Opinião - Ações que evitam tragédias


13/01/2010 18:02

Compartilhar:


As chuvas que atingiram todo o país deixaram estragos irreparáveis; dezenas de pessoas morreram em meio às enchentes e deslizamentos. No Rio Grande do Sul, as fortes chuvas provocaram estragos em 46 municípios e deixaram 20 trechos de 16 rodovias interditados. Já em Angra dos Reis (RJ), deslizamentos de terra causaram mais de 60 mortes. Em São Paulo não foi muito diferente, cidades se viram submersas e até mesmo um bairro se manteve em baixo da água por dias.

Mas o que fazer? A prefeitura de Angra dos Reis vai instalar sirenes no alto dos morros da cidade para informar a população sobre o nível elevado de chuvas - isso já é um passo, mas não resolve completamente o problema. É fundamental que os trabalhos de demolição de casas em área de risco continuem; porém essas pessoas precisam ser removidas para bons locais, ou seja, é importante haver um tipo de consenso para que o melhor seja feito para ambas as partes. Além disso, é preciso haver um limite físico estabelecido para as construções em áreas de encostas, o que evitaria cenas dramáticas como as que ocorreram no Rio de Janeiro.

Em fevereiro de 2004, as fortes chuvas deixaram turistas isolados nas praias de Ubatuba e Ilhabela. O que parece é que a maioria das cidades não está preparada para suportar esse tipo de desastre natural, sendo que até países de primeiro mundo já foram assolados pelas chuvas. Nos últimos tempos, o efeito do uso e da ocupação inapropriada do solo vem desencadeando muitos problemas. O Instituto Geológico de São Paulo tem atuado na identificação, caracterização e quantificação de processos como inundações e erosões, além da identificação das suas causas. Os estudos destinam-se ao subsídio de ações de planejamento, ações de prevenção e ações de intervenção. Esse é um grande passo que precisa do apoio de toda a sociedade.

Atualmente, o IG desenvolve os projetos "Climatologia e movimentos gravitacionais de massa" na Serra da Mantiqueira, no município de Campos do Jordão e arredores, "Diretrizes para a regeneração socioambiental de áreas degradadas por mineração de saibro (caixas de empréstimo)" em Ubatuba, e "Mapeamento de áreas de risco de escorregamentos e inundação" nos municípios de Ilhabela, Paraibuna, Cotia, Poá, Dumont e Jaboticabal (ver em Projetos, no site www.igeologico.sp.gov.br). O plano visa preparar, com instrumentos de ação, as comissões de defesa civil municipal, para que em situações de risco seja possível reduzir a perda de vidas humanas e bens materiais que ocorrem em decorrência de escorregamentos e processos correlatos. O plano recentemente foi ampliado para outras regiões do Estado de São Paulo, como Sorocaba e ABCD.

Assim como o Instituto Geológico, outros grupos de pesquisa desenvolvem trabalhos semelhantes com o intuito de estruturar melhor a cidade para que possamos superar as fortes chuvas. É fundamental apoiar esse tipo de pesquisa, porque boa parte dos problemas enfrentados nos últimos dias é resultado da falta de planejamento urbano e excesso de asfaltos nas cidades. Precisamos nos preocupar com o escoamento da água da chuva, com o tratamento do esgoto e a construção de parques " espaços de escoamento natural. A sociedade também pode contribuir muito com ações simples, como não jogar lixo nas ruas, nos córregos, valas e rios, pois esse tipo de sujeira acumulada entope bueiros e aumenta o nível da água.



*Gilmaci Santos é deputado pelo PRB e presidente estadual do partido. Também participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento.

alesp