Nestes próximos dias, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos 4 anos: os deputados. Depois de quatro meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete? A entrevista desta edição é com o deputado Emidio de Souza. Os últimos quatro meses Eu fui deputado entre 2001 e 2004, depois fui prefeito de Osasco e fiquei acompanhando o legislativo à distância. Neste retorno eu vi uma Assembleia muito diferente e também radicalizada. Os sinais aparecem nos confrontos do Plenário, no Conselho de Ética onde eu faço parte -, na Comissão de Constituição e Justiça, onde estou eu e a Janaina (deputada Janaina Paschoal). Um projeto de extinção da ouvidoria da Polícia, por exemplo, é uma proposta que jamais haveria naquela época, é a fotografia da radicalização que tem acontecido na Assembleia de hoje. No meu primeiro mandato onde havia a predominância das bancadas do PT e do PSDB tinha um confronto puramente de ideias, mas hoje eu vejo um parlamento conflituoso, com o PSDB reduzido e com a presença da bancada do PSL, que estabelece um certo conflito programático. Nós, do PT, acabamos tendo uma disputa muito mais intensa com o partido do Bolsonaro. Por outro lado, vejo de maneira muito positiva a inovação na Alesp com a bancada ativista e a deputada Erica Malunguinho, por exemplo. A esquerda tem dialogado bastante e quando o tema é privatização, violência policial, defesa da democracia, estamos todos juntos. Projetos, legado e futuro Eu faço parte da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, e também da Comissão que debate os direitos das pessoas. São Paulo é um Estado que pode oferecer condições de saúde e educação muito melhores do que oferece, então vou cobrar a formulação de políticas públicas neste sentido. E como um dos poucos representantes da região Oeste, Osasco e cidades próximas, trato dos temas relevantes para essa região. O interesse das pessoas ali está muito voltado para a questão da mobilidade, a integração do trem com os ônibus urbanos, é neste trabalho que tenho me empenhado. Sem deixar de lado, é claro, a busca por investimentos em saneamento básico, na educação e na segurança, os temas tradicionais. Inspiração e referências Minha referência nº1 é o ex-presidente Lula. A sua trajetória, o que ele fez pelo país, a mudança que implementou - que não é uma mudança apenas de projetos -, mas uma mudança cultural. O Lula reconheceu as nossas dívidas históricas com o povo negro, com a juventude, com as mulheres. Ele para mim é um espelho. E há outras figuras internacionais que tenho grande admiração, como Mahatma Gandhi e o ex-presidente da África do Sul, o Nelson Mandela, pela sua persistência e tenacidade. Fora da política admiro muito o Papa Francisco.