Mulheres não se intimidam com pequena representatividade na Assembléia


15/03/2003 21:14

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"Devenos encarar com otiminsmo o aumento da participação feminina no Legislativo paulista, mesmo que ela ainda seja reduzida", declarou uma das parlametnares reeleitas.

DA REDAÇÃO

Apesar de o número de deputadas eleitas para a 15ª legislatura ser 25% superior ao da legislatura anterior, a representatividade feminina no Parlamento paulista ainda é pequena, mesmo após a determinação do Tribunal Superior Eleitoral de que cada partido deve destinar 30% de suas vagas às mulheres. Hoje, apenas 10% das 94 cadeiras da Assembléia Legislativa são ocupadas por mulheres quando, de acordo com o TSE, esse número deveria chegar a 28 vagas.

Segundo as parlamentares, entre os fatores que contribuem para o reduzido número de mulheres na vida política estão a falta de credibilidade em si próprias- seja por insegurança ou medo de enfrentar um desafio maior, como a responsabilidade de debater questões que influenciarão na vida de milhares de pessoas - e à falta de costume da população em votar em mulheres. Contudo, as deputadas acreditam que esse quadro é momentâneo, podendo ser revertido à medida que a mentalidade da sociedade evoluir.

As deputadas eleitas para o primeiro mandato

Ana Martins (PCdoB), que luta contra a violência sexual e à discriminação da mulher, acha que a opresão e a discriminação são os principais fatores para a pequena percentagem de mulheres na política. Para ela, esse quadro pode ser modificado com a intensificação de debates e campanhas de incentivo à participação ativa da mulher na política.Pensando nisso, a deputada pretende apresentar projetos que discutam a condição da mulher na sociedade, como a Semana e o Dia da Mulher. "A perserverança feminina é importante para a o bom desempenho da vida política, e essa qualidade deve ser usada de forma positiva para que homens e mulheres trabalhem juntos no desenvolvimento social".

Para Analice Fernandes (PSDB), a experiência da mulher em administrar a rotina profissional com a de casa deve ser aproveitada na política. De acordo com a deputada, se houver a necessidade de se criar um bloco feminino para a aprovação de projetos de interesse da mulher ele deve ser feito, "independentmente de partido político e ideologia devemos nos unir". Entre as propostas de Analice Fernandes está a ampliação da condição da mãe de família como beneficiária direta e gerenciadora de políticas públicas à família.

A mesma opinião tem a deputada Ana do Carmo (PT), que iniciou sua vida política no movimento sindical, entre as greves de 1979 e 1980. Para a parlamentar, o número de mulheres na política tende a aumentar. "Isso deve acontecer à medida que a sociedade evoluir. As mulheres participam de todas as lutas sociais", declarou a deputada.

Para Havanir Nimtz, do Prona - a deputada estadual mais bem votada do Brasil - as mulheres têm receio de ingressar na política por insegurança. Na sua opinião, a idéia de que a mulher é sinônimo de fragilidade não é verdadeira: "as mulheres têm personalidade forte e são determinadas". Havanir Nimtz é contra a criação de um bloco feminino para defender as mulheres. "Não faço projetos para determinados segmentos da sociedade. Trabalho para a sociedade como um todo." Para ela, representar determinados segmentos da sociedade é um privilégio que caracteriza a discriminação. A parlamentar pretende trazer alguns dos projetos que preparou na Câmara Municipal e trabalhar para minimizar o sofrimento das pessoas que vivem nas ruas.

A opinião de uma das reeleitas

Uma das três deputadas reeleitas para uma cadeira na Assembléia Legislativa - as outras duas são Rosmary Corrêa (PMDB) e Maria Lúcia Prandi (PT) -, Célia Leão (PSDB), foi eleita pela primeira vez em 1990 - na época, a única mulher a ocupar uma vaga na maior casa legislativa do país. Inovar é uma marca de Célia Leão, que também foi a primeira parlamentar a presidir, no biênio 2000/2001, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa. Para ela, o crescimento da representatividade feminina na política deve ser otimizado. "A mulher pode fazer política sem se candidatar a um cargo específico. Na minha opinião, política não é algo só para homens ou mulheres, mas para todos que querem fazer alguma coisa para melhorar a condição humana." A parlamentar acha que cada deputado deve defender a matéria que considerar importante, "mas se for para beneficiar um segmento, independente de qual seja, sou favorável à unificação de interesses".

alesp