Solenidade virtual realizada na noite desta quinta-feira (21/20) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo voltou a debater a reforma do novo ensino médio, que flexibiliza o currículo contemplando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e oferta itinerários formativos, que podem ser aprofundados em uma área do conhecimento ou de formação técnica profissionalizante. O encontro foi organizado pelo presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alesp, deputado Maurici (PT), e reuniu professores e sindicalistas. Um primeiro ato solene foi organizado na segunda-feira (18/10) e contou com a participação de professores, sindicalistas, estudantes de ensino médio e cidadãos. O parlamentar abriu a nova reunião afirmando que o objetivo, como parte da Comissão de Educação e Cultura, é aprofundar o debate a respeito da proposta do novo ensino médio. "Os meios de comunicação têm alardeado essa proposta como democrática e afinada com os alunos, mas o que vemos, na verdade, é que pouca gente, entre estudantes, educadores e a sociedade em geral, tem conhecimento sobre o assunto. Então nossa intenção é aprofundar esse debate", disse. Na opinião do doutor em educação e diretor-presidente da Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, Alexsandro do Nascimento Santos, a reforma do novo ensino médio possui três vícios e apenas uma virtude. "A virtude é por na agenda pública e política brasileira o desafio que temos de melhorar a qualidade do ensino médio e enfrentar as desigualdades educacionais", afirmou. "O primeiro vicio é de origem, pois foi pensada e formulada de maneira autoritária, já que não foi conversada nem com os professores e nem com os jovens. O segundo é que ela foi mal desenhada, cheia de buracos. Coisas indefinidas, ambiguidades. E o terceiro é que a reforma em nenhum momento está preocupada em resolver desigualdades que já existiam, por exemplo a diferença da estrutura física das diferentes escolas. Ela foi escrita como se essas estruturas fossem iguais e ótimas", completou. No mesmo sentido, Bernadete Queiroz, professora e representante da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), afirmou que a reforma busca manter o pobre como pobre, e tirar seu direito de acessar a universidade. "Nós temos alunos na rede pública e todos eles, via de regra, trabalham. A juventude brasileira ingressa cedo no mercado de trabalho, por isso, não tem como colocar um curso técnico pra esse aluno. Ele fica sem as matérias plurais e também não tem maturidade para escolher o itinerário dos seus estudos. Então, o respeito às matérias básicas ao aluno se perdeu. Quem está no dia a dia da escola sabe que a reforma vai piorar muito a vida do aluno", afirmou. Quando o debate abordou a questão do ensino em casa, chamado de homeschooling, o professor Eugênio Borges de Carvalho definiu a questão como complexa, ainda mais após o período de pandemia, que os alunos ficaram ausentes da escola. Mas, para ele, essa experiência serviu para confirmar que o homeschooling não deve ser adotado. "Há sem duvidas uma grande critica a esse projeto: as pessoas não percebem que, por trás de uma ação dessa natureza, as crianças ficam expostas a diversos tipos de violência, como física e verbal. Sou contra esse tipo de ideia porque estando na escola a criança é muito mais protegida", disse. De acordo com a assessoria do deputado, outros encontros com a finalidade de estender o debate ainda devem ser marcados.