O "cubismo" de Kenichi Kaneko revelado em atmosfera "impressionista"

Emanuel von Lauenstein Massarani
18/03/2003 15:34

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Habilidade pictórica pouco comum é o que nos transmitem os quadros de Kaneko. E o que mais neles impressiona é a desenvoltura com que o artista obtém certos efeitos de luz e de profundidade, utilizando uma espatulada líquida, segura e sem solução da continuidade. Na liquidez da cor observa-se, a propósito, o sentido de uma atmosfera vagamente impressionista, enquanto a refração e quase a cristalização da imagem nos fazem repensar a lição cubista.

A cor, em sua telas, aflora certamente com um poder de sedução, através de um todo refinado jogo de transparências e de suaves efeitos cromáticos. Ao aceitar o que lhe dita sua sensibilidade romântica, eis que se refugia no concerto cerrado dos ocres e dos marrons, em direção a certas aberturas líricas confiadas à cor.

A sensibilidade desse pintor de origem oriental está pronta a acolher sugestões. Kaneko constrói suas imagens através do encanto particular que emana da paisagem recriada de objetos ou casarios. De fato, tal atitude é interpretada pelo próprio artista como se fosse um suceder de eventos interiores ou então um afastamento das coisas que originaram o tema.

Essas imagens voltam depois, cercadas e envolvidas de uma atmosfera poética que vai de encontro ao dinamismo da memória, passando pela emoção que, obviamente, a própria experiência transportou a níveis diversos, no subconsciente do pintor. A obra Maio na Provença, realizada em acrílico sobre tela e doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, é um exemplo latente da criatividade de Kenichi Kaneko.



O Artista

Pintor, ator e professor, Kenichi Kaneko nasceu em Yokohama, Japão, no ano de 1935. Formou-se em 1958 pela Escola de Belas Artes Chuô Bijitsu Gakuen, de Tóquio. Há 48 anos encontra-se no Brasil, onde participou da comissão de arte Koguei de Cultura Japonesa, da comissão de artes plásticas de Cultura Japonesa e da comissão do Salão Bunkyo de São Paulo.

Participou também de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se, entre elas: Museu Nakamura, Japão (1955); Galeria Sanruku, Yokohama, Japão (1956); Galeria Iro, Tóquio, Japão (1957); Galeria Kunitachi, Tóquio (1958); Galeria Cromos - São Paulo (1963); Galeria Goeldi - Rio de Janeiro (1968); "New Eco de Tóquio - Galeria Kunrigui; Galeria Sanshodo; Galeira Guinza (1970); Galeria Aki - São Paulo; Salão Nobre da Cultura Japonesa, São Paulo (1971); Galeria Mitsui Hall, Japão; Galeria Juan Martin - México (1976); Galeria Stream Palace, Ribeirão Preto; Espaço Cultural Diário do Povo, Campinas (1988); Espaço Cultural Sérgio Barcellos, São Paulo (1989); Museu da Arte Contemporânea de Campinas (1990); Centro de Convivência de Campinas; Galeria Yokohama Shimin, Japão (1991); Galeria Yokohama Citizen, Japão (1993); "Arte Contemporânea" - MASP - São Paulo (1999); Espaço Cultural da Caixa Econômica de São Paulo (2002).

Suas obras se encontram em diversas coleções no Japão e no Brasil, uma das quais na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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