Curso de implantação do Programa de Saúde do Adolescente é realizado na Assembléia

Projeto para adolescência saudável tem participação de profissionais de várias áreas
25/06/2002 13:45

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DA REDAÇÃO

"Nascer mulher é diferente de nascer homem, mas a despedida do mundo da adolescência é comum aos dois." Com essa reafirmação da convergência dos problemas de adolescentes de ambos os sexos, a professora da USP e coordenadora estadual do Programa da Saúde da Mulher e do Adolescente, Albertina Duarte Takiuti, abriu na manhã desta terça-feira, 25/6, na Assembléia Legislativa, o curso de implantação do Programa de Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde nos municípios do Estado de São Paulo. O programa prevê ações, campanhas e políticas de saúde voltadas para os jovens.

O programa teve início em 1985 no Estado, espalhando-se pelo país a partir de 1989, através de um decreto do Ministério da Saúde. Em sua origem está uma pesquisa feita na década de 80, que nenhuma universidade estadual quis realizar - e, com isso, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo tornou-se o QG do programa, pela mediação do médico José da Silva Guedes, hoje secretário estadual da Saúde.

"Essa pesquisa mostrou índice de 19% de gravidez na adolescência, e fizemos com que a mídia divulgasse isso para que a sociedade pudesse acordar para o problema e discuti-lo", comentou Albertina. "Essas discussões impediram muitas mortes e provaram como é importante cuidar da saúde da mulher em todas as fases: adolescência, adulta e velhice", ela completou.

Durante o encontro, representantes de secretarias de Saúde de vários municípios onde o programa já existe fizeram uma avaliação positiva. A representante de Votuporanga, onde o programa foi implantado como piloto, há dez anos, disse que o sucesso do projeto é tão grande "que hoje temos a Casa do Adolescente, com 10 mil metros quadrados". Em Santos, acaba de ser instalada uma rede de atenção integral ao adolescente, informou a enviada de Santos. "Neste ano, nosso trabalho maior é a conscientização quanto às doenças sexualmente transmissíveis e aids, além da implantação de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipas) nas escolas", informou.

Por meio de parceria com a Secretaria da Educação, o Programa de Saúde do Adolescente passou a interagir com o Programa Parceiros do Futuro. "Não existe programa sócio-educativo do jovem que não inclua a saúde", avaliou o coordenador do Parceiros do Futuro, Jairo Junqueira Filho. O objetivo agora é criar nas escolas estaduais um núcleo de convivência que agregue famílias de jovens e a comunidade em atividades previamente escolhidas por eles, estimulando o trabalho conjunto na defesa de suas necessidades e interesses.

Equipe multiprofissional

Profissionais que trabalham na Casa do Adolescente de São Paulo estiveram presentes ao evento, para expor o papel fundamental, no Programa de Saúde do Adolescente, da equipe multiprofissional, composta por psicólogos, pediatras, ginecologistas, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais.

Para a psicóloga Maria Regina, "o compromisso da equipe multiprofissional é a adolescência saudável, considerando os papéis biológico, psicológico e social no seu conjunto, trabalhando para o crescimento do adolescente". Assim, percebe-se o entrelaçamento dos profissionais, fazendo com o jovem passe a confiar na equipe. "Tem de haver carinho, afetividade, conhecimento e muito investimento na equipe, na pessoa e principalmente no adolescente", asseverou Regina.

Para a pediatra Joana Kerr, "trabalhar com um ser em transformação faz com que o próprio médico se transforme, e a tendência geral é o pediatra atender também o adolescente, o que faz surgir um novo profissional, o hebiatra".

O curso continua no período da tarde, quando serão discutidos os problemas mais freqüentes entre adolescentes de ambos os sexos e como organizar o programa nos municípios.

alesp