Nova Raposo: segundo dia de seminário debate alternativas para mobilidade urbana na região
24/04/2025 19:01 | Rodovias | João Pedro Barreto - Fotos: Larissa Navarro





O projeto da Nova Raposo Tavares, idealizado pelo Governo do Estado e entregue à iniciativa privada por meio de concessão, foi tema de um novo debate na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Na noite desta quarta-feira (23), integrantes do movimento "Nova Raposo, Não" promoveram o segundo seminário sobre as obras que devem receber R$ 8 bilhões em um período de 30 anos. O evento, apoiado pela deputada Paula da Bancada Feminista (Psol), focou em alternativas para a mobilidade urbana na região e reuniu especialistas, que defenderam investimentos em transporte público.
"Esse tema da mobilidade é muito importante porque, na verdade, o centro do debate sobre rodovia e pedágios mora aqui. Nosso mandato mais uma vez se coloca à disposição para ouvir especialistas, para construir junto uma proposta comum", afirmou Paula. Esse foi o segundo seminário realizado pelo movimento e pelo mandato da deputada. O primeiro encontro teve foco nos impactos ambientais da obra.
"Essas reuniões são fundamentais, porque a gente sabe a dificuldade que é quando vem um projeto desse porte de cima para baixo. Eu entrei no começo dessa luta, porque a gente tomou um susto e a população tem o direito de saber o que vai acontecer com sua vida e com o seu território", defendeu a bióloga, professora aposentada e ambientalista, Angela Martins Baeder. Ela mora no bairro Providência, próximo à Raposo Tavares.
"As pessoas estão revoltadas e essa é uma forma da gente canalizar isso para tentar achar outra solução. Quem usa a Raposo Tavares, e eu sou uma delas, sabe que é terrível. Então a gente quer encontrar soluções que não esta de viés ?rodoviarista? para juntar mais carros", complementou Angela.
Novas pistas, mais veículos
O cerne deste segundo debate foi o posicionamento contrário dos especialistas a projetos que tenham foco nos carros e não no transporte público. O sociólogo Élio Camargo, que trabalhou por 36 anos no setor de transportes, apresentou o conceito de trânsito induzido. A ideia defende que aumentar o número de vias para carros, motos e caminhões não resolve o trânsito no local, só vai abrir mais espaço para que mais carros se dirijam à via.
"Está previsto usar R$ 8 bilhões para construir túnel e viaduto na entrada de São Paulo e que vai acontecer? Só vai levar mais trânsito para as vias da Capital, para a Marginal e Rebouças, que já são entupidas. Ou seja, o projeto vai servir para nada", afirmou Camargo.
Ele apoia que o pensamento para a mobilidade urbana mude. "Não interessa levar carros de um lado para o outro, o que interessa é levar pessoas. Defendemos a implantação de um sistema de administração da demanda da via e o uso de subsídio do sistema para um corredor de ônibus de qualidade, eficiente e gratuito", completou o especialista. Segundo ele, um carro individual leva em média 1,1 pessoa, enquanto um ônibus articulado pode levar até 220 pessoas. Outras formas de transporte coletivo, como o BRT (do inglês bus rapid transit) e o metrô, assim como a construção de corredores exclusivos de ônibus e de ciclovias também foram defendidos durante o seminário.
Arquiteta e urbanista e coordenadora do curso de mobilidade contemporânea na pós-graduação da Escola da Cidade, Marta Maria Lagreca foi outra a fazer uma apresentação no evento. "A gente tem repetido modelos do século 20 no século 21, sem nenhum sentido e sem evolução e sem transformações. Esse debate é muito importante para melhorar a construção das cidades", afirmou.
Ela apresentou o exemplo da cidade de Barcelona que, segundo ela, conseguiu planejar um modelo de mobilidade respeitando o meio ambiente e a territorialidade da cidade. "Não é um conceito só. Estamos vivendo uma transição energética e uma crise climática. Então, a ideia é que a gente utilize menos combustível fóssil, ao mesmo tempo que continuamos com dívidas do passado na questão da infraestrutura do saneamento, da mobilidade equitativa e da moradia digna. Tudo isso tem que ser pensado em um projeto desses que atravessa muitas cidades", explicou a urbanista.
O movimento "Nova Raposo, Não" vai realizar ainda oficinas para discutir o tema nas cidades de Cotia e Embu das Artes e em distritos da Capital, como Rio Pequeno, Butantã e Raposo Tavares, localidades que serão atingidas pelas obras. As pautas levantadas nos dois dias de seminários vão gerar uma série de propostas sugeridas por moradores e especialistas, que serão apresentadas em um terceiro seminário.
Assista ao evento, na íntegra, na transmissão realizada pela Rede Alesp:
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