A CPI que investiga supostas irregularidades nas universidades públicas paulistas ouviu na manhã desta quarta-feira (2/10) João Grandino Rodas, reitor da USP entre janeiro de 2010 e janeiro de 2014. A importância da autonomia financeira das universidades foi destacada pelo ex-reitor. Segundo Rodas, a excelência alcançada por essas instituições se deve à sua autonomia. No início de sua gestão, foi desenvolvido um plano de carreira para os funcionários e uma progressão horizontal dos docentes, medidas que valorizaram os salários das categorias. Rodas afirmou que a situação econômica da USP era confortável até abril de 2013, quando a arrecadação do ICMS começou a cair. Por outro lado, segundo ele, houve aumento de gastos, com a construção da USP Leste, da escola de engenharia, em Lorena, e do campus de Santos. Rodas ressaltou o aumento do número de cursos de graduação durante sua gestão de 209 para 289. Contraponto Em oitiva realizada pela CPI no final de agosto, foi ouvido o ex-reitor Marco Antônio Zago, que atribuiu o desequilíbrio financeiro da USP à gestão de Rodas. Alegando má gestão de recursos, Zago entrou com processos administrativos contra Rodas. Segundo Rodas, Zago havia sido pró-reitor durante sua gestão e, portanto, tinha conhecimento das ações tomadas pela reitoria. O deputado Daniel José (NOVO) sugeriu, então, que seja realizada uma oitiva conjunta com os dois ex-reitores para maiores esclarecimentos das ações tomadas por ambos. O deputado Paulo Fiorilo (PT) considera o encontro positivo. "Isso ajudaria, até porque o professor Zago atribuiu ao professor Rodas a responsabilidade por uma série de problemas da universidade. Então seria bom colocar os dois para que possam esclarecer quem pode ter levado ou não problemas para a USP", afirmou. Arthur do Val (DEM) alegou que medidas como aumentar em 200% o salário de funcionários e em 350% o vale-refeição levaram à crise financeira na universidade. O professor Rodas observou que a universidade é financiada pelo ICMS e a projeção se imaginava crescente. "Por razões fundamentadas, alguns benefícios estavam defasados havia muito tempo. Não se pode dizer que tenha sido esse benefício ou o aumento de salários de professores e funcionários tenha causado", comentou. O presidente da CPI, Wellington Moura (REPUBLICANOS), questionou o ex-reitor a respeito da diminuição apontada no balanço patrimonial da universidade de oito para dois bilhões. O deputado questionou também a respeito de item apontado nos balanços como "outros serviços de terceiros", nos quais constam pessoas físicas recebendo valores que chegam a R$ 2 milhões. O ex-reitor afirmou que esses dados precisam ser verificados. "Isso é importante para que as pessoas olhem para as universidades e entendam a ingerência que está acontecendo sob a gerência de alguns reitores", disse Arthur do Val. Ao final da reunião, Wellington Moura considerou que "mais questões não foram respondidas do que respondidas". Ainda segundo o deputado o que se vê é "uma total falta de eficiência de um reitor. Aumentou folha, depois não conseguiu pagá-la. Isso é má gestão". Estavam presentes também os deputados Barros Munhoz, Caio França, Carla Morando, Professora Bebel e Valéria Bolsonaro.