A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo realizou nesta quarta-feira (20/10) uma audiência pública para ouvir moradores e lideranças comunitárias para discutir o fechamento de unidades de atendimentos às urgências e emergências de seis hospitais da região metropolitana de São Paulo. O encontro aconteceu de forma híbrida e foi conduzido pelo deputado José Américo (PT), integrante da Comissão. Desde o início deste ano, seis hospitais estaduais estão com suas áreas de pronto atendimento fechadas e passaram a receber apenas casos graves, de acordo com parlamentares. São eles: Hospital Geral do Grajaú, Hospital Geral de Pedreira, Hospital Geral Santa Marcelina - Unidade Itaim Paulista, Hospital Estadual Vila Alpina, Hospital Estadual Franco da Rocha e o Hospital Geral de Itapecerica da Serra. A população pede a reabertura da modalidade emergencial nesses locais, mas a Prefeitura de São Paulo e o Estado afirmam que o atendimento inicial deve ocorrer nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e nas AMAs (Assistência Médica Ambulatorial). ''Isso tem causado uma crise muito grande no sistema de saúde da cidade de São Paulo, da Grande São Paulo e do interior. Não existe razão para isso acontecer. A desculpa dada pela Secretaria da Saúde do Estado é completamente formal, eles falam que a porta de entrada tem que ser a UBS, mas muitas vezes não têm médico lá, não têm remédio. É uma porta de entrada fechada'', disse o deputado José Américo. Na sequência, o deputado Enio Tatto (PT), que foi um dos requerentes da Audiência Pública, manifestou por nenhum representante das secretarias municipal e estadual da Saúde, nem do Ministério Público e Defensoria Pública, comparecer. ''O deputado José Américo leu aqui uma quantidade enorme de autoridades que foram convidadas para essa atividade aqui e ninguém compareceu''. E ainda continuou: ''Fiquei sabendo que o secretário marcou uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado, para tratar de problemas da saúde, mas também do fechamento do ambulatório do Regional Sul, lá de Santo Amaro, para hoje às 15h30 lá na Secretaria, exatamente na hora da Audiência Pública'', completou o parlamentar. Ainda no evento, o deputado Jorge do Carmo (PT) reforçou a importância das emendas parlamentares para a área da saúde. ''Destinar recurso para a saúde não é gasto, é investimento, é cuidar das pessoas, sobretudo, daquelas que mais precisam''. E completou: ''Quero dizer que vamos continuar essa luta incansavelmente para reabrir as portas dos prontos-socorros porque as UBSs não atendem, não contemplam e não têm estrutura para isso'', falou o parlamentar. Diversos moradores e agentes de saúde manifestaram seu descontentamento com a precariedade do serviço recebido e também ao ter que se deslocarem, por vezes sem condições, para buscar atendimento em outra unidade de pronto-socorro ou ficarem horas nas filas das UPAS, que acabaram ficando lotadas com esse redirecionamento. ''Esses hospitais deveriam ter o pronto-socorro ampliado, mais médicos contratados, novos equipamentos, isso sim. A gente já tem as informações sobre o superávit orçamentário e temos como juntar a população que deixa de ser atendida, não só com o número das subprefeituras, mas com o número da região metropolitana. A partir disso a gente junta esses dados e vê em números a real necessidade desses hospitais'', sugeriu Tereza Ribeiro, moradora da zona leste. Humberto dos Santos, coordenador do Movimento Popular de Saúde da Capela do Socorro, comentou sobre a dificuldade dos moradores. ''Não tem onde recorrer. As UBSs estão superlotadas e não dão conta de toda a dimensão daquela região. Nós temos duas AMAs em que os serviços de pronto-socorro foram transferidos e sequer têm estrutura para atender uma demanda de pronto-socorro'', disse. Já o diretor da Região Sudeste do SindSaúde-SP, João Luiz Bento, aproveitou para atualizar os presentes sobre o andamento da reunião entre o sindicato e Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde. ''Não tivemos nenhuma resposta, nenhuma novidade em relação à reunião com a presidente do SindSaúde e o secretário. Estamos no aguardo de notícias'', comentou. No encerramento, após ouvirem todos os depoimentos e experiências dos participantes, os parlamentares garantiram que se sentem mais comprometidos ainda com a causa e que farão o máximo para garantir a reabertura dos prontos-socorros das regiões.