Moção em repúdio à guerra EUA X Iraque


21/03/2003 20:34

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DA REDAÇÃO

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo vai encaminhar moção ao Presidente da República em repúdio às ações de guerra iniciadas entre os Estados Unidos da América e a República do Iraque. O presidente da Assembléia, deputado Sidney Beraldo, apresentou a moção e pediu, durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 20/03, que os parlamentares assinem o documento. O texto "deplora o desrespeito ao papel da Organização das Nações Unidas como foto adequado à resolução dos conflitos e apela ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República que expresse de maneira inequívoca, aos países beligerantes e nos foros internacionais, esse repúdio dos brasileiros e seu desejo de que aquela organização volte a ser o palco do litígio."

Leia a íntegra do documento:

" O que pode fazer um homem comum quando se vê diante de um incêndio enorme?Pode tentar fugir das chamas, abandonando à sua própria sorte todos aqueles que não conseguem correr ou que não têm para onde fugir; pode ficar assistindo ao incêndio e lamentando a destruição; pode atribuir a culpa a outros; pode, também, encher de água a colher de chá que tem nas mãos e jogar no fogo, repetindo seu gesto quantas vezes puder.

Cada um de nós tem uma colherzinha.

Nos dias de hoje, cada homem de paz deve buscar água - pelo menos o suficiente para encher a colher que tem nas mãos - e joga-la sobre o fogo."

Começou a guerra que não queríamos. Passa a desenrolar-se, diante da comunidade internacional perplexa, o cenário de horror e destruição de um conflito cujo significado e utilidade só existem nas mentes que o conceberam.

O belo texto com o qual iniciamos esta Moção, extraído de um artigo do escritor pacifista israelense Amoz Oz, é um chamamento a cada ser humano para agir em prol da paz. É na paz que a humanidade encontra plenas condições de progredir; é no ambiente de paz que os seres humanos vivem plenamente, produzem plenamente, amam plenamente e, inclusive, resolvem com maior eficácia seus conflitos de interesses.

A destruição que se abateu sobre o planeta nas duas guerras mundiais do século XX e a carnificina patrocinada por inúmeras guerras regionais estão a nos ensinar que, contrariamente ao que prega o ideário fascista, a guerra não é - nem nunca foi - fator de progresso das sociedades, mas sim um ciclone a atrair e desviar para fins destrutivos a energia tão necessária para enfrentar os flagelos que infelicitam a maioria das nações, como, por exemplo, a miséria e a degradação ambiental.

As conseqüências dessa guerra não afetarão somente as nações beligerantes, mas infectarão todo o planeta, especialmente as nações que, como a nossa, travam intensa luta para vencer o subdesenvolvimento. Então, é preciso que nos juntemos ao esforço de paz para encontrar uma solução para a crise artificialmente criada entre os Estados Unidos da América e o Iraque.

É necessário ressaltar que, mesmo dentro da sociedade americana, a causa da guerra, desfraldada aos ventos por seus governantes, encontra forte resistência de quem consegue distinguir os reais interesses daquele país dos das grandes corporações exploradoras de energia e fabricantes de armamentos.

Nós, representantes do povo paulista, não podemos e não queremos permanecer meros expectadores dessa marcha da loucura sobre o bom senso. O absoluto desprezo da superpotência pela Organização das Nações Unidas, já demonstrado em outras ocasiões e que agora culmina com a virtual neutralização desse que é o principal foro internacional, deve ser alvo de nosso repúdio, motivo pelo qual apresentamos a seguinte



Moção

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo repudia as ações de guerra iniciadas entre os Estados Unidos da América e a República do Iraque, deplora o desrespeito ao papel da Organização das Nações Unidas como foro adequado à resolução dos conflitos e apela para o Excelentíssimo Senhor Presidente da República que expresse de maneira inequívoca, aos países beligerantes e nos foros internacionais, esse repúdio dos brasileiros e seu desejo de que aquela organização volte a ser o palco do litígio.



Sala das Sessões, em 20 de março de 2003.

alesp