CORONEL UBIRATAN, A GRANDE VÍTIMA - OPINIÃO

Afanasio Jazadji
17/07/2001 17:00

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Nos últimos dias, políticos oportunistas e surradas entidades pretensamente de direitos humanos apressaram-se em elogiar a conclusão do julgamento em que o coronel PM Ubiratan Guimarães foi condenado a 632 anos de prisão como culpado por 102 das 111 mortes de presos na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, quando do grande motim de 1992. O recado demagógico desses políticos e das habituais entidades tem uma única finalidade: ganhar espaço na mídia, distorcendo a realidade.

Felizmente, também existem inúmeras pessoas de bom senso e há quem manifeste posição totalmente contrária a essa condenação absurda. Ao começar o mês de julho, as imediações do Fórum da Barra Funda ficaram repletas de faixas com frases como "a sociedade está cansada dos direitos humanos dos criminosos", alusão ao fato de até autoridades de primeiro escalão terem entrado na onda de culpar o coronel Ubiratan.

Em 1992, era uma rebelião de presos, em que uma tragédia maior poderia acontecer, cabendo à Polícia Militar reprimir a violência que partia dos criminosos. Agora mesmo, o então governador Luiz Antonio Fleury Filho voltou a dizer que "faria tudo de novo" e seu secretário da Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, admitiu ter dado ordem de ataque da PM a presos que, drogados, já começavam a matar companheiros de presídio. A PM tratou de separar os que se rendiam e não ocorreu matança indiscriminada. Os que aplaudem a condenação do coronel Ubiratan devem saber que haverá outro julgamento e prevalecerá a justiça: não uma decisão como essa, que só serve para desencorajar ainda mais a Polícia Militar de São Paulo, uma vítima de maus governos, tanto quanto o povo.

*Afanasio Jazadji é advogado, jornalista, radialista e deputado pelo PFL

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