Como os cardíacos devem encarar a pandemia de Covid-19


03/08/2020 21:19 | Coronavírus | Barbara Moreira

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O novo coronavírus é uma doença recente e deixa muitas pessoas em dúvida sobre qual seria a sua reação diante do contágio. O sentimento comum a todos atinge principalmente indivíduos do grupo de risco, como aqueles que possuem doenças cardiovasculares. O medo do vírus tem feito com que essa parcela da população deixe de procurar atendimento nos hospitais, situação que preocupa especialistas.

O cardiologista, especialista em medicina do esporte, Nabil Ghorayeb, em entrevista à Rede Alesp, explicou que toda virose "pode em 7% a 10% - isso vai depender da genética de cada um - atingir o coração, dando inflamações na capa que envolve o órgão, chamada pericárdio, resultando em pericardites; ela também pode atingir o músculo cardíaco diretamente, dando miocardites e coisas desse tipo".

Entretanto, Ghorayeb diz que não é possível afirmar como a doença vai se comportar em diferentes indivíduos, já que cada um apresenta defesas próprias e hábitos de vida capazes de influenciar em maior ou menor grau o agravamento do quadro. De acordo com o especialista, o tratamento é igual para todos, mas a resistência de uma pessoa com problemas cardíacos é diferente, o que não significa que a doença vai ser fatal.

A queda na procura dos atendimentos cardiológicos preocupa o médico. Ele recomenda que, ao sentir-se mal, o paciente entre em contato com o profissional da saúde: "Você que está em tratamentos ou que teve sintomas, ligue para o seu médico, hoje nós podemos utilizar a teleconsulta por telemedicina ou podemos pedir que se dirija ao pronto-socorro".

Ghorayeb explicou que há hospitais especializados em cardiologia preparados para receber, em áreas separadas, pacientes com e sem sintomas da Covid-19. "Se você for esperar demais muitas vezes pode ser tarde, ou a doença já avançou, deu mais trabalho, causou mais danos".

Cloroquina

Nabil Ghorayeb ressaltou que nenhum medicamento isolado cura o vírus e que, para o tratamento de doenças como a malária, artrite reumatoide e lúpus, a cloroquina é utilizada em uma quantidade inferior, "por exemplo 200 miligramas por dia, uma dose pequena. Para o tratamento do coronavírus, a dose preconizada é 800 miligramas".

O médico afirma que a alta dosagem do medicamento pode aumentar o risco de efeitos colaterais, "e se a pessoa tiver um problema cardiológico, uma arritmia de causa genética chamada QT longo, o remédio aumenta mais esse QT longo, quer dizer, ele causa mais problemas em quem já tem, então tem que ser usado com cuidado", mas, segundo ele, o medicamento não é descartado em uma emergência: "Ele tem sido usado na UTI, suspende se estiver complicando e o utiliza com antiarrítmicos junto para poder salvar aquele paciente".

Atividades físicas

O médico do esporte lembra que atividades físicas são importantes para todos, mas recomenda que durante a pandemia os exercícios sejam feitos dentro de casa.

Ele sugere que as pessoas façam os treinos usuais e tomem sempre cuidado. "Não invente de fazer exercícios que você nunca fez antes, faça os que você está habituado, no jeito que você está habituado e o que o seu corpo está acostumado. Se você inventar, vai se machucar".

É importante deixar o ambiente arejado durante os exercícios e afastar objetos que possam causar ferimentos. O médico pede também para que as pessoas não façam as atividades físicas de chinelo ou meia para não haver perigo de tropeços ou escorregos.

Ghorayeb afirma que o correto para a saúde é fazer, no mínimo, 150 minutos de exercícios por semana e, no máximo, 300 minutos. "Você pode fazer isso em cinco dias, 30 vezes cinco vai dar 150, ou, se quiser fazer em sete dias, 210 minutos está bom". "Não precisa passar de 300 minutos. Se você quiser fazer exercício mais intenso não vai ser em casa".

alesp