Estado.
•    Cinemas - Poucos municípios possuem cinema: apenas 11% do total. A parcela da população que tem acesso a cidades em seu município, porém, é de 65%.
•   Bandas e fanfarras - A existência de bandas e fanfarras, diferentemente do que acontece com outras atividades culturais, não é prerrogativa dos grandes centros urbanos. Esta atividade representa uma oportunidade para a construção de carreiras artísticas a serem ainda mais exploradas.
•    Escolas de Samba - Um dos maiores emblemas da cultura nacional, as escolas de samba, estão presentes em 17% dos municípios.
•    Grupos Folclóricos - Em 19% das cidades paulistas exigem grupos folclóricos abrangendo 56% da população paulista.
•   Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Arqueológico e Turístico - Apenas 15% das cidade do Estado possuem algum órgão municipal voltado para a preservação dos patrimônios mencionados. A RMSP e a de São José dos Campos são as que possuem o maior número de municípios que sediam tais órgãos de preservação.
•    Convênios de Cooperação Técnica nas Áreas de Cultura, Turismo ou Comunicação - Existem convênios de cooperação em 6% dos municípios nas áreas mencionadas.
•    Convênios de Parceria com o Setor Privado nas Áreas de Cultura, Turismo ou Comunicação - O número de empresas que participa de projetos culturais em troca dos incentivos existentes (Lei de Incentivo à Cultura e Lei do Audiovisual) tem crescido fortemente - embora essa participação ainda seja pequena quando comparada à de outros países.

Observa-se, assim, que o estoque de equipamentos culturais concentra-se nos grandes centros urbanos. Mas é nesses que se concentra também a maioria da população do Estado. Tendo em vista o planejamento de longo prazo - e considerando-se que a democratização da cultura é um dos objetivos do Governo Geraldo Alckmin - o Estado, associado aos municípios e à iniciativa privada, se propõe a articular uma proliferação espacial dos equipamentos culturais.
Quanto ao Esporte, não parece ser verdade que não existam espaços adequados para as atividades culturais e esportivas em nosso Estado. Soluções engenhosas como a transformação de terrenos baldios, vias públicas, parques públicos, salões paroquiais, salões de festas dos prédios, espaços em escolas e quartéis em espaços para a prática esportiva e atividade de lazer podem e devem ser consideradas enquanto alternativas válidas. Já com relação às instalações esportivas mais adequadas e apropriadas, deve-se considerar que estas, embora bastante disseminadas, estão aquém das necessidades. Os principais estoques são:
•    Estádio Esportivo Público - Cerca de 440 municípios possuem estádios esportivos públicos, notadamente os municípios de maior porte.
•    Ginásio Esportivo Público - Dos 645 municípios do Estado, 430 possuem ginásios esportivos.
•    Quadra Poliesportiva Coberta Pública - 180 municípios apresentam esse tipo de equipamento.
•    Quadra Poliesportiva Descoberta Pública - 345 municípios possuem esse equipamento.
•    Campo de futebol Público - 441 municípios possuem essa instalação pública.
•    Piscina Olímpica Pública - Apenas 46 municípios a possuem; 229 municípios possuem piscina semi-olimpica.
•    Quadra de Tênis Pública - existe em 64 municípios.
•    Pista Pública de Atletismo - existente em 139 municípios.

1784% dos municípios com mais de 200 mil habitantes possuem teatros, cerca de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes não os possuem.
18Apenas 24% dos municípios não as possuem. Nesses municípios residem 2% dos habitantes paulistas. Existem bibliotecas em pelo menos 87% das cidades com mais de 10 mil habitantes.
19Em apenas um terço dos municípios existem bandas e fanfarras. Esses municípios detém 80% de toda a população do Estado. A relação entre tamanho populacional do município e a existência desse equipamento cultural não é tão significativa como constatada nos demais.


3.6.2 Prioridades da Secretaria de Estado de Cultura
As diretrizes básicas da Secretaria são as de:
I - estimular o desenvolvimento cultural do Estado levando em devida conta a pluridade e a diversidade de sua composição demográfica e, consequentemente,  cultural. Isso engloba tanto os processos de produção artística (criação, produção, difusão, fruição e consumo) quanto a preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural;
II - aprofundar o tratamento interdisciplinar em relação a todas as formas do fazer cultural, o que implica uma parceria com diversas outras Secretarias;
III - ampliar quantitativa e qualitativamente o acesso dos cidadãos à cultura, perseguindo a democratização e a universalização deste acesso.
Um aspecto importante que norteia a ação da Secretaria parte do reconhecimento de que violência e falta de opções de cultura e lazer podem estar relacionadas, especialmente entre a população jovem. Levando isso em conta a Secretaria desenvolve quatro projetos visando a inclusão social dos jovens e redução da sua vulnerabilidade pela oferta de opções. Entre os projetos em desenvolvimento destacam-se:
1. Projeto Guri, para desenvolver habilidades e potencialidades musicais em crianças e adolescentes em áreas carentes.
2. Projeto Arquimedes, que estimula comunidades selecionadas a desenvolver atividades culturais para os jovens.
3. Programa São Paulo: um Estado de Leitores, visando implantar políticas capazes de desenvolver o gosto pela leitura, em especial entre crianças e jovens.
4. Programa Fábricas de Cultura, com recursos do BID, para a criação de nove centros culturais multidisciplinares.

3.7 Segurança Pública
3.7.1 A Questão da Violência
As mortes por causas violentas ou externas sofreram considerável aumento de importância em São Paulo e no Brasil desde a década de 80, tanto em número absoluto, como proporcionalmente às outras causas. Em São Paulo, representam o terceiro maior grupo de óbitos, perdendo apenas para as doenças do aparelho circulatório e praticamente empatando com as neoplasias. As mortes por agressão (homicídios) representavam a primeira causa de óbito entre as externas. A segunda maior causa eram os acidentes de trânsito.
O Estado de São Paulo apresentou, entre 1999 e 2001, em média anual, uma proporção de óbitos por agressões em relação aos óbitos totais de 6,3%. Quando adicionados os causados por acidentes de trânsito, os óbitos por causas externas significam 8,9% do total. A Região Metropolitana de São Paulo respondeu por mais da metade dos 20,9 mil óbitos por agressões e acidentes de trânsito.20

3.7.2 A Ação da Secretaria de Segurança Pública no Período do PPA
A ação da Secretaria no período do PPA 2004-2007 objetivará consolidar o processo de modernização da infra-estrutura da polícia paulista, bem como aprimorar seus serviços de inteligência, continuando a investir no seu reaparelhamento e a desenvolver programas que reflitam as diretrizes já definidas no binômio modernização e eficiência, com objetivo de oferecer serviços de melhor qualidade à população. Os seguintes programas e ações serão executados:
•    O Programa Modernização da Segurança Pública - aplicado a todas as áreas de competência da Polícia Paulista, como segue: Polícia Civil e seus Departamentos; Polícia Militar e suas unidades, incluindo-se o Corpo de Bombeiros; Superintendência da Polícia Técnico-Científica e o DETRAN - continuará a ser executado tendo por escopo a valorização profissional dos membros das polícias paulistas, com adoção de política de recursos humanos, assim como dotando as polícias com equipamentos de informática, veículos, armas, munições e equipamentos de proteção individual.
•    O Programa Governo Eletrônico, que permeia todos os programas existentes na Secretaria da Segurança Pública, visa dotar todas as unidades com equipamentos de informática e modernização de sua infra-estrutura, possibilitando, desta forma, a expansão da INTRANET nas unidades policiais civis e militares; disponibilizar o INFOCRIM por meio da rede informatizada.21
•    O Programa Estadual de Proteção às Testemunhas, que tem por objetivo a proteção de pessoas ameaçadas em decorrência de terem presenciado crimes, é realizado em parceria com a Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania e a sociedade.
•    O Programa Prevenção e Repressão à Criminalidade, cuja execução compete à Delegacia Geral de Polícia, prioriza a inteligência policial mediante elaboração de estratégias destinadas ao combate ao crime organizado, com apuração das infrações penais e sua autoria, mediante instauração de inquéritos policiais com elementos necessários visando a solução dos crimes desconhecidos e o desbaratamento de quadrilhas.22
•    O Programa de Policiamento Ostensivo, de responsabilidade da Polícia Militar, compreende o aprimoramento dos serviços prestados à população, por meio do policiamento comunitário, reduzindo os índices de criminaliza conseqüentemente, trazendo maior sensação de segurança à sociedade, principalmente a de baixa renda.23
•    O Programa Segurança Escolar, numa parceria com a Secretaria da Educação, tem por finalidade o policiamento ostensivo no entorno das escolas, para garantia da segurança de alunos e professores, assim como para prevenção às drogas e violência, promovendo maior interação com a comunidade, por meio de palestras, cursos e simpósios dirigidos aos jovens, ensinando-os valores de cidadania para o desenvolvimento de sua auto-estima.
•    O Programa de Saúde aos Policiais Militares visa prestar serviços de qualidade de saúde aos policiais por meio do atendimento médico, ambulatorial e odontológico; a modernização do atendimento hospitalar, com a implantação da clínica de reabilitação físico-mental no Hospital Militar, com a adequada manutenção e modernização dos equipamentos médicos disponíveis e com a produção e aquisição de medicamentos e de materiais médico-hospitalares.
•    O projeto SOS Bombeiros no Resgate da Cidadania, a ser expandido para outras regiões do Estado após sua implantação como projeto-piloto em seis Postos de Corpo de Bombeiros da Capital, atendendo 360 crianças e adolescentes de 10 a 15 anos, em situação de risco pessoal e/ ou social, na maioria evadidos da escola pública e oriundos de famílias desestruturadas e de baixa renda (até dois salários mínimos).24
20Regionalmente, a violência ficou distribuída de forma bastante diferenciada. Apenas as RA Metropolitana de São Paulo (9,5%) e Santos (6,4%) registraram óbitos por agressão maiores do que a média do Estado. As RA de Barretos, Bauru, Franca, Marília, Presidente Prudente e São José do Rio Preto nem chegaram a 2%. O Grau de Concentração, medido pela participação das RA que têm média regional superior a 30% acima da média estadual nos eventos acima da média estadual nos eventos de morte por agressão, é muito elevado, chegando a 70,5% dos 14.806 óbitos por agressão. Vele frisar que a única RA que se enquadrou neste caso foi a Metropolitana de São Paulo. No conjunto do coeficiente de mortes por acidentes de transporte e agressões, frente aos óbitos totais, a RA Metropolitana de São Paulo é a primeira colocada (11,7%) seguida de perto por São José dos Campos, Registro e Santos. As RA de Bauru, Franca, Marília e Presidente Prudente estão abaixo dos 5%.
21Sistema de informações criminais que permite o mapeamento e controle on-line das ocorrências policiais e o cruzamento de informações dos locais e hora das ocorrências, através dos quais são elaborados mapeamentos estatísticos de informações geo-referenciadas. Atualmente, todas as unidades policiais da Capital, Grande São Paulo e dos municípios de Campinas e São José dos Campos acessam o INFOCRIM. O sistema será estendido aos demais municípios sede de regiões no Interior. Ele permite ainda a implantação de protocolo único; a inclusão digital de funcionários, ministrando-lhe cursos de capacitação em informática; o acompanhamento de inquéritos policiais; e a reformulação do Site SSP. No âmbito da Delegacia Geral de Polícia, este programa destina-se também à expedição de Boletins de Ocorrência pela Internet, através da Delegacia Eletrônica.
22Além disso, este programa prevê a reforma e adequação de Delegacias de Polícia existentes ao novo modelo de "Delegacia Participativa" com o objetivo de oferecer um novo padrão de atendimento e de prestação de serviços que corresponda às necessidades do cidadão envolvendo recursos humanos; treinamento; e recursos de informática e de comunicação visual.
23O programa promove ainda uma maior interação com a comunidade por meio de palestras dirigidas a jovens estudantes, através do PROERD - Programa de Prevenção e Resistência às Drogas. Com a instituição do Serviço Auxiliar Temporário, a Polícia Militar mantém milhares de jovens entre 18 e 23 prestando serviços administrativos e tendo condições de descolar seu efetivo no reforço ao policiamento ostensivo.
24Esse Projeto, desenvolvido em parceria  com a Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, utiliza-se do espaço físico dos postos de bombeiros, para ministrar nos períodos complementares ao horário escolar, de metodologia de arte-educação e de educação moral, fortalecendo suas relações familiares e proporcionando lazer, reforço de aprendizagem escolar e atendimento à sua saúde.

O Programa de Modernização e Aperfeiçoamento da Polícia Técnico-científica compreende a aquisição de equipamentos de alta tecnologia na área forense para os núcleos dos Institutos de Criminalística e Médico-legal; a manutenção e ampliação dos Centros de Atendimento às vítimas de violência sexual; a construção de novas unidades do Institutos de Criminalística e do Instituto Médico-legal na Capital, Grande São Paulo e Interior do Estado; a organização de centros de tecnologia de ponta no campo forense; a reestruturação dos recursos humanos, com a criação de novos cargos e abertura de concursos para o preenchimento das vagas disponíveis, visando ampliar seu quadro efetivo; o aperfeiçoamento e atualização do profissional; a realização de cursos de aperfeiçoamento, objetivando a melhoria de qualidade na prestação de serviços à Justiça, com a manutenção e suporte administrativo e operacional das atividades técnico-científicas e com o fornecimento de laudos e peritagem de qualidade".
•    O Programa Sinal Verde, cuja execução é da competência do DETRAN, busca a excelência  dos serviços prestados mediante o aperfeiçoamento dos serviços de expedição da Carteira Nacional de Habitação, de registro e licenciamento de veículos automotores; a manutenção dos veículos e motos da sua frota; a implantação de novas unidades de trânsito na Capital e no Interior, que necessitará do provimento dos cargos vagos mediante realização de concursos públicos, bem como a criação de cursos de formação.
•    O Programa de Educação e Segurança no Trânsito, igualmente a cargo do DETRAN, compreende os Programas Educativos, com a realização de palestras e campanhas  educativas de trânsito, assim como a elaboração de projetos de sinalização viária, buscando a melhoria dos serviços prestados, por meio de fiscalização eficiente.
Além disso, e especificamente para auxiliar o combate à ocorrência de delitos, principalmente os promovidos por organizações bem estruturas, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Segurança Pública vem investindo fortemente nas suas polícias, equipando-as com melhores armamentos, equipamentos, viaturas, etc. No novo PPA procura-se privilegiar novas tecnologias e sistemas  geo-refenciados entre os quais destacam-se:
•    Copom on-line - Sistema Informatizado De Administração Geoprocessada de Policiamento Ostensivo, em Tempo Real; é um sistema inteligente que utiliza os recurso de geoprocessamento e registros de ocorrências.
•    Fotocrim - Base Informatizada de Fotografias Criminais: sistema inteligente que permite armazenar eletronicamente fotografias de pessoas que possuem registros policiais e judiciais na esfera criminal, visando à monitoração da atividade criminosa.
•    Infocrim - Sistema de Informações Criminais: implantando pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, é uma importante ferramenta no combate à criminalidade. Planejado no início de 2000 como instrumento fundamental para o Programa de Integração das Polícias, contribuiu para o desenvolvimento de uma cultura de cooperação e otimização dos recursos humanos e materiais das instituições policiais. Estes objetivos foram alcançados graças ao intercâmbio de informações criminais, planejamento conjunto e eficiente de ações policiais e estabelecimentos de metas de redução da criminalidade contidos no sistema.
•    Sistema AFIS - Automated Fingerprint Identification System (Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais): em processo de implantação esse método usado mais rápido, preciso e fácil de se identificar uma pessoa por meio da impressão digital.
•    Sistema de Comunicação: O governo do Estado está investindo tanto na melhoria do sistema de comunicação, tanto na região metropolitana quanto no interior do Estado. A mudança do atual sistema trará como principais benefícios a melhoria da qualidade nas comunicações e maior segurança. Para os próximos quatro anos está prevista e expansão da digitalização para todos os Órgãos de Polícia do Interior.
•    Implementação de Tecnologia IP: A implementação da tecnologia IP, trafegando dados, voz e imagem por redes de processamento de dados, vai permitir de imediato, a redução dos custos de comunicação, uma vez que todas as organizações policiais estarão interligadas pela rede INTRAGOV.

25O sistema permite aos diversos níveis de comando operacional, e também administrativo, acompanhar, em tempo real, pela tela do computador, em um mapa geocodificado, a dinâmica da criminalidade na cidade pelas chamadas do telefone 190, bem assim, as ocorrências que estão em andamento e os meios humanos e materiais para atendimento da demanda. Essa tecnologia permite otimizar o atendimento à população levando em conta a demanda por segurança, os serviços prestados e, a possibilidade de se antecipar aos fatos, em algumas situações, estando nos locais de maior probabilidade de ocorrerem ilícitos, pois permitem visualizar, em mapas, os locais onde estão ocorrendo os fatos, bem como os meios de que dispõe, podendo o comandante redirecionar esses meios, mudando o "desenho operacional" da área para o atendimento da demanda momentânea, voltando ao status anterior assim que a normalidade for restabelecida. Implantado inicialmente na Capital e região metropolitana, hoje o sistema já atinge as grandes cidades do interior do Estado - Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Bauru, Santos, São Vicente e Sorocaba e com ampliação prevista para todos os municípios do Estado em médio prazo, em conjunto com a informatização dos Centros de Atendimento e Despacho (Sistema de Emergência 190).
26Modelo pioneiro na segurança pública de todo o país, a Fotocrim, fruto do trabalho tecnológico da própria instituição policial, proporciona às policias subsídios para a execução do mapeamento do crime, objetivando, conseqüentemente, a redução dos índices criminais. Com aproximadamente cem mil delinqüentes cadastrados, a Fotocrim possibilita aos policiais identificar pela fotografia criminal a autoriza de delitos por meio das características pessoais de suspeitos, crimes praticados, modus operandi e região de atuação. Lado a lado com a tecnologia da informação, a polícia, empregando técnicas de polícia inteligente, utiliza os bancos de dados criminais para direcionar seus recursos humanos e materiais de forma racional e eficiente, visando atender a política de segurança pública do governo estadual. As fontes de alimentação do sistema Fotocrim são: a atividade de inteligência, jornais impressos e televisivos, revistas, internet etc, além de dados obtidos juntos a órgãos públicos responsáveis direta ou indiretamente pela segurança.
27O Infocrim é um sistema on-line que disponibiliza informações criminais geradas a partir dos Boletins de Ocorrência (BOs) elaborados nos Distritos Policiais. Dados como local, data e horário, características físicas dos envolvidos, modo de agir e outras particularidades, são apresentados em planilhas, gráficos e mapas, permitindo, assim, uma melhor visualização dos vários tipos de delitos e o combate mais eficiente à criminalidade. O Infocrim, que também é utilizado pela Polícia Fardada, permite a distribuição dos recursos da polícia segundo as áreas de maior incidência criminal, além de permitir a análise do modo de operação utilizado pelos criminosos nos delitos. Com isso, a polícia consegue ligar vários delitos a uma mesma quadrilha, seguindo a descrição dos autores do crime dada pelas vítimas e pelo modo como eles agiram.
28O AFIS é utilizado com sucesso por agências de polícia e institutos de identificação civil em todo o mundo, em razão da sua capacidade única de identificar positivamente uma pessoa dentro de um universo de milhões de registros. A identificação de fragmentos de impressões digitais encontrados em cenas de crimes, conhecidos como impressões latentes, poderá ser feita comparando com a base de dados que está sendo digitalizada e incluída em um grande banco de dados. O sistema permitirá que a investigação policial seja mais ágil, mais precisa e mais oportuna, direcionando para a identificação rápida dos responsáveis pelos delitos. Todos os sistemas inteligentes são interligados, ou seja, um complementa a outro.
29Essa tecnologia também permitirá a integração e o compartilhamento de informações existentes em diversas bases de dados policiais, melhorando a qualidade do atendimento à população, pois o policial poderá intervir nas ocorrências munido de maiores informações sobre o local - perto das escolas, ponto de tráfico de entorpecentes, etc. -, tipo de delito, marginais que agem na região, podendo consultar rapidamente a situação das pessoas envolvidas sem ter que transportá-las até um distrito policial. Permitirá também que as informações trafeguem com segurança, dentro de redes privativas - Virtual Private Network (VPN) - impedindo que sejam interceptadas por pessoas não autorizadas e utilizadas indevidamente, além de serem transmitidas de forma mais ágil.

3.7.3 A Segurança Penitenciária
A ação da Secretaria da Administração Penitenciária no âmbito do PPA 2004-2007 continuará a ser no sentido de aprofundar o processo de modernização e adequação da infra-estrutura do Sistema Penitenciário do Estado de São Paulo. O trabalho a ser desenvolvido continuará visando a sintonia entre os avanços no âmbito legislativo e os projetos na área administrativo-penitenciária.
A superpopulação prisional é uma constatação que ultrapassa os limites do Estado de São Paulo e do Brasil. Não obstante os esforços para evitar o aprisionamento desnecessário com a criação de novas Centrais de Penas Alternativas, é necessário ampliar o número de vagas com a utilização de Unidades Prisionais de menor capacidade, concebidas conforme projetos que se apresentam como referência.
No marco de um novo modelo de gestão, o Governo de São Paulo continuará a construir Centros de Detenção Provisória, Penitenciárias Compactas, Centros de Progressão Penitenciária, Alas de Progressão Penitenciário, Centros de Ressocialização e Centros de Readaptação Penitenciária, salientando que esse último modelo seguirá como exceção à regra de prevenção especial. As Unidades Prisionais referidas comportam quantidades menores de presos e propiciam condições mais favoráveis ao objetivo de reintegração social. Esse objetivo é expresso pelas construções das Penitenciárias Compactas e Centros de Progressão Penitenciária que serviram para a desativação da Casa de Detenção de São Paulo e continuarão sendo utilizados para comportar os detentos dos regimes penitenciários fechado e semi-aberto.
Os Centros de Detenção Provisória servem e continuarão sendo utilizados para receber os presos provisórios, o que viabilizará, por igual, a desativação de todas as Cadeias Públicas vinculadas à Secretaria da Segurança Pública.
Os Centros de Ressocialização seguirão como referência de parceria entre o Estado e a Sociedade Civil, Unidades Prisionais mistas, com capacidade mínima composta por presos provisórios e/ou definitivos, de regime penitenciário fechado ou semi-aberto.
Outras alternativas, que visam criar novas vagas e que podem envolver parceria entre a iniciativa pública e privada, serão avaliadas e ajustadas aos objetivos traçados pela Administração Penitenciária. Providências continuarão sendo implementadas visando dotar os serviços básicos de infra-estrutura de tecnologia de informação, tornando célebre e segura a comunicação no âmbito interno.
Já é possível aferir a qualidade das atividades vinculadas à assistência ao preso e ao internado a partir da descentralização e criação das Coordenadorias Regionais e da Saúde, do Departamento de Reintegração Social, da atuação da FUNAP, da Corregedoria, da Ouvidoria, das parcerias com a sociedade civil, das propostas de adaptações de textos legislativos, padronização de normatizações internas e da postura firme da própria Secretaria da Administração Penitenciária.
No tocante à padronização, esta regra está incorporada à Administração Penitenciária e servirá para orientar a execução e desenvolvimento das atividades básicas de suporte, adoção de meios alternativos que visem redução ou minimização de gastos com investimentos e custeio, sem descuidar da formação e capacitação do corpo funcional.
3.8 Justiça
3.8.1 Programas da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Os Programas da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania para o período do PPA contemplam uma ampla gama de temas e atividades dentro de suas áreas de competência:
•    Uma atividade é a construção de cinco novas unidades dos Centros de Integração da Cidadania, a entrada de mais três no próximo ano, além de outras 12 em estudo para os demais exercícios de abrangência do PPA.
•    Outra atividade é a de apoio aos Conselhos diretamente vinculados à Pasta, que é realizada com a promoção de cursos, seminários, palestras e a celebração de convênios com entidades de direito público e municípios sobre assuntos pertinentes ao Conselho Estadual de Entorpecentes - CONEN, que coordena, desenvolve e estimula programas de repressão ao tráfico e de prevenção ao uso indevido de substâncias psico-trópicas ou que determinem dependência, e ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CONDEPE, que investiga as violações dos direitos humanos no Estado de São Paulo.
•    O CRAVI - Centro de Referência de Apoio à Vítima, é um programa que presta atendimento jurídico, social e psicólogo às vítimas de homicídios, latrocínios e outros casos graves de violência. O PROVITA - Programa de Proteção a Testemunhas, é um programa que combate a impunidade, protegendo a testemunha, vítima e familiares de vítimas de violência, coagidas, ameaçadas ou expostas a perigos, em razão de informações prestadas, defendendo e promovendo o direito fundamental à vida e consolidando o Estado Democrático de Direito.
•    Para aumentar a eficácia no combate à criminalidade organizada e contribuir com esforços que objetivam uma segurança pública eficaz é também necessário melhorar a infra-estrutura do Poder Judiciário. Sendo assim, é de responsabilidade da Secretaria a reforma, ampliação e construção de prédios forenses. Já se encontram programadas para os próximos quatro anos 40 obras e adequações de 154 Fóruns ao acesso de pessoas portadoras de deficiências.
•    Outros Programas relevantes que integram o PPA são a proposta para Capacitação, Desenvolvimento e Treinamento. A idéia é promover cursos, palestras e seminários internos e permitir aos servidores da Pasta o acesso a cursos de especialização e capacitação.
•    A Modernização do Complexo Barra Funda, no qual estão instalados órgãos da Secretaria e entes a ela vinculados, constitui outra atividade.
•    Com relação ao IPEM/SP - Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo destacam-se os objetivos de verificação e acompanhamento do atendimento aos regulamentos de qualidade e certificação às normas de garantia de oferta e comercialização de produtos que atendam às exigências requeridas, promovendo a igualdade na concorrência de mercado e a inspeção dos veículos que transportam produtos perigosos, com o emprego de critérios técnicos de fabricação e operação, visando a segurança no transporte.
•    Modernização na Junta Comercial do Estado de São Paulo de modo a dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos submetidos a registro na forma da lei. O objetivo é a automação dos processos de forma a aumentar a segurança e diminuir o prazo de trâmite, melhorando os serviços prestados ao usuário.
•    No que toca ao Governo Eletrônico da Secretaria foram adotados os conceitos dos quatro programas preestabelecidos pelo Governo.
•    A Secretaria de Justiça programa ainda a criação de um Sistema de Ouvidorias e um site para dispor de uma central de informações, difundir as demandas recebidas e propagar as ações implementadas.
30O propósito é dotar o Complexo da infra-estrutura de instalações hidráulicas, elétricas e de acessibilidade aos portadores de deficiências. São necessárias medidas preventivas de manutenção e conservação das áreas comuns aos diversos órgãos pertencentes ao Complexo, no qual ocorre o atendimento diário de centenas de pessoas, que buscam o PROCON, a JUCESP, o IMESC e o CRAVI.
31Dada a sua importância para a expansão da inserção internacional da economia brasileira, as nações do IPEM estarão estreitamente articuladas com as da Secretaria de Ciência e Tecnologia visando adaptar a produção brasileira às normas vigentes no comércio internacional, como se detalha no Capítulo 5 deste documento.

3.8.2 Regularização e Assentamento: Ações do ITESP - Instituto de Terras do Estado de São Paulo.
A Fundação ITESP atua, em suas políticas de desenvolvimento, capacitação, regularização e assentamento, na missão estabelecida de "planejar, implantar, e viabilizar, com participação e sustentabilidade, o desenvolvimento socioeconômico das comunidades atendidas". Para tanto, adota uma concepção de trabalho que considera as especificidades culturais, ambientais e econômicos de cada local de modo a gerar contextos em que a responsabilidade seja compartilhada por todos os envolvidos.
Os programas em que atua envolvem equipes de campo num trabalho de formalizar parcerias no âmbito federal, estadual, e municipal para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, capacitação profissional e aumento da produção, por meio de convênios. A partir de 2004 será também adotada a descentralização das ações e equipes, distribuindo os recursos humanos que ainda estejam concentrados na sede, na capital, para os escritórios de campo, de forma a atender mais eficazmente o público alvo.
O objetivo no período do PPA é a efetivação do assentamento de 8.500 famílias em todo o Estado. As ações estratégicas adotadas para a consecução desse objetivo são:
1. Regularização das comunidades e assistência técnica: contratação de serviços técnicos especializados e indenização aos ocupantes não-quilombolas em terras devolutas; prestação de assistência técnica e extensão rural, distribuição de bens e serviços necessários ao aumento da produção agrícola, melhoria na comercialização e da geração de renda.
2. Arrecadação de terras para assentamento: a obtenção de terras por transferência de próprios públicos, parcerias com União e destinação de áreas devolutas passíveis de assentamento.
3. Regularização de Terras com a realização de Pesquisa Cartorial, cadastros técnicos, levantamentos topográficos em áreas rurais e urbanas sujeitas à regularização, celebração de convênios e contratos com as Administrações Municipal, Estadual, Federal e entidades privadas, apoiando tecnicamente a Procuradoria Geral do Estado na proposição de ações.
4. Desenvolvimento de ações de assistência técnica agropecuária e extensão rural, para produtores familiares assentados.
5. Execução de ações para recuperação e preservação do meio natural, por meio de atividades educativas, obras e serviços. Execução e manutenção de banco de dados e acervo. Promoção de campanhas e ações que permitam a organização social e a conquista e expansão dos direitos à cidadania nas localidades dos projetos de assentamento.
6. Distribuição de materiais, bens e serviços necessários ao aumento da população agropecuária, melhoria de comercialização e da geração de renda nas localidades dos projetos de assentamento.
7. Realização de obras e serviços necessários ao assentamento de famílias e á manutenção das condições necessárias à habitação, exploração econômica e convívio  social nas localidades dos assentamentos.
8. Ações que adjetivam a migração para o meio eletrônico de todos os processos internos e intra-governamentais, integrando o sistema aos órgãos do Estado, gerando interfaces para disponibilizar on-line as informações e promover a inclusão digital previstas no Programa Governo Eletrônico.

3.9 Emprego e  Trabalho
3.9.1 Ações da Secretaria de Emprego e Relações de  Trabalho (SERT)
A Secretaria do Emprego e Relações do trabalho atuará, no período do PPA, em duas grandes frentes: a primeira atende o setor formal e a segunda o setor informal. Para tanto, estuda-se a ampliação das ações por meio da transformação dos atuais Postos de Atendimento ao Trabalhador em Agências da SERT, onde os trabalhadores, em,presas, entidades e órgãos do Poder Público das diversas esferas de governo poderão obter informações e formular solicitações sobre os produtos e serviços oferecidos pela Secretaria. Relativamente às políticas de  geração de emprego e renda no setor formal, serão incrementadas as ações para inserção de jovens no mercado de trabalho. O programa que hoje atende a Região Metropolitana de São Paulo será levado ao Interior do Estado, buscando-se uma participação financeira das Prefeituras Municipais. Serão contemplados os estudantes entre 16 e 21 anos de idade, do ensino médio da rede pública estadual (e, eventualmente da rede pública municipal), para receber o primeiro contato com o mundo do trabalho, por meio de estágio nas  empresas. Atualmente  essas ações são desenvolvidas nesta Secretaria pelo programa Jovem Cidadão - Meu Primeiro  Trabalho.
À medida que o desemprego permanece em níveis elevados, torna-se necessária a intensificação da parceria com o Governo Federal nas ações do Sistema Público de Emprego - SINE para operar o seguro desemprego, a intermediação de mão-de-obra e o cadastramento de desempregados para cursos de qualificação profissional. Serão fortalecidas as parcerias com as instituições de ensino para a realização de cursos de qualificação, com os recursos financeiros do Fundo de Amparo ao Trabalhador, de forma a proporcionar a melhoria da empregabilidade e a recolocação dos trabalhadores. Esses cursos serão estruturados a partir das estatísticas desta Secretaria, como também das sugestões das Comissões Municipais e  da Comissão Estadual de Emprego.
Pretende-se manter o atendimento ao desempregado há mais de um ano, por meio  de uma bolsa-auxílio em  até  nove meses e cursos de qualificação  a esses bolsistas, como forma de se atender emergencialmente um dos segmentos mais necessitados da população da RMSP, que concentra o maior contingente de desempregados do Estado.Vale ressaltar o grande interesse dos antes municipais do Litoral e Interior na extensão deste para além das divisas da região atualmente atendida.
Paralelamente a essas ações a SERT prestará orientação trabalhista e desenvolverá políticas de prevenção de acidentes do trabalho, com vistas a melhorar a qualidade do trabalho em nosso Estado.
Estudos têm demonstrado que pessoas físicas de baixa renda com características empreendedoras ou pequenas empresas, formalmente constituídas ou não, em geral encontram dificuldades na obtenção de financiamentos para iniciar ou dar continuidade aos seus negócios. Nesta linha, a parceria entre o Governo do Estado e as Prefeituras Municipais permite à SERT facilitar o acesso ao crédito aos pequenos empreendedores - com firma aberta ou não - por meio do Banco do Povo Paulista.
Ainda em relação ao setor informal a SERT buscará despertar a semente empreendedora nas pessoas de baixa renda, atuando nas comunidades carentes previamente prospectadas pelos seus técnicos, preparando-as para atender às necessidades do local, individualmente ou em forma de associações de produção ou cooperativas, sempre respeitando a vocação comercial da região.

3.10 Assistência e Desenvolvimento Social
3.10.1 Promoção do Desenvolvimento Social e Articulação de Ações
A assistência social, conforme estabelece a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), "é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas". E, diante de sua especificidade, deve também se integrar "às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais".
A LOAS define ainda que as ações na área da assistência social devem ser organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social, de forma a articular meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores envolvidos na área. Todos estes atores participam diretamente na formulação e execução dos Planos de Assistência Social orientando e controlando os respectivos Fundos de Assistência Social.
A integração de ações nesta área implica, sobretudo, a intervenção simultânea nas várias dimensões sociais do desenvolvimento, o que se alcança por uma correta identificação das demandas nas diferentes regiões do Estado. Isso implica duas diretrizes:
Promoção do desenvolvimento social integrado e inclusivo. Além da promoção da maior eqüidade, a política social objetiva,  no curto prazo, trazer para a rota do desenvolvimento social, no mais rápido tempo possível, aqueles grupos da população que, por distintas razões, se encontram marginalizados do progresso social e das oportunidades existentes conferidas pelos programas sociais universais.
Este esforço de inserção social dos grupos mais carentes, um dos vetores do investimentos social do Estado, vem se traduzindo na concepção e implementação de uma efetiva rede de proteção social atuante junto  aos municípios que registram as maiores carências sociais, principalmente as  relacionadas com as necessidades básicas e os grupos etários mais jovens.
Vários são os significados e objetivos desse esforço concentrado e focalizado da política social. Trata-se aqui de remover os obstáculos que vêm impedindo os grupos carentes de se beneficiarem dos bens e serviços sociais desde há muito oferecidos a outras parcelas da população. Como se sabe, as carências são cumulativas e tendem a aprisionar as pessoas nos círculos viciosos da pobreza. Romper com tal estado coisas e um dos objetivos da rede social.
O outro é a promoção do reconhecimento, da identificação e da mobilização, por parte desses mesmos grupos e comunidades carentes, das suas potencialidades e capacidades, forma única de alcançar a sustentabilidade, no tempo, do progresso econômico e  social. O aproveitamento do capital social próprio, o estímulo á participação ativa e construtiva, o desenvolvimento institucional adequado são alguns dos mecanismos que, estimulados pela ação inteligente da autoridade estadual, contribuirão para a inclusão social efetiva.
E tanto mais efetiva será tal estratégia de inclusão social quanto mais integrados, coesos e complementares forem os programas e as ações sociais desencadeadas por meio da rede de proteção social. Não se rompe o círculo da pobreza e da exclusão com ações fragmentadas e dispersas no espaço e no tempo. A forte definição da base territorial da estratégia de inserção - o município - constitui já uma decisão estratégica para o tratamento integrado das ações e programas, esforço que deve propagar-se ao longo de toda a cadeia institucional do Estado, até o vértice de suas secretarias e administração central.
Articulação de programas universais com estratégias focalizadas. Finalmente, mas não menos importante, os objetivos estratégicos da ação social do Estado se completam por meio da articulação entre os programas sociais universais e as ações sociais focalizadas - estratégia que reforça a eficácia e a efetividade  da ação pública em prol do desenvolvimento humano desejado.
Um dos alicerces do progresso social nas modernas democracias é, sabidamente, o decisivo e ativo papel do Estado na  oferta universal e gratuita de bens e serviços sociais básicos. Alcançado certo patamar de oferta, como já se alcançou no Estado de São Paulo, não cessa o esforço público neste campo. Ao contrário, deve avançar decisivamente para completar as metas quantitativas esperadas - referidas e medidas pelas brechas de eqüidade - e, mais ainda, deve avançar para a substancial melhora da qualidade  desses mesmos serviços indispensáveis à vida cidadã.
Entretanto, obstáculos de ordens diversas impedem que determinados grupos da população se beneficiem igualmente dos serviços sociais básicos. A ação focalizada, dirigira a tais grupos por meio de estratégias como a da rede social, visam exatamente remover tais obstáculos nos mais curto espaço de tempo possível.

3.10.2 Ações da Secretaria de Assistência  e Desenvolvimento Social (SEADS)
A SEADS exerce seu papel por meio de rações formais com os Municípios (caso estejam em gestão Municipal) ou diretamente com Entidades (Gestão Estadual) para a execução dos diversos programas criados pelo Estado. Ressalte-se que atualmente cerca de 95% dos municípios paulistas já estão em gestão municipal.
Até hoje as políticas da SEADS têm sido voltadas para o atendimento de necessidades  básicas de grupos despossuídos, atuando apenas de maneira pontual e com baixos índices de cobertura. A operacionalização dos programas estaduais, por sua vez, envolve um grande número de convênios que deverão ser racionalizados mediante uma visão estratégica número de convênios que deverão ser racionalizados mediante uma visão estratégica que assegure territorialmente a focalização de públicos-alvo e o estabelecimento de metas globais e locais.
A Secretaria implantará também mecanismos sistemáticos e ágeis de acompanhamento, avaliação e geração de informações que propiciem diagnósticos situacionais e apontem para intervenções capazes de corrigir as ações desenvolvidas.
A análise das relações formais existentes na SEADS demonstrou a necessidade de uma maior compatibilização entre os convênios, seus planos de  trabalho e o desenvolvimento real das ações. Dessa forma, o monitoramento e a avaliação dos objetivos e metas propostas nos convênios permitirão uma permanente reavaliação da natureza e o objeto de tais instrumentos. Adicionalmente, a Secretaria  tratará de desburocratizar os procedimentos burocráticos, de modo a permitir  que os objetivos reais de atendimento básico e/ ou especial sejam atingidos.
No novo papel que se projeta para a SEADS ela se estrutura segundo uma estratégia de atuação com alterações significativas em seus procedimentos. De um lado, busca-se-à superar a pulverização de ações e convênios por meio da identificação dos principais públicos-alvos, integração de objetivos, metas e programas. Ademais, em um ambiente de programas e ações descentralizadas, a nova estratégia da SEADS reforça seu papel na orientação, monitoramento e avaliação das ações de assistência e desenvolvimento social do Estado de forma a permitir o acompanhamento dos resultados e sua absorção em futuras ações.
Esta nova estratégia incorpora ainda a concepção e apoio a experiências regionais, com o intuito de ajudar a superar as desigualdades marcantes hoje existentes entre as diversas regiões do Estado. Completa este papel o desenvolvimento e a, implementação de uma comunicação social eficiente e efetiva, que dê conta da divulgação dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.
As principais ações da SEADS para assegurar seu novo papel são:
1. proteção Social Básica. Consiste na implementação de um conjunto de ações de natureza emancipatória, que possibilitem  aos indivíduos , em situação de risco social, o acesso a serviços e programas oferecidos em regime de meio aberto, privilegiando os processos de ampliação do universo informacional e cultural, o fortalecimento de vínculo relacionais, o apoio pessoal e  familiar e o desenvolvimento de competências com vistas à sua autonomia e inserção social Tem como foco famílias tornadas vulneráveis pela pobreza, crianças e adolescentes excluídos das polícias sociais básicas, idosos carentes, indivíduos com deficiências ou incapacidades que limitam ou impedem uma atividade normal e grupos ou indivíduos fragilizados economicamente em vias de migrar ou viver em situação de rua.
2. Proteção Social Especial. Consiste na implementação de ações de natureza compensatória a indivíduos e grupos fragilizados e em situação de risco, por meio de acolhimento e abrigamento, garantindo sua proteção e propiciando os mínimos básicos de sobrevivência, bem como a reinserção nas políticas e direitos sociais. Destina-se a crianças e adolescentes desamparados ou desabrigados, vítimas de violência ou em situação de  trabalho penoso ou degradante, idosos e portadores de  deficiência desabrigados ou vítimas de maus tratos e pessoas moradoras de rua ou itinerantes.
3. A Rede Social-SP. Criada em março de 2003, a rede Social-SP é composta por representantes do governo, empresariado e organizações não-governamentais e tem, entre seus princípios básicos: a integração e a articulação dos programas do governo, das organizações da sociedade civil e do empresariado, bem como a territorialização da ação, priorizando inicialmente aos 50 municípios com baixo IDH e áreas com altíssima vulnerabilidade social nas Regiões Metropolitanas. O maior desafio são as  Regiões Metropolitanas que concentram 72% da população do Estado, em particular a de São Paulo, onde há 482 mil famílias com rendimento inferior a 1 salário mínimo. Para enfrentar com eficiência os desafios da Grande São Paulo, sobretudo dos municípios com alto grau de exclusão no entorno da capital, é imprescindível o estabelecimento de parcerias, entre o Estado, setor privado, terceiro setor e prefeituras.
4. Orientação e Capacitação. Cabe à SEADS, enquanto principal agente orientador de posturas, gerar documentos (manuais, cartilhas, etc.) que contenham as principais políticas da Secretaria, quer nas ações voltadas a proteção especial (abrigos), quer naquelas de proteção básica (programas com crianças e adolescentes, idosos, portadores de deficiência, etc.) de forma a assegurar a sintonia e articulação das ações locais. As ações a serem implementadas somente serão consolidadas se os diferentes interlocutores da SEADS estiverem em sintonia com o novo modelo. Desta forma, a capacitação das várias instâncias envolvidas (DRADS, municípios, entidades e Conselhos) têm papel de vital importância para  a concretização dos movimentos pretendidos, referentes à elaboração das políticas e planos de trabalho, execução e acompanhamento das ações dentro da nova postura pretendida.
5. Estabelecimento de Convênio Único. Este novo instrumento; a ser implantado em 2004, possibilitará ao Estado participar de maneira integral nas propostas de assistência e desenvolvimento social de cada município. De fato, este mecanismo de articulação com os municípios virá reforçar uma realidade de atuação que já se faz presente no âmbito local, onde os atores municipais já realizam a assistência de maneira integrada, não apenas com vistas a otimizar recursos (pessoais, infra-estrutura e financiamentos), mas também em decorrência de uma concepção de assistência social que tem na integração dos grupos um objetivo específico. Desta forma, a SEADS não mais atuaria com os municípios explicitando atendimento per capita, mas como o apoio técnico e financeiro aos programas e projetos de enfrentamento à pobreza tanto em âmbito regional; como em âmbito local. O Estado participaria das ações desenvolvidas pelos Municípios, estando presente na integralidade dos programas, ampliando sua competência de supervisão e obtendo informações sobre o número real de beneficiários dos programas.
6. Estruturação de um Sistema de Informações Estratégicas. O Sistema de Informações Estratégicas contempla três ações: desenvolvimento e implantação do Cadastro Pró-social; desenvolvimento e implantação de instrumentos de monitoramento e de avaliação de programas na área social no Estado de São Paulo e; implementação de estratégia de comunicação social. O Cadastro Pró-social é um sistema informatizado para coletar e disponibilizar informações de instituições sociais, programas/ações por elas desenvolvidos e famílias/beneficiários atendidos. O Monitoramento e Avaliação contempla um conjunto de indicadores de desempenho e avaliação dos programas sociais, quantitativos e qualitativos, que estejam relacionados com as metas estabelecidas nas políticas sociais implementadas no Estado de São Paulo. A comunicação social tem por finalidade: (a) disponibilizar, divulgar e democratizar o acesso a indicadores, análises e experiências de êxito da área social, para subsidiar os atores públicos e privados nas suas ações e políticas, por meio de publicações, site na web, bem como outras mídias; (b) promover campanhas de mobilização, concursos e certificação de qualidade de projetos e ações para  a ampliação e o aprimoramento da atuação na área social.
7. Supervisão. As DRADS - Divisões Regionais de Assistência e Desenvolvimento Social deverão proceder a supervisão das ações desenvolvidas no âmbito de seu  território. Essa atividade objetivará o acompanhamento e suporte técnico para a correção de eventuais distorções identificas. Para tanto, serão definidos formatos e instruções específicos para auxiliar esta atividade.
8. Coordenar e apoiar programas de segurança alimentar no Estado em parceria com o Governo Federal, os municípios, entidades não-governamentais e o setor privado.

3.11 Desenvolvimento Social - 87 Programas
Educação - 10 programas
Saúde - 13 programas
Habitação Popular e infra-estrutura - 3 programas
Cultura, Esporte, Lazer e Juventude - 13 programas
Segurança Pública - 12 programas
Justiça - 21 programas
Emprego, Trabalho - 5 programas
Assistência e Desenvolvimento Social - 10 programas



































CAPÍTULO IV
DESENVOLVIMENTO DA INFRA-ESTRUTURA
4.1 Introdução
4.1.1 Parcerias Público-Privadas
4.1.2 Concessões e Parcerias Público-Privadas no Contexto Atual de São Paulo
4.2 Transportes
4.2.1 Diagnóstico da atual rede de transportes
4.2.2 Diretrizes Estratégicas da Secretaria dos Transportes
4.3  Transportes Metropolitanos
4.3.1 Diagnósticos da atual rede de transportes
4.3.2 Diretrizes Estratégicas e Ações da Secretaria dos Transportes Metropolitanos
4.4 Energia
4.4.1 Panorama Geral do Setor no Estado de São Paulo
4.4.2 Geração Hidrelétrica
4.4.3 Previsão da Demanda de Energia Elétrica para o Estado de São Paulo
4.4.4 Gás Natural
4.4.5 Outras Fontes de Energia
4.4.6 Universalização dos Serviços de Energia; Eletrificação Rural
4.4.7 Programas e Ações na Área de Energia
4.5 Recursos Hídricos
4.5.1 Ações estratégicas para a gestão de recursos hídricos no Estado de São Paulo
4.5.2 Aprimoramento da gestão da água e da alocação de investimentos
4.6 Saneamento
4.6.1 Situação atual
4.6.2 Perspectivas para o Setor
4.6.3 Definição dos Programas e Ações para o PPA 2004-2007
4.7 Programas e Ações do PPA

4.1 Introdução
As ações do Governo do Estado de São Paulo na área de infra-estrutura destacam-se não só pela sua vasta experiência de empreendedor como também por ter sido, no País, o pioneiro no estabelecimento de parcerias com agentes privados e na nova configuração do modelo de intervenção estatal nesse domínio. A criação do Programa de Participação da Iniciativa Privada na Prestação de Serviços Públicos e na Execução de Obras de Infra-estrutura, em 1995, seguida da implementação do Programa Estadual de Desestatização (PED), a partir de 1996, implicaram novo ordenamento do papel do Estado e construção de um novo arcabouço legal. Foi possível, assim, fortalecer o setor público paulista como regulador nas atividades objeto de privatização/concessão e, ao mesmo tempo, ampliar investimentos públicos em infra-estrutura em associação com a iniciativa privada.
No âmbito do PED, vale destacar o enorme esforço realizado pelo governo no sentido de sanear as finanças públicas do Estado. No período de 1997/2002, a implementação do PED traduziu-se na privatização de seis empresas do setor de energia elétrica, uma de gás canalizado, quatro hotéis, um balneário e dois armazéns da Ceagesp, e na outorga de concessões nas áreas de gás canalizado (duas empresas de exploração dos serviços de distribuição), malha rodoviária estadual (dez lotes), corredor de transporte (um metropolitano), usinas hidrelétricas e em uma subconcessão de estação de tratamento de águas.
No tocante à regulação e fiscalização desses setores, foram criados pelo governo do Estado dois entes de grande importância: a Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE) e a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transportes do Estado de São Paulo (ARTESP).
O aumento significativo da participação privada na provisão de serviços de infra-estrutura teve como contrapartida a redefinição do papel do Estado nessas áreas. O Estado cede espaço na exploração direta dessas atividades para melhor regulá-las e fiscalizá-las. Contribui, assim, para a criação do clima de segurança requerido pelo investidor privado - que poderá vir a se integrar no setor por meio de novos tipos de contrato, como as parcerias Público-Privadas (PPP) - e para a garantia da prestação dos serviços, em atendimento às necessidades do consumidor.
Destaque-se entre as ações do Estado figura a redução de custos e dispêndios com utilidades (água, energia e também telefonia). Para tanto, o Governo deverá implementar mecanismos e procedimentos para pagar os correspondentes investimentos e serviços contratados com parte da economia gerada com o aumento da eficiência no consumo dessas utilidades.
Esse capítulo apresenta as ações do Governo de São Paulo em relação ao desenvolvimento da infra-estrutura, variável-chave para o aumento da competitividade. Após uma apreciação da conceituação e características das parcerias público-privadas e seus desafios no Estado, o capítulo expõe as ações nas atividades de transportes - com apreciação em separado dos transportes metropolitanos - energia, recursos hídricos e saneamento.

4.1.1 Parcerias Público-Privadas
As PPP são contratos entre os setores público e privado com o objetivo de entregar um projeto ou um serviço tradicionalmente provido apenas pelo setor público. As PPP procuram justamente tornar contratuais as especificidades inerentes a cada parceiro, de forma a garantir que o contribuinte possa dispor de um serviço mais eficiente e de melhor qualidade, que resulte em melhor relação custo-benefício dos recursos públicos gastos.

As PPP podem oferecer as seguintes vantagens:
•    execução mais rápida;
•    redução de custos ao longo do ciclo de vida do projeto;
•    melhor alocação de risco, uma vez que este é atribuído ao parceiro mais hábil a gerenciá-lo;
•    maior incentivo à melhoria de desempenho;
•    melhor qualidade dos serviços;
•    maior transparência dos gastos públicos.
4.1.2 Concessões e Parcerias Público-Privadas no Contexto Atual de São Paulo
4.1.2.1 Perspectiva Geral
A ação atual Governo do Estado de São Paulo diferencia-se pela agenda de  tarefas prioritárias, traduzidas nas diretrizes principais do Governo Geraldo Alckmin já mencionadas. É importante ressaltar que o cumprimento dessas diretrizes tem como referência as seguintes estratégicas:
•    Enfoque Regional - Parte do princípio de que o reconhecimento das diferentes características e demandas das regiões que compõem o Estado de São Paulo é fundamental para ampliação da eficácia das políticas e dos programas, no sentido de viabilizar um quadro socioeconômico mais equilibrado e democrático.
•    Ótica Multissetorial - Visa à consolidação de uma visão integrada dos problemas e estratégias de  governo, rompendo os limites das ações segmentadas, restritas ao âmbito de cada órgão e/ou Secretaria de  Estado. Pretende-se, dessa forma, ampliar o potencial das ações governamentais, aproveitando os respectivos pontos de interseção para justamente dinamizar sinergias e aumentar a eficiência das políticas.
•    Integração com o Investimento Privado - incentivando as novas formas de interação entre os setores público e privado como alternativas de alavancar a competitividade da economia paulista e promover o desenvolvimento social. Ao Estado cabe a tarefa de aprofundar cada vez mais essa parceria com a sociedade para ampliar a gama e a produtividade dos serviços prestados, levando-se em conta todo um leque de possibilidades, que envolve desde as concessões em geral até contratos mais específicos.
O desenvolvimento das parcerias Estado-Sociedade integrada um ponto estratégico para o cumprimento das diretrizes de governo. Nesse sentido, as PPP representam uma alternativa inovadora, com grande potencial de ampliação da oferta de serviços de utilidade pública em São Paulo nos próximos anos. Esse sistema tem se revelado um instrumental de grande eficiência. Acrescente-se que as PPP significam maior flexibilidade para as contas públicas, permitindo aumentar os investimentos.

4.1.2.2 Antecedentes e Ambiente Atual
È possível constatar que desde 1995 o Governo do Estado de São Paulo tem sido pioneiro no que tange ao incentivo ao estabelecimento de parcerias e á construção de um novo modo de intervenção estatal. Com efeito, já em  março daquele ano  foi criado o Programa de Participação da Iniciativa privada na Prestação de Serviços Públicos e na Execução de Obras de Infra-estrutura. Em seguida, no início de 1996 esse programa foi ampliado com a criação do Programa Estadual de Desestatização - PED, que funcionou exatamente como o pilar de um processo de reordenamento do papel do Estado.
A partir desse arcabouço, foi possível fortalecer o setor público paulista como regulador nas atividades objeto de privatização / concessão e, ao mesmo tempo, ampliar investimentos públicos em infra-estrutura realizados pela iniciativa privada. Vale a pena citar brevemente a consolidação das instituições responsáveis pela regulamentação, regulação e fiscalização do sistema derivado do PED:
•     Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE), criada em 1997 com a missão de regular, controlar e fiscalizar a prestação dos serviços de  energia.
•    Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões de Serviços Públicos do Setor de Transportes, voltada ao acompanhamento e fiscalização dos serviços transferidos à iniciativa privada, no âmbito  das concessões de rodovias.
•    Agência reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), com as funções de implementar a política estadual de transportes; exercer poder normativo; elaborar modelos de concessões, permissões e autorizações de serviços públicos de transporte.
Além das privatizações, tiveram destaque as seguintes concessões:
•    Áreas 2 (Noroeste) e 3 (Sul) do Estado de São Paulo, as quais foram objeto de autorga para exploração dos serviços de distribuição de gás canalizado.
•    Doze lotes de trechos da malha rodoviária estadual - Região de Campinas (Autoban), Região de  Batatais (Autovias), Região de Jaú (Centrovias), Região de Itu (Colinas), Região da Baixada Santista (Ecovias), Região de Itapira (Intervias), Região de São João da Boa Vista (Renovias), Região de Itapetininga (SPVias), Região de Bebedouro (Tebe), Região de Araraquara (Triângulo do Sol), Região de Ribeirão Preto (Vianorte), Região de Sorocaba (Viaoeste).
•    Operação do Corretor Metropolitano São Mateus/ Jabaquara por um período de 20 anos.
•    Hidrelétricas de Canoas I e II para a Companhia Brasileira de Alumínio.
•    Subconcessão da Estação de Tratamento de Água no Ribeirão dos Cristais (Cajamar)
Isso mostra que a experiência paulista não só foi bem sucedida, no sentido de reordenar o papel do Estado e auxiliar no saneamento das contas públicas, como também criou um ambiente muito profícuo para o avanço das concessões e de novos tipos de contratos, como é o caso das PPP.

4.1.2.3 Desafios e Oportunidades
As bem-sucedidas experiências internacionais mostram a progressiva consolidação de uma nova esfera pública, não necessariamente estatal ou totalmente subordinada às relações de mercado, possibilitando uma variada gama de ações em parceria. Por outro lado, a despeito de se desonerar de algumas atribuições, ao conceder à iniciativa privada a prestação de serviços públicos, ou mesmo de privatizá-los, o Estado não abdica de papéis que lhe são inerentes, com regulador e  articulador dos interesses da sociedade.
Desafios
Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos no que concede aos processos de desestatização no País, há certamente aspectos que devem ser aperfeiçoados para um impulso mais significativo das concessões e parcerias. Um ponto muito importante refere-se á necessidade de melhor aproveitamento logístico nos marcos das concessões em vigor. Tal fato é, até certo ponto, uma decorrência natural da estrutura vigente, que distribui o poder de concessão para a União, estados e municípios, conforme o setor ou segmento.
Assim, por exemplo, o setor de transporte muitas vezes congrega várias formas de concessão, envolvendo até as três esferas do governo. Ainda a título de ilustração, pode-se tomar o caso de São Paulo, onde portos, aeroportos e ferrovias sob poder de concessão federal, estão ligados a um sistema que abrange rodovias, trens metropolitanos, anéis viários, aeroportos, estradas vicinais estruturalmente submetidos à administração estadual. Nessas condições, torna-se fundamental o aprimoramento de convênios e de políticas integradas envolvendo as órbitas de governo responsáveis pelas concessões, para lograr melhores resultados em termos de integração intermodal e de logística de infra-estrutura.
Aspectos semelhantes podem ser identificados em setores como energia e saneamento, demandando esforços para um planejamento mais integrado das políticas públicas.
Outro ponto importante, que vem sendo cada vez mais destacado, reside no fato de que a legislação brasileira ainda não é adequada para novos tipos de contrato, sobretudo no campo de parcerias público-privadas. Há entraves relativos à Lei 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos) que, entre outros pontos, estabelece o prazo máximo de cinco anos para a duração dos contratos. Por seu turno observa-se que a Lei Geral das Concessões (Lei n.º 8.987/95) tão somente vislumbra os serviços públicos auto-sustentáveis mediante a cobrança de tarifas dos usuários.
Ao mesmo tempo, deve-se esperar que o amadurecimento do processo de concessões e a ampliação das parcerias por meio de novos tipos de contrato, como as PPP, impliquem um aperfeiçoamento significativo do sistema de regulação e controle. Em termos resumidos, é desejável que os critérios para as revisões e/ou renovações contratuais tenham como base os seguintes fatores:
•    precisão na execução do cronograma;
•    metas e resultados atingidos;
•    eficiência na prestação do serviço;
•    correspondência entre remuneração e qualidade do serviço.

Em suma, está posto o desafio de se pôr em prática novas modelagens institucionais, jurídicas e de planejamento, de modo a combinar as capacidades privadas de investimento e gestão com a insubstituível função governamental de cuidar do benefício público.
Oportunidades
De uma forma geral, pode-se dizer que as transformações do ambiente econômico observadas no período recente conformam um quadro de boas oportunidades para a ampliação da oferta de serviços de utilidade pública pelo setor privado. Em particular, nota-se que a elevada demanda por investimentos em infra-estrutura torna o conjunto de fontes governamentais de recursos claramente insuficiente, indicando a urgência para a dinamização de concessões e de contratos de parceria.
Considerando-se as necessidades para o desenvolvimento, o marco institucional estabelecido e a experiência acumulada, tem-se que os setores de transportes, energia elétrica, petróleo e gás são prioritários para os contratos de parceria público-privadas (PPP).
No entanto, é perfeitamente plausível imaginar parcerias bem fundamentadas em setores como saúde, segurança e educação, considerando-se um horizonte de tempo mais longo. Apesar de maiores dificuldades iniciais para a inclusão desses setores em programas de PPP, deve-se ter claro que o setor público ainda é o responsável pela prestação de serviço, enquanto o setor privado opera e gerencia todo o conjunto relativo à infra-estrutura, envolvendo prédios, equipamento, terrenos, etc.
No caso do Estado de São Paulo, os projetos mais promissores envolvendo concessões e parcerias (PPP) concentram-se nas áreas de transportes e são de grande relevância não só para a ampliação da competitividade econômica da economia paulista em seu conjunto, como também para a melhoria das condições de vida na Região Metropolitana de São Paulo. É interessante mencionar aqui concessões muito importantes no sistema de transportes metropolitanos, que estão previstas para os próximos anos:
•    Metrô - Linha 4 (Morumbi - Luz), estendendo o serviço do metrô até o Taboão da Serra, sendo que o trecho prioritário (Vila Sônia - Luz) conforma 12,8 Km de extensão totalmente subterrânea.
•    Expresso Aeroporto, ligação ferroviária entre o centro de São Paulo e o aeroporto internacional de Guarulhos, incluindo uma via exclusiva, com cerca de 24 Km de extensão e duas estações terminais.
•    Concessão do Transporte Coletivo Intermunicipal na Região Metropolitana de São Paulo, compreendendo a operação de linhas regulares intermunicipais, dos terminais de integração (a serem construídos) e do sistema viário de uso exclusivo do concessionário.
Ao mesmo tempo, também estão em pauta diversos projetos de parceria que devem gerar melhoras significativas na logística do sistema de transportes no Estado de São Paulo - como salientado na seção seguinte.
•    Porto de São Sebastião - Previsto um conjunto de obras de capacitação e integração, envolvendo a construção de um píer com recursos estaduais e um terminal integrado, a partir de recursos privados, contemplando um projeto de parceria com a iniciativa privada.
•    Ferroanel - Encontra-se em andamento o estabelecimento de convênio com o Governo Federal, o qual abarca estudos de viabilidade, projeto ambiental integrado, plano de desapropriação e um projeto de PPP.
•    Rodoanel: Trecho Sul - A alternativa atualmente pensada passa por uma integração com o Ferroanel, embora as obras tenham horizontes temporais distintos. Essa interação envolve estudos de viabilidade, unificação de projetos de EIA (Estudo de Impacto Ambiental) / RIMA (Relatório de Impactos Sobre o Meio Ambiente) e projetos de PPP para a construção e operação das vias e terminais.
•    Ajuste Operacional de Malha Ferroviária - Atualmente, há pontos de estrangulamento envolvendo a operação de trens de passageiros (CPTM) e o transporte de carga (Ferroban), que disputam as mesmas vias de acesso, ou dificultam o transporte na margem do porto de Santos. Estão em andamento as negociações para um convênio com o Governo Federal para a realização de investimentos na Região Metropolitana de São Paulo e no Porto de Santos, envolvendo possivelmente projetos de PPP.
•    Centro Logístico Integrado - Formado a partir de terminais intermodais, construídos e operados pela iniciativa privada, mediante contatos de parceria.
4.1.2.4 Conclusão
O contexto atual indica a necessidade de avanços e consolidação dos sistemas de parcerias entre os setores público e privado para o suprimento de toda a gama de serviços de utilidade pública em níveis adequados e com maior padrão de qualidade.
Nesse sentido, não é difícil perceber que o desenvolvimento da economia brasileira como um todo atualmente demanda vultosos investimentos, para os quais os recursos do Estado são insuficientes.
O Governo do Estado de São Paulo está consciente do fato de que a maior participação do setor privado nas políticas públicas, por meio do desenvolvimento de concessões e contratos de parceria, é fundamental para o cumprimento das diretrizes estabelecidas em seu programa de ação para os quatro anos de mandato.
É importante notar que o País vem nos últimos anos experimentando um processo de grande amadurecimento em praticamente todos os campos e, dentre inúmeros exemplos, podemos citar a conscientização da importância de fatores como responsabilidade fiscal e a maior integração entre os setores público e privado. Esse amadurecimento certamente permite um ambiente favorável para os sistemas de concessão e de novas formas de parceria. No caso do Estado de São Paulo, tem-se que o Programa Estadual de Desestatização desenvolvido entre 1995 e 2002 consolidou mudanças estruturais que servem de plataforma para novos avanços de integração das políticas públicas com a atividade privada.
Também é claro que uma das mais urgentes tarefas consiste no aprimoramento do sistema que conforma as concessões, licitações e contratos de parceria. Isso envolve desde aspectos jurídicos e institucionais (Lei de Licitações e Lei de Concessões), como questões de logística entre sistemas de concessões subordinadas a distintas esferas de governo, ou até mesmo a forma e metodologia de planejamento das políticas públicas em geral.
É factível esperar que o amadurecimento e a expansão das concessões e parcerias possam favorecer às mudanças nos sistemas de coordenação e controle. Mais precisamente, os processos de revisão e renovação do contrato devem adotar critérios fortemente vinculados a fatores estratégicos, tais como a execução precisa do cronograma, o cumprimento das metas de desempenho, os resultados alcançados, os padrões de eficiência e a adequação da remuneração à qualidade do serviço prestado.
Por sua vez, a elevada demanda por investimentos em serviços de infra-estrutura e a experiência acumulada nos processos de desestatização atuam no sentido de eleger os setores no sentido de eleger os setores de transportes (gerais e metropolitanos), energia elétrica, petróleo e gás como candidatos mais imediatos para novas concessões e contratos de PPP.
Um rápido balanço entre desafios e oportunidades revela boas perspectivas para o desenvolvimento mais rápido das parcerias entre os setores público e privado. Em termos resumidos, pode-se dizer que, além da necessidade de grandes investimentos em serviços de utilidade pública, as notórias vantagens oferecidas por projetos mais ágeis e vinculados a índices de performance e qualidade do serviço prestado, indicam um quadro de perspectivas sólidas para as parcerias nos próximos anos.
Estão previstos para o Estado de São Paulo diversos projetos envolvendo concessões e contratos de PPP, considerando-se o período referente ao novo Plano Plurianual (2004-2007). No caso específico das parcerias público-privadas, os projetos atualmente estão concentrados na área dos transportes.
O novo Plano Plurianual do Governo do Estado de São Paulo é um passo importante para a consolidação do regime de parcerias e o cumprimento das diretrizes compromissadas.
4.2 Transportes
A relação entre investimento em infra-estrutura econômica e crescimento é bem conhecida e está suficientemente sedimentada na literatura. O capital aplicado em infra-estrutura - pelo governo, empresa do setor privado ou parcerias público-privadas - cria as condições e estimula a inversão produtiva e a geração de empregos.
Em particular, a infra-estrutura de transporte impulsiona o desenvolvimento e desempenha papel destacado na determinação das decisões de produção e consumo dos agentes econômicos. Importante elo da cadeia logística, o transporte influencia os fluxos de comércio, afetando os custos das relações negociais entre as firmas, seus fornecedores e consumidores. Mais ainda, em uma economia aberta que participa da competição internacional, o sistema de transporte é uma das variáveis-chave que compõem o sistema logístico do Estado e do País, e determinante básico da competitividade.
Entretanto, embora a infra-estrutura de transportes do Estado de São Paulo tenha redes físicas que podem ser comparadas às melhores do mundo, o sistema como um todo apresenta desequilíbrios entre modos e estrangulamentos operacionais e institucionais. O PPA atuará sobre essas deficiências, ajudando no processo de redução do custo São Paulo e, com isso, criará as condições para o aumento da competitividade da economia paulista e, conseqüentemente, do Brasil.
4.2.1 Diagnóstico da atual rede de transportes
A rede global de transporte de São Paulo conta com uma extensa e moderna malha rodoviária que alcança todo o território paulista; uma malha ferroviária formada por eixos radiais que interligam as zonas de produção agroindustrial do Estado e dos Estados vizinhos à Região Metropolitana de São Paulo e ao Porto de Santos; uma hidrovia com dupla vocação - de escoamento de granéis e de estímulo ao desenvolvimento regional, particularmente no campo do turismo e lazer - com grande potencial a ser ainda explorado; uma rede de aeroportos regionais e internacionais que vem sendo modernizada e equipada para dar apoio às demandas regionais de mobilidade e transporte de bens e pessoas; uma malha de dutos que exerce um importante papel na movimentação de produtos energéticos, especificamente os derivados de petróleo e álcool. Em período recente, não obstante a evolução modesta do produto real (PIB), vem movimentado fluxos cada vez maiores de cargas, com taxas de crescimento expressivas (tabela 4.1)

O transporte ferroviário, após a concessão da malha ao setor  privado e o transcurso do período inicial no novo regime, quando importantes ajustes foram efetuados, apresentou taxas médias de crescimento de 3,8% ao ano. O Estado procura, junto aos concessionários ferroviários, a criação de esquemas operacionais em território paulista que melhorem ainda mais esse desempenho, de modo a atender ás necessidades do setor produtivo.
O transporte rodoviário tem crescido a taxas menores (1,8%.a.a.) do que as do ferroviário e do hidroviário. Isso é natural, tendo um vista a participação relativa preponderante desse modo na realização de transporte. Importantes deficiências de infra-estrutura vêm sendo atacadas pela Secretaria dos Transportes, que concluiu recentemente a pista descendente da Rodovia dos Imigrantes, a extensão da Rodovia dos Bandeirantes, o primeiro trecho do Rodoanel e tem agido no sentido de ampliar as demais conexões para o litoral do Estado. Merece menção também o Programa de Recuperação de Pavimento da Malha Viária, por meio do qual cerca de 1.400 km de rodovias passarão por um substancial melhoramento.
É importante salientar que o sistema de concessões rodoviárias, responsável por cerca de 48% dos transportes rodoviários do Estado, já vem produzindo bons indicadores de desempenho. Não só foram substancialmente melhoradas as condições de fluidez e segurança do tráfego, como foram implantados serviços ao usuários que apenas em 2002 foram responsáveis por cerca de 490.000 atendimentos mecânicos (guincho e socorro), 43,200 atendimentos médicos (ambulância) e 370.000 inspeções de tráfego. Desde a sua implantação em 1998, o Programa de Concessões já efetuou um total de 3.500.000 atendimentos no SAU - Serviço de Atendimento ao Usuário.
Dois dados são particularmente relevantes em relação às concessões rodoviárias estaduais: em primeiro lugar o fato de elas desonerarem o Estado relativamente a investimentos e serviços avaliados em R$ 7 bilhões até 2002, atingindo R$ 35,7 bilhões nos 20 anos de  contrato; em segundo lugar, a demonstração de elevado retorno social.
As estatísticas do setor aeroportuário refletem avanços significativos neste segmento. A rede de aeroportos administrada pelo Estado tem sido objeto de constantes melhorias visando a atender ao crescimento da demanda e ao aperfeiçoamento da segurança, com investimentos significativos nos novos aeroportos de Bauru (Bauru-Arealva) e Itanhaem e na infra-estrutura dos aeroportos de São Carlos, Jundiaí e Registro. O Governo do Estado participa também das ampliações da infra-estrutura dos terminais de Guarulhos e Viracopos, administrados pela Infraero.
A hidrovia, após a finalização de pesados investimentos, experimentou vigoroso crescimento nos volumes movimentos (7,9% ao ano ). O governo tem se preocupado em melhor a condições de navegabilidade da Hidrovia Tietê-Paraná, particularmente na rota São Simão-Pederneiras por onde escoam grandes fluxos de  granéis de soja e seus derivados. Também desenvolve esforços junto ás operadoras ferroviárias para assegurar a capacidade, a complementaridade e a confiabilidade das rotas que se comunicam com a hidrovia, particularmente a rota Pederneiras-Santos.
As principais  questões a enfrentar decorrem das feições estruturais da demanda de transportes no Estado, marcada pela prevalência absoluta do segmento de  carga geral de maior valor agregado no volume total veiculado, e pela alta concentração espacial da demanda. Uma área correspondente a  apenas 8% do território paulista, formada pela Região Metropolitana de São Paulo e o quadrilátero Sorocaba, Campinas, são José dos Campos e Santos que a  envolve, concentra algo como 50% das origens e destinos das viagens de carga.
A superação dos problemas que decorrem da primeira característica requer respostas apropriadas, uma vez que os fluxos de carga geral são muito exigentes em termos de prazos e confiabilidade de transporte. A segunda feição exige soluções tecnológicas de  transporte adaptadas a viagens de curtas e médias distâncias. Além dessa exigência, a alta concentração espacial da demanda origina um dos pontos críticos cruciais do sistema de transporte paulista, ou seja, o deslocamento rodoviário e ferroviário da Região Metropolitana de São Paulo.
Ainda como decorrência do predomínio de carga geral, mais de 90% do fluxo de transporte é veiculado pelo modo rodoviário. Embora apresente confiabilidade e flexibilidade, esse modo não é eficiente em todas as situações. Isso se deve aos seus custos unitários mais elevados e ás externalidades negativas causadas (poluição, acidentes e congestionamentos).
È ainda oportuno observar que os sistemas de transportes brasileiros e paulista ainda se ressentem de anacronismo jurídico-institucional, com problemas de superposição de jurisdições sobre a mesma base geográfica, fragmentação de responsabilidades, ausência de fóruns de coordenação, distorções fiscais e necessidade de modernização administrativa.
4.2.2 Diretrizes Estratégicas da Secretaria dos Transportes
A  Secretaria de  Transportes do Estado de São Paulo desenvolverá no período do PPA ações que objetivam utilizar de forma inteligente a rede física do Estado, equacionar os problemas estruturais e  aumentar a sua eficiência. Ela tanto atua diretamente para executar programas e projetos sob sua jurisdição como amplia sua interação com os demais órgãos e instituições de modo a impulsionar iniciativas que envolvem as três esferas de governo e agentes privados. Para tanto, utiliza-se de ferramentas de planejamento estratégico e gestão corporativa para avaliar e buscar soluções dos pontos críticos, apontando quatro diretrizes que deverão balizar as ações nos próximos anos.
A primeira diz respeito à continuidade e permanente atualização do Plano Diretor de  Desenvolvimento de  Transporte - PDDT, instrumento aberto e cooperativo de formulação das políticas públicas do setor.
A segunda focaliza a dinamização da intermodalidade no Estado de São Paulo. Esta estratégia está calçada no conceito segundo o qual a eficiência e competitividade de qualquer sistema de transportes se  traduzem na possibilidade de os usuários utilizarem sempre os modos mais rápidos e econômicos. Em São Paulo, como já foi mencionado, predomina a carga geral, cujo transporte porta a porta, para explorar as vantagens comparativas da ferrovia e da aquavia, impõe o transbordo caminhão-trem ou caminhão-embarcação ou ainda trem-embarcação. Essa combinação entre modos requer a unitilização da carga geral ( em connteiners, pallets, big-bags, fardos, etc) ou a transferência de carretas inteiras. A conjugação eficiente entre modos é, exatamente, o ceme da intermobilidade, cuja implantação depende de  fatores mercadológicos, regulatórios e operacionais.
Em termos físico-operacionais o arcabouço do complexo intermodal será formado por um conjunto de terminais inter e intramodais, dentre os quais se destacam três ou quatro de maior porte, em torno da região Metropolitana de  São Paulo - RMSP (os chamados Centros Logísticos Integrados; CLI); melhoramentos no porto de Santos e infra-estruturas complementares no porto de São Sebastião; serviço ferroviário expresso de cargas entre a RMSP e mercados selecionados do Interior e de outros Estados; dinamização da hidrovia e do sistema aeroportuário de cargas. Merecem destaque como elementos indispensáveis do complexo intermodal os anéis rodoviário e ferroviário ( Rodoanel e Ferroanel) complexos em torno dessa Região, garantindo apoio logístico para os terminais e setor manufatureiro e fluidez no deslocamento em todas as direções da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo (mapa 4.1).
A terceira diz respeito á prioridade das ações institucionais necessárias,  em primeira instância, para estimular a intermodalidade e ampliar a participação de  São Paulo na gestão das concessões federais em território paulista. No primeiro caso, o Governo de São Paulo intensificará sua interação com agentes setoriais e entidades de classe do setor manufatureiro para completar a identificação das medidas capazes de remover obstáculos formais, resolver distorções e desburocratizar os procedimentos. No segundo, ampliará sua capacidade de articulação com o Porto de Santos e com as concessionárias ferroviárias.

¹Centros Logísticos Integrados - CLI dependem de investimentos e ações articuladas dos setores público e privado. Os CLI serão empreendidos basicamente por empresas (indústrias manufatureiras e/ou operadores logísticos) que desempenharão, para si ou para terceiros, serviços logísticos dentro do suppd chain como estocagem, consolidação e apoio à distribuição.
A  quarta diretriz da Secretaria diz respeito à intensificação das parcerias com a iniciativa privada (PPP) para a viabilização dos projetos proprietários. Em um sistema de transportes em que a infra-0estrutura é predominantemente pública e a operação privada, o investimento cooperativo nesses projetos é essencial e depende da construção de uma atmosfera  de colaboração, capaz de harmonizar os objetos da política pública de transportes com as expectativas comerciais  das empresas operadoras. Tendo em vista a limitação dos recursos fiscais, as parcerias vão requerer novas abordagens de engenharia financeira, com criação de mecanismos que se atenham mais aos conceitos operacionais (microeconômicos) de determinação de riscos, garantias e demais aspectos relevantes.
Além disso, o Estado também está atraindo a colaboração dos municípios para a construção e recuperação de suas malhas de estradas vicinais. Essa é uma importante ação, para melhorar o acesso aos serviços de saúde e educação e facilitar o escoamento da produção. Em particular, quando de dedica à pavimentação de estradas vicinais, a Secretaria dos Transportes ampara os municípios, perenizando o transporte e permitindo o usufruto dos benefícios econômicos e sociais dele decorrentes.
Como vimos, por meio do estímulo à formação de  consórcios de municípios (dos quais já existem 75), São Paulo criou um poderoso instrumento para maximizar a atuação do Estado neste setor. Utilizando os  consórcios intermunicipais  com até seis municípios como unidade administrativa, o Estado disponibiliza máquinas e engenharia que podem ser utilizadas mediante pagamento que reverte para um fundo do próprio consórcio que se capitaliza para repor máquinas e/ou comprar outras para outros fins.
No âmbito desse esforço de planejamento e execução, o Estado também se empenha em reduzir os acidentes rodoviários, que causam freqüentes paralisações, enormes prejuízos econômicos, considerável número de mortes, grande contingente de feridos e  um ainda desconhecido, mas ponderável, número de pessoas que ficam incapacitadas para o trabalho.
4.3 Transportes Metropolitanos
4.3.1 Diagnóstico do atual rede de transportes
Além de compor um dos comitês setoriais do Governo do Estado - o de desenvolvimento sustentável - a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) terá participação relevante na realização das diretrizes do PPA. Uma das bases para a definição do contorno de uma região metropolitana é sua rede de transporte, pois a sustentabilidade, a realização do potencial econômico e cultural da metrópole e a qualidade de vida dependem, em boa medida, dessa rede. Assim, o transporte é um serviço público essencial de caráter social, um impulsionador:
•    de empreendimentos, ligando residências aos locais de trabalho, a demanda e a oferta e, portanto, um agente do desenvolvimento;
•   de educação, constituindo os ônibus, os trens, as estações e os terminais - onde se aglomeram milhões de cidadãos - um lócus privilegiado para a circulação de informações, campanhas educativas e ações para a cidadania;
•    de solidariedade, possibilitando o acesso de parcela significativa e carente da população aos equipamentos urbanos e sociais e integrando áreas isoladas e violentas ao convívio pacífico com a sociedade;
•    de solidariedade, possibilitando o acesso de parcela significativa e carente da população aos equipamentos urbanos e sociais e integrando áreas isoladas e violentas ao convívio pacífico com a sociedade;
•   de serviços de qualidade, atestados já pela alta performance dos ônibus nos corredores da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), pelo METRÔ - padrão de serviço de transporte - e pelos trens que se têm modernizado acentuadamente no período recente.
As  três regiões metropolitanas de São Paulo formam, na verdade, uma megalópole, com ramificações em outras  regiões importantes. Os problemas são comuns e a complementaridade entre as suas atividades nesta extens. área de 14.097 km² exige um sistema de transportes de alta complexidade. A interdependência entre os diversos municípios gera a necessidade de que os serviços de interesse comum sejam coordenador pelo Estado.
 Na Região Metropolitana de São Paulo, o transporte público é constituído pelo sistema metro-ferroviário e pelos ônibus municipais e intermunicipais os quais respondem por um terço dos deslocamentos na região. Outro terço é constituído pelos deslocamentos a pé e os restantes 33% pelo transporte particular. A participação dos transportes metropolitanos no total dos deslocamentos é cerca de 17%. Outros 16% correspondem aos deslocamentos realizados por ônibus municipais, a cargo das Prefeituras da região.
Na Região Metropolitana de Campinas, o transporte público é executado somente por ônibus. Cerca de 63,5% desse transporte são da competência dos municípios e 36,5% são de responsabilidade do Estado, compreendendo: dois terços constituídos pelos ônibus intermunicipais e um terço pelos fretamentos.
Na Região Metropolitana da Baixada Santista, o transporte público é constituído por ônibus e pelo transporte hidroviário. Cerca de 70% são da competência dos municípios e os restantes 30%, da competência do Estado, compreendendo: 23% de ônibus intermunicipais, 3% de fretamentos e 4% de barcas.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM oferece serviços de transporte coletivo sobre trilhos à população de 22 municípios da Região Metropolitana de São Paulo. A rede operacional da CPTM é formada por seis linhas, onde estão localizadas 92 estações e possui 270 km de vias. A empresa transporta 1,2 milhão de passageiros a cada dia, em média.
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU tem como atribuição o gerenciamento, a fiscalização e a expansão dos serviços metropolitanos de transporte de passageiros sobre pneus e sistemas de média capacidade e suas conexões intermodais nas três regiões metropolitanas. Ela gerencia e fiscaliza os serviços oferecidos a 1,6 milhão de passageiros/dia nos 67 municípios das três regiões metropolitanas e o corredor metropolitano São Mateus-Jabaquara.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô tem como objetivo a operação e expansão do sistema metroviário. As quatro linhas atuais se estendem por 57,6 km, onde se localizam 52 estações e atendem 2,6 milhões de passageiros/dia.
4.3.2 Diretrizes Estratégicas e Ações da Secretaria dos Transportes Metropolitanos
O Plano Integrado de Transportes Urbanos para 2020 - PITU 2020, já realizado para a RMSP e em realização para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é um plano que caminha para mudar a matriz dos transportes na região, voltando-se para a melhoria gradativa e continuada dos transportes públicos.
O PITU 2020 não é ainda um plano acabado, mas em processo, o qual teve início em 1995 na RMSP retomando e finalizando obras, realizando um extensivo programa de melhoria da ferrovia, construindo uma nova linha, 5 - Lilás no trecho Capão Redondo-Largo Treze e elaborando a primeira concessão à iniciativa privada de um corredor de ônibus: o corredor metropolitano São Mateus-Jabaquara.
Nesse contexto e dentro das diretrizes do PITU 2020 já elaborado para a RMSP, do Plano em elaboração para a RMC e dos projetos estabelecidos para a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), é que se estabelecem três grandes programas para os transportes metropolitanos no PPA 2004-2007:
Gestão Estratégica de Transporte Metropolitano: "PITU Vivo". Tendo em vista a necessidade de prover as Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo de qualidade de vida e competitividade, as ações de Governo para o transporte coletivo metropolitano são integradas e coerentes, de modo a garantir o máximo da ação e dos recursos das empresas vinculadas à STM, bem como atrair a participação da iniciativa privada nos empreendimentos. O Programa abrange principalmente a utilização pela própria STM de instrumentos atuais de planejamento e de modelos de gestão que orientam a monitoração dos custos e a qualidade dos serviços, aliada à implementação de um sistema de promoção do transporte público para as viagens entre os municípios metropolitanos.
Expansão do Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano "PITU em Marcha". Tendo em vista que o processo coletivo nas Regiões Metropolitanas vem perdendo participação na divisão modal das viagens motorizadas, reduzindo a mobilidade e a acessibilidade da população (especialmente a de baixa renda), é necessário ampliar o sistema de transporte coletivo metropolitano e a sua participação na divisão modal das viagens motorizadas nestas regiões, oferecendo serviços de qualidade, maior acessibilidade e oportunidade de inclusão social à população, especialmente a de baixa renda.

Destacam-se na EMTU ações como a implantação de terminais e corredores de transporte coletivo intermunicipais, que tornam as viagens mais rápidas e confortáveis, a implantação do cartão inteligente Metropass que permitirá a adoção de políticas tarifárias que atendam à população mais carente, as pessoas portadoras de deficiências e um controle rigoroso da receita.
Destaca-se na CPTM a implementação do Projeto Sul para ampliar qualitativa e quantitativamente a prestação dos serviços das linhas B, C, D e 5, a implantação da Integração Centro e também do Expresso Aeroporto para que, por meio do transporte ferroviário, se possa transpor toda região metropolitana de forma segura, confortável e confiável.
Destaca-se no METRÔ a construção da linha 4, das extensões da linha 2 e da linha 5 (mapa 4.2), para aumentar a oferta de lugares e a acessibilidade da metrópole à rede metroviária. Para a RMC e para a RMBS planeja-se a implantação do Trem Intrametropolitano (TIM).
Operação, Recapacitação e Modernização do Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano: "Boa Viagem". O objetivo aqui é o de aumentar a utilização da infra-estrutura existente na rede de transporte coletivo, aprimorando o atendimento na prestação dos serviços e ampliando a oferta e os níveis de segurança e regularidade por meio de adequada operação do sistema, de sua recapacitação e modernização. As principais ações nesse sentido estão voltadas para: melhorar a infra-estrutura do corredor ABD aumentando o conforto e rapidez nas viagens, recapacitar a infra-estrutura de operação e manutenção dos trens para reduzir o intervalo entre as composições em toda a rede ferroviária e para dar continuidade às melhorias e complementações de obras nas principais linhas metroviárias melhorando as condições operacionais, visando a maior nível de conforto ao usuário. O público-alvo é toda a população das regiões metropolitanas que utilizam os sistemas de transporte metropolitano.
As ações propostas pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos para constarem deste Plano Plurianual 2004-2007 visam, portanto, a prover condições adequadas para novos investimentos, para a melhoria da gestão dos transportes públicos sob a responsabilidade do Estado e para a melhoria da qualidade dos serviços prestados aos cidadãos.

4.4 Energia
O crescimento e a geração de empregos em São Paulo estão diretamente relacionados à quantidade e qualidade da oferta de serviços na área energética. Para tanto, o setor de Energia vem desenvolvendo atividades capazes de assegurar às demais áreas o insumo energético necessário ao desenvolvimento dos programas setoriais.

4.4.1 Panorama Geral do Setor no Estado de São Paulo
O Estado de São Paulo é responsável pela geração de mais de 20% da energia elétrica do País e pelo consumo de mais de 32% da oferta nacional de energia elétrica. A capacidade nominal instalada de produção de energia elétrica no Estado de São Paulo alcançou cerca de 14.200 MW, em 2003, sendo mais de 95% de origem hidráulica.
Quanto ao gás natural, a COMGÁS distribui cerca de 6 milhões de metros cúbicos por dia a 393 mil consumidores. A participação dessa fonte na matriz energética no Estado de São Paulo deverá ser ampliada com os novos investimentos em usinas termelétricas.²
Além dos combustíveis fósseis e da hidroeletricidade, São Paulo possui condição privilegiada para uso de biomassa como fonte de energia , por meio da co-geração de eletricidade a partir do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar, aumentando a participação das fontes renováveis de energia no Estado.
Igualmente relevante é o esforço que a área energética do Estado vem desenvolvendo na direção de incentivar o uso das fontes renováveis e não poluentes, como a energia solar térmica, solar fotovoltaica e eólica, especialmente no atendimento a comunidades isoladas das redes convencionais de distribuição de energia.
A tônica que o Estado de São Paulo imprimirá ao setor, e que o diferencia dos demais Estados, é integrar à Universalização do atendimento à Qualidade nos serviços ao consumidor final, em consonância com o Programa de Governo da atual gestão. A seguir um panorama dos segmentos específicos no Estado de São Paulo.

4.4.2 Geração Hidrelétrica
A capacidade instalada de produção de energia no Estado de São Paulo atingiu 13.805,6 MW em abril de 2002, representando um crescimento de 3,9% em relação ao ano de 2000 e de 12,5% se comparado ao ano de 1995. Desta, 96,3% dizem respeito às usinas hidráulicas. A CESP domina 52,4% do total da capacidade estadual, seguida pela AES Tietê com 19,2% e a Duke Energy com 16,7%. A geração acumulada até abril de 2002 foi de 21.684 GWh com um aumento de 9,2% em relação ao mesmo período de 2001, tendo a CESP contribuído com 56,5% a Duke Energy com 20,9% e a AES Tietê com 18,3% (Tabela 4.2).
² O Gasoduto Bolívia-Brasil se estende por 3.150 km, sendo 1.000 km no Estado de São Paulo. Ao longo do percurso paulista, serão instaladas 13 Estações de Medição e Redução (ERM) ou citygates no interior e oito na Região Metropolitana de São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista. A ampliação da oferta de gás natural faz parte da atual política governamental que prevê uma participação da ordem de 12% na matriz energética do país, em 2010.

O parque hidrelétrico do Estado de São Paulo é composto das seguintes usinas:
•    Ilha Solteira. Concluída em 1978, é a maior usina da CESP  e a terceira usina do Brasil. Localiza-se no Rio Paraná, entre os municípios de Ilha Solteira (SP) e Selvíria (MS). Em conjunto com a UHE Engenheiro Souza Dias (Jupiá) compõe o sexto maior complexo hidrelétrico do mundo.Sua potência instalada alcança 3.444 MW distribuídos por 20 unidades geradoras. Seu alto desempenho operacional lhe proporcionou em março de 2000 o certificado pela NBR ISO 9002/1994.
•    Engenheiro Souza Dias - Jupiá. Concluída em 1974 com tecnologia totalmente brasileira, está localizada no Rio Paraná, entre as cidades de Andradina e Castilho (SP) e Três Lagoas (MS). As suas 14 unidades geradoras permitem uma potência instalada de 1.551,2 MW completadas por dois grupos turbina - gerador, para serviço auxiliar, com potência instalada de 4.750 KW em cada grupo. Caracteriza-se, ainda, pela disponibilidade de eclusa, que possibilita a navegação no Rio Paraná e a integração hidroviária com o Rio Tietê. Também foi agraciada, em abril 2002, com a recomendação do Bureau Veritas Quality International para receber o certificado pela NBR ISO 9002/1994.
•    Sérgio Motta - Porto Primavera. Localizada no Rio Paraná, 28 km a montante da confluência com o Rio Paranapanema, a sua obra não está totalmente finalizada. Mas essa será a segunda maior hidrelétrica do Estado de São Paulo. A primeira etapa do enchimento do reservatório foi concluída em dezembro de 1998 e a segunda em março de 2001. As três primeiras unidades entraram em operação em março de 1999 e em janeiro de 2002 deu-se início à operação da unidade geradora 12 que detém uma potência instalada de 1.322 MW. Também, como a anterior possui eclusa para navegação no Rio Paraná.
•    Três Irmãos. Localizada entre os municípios de Andradina e Pereira Barreto (SP), a 28 km com o Rio Paraná, é a maior usina construída no Rio Tietê. A primeira unidade geradora iniciou a operar em novembro de 1993 e a quinta em janeiro de 1999. A potência instalada de 807,50 MW é proveniente de cinco unidades geradoras. Possui duas eclusas para navegação.
•    Paraibuna. Concluída em 1978, está localizada no rio e no município do mesmo nome. Possui uma potência instalada de 85 MW e duas unidade geradoras. As barragens de Paraibuna e Paraitinga destacam-se como as mais altas do Brasil. A maior finalidade do reservatório da UHE Paraibuna é regular a vazão do Rio Paraíbuna do Sul, responsável pelo fornecimento de água para várias cidades do Vale do Paraíba e do Estado do Rio de Janeiro.Seu processo de geração de energia elétrica proporcionou-lhe, em maio de 2002, a recomendação do Bureau Veritas Quality International para receber o certificado pela NBR ISO 9002/1994.
•    Jaguari. Possui uma potência instalada de 27,6 MW distribuídas por duas unidades geradoras e está localizada no Rio Jaguari, entre os municípios de Jacareí e São José dos Campos.Em maio de 2002, seu processo de geração de energia elétrica foi recomendado pelo Bureau Veritas Quality International para receber o certificado pela NBR ISO 9002/1994.
4.4.3 Previsão da Demanda de Energia Elétrica para o Estado de São Paulo
A Secretaria de Energia construiu três cenários até o ano de 2012, tendo como base estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto e do crescimento populacional do Estado. A base é o Balanço Energético do Estado de São Paulo - 2001. Foram também utilizadas nas projeções outras variáveis: elasticidade renda/energia, elasticidade PIB/energia, população/energia e índices de eficiência projetados. Os dados que serviram de base para a construção dos cenários são mostrados a seguir:

A partir desses cenários, foram projetadas as demandas de energia para o Estado de São Paulo até 2012. As tabelas a seguir reproduzem os resultados dessa projeções referentes ao cenário de médio crescimento, apresentando a distribuição setorial esperada.

Esses resultados destacam a forte concentração da demanda em alguns setores, como a indústria e transportes. Mostram ainda que, nesse cenário de crescimento relativamente modesto do PIB estadual, o crescimento médio da demanda total alcança os 2,95 % ao ano entre 2001 e 2012. Um contexto macroeconômico mais favorável, no qual o crescimento seja acelerado, pode vir a gerar descompasso entre demanda e oferta. Nesse sentido, é oportuno contar com novas fontes energéticas no médio e longo prazos.
4.4.4 Gás Natural
O Gás Natural vem apresentando significativo crescimento no Estado, especialmente nos últimos 4 anos - não por coincidência, após a privatização do setor. Existem 49 usinas térmicas à gás no Brasil das quais 14 estão em construção. Planeja-se a duplicação do gasoduto que traz o combustível boliviano para o Brasil e a construção de um outro para a importação do gás argentino.
Até o mês de julho de 2003, o volume acumulado de gás canalizado distribuído no Estado de São Paulo pela COMGÁS - Companhia de Gás de São Paulo, Gás Natural São Paulo/Sul e Gás Brasiliano Distribuidora Ltda., foi de 1.936.331 mil m³ registrado no mesmo período do ano 2002, com 398.865 consumidores atendidos.
As tabelas a seguir apresentam as informações disponíveis nesta data sobre o consumo de gás natural e sobre a participação dos diversos setores da economia paulista no consumo total.

4.4.5 Outras Fontes de Energia
É cada vez mais importante a participação das outras fontes de energia na matriz energética do Estado de São Paulo. Isso fortalece e garante maior versatilidade à estrutura do setor energético. Merecem destaque, nesse sentido:
•    Biomassa. O Estado de São Paulo possui um enorme potencial de fontes de biomassa: bagaço de cana, resíduos agrícolas, esgoto e lixo. No que se refere ao bagaço de cana deve-se pensar a cana-de-açúcar não mais apenas como um simples produto agrícola. Ela é também o principal tipo de biomassa energética representado por centenas de indústrias de açúcar e álcool com grande importância na criação de empregos diretos e indiretos. Estudos revelam que o potencial de geração de eletricidade a partir do bagaço de cana no Brasil é de aproximadamente 4.000 MW. A conjuntura do mercado de energia elétrica tem permitido condições mais favoráveis para a oferta de energia por produtores independentes, o que será de extrema importância para setor, tanto do ponto de vista de economia de recursos como de desempenho financeiro. A eletricidade vinda do lixo vem a ser não somente uma solução como fonte de energia, mais uma solução para atenuar o problema crônico de disposição. Além do que, a engenharia química aponta o balanço nulo no ciclo de carbono como outra vantagem dessa fonte.
•    Energia termoelétrica. A termoeletricidade é uma nova forma adicional de suprir energia no Brasil, que desde que a segunda metade do século XX teve a hidroeletricidade como principal fonte na sua matriz energética³. Além do conhecido esgotamento das fontes originárias para energia hidráulica e a dependência de fatores climáticos, existem diversas razões que estimulam a termoeletricidade. O tempo de construção de uma usina a gás, por exemplo, é de 3 anos, em vez dos 5 a 7 das hidroelétricas. Por outro lado existem desvantagens associadas a aspectos técnicos: o Brasil ainda não domina a tecnologia e no mundo só existem 4 empresas que produzem as turbinas específicas. No entanto, isso não impede que o aumento da oferta dessa fonte energética faça parte da agenda de ações para o futuro.
4.4.6 Universalização dos Serviços de Energia: Eletrificação Rural
O Governo do Estado lançou em 1996 o Programa de Eletrificação Rural "Luz da Terra", objetivando levar energia a todos os consumidores da zona rural do Estado. Com projetos e padrões simplificados privilegiando o sistema monofásico com retorno pela terra (MRT) e a utilização da mão-de-obra local, além da contratação dos serviços e materiais pelos próprios interessados, foi obtida uma significativa redução de custos de instalação por ligação. 
Para coordenar o programa de eletrificação rural no Estado de São Paulo, foi constituída a Comissão de Eletrificação Rural do Estado de São Paulo - CERESP, presidida pela Secretaria de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, contando, ainda, com a participação da Secretaria de Agricultura  e Abastecimento, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e da Secretaria de
³ De toda a energia produzida no mundo, 80% é gerada através das usinas termelétricas. Os principais combustíveis são o carvão, o gás natural, derivados de petróleo, além do urânio usado na energia nuclear.
Economia e Planejamento, empresas distribuidoras de energia elétrica, Banco Nossa Caixa, Universidade de São Paulo, Prefeituras Municipais, BNDES, Eletrobrás e outros.
Desde 1996 já foram eletrificadas cerca de 153 mil residências no campo. Além desses, já foram cadastrados interessados em mais de 400 municípios, sendo que mais de 200 já existem projetos concluídos ou em andamento.
4.4.7 Programas e Ações na Área de Energia
O PPA da área de energia foi elaborado visando a atender compromissos expressos pela plataforma do atual Governo, a saber:
•    ampliar e diversificar a capacidade de geração de energia no Estado;
•    ampliação e modernizar o sistema de transmissão;
•    universalizar o acesso à energia elétrica na área rural;
•    ampliar a rede de distribuição e a oferta de gás canalizado;
•    fortalecer o poder regulador e fiscalizador do Estado por meio da Comissão de Serviços Públicos de Energia - CSPE;
•    incentivar a co-geração de energia, especialmente a partir da biomassa;
•    estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação de fontes alternativas de energia;
•    promover o uso racional de energia;
•    fortalecer as funções e instrumentos de planejamento energético do Estado.
Além dessas diretrizes principais, e considerando a recente unificação das antigas Secretarias de Estado de Energia e a de Recursos Hídricos Saneamento e Obras, a área de energia desenvolverá suas ações no período de PPA partindo dos seguintes pressupostos:
•    integrar as ações desenvolvidas e programadas para a área de energia, com as demais ações de Governo, especialmente buscando consolidar a integração orgânica com os setores de recursos hídricos e saneamento;
•    desenvolver um instrumento orçamentário mais adequado aos desafios que a área energética estadual deverá enfrentar nos próximos 4 anos, tendo em vista as novas diretrizes do setor no nível nacional;
•    consolidar a liderança do Estado de São Paulo no cenário energético nacional, contribuindo para o estabelecimento de um novo modelo para o setor energético.
A partir dessas diretrizes e pressupostos serão dinamizadas ações dos seguintes Programas preexistentes:
•    Política Estadual e Energia: Implantar a política energética estadual, privilegiando a diversificação de fontes, especialmente as menos impactantes do ponto de vista ambiental e econômico, e a participação local, tendo em vista o desenvolvimento regional e a integração com as demais áreas do Estado.
•    Racionalização do Uso de Energia: Promover, articular e desenvolver ações visando a maior eficiência no uso da energia.
•    Programas de Atendimento a Comunidades Isoladas - PACI: Fomentar e executar projetos para o fornecimento de energia elétrica a comunidades isoladas e de baixa renda, não atendidas pelas empresas concessionárias de energia elétrica, por meio do uso de alternativas energéticas tais como a energia solar.
Finalmente, foram inseridos novos Programas visando à integração com os programas desenvolvidos no âmbito federal:
•    Incentivo e Fomento ao Uso de Fontes Renováveis de Energia: As ações aqui envolvem incentivar o uso de fontes renováveis de energia no Estado e incentivar a co-geração de energia ao setor sucru-alcooleiro, buscando aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos.
•    Inovação Tecnológica na Energia: As ações contemplam o fomento da interação entre as empresas, o Estado, e os Centros de Pesquisas, visando a inovação tecnológica na área energética, com know-how nacional e voltada para a implantação de uma matriz energética sustentável.
•    Política Estadual de Mineração: As ações contribuirão para promover o desenvolvimento do setor mineral do Estado de São Paulo, buscando o incremento da produção, a diminuição do mercado e o crescimento das exportações.
4.5 Recursos Hídricos
Os princípios básicos da política estadual na área de recursos hídricos são, segundo a Constituição Estadual, os seguintes: gerenciamento integrado, descentralizado e participativo; adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento; reconhecimento do recurso hídricos como um bem público de valor econômico; e a compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o desenvolvimento regional e com a proteção do meio ambiente.
Os atuais Comitês de Bacia Hidrográfica (21) foram instalados a partir de novembro de 1993. Instituiu-se, assim, a descentralização das ações do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH), com atuação nas 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI, em que o Estado foi dividido.
O plano estadual e o relatório de situação são os principais instrumentos orientadores para a gestão dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas paulistas. A cada 4 anos o plano estadual define e estabelece os objetivos, as diretrizes e os critérios gerais de gerenciamento. Sua elaboração, implantação e controle representam um processo de planejamento dinâmico, em que está prevista a participação dos representantes dos diversos setores usuários da água. O relatório de situação, de periodicidade anual, é o instrumento que serve para acompanhar e avaliar os resultados das metas descritas no plano e, quando necessário, reavaliá-los.
4 O primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos (1990) continha um diagnóstico sobre o uso e o controle dos recursos hídricos no território paulista e os cenários de utilização, controle e recuperação, indicando os Programas de Duração Continuada. Em 30 de dezembro de 1991 foi promulgada a Lei 7.663 que estabeleceu os objetivos, princípios, diretrizes e instrumentos da política estadual de recursos hídricos, definiu os órgãos de coordenação e de integração participativa do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos hídricos, além de estabelecer diretrizes para a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos e para o funcionamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO. Os órgãos de coordenação criados pela Lei 7.663/91 foram o CRH - Conselho Estadual de Recursos Hídricos, de nível central, os Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH com atuação nas unidades hidrográficas, e o CORHI - Comitê  Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos. Formalmente instalado em julho de 1993, o atual CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos é constituído por representantes de secretarias de Estado (11), dos Municípios eleitos por seus pares (11), e de entidades da sociedade civil (11) representativas de segmentos diretamente relacionados aos recursos hídricos.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) tem como fundamento a aplicação dos recursos financeiros com o intuito de alcançar as metas propostas para o Estado, com o foco em ações que devem resultar no equilíbrio do balanço disponibilidade/ demanda e em ações de recuperação, conservação e preservação dos recursos hídricos. Esse trabalho é fruto de investimento de Estado (FEHIDRO, Tesouro de Estado, SABESP e outros) e dos Municípios.
O exame da evolução dos usos da água no Estado de São Paulo  na década de 90 indica que o aumento na demanda total de água no Estado deve-se basicamente ao crescimento urbano. A queda que se observa na água para uso no setor industrial pode ser creditava a uma maior nacionalização do uso das águas, ao processo recessivo da economia nacional e a uma melhoria das informações do setor. Na irrigação, a queda pode ser justificada por uma melhor estimada das áreas irrigadas.
4.5.1 Ações Estratégica para a gestão de recursos hídricos
A Política de recursos hídricos do Estado de São Paulo e seus mecanismos de implementação são constituídos por um Sistema de Gerenciamento; por Planos de Plurianuais de Recursos Hídricos (elaborados para o Estado e por Bacias Hidrográficas); e por um fundo específico para financiamento das ações previstas. Esse sistema é pioneiro no País e foi referência para outros Estados e para a própria União. Entretanto, conforme previsto no próprio modelo, há necessidade permanente de adequações, aprimoramentos e revisões, em função das alterações nas realidades sociais, econômicas, política, físicas, tecnológicas e institucionais.
Nesse sentido, a elaboração do PPA é oportunidade para inserção das diretrizes programáticas e ações imprescindíveis aos recursos hídricos, mantendo a necessária compatibilização do planejamento setorial com o planejamento geral do Estado.
Assim, os Programas de Duração Continuada do Plano Estadual de Recursos Hídricos, também considerados no respectivo Programa de Investimentos, foram inseridos no PPA, não necessariamente com as mesmas denominações, de maneira a garantir a continuidade das ações permanentes e iniciar outras recomendadas para os próximos anos. Em linhas gerais, foram previstos Programas e Ações de maneira a garantir:
•    a implementação da Política de Recursos Hídricos, coordenação e acompanhamento sistemático do funcionamento do Sistema Integrado de Gerenciamento e da execução das ações do Plano Estadual de Recursos Hídricos, com vistos a assegurar água de disponibilidade e qualidade em padrões satisfatórios, mediante ações de controle, comunicação, desenvolvimento institucional e viabilização de recursos financeiros;
•    o desenvolvimento do planejamento integrado e multidisciplinar do uso múltiplo, conservação, recuperação e proteção dos recursos hídricos;
•    aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão com o cadastro de usuários, a fiscalização, a outorga de direito de uso e o sistema de informações, em articulação com o licenciamento ambiental e a legislação federal;
•    implantação da cobrança pelo uso dos recursos hídricos e fomento ao desenvolvimento do uso racional da água;
•    operação, manutenção e modernização das redes de monitoramento dos recursos hídricos;
•    desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos
•    prevenção e defesa contra erosão;
•    desenvolvimento e proteção das águas subterrâneas mediante disciplinamento da perfuração de poços profundos e promoção da exploração sustentada dos aqüíferos;
•    combate às enchentes mediante estudos de macrodrenagem, manutenção e operação de estruturas hidráulicas, execução de obras de contenção de cheias, canalizações, desassoreamento e limpeza de cursos d'água e ações de apoio à defesa civil;
•    apoio aos municípios para ações em recursos hídricos mediante apoio técnico, transferência de recursos financeiros e renovação e recuperação de máquinas para serviços de infra-estrutura; e
•    implantação, operação, manutenção e implantação de parques para conservação e/ ou recuperação de várzeas inundáveis e desenvolvimento de ações de educação ambiental.

4.5.2 Aprimoramento da gestão da água e da alocação de investimentos
O objetivo central do Governo do Estado é o de assegurar que "a água, essencial à vida e ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social possa ter controlada e  utilizada em padrões de qualidade satisfatórios por seus usuários naturais". Com esse objetivo, a gestão descentralizada tem a bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento e gestão.
Da população urbana do Estado de São Paulo, 97% é atendida por rede de água. Por outro lado, as perdas de água elevadas (mais de 1/3 do total captado), daí resultado prejuízos financeiros e ambientais. Isso levou a SABESP a criar o Programa de USO Racional da Água - PURA.
É dentro desta filosofia de externa essencialidade que a questão da escassez dos recursos hídricos e da qualidade da água será enfrentada - como bens de custos ascendentes - o que dá à água um grande valor econômico.
No que diz respeito especificamente à RMSP, os cursos de água que cortam sua área urbana caracterizam-se pela baixa qualidade. Além disso, como vimos no Capítulo referente ao desenvolvimento regional, alguns mananciais se aproximam dos limites da capacidade de potabilização, fruto da ocupação desordenada e do uso inadequado do solo, afetando-os de forma maligna e destruindo suas características físico-territoriais. Os objetivos básicos na solução de regularizar o abastecimento de água requerem aumentar a capacidade dos mananciais, a capacidade de tratamento e ampliar a capacidade das reservas e distribuição de água.
O Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê - Programa Mananciais - apresenta objetivos ambientais, sociais e de desenvolvimento urbano. Suas áreas de intervenção são as sub-bacias de mananciais situadas no interior da Região Metropolitana de São Paulo utilizadas para seu abastecimento público - Billings, Guarapiranga, Alto Tietê - Juqueri - Cantareira e Alto e Baixo Cotia. O arranjo institucional para a execução do Programa Mananciais está baseado na participação direta e organizações públicas de diferentes esferas de governo, do Estado de São Paulo e de municípios da RMSP.
Sua implementação envolverá ações estruturais e não estruturais, de curto, médio e longo prazos, e seu financiamento, além de previsão de empréstimo de valor significativo por parte do Banco Mundial - BIRD, deverá incluir fontes diversas de recursos locais, totalizando US$ 355 milhões na primeira fase de seis anos.

4.6 Saneamento
As ações de saneamento têm por objetivo central melhorar as condições de saluribridade ambiental em todo o Estado. Sendo serviço essencial à saúde pública, o saneamento envolve atividades cujo desenvolvimento requer, cada vez mais, articulação entre os seus inúmeros agentes intervenientes, a fim de assegurar a saúde, o bem-estar, a produtividade e o desenvolvimento social e econômico no Estado de São Paulo. 
Os gráficos, a seguir, mostram a estreita correlação inversa entre coleta de esgoto e mortalidade infantil, bem como a evolução da esperança de vida ao nascer no Estado de São Paulo.
5Muito embora esta política não se coadune com as divisões político administrativas do Estado, a Constituição Estadual incorporou os mesmos princípios básicos do gerenciamento integrado, descentralizado e partitivo, considerando a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e o estabelecimento da cobrança pelo uso dos recursos hídricos segundo as peculiaridades de cada bacia hidrográfica.

A atuação da SABESP contribuiu para reduzir o índice de mortalidade infantil no Estado de São Paulo de 31,4 em 1990 para 15,1 óbitos por mil nascidos vivos em 2002.
A situação do saneamento básico no Estado de São Paulo pode ser caracterizada pelo conjunto de indicadores a seguir (dados de 2000):
•    Abastecimento de água - 98% dos municípios paulistas dispunham de abastecimento público de água.
•    Coleta de Esgoto - A coleta de esgotos atingia 83% dos domicílios.
•    Tratamento de Esgotos - No caso dos municípios atendidos pela Sabesp, 62% dos esgotos coletados dispunham de tratamento adequado, e nos demais, a média de tratamento era de apenas 17,8%.

Como a situação dos municípios com serviços autônomos de saneamento é bastante heterogênea, com indicadores preocupantes especialmente no tocante ao tratamento de esgotos, este quadro justifica uma política específica do Estado de apoio a esses municípios, que conta com a imprescindível participação de recursos federais.
Além disso, a gestão inadequada dos resíduos sólidos, embora da responsabilidade direta dos municípios, é responsável por impactos significativos nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e na saúde pública, razão pela qual merecem atenção do Estado.
O último inventário feito pela CETESB aponta, quanto à situação dos resíduos sólidos, para a necessidade de ações prioritárias nessa área do saneamento. Essas ações seriam implementadas, preferencialmente de forma integrada, mediante programas de apoio técnico e repasse de recursos aos municípios, seja para aquisição de equipamentos de coleta, obras para adequação do destino final dos resíduos sólidos e/ou busca de novas formas de articulação entre os municípios para a solução de problemas comuns nessa questão.
Desta forma, o Governo do Estado estará empenhado, nos próximos 4 anos, na ampliação e fortalecimento dos programas de assistência técnica e financeira aos 280 municípios que operam autonomamente seus serviços de saneamento, paralelamente a atuação da SABESP - concessionária estadual que opera os serviços de saneamento em 365 municípios do Estado.
Outro aspecto diz respeito ao desenvolvimento de estratégias e ações voltadas para a implementação da Política e do Sistema Estadual de Saneamento. Nesse sentido, são também objeto de programa específico do presente Plano Plurianual de Investimentos: aprimorar os instrumentos básicos previstos na Lei 7750/92; elaborar o Plano Estadual de Saneamento; e promover a articulação entre os agentes intervenientes no setor.
4.6.1 Perspectivas para o Setor
O setor de Saneamento Básico ainda não acompanhou no âmbito federal as mudanças institucionais e legais que vêm ocorrendo em outros setores no que toca à prestação dos serviços públicos, ao meio ambiente em geral e aos recursos hídricos em particular. A falta de legislação que defina critérios e formatos para as concessões, as competências das esferas federal, estadual e municipal, os direitos e obrigações dos diversos atores envolvidos e sua regulação - condição essencial para que sejam alcançadas as metas de universalização - acarretam diversos problemas, dificultando as mudanças nos atuais padrões gerenciais da prestação dos serviços.
As metas de eficiência operacional para água e esgoto projetadas para 2004-2007 são apresentadas nos Gráficos 4.6 e 4.7.
6Cerca de 160 municípios paulistas, envolvendo uma população urbana da ordem de 7,3 milhões de habitantes, não contam com nenhum tipo de tratamento de esgoto.

No Estado de São Paulo, os artigos 215 e 216 da Constituição do Estado são dedicados ao Saneamento, determinado que a Lei estabelecerá a política que deverá seguir os princípios de:
•    criação e desenvolvimento de mecanismos institucionais e financeiros, destinados a assegurar os benefícios do saneamento à totalidade da população;
•    prestação de assistência técnica e financeira aos municípios, para o desenvolvimento dos seus serviços;
•    orientação técnica para os programas visando ao tratamento de despejos urbanos e industrias e de resíduos sólidos, e fomento à implantação de soluções comum, mediante planos regionais de ação integrada.
4.6.2 Definição dos Programas e Ações para o PPA 2004-2007
As ações propostas nos Programas relativos ao Saneamento Básico no Plano Plurianual para o período 2004 a 2007 seguem a situação descrita, atendo-se ao que determinam a Constituição do Estado e a Lei específica. Assim, com vistas à universalização, estão propostos dois programas: o de mesmo nome, no âmbito da SABESP, e outro, Saneamento para Todos, de forma complementar para que esse objetivo comum nos serviços autônomos seja alcançado, aí incluindo a participação do Estado na melhoria das condições de saneamento dos municípios, por meio do SANEBASE, bem como, na capacitação técnica e gerencial para a prestação adequada dos serviços públicos.

A racionalização do uso da água, conforme prevista nos dispositivos legais, está contemplada neste PPA mediante a introdução de um novo programa que busca esse intento no âmbito das entidades públicas estaduais. Na área de atuação da SABESP, essa prática se estende a outras categorias de consumidores, incluindo para o reuso e outras aplicações.
Como um passo a mais, no rumo da implementação das políticas públicas neste setor, encontra-se em desenvolvimento na SERHS um estudo que definirá as estratégias para a universalização dos serviços de água e esgoto que, juntamente com as iniciativas que vêm sendo empreendidas para regulamentar a gestão dos resíduos sólidos, deverá subsidiar a elaboração do Plano Estadual de Saneamento, definido pela Lei como sendo "o conjunto de elementos de informação, diagnóstico, definição de objetos, metas e instrumentos, programas, execução, avaliação e controle que consubstanciam, organizam e integram o planejamento e a execução das ações de Saneamento no Estado de São Paulo".
Dessa forma, vai também subsidiar a regulamentação e implementação do Sistema Estadual de Saneamento - SESAN, que a Lei define como sendo "o conjunto de agentes institucionais que, no âmbito das respectivas competências, atribuições, prerrogativas e funções, interagem de modo articulado, integrado e cooperativo para formulação, execução e atualização do Plano Estadual de Saneamento...".
Com a implementação desses instrumentos, o Conselho Estadual de Saneamento - CONESAN  estará em melhores condições para elaborar anualmente os Relatórios de Situação da Salubridade Ambiental, também previstos nas ações propostas para o PPA 2004-2007.
4.7 Programas e Ações: Desenvolvimento da Infra-Estrutura - 37 Programas
Transportes - 11 programas
Transportes Metropolitanos - 4 programas
Energia - 9 programas
Recursos Hídricos - 8 programas
Saneamento - 4 programas
Obras - 1 programa

Sintese dos Programas e Ações do PPA














CAPÍTULO V
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL
Introdução
5.1  Agropecuária e agronegócios
5.1.1 Dimensão e Principais Atividades
5.1.2 Recorte Espacial da Produção
5.1.3 Oportunidades e Limitações do Setor
5.1.4 Conclusão
5.1.5 Ações da Secretaria de Agricultura
5.2 Estratégia de Indústria
5.2.1 São Paulo: Desenvolvimento da Indústria e Mudanças nos Padrões Espaciais
5.2.2 As Perspectivas de Política Industrial e o Papel de São Paulo
5.2.3 Arranjos Produtivos Locais - O Espaço da Política Industrial Descentralizada
5.2.4 São Paulo: as oportunidades segundo as cadeias produtivas
5.2.5 Conclusão
5.3 Serviços
5.3.1 A relevância dos Serviços na Economia Paulista, Atual e Futura.
5.3.2 Serviços Relevantes e seu Papel para a Competitividade e para a Qualidade de Vida.
5.3.3 Serviços e Centralidade da Região Metropolitana: Desafios e Riscos
5.4 Turismo
5.4.1 Introdução
5.4.2 Ações da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo no Âmbito do Turismo
5.5 Ciência e Tecnologia e tecnologia da Informação (Ações relacionadas à Economia do Conhecimento)
5.5.1 O sistema de C&T paulista e o desenvolvimento industrial
5.5.2 Uma estrutura universitária altamente qualificada
5.5.3 Uma Agenda para a Inovação e Competitividade
5.5.4 Programas de Pesquisa Agropecuária
5.5.5 Ações da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo
5.5.6 Conclusão
5.6 Recursos Naturais e Meio Ambiente
5.6.1 Saneamento Básico
5.6.2 Mananciais Utilizados para abastecimento público de água
5.6.3 Formas de contaminação nos principais mananciais
5.6.4 Resíduos Sólidos
5.6.5 Controle Ambiental
5.6.6  Recursos Minerais
5.6.7 Ações da Secretaria
5.7 Programas e Ações do PPA

Introdução:Fatores de Competitividade e Sustentabilidade do Desenvolvimento
O Plano Plurianual do Estado de São Paulo para o período 2004-2007 é o instrumento do Executivo estadual destinado a ampliar o potencial competitivo da economia paulista e promover o desenvolvimento em bases sustentáveis. Como se sabe, os fatores que determinam a competitividade dos países e regiões têm variado com o tempo. Atualmente, as vantagens competitivas se apóiam crescentemente na criação assimilação de conhecimento e da tecnologia e nas condições de infra-estrutura e logística, as quais permitem facilidade de intercâmbio entre empresas e territórios, tanto para fluxos materiais como virtuais.
Os principais fatores de competitividade compreendem:
(I) Inovação - Investimentos constantes em inovação, tanto nos processos como nos produtos, são requisitos para a manutenção e fortalecimento dos setores de alta tecnologia e com elevados índices de produtividade. Estes são, em geral, produtores de produtos diferenciados, voltados a mercados segmentados. Ambientes que favoreçam a geração e disseminação de informações são fundamentais para atrair setores de alto conteúdo tecnológico, pois a informação desempenha um papel imprescindível no processo de inovação.A geração desses ambientes requer investimentos em pesquisa e desenvolvimento, em conhecimento sobre a natureza e perfil dos mercados, em equipamentos e processos de disseminação e divulgação de conhecimentos etc.
(II) Tecnologia da Informação - A oferta adequada de infra-estrutura de comunicações e i, importante fator na organização, coordenação e gestão da produção, além de uma ferramenta para a troca  de informações e o intercâmbio de idéias e inovações.Em um cenário em que as etapas do processo de produção se acham distribuídas em diferentes localizações , a existência de redes eficientes de comunicação entre os setores e unidades produtivas é um fator primordial para a competitividade.
(III) Logística e Infra-estrutura - Igualmente importante é a existência de redes eficientes de transportes capazes de garantir a rápida conexão entre produtores fornecedores e clientes em um modelo de produção em que funções antes internalizadas em uma mesma unidade de produção foram terceirizadas em unidades geograficamente dispersas. Em um cenário de globalização o papel das redes e equipamentos de transportes é igualmente relevante para o escoamento da produção em direção a  mercados externos. Nesse contexto, a eficiência dos equipamentos portuários e aeroportuários, bem como dos retroportos, é essencial para o desempenho econômico de regiões e nações.
(IV) Conhecimentos - A existência de bases cientificas e tecnológicas e de disponibilidades de recursos humanos qualificamos e hoje condição necessária parta atrair  investimentos em setores de alta produtividade, considerando não apenas a indústria, mas também as atividades primárias e o  setor terciário. As associações entre empresas, universidades e centros de pesquisa propiciam o intercâmbio técnico - cientifico e de experiências, conformando círculos virtuosos que potencializam a disseminação de conhecimento e inovações.
(V) Cooperação - A existência, em uma mesma região, de setores correlatos e de apoio, que fornecem insumos e favorecem a distribuição de produtos, é fator que propicia interação vantajosa entre setores, conformando cadeias produtivas que potencializam a competitividade regional é fator relevante, também, a existência de
¹Os textos que serviram de base para a elaboração de diversas partes deste Capitulo estarão brevemente disponíveis no site da SEP na internet.
condições para o pagamento o surgimento de Arranjos Produtivos Locais (clusters), ou seja: a concentração geográfica e setorial  de empresas envolvendo ações de cooperação entre firmas, governos e instituições não-governamentais, potencializado a capacidade competitiva das empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, que vêm ganhando relevância a partir da especialização flexível
(VI) Ambiências e Estabilidade - Um ambiente de estabilidade econômica e social é, ao lado de outros, fator relevante na escolha locacional para investimentos.Nesse sentido, investimento na área social e de segurança não são apenas fundamentais para a qualidade de vida, mas altamente relevantes para a competitividade econômica.
O conjunto desses atributos  sugere que a competitividade não depende apenas de condições exclusivas das empresas, mas decorre de um conjunto de condições favoráveis apresentadas pelo ambiente no qual elas se localizam, decorrente de iniciativas sinérgicas entre o setor empresarial, governo e setor não-governamental.
Além dos requisitos para a competitividade, um modelo de  desenvolvimento sustentável tem como fundamentos básicos políticas de preservação do meio ambiente que garantam a biodiversidade e equilíbrio dos ecossistemas. Requerem Também crescimento econômico com equidade, ampliação de oportunidades para todos os segmentos sociais a partir da criação de oportunidades de trabalho e emprego.
Ele pressupõe também o aumento da produção industrial com base em tecnologias ecologicamente adaptadas, poupadoras de energia e não danosas ao meio ambiente; o controle da urbanização perversa e fortemente concentrada em alguns poucos centros, em favor de padrões de urbanização mais equilibrados que promovam o desenvolvimento de redes urbanas integradas e complementares, com perfil de ocupação que  respeite as limitações impostas pela capacidade de suporte do ambiente natural.É a partir desses princípios gerais que se  organiza a ação do Estado em nível setorial com vistas ao desenvolvimento econômico.O restante deste capítulo apresenta essas orientações setoriais, com as ações das Secretarias respectivas.

5.1 Agropecuária e Agronegócio
5.1.1 Dimensão e Principais Atividades
O setor agropecuário sirito senso representa apenas 4% do PIB do Estado, mas isso não quer dizer que não seja um setor dinâmico.Ao contrário, quando visto em seu conjunto, o complexo agroindustrial paulista representa cerca de um terço do PIB estadual.Isso faz  com que São Paulo seja fundamental para as exportações do agronegócio brasileiro, respondendo por mais de 30% do total nacional. Os principais agregados de cadeias de produção nas exportações do agronegócio paulista são bovinos, frutas (destaque para suco de laranja ), produtos florestais e cana e sacarídeas.
O diferencial relativo do Estado de São Paulo, diante de outras regiões do pais, decorre de três fatores.Em primeiro lugar, o Estado possui o maior mercado consumidor nacional, concentrado espacialmente nas áreas metropolitanas expandidas. Em segundo, o Estado concentra forte capacitação no conhecimento técnico-científico nas Universidades e Instituições de Pesquisas. Por fim, o Estado dispõe da melhor infra-estrutura do país, seja em estradas, portos e benfeitorias de maneira geral.
É possível, analisando-se o valor adicionado e as vantagens relativas do Estado, selecionar os setores líderes no desenvolvimento da agropecuária. Existem na agropecuária paulista atividades que são importantes - e continuarão a sê-lo - e outras que se tornarão importantes, pois permitem atuar em novos nichos competitivos. Entre as atividades principais, a cana-de-açúcar, a laranja e a pecuária continuarão importantes e competitivas, desde que sejam superados os gargalos setoriais existentes. Além disto, atividades não agrícolas, mas a ela relacionadas, a exemplo do turismo rural tendem a ganhar espaço, além daquelas derivadas da preservação do meio ambiente. O reflorestamento cresce de importância no país em geral e no Estado de São Paulo em particular. Destaca-se ainda um conjunto de atividades como olericultura, floricultura, fruticultura, piscicultura e orgânicos, que buscam nichos de mercado e tendem a crescer, com graus variados de sucesso. De uma maneira geral, a agricultura paulista tende a aprofundar a especialização em atividades de maior valor agregado, com alta integração com a indústria e os sistemas avançados de distribuição.
Quanto à irrigação, o Governo do Estado, em articulação com as organizações de produtores, irá identificar as regiões e as culturas com mais potencial para serem irrigadas. Os objetivos principais são: (I) apoiar a elaboração de projetos de irrigação que busquem a captação de financiamento; (II) elaborar os planos de manejo por sub-bacias hidrográficas para compatibilização do uso agrícola da água com os demais usos, especialmente urbano; e (III) associar os projetos de irrigação ao bom manejo do solo de modo a garantir a redução da erosão e perda de solos.
A seguir, uma qualificação que permite detalhar essas afirmativa se contribui para a identificação das políticas públicas necessárias para amplificar as vantagens estaduais.
Cana-de-açúcar e Álcool: o Estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de cana, açúcar e álcool e tem em seu território os maiores processadores de cana da Região Centro-Sul. O setor sucro-alcooleiro de São Paulo responde por 60% da produção nacional e por 70% das exportações. Essa atividade continuará importante no período desse PPA.
Para o açúcar, cujas exportações cresceram de forma significativa, ocupando mercados do leste europeu, a modernização do setor no Estado de São Paulo está, e deverá se manter, à frente dos demais Estados, com a disseminação de mecanização no plantio e corte da cana crua, automação e controle de processos industriais, produção de açúcar líquido e outros produtos de maior valor adicionado.²
No álcool, o Brasil, em geral, e São Paulo, em particular, também é o maior produtor e altamente competitivo. As possibilidades de exportação de álcool, embora crescentes, ainda são pequenas, a despeito do apelo não poluente do produto para ser usado como combustível ou como aditivo da gasolina em substituição ao MTBE e da pressão internacional para a redução das emissões de CO2 que abre uma grande oportunidade para o setor, através do mecanismo do desenvolvimento limpo. Do ponto de vista do mercado interno, a produção tem se destinado ao consumo, cada vez menor, da atual frota de veículos e à mistura na gasolina. Aqui, o filão de crescimento do álcool combustível pode vir pela expansão da demanda derivada do lançamento do carro híbrido que permite o uso de álcool ou gasolina em qualquer proporção.3
Citricultura: O Brasil é o maior produtor mundial de laranja com cerca de 34% do total da produção mundial da fruta e 47% da produção mundial de suco de laranja. O

2 Essa atividade apresenta duas características nos anos recentes: de um lado, com a expansão dos programas de co-geração, muitas usinas viram, na verdade, unidades de produção de energia de várias forma; de outro lado, diversas avançam na direção da agregação de valor na cadeia da alimentação.
³ As vantagens comparativas do setor sucro-alcooleiro em termos de mão-de-obra barata, fertilidade e qualidade do produto são inquestionáveis. Essa competitividade impacta positivamente a indústria, especialmente de bens de capital e implementos agrícolas, que fazem de São Paulo o principal fornecedor internacional de tecnologia e equipamento para a expansão da produção de açúcar e álcool no plano internacional. Outra importante fonte de incrementos de produtividade é o investimento em P&D no sentido de melhorar as variedades agrícolas, tornando-as mais resistentes.
 
suco de laranja é um dos mais importante itens da pauta de exportações brasileiras, com uma média de US$ 1 bilhão ao ano. A citricultura brasileira está concentrada no Estado de São Paulo, particularmente nas regiões de Bebedouro, Araraquara e Limeira. O Estado responde por 80% da produção nacional e concentra 90% da capacidade de processamento da fruta. A indústria brasileira de suco de laranja é reconhecida como a mais competitiva do mundo. Além de ter um custo de produção menor do que o de seus principais competidores, a produtividade média cresceu 30% na última década, atingindo 600 caixas por hectare em 2002. O custo operacional em São Paulo é cerca de 70% do custo na Flórida, principalmente não necessitar de irrigação e pelo menor curto da mão-de-obra. Além disso, os custos de colheita e transporte são apenas 30% dos praticados na Flórida. Essa atividade também continuará importante no futuro. A ação pública, especialmente no âmbito do Estado de São Paulo, se focaliza no auxílio à solução de problemas tecnológicos do setor e na infra-estrutura de suporte à exportação.
A infra-estrutura de exportação é a mais moderna existente no Estado, com navios especializados e facilidades portuárias. Mas há necessidade de melhorias nos serviços e de uma nova logística para sucos pasteurizados, além do fato de que a diversificação de mercados internacionais exige um permanente investimento nessa atividades.
Em termos da agenda de pesquisa, sem dúvida os problemas fitossanitários são os mais importantes. Pragas como o "amarelinho" e o "cancro cítrico" aumentam o custo de produção e afetam a competitividade do setor. A FAPESP tem estimulado, em conjunto com a FUNDECITROS, redes de pesquisa do genoma nessas áreas, ainda que resultados mais expressivos, em termos econômicos, só devam surgir no futuro próximo. A estratégia de estimulo à inovação conta hoje com novas empresas apoiadas por fundos privados de capital de risco que se concentram na descoberta de aplicações de pesquisa do genoma para a citricultura. Em paralelo, o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira (CAPTACSM), em Limeira, desenvolveu, com apoio do CNPq, variedades e mudas resistentes de grande importância para o setor.4
Essa agenda de pesquisa também traz consigo a necessidade de desenvolver e adaptar novas variedades de frutas frescas que tirem proveito da maior competitividade da citricultura paulista nesses mercados, ainda que existam barreiras ao comércio mais elevadas nesse segmento. Por fim, há ainda que pesquisar novas formas de distribuição a granel de suco pasteurizado, que envolve riscos e custos elevados.
Ações estaduais que viabilizem consórcios e parcerias estratégicas na pesquisa sobre esses temas são mecanismos capazes de assegurar a competitividade a médio prazo de citricultura paulista, que está presente em grande número de municípios do Estado.
Do ponto de vista da atividade exportadora, o incentivo público tem que se situar no quadro mais geral de incentivo às exportações comerciais, busca de novos mercado e redução de custo Brasil.
Pecuária: A atividade pecuária no Estado de São Paulo vem se alterando, refletindo mudanças estruturais importantes. Entre essas se destaca a melhoria da qualidade das pastagens, que possibilitou e elevação do padrão genético de gado. Destacam-se ainda os cruzamentos industrias a partir de reprodutores de raças melhoradas e o aparecimento de uma atividade nova, altamente intensiva em conhecimento e sofisticada, que é a criação e melhoramento de raças puras. Dada a
4 Apesar disso, a evolução de uma nova doença - "morte súbita" - atesta que a maior dificuldade estrutural da citricultura paulista está na baixa variabilidade genética de suas plantas, praticamente todas baseadas no mesmo tipo de enxerto, o que as torna extremamente vulneráveis ao desenvolvimento de novos doenças.

perspectiva de crescimento devido aos incentivos à exportação e o aumento da demanda mundial por proteína animal nos países em desenvolvimento, a pecuária paulista apresenta boas perspectivas. Para tanto, ela se preparar, através da manutenção do controle da febre aftosa e da adoção de demais cuidados com questões sanitárias e também da introdução de mecanismos que permitam rastrear a cadeia produtiva até a origem do boi. Políticas públicas voltadas para a montagem de uma eficiente infra-estrutura de informação serão utilizadas nesse sentido, bem como no estímulo à rotação de pecuária com grãos, como já vem ocorrendo em algumas áreas do Estado.
Café: O Brasil é o país de menor custo de produção no cultivo de café arábica e o segundo maior em produtividade do café robusta, atrás apenas do Vietnã. No entanto, o país vem perdendo espaço no mercado externo para países com produto de melhor qualidade. O Estado de São Paulo é o terceiro maior produtor nacional, atrás de Minas Gerais e Espírito Santo. O Estado responde por cerca de 12% da produção nacional, toda ela concentrada na variedade arábica (5,8 milhões de toneladas de sacas).
A despeito de São Paulo ter perdido nos últimos anos peso relativo na produção nacional, existe espaço para expansão dessa atividade segundo dois caminhos. De um lado, o plantio da variedade robusta em áreas como o Oeste Paulista. 5 De outro lado há a trajetória de agregação de valor na variedade arábica, via fabricação de cafés de tipo especial, cuja demanda é crescente em escala mundial. Essa inserção exige pesquisa agronômica, melhoria nos padrões de classificação, marketing, abertura de novos canais de comercialização e esforço negocial internacional nas questões comerciais - todas elas, ações em relação às quais o Estado detém notório conhecimento.
Com relação ao processo industrial, apesar de o país possuir um segmento cafeeiro competitivo, as torrefadoras ainda estão voltadas basicamente para o atendimento do mercado interno. è necessário modernizar o parque instalado, através de processos informatizados, máquinas e equipamentos mais modernos na moagem, torrefação e embalagem do produto com a melhora da qualidade de bebida sendo para isso necessário o  desenvolvimento de novas misturas varietais (blends) para a obtenção de sabor e aromas mais sofisticados, adequados a novos consumidores.
O aprimoramento genético do parque cafeeiro também é importante, com o plantio de cultivares mais produtivos e resistentes a doenças e pragas. São Paulo possui excelentes condições de desenvolvimento tecnológico na área genética, através dos institutos de pesquisa e universidades, como o Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL e o Instituto Agronômico de Campinas, além de suporte de FAPESP. Novos cultivares, novos métodos de cultivo e processamento de grãos (secagem e armazenamento) podem elevar a produtividade e melhorar a qualidade dos grãos de café.
O Governo de São Paulo e o setor privado irão, no âmbito desse PPA, reforçar as ações previstas no Plano de Marketing para cafés especiais organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais, com apoio da APEX. Igualmente importante será auxiliar na organização e difusão das melhores práticas junto ao setor, que em São Paulo tem presença importante nas regiões da antiga Mogiana (Mococa, São Sebastião da Grama e Espírito Santo do Pinhal) e nas proximidades de Botucatu (Avaré, Tejupá e Piraju).
Reflorestamento: O Estado de São Paulo concentra 770 mil ha de área reflorestada (17% da área nacional reflorestada), o que corresponde a 3% de sua
5A variedade robusta, apesar de menores valorizada, tem condições melhores de desenvolvimento, sem problemas de doenças como o nematóide que assola os cafezais de variedade arábica, além de poder usufruir o clima, solo e infra-estrutura da região. O café robusta também tem um uso mais diversificado podendo ser usado na industria de café solúvel e na confecção de blends.
superfície. O desenvolvimento dessa atividade, inclusive para o fornecimento de madeira com selo verde para fabricação de móveis para uso como energético, depende do adequado encaminhamento de políticas públicas de apoio. 6 Adicionalmente, a exportação de móveis com selo verde tem boa aceitação no mercado internacional. O consorciamento de eucalipto com pastagens destinadas a exploração extensiva de pecuária de corte deve ser estimulado, além da importância que o reflorestamento tem para a competitividade do setor de papel e celulose.
Borracha: São Paulo responde por 50% do total da borracha produzida no país. Tem condições climáticas adequadas para o desenvolvimento da cultura sem o ataque de "mal das folhas", doença que prejudica os seringais na Região Amazônica. A relativa imunidade da borracha paulista diante de doenças típicas não elimina a necessidade do desenvolvimento de melhoramentos genéticos, para fazer frente a novos problemas. 7
Fruticultura: A fruticultura é um dos nichos com boas possibilidades de desenvolvimento no Estado. Sua vantagem deriva de dois conjuntos de fatores. De um lado, elevado rentabilidade e potencial gerador de empregos e, de outro, possibilidade de crescimento dada a demanda externa. Em São Paulo, região formada pelos municípios de Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Valinhos e Vinhedo forma o principal pólo da fruticultura paulista (excetuando-se a citricultura). Sua vantagem comparativa é dada pela localização próxima do maior mercado consumidor de país e pela disponibilidade de disponibilidade de infra-estrutura de transporte. Também merece destaque a produção de frutas, especialmente maracujá, na região de Marília, no Centro-Oeste paulista. O gargalo na proporção para exportação está na ainda deficiente estrutura de comercialização.
Floricultura: A produção brasileira de flores tem crescido a taxas superiores a 15% ao ano desde a década de 90. Essa produção tem importância pela capacidade geradora de empregos e pelo valor da produção, sendo São Paulo a principal região produtora do país com cerca de 70% da oferta total. A produção está concentrada em 20 municípios situados num raio de 100 km dos principais canais de escoamento: Veiling Halomba, Ceasa/ Campinas e Ceagesp. Além do mercado interno, o crescimento das vendas externas da floricultura paulista é um filão a ser explorado, desde que se desenvolva uma ação coordenada de promoção setorial. 8 O produtor de flor, para atingir qualidade e competitividade, necessita estar familiarizado em termos de tecnologia e regras fitossanitárias, além de informações de mercado. Nesse sentido, o governo estadual e o setor privado farão esforços para atuar em conjunto pra a formação de associações de produtores que partilhem conhecimento e custos.
Mandioca: Há um novo ímpeto para o mercado de mandioca, derivado do crescimento de demanda de amido de mandioca para uso substitutivo do amido de milho em vários processos industriais. O desenvolvimento de estudos e o incentivo ao uso da fécula modificada de mandioca na indústria de papel, alimentos, têxtil e química, podem fazer parte de um projeto estruturado mais global, que devem contar com apoio das instituições de pesquisa e das fontes de financiamento existentes em São Paulo, a exemplo da FAPESP.
6 Vale lembrar que o m³ de eucalipto tem o mesmo valor energético de um barril de petróleo.
7 A pesquisa em São Paulo concentra-se na Embrapa e no IAC e concentra-se no desenvolvimento de clones tolerantes e doenças.
8 Com exceção de Holombra, que investe numa ação de curto e longo prazo para exportação, o restante das áreas ainda precisa se organizar.

Piscicultura: essa atividade, embora ainda de pequena expressão, é vista como promissora. Os grandes indutores da maior participação desta atividade no Estado têm sido os pesque-pague. São Paulo é um Estado rico em hidrografia, que tem boa infra-estrutura e comércio desenvolvido de materiais específico. Como política pública, recentemente foi regularizada a criação de peixes, este estímulo adicional deve se transformar em resultados concretos de renda regional.
Apicultura: O Brasil tem aumentado sua participação no comércio exterior de mel natural. São Paulo, embora não seja o maior, produtor nacional de mel, é expressivo no comércio exterior, respondendo por 45% das vendas deste produto em 2002. A manutenção e eventual ampliação das vendas externas do produto dependem de o Brasil conseguir manter o espaço aberto pela China e Argentina, no passado recente. O país possui tecnologia suficiente para um aumento de produção no curto prazo, mas será preciso esforço continuado de pesquisa para dar conta das restrições que ainda existem. O espaço para aumentar as exportações vem da venda de mel orgânico e de produtos de marca com mais valor agregado, inclusive a própolis.
Orgânicos: O Brasil, a exemplo do que ocorre no resto do mundo, tem apresentado taxas de crescimento na produção de orgânicos acima de 40% ao ano. É, certamente, um nicho de mercado num país com a distribuição de renda brasileira; que pode ser explorado, inclusive via comércio exterior. Visto que São Paulo, e mais particularmente a Região Metropolitana Expandida, detém potencial de consumo e que a pesquisa é diferencial positivo da região, a atividade orgânica pode vir a ter um crescimento importante nos próximos anos . A grande dificuldade para a expansão da agricultura orgânica, além da renda, está na restrição da oferta, ainda descontínua, de uma maneira geral. Para maior conversão de sistemas convencionais em orgânicos será necessária uma política que dê conta da construção de legislação, consolidação de padrões, diminuição de custos de certificação e incentivos direcionados para o aumento da oferta para os mercados internacional e interno. Além do fortalecimento de legislação é preciso organizar um sistema de informações ao mercado eficiente para auxiliar os produtores na escolha do que produzir, como comercializar e se adequar a padrões internacionais.
5.1.2 Recorte Espacial da Produção
A análise segundo o corte territorial permite distinguir sete áreas com características e problemas distintos:
•    A Região Oeste, englobando as meso-regiões de Presidente Prudente e de Araçatuba tem como características fundamentais o predomínio da pecuária de corte como atividade principal, a presença de explorações agropecuárias de tamanho mais elevado e a baixa presença de agroindústrias e de outras atividades industriais .
•    A Região Noroeste, conhecida antigamente como Mogiana, é composta pelas meso-regiões de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Araraquara, Piracicaba e Campinas. Ela concentra a agricultura de maior valor comercial do Estado, em particular as atividades dos complexos agroindustriais da cana de açúcar e da laranja.
•    A Região Centro-Oeste, que engloba as mesorregiões de Bauru, Marília e Assis, tem na produção de grãos e de café suas atividades agropecuárias principais. As agroindústrias da região estão centradas na transformação em óleos e farelos.
•    A região Centro-sul, que reúne as mesorregiões de Itapetininga e Macro Metropolitana Paulista, concentra as atividades do cinturão verde do entorno metropolitano e as principais áreas de reflorestamento do Sul do Estado. Nela também são importantes a pecuária de pequenos animais e a suinocultura.
•    A Região Litoral Sul compreende a mesorregião do mesmo nome (Litoral Sul Paulista). Ela inclui, fundamentalmente, o Vale do Ribeira, onde os destaques são a produção de banana e espécies outras frutíferas, além do turismo ecológico.
•    A Região do Vale do Paraíba, que também compreende a mesorregião do mesmo nome, é uma importante produtora de leite.
•    A região Metropolitana de São Paulo abrange a meso-região do mesmo nome. Em função da urbanização, sua participação na produção agropecuária paulista é menos expressiva,mas a agroindústria e a olericultura são muito relevantes.   
5.1.3 Oportunidades e Limitações do Setor
Mercado de Trabalho: No conjunto da economia  brasileira, a agropecuária responde por cerca de 16 milhões de pessoas empregadas (23% do total) e o agronegócio por 30 milhões (42% do total). O agronegócio, além de grande empregador em si, tem a vantagem comparativa de empregar de forma descentralizada, mantendo o emprego no interior do país. No Estado de São Paulo, da mesma forma, o meio rural continua a ser um empregador importante. O fato gerador do emprego é que está em transformação. Atualmente, as tradicionais atividades produtivas, a despeito do seu peso, já não são suficientes para explicar a dinâmica do emprego e da população que vive na área rural. Deve ser incorporado na análise além das atividades rurais não agrícolas como o turismo, todo o conjunto de atividades novas, de nicho, mas que são intensivas em mão-de-obra. Nesse grupo destaca-se a olericultura, fruticultura de mesa e floricultura. Não se deve confundir a aceleração da urbanização brasileira decorrente do êxodo rural com perda de dinamismo na agricultura. A população pode não ser rural, pode estar urbanizada, mas continua tendo a dinâmica de seu provento mensal nas atividades ligadas à produção rural.
Logística: São Paulo possui a melhor base de infra-estrutura do país. Tem 220 mil km de estradas rurais em terra e 30 mil km de rodovias asfaltadas. O Estado tem uma posição geográfica estratégica, como caminho, inclusive, do escoamento do grão do Centro-Oeste pelo porto de Santos. Nesse sentido, e condizente com uma política de incentivo ao comércio exterior, deve-se buscar o desenvolvimento da intermodalidade de transportes e a ampliação das atividades portuárias. O escoamento da safra do Centro-Oeste, pelo sistema ferroviário que passa por São Paulo, pode vir a ser indutor de desenvolvimento estadual, se atividades de logística forem desenvolvidas ao longo da ferrovia. Também é fundamental o deslanche do projeto do ferroanel. O escoamento por terra, para o porto de Santos, passa pela continuidade das obras do Rodoanel, na ala sul. Da mesma forma, o transporte fluvial, via hidrovia Tietê-Páraná também precisa ser estimulado. Se a política do governo federal visando ao fortalecimento do MERCOSUL se concretizar, haverá incentivo ao desenvolvimento de um sistema regional de transportes eficiente. Na área de armazenagem, São Paulo é bem servido de estrutura privada e pública. A estrutura de armazenagem do setor público, coordenada pela Ceagesp, embora venha perdendo peso relativo, ainda é a maior rede de armazéns do Estado de São Paulo, a serviço da agroindústria. São 40 unidades, de diferentes tipos (graneleiros, armazéns de carga geral), com destaque para o armazenamento de açúcar. O setor público continua importante na rede de distribuição de "sacolões", que no interior tem o conceito Ceagesp: o produtor vende diretamente ao consumidor.
Comércio Exterior: a ampliação do comércio exterior brasileiro faz parte da agenda do país como um todo e também do Estado de São Paulo. Hoje, as exportações paulistas representam 32% das vendas totais do país, colocando o Estado na primeira posição por Estado.No setor do agronegócio, são importantes carnes, açúcar e suco de laranja.Além dos mercados tradicionais, como os EUA,novos mercados vêm ganhando espaço, a exemplo da China e Rússia. Dentro da linha de aumentar a exposição paulista no mercado externo, o Governo do Estado de São Paulo criou em abril de 2003 o Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior - CERICEX, como órgão orientador da política de comércio exterior paulista. A idéia é facilitar a exportação em geral, e a das pequenas e médias empresas paulista, em particular. Uma das linhas de ação é a construção, em parceria com o setor privado, do aeroporto em Cubatão. Além disso, será prioritário a implantação de pólos industriais para exportação, reunindo empresas de uma mesma região e/ou setor e a criação de um centro estadual de logística para orientar e facilitar o acesso dos empresários menores ao exterior. Também serão incentivadas a organização de missões comerciais e a promoção de feiras e exposições. Além das medidas acima deverá fazer parte da estratégia pública o melhoramento do escoamento da produção do Estado pelo Porto de Santos, duplicação da Rodovia dos Imigrantes, a Asa Sul do Rodoanel e a instalação, junto com o Ministério dos Transportes, das obras do Ferroanel.
Disponibilidade de água: uma das limitações ao desenvolvimento do Estado é a oferta de água, dada a competição por sua utilização para diferentes finalidades. Nessa competição está inserida a agropecuária. O governo do Estado está atento à questão e procura projetar programas de racionalização do uso da água.9  Finalmente existem problemas de assoreamento de barragens o que reduz o volume de água disponível para os diversos usos.

5.1.4 Conclusão
Um retrato do setor agrícola paulista revela a convivência de setores altamente desenvolvidos, sensíveis às sinalizações dos mercados doméstico e internacional e absorvedores de tecnologia de ponta, convivendo com segmentos menos dinâmicos e que possuem espaço para aumentar sua eficiência. Em diversas regiões há espaço para a introdução de tecnologias disponíveis no mercado e maximização dos recursos existentes. As políticas públicas irão colaborar nessa direção pela indução à difusão de tecnologia, incrementando do associativismo e pesquisas. Há um espaço para que o Estado atue complementando e catalisando ações que os agentes individuais não estão conseguindo realizar, colaborando desta forma para que esse conjunto consiga maximizar seus resultados. A demais, caso essas ações do Estado possibilitem melhor eficiência dos agentes individuais, certamente se observará uma maior disseminação das atividades no espaço do Estado de São Paulo, trazendo conseqüências positivas para redução da excessiva centralização das atividades nas áreas metropolitanas.
o foco agropecuária e do agronegócio de São Paulo no futuro será a indução sustentável rumo à agregação de valor e das exportações. A agropecuária brasileira é uma das mais competitivas do mundo. O país é dinâmico em soja, açúcar laranja, madeira, café e carnes e tem aberto espaço para novos produtos. Na realidade é a evolução recente

9 Já existem atualmente no norte do Estado restrições por parte de algumas prefeituras ao uso da água para irrigação; ademais a regulação atual permite a cobrança pela utilização da água nas bacias hidrográficas.

do agribusiness em geral - e da agropecuária em particular - que tem permitido ao país crescer, uma vez que nos últimos anos, o agribusiness, principalmente o exportador, tem tido taxas decrescimento substancialmente superiores à média nacional. Dentro do agronegócio, o papel do Estado de São Paulo é decisivo. São Paulo produz e exporta a maior parte da cana-de-açúcar, da laranja e tem posição de destaque na pecuária. É também fundamental no processo de desenvolvimento e ocupação de nichos, diversificando a pauta de produção e de exportações. Nos próximos anos, será fundamental ampliar ainda mais a competitividade e diversificar o agronegócio paulista. São Paulo tem todas as condições para fazê-lo.

5.1.5 Ações da Secretaria de Agricultura
As intervenções estaduais para o desenvolvimento do agronegócio exigem um processo de ação convergente, a partir da articulação de políticas públicas, bem como a concretização da logística sobre a qual as cadeias de produção movimentação seus processos de geração de renda e de emprego. O aprimoramento da logística implica manter São Paulo na vanguarda da excelência nacional. Isso implica implementar os projetos de Galpões e Pontes Metálicas, criação do CIASP e  CIAFLORES, MELHOR CAMINHO, Promoção das Exportações, Articulação com Conselhos de Desenvolvimento Regional e Câmaras Setoriais entre outros projetos de agregação de valor direcionados para as cadeias de produção do agronegócio.
O agronegócio familiar é a mais importante alternativa de geração de emprego e renda na economia paulista. O Programa de fortalecimento do Agronegócio baseia-se na visão do desenvolvimento com democracia. Ele trabalha com capacitação, assistência técnica dirigida e disponibilização de máquinas, no sentido de dar igualdade de oportunidade a agricultores familiares, produtores e pequenas agroindústrias, dando-lhes condições de competir no mercado e ampliar a conquista de novos marcados; seu foco é dirigido para que pequenos produtores tenham acesso a financiamento e a seguro com taxas adequadas, estimulando as cadeias de produção do agronegócio, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista - FEAP, o Banco do Agronegócio Familiar, e articundo ações estaduais para obter recursos do PRONAF para financiamentos setoriais e para projetos regionais.
Já o Programa de Desenvolvimento Local Integrado Sustentável busca o aumento da competitividade do agronegócio e fornecimento às comunidades locais dos meios necessários para deslanchar o processo de desenvolvimento econômico, promoção da cidadania e preservação ambiental. É imprescindível a atuação do Estado para garantir a qualidade das ações públicas, assegurar o cumprimento das metas previstas no acordo de empréstimo com o BIRD, implantar sistemas de produção agropecuária no conceito de Microbacias Hidrográficas, com participação da comunidade e garantia da sustentabilidade socioeconômica e ambiental. O plano de intervenção tem também como finalidade ampliar as oportunidades de ocupação, melhorar os níveis de renda, aumentar a produtividade e promover a reorientação técnico-agronômica. Outro aspecto é a identificação de oportunidades de turismo rural, organização de associações,  capacitação de agentes, promoção de campanhas de divulgação e implantação de sistemas sustentáveis de turismo rural associados ao processamento artesanal de alimentos e de artesanato em geral. Assim, o desenvolvimento de sistemas de produção econômica de frutas de alto padrão e com qualidade controlada,com métodos ecologicamente mais seguros, por meio da organização das cadeias de produção, com criação de normas de padronização, visa agregar valor à fruta como produto final processado, disponibilizar produtos mais seguros para o consumidor, melhorar a eficiência do manejo dos recursos naturais e aumentar a competitividade no mercado. Abastecer os agricultores com sementes e mudas de culturas de alimentação básica e de frutíferas, comerciais ou silvestres e espécies florestais nativas, nas quais a iniciativa privada não atende ao mercado, também é função deste programa, que ainda abrange a implantação de sistema informatizado de informações técnicas do agronegócio paulista, mantendo atualizado pelo recadastramento anual de 60mil propriedades rurais, o banco de dados do LUPA, com informações sobre área cultivada dos municípios, para fins de distribuição de ICMS.
No que toca á alimentação e nutrição, e atendendo ao objetivo de governo solidário, o Projeto VIVALEITE, direcionado a crianças e idosos de família de baixa renda, assegura o acesso a leite enriquecido, com qualidade monitorada, minimiza a ocorrência de desnutrição e dá oportunidade aos pecuaristas de auxiliar o escoamento da produção.
Conjugar o estímulo à produção de alimentos e seu escoamento a projetos de segurança alimentar, assegurando o acesso da população de baixa renda a alimentos com qualidade, diversidade e alto teor nutricional, também é objetivo de outros projetos como Cesta para Idosos, Bom Prato, Bom Lanche, uma vez que, no Estado de São Paulo, o PNDA 2001 identificou 2.350 mil famílias com renda insuficiente para garantir sua segurança alimentar, portanto, vulneráveis à fome.
Já a ação Certificação de Qualidade do Produto de São Paulo - Selo são Paulo - tem por escopo certificar produtos de origem agrícola, pecuária e agroindustrial visando á competitividade do agronegócio paulista nos mercados internos e externo.
A Defesa Sanitária do Agronegócio para Proteção da Saúde do Homem e do Meio Ambiente é um programa que reúne a maioria das ações que caracterizam o trabalho de defesa agropecuária no Estado. O Governo prestador de serviços de qualidade exige ações quanto ao controle uso de agrotóxicos, preservação de culturas, exploração do solo e da água, a qualidade dos alimentos e o combate ás Zoonoses para promoção da manutenção saúde humana e do meio ambiente.
A eliminação de barreiras sanitárias para exportação é um programa que reúne as ações que permitirão à defesa agropecuária atender aos setores exportadores do agronegócio paulista em seu objetivo de obter reconhecimento internacional da sanidade de seus produtos. Seus impactos, muito mais amplos que os diretamente gerados sobre saldos da balança comercial, refletem-se na capacidade de geração de emprego e renda do agronegócio paulista.
A Inovação Tecnológica para a Competitividade do agronegócio - AGROINOVA SÃO PAULO reflete a liderança paulista no Brasil. Essa liderança deriva da incorporação de inovações ecológicas produzidas pela geração e transferência de conhecimentos aplicados ao conjunto das cadeias de produção e á diversidade de realidades regionais, com base na pesquisa pública. São Paulo é, como vimos, líder nacional de produção de cana, laranja e na pecuária, sendo a plataforma exportadora mais importante do agronegócio nacionais.Isso implica manter 58 laboratórios com padrões internacionais, implementar planos de desenvolvimento do agronegócio municipais nos 51 municípios paulistas de menor IDH, consolidar os pólos regionais de desenvolvimento, desenvolver pesquisas para geração e adaptação de conhecimentos aplicados às cadeias de produção especiais (visando a explorar oportunidades de mercado com produto diferenciado pela qualidade e a expansão das lavouras de grãos e fibras e de hortícolas), elevar a qualidade e a competitividade da cadeia de produção de proteína animal e de produção de açúcar e álcool. Outras ações da Secretaria incluem: atuar na redução da exclusão social pela transferência de tecnologia para jovens em processo de educação para o trabalho; implantação de produção de frutas e olerícolas de mesa em ambiente protegido - hidropônica; implantação do Sistema de Informações Hidrometeorológicas, estruturação para implantar rede telemétrica meteorológica com aproveitamento de estações existentes, disponibilizar banco de dados para apoiar os produtores rurais com prognósticos do tempo e do clima, dando suporte aos estudos de preservação dos recursos hídricos e á defesa civil.         
                    
5.2 Estratégia de Indústria
5.2.1 São Paulo: Desenvolvimento da Indústria e Mudanças nos Padrões Espaciais
A história de São Paulo confunde-se com a história da indústria e da tecnologia no Brasil. Foi a partir do café que o Estado consolidou seu papel de liderança na industrialização brasileira. No pós-guerra, especialmente durante o período do Plano Metas, os investimentos nesses setores de bens de consumo duráveis - em particular na indústria automotiva - reforçaram ainda mais o papel do Estado. Esse processo foi reforçado durante o ciclo de crescimento do final da década de sessenta a meados da de setenta. Ao longo desses anos ocorreu também uma integração progressiva com todas as demais regiões do Brasil. Os fluxos internos de comércio se ampliaram significamente e o desenvolvimento de São Paulo expandiu as oportunidades de crescimento nas demais regiões brasileiras.
Desde os anos setenta, no entanto, a forma de articulação de São Paulo com o restante do país foi se alterando segundo um processo caracterizado pela desconcentração regional da indústria. A participação do Estado na indústria do país foi se alterando segundo um processo caracterizado pela desconcentração regional da indústria. A participação do Estado na indústria do país decresceu sensivelmente desde então: depois de ter chegado a 58% em 1970, essa participação chegou a 52% em 1985.
Mas é importante e oportuno observar também que a redução de importância relativa se restringiu apenas à região metropolitana de São Paulo. De fato, enquanto o peso dessa região no total do país caía de 44% para 29% entre 1970 e 1985, o restante do Estado aumentava sua participação de forma extraordinária, passando de 15% para 23% do total e suplantando por larga margem, inclusive, o segundo pólo industrial do país, o Estado do Rio de Janeiro.
Isso indica que nem toda a indústria paulista foi afetada - ou, ao menos, foi afetada de forma diferenciada - durante o período que vai da fase de crescimento acelerado do começo dos anos 70 à fase inicial da crise da dívida externa dos anos 80, e seus desdobramentos internos no que toca às peculiares formas adotadas pela política econômica doméstica. A Tabela a seguir resume a evidência quanto à evolução da estrutura industrial nesse período.

Esse processo de desconcentração manteve-se, com maior ou menor intensidade, nas distintas fases que marcaram o restante das décadas de oitenta e noventa, dependendo do ritmo de crescimento da economia e do investimento. Isso é mostrado na Tabela 5.2 e no Gráfico que a acompanha, onde se observa claramente que a redução do peso da indústria paulista no total do país diminui muito mais rapidamente do que o total do PIB de São Paulo no total do PIB brasileiro. Isso indica que os demais setores, à exceção da Indústria de Transformação, aumentaram de participação em relação ao total do país. Como veremos, o setor de serviços foi o principal beneficiário desse processo.
Deve-se observar que os conceitos de valor adicionado a preço básico, que serviu de base para  a construção dessa tabela, é diferente do conceito de Valor da Transformação Industrial, que serviu de base para os dados da Tabela 5.1. Dessa forma, os resultados não são estritamente comparáveis.

Deve ser destacado que poucos setores (exemplo de áudio e vídeo) se mudaram de fato de São Paulo para outras regiões. Em geral, nos períodos de crescimento, essa desconcentração ocorreu porque novas plantas industriais eram implantadas em outros Estados. Assim foi durante o período do II PND, em meados da década de oitenta ou no município de investimentos da metade da década de noventa. Cada vez mais foi sendo moldado um padrão de evolução que de forma sintética se pode resumir da seguinte forma:
1. Setores intensivos em recursos naturais, como extração mineral, alumínio, celulose, agroindústria do segmento de grãos/carnes, muitos dos quais voltados ao mercado externo, ampliaram sua capacidade junto às fontes de matérias-primas ou em regiões portuárias associadas a essas fontes, em geral fora de São Paulo.
2. Segmentos de bens duráveis de consumo tenderam a apresentar uma desconcentração mais limitada ao Sul e Sudeste do Brasil, como ocorreu com o setor automotivo ou com a linha branca, mantendo, contudo, participação importante em São Paulo, que recebeu novos investimentos.
3. Segmentos de bens de consumo se desconcentraram de forma mais intensa, buscando reduzir custos de produção e atender ao crescimento de novos mercados.
4. Nas indústrias de bens intermediários mais intensivos em capital (siderurgia, petroquímica, refino, etc.), os investimentos consolidaram os pólos já existentes, sem grandes mudanças no panorama da distribuição regional.
5. Segmentos mais intensivos em tecnologia, com destaque para informática e telecomunicações, tenderam a se concentrar em São Paulo, aproveitando-se das externalidades existentes e da melhor logística para insumos.
Dentro de São Paulo, esse novo padrão de distribuição da atividade produtiva assumiu uma característica que pode ser denominada de "interiorização do desenvolvimento". Com a redução da participação relativa da Região Metropolitana de São Paulo no total indústria nacional, sobretudo da Capital, o interior foi um dos maiores beneficiários da desconcentração da indústria. Esse processo vem modificando o perfil das regiões desde a década de setenta. Suas causas encontram-se nas deseconomias de aglomeração e na mudança do perfil econômico da Grande São Paulo.
A Metrópole de São Paulo, sem deixar de ser a maior aglomeração industrial do país, com grande concentração em setores como automotivo, material elétrico, química, etc., característica que mantém, especialmente nos municípios da região do ABCD, passou a ser essencialmente uma metrópole de serviços, de dimensões nacionais e internacionais. Transformou-se em cidade global, com marcas de heterogeneidade próprias de um país em desenvolvimento. De um lado, apresenta carências e necessidades de investimentos na área social e na geração de empregos próprios do subdesenvolvimento. De outro, mostra um mercado consumidor sofisticado, serviços de escala nacional e assume um papel central no contexto sul-americano, como sede de negócios e espaço de decisões empresariais que extrapolam o mercado brasileiro.

No entorno da Metrópole de São Paulo consolidaram-se os processos de formação de quatro grandes aglomerações urbanas, duas dessas já convertidas em áreas metropolitanas formais, também fortemente influenciadas pela dinâmica da indústria.
Grande centro cafeeiro, Campinas cresceu, após a crise dos anos 30, com uma forte base agroindustrial - primeiro algodão e cana-de-açúcar, depois cana-de-açúcar, laranja e fruticultura, e pólos industriais importantes nos segmentos têxtil, metal-mecânico, químico e material elétrico e de comunicações. Com a interiorização do desenvolvimento, foi a região que mais se benefíciou, atraindo novos investimentos, em especial na área de tecnologias da informação.
Em São José dos Campos, a herança cafeeira escravista havia gerado uma agricultura pouco dinâmica e diversificada. Mas a proximidade com São Paulo e a posição privilegiada no eixo Rio de Janeiro - São Paulo, acabaria por estimular uma transformação importante, atraindo investimentos significativos na química, material de transportes, e sobretudo na área aeronáutica, tornando-a o centro do complexo aeroespacial brasileiro.
A Baixada Santista compartilhou desde cedo os ganhos da atividade exportadora cafeeira, estruturando o principal porto do país e recebendo um conjunto de serviços associados à atividade exportadora. Com o crescimento industrial, atraiu investimentos na siderurgia e na química, que marcaram as décadas de sessenta e setenta. Com o crescimento da Capital e seu entorno, a região também passou a desempenhar um papel-chave no turismo litorâneo, que representa outro componente dinâmico de seu desenvolvimento.
A região de Sorocaba, a quarta grande aglomeração urbana do entorno da capital, foi desde cedo um centro manufatureiro relevante, favorecido pela proximidade da produção algodoeira e pela disponibilidade de energia. Com a interiorização do desenvolvimento ganharia contornos ainda mais claros de centro industrial, sediando algumas das principais indústrias têxteis, mecânicas e metalúrgicas do país, além da agroindústria.
Todo o interior de São Paulo foi beneficiário desse movimento de interiorização do desenvolvimento. Regiões como Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São Carlos e Araraquara ganharam extraordinário impulso, com o desenvolvimento de uma forte agroindústria sucro-alcooleira e de beneficiamento de sucos cítricos. Ao seu lado desenvolveu-se uma variada gama de atividades industriais para atender a esse desenvolvimento agrícola: implementos agrícolas, máquinas e processamento. Com o movimento para o interior de outros segmentos industriais, a região passou a receber investimentos também nas áreas de material de transporte, indústria mecânica, aeronáutica, etc.
No oeste do Estado, de passado eminentemente agrícola, também se desenvolveu uma forte agroindústria ou atividades de abate e criação pecuária de grandes proporções. É o caso de Araçatuba, Presidente Prudente e Marília, cada uma com características específicas. Também essas regiões ganharam novo dinamismo com o crescimento industrial do interior. A diversificação da base agroindustrial é seu aspecto mais relevante, tanto na produção animal como vegetal. Dentre esses segmentos, destacaram-se a produção de álcool, a criação e abate animal, a fruticultura e a produção de grãos. Uma série de outros segmentos foi se desenvolvendo, nas áreas de calçados e couro, metalurgia, móveis, cerâmica, além de uma diversificada indústria de alimentos.
Mesmo áreas de menor desenvolvimento relativo, como a região do Vale do Ribeira, do Pontal do Paranapanema ou do extremo Vale do Paraíba Paulista, também mudaram de perfil, com atividades industriais de menor porte e uma nova agroindústria.
Esse processo de transformação das características das atividades das diversas regiões de São Paulo consolidou-se na década de noventa e indica tendências importantes para a ação do Governo de São Paulo. Em particular é interessante notar certa especialização do perfil econômico de muitas regiões, com grande predomínio de poucos setores por regiões e em municípios dessas regiões. Mais relevante, ainda, é verificar as tendências dos investimentos no período mais recente, e perceber que esses investimentos reforçam vocações e perfis econômicos particulares para essas regiões e municípios.
Nos últimos seis ano São Paulo recebeu investimentos importantes. Em termos setoriais essas inversões foram marcantes nos casos da indústria automotiva, na geração de eletricidade, gás e saneamento, em produtos químicos, e em serviços de telecomunicações. Em menor escala são também relevantes os investimentos no setor aeronáutico, metalurgia, equipamentos de informática e telecomunicações, papel e celulose e na produção de álcool.
As diversas regiões do Estado reforçaram as especificidades de sua história industrial e agroindustrial, bem como as tendências já manifestas de receber novas atividades derivadas da desconcentração econômica. É o caso, por exemplo, da metalurgia e automotiva na região de Sorocaba; também da automotiva, e da produção de álcool e informática e telecomunicações em Campinas; alimentos e bebidas nas regiões de Marília, Presidente Prudente, Bauru; automotiva e aeronáutica em São José dos Campos. A própria área metropolitana de São Paulo, em que pese a desconcentração, recebeu importantes investimentos no segmento automotivo e na indústria química.
Essa especialização reforçou um conjunto de vocações regionais em indústrias mais tradicionais, em que são comuns tendências à aglomeração e que irão marcar o desenvolvimento de muitas cidades e regiões do Estado, abrindo inclusive inúmeras possibilidades de cooperação pública e privada, consoante a orientação das ações do PPA para o período 2004 a 2007.
São muitos os exemplos. Na área têxtil podem ser citadas as aglomerações de Ibitinga, Americana, Santa Bárbara d'Oeste, Águas de Lindóia, Guarulhos, Nova Odessa e Campos do Jordão; em confecções destacam-se a Capital, São José do Rio Preto, Americana, Sorocaba, Santa Bárbara d'Oeste, Cerquilho, Indaiatuba, Bragança Paulista, Santos e Ibitinga; no setor de couros e calçados, são relevantes as concentrações de estabelecimentos em Franca, Jaú, Birigui e Bocaina; em borracha e termoplásticos, destacam-se a cidade de São Paulo, Guarulhos, Diadema, Barueri, Ribeirão Preto e Santo André; em móveis e madeira, São José do Rio Preto, Limeira, Ribeirão Preto, Votuporanga, Mirassol, Araçatuba, São Caetano do Sul, Valentim Gentil e Taboão da Serra.
Essa regionalização progressiva indica um caminho. São Paulo pode e deve tirar proveito da diversidade geográfica que sua indústria vem assumindo, abrindo com isso possibilidades de desenvolvimento para todas as regiões do Estado. Caberá ao poder público colaborar para esse movimento de modo a potencializar essas vocações.

5.2.2 As Perspectivas de Política Industrial e o Papel de São Paulo
O Brasil precisa e irá contar com políticas ativas de desenvolvimento e políticas industriais setoriais, construídas na forma de parcerias entre União, Estado e setor privado. A base para o sucesso estará muito mais na capacidade de coordenação e entendimento desses atores, do que na volta a um dirigismo estatal. Sobre isso há uma convergência significativa de opiniões, criando um denominador comum para atuação firme dos governos e da sociedade.
São Paulo irá contribuir decisivamente para o êxito dessas políticas. Quase metade da indústria brasileira está situada no Estado, aqui estão presente alguns dos segmentos mais dinâmicos da economia nacional e a retomada do investimento e uma inserção internacional que agregue mais valor às nossas exportações passa necessariamente por São Paulo.
A política industrial tem e terá foco no desenvolvimento do comércio exterior, com instrumentos e ações diferenciadas segundo as características de maior ou menor competitividade dos setores.
Para cadeias produtivas com deficiências competitivas, mas com potencial, as ações deverão estimular os investimentos, a reestruturação patrimonial e melhorias no sistema produtivo visando a obtenção de economias de escala, esforço concentrado de capacitação tecnológica (programas setoriais, consolidação de marcas e design, desenvolvimento de produtos), criação de redes de cooperação e alianças estratégicas, além do suporte à internacionalização das empresas líderes. Isso significa dar um passo além das formas mais tradicionais de organização familiar das empresas, através da capitalização e de fortes incentivos à inovação como estratégia competitiva, coordenando ações para superar elos deficientes, e tirando benefícios de aglomeração geográficos, na forma de Arranjos Produtivos Locais, ou de especialização macrorregionais.
Para setores já competitivos, haverá necessidade de investimentos que contemplem os estrangulamentos na capacidade produtiva, fortaleçam as empresas e estimulem sua internacionalização. Também aqui será necessário focar no avanço significativo da capacidade de inovar em produtos/processos (P&D, agregação de qualidade, valor, marcas), além de investimentos em logística e na distribuição, de forma a permitir ampliar a participação em mercados externos.
Nas cadeias produtivas com alta participação de empresas estrangeiras, o desafio será incentivar uma maior contribuição das empresas à balança comercial e de serviços, valorizando a plataforma-Brasil na divisão do trabalho global intra-empresa, e buscando atrair para o país novas atividades de maior conteúdo tecnológico e maior agregação de valor. Para tanto é importante dispor de instrumentos coordenados de modo compatível e legal para a atração e alavancagem de novos ciclos de produto e serviços, buscando reforçar o papel das subsidiárias brasileiras nas estratégias tecnológicas e de mercado das matrizes.
Os desenhos de políticas públicas buscarão precisamente articular a dimensão macroeconômica e as políticas industrial, tecnológica e de comércio exterior, buscando maximizar a eficiência do sistema. Não haverá espaço para praticar políticas altamente dependentes de protecionismo, de incentivos e subsídios fiscais, ou calcadas em burocratização discricionária e opaca, sem avaliação de custo-benefício.
Ao contrário, o que se deve e se pode esperar, porque é parte de um vasto consenso do país, é uma agenda intensiva em coordenação, que a partir do diálogo com Estados e setor privado, negocie metas e estabeleça resultados a serem alcançados; a partir do esforço de todos. Para isso, sem dúvida será preciso igualmente mobilizar instrumentos de financiamento e crédito, com redução de custos de capital, instituir novas formas de suporte à inovação, estabelecer forte coordenação intracadeias e no plano local, fortalecendo Arranjos Produtivos Locais, bem como dar suporte ao comércio exterior e à internacionalização das empresas nacionais, e moldar parcerias com as empresas estrangeiras.

5.2.3 Arranjos Produtivos Locais - O Espaço da Política Industrial Descentralizada
Será importante para o Estado agregar valor a muitos segmentos industriais tradicionais, em que predomina a pequena empresa. As inúmeras aglomerações existentes em São Paulo dão uma base animadora para a ação do governo e do setor privado, em que pese problemas de competitividade, de coordenação e articulação de atores.
A revitalização de Arranjos Produtivos Locais (APL) nas áreas de couro e calçados, produtos termoplásticos, têxteis e confecções, ou móveis e madeira, que contemplam várias regiões do Estado, mostram o caminho a seguir nessa direção. É uma agenda de cooperação entre setor produtivo, agências governamentais, institutos, Universidades e entidades de representação setoriais e locais. A indústria têxtil e de confecções de Americana e Nova Odessa, a de calçados em Franca, Jaú e Birigui, os bordados de Ibitinga, a cerâmica de Itu, Tambaú, Pedreira, Porto Ferreira, e Santa Gertrudes, a produção de luvas de Bocaina, ou de imóveis em Votuporanga e Mirassol são outros exemplos das inúmeras possibilidade. O reforço às tecnologias Industriais Básicas e aos serviços tecnológicos, o incentivo à inovação, o estímulo e suporte aos Arranjos Produtivos Locais e a Parques Tecnológicos, são alguns meios e instrumentos de apoio.
APLs têm por pressuposto ir além da mera proximidade geográfica entre as indústria. Pressupõem um processo coletivo, que envolve um conjunto diferenciado de atores, ações, interesses, estratégias e negociações voltadas para a obtenção de resultados acordados. As ações de apoio aos APLs partem do reconhecimento da diversidade e do caráter local dos processos de aprendizado e, portanto, da dimensão local da inovação. A inovação requer uma ação coletiva, que envolve aprendizado. É um fenômeno cumulativo e essencialmente dinâmico, que tem no conhecimento da realidade local seu principal insumo. Os resultados são propostas concretas de intervenção, através do desenvolvimento de projetos cooperativos entre agentes responsáveis pela geração, adaptação, difusão e uso do conhecimento. Projetos cooperativos que apontam soluções para os gargalos identificados e priorizados.
A consolidação de Arranjos Produtivos Locais deve aprimorar a capacidade associativa e os laços de cooperação entre os empresários; fortalecer os laços entre empresa e o setor público; propiciar a modernização tecnológica e gerencial das empresas; aprofundar o conhecimento do mercado interno e externo; e, fomentar a construção de políticas articuladas.
Organizar APLs dessa natureza vai no sentido de desenvolver uma forte identidade da empresa com local. Implica trabalhar intensamente as dimensões de cooperação e concorrência que se estabelecem localmente, procurando ir além da empresa, na medida que o êxito depende também da maior cooperação no âmbito dessas sociedades locais.
Ou seja, criar uma atmosfera cooperativa, que estimule sinergias através da cooperação, e que a partir dessas ações possibilite ganhos que dificilmente as empresas, mas redes de empresas articuladas, que se beneficiem mutuamente, aproveitando as vantagens da diversificação e da diferenciação, para obter como resultado final uma maior participação no mercado.

5.2.4 São Paulo: as oportunidades segundo as cadeias produtivas
Além dos setores já mencionados nos agronegócios, relacionam-se a seguir 14 cadeias produtivas em relação às quais o Estado de São Paulo apresenta vantagens competitivas reais e/ou potenciais, listando-se as oportunidades e desafios que as caracterizam. Via de regra, essas cadeias têm fortes imbricações regionais devido aos efeitos de encadeamento para frente e para trás geralmente concentrados no espaço.
(I) Automobilística e autopeças. São Paulo tem um papel fundamental no setor automotivo brasileiro. Ainda que muitas das plantas recentes (entre 1996 e 2002 foram inauguradas 22 novas plantas de veículos e motores) tenham se instalado fora de São Paulo, muito em função de uma acirrada guerra fiscal, o Estado é ainda o principal produtor nacional. Em 2001 foram fabricados em São Paulo 55% dos automóveis, 71% dos comerciais leves, 855 dos ônibus e 84% dos caminhões produzidos no País. É certo que em 1980, esses percentuais eram bem mais elevados: 85% para automóveis, 84% para comerciais leves, 96% de ônibus e 94% de caminhões. De qualquer forma, das 27 unidades produtoras de auto-veículos, 11 estão em São Paulo.
O setor de autopeças, que também se desconcentrou muito em função das novas práticas de integração de sistemas e subsistemas, continua fortemente localizado no Estado onde estão 451 unidades de produção das 615 registradas pelo SINDIPEÇAS. A grande mudança foi a redução do número de unidades localizadas na Capital do Estado, que eram 189 em 1992 e hoje são 132 e o simultâneo aumento de plantas em outros municípios da Grande São Paulo (exceto ABCD) e no interior do Estado.
Oportunidades. A ampliação do mercado interno deverá ser combinada com o aumento substancial das exportações. A atual especialização do Brasil em carros compactos é fundamental para permitir ao setor usufruir economias de escala e elevar sua competitividade. No caso das autopeças, além das exportações de motores e de outros componentes por parte das próprias montadoras, há espaço para ampliar e diversificar a presença no mercado externo das próprias empresas de autopeças (freios, pistões, válvulas, componentes metálicos e plásticos).
É necessário superar as dificuldades das empresas nacionais de participar como fornecedor de primeiro nível das montadoras. No plano estadual é importante reforçar a infra-estrutura de serviços tecnológicos, assegurando qualidade e maior  rapidez no desenho e aprimoramento de produtos, através de projetos cooperativos entre centros de serviços universitários, Anfavea e Sindipeças. Volumes maiores de exportação por parte das montadoras podem abrir espaço para integradoras de sistemas, subsistemas vinculadas às montadoras, e também para peças e componentes nacionais. Há espaço, igualmente, para substituição de importações de componentes e insumos importados, sobretudo, no caso de fornecedores das empresas entrantes.
As oportunidades de São Paulo são muitas, porque as plantas instaladas no Estado foram atualizadas e seu setor de autopeças é o principal do País. Os maiores efeitos de uma elevação das exportações se farão sentir no ABC e no Vale do Paraíba paulista, mas também no interior, que hoje conta com muitas plantas de peças e motores, especialmente nas regiões de Campinas e São Carlos. Nesse cenário, demandas adicionais se colocarão para a infra-estrutura de transporte, especialmente no tocante às exportações, quer através do porto de Santos ou de São Sebastião.
(II) Indústria Aeronáutica. Quase a totalidade da produção aeronáutica brasileira está em São Paulo, centrada na EMBRAER - Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. que, no final dos anos 90, se consolidou como a quarta maior indústria aeronáutica do ocidente, atrás da Boeing norte-americana, do consórcio europeu Airbus e da canadense Bombardier, disputando com esta última a liderança no mercado de jatos regionais. A Embraer realiza mais de 90% das suas vendas no exterior, ocupando em 2002 a segunda posição entre as empresas exportadoras brasileiras.
Além de instalações produtivas na Alemanha e na China, a Embraer conta com unidades em São José dos Campos, onde se projeta, fabrica e dá suporte a aeronaves para os mercados de aviação comercial, executiva e de defesa; em Eugênio de Melo, que abriga as atividades de desenvolvimento e fabricação de ferramental e alguns componentes; em Gavião Peixoto, onde será realizada a montagem final das aeronaves destinadas aos mercados corporativos e de defesa; e em Botucatu, através da Aeronáutica Neiva, subsidiária responsável pela fabricação do das aeronaves leves e componentes e subconjuntos para a família ERJ 145.
Oportunidades e Riscos. Grande parte das oportunidades do desenvolvimento da indústria aeronáutica em São Paulo decorre dos próprios problemas ou de características do setor. Esse é um setor concentrado em uma única empresa montadora de aviões, com boa parte de fornecedores estrangeiros. Se essa estratégia tem sido importante no funding dos projetos e abertura de mercados, também coloca a oportunidade de atrair novos investimentos e adensar o cluster aeronáutico de São José dos Campos.
Sua forte concentração em São Paulo e sua dependência de inversões em P&D, irão exigir atenção muito especial do Estado para com a indústria. Ações no plano estadual serão importantes para o setor. Nesse sentido é especialmente importante atentar para as aplicações do recém-criado Fundo de Pesquisa do Setor Aeronáutico, e a necessidade de criar uma Agência Local de estímulo à inovação - mobilizando para tanto o Governo Federal, o Governo Estadual, a Prefeitura Municipal, as instituições de pesquisa e a indústria - capaz de planejar e atuar de forma sistemática no planejamento das ações e no reforço da infra-estrutura tecnológica de suporte à indústria.
(III) Bens de Capital. Mais de 60% da indústria mecânica do País está localizada em São Paulo. Além da região do ABC, alguns pólos importantes no interior do Estado de São Paulo, a exemplo de Limeira, Piracicaba, Sorocaba, região de Ribeirão Preto, se destacam pela densidade da indústria mecânica nos segmentos de máquinas e implementos agrícolas, equipamentos pesados, transmissão mecânica, refrigeração, embalagens, motores, válvulas e acessórios, automação industrial, máquinas-ferramenta ou ferramentaria, atendendo não apenas ao mercado nacional, mas exportando.
Oportunidades. A organização desses clusters permitiria explorar os ganhos derivados da proximidade geográfica das empresas, para reduzir custos e para melhorar a cooperação entre si. Concentradas espacialmente, o melhor conhecimento entre elas pode gerar um ambiente propício para a cooperação, desde o intercâmbio técnico até a prática de operações de crédito coletivo com solidariedade entre os mutuários (clusterbanking).
Clusters regionais e setoriais poderiam contar com uma fundição de qualidade, prestação de serviços de usinagem e diversas empresas fornecedoras de partes, peças e componentes e outras empresas montadoras de bens de capital. Boa parte dos atuais produtores de bens de capital são empresas de pequeno e médio porte, que se beneficiariam deste tipo de arranjo institucional. Entidades do setor, como a própria ABIMAQ, poderiam ser responsáveis pela formação desses APLs, contando com apoio dos governos federal, estadual e municipais.
Ações estaduais serão igualmente importantes, em especial no que diz respeito ao estímulo à inovação, através de programas das agências estaduais de fomento. Essas ações podem ser muito efetivas, especialmente quando voltadas para a indústria fornecedora de máquinas e equipamentos para setores com grande predomínio de pequenas e médias indústrias, como irrigação, alimentos e bebidas, plásticos, cerâmica, couro, construção civil, indústria gráfica, madeira ou mármore e granito. A recente organização de iniciativas ainda incipientes de clusters nesses segmentos da indústria, não obrigatoriamente no Estado de São Paulo, mostra que proximidade do fabricante de bens de capital com seus clientes facilita a introdução de pequenas inovações incrementais, que diferenciam o fornecedor nacional do equipamento importado. Essa proximidade deve ser estimulada e representa a possibilidade não apenas de ganhos imediatos de mercado, substituindo importações, mas é fundamental para ampliar a competitividade da pequena e média empresa usuária do equipamento. Não é gratuito que a relação entre fornecedores e demandantes de bens de capital é indicada como sendo um dos principais vetores de introdução de inovações, tanto na indústria de equipamento quanto no usuário final.
(IV) Cerâmica de Revestimento. O Brasil exporta atualmente cerca de 10% de sua produção, aparecendo entre os quatro maiores exportadores mundiais. Entre os anos de 1990 e 2000 a capacidade instalada do parque produtivo brasileiro expandiu-se em 80%. O volume de produção e de exportação aumentou em 160% e em 270%, respectivamente. Nesse período, o mercado interno foi abastecido quase que totalmente por produção doméstica.
Em seu segmento organizado, a produção brasileira de cerâmicos de revestimentos conta com cerca de 130 empresas distribuídas por todas as regiões do país, todavia concentradas nas regiões Sul e Sudeste. As duas principais concentrações de empresas produtoras estão na região de Criciúma (SC) e de Santa Gertrudes (SP). A segunda, localizado nos municípios paulistas de Santa Gertrudes, Cordeirópolis, Rio Claro e Limeira, responde por cerca de 50% da produção nacional e 15% do total das exportações. Há também um significativo número de novas empresas na região de São Carlos, o que reforça a dimensão do setor para o Estado de São Paulo.
O conjunto das empresas do pólo de Santa Gertrudes expandiu-se produzindo revestimentos mais baratos do que o pólo catarinense, destinados aos consumidores de  renda média/baixa. Na década de 1990, essa estratégia permitiu que a capacidade produtiva instalada na região crescesse à taxas superiores à média nacional, principalmente após a estabilização monetária resultante do Plano Real. Nos últimos cinco anos os investimentos dirigiram-se à expansão da capacidade produtiva por intermédio de aquisição, instalação de novas plantas e modernização de plantas Pré-existentes. A expansão recente implicou, concomitantemente, um processo de modernização tecnológica, ainda em curso, que contribuiu para o aumento da produtividade de um importante núcleo de empresas locais.
Oportunidades. As ações de fomento à elevação da competitividade são o elemento mais importante para garantir um bom desempenho, interno e externo, da indústria de cerâmicos de revestimento brasileira, no médio e longo prazos. Algumas dessas estão no âmbito de ação direta do setor empresarial (desverticalização, uso eficiente de recursos energéticos, estabelecimento de redes cooperativas, elevação da capacidade inovadora em atividades importantes como o design etc.) Há, evidentemente, que atuar também na esfera da distribuição e da comercialização internacional, articulando ações públicas e privadas (prospecção, definição de nichos e segmentos de mercado-alvo, canais de comercialização e distribuição eficientes, financiamento etc.).
As demandas para ações de governo têm sido colocadas na infra-estrutura de transportes, na garantia de acesso a fontes energéticas importantes, na política tributária e de financiamento. Mas a ação pública pode e deve ir além, como revela o apoio governamental ao CCB - Centro Cerâmico do Brasil. O CCB atua com uma Entidade Tecnológica Setorial, sensibilizando o setor para a necessidade da conformidade com normas e a importância estratégica da Qualidade Certificada, participando na elaboração e atualização das normas técnicas, na divulgação de informações junto às indústrias e consumidores. A Universidade Federal de São Carlos, o CCB e a Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer) inauguraram, em Santa Gertrudes, o Centro de Inovação Tecnológica em Cerâmica do Estado de São Paulo. O Citec conta com o apoio de diversas entidades do setor e surge com o objetivo de contribuir para aumentar a competitividade da cerâmica brasileira.
(V) Indústria de Cosméticos. A indústria de cosméticos é parte do complexo químico, que envolve as atividades de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Em 2002 o setor apresentou um faturamento de US$ 2,8 bilhões, representando 7,7% do total da indústria química. O Brasil é o sexto maior mercado consumidor de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, com faturamento total avaliado em US$ 8,5 milhões (dados de 2000), mas com uma posição marginal no volume de comércio internacional. Além disso, é um setor que apresenta alta elasticidade-renda, com grande potencial de crescimento. Outra característica marcante da indústria de cosméticos é a sua elevada capacidade de criação de empregos indiretos, especialmente nas etapas relacionadas com a comercialização do produto.
Oportunidades. Algumas empresas brasileiras possuem parcelas significativas de mercado. Essas empresas têm sua competitividade baseada na combinação entre as capacidades técnicas e produtivas expressivas e a posse de ativos comerciais intangíveis singulares, notadamente marca e canais de comercialização específicos e bastante eficientes. Entre os casos de maior êxito, destacam-se as empresas Natura e O Boticário.
Além das experiências de Natura e O Boticário, cabe destacar a presença de empresas de pequeno e médio porte que também têm participação expressiva no mercado.  Essa presença de PME é uma característica importante da estrutura industrial da indústria brasileira de cosméticos, decorrente da simplicidade da base técnica produtiva que envolve a fabricação de produtos cosméticos. Algumas dessas empresas possuem capacidades técnicas e produtivas e seu crescimento está associado à construção e à consolidação de ativos comerciais, como a marca e os canais de comercialização, que sejam capazes de dar suporte às capacitações na área produtiva.
Um elemento-chave para o desenvolvimento do setor é o apoio à geração e difusão de novas tecnologias. Para isso, precisam ser utilizados intensamente os instrumentos existentes de fomento à inovação e de estímulo à instalação de laboratórios corporativos de pesquisa. Há, além disso, grande interesse das empresas por parcerias com Universidades e inclusive possibilidade da criação de novas empresas, destinadas exclusivamente à gerenciar o processo de pesquisa.
(VI) Cadeia do Couro e Calçado. São Paulo é o segundo produtor brasileiro de calçados e de couro, com cerca de 20% da produção em cada segmento. Alguns dos pólos calçadistas mais importantes do País se localizam no Estado, a exemplo de Franca, Birigui e Jaú. Junto com o Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, essas regiões respondem por grande parte das exportações brasileiras de calçados. Ambas apresentam uma organização industrial em forma de aglomerados - ou clusters - de empresas vinculadas aos segmentos da cadeia e de auxiliares que têm no calçado o principal produto de articulação do arranjo produtivo.
O Brasil tem a oportunidade de se constituir em um dos principais fornecedores de couro acabado para o mundo, devido à sua capacidade produtiva, ao tamanho de seu rebanho bovino e da previsão de estagnação no crescimento de rebanhos nos países desenvolvidos. Os curtumes brasileiros deverão desenvolver esforços no sentido de observar os requisitos de preservação ecológica, pois a consciência sobre um meio ambiente saudável está cada vez mais presente entre os consumidores. Para isso, os produtores de couros deverão buscar tecnologias e insumos de produção adequados.
Oportunidades. É de se esperar que a política industrial para a cadeia de couro-calçados induza o investimento, a atualização tecnológica, e a maior presença das empresas nos mercados internacionais, utilizando para tanto mecanismos de financiamento. Pode-se trabalhar com um cenário de política que contemple medidas como: substituição de exportações de matéria-prima por produtos manufaturados ou acabados, com o objetivo de aumentar o valor agregado dos couros exportados; desoneração tributária das exportações; manutenção de estoques reguladores da matéria-prima couro; adensamento da cadeia produtiva e de atividades auxiliares para aumentar a eficiência produtiva da cadeia, bem como apoio e fortalecimento às atividades de infra-estrutura tecnológica e de formação de mão-de-obra.
Ações no âmbito estadual podem se inspirar em medidas adotadas em vários em vários países, tanto na promoção de produtos no exterior como no apoio a arranjos cooperativos que facilitem o acesso de empresas a tecnologias de produção de difícil acesso a PME. Há bons exemplos nacionais de fortalecimento das atividades de infra-estrutura tecnológica, prestação de serviços tecnológicos e formação de mão-de-obra, como os centros de calçados e de curtumes do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA) de Novo Hamburgo. Para São Paulo esse aspecto é importante porque o custo de produção, em última instância, foi e continua sendo o elemento definidor da competitividade dos calçados brasileiros no exterior. Esse feto tem levado diversas empresas a se deslocarem ou decidirem por novas plantas em outros Estados, na busca por localidades com menor custo salarial.
11O CCB foi criado há 10 anos pela ANFACER - Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento - para atuar como organismo certificador da qualidade de pisos e azulejos, a partir de credenciamento do INMETRO. Desde então, o CCB se consolidou como um Organismo Certificador Credenciado (OCC) da Qualidade, baseado numa estrutura tripartite, reunindo representantes dos fabricantes de placas cerâmicas, dos consumidores e de entidades neutras - Universidades, Escolas, Técnicas e Institutos de Pesquisa.
12Essas empresas possuem unidades produtivas de cosméticos importantes e, além disso, realizam esforços de desenvolvimento de produto no Brasil. A Natura, por exemplo possui um expressivo laboratório de desenvolvimento de novos produtos anexo à sua unidade produtiva na cidade de Cajamar, na Grande São Paulo, que é responsável pelo lançamento de 200 novos produtos anualmente. Como suporte a essa capacidade técnica e produtiva, pode-se verificar a presença de imprescindíveis ativos comerciais, notadamente a marca e os canais de comercialização.
13As ações da Natura nessa área, mobilizando projetos de pesquisa de Fundos Setoriais e da FAPESP, mostram o caminho a seguir.

(VII) Equipamentos de Informática e Microeletrônica. A indústria de informática mundial passa por intenso processo de concentração, acentuando características oligopólicas. Assim, um dos principais problemas do país, o déficit nas contas externas, dificilmente poderá ser resolvido apenas com substituição de importações, competitivas ou não. É imprescindível que se aumentem as exportações.
Apesar das dificuldades, alguns nichos de mercado têm sido ocupados com grande competência por pequenas e médias empresas brasileiras, especialmente no subsegmento de optoeletrônica. No entorno de Campinas, em função de desdobramentos das atividades da UNICAMP e do CPqD (ex centro de pesquisa da Telebrás), uma série de empresas estão voltadas para esse produtos, com destaque para a AsGa. A pesquisa em fotônica já foi responsável pelo spin-off da UNICAMP de mais 40 empresas apenas nesse segmento,o que reforça o papel da região na atração de novos investimentos.
oportunidades. A análise das oportunidades nesse setor deve considerar seus distintos sub-segmentos. O Estado é líder na produção de computadores e periféricos,tendo recebido investimentos importantes tanto de  grandes fabricantes de "marca" como de empresas terceirizadas, responsáveis hoje pela maior parte da montagem final. A questão central aqui é a logística de abastecimento e escoamento da produção, que assumiu as características de linhas de montagem. As ações de âmbito nacional para reduzir a tributação e os diferenciais de custo com relação ao mercado cinza são importantes para São Paulo, não só porque permitem conquistar novos mercados, mas porque também evitam a concorrência baseada exclusivamente em regimes incentivados.
As opções que busquem reduzir o déficit comercial do setor, exigem incentivos fiscais, como  redução ou deferimento de taxas, contribuições e impostos federais, estaduais e locais, além de crédito em condições favorecidas, como tem ocorrido em todo o mundo. Novos procedimentos alfandegários e regimes aduaneiros especiais também são decisivos. Além disso, é  necessário realizar investimentos na formação e treinamento de  recursos humanos, em atividades de P&D correlatas e na infra-estrutura tecnológica. É importante trabalhar em conjunto como governo federal e auxiliar a criar as condições para investimentos dessa magnitude. Para tanto as ações estatuais na área de RH, P&D e infra-estrutura são decisivas. Um rearranjo institucional, que fortalece ou mesmo crie centros voltados a essas atividades, pode ser um instrumento fundamental para atrair esses investimentos.
É importante frisar que a produção local de componentes não só abre possibilidade de reverter o déficit comercial do setor, mas reduz custos para a indústria eletrônica em razão da sinergia proporcionada ao longo da cadeia produtiva. Esses investimentos tendem a adensar a cadeia produtiva do complexo eletrônico.
Um investimento dessa natureza tende a se localizar na região de Campinas. As razões são a concentração de indústrias de telecomunicações e informática, a existência de um mercado de trabalho profissional na área, a infra-estrutura de pesquisa existente e a logística possibilitada pelo aeroporto de Viracopos. É preciso evitar, em benefício do país, que esses investimentos se sujeitem a uma lógica de guerra fiscal. Para favorecer a decisão mais racional de localizá-lo em Campinas, caberá aos governos estadual e municipal não apenas acompanhar as ações federais, mas viabilizar a infra-estrutura necessária e acelerar programas de desenvolvimento e capacitação tecnológicos, voltados ao apoio à indústria, envolvendo Universidades, Institutos e Centros Tecnológicos. É preciso fortalecer iniciativas já existentes como o Centro Renato Archer - MCT, em Campinas e o "Centro de Apoio a Projeto e Processo", que aglutina ações da UNICAMP - LED e da USP - LSI, como também analisar a necessidade de criação de novas instituições.
(VIII) Indústria de Móveis. A indústria de moveleira brasileira, assim como suas congêneres estrangeiras, e pouco concentrada, contando com mais de 15 mil estabelecimentos industriais e empregado mais de 180 mil funcionários. A maior parte, desta industria é composta por micros e pequenas empresas, produtoras de móveis de madeira ( mais de 11 mil estabelecimentos contam com menos de 10 empregados). Essa indústria vem apresentando um crescimento considerável: seu faturamento cresceu mais de 60% nos últimos 5 anos.
A produção de móveis encontra-se geograficamente dispersa por todo o território nacional e, assim como em outros países, caracteriza-se pela organização em pólos regionais. Em São Paulo, destacam-se os pólos de Votuporanga, Mirassol e Grande São Paulo. No segmento de móveis para escritórios a fabricação esta concentrada na Grande São Paulo, que responde por aproximadamente 80% da produção nacional.
Oportunidades. São Paulo detém cerca de 40% do faturamento nacional do setor. Além, da produção de móveis d escritórios da RMSP, o maior destaque é o pólo do Noroeste Paulista, voltado, principalmente, para a produção de móveis residenciais de madeira, onde são gerados mais de 10mil empregos diretos. As dificuldades e oportunidades com que se deparam as empresas desse pólo são uma demonstração de potenciais ações para alavancar o desenvolvimento de APL.
O pólo do Noroeste produz, principalmente,cadeiras, mesas, armários, dormitórios,estantes, salas e móveis sob encomenda,para o mercado doméstico. Não há exportação, em função basicamente da necessidade de aprimorara a qualidade e da pouca experiência comercial externa .As matérias-primas utilizadas são tradicionais (madeira serrada e painéis), muitas delas nativa, oriundas do Mato Grosso do Sul, mais baratas que a madeira serrad de pinus. Também não se pratica a certificação da madeira, inclusive porque não há exportação. Ainda assim, há um uso crescente de MDF em substituição aos aglomerados e madeiras serradas, em função da melhor qualidade. O pólo é constituído basicamente por PME, que empregam um volume significativo de mão-de-obra feminina. Recentemente, foi inaugurado o Centro Tecnológico de Formação Profissional da Madeira e do Mobiliário - CEMAD, ligado à FUVEC - Fundação Votuporanguense de Educação e Cultura, que está reciclando a mão-de-obra do setor.
Em termos de processo,os avanços tecnológicos mais relevantes estão na área de acabamento. Contudo,os equipamentos de processamento mecânico são convencionais, principalmente nas linhas que utilizam madeira maciça. Os mais modernos são empregados nas linhas que utilizam madeira maciça. Os mais modernos são empregados nas linhas que utilizam MDF.estrangeiras. Em geral, o design é feito a partir de móveis estrangeiras. Como não há normas técnicas para a maioria dos produtos do pólo, não existe padronização, o que dificulta ainda mais a exportação.
As entidades locais têm tido dificuldade no acesso a informações atualizadas, normas e programas de qualidade. Também não há interação com o consumidor interno, com a montagem feita por equipes terceirizadas. Há ainda a necessidade de racionalização do sistema de cargas (com adequação de lotes e volumes, através de uma central de cargas) e de adequação do transporte ferroviário, de menor custo. Uma forte ação de promoção desse Arranjo Local traz a oportunidade de ganhos de renda e emprego significativos.
(IX) Papel e Celulose. O Brasil se destaca como líder mundial em um dos segmentos do complexo - celulose de fibra curta de eucalipto, no qual participa com mais de 50% da produção mundial, enquanto contribui com 9% da produção de celulose de mercado.O complexo gera mais de 100mil empregados diretos. As exportações têm evoluídos favoravelmente, contribuindo de modo decisivo para o equilíbrio do balanço de pagamentos do país.
São Paulo, Paraná e Bahia concentram a maior parte das florestas plantadas do Brasil (56%), sendo que em termos de eucalipto as principais áreas estão localizadas em São Paulo (24%). Ainda que a expansão das plantações ligadas a grandes projetos ainda em instalação tenha reduzido a participação de São Paulo, especialmente pelos investimentos na Bahia e Espírito Santo, esses ativos florestais são decisivos para a performance da indústria paulista.14       
Oportunidades. As vantagens derivadas da competitividade da indústria brasileira, especialmente a produção de celulose de fibra curta, tem levado governo e setor privado a formular um conjunto de medidas que objetivam estruturar um plano de investimentos que tire proveito das oportunidades existentes no mercado internacional. Para tanto, as demandas do setor envolvem: redução do custo de capital, de forma isonômica aos principais concorrentes; melhorias as condições logísticas e infra-estruturais, notadamente transportes, portos, energia; eliminação da incidência cumulativa de tributos; e apoio ao desenvolvimento tecnológico, em condições semelhantes ao tratamento existente nos países desenvolvidos.
Grande parte de dar resposta a essa agenda está concentrada na capacidade de financiamento do BNDES. No plano estadual, colocam-se duas linhas de a ação: os investimentos em infra-estrutura e a questão tecnológica. No tocante à infra-estrutura para exportação, o grande gargalo é a redução de custos associados aos acessos ao Porto de Santos e a travessia da Área Metropolitana de São Paulo. No que se refere ao desenvolvimento tecnológico, já há um  esforço das empresas para ampliar as vantagens associadas à matéria-prima, através do investimento em preparo de mudas com auxílio de biotecnologia.15
14O Estado também é o maior produtor de celulose do Brasil, com 30,5% da produção e o principal produtor de papel do Brasil, sendo líder nos segmentos de imprimir e de escrever, cartões e cartolinas e papéis especiais produzidos com fibra curta. Os quatro grandes conglomerados que controlam a produção de papel de imprimir e escrever no Brasil (Suzano, Votorantim, Internacional Paper e Ripasa) estão todos estão instalados em São Paulo. A especificidade de são Paulo é que além de atender ao mercado doméstico suas exportações estão muito mais concentradas em produtos de maior valor agregado, como papel, cartão e sub produtos da indústria gráfica, do que em pasta de celulose.
15Atualmente o país possui dois grandes projetos associando a iniciativa privada e as Universidades. Dois exemplos são o projeto Forest, em São Paulo, de pesquisa básica de seqüenciamento do genoma do eucalipto e o projeto Genolyptus, em Brasília. Esse último tem como objetivo diminuir a poluição das indústrias e criar eucaliptos mais resistentes e adequados aos diferentes usos das plantações.


(X) Indústria de Transformados Plásticos. A indústria de produtos termoplásticos está fortemente concentrada em São Paulo onde respondia, em 2000,por 47% dos estabelecimentos e igual percentual de empregados existentes no país. São cerca de 3,6 mil estabelecimentos, que empregam diretamente mais de 100 mil trabalhadores formais, em sua maioria (70%) produtores de artefatos diversos, dos quais 60% com menos de 100 empregados. O segmento de embalagens representava, nesse mesmo ano, 24% dos estabelecimentos e 31% dos empregos, também com predomínio de PME, embora de porte ligeiramente maior.16
Esse setor é caracterizado pela presença e liderança de algumas grandes empresas em mercados específicos (calçados de plástico, autopeças e embalagens, por exemplo) e uma grande massa de pequenas e médias empresas, que constituem parte significativa do tecido industrial, geograficamente concentrados em determinadas regiões do país, com claro destaque para o ABC paulista, ou, em menor escala, para Birigui.       
Oportunidades. A cooperação entre essas empresas em atividade em que há complementaridades (pesquisa e desenvolvimento, consórcio de exportação, marketing, etc) pode constituir vantagem competitiva para o conjunto de produtores de cada uma das aglomerações, ainda que a competição prevaleça nas demais atividades. Isso é essencial para que o conjunto de empresas seja constantemente estimulado a buscar diferenciação e inovação. Caso arranjos desse tipo consigam se consolidar nas áreas em que se verifica concentração de produtores de transformados plásticos, eles podem vir a representar um forte fator de competitividade  da indústria nacional.
O estímulo à consolidação de clusters dessa natureza vem recebendo apoio de órgãos de governo e do sistema "S", como IPT e SEBRAE. Um exemplo é o Programa Alquimia, experiência que está sendo desenvolvida no Grande ABC, com vistas ao aperfeiçoamento da mão-de-obra e dos dirigentes de pequenas empresas do setor.
Mas diversas ações podem ser aprimoradas no sentido de estruturar esses aglomerados e incrementar a cooperação entre empresas e instituições de serviço tecnológico e pesquisa. Há nesse sentido, que dar destaque ás atividades de desenvolvimento e design, essenciais quando se busca maior diferenciação. O essencial aqui é a formação técnica adequada ou ao menos com uma sólida formação básica para que os empregados possam ser treinados posteriormente pelas próprias empresas.
(XI) Cadeia de tele-equipamentos. Esse foi talvez o único setor industrial em que a participação de São Paulo no valor adicionado nacional aumentou nos últimos anos. Isso ocorreu em função da implantação, especialmente na região de Campinas, de praticamente quase todas as novas empresas que se instalaram no país: Motorola, Lucent, Nortel, entre outras.
Oportunidades. As medidas cabíveis, no plano estadual, para reforçar essas decisões privadas de inversão em São Paulo, estão quase todas associadas a reforçar as externalidades existentes na região de Campinas. Ao lado da infra-estrutura de transporte - em particular, o aeroporto de cargas de Viracopos - as demais deverão estar voltadas
16Só o município de São Paulo, individualmente, contava nesta data com quase 1,5 mil estabelecimentos formais, o que representava aproximadamente 40% do total, e quase 30 mil empregos (29% do total de empregados do setor no Estado). O segundo principal município no setor de transformação em Diadema seguido por Guarulhos. A Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com a RAIS de 200, contava com quase 2,5 mil estabelecimentos, que empregavam 66 mil trabalhadores formais, em atividades de  transformação plástica. Em outras regiões, como Campinas, Sorocaba e Jundiaí, a resenha de empresas e a geração de empregos é também relevante, em alguns casos também em função da presença de grandes empresas. Mas em termos de aglomeração, o caso que chama mais atenção é número significativo de empresa do segmento de fabricação de calçados de plásticos em Birigui, na região de Araçatuba, onde há um grande número de fabricantes de calçados infantis.
para agilizar a área alfandegária e o ambiente de pesquisa na região. A efetivação do parque tecnológico que se situa ao lado da Unicamp e do CPqD é uma ação importante nesse sentido. De outro lado, a promoção de novos negócios e empresas em nichos específicos de mercado, como a opto-eletrônica, as novas tecnologias de IP sobre voz, o desenvolvimento de softwares para gerenciamentos de redes e middleware são componentes importantes para reforçar, inclusive, o interesse das grandes empresas pelo ambiente empresarial e de pesquisa existente no Estado.
(XII) Cadeia Têxtil e de Confecções. Essa é uma indústria muito importante para São Paulo, em termos de valor agregado e de emprego, apesar da desconcentração recente de parte do complexo têxtil para o Nordeste. Localiza-se em São Paulo quase toda a indústria de fibras químicas brasileira. O Estado também responde por pouco mais da metade do valor agregado em produtos têxteis e cerca de 40% da produção no segmento de vestuário e confecções, além de uma parte pequena, mas relevante da produção algodoeira.
Oportunidades. Esse é um setor de fonte predomínio de PME, com tendências de aglomeração, em que a trajetória de evolução é importante para vários municípios, candidatos, muitos deles, a organizar Arranjos Produtivos Locais que reforcem a sinergia entre empresas e instituições. Além da grande presença da indústria de confecções na capital do Estado, cabe destacar os aglomerados locais de Ibitinga e de Americana e Santa Bárbara d'Oeste, o primeiro com cerca de 700 empresas e o segundo com mais de 1,2 mil.
A forte presença de Pequenas e Médias Empresas (PME) nos diversos segmentos da indústria têxtil (malharias, confecções de vestuário, tecelagem e acabamento) é reforçada pela terceirização de fases do processo produtivo, ampliando ainda mais o seu potencial de geração de empregos e de pequenos negócios. Com essas características, os maiores problemas do setor são tipicamente aqueles que afetam a PME e que geram alta mortalidade - alguns decorrentes do ambiente macroeconômico e de problemas de acesso ao financiamento, outros das deficiências de gestão.
As oportunidades que se colocam estão associadas a essas características e sugerem uma agenda de intervenção para o fortalecimento de clusters e cadeias, na forma de Arranjos Produtivos Locais, com grande ênfase na aprendizagem coletiva e no compartilhamento de serviços e infra-estrutura, tirando proveito da própria tendência de terceirização já existe em segmento do complexo têxtil ou da adaptação de nichos específicos de mercado.
(XIII) Farmacêuticos. São Paulo conta com diversas fábricas e laboratórios farmacêuticos, como atestado pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), que possui 120 associados.
Oportunidades. A intensidade e o volume de recursos de P&D exigido nesse setor colocam duas questões fundamentais. A primeira é que, pela sua própria natureza, as estratégias de desenvolvimento das empresas do setor interagem com a infra-estrutura de Ciência e Tecnologia. Nesse sentido, a existência de competências e capacidade de pesquisa das universidades e institutos de pesquisa do Estado é um fator importante. O Governo procurará criar mecanismos para que a interação entre o sistema público e privado seja mais estreita, resultando por um lado em capacitações competitivas efetivas por parte da indústria e, por outro, em reforço das competências já existentes nas universidades e institutos de pesquisa. A segunda questão diz respeito às formas de financiamento das atividades de pesquisa. Os recursos são elevados, principalmente quando se leva em conta a escala empresarial dos agentes privados. Dessa maneira, devem ser estudadas formas de articulação entre as esferas federal e estadual para canalizar recursos para as atividades de pesquisa e fomentar a interação dos esforços com o setor privado.
(XIV) Química e Petroquímica. O Estado de São Paulo responde por cerca de 30% do número de empresas e por 50% do total da mão-de-obra empregada na indústria química. No caso da indústria Petroquímica, localiza-se em São Paulo (região do ABC) um dos três pólos petroquímicos do país.
Oportunidades. Apesar de ser o mais antigo, existem projetos para a expansão e a maior integração do pólo do ABC. Os investimentos projetados podem elevar a capacidade de produção de eteno de 520 mil para 720 mil ton. Essa expansão exigiria aumento do fornecimento de matéria-prima por parte da Recap e da Revap. Além disso, viabilizaria a expansão da produção de polietilenos do pólo. Além da expansão, um aspecto que pode aumentar a eficiência do pólo de São Paulo é a iniciativa de integração patrimonial entre as empresas de primeira e segunda geração, com o intuito de reproduzir os ganhos ocorridos principalmente no pólo de Camaçari na Bahia. Embora seja somente em estudo, e apesar das dificuldades em razão do grande número de empresas de segunda geração que atuam no pólo, a integração de ativos poderia levar a importantes ganhos de eficiência e criar novas oportunidades de investimento. Em um futuro mais distante, existe ainda a possibilidade de integração do pólo do ABC com o projeto Rio Polímeros, o que daria origem a um grande grupo com escala elevada para enfrentar a concorrência no mercado interno e internacional.
Nos demais segmentos químicos existem nichos específicos na química de especialidades e na química fina que podem ser incentivados através do apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento e de apoio à interação com o sistema público de ensino e pesquisa do Estado.
5.2.5 Conclusão
A economia de São Paulo é cada vez mais dependente do setor terciário. É no desenvolvimento de novos serviços que se encontra o caminho para gerar empregos e construir uma sociedade melhor e mais justa. São muitas as possibilidades nessa área: no turismo, no financeiro, nas comunicações, na área cultural, no lazer, nos serviços de apoio à produção e na área social.
Mas para ter sucesso no setor terciário, São Paulo precisa de uma indústria competitiva. As perspectivas são de que o Estado terá êxito crescente em segmentos manufatureiros caracterizados por maior valor agregado e mais intensivos em tecnologia: equipamentos para telecomunicações, informática, biotecnologia e a promissória indústria de nanotecnologia. Esse é o espaço natural de São Paulo, que saberá aproveitar as externalidades criadas por décadas de investimento na infra-estrutura, na capacitação de pessoal e na pesquisa. Esse sucesso irá ocorrer mesmo que continue a tendência à desconcentração espacial da indústria.
A indústria brasileira vem passando nos últimos 30 anos por um processo de desconcentração regional que tem como um dos traços principais e expansão para fora do eixo Rio - São Paulo em direção a outras regiões e Estados da Federação. Esse movimento teve como fator de peso as políticas do Governo Federal de direcionamento dos investimentos industriais para a base dos recursos naturais dos anos 70, bem como restrições ambientais à instalação de empresas na Região Metropolitana de São Paulo ou o aumento das deseconomias de aglomeração da metrópole.
Os impactos sobre São Paulo só não foram maiores porque simultaneamente o interior do Estado experimentou um intenso desenvolvimento industrial em decorrência de políticas de interiorização do desenvolvimento, 17 auxiliado por um conjunto de fatores e políticas públicas que inclui:
1. a criação e financiamento de infra-estrutura e ampliação da malha viária;
2. políticas municipais de atração (isenções, criação de distritos, concessões de áreas);
3. investimentos estatais no setor produtivo e no desenvolvimento de ciência e tecnologia (das quais são exemplos a instalação e modernização de refinarias, implantação da Embraer e programas de desenvolvimento cientifico e tecnológico nas regiões de São José dos Campos e Campinas).
4. transformações na agricultura e na agroindústria voltadas para a expansão de produtos exportáveis e busca de novas fontes de energia (Proálcool), com efeitos significativos na instalação de indústrias produtoras de máquinas.
Durante os anos 80, o processo de desconcentração avançou graças à maturação dos investimentos em outros Estados e, principalmente, devido à crise econômica que atingiu mais diretamente o Estado de São Paulo, dada sua estrutura produtiva.18 O resultado é que no início dos anos 90 a indústria paulista apresentava os mesmos níveis de produção do início da década anterior. A expansão do PIB estadual na última década deveu-se muito à expansão da atividade terciária.
A recessão dos primeiros anos da década de 90, associada ao movimento de reestruturação produtiva, teve forte impacto no emprego industrial. Em meados daquela década, com a consolidação do processo de abertura econômica, alguns segmentos sofreram forte concorrência de produtos importados, o que inibiu a expansão da produção física industrial. Mas uma decorrência positiva desse processo foi que as empresas foram forçadas a se modernizar. Além disso, a concorrência entre Estados por novos investimentos industriais, com a outorga de incentivos (usualmente fiscais), vem promovendo alterações no quadro da distribuição espacial da indústria.
Apesar disso, a indústria paulista continua tendo forte presença nos setores mais expressivos quanto ao conteúdo tecnológico e à capacidade de geração de valor adicionado. Esse aspecto é importante para a política de desenvolvimento tecnológico, dadas as economias de aglomeração características das atividades de C&T.
5.3 Serviços
5.3.1 A relevância dos serviços na economia paulista, atual e futura.
O grande, diversificado e heterogêneo setor de serviços tem, como já mencionado, um peso dominante na configuração da economia paulista, onde desempenha múltiplos papéis: gera renda e emprega amplo contingente de população,
17A interiorização do desenvolvimento é cada vez mais espacialmente concentrada, pois se localiza, sobretudo, num raio de 150 km a partir do centro da RMSP, abrangendo as regiões administrativas de Campinas, São José dos Campos, Santos e Sorocaba. Estas, em conjunto com a RMSP, representam 82% do total das unidades industriais, 85% do pessoal ocupado e 90% do valor adicionado da indústria paulista
18 Mas é marcante a presença da produção industrial na RMSP que, mesmo com a crise de 80 e das transformações gerenciais dos anos 90, mantém uma participação de 60% do valor adicionado do Estado e 57% do pessoal ocupado. E mais, é marcante a presença nesta região daquelas divisões que formam a dinâmica da Indústria de transformação nacional: os complexos metal - mecânico, eletroeletrônico e de comunicações e petroquímico. Deve-se ainda notar que a participação do município de São Paulo é extremamente importante qualquer que seja a variável analisada, enquanto a participação do ABC e demais municípios da RMSP é mais importante em termos do valor adicionado.

além de produzir sinergias e gerar eficiência. Isso melhora a competitividade e a qualidade de vida da sociedade.
Também como já assinalado, a partir de meados da década de 80 se processou no Estado uma mudança na sua estrutura produtiva. Os resultados para o período 1985-97 mostram crescimento do setor serviços e decréscimo da indústria, chegando esta a alcançar em 1997 o mesmo valor relativo dos serviços em 1985 (41%). Ou seja, o setor serviços superou a posição da indústria entre 1990 e 1996 e a agropecuária apresentou uma pequena redução em sua posição relativa no período 1985-97, passando de 5,6% para 4,6% do Valor Adicionado do Estado.

Destacam-se nos serviços os segmentos vinculados aos novos requisitos derivados da modernização da economia, tais como serviços prestados às empresas; serviços de comunicação; e serviços de intermediação financeira. Essas atividades vêm sendo desde a década passada importantes nas transformações estruturais e tecnológicas e produtivas do Estado e do país.19 Dado significativo é o crescimento dos serviços de comunicação que, no período 1985-97, aumentou cerca de 300% (no Brasil, este segmento cresceu aproximadamente 200%).
Por outro lado, os serviços financeiros, mesmo reduzindo relativamente sua presença na estrutura e apresentando evolução abaixo do índice do Valor Adicionado Bruto (VAB) do Estado, ampliaram seu grau de concentração. São Paulo consolidou -se como principal centro financeiro do país, aumentando sua distância com relação a outros centros de importância nacional, como mostra o Gráfico seguinte.
Aumentou também significativamente a participação de São Paulo na produção dos serviços especializados, chegando a 42,7% do VAB dessa atividade em 1997, contra 34,6% em 1985 (Gráfico 5.3).
19O caráter pioneiro que os bancos tiveram na informatização de seus processos de trabalho e de produção, aliado à crescente concentração deste segmento na RMSP, contribuiu para a rápida difusão do uso de tecnologias de informação e de automação para outros segmentos.

A participação de São Paulo no VAB de comunicações é estável relativamente ao Brasil, acompanhando o crescimento dos investimentos realizados neste segmento durante este período (ver Tabela a seguir). Os demais Estados importantes na produção deste setor - Rio de Janeiro e Minas Gerais - encontram-se em patamares muito distantes da produção paulista (Gráfico 5.4).
As atividades de comunicação (serviços de telefonia, correios, telégrafos e demais serviços afins), no Estado de São Paulo, respondiam por 36% do VA nacional, em 1997. A manutenção dessa performance deve-se ao crescimento de aproximadamente 300% no volume acumulado do produto desse segmento, no período 1985-97.

O desempenho deste serviço foi crucial para o desenvolvimento do novo paradigma de produção. De fato, sua trajetória no Estado de São Paulo sinaliza que, apesar dos gargalos, a infra-estrutura de comunicações deu apoio às transformações na estrutura de produção.
Esses indicadores mostram maior concentração no Estado de São Paulo, não somente da indústria - que perde participação relativa -, mas também dos serviços, especialmente aqueles voltados para o apoio aos novos paradigmas de produção e dos processos de gestão e tomadas de decisão.
5.3.2 Serviços Relevantes e seu Papel para a Competitividade e para a Qualidade de Vida
Ao enfocar as cadeias de serviços relevantes para o dinamismo econômico e para a qualidade de vida destaca-se seu papel-chave como vetores de transformações, de inovações e de criação de vantagens competitivas para o Estado de São Paulo. Merecem menção, nesse contexto, os seguintes:
•    Serviços de Comunicação/Telecomunicações
•    Serviços de Correlatos de Tecnologia da Informação
•    Serviços Logísticos
•    Serviços Financeiros

Além desses devem ser também mencionados aqueles de caráter sistêmico-positivo mais diretamente associados à qualidade de vida:
•    Serviços de Educação
•    Serviços de Saúde

A esses conjuntos é importante adicionar outros serviços de apoio relevantes para a competitividade e/ou para a qualidade de vida das populações. Entre esses, deve-se destacar um bloco mais diretamente ligado à produção industrial:
•    Serviços Associados à Construção Civil
•    Serviços de Engenharia
•    Serviços Industriais Específicos de Suporte à Produção
•    Serviços de Comercialização Atacadista
•    Serviços de Comercialização Varejista

Um último bloco é composto daqueles cuja dinâmica responde ao conjunto da economia ou depende de fatores específicos, inclusive de outros serviços:
•    Serviços de Turismo
•    Serviços de Hotelaria
•    Serviços de Gastronomia
•    Serviços de Cultura e Lazer
•    Serviços Profissionais Liberais e de Consultoria
•    Serviços Pessoais Sofisticados e Empresarialmente Estruturados

A simples enumeração desses conjuntos relevantes para o dinamismo econômico e para a qualidade de vida indica, além da importância e da expressão que já têm, que a continuada incorporação de inovações tecnológicas é condição para assegurar no futuro a oferta desses serviços em condições mínimas de qualidade e, possivelmente, de excelência. Nesse sentido, o progresso tecnológico e o desenvolvimento das atividades no setor de serviços têm muito em comum, sendo que em larga medida os serviços são um meio de propagação das inovações ou são, eles próprios, portadores de avanços tecnológicos.
5.3.3 Serviços e Centralidade da Região Metropolitana: desafios e riscos
Ao se constituírem em geral sob a forma de redes - especialmente, mas não apenas, no caso dos serviço-meio - os serviços são estruturados sob o comando ou sob a centralidade de instituições-mãe (sejam elas matrizes de empresas ou sedes de estruturas burocráticas) geralmente localizadas na região metropolitana. Assim é que os serviços de comunicação e telecomunicações, serviços de tecnologias da informação, serviços financeiros e todas as demais estruturas sob organizações empresariais (i.e. construção, engenharia, atacado, varejo, hotelaria, cultura, lazer, consultoria e liberais especializados, etc.) têm, via de regra, suas sedes instaladas na área metropolitana. Também no caso dos serviços públicos e privados de educação e de saúde há uma centralização de sedes institucionais e empresariais na região metropolitana.
Essa concentração espacial das estruturas hierárquicas das redes aglutina na Grande São Paulo um elevado volume de ocupações de alta qualificação e de alta renda que, por sua vez, induzem uma forte concentração correlata da demanda por serviços por parte desses segmentos sociais na própria região. Por isso, é previsível que no mínimo se mantenha e possivelmente se intensifique a centralização nos serviços na área metropolitana, o que coloca em foco a questão das condições infra-estruturais de suporte a esses serviços.
A intensificação da centralização na metrópole não deve, porém, ser tomada como um dado. O grande avanço das telecomunicações e especialmente da Internet permite que determinados centros de atividade possam vir a ser re-localizados em um cenário em que a GSP acumule externalidades negativas (por exemplo: deterioração da infra-estrutura viária, de mobilidade e de acessibilidade, de segurança, de meio ambiente, de infra-estrutura de serviços públicos, etc.). Há, portanto, o risco de que se forme um círculo vicioso em detrimento da GSP, qual seja o de seu relativo esvaziamento em razão de deseconomias externas que tendem a se auto-reforçar. Nesse sentido, a manutenção e a evolução da base econômica, com crescente participação dos serviços, requer que a políticas públicas zelem pela sustentação de condições infra-estruturais satisfatórias.
5.4 Turismo
5.4.1 Introdução
O Estado de São Paulo é o que mais gasta e o que mais arrecada com a atividade turística no país. Dos quase 114 mil estabelecimentos brasileiros relacionados à indústria do turismo no Brasil, 32% encontram-se em São Paulo. O Estado detém 35,5% do fluxo de turistas internacionais ao Brasil e é responsável por quase 19% do total do turismo interno (40 milhões de pessoas). Para atender aos turistas que o visitam, São Paulo contava em 1998 com uma infra-estrutura básica composta por 3.794 hotéis, e mais de 8.000 restaurantes, além de 1.974 agências de viagem e 391 locadoras de automóveis.
A cidade de São Paulo é a que detém mais oportunidades para o setor hoteleiro devido ao crescimento do turismo de negócios. Desses turistas que vêm ao Brasil, 43% são recebidos na capital paulista, onde se encontram os maiores e mais disputados centros de exposição e eventos (68% das feiras e exposições do país).
Os atrativos do Estado não se resumem apenas aos negócios. Localizado em região privilegiada, São Paulo também possui uma diversificada riqueza natural que favorece as atividades voltadas à exploração dos recursos naturais, principalmente o ecoturismo e o turismo de aventura.
As características do turismo predominante no Estado - o de negócio - fazem com que este se concentre basicamente na RMSP, particularmente na Capital. Diversas regiões do Estado apresentam atividade turística ainda pouco desenvolvida, apesar do potencial. O turismo é uma atividade desenvolvida basicamente pela iniciativa privada. Caberá ao Estado atuar pontualmente de forma a articular ações do setor, ou contribuir para, em parceria com o setor privado ou isoladamente, gerar uma infra-estrutura ( centros de convenção, estradas, aeroportos, etc) necessária ao seu bom desempenho. É de se supor que a natureza do turismo em São Paulo deva continuar sendo principalmente um turismo de negócios no horizonte de tempo previsível.

Ecoturismo
O Estado tem potencial para o desenvolvimento de muitas modalidades de ecoturismo, turismo de aventura e turismo rural. O turismo no meio rural é uma atividade que surge como alternativa às economias das regiões onde atividades tradicionais a exemplo da pequena agricultura familiar estejam se esgotando. Tem sido visto, cada vez mais, como uma alternativa na geração de renda do interior, seja diretamente, seja pelos efeitos da melhoria da infra-estrutura e serviços públicos. São Paulo tem espaço para o desenvolvimento de várias modalidades, derivadas da hidrologia e estrutura geológica diversificada, além da riqueza cultural. No setor de turismo rural, existem mais de 40 municípios que desenvolvem a atividade, cadastrados no Guia de Turismo Rural. Como política pública, o desenvolvimento do turismo rural deve ter uma preocupação com o uso sustentável do espaço local, valorizando a proteção do meio ambiente e a conservação do patrimônio do meio rural. Deve-se aproveitar as especificidades de cada localidade, ou seja, criar nichos turísticos.

5.4.2 Ações da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo no Âmbito do Turismo
O Turismo faz parte, no âmbito das ações do PPA, do esforço de desenvolvimento dos demais setores quanto à geração de emprego, renda e divisas, sendo um importante vetor para o desenvolvimento econômico e social do Estado de São Paulo. O objetivo do programa da Secretaria é formatar, organizar e direcionar os segmentos turísticos do Estado. As ações desse programa, a serem articuladas com as demais secretarias, compreendem:
•    Promover a implantação do plano estadual de turismo e de marketing
•    Aprimoramento os atuais produtos turísticos e o desenvolvimento de novos produtos
•    Articular e estimular a educação ambiental para o turismo e para o cooperativismo
•    Consolidar circuitos turísticos em parceria com os consórcios de municípios
•    Estimular o desenvolvimento do turismo náutico com marinas e atividades da pesca
•    Estimular a produção de artigos artesanais como fator de renda nos municípios
•    Promover a qualificação de agentes multiplicadores regionais
•    Desenvolvimento do turismo sobre trilhos
•    Implantação de pólos receptivos
•    Promover o desenvolvimento de Parques Turísticos
•    Desenvolver projeto de pólos turísticos culturais
5.5 Ciência, Tecnologia e Informação (Ações relacionadas à Economia do Conhecimento)
No início do Século XXI vem ganhando corpo a idéia de que as possibilidades de produção estão inseridas em um contexto em que a informação e o conhecimento aparecem como agentes essenciais de mudança econômica e social. O desenvolvimento contemporâneo revela-se proporcional à capacidade das sociedades de gerar conhecimento no campo da ciência e da tecnologia. Igualmente, o progresso dos países e a geração de riqueza e de empregos qualificados dependem da capacidade de produção e difusão de inovações tecnológicas, da cooperação entre as universidades, institutos de pesquisa e setor empresarial.
As nações dividem-se hoje entre aquelas que controlam o mercado internacional, porque detêm os conhecimentos e conseguem transformá-los em bens e serviços de uso internacional, e aquelas situadas na periferia do conhecimento científico e do mercado, condenadas à condição de consumidoras de produtos do desenvolvimento científico e tecnológico realizado fora de suas fronteiras.
Quatro fatores têm sido identificados como determinantes do crescimento econômico: investimento em capital físico, educação, boas instituições (regras do jogo) e tecnologia. Dentre esses fatores, a educação da população e o desenvolvimento científico e tecnológico dependem diretamente da vontade política e das prioridades dos governantes. Para que o conhecimento científico possa se transformar em tecnologia, bens e produtos é preciso investimento e visão de longo prazo. Nesse sentido, o Brasil avançou bastante, embora ainda esteja distante da situação existente nos EUA, Europa e países asiáticos.

5.5.1 O sistema de C&T paulista e o desenvolvimento industrial
São Paulo responde por grande parte da produção científica e do esforço tecnológico do Brasil. Cerca de 40% dos mestrados e 60% dos títulos doutorado do país são concedidos por instituições paulistas. É aqui também que as empresas mais investem em P&D e onde estão localizadas as empresas com maior grau de inovação em produto e processo.
Mas, se, por um lado, SP apresenta um quadro relativo favorável, existe um aspecto preocupante, decorrente da frágil integração entre o sistema público de C&T e os setores produtivos, tal como ocorre no Brasil como um todo. O quadro atual demonstra grandes deficiências nos mecanismos de inovação nas empresas, naquelas atividades que permitem a transformação do conhecimento científico em inovações de produtos e processos e que mantêm a competitividade da indústria. Certamente, as causas desse descompasso são bastante complexas e transcendem o campo estrito das atividades acadêmico - científico - empresariais.
No Brasil, a taxa de participação do setor empresarial nos dispêndios nacionais em pesquisas e desenvolvimento está na faixa de 40% embora as grandes empresas paulistas demonstrem maior capacidade para inovação tecnológica. Esse quadro vem mudando e mostra que, estimuladas pela ação pública, inúmeras empresas podem e irão ser progressivamente mais ativas, em termos de inovação, como parte de suas estratégias para conquista e manutenção de seus mercados.
Para ampliar a cooperação entre o setor produtivo e as instituições acadêmicas de pesquisa, é necessário uma clara política estratégica de ciência e tecnologia e sua continuidade; que contemple incentivos fiscais significativos à participação do setor privado; financiamentos projetos empresa/universidade; utilização do poder de compra do Estado para desenvolvimento de projetos específicos; intensificação de projetos mobilizadores; atração de centros pesquisas de empresas transnacionais; ampliação do projeto de incubadoras de empresas; mecanismos de garantia de compra pelo Estado de produtos de empresas locais.
O PPA 2004-2007 de São Paulo para a área de C&T contempla essa visão. São ações que, para além do binômio tradicional de ciência e tecnologia, incorporam definitivamente a questão da inovação na agenda da ação pública, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, bem como das Universidades, Institutos Tecnológicos e da FAPESP. Seu eixo central de atuação é reforçar ao máximo essa aliança universidade-empresa, como mecanismo de fortalecimento da competitividade e da elevação da produtividade.
 20Os dispêndios totais brasileiros em P&D alcançam 1,1% do PIB, contra 2,6% nos EUA e 2,2%, em média, na Europa. Ainda assim, o percentual do Brasil é próximo ou superior ao de Espanha, Itália e China.

5.5.2 Uma estrutura universitária altamente qualificada
O Estado de SP é o único no país onde as mais, importantes instituições universitárias e de pesquisa não são federais. O sistema de pesquisa é basicamente estruturado em três instituições (USP, UNICAMP, UNESP), sendo complementado por outros institutos de pesquisa e duas importantes universidades federais. O sistema universitário paulista é financiado preponderantemente por recursos orçamentários (9,58% da arrecadação de ICMS). São aproximadamente 11 mil pesquisadores, que têm contribuído com cerca de metade da produção científica do país.
Os institutos de pesquisa, por sua vez, são mais voltados para a pesquisa aplicada e o desenvolvimento tecnológico, atendendo a demandas da sociedade e do sistema produtivo. Há tanto importantes institutos estaduais (IPT, Agronômico, ITAL, Biológico, Adolfo Lutz, Butantã, Biológico, etc.), como federais (INPE, IPEN, etc.). As instituições federais estão orientados em sua maioria para áreas estratégicas - espaço, aeronáutica, energia nuclear-enquanto os estaduais concentram-se mais nas áreas sociais ou setores econômicos com forte dimensão social como agricultura ou alimentação.
As agências de fomento vêm cumprindo papel importante no financiamento à pesquisa científica. A Fapesp foi criada em 1962 e se mantém até hoje como instituição-modelo em todo o mundo acadêmico, tanto pela eficácia de seus investimentos, transparência e qualidade nos mecanismos de seleção de projetos quanto pela eficiência na gestão administrativa. Sua fonte de recursos é uma parcela fixa da arrecadação de impostos, atualmente em 1%. Sua ação assegura forte apoio à pesquisa, à infra-estrutura (equipamentos, livros e softwares) e à busca de projetos de cooperação com o setor produtivo para o desenvolvimento de inovação tecnológica. Destaca-se o papel de indução exercido nos últimos anos em pesquisa de grande interesse social e econômico, a exemplo das pesquisas geoeconômicas aplicadas à saúde humana e ao agronegócio.
21Na Coréia está em 75%, Japão 62%, EUA 62%, Alemanha 59%.

5.5.3 Uma Agenda para a Inovação e Competitividade
A ação do Governo de São Paulo tem apoiado as áreas de inovação, exportações e substituição de importações, ciência e tecnologia. É a visão de um governo empreendedor, que busca a geração de empregos e realiza uma ação afirmativa em prol do desenvolvimento do País e de São Paulo.
Nesse sentido, o PPA contempla instrumentos institucionais e gerenciais para alavancar a competitividade da economia paulista, suas exportações e atrair novos investimentos, atuando, sobretudo, no desenvolvimento do ambiente econômico e na mobilização e articulação de esforços das empresas, de órgãos do governo estadual e federal, de instituições de pesquisa e universidades, para gerar um conjunto favorável de externalidades que reforcem a competitividade do Estado de São Paulo.
Como se sabe, a competitividade empresarial depende, em primeiro lugar, de um conjunto de fatores internos à empresa, relacionados às características da organização da produção, da tecnologia adotada e dos ativos intangíveis que a empresa é capaz de mobilizar (know-how, mão-de-obra, qualificada, etc.). Submetida a um ambiente competitivo e dispondo de capital a custos compatíveis, o desenvolvimento desses fatores internos está condicionado às estratégias empresariais, que podem e devem ser favoravelmente influenciadas por condutas governamentais pró-ativas.
Evidentemente, a competitividade depende também de um amplo conjunto de fatores sistêmicos, que vão desde aspectos macroeconômicos (custo de capital, risco, sistema tributário, etc.), passando por questões de infra-estrutura e logística até uma série de externalidades próprias do ambiente no qual se situa a empresa. As ações no plano macroeconômico são fortemente dependentes de decisões tomadas, no âmbito federal, quer pela área econômica do Executivo, quer pelo Legislativo. O ambiente no qual se situa a empresa, ao contrário, está fortemente condicionado às políticas de âmbito local. Essas ações locais vêm ganhando destaque na agenda de vários governos e tem derivado um vasto leque de "novas políticas industriais". Apoio à competitividade e à inovação em clusters ou cadeias produtivas, estruturação de parques e pólos tecnológicos, suporte a sistemas locais de inovação e serviços tecnológicos, fazem hoje parte da ação permanente de governos estaduais e locais, em muitos países.
Em São Paulo, há avanços nessa direção, decorrentes da elevada densidade de competências empresariais e institucionais do Estado. Mas há que se reconhecer que grande parte desses avanços são muito mais conseqüências históricas da concentração em São Paulo da atividade industrial e de pesquisa do que de ações explícitas, quer do governo, quer do setor privado. Nesse sentido, São Paulo avançará futuramente na articulação das competências existentes, maximizando os investimentos já feitos em infra-estrutura e logística, ensino, pesquisa e serviços tecnológicos.
A própria institucionalidade pública deverá refletir essa nova realidade, delegando responsabilidade clara para os temas de inovação e competitividade a entidades pré-selecionadas ou criadas para esse fim. Essa agenda de articulação pública-privada será decisiva para manter a capacidade de atrair investimentos, ampliar exportações e melhorar o perfil do emprego, em direção a ocupações mais qualificadas. São Paulo deve se destacar por atrair cada vez mais atividades intensivas em tecnologia, com perfis crescentes de qualificação e alto valor agregado. Já não é, e não será possível, disputar, com regiões menos desenvolvidas do País, investimentos cujas decisões locacionais sejam determinadas por baixo custo de mão-de-obra, ou por outros fatores locacionais normalmente identificados com aspectos de competitividade espúria.
O Brasil tem condições de atrair investimentos em áreas de alta tecnologia. O imperativo de realizar esses investimentos decorre da necessidade de substituir importações e criar capacidade exportadora adicional em setores como componentes microeletrônicos e química fina (fármacos, principalmente). Esses investimentos deverão ser negociados com grandes empresas nacionais e internacionais. A necessidade de reduzir a vulnerabilidade externa vai também impulsionar outras atividades de alto valor agregado, como aeroespacial, automotivo, energia (especialmente fontes renováveis), informática e telecomunicações. Estar preparado para esse ambiente pressupõe formular e implementar uma estratégia ativa e articulada com o setor empresarial e com o governo federal, para maximizar as vantagens relativas de São Paulo, em benefício, inclusive, do conjunto do País.
A redução do déficit comercial na área de componentes microeletrônicos, por exemplo, irá exigir a atração de um ou mais grandes produtores de circuitos integrados nos próximos anos. Essa negociação irá depender da recuperação do mercado internacional e de uma conduta muito ativa do governo federal. Estar preparado para atrair esses investimentos, implica avaliar infra-estrutura, logística, mão-de-obra e serviços tecnológicos de suporte. Evidente que São Paulo reúne condições para receber esses investimentos. Esse PPA se propõe a orientar a organização dessas ações, utilizando melhor as instalações da USP, UNICAMP, CPqD e CENPRA (antigo CTI) em São Paulo, para treinar pessoal; como maximizar os benefícios de Viracopos e da proximidade de grandes empresas área de telecomunicações e informática. Essa é uma ação importante para São Paulo, inclusive pela capacidade de atrair outras atividades de apoio e empresas de projeto em circuito integrado (design houses).
Outro exemplo relevante para São Paulo é a necessidade de atuar firmemente na viabilidade econômica e financeira dos Parques Tecnológicos que o Estado pode empreender. O país não tem condições de construir um número elevado de grandes parques tecnológicos. Esses parques são grandes empreendimentos imobiliários, com engenharias financeiras sofisticadas, envolvendo interesses privados de bancos de investimentos, empresas de alta tecnologia, construtores e incorporadores, em geral situados ao lado de grandes universidades e centros de pesquisa.23 Essas são iniciativas que exigem planejamento e intervenção estatal, com a mobilização de equipes profissionais altamente dedicadas e que entendam que tecnologia significa oportunidades de negócios e investimentos.
São Paulo reúne condições para viabilizar parques tecnológicos na Capital, em Campinas, São José dos Campos e São Carlos. Mas é preciso aliar à alta competência científica instalada no Estado uma visão de negócios, que observe o potencial econômico das atividades de pesquisa. Para tanto, o governo de São Paulo irá identificar, criar ou fazer parcerias com instituições que tenham a missão central de mobilizar o setor público e privado em torno da agenda da competitividade e da inovação, com claras intervenções nas seguintes dimensões:
a) Implantação dos Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo (São Paulo, Campinas, São José dos Campos e São Carlos). É necessário definir estratégias de implantação dos parques tecnológicos do Estado, através da definição das áreas, coordenação dos estudos de viabilidade técnica e econômica, mobilização dos atores envolvidos, modelagem financeira e institucional, contratação e supervisão dos serviços técnicos, montagem de empresas de propósitos específicos (SPE) para cada empreendimento.
Essas estratégias devem se valer das possibilidades de estruturação de operações urbanas de grande porte, autofinanciáveis, articulando interesses de incorporadoras e do segmento de construção civil, seguindo a experiência internacional. É relevante também mobilizar e contratar especialistas, instituições e empresas com experiência nacional em projetos imobiliários de porte, como grandes incorporações, ou construções de shopping centers e parques temáticos do segmento de lazer. Seriam avaliadas as possibilidades de utilizar legislações específicas de solo criado ou a comercialização do potencial construtivo dessas áreas, para viabilizar os empreendimentos.
Esses empreendimentos fogem à capacidade de investimento isolada do setor público e precisam ser constituídos em parcerias com o setor privado. De outro lado, seus impactos sociais e econômicos são de tal ordem que podem mudar a fisionomia do Estado de São Paulo. Essa é uma agenda de futuro, capaz de gerar novos espaços de investimento, que representaria uma marca inconteste e mudaria a feição de São Paulo.
b) Apoio a Arranjos Produtivos Locais (clusters e cadeias produtivas). Muitas regiões e cidades de São Paulo adquiriram, ao longo de décadas, uma certa especialização econômica setorial, tal como o pólo calçadista de Franca, o setor cerâmico de Santa Gertrudes, a indústria de porcelana e vidro de Pedreira, a indústria têxtil de Americana e Santa Bárbara, a bananicultura e o chá em Ribeira, etc. Essa especialização local, muitas vezes identifica pela noção de clusters, permite uma ação pública e privada de suporte à competitividade local de grande eficácia e que tem sido objeto de políticas em inúmeros países, inclusive no Brasil.
O Governo de São Paulo irá induzir a estruturação - em conjunto com o setor privado, SEBRAE, órgãos federais, universidades e centros tecnológicos - de uma ação permanente de suporte a esses clusters, através do fomento à inovação e serviços de apoio ao setor privado, capazes de alavancar a competitividade dessas economias. Essas medidas seriam negociadas caso a caso, dentro do compromisso mútuo dos atores envolvidos com metas e desempenho, focalizando as ações nos gargalos e oportunidades do conjunto da indústria, seja na área de design, de qualidade de produto, de serviços tecnológicos ou de treinamento e qualificação.
Essa ação reproduz as mais modernas políticas industriais de corte local em vigor em vários países. Ela retrata de forma concreta a agenda local de desenvolvimento e maximiza os esforços que o Estado de São Paulo tem feito em seu sistema de pesquisa e de ensino superior, mobilizando essas competências para temas e problemas capazes de gerar novos empregos e melhorar o perfil ocupacional do Estado. De outro lado, representa uma política regional que fortalece as regiões e as cidades médias, incentivando um desenvolvimento mais equilibrado e mais equânime.
c) Fomento a Serviços Tecnológicos de Apoio à Competitividade (Tecnologias Industriais Básicas). As práticas de comércio mundial, com crescentes barreiras técnicas, e a necessidade de proteger o mercado nacional da concorrência desleal ou fazer valer as leis de defesa do consumidor exigem investimentos crescentes na metrologia, em laboratórios de ensaios e calibração, e em certificação de conformidade. Ao lado dessas infra-estruturas, uma série de ações públicas de apoio à gestão tecnológica e à difusão das regras de propriedade industrial também têm sido adotadas como meio de criar um ambiente externo favorável à inovação empresarial. Essa é essencialmente uma função pública.
A metrologia legal e os padrões primários das principais grandezas metrológicas são, normalmente, de responsabilidade de órgãos nacionais, como o INMETRO no Brasil, o NIST nos EUA ou o PTB na Alemanha. Mas para cada R$ 1 aplicado no órgão central, são necessários R$ 2 de investimentos nas redes de ensaios e calibragem, ou nas
23 Estima-se que o custo de implantação de parques desse tipo (mil hectares de área total) seja de ordem de U$ 100 a 300 milhões, gerando negócios da ordem de bilhões de dólares.
instituições capazes der certificar produtos e processos. A necessidade dessa capilaridade é decorrente dos requisitos crescentes de certificação para exportação ou para atender às regras nacionais de qualidade. Isso não é válido mais apenas para medidas metrológicas tradicionais, como resistência e dureza, mas abarca cada vez mais outras variáveis e produtos, a exemplo da fito sanidade animal e vegetal, consumo de energia, impacto no meio ambiente, etc.
São as redes metrológicas estaduais que atendem na ponta à indústria e à agropecuária. Em São Paulo uma série de instituições forma esse sistema: o IPT, o ITAL, o Instituto Adolpho Lutz ou o CTA, entre outras.
O governo auxiliará na implantação do sistema metrológico estadual, através de investimentos que melhorem e ampliem os serviços prestados ao setor privado. Por abarcar a parcela mais importante da indústria nacional e a que mais irá requerer serviços dessa natureza, é fundamental que se fomente esses serviços, de forma complementar aos recursos da União, criando condições para uma efetiva ampliação das exportações do Estado de São Paulo.
d) Estímulos à Interação Universidade - Empresa. A agenda de desenvolvimento paulista torna imperativo fortalecer e tirar proveito da capacidade instalada de pesquisa, ampliada a interação entre instituições, universidades e empresas. Para tanto, é preciso debater e propor às instituições de pesquisas e Universidades paulistas modelos de interação público-privado mais efetivos, organizar e implementar parcerias público-privadas em setores estratégicos (fármacos, microeletrônica, materiais, etc) e elaborar e discutir um ante projeto de Lei de Inovação a ser debatido à Assembléia Legislativa de São Paulo, de forma a facilitar parcerias e estimular a cooperação.
5.5.4 Programas de Pesquisa Agropecuária
É inequívoca a importância da pesquisa agrícola para o desenvolvimento econômico em geral. No caso do consumidor, a pesquisa implica redução de crises de abastecimento, queda real de preços e melhoria de qualidade da produção. Para o crescimento do agronegócio como um todo, a pesquisa garante o desenvolvimento de novas variedades e a adaptação das culturas às diferentes regiões do Brasil. Atualmente, avanços estruturais são demandados, visando a estabelecer uma nova sinergia entre as entidades de pesquisa estaduais e entre estas e o comando nacional. Na medida em que a pesquisa estadual é geração local de tecnologia adaptada às condições de clima, solo e manejo cultural, é fundamental cobrir as lacunas e dotar os institutos dos recursos necessários. Atualmente, as linhas de pesquisa estão centradas em três tipo: a) sinergia positiva entre a produção de commodities  baseada em economias de escala com nichos de agregação de valor. Isso vale para grãos, pecuária, cítricos e cana-de-açúcar; b) tentativas de tratar alguns produtos como não commodities visando a melhorar sua inserção internacional: caso típico do café e suas variedades mais fina e c) pesquisa em certificação de qualidade produtos onde as exigências impõem, a exemplo de frutas e olerícolas de mesa. O Estado dispõe de uma infra-estrutura sofisticada de pesquisas. Existem em São Paulo, 6 institutos de pesquisa ligados à Agência Paulista de Tecnologia do agronegócio (APTA): Instituto Agronômico (IAC); Instituto Biológico (IB); Instituto de Economia Agrícola (IEA); Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAC); Instituto de Pesca (IP) e Instituto de Zootecnia (IZ). Além disso, no segundo semestre de 2002, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo implantou 15 Pólos Regionais de Pesquisa com objetivo de subsidiar o desenvolvimento regional.
5.5.5 Ações da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo
A agenda da Secretaria para o período do PPA nesse setor inclui o aprimoramento da infra-estrutura e logística, a implementação de ações visando à modernização do parque industrial paulista, a identificação e o saneamento dos problemas das cadeias produtivas e a incorporação do conhecimento científico e tecnológico no conjunto do Sistema Produtivo Paulista, visando a aumentar a competitividade do sistema produtivo e promover a inovação tecnológica em todos os setores da atividade econômica.
A incorporação do conhecimento ao setor produtivo se dará através da oferta de recursos humanos qualificados, da incorporação das novas tecnologias da informação e comunicação e da promoção de pesquisas científicas e tecnológicas no âmbito das empresas, de modo a promover o aumento da competitividade dos setores econômicos. O Sistema Paulista de Ciência e Tecnologia desempenhará papel da maior relevância nesse contexto.
Em adição aos atuais investimentos do governo em Ciência e Tecnologia, a Secretaria promoverá o desenvolvimento de P&D nas empresas, a exemplo do que se pratica nos países com economias mais competitivas, onde o maior percentual de investimentos é do setor privado. A SCTDET estruturou um conjunto de programas e ações que contribuirão de forma significativa para o desenvolvimento do Estado de São Paulo, a seguir descrito de forma sucinta.
Gestão da Política de C&T&I. O objetivo é formular a política de C&T&I de São Paulo e executar as atividades de coordenação, acompanhamento e avaliação dessas políticas, bem como: (I) criar, difundir e implementar ferramentas de planejamento e gestão para a consolidação do Sistema Paulista de C&T&I; (II) criar mecanismos de comunicação e difusão científica e tecnológica das unidades paulistas de C&T&I.
O público-alvo desse programa é a própria administração superior da secretaria, as universidades estaduais, as faculdades vinculadas, a FAPESP, os institutos públicos estaduais ligados à secretaria, as instituições de ensino e pesquisa federais, outras secretarias de governo, associações empresariais, a FIESP e outras entidades diretamente envolvidas com a política e a organização do Sistema Estadual de C&T&I. Ações que integram esse programa são:
•    Articulação e coordenação das universidades públicas, institutos de pesquisa públicos e privados e da FAPESP.
•    Desenvolvimento do plano diretor para a expansão do ensino público superior do ESP.
•    Desenvolvimento do plano de expansão de atividades das FATECs articulado com o Plano Diretor
•    Desenvolvimento e disseminação de práticas de avaliação e de indicadores de desempenho.
•    Acompanhamento das ações do Governo Federal na área de C&T&I e promover a cooperação com os Estados e com a União.
•    Aprimoramento do sistema de suporte à inovação no ESP.
•    Desenvolvimento do plano de expansão para as escolas técnicas estaduais.
Ensino Público Superior. O objetivo é manter e ampliar a oferta de vagas e cursos superiores em áreas estratégicas e o suporte à pesquisa científica e tecnológica, aperfeiçoamento constantemente a qualidade da formação em graduação e pós-graduação.
As ações que integram esse programa são:
•    Ensino de graduação
•    Ensino de pós-graduação e pesquisa
•    Atividades em cursos de difusão científica e cultural e manutenção de diversos órgãos voltados à difusão cultural, científica e tecnológica
•    Atividades em museus
•    Expansão do ensino superior
•    Serviços de informatização
Assistência Médica, Hospitalar e Ambulatorial em Hospitais Universitários. Os indicadores de desempenho mostram que os hospitais de ensino se encontram num limite próximo de sua capacidade máxima de atendimento e financiamento. As mudanças do perfil de atendimento dos hospitais provocaram um forte crescimento de procedimentos de alta complexidade, exigindo a implantação de programas e serviços com elevado grau de incorporação de novas tecnologias. O objetivo desse programa é promover a formação de pessoal qualificado na área de saúde, em nível de  graduação e pós-graduação, concomitantemente com a prestação de assistência ambulatorial, médico-hospitalar, odontológica e procedimentos hospitalares de alta complexidade  nos hospitais universitários da USP, UNESP, UNICAMP, FAMEMA e FAMERP. Suas ações compreendem:
•    Assistência médica, hospitalar e ambulatorial
•    Procedimentos de alta complexidade
•    Promover a incorporação de novas tecnologias para atenção á saúde
•    Promover a cooperação técnico gerencial com órgãos gestores do sistema de saúde.
Ensino Público Tecnológico e Ensino Público Técnico. A manutenção e a ampliação da oferta de cursos tecnológicos e técnicos visam a capacitar para o trabalho, a formação de profissionais em nível superior e técnico em diversas áreas do conhecimento de modo a promover a inserção em diferentes setores profissionais do mercado de trabalho. As ações desses dois programas contemplam:
•     Manutenção com qualidade dos cursos existentes
•    Expansão do ensino público tecnológico e técnico
•    Implantar novos cursos tecnológicos e técnico
•    Promover inclusão digital
•    Implantar a rede corporativa
•    Descentralização organizacional do CEETEPS
•    Atender à demanda de técnicos em química pela FAENQUIL
•    Ensino técnico de nível médio da UNICAMP e sua expansão
•    Formação técnica de nível nédio para o setor secundário pela UNESP
Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia. O objetivo desse programa é capacitar o Estado de São Paulo para os grandes desafios científicos e tecnológicos através do desenvolvimento e apoio de atividades que favoreçam a pesquisa e o aumento do conhecimento. As ações desse programa são desenvolvidas prioritariamente pela FAPESP e compreendem:
•    Concessão de auxílio á pesquisa
•    Concessão de bolsas de estudo
•    Financiamento de programas de modernização da infra-estrutura física do sistema estadual de pesquisa e a pesquisas em áreas de  importância estratégica
Desenvolvimento Tecnológico. A manutenção e atualização da capacitação instalada nas universidades e instituições públicas de pesquisa, em especial àquelas reunidas nos institutos que lidam com tecnologia e possuem maior proximidade com o setor produtivo, é fundamental para assegurar que a produção industrial e agroindustrial paulista seja competitiva e cada vez mais tenha classe mundial. O objetivo a curto e médio prazos é o desenvolvimento de pesquisa e difusão tecnológica para aumentar a competitividade do setor produtivo do ESP. As ações desse programa compreendem:
•     Manutenção e atualização da infra-estrutura e da capacitação do IPT
•    Adaptação da infra-estrutura tecnológica dos institutos de pesquisa ligados a SCTDET
•    Atendimento tecnológico local para micros e pequenas empresas
•    Desenvolvimento de projetos em áreas estratégicas, incluindo novos materiais, biotecnologia, energia, tecnologia da informação e aplicações industriais e agroindustriais
•    Melhoria da qualidade de produtos e processos de empresas paulistas
•    Melhoria da qualidade da pauta de exportação do ESP
•    Promoção e divulgação da capacitação e da infra-estrutura tecnológicas paulistas
Tecnologia Industrial Básica.Um moderno sistema de metrologia, normalização, certificação e qualidade tem um papel central de indutor da competitividade industrial, através de serviços que assegurem a qualidade e a confiabilidade dos produtos, processos e serviços oferecidos no mercado interno e de exportação, viabilizando o acesso a novos marcados e minorando o impacto das barreiras técnicas ao mercado internacional. O objetivo desse programa é modernizar a infra-estrutura e a capacitação de recursos humanos em metrologia, certificação de conformidade e qualidade industrial, aprimorando do serviços tecnológicos de apoio à competitividade da economia paulista, difundindo a cultura da certificação e das  boas práticas nas industrias paulistas para satisfazer as exigências técnicas e internacionais e promover sua maior inserção no mercado internacional. As ações desse programa compreendem:
•    Adequação dos sistemas de qualidade dos institutos de pesquisa do ESP
•    Ampliação e modernização da infra-estrutura metrológica e de certificação do ESP
•    Atualização do acervo de normas, regulamentos e informações tecnológicas do IPT
•    Implantar o serviço paulista de resposta técnica
•    organizar o sistema paulista de qualidade industrial
Inovação para a Competitividade. As crescentes demandas do mercado globalizado requerem associar o conhecimento científico-tecnológico ao setor produtivo e às políticas públicas governamentais. Esse programa visa a criar condições para o desenvolvimento da inovação em São Paulo, ampliando a interação entre universidades, institutos de pesquisa, o setor privado e os órgãos públicos. As ações desse programa compreendem:
•     Implantar parques tecnológicos em São Paulo
•    Estimular o crescimento das empresas de base tecnológica e integrá-las em rede cooperativa paulista.
•    Implantar políticas públicas de estímulo à inovação
•    Estimular atividades de pesquisa para a inovação tecnológica
•    Apoiar o desenvolvimento de e a consolidação de empresas de base tecnológica
•    Atrair e estimular os investimentos em setores de alta tecnologia
•    Implantar mecanismos de acesso às informações tecnológicas para MPEs.
•    Implantar serviço de resposta técnica e difusão científica e tecnológica
•    Implantar a rede paulista de propriedade intelectual para a difusão da inovação
•    Desenvolvimento de políticas públicas de estímulo à inovação
•    Propiciar a ampliação de oportunidades de incubação para as empresas de base tecnológica
Tecnologia da Informação e Comunicação. Na sociedade dok conhecimento é necessário desenvolver a produção e a comercialização interna e externa de bens de serviços da tecnologia da informação e comunicação, incluindo software-hardware e criar conteúdos educacionais,bem como é necessário informatizar serviços de governo e promover a inclusão digital e o desenvolvimento de novas plataformas oriundas da convergência digital - TV digital - Internet - Telecom, ou de redes avançadas. O objetivo é desenvolver a indústria
de hardware e software em São Paulo, avançar nas aplicações e programas de inclusão digital e apoiar programas de desenvolvimento tecnológico em setores estratégicos da tecnologia da informação e comunicação. As ações desse programa compreendem:
•    Desenvolvimento de conteúdos educacionais e meios de difusão do conhecimento
•    Integração digital empresarial
•    Assegurar a consolidação da produção de hardware no ESP
•    Implantar centro de referência, especificação, certificação de qualidade e testes
•    Criação de novas incubadoras em TIC nas áreas de software e microeletrônica
•    Estabelecer modelo de negócio e padrões de financiamento para ambiente de TV digital
•    Promover a produção de software especializados para ambientes WEB
•    Promover e estimular a produção e a exportação de software
•    Promover maior conectividade com a rede Intragov
•    Promover o uso crescente da infra-estrutura de comunicações no ESP
•    Desenvolver redes e sistemas de TI para apoio às atividades do turismo e do meio ambiente
•    Promover o uso de redes colaborativas para inovação, incubação, inteligência e inclusão
Arranjos Produtivos Locais. A promoção de arranjos produtivos locais (APLs) é, como vimos,um importante instrumento de política industrial. O objetivo desse programa é o de integrar a capacidade local existente de oferta, de apropriação e de serviços, entre outros, das universidades, dos institutos de pesquisa e de cooperativas, de modo a fortalecer as PMEs para ampliar a competitividade e fortalecer as vocações regionais. As ações desse programa compreendem:
•    Mapear arranjos organizados e fortalecer as vocações econômicas regionais
•    Apoiar a implantação e o desenvolvimento de cerca de 20 (vinte) APLs
•    Criar mecanismos para apoiar a formação e organização de APLs
•    Criar e ampliar as competências locais, mobilizando o conhecimento para a competitividade
•    Diagnosticar a situação de setores produtivos, definindo metas e estratégias de P&D
•    Inserir competitividade nos APLs organizados para atrair parcerias com apoio de outros países
Micros e Pequenas Empresas. Importante fonte de geração desemprego e renda, as Micros e Pequenas Empresas Enfrentam obstáculos ao seu desenvolvimento que podem ser minimizados através da implantação de políticas públicas concertadas entre o Governo e a Sociedade. O objetivo desse programa é a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento das MPE em todos os setores e em todas as regiões do ESP. As ações desse programa compreendem:
•    Avaliar as demandas dos vários setores e regiões do ESP
•    Criar redes de fornecimento locais para suprir demanda de grandes empresas
•    Estruturar centros de apoio e serviços tecnológicos em parceria com os setores públicos e privados
•    Promover a aplicação da "Qualidade São Paulo" nas MPEs
•    Estimular a capacitação profissional dos quadros das MPEs
•    Apoiar a incorporação da gestão pela qualidade e do design nas MPEs
•    Apoiar a instalação de MPEs no ESP
•    promover a criação de instrumentos para uma política de compra governamental
Fatores Estruturais de Competitividade: Novas tecnologias permitem aumentar a atividade econômica através da oferta de produtos e serviços adicionais ou através da reeducação de custos por meio de métodos produtivos mais eficientes. O objetivo desse programa é promover a implantação de novas tecnologias em rede e cooperar na viabilização de recursos de capital e de recursos financeiros para a modernização e expansão do setor produtivo paulista. As ações desse programa compreendem:
•    desenvolvimento da rede de comunicação de alta velocidade
•    Desenvolvimento de sistemas energéticos para o desenvolvimento regional
•    Implantar o Agroporto em área disponível na bacia de Cubatão
•    Implantar sistemas multimodais de transporte de carga
Comércio Exterior. As empresas ainda têm participação pequena na pauta de exportação do ESP, sendo necessário criar condições para estimular a participação dessas 
empresas, de modo a promover o aumento do valor total das exportações e do aumento do valor agregado dos produtos exportados como instrumento de geração de trabalho e renda de geração de superávits comerciais. O objetivo desse programa é o aumento no valor agregado dos produtos paulistas de exportação, criar condições favoráveis ao comércio exterior e o aumento do volume de exportação em especial pelo aumento do número de empresas exportadoras. As ações desse programa compreendem:
•    Criar e disponibilizar informações comerciais
•    Criar mecanismos para dar maior visibilidade aos produtos paulistas no exterior
•    Estimular a participação de empresas paulistas em eventos internacionais
•    Implantar o centro de logística das exportações - o Poupa-Tempo das exportações
•    Estimular a cooperação da PMEs para o comércio exterior
•    Estimular e promover a capacitação gerencial de RH para empresas exportadoras
•    Ampliar o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação - PROGEX
•    Promover o acesso das MPEs às linhas de financiamento das agências de crédito
São Paulo Oportunidade. O Estado de São Paulo exerce forte atração para as atividades econômicas devido à sua excelente infra-estrutura e disponibilidade de Recursos Humanos com muito boa qualificação. Nesse contexto, este programa visa a apoiar e promover o desenvolvimento de projetos que estimulem a criação de trabalho e renda. As ações do programa compreendem:
•    Apoiar iniciativas para a instalação de novas indústrias e negócios no ESP
•    Desenvolver o componente "design" no ensino profissional e na incorporação aos produtos paulistas
•    Estimular e orientar a adequação de legislação em suporte a novas modalidades de empreendimentos

5.5.6 Conclusão
Vivemos um período em que o avanço tecnológico e a geração de informação e conhecimento têm impactos socioeconômicos de enorme importância. A geração, incorporação e difusão de tecnologia assumem papel de destaque único no desenvolvimento das nações.
Os dispêndios brasileiros com C&T e P&D vêm crescendo, mas são ainda significamente inferiores aos despendidos pelos países desenvolvidos, embora estejam próximos a países como Espanha e Itália. Independentemente disso, o Estado de São Paulo está numa situação muito melhor do que a do restante do País.
Os resultados alcançados em nosso Estado devem-se, em boa parte, à excelência de seu sistema universitário e dos institutos de pesquisa, e do apoio financeiro recebido de instâncias estaduais e federais. A integração entre a Universidade, institutos de pesquisa e empresas é ainda muito frágil, mas tende a aumentar no período do PPA, pois será uma das maiores prioridades da política estadual de C&T&I.
As ações da Secretaria visam precisamente a concorrer para a modernização do sistema produtivo paulista, a identificação e o saneamento dos problemas das cadeias produtivas e a incorporação do conhecimento científico e tecnológico para aumentar a competitividade desse sistema e promover a inovação tecnológica em todos os setores da atividade econômica.
5.6 Recursos Naturais e Meio Ambiente
O desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo tem-se caracterizado pela formação de grandes concentrações urbanas, particularmente na região leste do Estado. Isso tem colocado problemas relacionados ao abastecimento de água, saneamento básico e utilização dos recursos minerais cujo equacionamento no contexto de preservação do meio ambiente faz parte das atribuições do Estado.
Nosso Estado é coberto em 86% do território pela bacia do Rio Paraná. Os restantes 14%, na faixa litorânea, são cobertos pela bacia Leste e em parte pela Sudeste. O principal tributário paulista do rio Paraná é o Tietê, cujas cabeceiras encontram-se próximas ao município da capital.
Isso faz com que a disponibilidade de água bruta no Estado seja generosa, considerados os grandes aqüíferos subterrâneos na parte oeste do Estado. No entanto, a intensa utilização urbana e industrial dos recursos nas bacias do Leste e sua maior dependência com respeito a mananciais de superfície implicam baixa disponibilidade efetiva, havendo a necessidade de medidas de controle. O problema não é novo, e a estruturação institucional dos sistemas de recursos hídricos e de saneamento básico no Estado reflete a importância que a sociedade confere ao tema.
Dada a forte pressão da urbanização sobre os mananciais, é imprescindível a aproximação entre os sistemas de meio ambiente e gestão urbana. Isso se tornou possível com a Lei 9.866/97, através da qual a Secretaria de Estado e Meio Ambiente coordena a política de gerenciamento de recursos hídricos e o sistema regional do Estado, que inclui as regiões metropolitanas, as aglomerações urbanas e as microrregiões, visando à proteção dos mananciais.
5.6.1 Saneamento Básico
Os serviços de abastecimento público de água e esgotamento são componentes centrais do saneamento básico, juntamente com a drenagem e a limpeza urbana. O acesso à água tratada e à coleta de esgoto é condição básica de saúde pública, necessária ao controle de doenças de veiculação hídrica. Destaque-se que o Estado apresenta indicadores favoráveis em relação a essas coberturas. Já o tratamento de águas residuais - condição de saneamento ambiental necessária à preservação e recuperação dos mananciais - apresenta um quadro menos favorável. Para revertê-lo, destacam-se os controles de uso e ocupação do solo em áreas de proteção a mananciais, o zoneamento industrial e a restrição ao uso de defensivos agrícolas.
O desenvolvimento acelerado tem também levado a uma certa degradação dos mananciais disponíveis para o abastecimento público. A descarga de esgotos domésticos e de efluentes industriais sem tratamento adequado, aliada à disposição inadequada de resíduos sólidos, vem cada vez mais comprometendo a qualidade dos recursos hídricos para atender aos objetivos do fornecimento de água de boa qualidade, gerando dificuldades e custos crescentes.
5.6.2 Mananciais Utilizados para abastecimento público de água
As águas subterrâneas do Estado - que possuem baixa salinidade, e características adequadas para abastecimento - apresentam ainda grande potencial de utilização. Cerca de 61% da população do Estado é atendida por sistemas de abastecimento com captação totalmente superficial. Outros 25%, por sistema com captação predominantemente superficial. A região Oeste do Estado aproveita a abundância de água proporcionada pelos aqüíferos Bauru/Caiuá e Botucatu. O uso de recursos hídricos subterrâneos tem importância estratégica ampliada se considerarmos a deterioração crescente da qualidade das águas superficiais.
5.6.3 Formas de contaminação nos principais mananciais
Cerca de 50% dos municípios que realizam captação superficial de água apontaram para a existência de contaminação dos mananciais.24 Das 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado (UGRHI) as seguintes apontam os maiores índices de contaminação: Mantiqueira, Litoral Norte, Ribeira do Iguape, Paraíba do Sul, Pardo e Alto Tietê. Dessas, a mais preocupante é a do Alto Tietê, dada a sua dependência quase absoluta dos mananciais de superfície e a grande intensidade de uso de água disponível.
Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário têm, respectivamente, cobertura de cerca de 90% e 70% em relação à população urbana no Estado. Com relação ao tratamento dos efluentes urbanos, fica evidente a situação crítica em que se encontram as principais UGRHI do Estado. Para o conjunto do Estado, apenas cerca de 23% dos domicílios cobertos pela coleta de esgoto têm efluentes tratados. Os esgotos domésticos poluem os recursos hídricos de praticamente todas as UGRHIs do Estado, excetuando-se as do Litoral Norte e Baixada Santista, onde a maior parte dos efluentes é disposta por meio de emissários submarinos. Observam-se, no caso da UGRHI do Alto Tietê, progressos no tratamento de efluentes industriais urbanos e industriais.
5.6.4 Resíduos Sólidos
O grande desafio no que toca aos sistemas de limpeza pública são relacionados à disposição final dos resíduos sólidos, pois a coleta ocorre na maioria dos municípios paulistas. A disposição inadequada desses resíduos pode ocasionar danos aos meio ambiente urbano e à saúde pública pela contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas, assim como pela proliferação de vetores (insetos, roedores, etc.) e interferência física com os sistemas de drenagem urbana.25 O manejo desses resíduos é da alçada municipal e constitui um sério problema ambiental, que requer articulação entre esferas de governo para sua superação.
5.6.5 Controle Ambiental
Uma das características marcantes da questão ambiental no país - e, sobremaneira, no Estado de São Paulo - é a existência de um complexo aparato de legislações que procuram tanto promover a regulamentação dos usos dos recursos naturais quanto estabelecer sanções e penalidades para seus infratores. Além das infrações impostas, o Estado instituiu um rigoroso processo de licenciamento de atividades que são consideradas potencialmente causadoras de danos ao meio ambiente, estando as atribuições distribuídas entre a própria Cetesb e a Coordenadoria de Proteção dos Recursos Naturais - CPRN. 26
Para poder usufruir das vantagens decorrentes do Protocolo de Kyoto, o Governo Estadual dará início aos estudos da linha de base de emissões de monóxido de carbono. Poderá assim fazer jus à emissão de certificados junto aos órgãos competentes de implementação do Protocolo no País.
5.6.6 Recursos Minerais
A participação da produção mineral do Estado de São Paulo no Brasil tem oscilado entre 10 e 13% dos recursos produzidos desde a década de 70, sendo Minas Gerais e Bahia os principais produtores. Mais recentemente o Estado do Rio de Janeiro vem se destacando devido à produção de recursos energéticos. A quase totalidade da produção paulista é constituída de minerais não metálicos, que em sua maior parte se destinam à Indústria de construção civil. Essas reservas, localizadas na UGRHI do Alto Tietê (em especial, a RMSP), têm propiciado explorações de argilas, areias e britas. Mas a intensificação da demanda por esses bens tem ocasionado um aumento de danos ao meio ambiente.
No Estado de São Paulo, a UGRHI 11(Ribeira do Iguape e Litoral Sul) é a que apresenta melhores condições para a expansão da indústria de mineração (apatita, dolomita prata, chumbo, calcário, manganês), seja pelas condições geológicas favoráveis, seja pela proximidade dos grandes centros consumidores. Porém, essa expansão é dificultada pela inexistência de um sistema viário adequado e, principalmente, pelo conflito entre as áreas potencialmente produtoras e as áreas de conservação ambiental.
As propostas de solução dessas questões têm sido:
•    gerenciamento dos recursos hídricos a partir de planos de bacia hidrográfica aprovados pelos comitês de bacia;
•    introdução da cobrança pelo uso da água;
•    controle integrado (Estado e Municípios) de uso e ocupação do solo nas bacias mais densamente povoadas;
•    controle de uso do solo agrícola nas bacias sujeitas à poluição por agrotóxicos;
•    prioridade ao tratamento de esgoto sanitário.
5.6.7 Ações da Secretaria
A ação da Secretaria do Meio Ambiente, nos próximos quatro anos, se orienta no
sentido de garantir que o desenvolvimento econômico e social do Estado seja sustentável. Sua função é essencialmente a de planejar e licenciar adequadamente novos investimentos industriais e proteger as áreas verdes do Estado. Se essas atividades não forem ampliadas de forma adequada o desenvolvimento vai acarretar ainda mais poluição atmosférica, mais disposição de lixo e esgotos de forma inapropriada e a destruição gradativa da área verde remanescente do Estado.
Para olicenciamento das indústrias, a SMA trabalha em conjunto com a CETESB, que conseguiu, no passado, reduzir a degradação ambiental em Cubatão e na Grande São Paulo. Para agilizar e modernizar essa ação, foi introduzida em2002 a sistemática de licenças renováveis que garantirão um acompanhamento contínuo do desempenho das indústrias. Trabalhando junto com o setor empresarial, isso garantirá a
24 Desses, cerca de 36% indicaram a contaminação por outros cursos d'água, 30% indicaram recebimento de esgoto sanitário,20% o recebimento de despejo industrial, 19% a contaminação por agrotóxicos, 16% a contaminação por destinação inadequada do lixo e 5% por outras formas.
25 Segundo dados da CETESB, no Estado de São Paulo, onde a produção média é de 0,58 quilo por habitante, apenas 10,9% dos resíduos domiciliares/ comerciais estão dispostos em sistemas adequados, 54,8% em sistemas controlados, e 30,7% em sistemas inadequados.
26 A análise das 60 mil ocorrências de ações sobre, a natureza realizada no período 1990-98 revelou que 88,3% das ações incidiram sobre a vegetação, 5,3% sobre a fauna e 5,3% sobre os recursos hídricos. 

introdução de tecnologias mais limpas e eficientes. O estabelecimento de prazos para emissão de licenças pela SMA/CETESB, reivindicado há muito pelos industriais, será também implementado.
O grande problema aqui é o permitir a expansão do parque industrial paulista e da infra-estrutura necessária, como usinas de geração de energia sem aumento da carga de poluentes lançados na atmosfera ou nos cursos da água. A solução adotada, sobretudo nas áreas consideradas "saturadas", é a de não obstar a expansão industrial, desde que sejam tomadas outras medidas na mesma área que reduzam emissões de forma a compensar as emissões adicionais. Em todos os casos, o uso de tecnologias modernas tem permitido soluções apropriadas.
O principal problema remanescente é o da poluição ambiental provocada pelos automóveis e caminhões (fontes móveis de poluição), que rodam pelas grandes cidades, principalmente na região metropolitana de São Paulo. Nesta área a SMA/CETESB vai introduzir, a partir de 2004, a inspeção ambiental dos veículos em todo o Estado de forma a gradualmente desencorajar o uso de veículos velhos e poluentes.
Outra ação, na mesma área, é a de atacar o problema na sua origem, melhorado a frota de ônibus em São Paulo. O que se pretende fazer é introduzir "ônibus híbridos", que funcionam com baterias elétricas carregadas por um pequeno motor movido a óleo diesel. Espera-se, dessa forma, reduzir à metade as emissões dos ônibus. Esse programa tem o suporte de fundações filantrópicas dos Estados Unidos e seu acompanhamento será feito pela CETESB.
Quanto às áreas contaminadas - cerca de 250 - já identificadas pela CETESB, destaque-se que são uma herança do passado, quando não havia ainda controle ambiental. Com a exigência de lideranças renováveis, é pouco provável que surjam outras áreas contaminadas no futuro.
Pretende-se também, na vigência do PPA, reabilitar todas as unidades de conservação da Secretaria do Meio Ambiente - em número superior a 90. Para isso o Estado solicitou um empréstimo de 10 milhões de dólares ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que serão dedicados às unidades do Vale do Ribeira. Nas outras, uma dinâmica ação da Fundação Florestal está gerando recursos da venda da madeira de estações experimentais; também recursos de compensações ambientais serão utilizados. Planos de manejo para todos eles serão concluídos nesse período, bem como serão instalados os Conselhos Consultivos envolvendo a comunidade local.
Um resultado já evidente da ação da Secretaria é a recuperação da Mata Atlântica na área do litoral. Essa área decaiu continuamente desde 1950, estabilizou se em 1990 e, a partir do ano 2000, começou a aumentar. Espera-se obter resultados análogos no resto do Estado.
Finalmente, serão concluídos os planos de macrozoneamento das diferentes regiões do Estado, com prioridade para o Litoral Norte e Vale do Ribeira. Associados com essas ações e visando a orientar os empreendedores de acordo com a vocação de cada região e o público em geral, trabalhos de educação ambiental serão desenvolvidos em conjunto com as Prefeituras e organizações não-governamentais. Nesse contexto se enquadra a recuperação das matas ciliares do Estado que protegem as margens dos rios e lagos, para o que estão sendo solicitados recursos do Banco Mundial.

5.7 Desenvolvimento Econômico - 31 PROGRAMAS
Agropecuária e Agronegócios - 5 programas
Estratégia de Indústria - 7 programas
Serviços - 3 programas
Turismo - 1 programa
Ciência e Tecnologia e Tecnologia da Informação (Ações relacionadas à Economia do Conhecimento) - 10 programas
Recursos Naturais e Meio Ambiente - 5 programas

















LEI N. 11.605, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2003

Dispõe sobre o Plano Plurianual para o período de 2004/2007

Retificação do D.O. de 25-12-2003

O conteúdo da página 141 pertence à página 143 e vice-versa