OPINIÃO: Pássaros de mesma plumagem


18/04/2005 15:33

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Um poeta persa do século XIII, Farid Attar, escreveu em um verso que "pássaros de mesma plumagem andam juntos". Muitos séculos depois o governador Mario Covas utilizou como um de seus motes de campanha a existência de tucanos de quase todos os tipos, menos tucanos desonestos. Estas duas referências me vêem à mente neste momento em que sou escolhido por meus pares, os 20 deputados estaduais do PSDB na Assembléia Legislativa de São Paulo, para a honrosa função de líder da bancada.

O verso de Attar e afirmação de Covas se complementam e contribuem para definir o que nós tucanos entendemos como sendo um partido. Um partido não um agrupamento de pessoas com a única meta de chegar ao poder; se assim fosse, o PSDB não teria rompido com o PMDB em sua origem, justamente em um momento que aquele partido tinha uma presença forte e consolidada no Poder. Já naquele momento, estava assinalado que era um partido cuja meta era estar longe dos gabinetes e perto das ruas.

O PSDB paulista tem hoje 196 prefeitos, 1.621 vereadores, dos quais 460 ocupam cargos nas mesas diretoras, e 143 presidem os legislativos municipais, 20 deputados estaduais, 11 federais e, há mais de 10 anos, tem tido a honra de ser escolhido pelo povo do Estado para governá-lo. Além disto, todos os candidatos do partido à presidência até hoje foram paulistas.

Todas estas lideranças políticas não estão juntas por acaso, mas por acreditarem nos mesmos ideais de justiça social, na defesa intransigente da democracia como valor fundamental, na ética e na responsabilidade como única forma de fazer o estado, em todos os seus níveis, cumprir sua função de melhorar a vida dos cidadãos. Estão juntos porque são "pássaros da mesma plumagem", cada um mantendo a individualidade das suas opiniões e propostas, mas capazes de se unir pelo legado comum que compartilham.

Penso que neste momento uma das muitas tarefas que me cabem ao ocupar a liderança da bancada é reunir o sentimento disperso de identidade e buscar meios para uma ação comum que multiplique esta visão social-democrata e potencialize o discurso tucano. O momento é especialmente favorável para esta situação, na minha avaliação.

Durante os oito anos em que o PSDB ocupou o Governo Federal foi atribuída ao partido a responsabilidade por uma crise que não era gerada aqui, mas era reflexo dos maremotos da economia mundial. A importância das ações tucanas, como a construção da rede de proteção social e a consolidação da democracia, eram vistas com pouco caso por muitos que prometiam fazer muito melhor.

Neste momento, se vê uma situação muito diversa. Apesar do cenário internacional mais do que favorável, não se vê progresso e desenvolvimento a não ser nos discursos. A carga tributária e a arrecadação batem recordes. Multiplicam-se as denúncias de abuso e desperdício de dinheiro público enquanto periodicamente surgem tentativas de ameaças à democracia, por exemplo através da tentativa de controle da imprensa, dos projetos culturais e até das universidades. Novamente, cabe ao PSDB demonstrar que as coisas podem ser diferentes. Tomo aqui apenas um exemplo, enquanto o governo federal faz todos os esforços possíveis para aumentar impostos para além do limite do suportável, o governador Geraldo Alckmin reduz os tributos de inúmeros produtos.

O PSDB foi formado por apenas 1.178 pessoas que participaram da sua assembléia de fundação em 25 e 26 de junho de 1988, mas se tornou um partido de peso porque sua força residia não na quantidade de pessoas, mas na qualidade das idéias que elas compartilhavam. Ser fiel a este espírito significa defender estas idéias e colocá-las em prática. Sem jamais perder a diversidade " como disse Covas ao dizer que há tucanos magros, gordos, altos, baixos, negros, brancos " mas também sem esquecer os valores éticos e políticos que nos unem e fazem com que sejamos todos da "mesma plumagem".

*Ricardo Tripoli é líder da bancada do PSDB na Assembléia Legislativa de São Paulo

alesp