Cláudia Costin defende valorização da memória e da experiência do idoso


10/03/2003 19:07

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DA REDAÇÃO

A secretária estadual da Cultura, Cláudia Costin, defendeu na Assembléia Legislativa a implementação de políticas públicas mais adequadas às necessidade e às potencialidades da terceira idade. Segundo ela, "não bastam mais os bailinhos e as aulas de hidroginástica, mas é preciso criar e desenvolver programas culturais que valorizem a memória e a experiência do idoso". A declaração foi dada durante seminário realizado nesta segunda-feira, 10/3, pelo Fórum Permanente de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa, com o apoio do Legislativo paulista.

Para Cláudia Costin, os idosos podem contribuir para a formação cultural das novas gerações -- sobretudo por meio da preservação da memória histórica - e contribuir com a própria experiência no assessoramento de políticos e administradores públicos, como já fazem nas grandes empresas privadas. "O problema é que esbarramos na legislação, que proíbe a contratação de pessoas com mais de 75 anos até mesmo para cargos de livre nomeação", lamentou a secretária.

Na mesma linha de pensamento, a médica Úrsula Margarida Karszh, representante da Secretaria Estadual da Saúde, ressaltou o despreparo da sociedade brasileira para lidar com o significativo crescimento percentual da população de idosos no Brasil. De acordo com dados do IBGE, a porcentagem de pessoas com mais de 60% anos em relação ao total da população de São Paulo cresceu de 6%, em 1980, para 9%, em 2000.

"Esse fenômeno é recente e ainda não foi digerido completamente", disse ela. "Não somos mais uma população predominantemente jovem e isso exige uma sociedade aparelhada para enfrentar o problema". Segundo Úrsula Karszh, esse despreparo institucional e de infra-estrutura acaba gerando gastos superiores a R$ 220 milhões com internações de idosos na rede pública de sáude. "As despesas seriam menores se investíssemos mais na prevenção de acidentes, no combate à depressão na terceira idade e no aproveitamento da capacidade funcional dessa população", afirmou a médica.

Cidade envelhece

A cidade de São Paulo, se considerada sua população total, tem um percentual de idosos superior a do Estado e do País. São quase um milhão de pessoas, 9,32%, com mais de 60 anos de idade, que não estão distribuídas de forma homogênea pelo território. A assistente técnica da Secretaria Municipal da Saúde, Marília Berzins, baseada em dados do Censo de 2000 do IBGE, demonstrou que mais da metade dos idosos concentra-se no chamado centro grande da cidade. As franjas da periferia de São Paulo têm menor presença da população idosa. Os bairros centrais abrigam também a maioria dos que se encontram na faixa acima dos 80 anos.

No que diz respeito à condição socioeconômica, os idosos apresentam renda média inferior ao da conjunto da população. No município de São Paulo, o rendimento médio mensal da terceira idade é R$ 1.297,00, 54,15 derivados de aposentadoria e 36% de remuneração pelo trabalho. Mais da metade deles são responsáveis por seus domicílios.

Para envelhecer bem na cidade, diz Marília Berzins, é preciso que haja a promoção do envelhecimento ativo. "Envelhecer é um processo que começa no útero e se prolonga até o túmulo." Em sua avaliação as políticas públicas dirigidas para os idosos têm de ser abrangentes, integrando a cooperação intersecretarial, com a parceria da sociedade civil e com controle social. A assistência integral ao idoso deve ser garantida pelo Sistema ùnico de Saúde (SUS), conclui.

Centros de Convivência

Magali da Silva, representando o Fundo Social de Solidariedade e a primeira-dama, Maria Lucia Alckmin, apresentou algumas iniciativas do Centro de Convivência da terceira idade, como cursos e oficinas, os jogos regionais e danças típicas. A sede do Núcleo de Atendimento à Terceira Idade do Fundo Social de Solidariedade está instalada no Parque da Água Branca. PAra maiores informações, os interessados podem ligar para a central de atendimento nos telefones 3874-6890 / 3874-6875.

O Fórum Permanente de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa foi encerrado com uma liturgia para o Dia Internacional da Mulher, realizada pela organização ecumênica Nova Década.

alesp